O documento relata que a Câmara Municipal do Recife aprovou votos de aplausos à revista Boa Vontade por seu conteúdo espiritual e ecumênico. A revista é elogiada como um livro de conhecimento que aborda temas como a Copa do Mundo e o desenvolvimento sustentável. Vários leitores enviam cartas elogiando a revista por sua qualidade e contribuição.
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Revista Boa Vontade, edição 212
1.
2.
3.
4. Vânia Besse
A Câmara Municipal do Recife
aprovou, no dia
2 de maio, requerimento
do Vereador
Henrique
Leite, que solicita votos de
aplausos à revista BOA VONTADE. O documento destaca a publicação
“pelo excelente conteúdo espiritual
e ecumênico que coloca à disposição dos leitores de todo o País”. Na
justificativa, consta: “As iniciativas
da revista BOA VONTADE merecem
de toda esta Casa os mais firmes
aplausos e apoio”.
Um livro de conhecimento
Considero a BOA VONTADE
mais que uma revista. É um livro
de conhecimento, porque aborda
todas as problemáticas do mundo
moderno. A edição nº 211, por
exemplo, está destacando a Copa
do Mundo, aquilo que estamos
vivendo. É um
dos produtos que
divulgam nosso
País lá fora. A publicação aborda o
desenvolvimento
sustentável, lazer,
esporte, enfim, todos os temas. Ela
tem uma utilidade enorme. Para
quem não conhece, está perdendo; e para quem já
conhece, sabe das maravilhas que
a revista pode trazer em termos de
crescimento e desenvolvimento
BOA VONTADE
Adeus ao jornalista
Conrado Pereira
______________
Rodrigo Caixeta
Do site www.abi.org.br
Na madrugada de 24 de maio,
faleceu no Rio, aos 72 anos, o jornalista Conrado Pereira, membro do
Conselho Deliberativo e Secretário
da Diretoria de Assistência Social da
Associação Brasileira de Imprensa
(ABI). Conrado estava fazendo tratamento contra insuficiência renal.
Ele recebeu as últimas homenagens
de amigos e familiares no Cemitério
do Caju.
A carreira de Conrado no jornalismo começou em 1960, como
estagiário da agência de notícias UPI.
Passou, depois, pelas redações da TV
Excelsior e da Rádio Tupi. Em 1963,
foi para o Jornal do Brasil e, três anos
depois, para O Globo. Trabalhou 21
anos como repórter político de O
Dia, de onde saiu para ingressar na
Tribuna da Imprensa e no Monitor
Mercantil. Foi um dos primeiros
profissionais formados pelo Curso
de Jornalismo da Faculdade Nacional
de Filosofia, da antiga Universidade
Liliane Cardoso
Aplausos à BV
por meio de matérias
salutares que nos ensinam e ajudam a ser um
cidadão melhor amanhã.
(Luis Ernandes Silva,
Professor Universitário
e Coordenador do Curso de Administração da
Universidade Luterana
do Brasil — Ulbra, de
Gravataí/RS).
Referência de qualidade
Tem esta a finalidade de agradecer à revista BOA VONTADE.
Aproveito a oportunidade para para-
Divulgação ABI Online
Cartas e e-mails
do Brasil. Há cerca de 20 anos participava intensamente da vida da ABI,
à qual se associou em 1971 e onde
foi Secretário da Diretoria, antes de
assumir a Secretaria da Diretoria de
Assistência Social (DAS).
Baiano da fronteira com o Piauí,
filho de lavradores, Conrado interessou-se pela leitura ainda menino e foi
morar com o padrinho, que prometera
ajudá-lo nos estudos. No Rio de Janeiro, destacou-se pela atuação como
repórter de O Dia, revolucionando a
filosofia editorial do jornal ao implantar o noticiário de Economia em um
diário que dava ênfase às matérias
de Polícia.
No dia 25 de maio, Conrado completaria 35 anos como associado da
ABI. A Diretoria do Órgão aprovou
uma moção de pesar lamentando a
perda do grande companheiro, detentor de múltiplos talentos.
benizar a LBV
pelo belíssimo
trabalho. Com
os meus protestos de elevada
estima e distinta
consideração,
subscrevendome, atenciosamente. (José
Aristodemo Pinotti, Secretário
Municipal de Educação de São
Paulo/SP)
A revista BOA VONTADE é
tudo de bom. Objetividade, clare-
5. Respeitado em todo o Brasil
pelas relevantes contribuições
no campo do Direito, o ilustre
jurista Dr. Ives Gandra da Silva
Martins recebeu o título de Professor honoris causa. A outorga
ocorreu no Centro Universitário
Unifieo (Fundação Instituto de
Ensino para Osasco).
Ao ser saudado por representantes da LBV, agradeceu
e aproveitou para autografar o
livro Reflexões sobre Direito Tributário, de sua autoria, ao Líder
da Instituição. “Ao Paiva Netto,
fantástico defensor da vida. Com
apreço. Ives. 20/4/2006”.
za e informação
de qualidade.
No jornalismo
fala-se muito
em responsabilidade social, e
o Paiva Netto,
como grande
profissional
que é, tem seguido à risca esse mandamento.
A BOA VONTADE é referência
de qualidade. (Roberto Gomes,
apresentador da TV Imigrantes
e graduando em Jornalismo no
Instituto de Educação Superior
São Francisco de Assis, de Teófilo
Otoni/MG)
Dr. Havelange
agradece
“Profundamente sensibilizado, apresento ao prezado
Presidente José de Paiva Netto
os meus agradecimentos pela
mensagem que me enviou por
ocasião do meu 90º aniversário natalício. Respeitosamente,
João Havelange.”
Leio, regularmente, a revista
BOA VONTADE que, por sinal,
a cada edição, fica mais bonita,
com boas notícias e notáveis reportagens. Parabéns a todos os que
fazem a linda revista. Um grande
abraço a todos. (Pai Francisco de
Osun, Presidente da Sociedade
Afro-Religiosa Ilé Asé iyá Osun,
de São Paulo/SP)
Paiva Netto agradece
milhares de manifestações
que chegam do Brasil e
do Exterior por ocasião
dos festejos de 50 anos de
trabalho na LBV.
Damos seqüência à publicação
dos nomes daqueles que encaminharam suas homenagens ao nosso
Presidente. Os demais serão contemplados nos próximos números
da revista BOA VONTADE.
Porciúncula/RJ: Honório
Mudesto. Ribeirão Preto/SP:
Aníbal Moraes da Costa Filho.
Rio de Janeiro/RJ: Agis Mendonça; Alan Lincon Barbosa
Amaral Paresqui; Célia Pimentel; Celina e Patrícia Pimentel;
Carolina Dutra
Arquivo BV
Reprodução RMTV
Reflexões
sobre Direito
Tributário
Ministro do TCU
Ubiratan Aguiar
lança livros
Em entrevista exclusiva, concedida à Rede Mundial de Televisão,
o Ministro do Tribunal de Contas da
União (TCU), Ubiratan Aguiar,
discutiu a Política para a Aplicação
do Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações
(FUST). Na ocasião, enviou ao
Diretor-Presidente da LBV, José
de Paiva Netto, dois livros de
sua autoria: Idioma dos Pássaros
e Passageiro do Tempo. Nesta
última obra, o Ministro escreveu:
“Paiva Netto: na caminhada da
vida convido-o para ser o grande
passageiro do tempo”.
Em Idioma dos Pássaros, o
escritor saudou o Jubileu de Ouro
do dirigente da LBV: “Paiva
Netto, a quem dedica 50 anos de
sua vida ao exército da Legião
da Boa Vontade, servindo com
amor, a homenagem e o respeito
do autor”.
Domingos de Souza Linhares
Netto; Dr. Julio Bom; Edelzita
Oliveira Silva; Edson Rodrigues
de Freitas e família; Francisco de
Assis Periotto; Geraldo Paiva Rio
e família; Glória Arruda; Hildeliano Alves da Silva; João Carlos
Santos de Carvalho; João Portilho da Silva; Lícia Curvello; Luiz
Moreira Filho; Marco Antônio,
Paulo Estevão, Ivanilda Botelho
e Eliel Gonçalves Brum; Maria
BOA VONTADE
6. Ivânia Beck
Jovem e
violência
causas e soluções
_________
Sarah Jane
E
Ivânia Beck
ste é o tema escolhido pelo
psicanalista e colaborador
do Departamento de Investigações sobre Narcóticos
(Denarc), Dr. Haroldo Lopes, para
seu novo livro, intitulado O jovem
Auxiliadora Arruda Rodrigues;
Maria de Jesus dos Santos Mello;
Valter Gabriel dos Santos Mello
e família; Ivan dos Santos Mello
e família; Maria Mariano de Faria
Freitas; Pedro Paulo Torres; Roberta
Machado; e Sonia Gomes de Carvalho. Salvador/BA: Cleunice Almeida; Cristiani Ranolfi; David Ezequiel
da Silva; Eduardo Almeida; Equipe
da Religião de Deus em Salvador;
Genivaldo Santos de Jesus; Marina
e Rosiel dos Santos; Milton Nery
Pestana Filho; Neuzi Mendes; Sílvia
Ribeiro; Valdenir Ferreira; Wilson
BOA VONTADE
Dr. Haroldo Lopes e a apresentadora de TV Sônia Abrão
e a violência — causas e soluções,
lançado pela Editora Elevação, em
27 de abril, na capital paulista.
No lançamento estiveram personalidades que atuam no combate
e na prevenção deste mal, as quais
destacaram as ações de promoção
humana e social desenvolvidas pela
Legião da Boa Vontade. “Parabéns
pelo trabalho que a LBV sempre
fez pelas crianças. É aí que começam a prevenção e a formação de
brasileiros saudáveis, emocional e
fisicamente. Também é isso que vai
garantir o futuro do nosso País”,
frisou a apresentadora de TV Sônia
Abrão.
A Vereadora Miriam Athiê também deu destaque à Obra, afirmando que “a LBV faz um trabalho
muito importante. Além de realizar
a inclusão social, leva algo que
hoje está esquecido, que é a Fé e,
principalmente, a família. Quero
mandar um abraço ao meu amigo
Paiva Netto. Você é muito especial
para nós e para o Brasil”.
Visando promover a Paz, o autor destaca no último parágrafo do
seu livro: “O escritor Paiva Netto
sempre enfatizou o que os Anjos
da Milícia Celeste disseram por
ocasião do nascimento do Mestre
Jesus: ‘Paz na Terra aos Homens
de Boa Vontade!’. Assim, bastaria
apenas a Boa Vontade, e a Paz
seria uma conseqüência”. Este
trecho foi também destacado na
dedicatória que fez ao dirigente
da Instituição: “Autógrafo difícil.
Pois sou grande admirador e
seguidor. Com respeito, Haroldo
Lopes. Vide a última página”,
escreveu.
Alvarenga. Santa Rita do Sapucaí/
MG: José Ferreira Sobrinho; Maria
Nair Silvério de Jesus. Santos/SP: Juventude Ecumênica da Boa Vontade
de Deus. São Gonçalo/RJ: Ângela
Soares Sampaio e família. São Luís/
MA: Clea Renan Marini de Mattos
Camara. São Paulo/SP: Alziro de
Paiva; Ana Paula de Oliveira; Angela,
Jhonathan, Júlio Cezar, Jesiel Estêvão
e Emerson Damásio de Araújo; Anna
Camilla Cearamicoli Barbosa; Antonio Carlos de Lima Bueno; Antonio
Paulo Espeleta e família; Argencília
Cândida dos Santos e Íris Maria dos
Santos; Camila e Rafael Lombardi
Santos; Clayton Ferreira; Daniel Rocha; Débora Verdan; Denise Viotto;
Dr. Mário da Cruz; Dr. Siqueira e
família; Edilson, Lígia e Felipe Moreno; Elias Paulo; Elisangela Galdino
Ribeiro Celestino; Elizabete Aparecida de Andrade Santos; Equipe
Legionária Solidária das Instituições
da Boa Vontade, em São Paulo/SP;
Fernanda Aparecida do Nascimento;
Fernando Victor Campos; Gerdeilson
Botelho e família; Gilberto Bertolin
e família; Gilson Furtado; Gilson e
Lucíula Fernandes; Helen Baragão
7. e família; Helena Cristina de Souza
Coelho Rodrigues Correa; Heloísa,
Maurílio, Isabela, Leonardo e Augusto Faria; Irani Maria dos Santos;
Isabel Cristina Periotto Paes, Humberto Paes Junior, José Gabriel e José
Rafael Periotto Paes; Ismael, Mírian,
Gabrielle e Isabelle Lima; Ítalo e
Jacyra Gonzaga do Monte; Jayme
Bertolin; João Martim da Silva; Joelma, Vinícius e Edarildo Moreno;
José Paulo Viana; Leila Marco; Leni
de Souza Coelho Pereira; Leonardo e
Lucas Coelho Pereira; Letícia Lopes
Rio; Luciana Marchetti Cintra Teixeira; Maria Suelí Periotto; Luís,
Rosângela, Rodrigo e Érica Oliveira; Luzardo, Martha, Nathália
Helena e Cyro Henrique Azevedo
Pereira; Madalena Odone; Marcelo
Rafael; Marcia Lourdes Martins
Cardoso; Marco Antonio Pereira;
Marco Dametto e família; Marcos
Aurélio Magaton Barbosa; Maria
Jerônima, Juarez, filhos e netos:
Eliane Maria, Luiz Antônio, Jeanine, Larissa, Pedro Henrique e
Raul Vinícius; Maria Magdalena e
Walter Periotto; Maria Miltes Nery
Pestana; Myrian e Celina Bertolin;
Natalia Lombardi; Odette Martins
Lopes, José Lopes, José Henrique
Arquivo pessoal
Hildegard Angel,
colunista do JB,
exalta Jubileu de
Ouro
A jornalista Hildegard Angel,
em sua coluna, no Jornal do
Brasil, um dos mais importantes
veículos de comunicação do País,
publicou extensa nota a respeito
das comemorações dos 50 anos de
trabalho do Diretor-Presidente da
LBV, José de Paiva Netto, na Seara
da Boa Vontade.
A colunista deu ênfase ao crescimento da Instituição, que, conforme ela destaca, “faz mesmo
um belo trabalho social”, além de
divulgar que o escritor Paiva Netto
é um dos três autores que mais vendem livros no Brasil. Cita, ainda, as
e Sandra Martins Lopes; Paulo
Azor; Paulo Duarte; Raquel Bertolin; Rosa Garcia; Rose Barbosa;
Roseli Fernandes da Costa Silva e
filhos; Rosineide Piovesana; Ruy
Nogueira Netto; Sandra Dantas;
Sergio Henrique de Paiva; Side-
comemorações do Jubileu de Ouro,
as quais ocorrerão durante todo o
ano de 2006 em várias cidades brasileiras: dia 20 de junho, no Teatro
São Pedro, em Porto Alegre/RS; 15
de julho, no Ginásio da Portuguesa
em São Paulo/SP; e no fim do ano,
no Rio de Janeiro. Ela termina a
coluna com o festivo “Parabéns!”
dedicado ao dirigente da LBV.
mar, Lícia, Matheus, Julia e Lara de
Almeida; Silmar, Gizelle, Danielle
e Carolina de Almeida; Valéria Reis
Ribeiro; Vanderlei Alves Pereira;
Vera Lucia Lopes Gutiere Eugênio;
Vera Lúcia Perugini; William Luz
e Zélia Duarte.
Inúmeros amigos e colaboradores diariamente visitam a Legião
da Boa Vontade em todo o Brasil e
Exterior. Todos recebem o abraço
afetuoso dos que são atendidos nas
unidades educacionais e constatam a relevante atuação da Obra.
Um dos que, recentemente, passaram por lá foi o jornalista Simon
Khoury. Abaixo, sua impressão
sobre o trabalho da LBV no Rio:
“Eu estou pasmo, pois vi tanta
poesia e tanto lirismo. A maneira como as crianças cantaram,
falaram, olharam. Não vi uma
falha. Tudo limpinho, as crianças
dormindo, a maneira como somos
recebidos pelas pessoas. Estou
grato! Quero vir sempre à LBV.
É muito bonito. É uma delicadeza
isso aqui. Quer dizer: hoje em
dia, é tanta tribulação, tanto desespero e tem gente preocupada
com uma criança, com a tosse,
com uma gripe, com o resfriado, com o frio. E vi as crianças
dormindo naquela Paz Celestial.
Estou me sentindo em estado de
Simone Barreto
Poesia e Lirismo na LBV
Simon Khoury, jornalista e escritor,
durante visita ao Centro Educacional,
Cultural e Comunitário da LBV do Rio
de Janeiro.
graça. Tomara que Paiva Netto
dure mais 183 anos!”.
BOA VONTADE
8.
9. Arquivo BV
In memoriam
Paiva Netto
cumprimenta o
estimado amigo
Ministro Olavo
Drummond durante
evento no TCU, em
Brasília.
Saudoso Dr. Olavo Drummond,
o Ministro poeta.
R
etornou à Pátria Espiritual, no
dia 8 de maio, o escritor, jornalista, político, advogado,
ex-Ministro e ex-Presidente
do Tribunal de Contas da União
(TCU), Olavo Drummond, grande amigo da Legião da Boa Vontade e do Diretor-Presidente da
Instituição.
Nascido em Araxá/MG, Drummond, que se formou advogado na
Faculdade Federal de Direito da Universidade de Minas Gerais, também
atuou como jornalista e militou na
política. Entre outros cargos, foi
Prefeito de Araxá (1997-2000),
Deputado Estadual e Deputado
Federal, representando o Estado
onde nasceu. Foi ainda procurador
da Fazenda Nacional, procurador da
República e conselheiro do Tribunal
de Contas do Estado de São Paulo.
Com cinco livros publicados, ele
integrava a Academia Mineira de
Letras, ocupando vaga que foi do
Presidente Tancredo Neves (19101985). Sua última obra foi O Vendedor de Estrelas, uma reunião de
contos, lançada em 2003. Antes disso
escreveu Noite do Tempo (poesias,
1976), Ensaio Geral (poesias, 1984),
Ordens do Cardeal (contos, 1985)
e O Amor deu uma Festa (contos,
1987). Amigo de Juscelino Kubitschek (1902-1976), Drummond foi
um dos fundadores do Memorial
JK, em Brasília, instituto do qual era
curador e vice-Presidente. O escritor
e sua esposa, Márcia Drummond,
têm quatro filhos e sete netos.
Antigo amigo da LBV e de seu
dirigente, Olavo prefaciou um dos
livros de Paiva Netto, intitulado
Crônicas Entrevistas, no qual
o autor fez publicar o poema Sacerdócio. A publicação registra:
“(O poeta Olavo Drummond) em
1989 encaminhou esta correspondência ao escritor Paiva Netto:
‘O poema Sacerdócio, anexo, foi
inspirado em sua causa, em seu
labor. Envio-lhe agradecendo,
uma vez mais, o realce que você
e a LBV deram ao meu poema
‘Falando com Deus’”. Em sua
resposta, o jornalista Paiva Netto
afirmou: “Gratíssimo, Olavo. Sua
poesia não é vã. Tem mensagem
que levanta a alma”.
Drummond diversas vezes
manifestou seu apoio ao dirigente
da LBV. Em uma dessas ocasiões,
durante participação no 23º Congresso Brasileiro de Radiodifusão,
por iniciativa da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
_____________
Marta Trigueiro
Televisão (ABERT), realizado de
17 a 19 de maio de 2005, afirmou:
“Meu queridíssimo Paiva Netto,
eu quero fazer-lhe uma homenagem especial por essa grande figura nacional e internacional que
você é. É realmente uma figura
templária de coração. Que Deus
o proteja demais; você que sempre
serve a Ele. Então, que Ele dê a
você muitos anos de vida, porque
é realmente uma pessoa muito especial, Paiva, muito mesmo! Você
é um homem do bem, para o bem e,
acima de tudo, da Verdade. Muito
obrigado e parabéns, amigo!”.
A LBV solidariza-se com a querida esposa, Márcia Drummond, e
também seus filhos e netos e envia
ao Espírito eterno do ilustre Ministro
as melhores vibrações de carinho,
gratidão e Paz.
Ao coração dele, dedicamos essa
assertiva da Dialética da Boa Vontade: “O grande segredo da Vida é,
amando a Vida, saber preparar-se
para a morte, ou Vida Eterna”.
E ainda esta mensagem do Líder
da LBV: “Caro amigo e Irmão Olavo
Drummond, que as vibrações de carinho e saudade, do seu amigo Paiva
Netto, o alcancem onde estiver o seu
generoso Espírito”.
BOA VONTADE
10. Índice
Ao Leitor
Sem que fosse determinado, a
música invadiu a nossa redação.
Ela se fez presente de maneiras
diferentes e interessantes, da MPB
à clássica. A exemplo do primeiro
grande evento comemorativo dos
50 anos de trabalho de Paiva Netto
nas Instituições da Boa Vontade, que se dará em 20 de junho
no Teatro São Pedro, em Porto
Alegre/RS, quando alguns dos
principais sucessos musicais do
homenageado serão interpretados
pela Orquestra do Teatro São Pedro e pelo Coral Ecumênico LBV.
A reportagem, na seção “Cultura”,
traz ainda as características desta
Casa que é um dos principais repositórios das tradições gaúchas.
Aliás, a inspirada veia de compositor do Líder da LBV inspirou
a realização, em abril, da primeira
audição mundial em Nova York,
EUA, do Oratório O Mistério de
Deus Relevado, obra de sua autoria, que foi recebida com muitos
elogios da crítica e do público
norte-americano, nessa apresentação na Convent Avenue Baptist
Church, sob a regência do maestro
e professor Gregory Hopkins, que
destacou ao se referir ao acontecimento: “Estamos felizes por ter
feito história”.
Em “Atualidade”, a alegria
contagiante do vocalista do Grupo Cidade Negra, Toni Garrido,
que em entrevista exclusiva a esta
revista, fala de reggae e de seu
entusiasmo pela ação promovida
pela Legião da Boa Vontade.
Finalizando, vale também ressaltar a matéria “Saúde dos olhos”,
na qual os oftalmologistas Fernando Kayat Avvad e Luciana
Lucchese dão dicas valiosas para
identificar e as melhores terapias
para cuidar da Degeneração Macular
Relacionada à Idade, que pode trazer
sérios danos à visão.
Boa leitura!
ANO XXIV • Nº 212 • abril/maio de 2006
BOA VONTADE
BOA VONTADE é uma publicação mensal das
IBVs, editada pela Editora Elevação.
Registrada sob o nº 18166, em 16/03/2006, no
livro “B” do 9º Cartório de Registro de Títulos e
Documentos de São Paulo.
Diretor e Editor responsável
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP
Coordenador de equipe
Gerdeilson Botelho
Revisão
Adriane Schirmer
Neuza Alves
Walter Periotto
Wanderly Albieri Baptista
Colaboradores
Alvino Barros, Alexandre Rueda, Cida
Reflexão do mês
“O Universo de
Deus é a mais bela
partitura jamais
criada.”
(Paiva Netto)
Linares, Daniel Rocha, Daniel Trevisan,
Leila Marco, Maria Aparecida da Silva,
Mário Augusto Brandão, Paulo Azor,
Rita Silvestre e William Luz.
Arte
Projeto Gráfico: Alziro Braga
Foto de capa do Teatro São
Pedro: Guilherme Hornos
Produção
Edição nº 212
Endereço para correspondência:
4 Cartas e e-mails
8 Literatura
9 In memoriam
10 Ao Leitor
12 Esporte
13 Coluna do Garotinho
14 Ministério do
Desenvolvimento Social
e Combate à Fome
18 Educação
22 Atualidade
28 Capa — Arte, Cultura e
Emoção
34 Internacional — Nova
York
39 Em foco
40 Medicina
46 Internacional — Flórida
50 Arte na tela
52 Academia Brasileira de
Letras
56 Melhor Idade
58 Soldadinhos de Deus
60 Ação Jovem LBV
62 Acontece
Av. Rudge, 938 — Bom Retiro
CEP 01134-000 — São Paulo/SP
Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal 13.833-9
CEP 01216-970
Internet: www.boavontade.com
Impressão: Editora Parma
A revista BOA VONTADE não se
responsabiliza por conceitos emitidos em
seus artigos assinados.
Fr
11. 28
14
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP
Capa — Arte,
Cultura e Emoção
no tradicional Teatro São
Pedro, em Porto Alegre/RS.
Ministério do
Desenvolvimento
Social e Combate à
Fome
22
Atualidade
34
40
Internacional
- Nova York
Medicina dos
olhos
46
Internacional Flórida
50
Arte na Tela
52
Academia
Brasileira de
Letras
Portal BOA VONTADE: www.boavontade.com
18
Educação
12. Esporte
Garotinho, que também é colunista da revista BOA VONTADE, ficou agradecido ao ser convidado para visitar novamente a escola da LBV. Recordou-se que esteve presente na inauguração do Centro Educacional da LBV, no ano de 1996.
Na Rádio Globo do Rio de Janeiro, José Carlos
Araújo é homenageado pelas crianças da LBV.
____________
Lícia Curvello
Os alunos do Centro Educacional,
Cultural e Comunitário da LBV, em
Del Castilho, capital fluminense,
fizeram uma surpresa especial, no
dia 8 de maio, para o amigo da LBV
José Carlos Araújo, o Garotinho, na
ocasião de seu aniversário.
As crianças foram homenageá-lo
no estúdio da Rádio Globo, no Rio
de Janeiro, durante o programa Globo Esportivo, de grande audiência
no horário. Durante a participação,
os pequenos conversaram com ele
e repassaram o abraço do DiretorPresidente da LBV, José de Paiva
Netto. O apresentador agradeceu a
presença de todos e fez questão de
destacar a amizade que tem com a
Instituição há tantos anos. “Agradeço sempre o carinho que a Legião
da Boa Vontade distribui a todos
nós, o ano inteiro. Obrigado pelas
mensagens. O abraço ao meu velho
amigo Paiva Netto.”
Com ouro, a romena Ponor
dá adeus à
Arquivo BV
ginástica
12
BOA VONTADE
A ginasta romena tricampeã
olímpica, Catalina Ponor, deu
um show à parte e apresentou uma
emocionante final para sua carreira
ao conquistar no aparelho trave o
ouro no Campeonato Europeu de
ginástica feminina, disputado em
Volos, na Grécia, no dia 30 de abril. A
ginasta foi a última a se apresentar no
aparelho e teve desempenho espetacular, sendo premiada com o posto
mais alto no pódio. A atleta, que
anunciou sua aposentadoria após
este campeonato, também assegurou a medalha de bronze, ao realizar
a terceira melhor apresentação no
solo, aparelho no qual Ponor levou a
medalha de ouro nos jogos olímpicos
de Atenas, em 2004.
do Brasil
A Superliga de Vôlei mostrou ao
País os times ganhadores no último
fim de semana de abril com a promessa de um futuro dourado para o País
que é destaque mundial no Esporte.
No masculino quem levou a melhor
foi o estreante na competição, Cimed
(Santa Catarina), comandado pelo
medalhista olímpico Renan, que
derrotou o Telemig Celular (Minas
Gerais), no último jogo, por 3 sets a
1, fechando a série melhor de cinco
jogos. No feminino também foram
necessárias cinco partidas para o
Rexona-Ades (Rio de Janeiro) superar o Finasa (Osasco/SP) e sagrar-se
tricampeão brasileiro. Liderado pela
levantadora Fernanda Venturini,
que se despediu das quadras, o time
encerrou a série com o placar de 3 sets
a 0 sobre as paulistas.
Em 20 anos de
carreira, Fernanda
ganhou 12 vezes
o Campeonato
Brasileiro.
Divulgação: Luiz Doroneto
Jorge Alexandre
Os melhores
13. José Carlos Araújo é
comunicador esportivo
da Rádio Globo do Rio de
Janeiro/RJ
O
Telê,
Arquivo BV
Felipe Freitas
Coluna do Garotinho
o imortal
Ser Humano sempre sonhou com a imortalidade,
mas a grande maioria sequer percebe que ela está
e sempre esteve ao seu alcance. Pode
parecer utopia, mas são incontáveis
os nossos imortais. Porque as pessoas passam, mas suas obras e seus
ensinamentos ficam para sempre e as
tornam eternas.
Não vamos citar aqueles que se
eternizaram pelo mal que praticaram em vida. Vamos lembrar, sim,
daqueles que viveram, semearam o
Bem e imortalizaram-se em nossos
corações, como o Papa João Paulo
II (1920-2005) e, para lembrar apenas mais um nome, o nosso Alberto
Santos Dumont (1873-1932), o Pai
da Aviação, cuja invenção completa
o centenário agora, em 2006.
Na área esportiva, temos mais um
imortal brasileiro, que se junta a outros como Garrincha (1933-1983),
Didi (1929-2001), Zizinho (19212002), Ayrton Senna (1960-1994)
e tantos que povoarão para sempre a
nossa memória e também a de nossos
ascendentes. Estou me referindo a
Telê Santana (1931-2006), o Mestre
Telê, que nos deixou no fim do mês
de abril.
Telê, como jogador, não foi um
supercraque. Não chegou a ser um
Pelé ou um Garrincha, mas foi muito
importante por onde passou, espe-
cialmente para o Fluminense, clube
de seu coração, que o projetou e no
qual se transformou em ídolo.
Como treinador, sua contribuição
para o futebol brasileiro foi louvável.
Elegante como atleta, manteve suas
atitudes éticas e seus princípios de
amante do futebol-arte ao assumir as
funções de treinador.
Afirmava que preferia ver seu
time perder a vencer usando armas
tão corriqueiras hoje em dia, como
pontapés e outros artifícios desleais.
Para ele, o diferencial do Brasil estava
na arte. Os brasileiros não tinham
motivos para abandonar o futebol
alegre, bonito e moleque com o qual
sempre encantou o mundo.
O destino chegou a ser cruel com
Telê Santana. Não uma, mas duas
vezes. Em 1982, armou o que seria
a seleção dos sonhos. Mas o Brasil
mágico, que todos apontavam como
virtual campeão, tropeçou em erros
individuais e acabou eliminado da
Copa do Mundo pela Itália.
Quatro anos depois, Telê tinha
nova chance de ser campeão do
mundo. Novamente, apostou em
sua convicção de que futebol é arte.
Outra vez, o Brasil foi brilhante em
campo. Mas aconteceu em 1986 o
acidente de percurso ocorrido na
Copa anterior. Tal e qual em 1982,
o destino conspirou contra Telê e
sua seleção: embora brilhante e en-
Entusiasta pelas causas em prol da
Solidariedade, o mestre Telê sempre
apoiou as iniciativas da Legião da
Boa Vontade. Em entrevista, certa vez
afirmou: “É uma necessidade todos
nós nos engajarmos na Campanha
LBV — Esporte é Vida, não violência!,
que está sendo realizada pela Legião
da Boa Vontade. (...) Esta campanha
foi um marco, uma nova era nos
esportes e contribui para que a Paz
reine dentro e fora do campo”. A
LBV solidariza-se com os parentes
do querido mestre Telê Santana e
envia as mais sinceras vibrações de
Paz e gratidão ao seu Espírito eterno.
cantadora, foi eliminada pela França,
nos pênaltis, depois de um empate no
tempo normal, quando Zico desperdiçou uma penalidade máxima que,
se convertida, nos classificaria rumo
às semifinais. Porém, Telê, como
todo mestre, nunca se entregou.
Sabia que estava no rumo certo e,
com o São Paulo, conquistou o bicampeonato mundial de clubes.
Telê Santana deixou um legado
que precisa ser aproveitado por
todos os jogadores, treinadores e
dirigentes: vencer é preciso, no
entanto o importante mesmo é ser
digno da vitória.
BOA VONTADE
13
14. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Novos conselheiros
do CNAS
D
ezoito novos representantes da sociedade
civil (9 titulares e 9 suplentes) no Conselho
Nacional de Assistência Social
(CNAS) tomaram posse no dia 18
de maio, em solenidade no auditório
do Ministério da Previdência, em
Brasília/DF. O órgão do Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome também é formado por
membros do governo e tem, entre
outras, a competência de aprovar
a Política Nacional de Assistência
Social (PNAS).
O Ministro desta Pasta, Patrus
Ananias, destacou o trabalho dos
que concluíram o mandato e deu as
boas-vindas aos novos integrantes do
CNAS. Na ocasião, os conselheiros
elegeram o novo Presidente para o
biênio 2006-2008. A partir de agora,
tomam posse
em Brasília
________________
Danilo Parmegiani
Fotos: João Preda
o cargo passa a ser ocupado pelo Professor Silvio Iung, do Instituto Sinodal de Assistência, Educação e Cultura (Isaec). Para ele, “o Conselho é
um espaço plural; há representações
e interesses da sociedade, e ele deve
gerar uma síntese desses diferentes
interesses sem sobreposições de um
ao outro, mas em favor da construção
de uma agenda positiva”.
Simone Albuquerque passa a
ocupar a função de Vice-Presidente,
“Quero saudar os conselheiros
que estão encerrando os
seus mandatos e parabenizálos pelo trabalho realizado,
pela dedicação à causa da
assistência e desenvolvimento
social e os novos conselheiros
que hoje são empossados,
acumulando os milhões
de votos, inaugurando um
trabalho igualmente fecundo,
criativo, da perspectiva
da realização dos nossos
objetivos.”
Ministro Patrus Ananias
14
BOA VONTADE
15. representando o Governo Federal.
“O dia de hoje consagra o CNAS
como instância de controle social e
de deliberação da Política Nacional
de Assistência Social, e o Governo
Federal reconhece a autonomia que
a sociedade civil tem por lei e o direito de ela mesma conduzir seu processo eleitoral”. Ela destacou ainda os
novos passos para o Conselho: “Uma
outra questão fundamental é o desa-
“O Conselho é um espaço
plural; há representações e
interesses da sociedade, e
ele deve gerar uma síntese
desses diferentes interesses
sem sobreposições de um
ao outro, mas em favor da
construção de uma agenda
positiva.”
Professor Silvio Iung
A Vice-Presidente eleita, sra. Simone Albuquerque, ao lado do Professor Silvio
Iung, Presidente para o biênio 2006-2008.
fio de consolidar o Sistema Único de
Assistência Social no Brasil (SUAS).
Este é um sistema que está sendo
implantado desde o ano passado e já
tem adesão de 4 mil municípios brasileiros, mas é preciso que se consolide,
não só o recebimento de bolsa para
as famílias brasileiras, mas também
serviços socioassistenciais de convivência familiar e comunitária”.
Avanço no social
Márcia Biondi e Dalila Pedrini, Presidente e
Vice-Presidente,
respectivamente,
na gestão anterior, destacaram
os bons resultados
do trabalho de-
senvolvido. A sra. Márcia explicou
que o posicionamento do CNAS foi
responsável pelas vitórias conquistadas. “Eu não tenho dúvida em dizer
que o principal avanço — e dele
decorrem todos os outros — foi o
fato de o CNAS assumir o seu papel
“O dia de hoje consagra
o CNAS como instância
de controle social e de
deliberação da Política
Nacional de Assistência
Social, e o Governo Federal
reconhece a autonomia que
a sociedade civil tem por lei
e o direito de ela mesma
conduzir seu processo
eleitoral.”
Simone Albuquerque
de instância máxima de deliberação
da política de Assistência Social. Se
nós conseguimos traçar um projeto
de estoque zero, aprovar a Política
Nacional de Assistência Social e
uma norma que a operacionaliza,
foi porque o Conselho assumiu o seu
papel político que a Constituição lhe
deu”, ressaltou.
Dalila Maria Pedrini avaliou os resultados do mandato, realçando o trabalho feito
pelo Conselho para a
inclusão e avanços da
política de Assistência
Social no Brasil. Na
análise dela, “foi uma
gestão de muito trabalho, cujos empreendimentos, temos certeza, vieram
em benefício da sociedade brasileira
e especialmente dos setores mais
excluídos. Nossa gestão buscou
recuperar questões que não haviam
sido trabalhadas no passado. Na verdade fizemos um trabalho para que
a política da Assistência avançasse
como política pública e de direitos
dos cidadãos brasileiros”.
Novos desafios
De acordo com o primeiro artigo
da Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), a garantia do atendimento
às necessidades básicas é um direito
do cidadão e um dever do Estado.
Nesse contexto, os novos Conselheiros e membros da gestão anterior
recordam importantes vitórias e admitem os grandes desafios que têm
pela frente.
O Conselheiro do
CNAS e representante do Movimento
Nacional de Meninos
e Meninas de Rua
(MNMMR), Ademar
de Oliveira Marques,
falou sobre a impor-
BOA VONTADE
15
16. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
tância da consolidação das conquistas
da gestão anterior. “Nós conseguimos
avançar especialmente na Política
Nacional da Assistência Social e na
criação do Sistema Único da Assistência Social, com a NOB (Norma
Operacional Básica). O desafio que
temos pela frente é consolidar esse
processo, que significa estabelecer
as novas relações com a sociedade”,
acredita.
O representante da Federação
de Sindicatos de Trabalhadores das
Universidades Brasileiras (Fasubra) e
também Conselheiro,
João Paulo Ribeiro,
explicou que uma importante fase se inicia
para ampliar a participação do CNAS
no País. “Neste novo
ciclo a sociedade civil está mais próxima e vai conseguir
gerenciar e ampliar a democracia.
Com o nosso trabalho conseguimos
ter respaldo da sociedade e ajudar
a crescer e ter mais assistência no
nosso país”, afirmou.
O Conselheiro
Marcos Antônio
Gonçalves, representante da Federação Brasileira das
Instituições de Inclusão Social, Reabilitação e Defesa
da Cidadania (Febiex), destacou: “A
força da organização dessa sociedade é que vai transformar esses
milhões de excluídos em milhões
de incluídos; será um país bastante diferente do que nós estamos
encontrando aqui hoje”.
“Nós pretendemos colaborar
para que ela seja efetivamente
implantada e aplicada para que
os usuários e a sociedade possam
realmente usufruir dos benefícios
16
BOA VONTADE
para as quais ela foi proposta”,
explicou o representante da União
Brasileira de Cegos (UBC) e também Conselheiro, Márcio
José Ferreira.
Para o Diretor Vice-Presidente da Federação Mineira
de Fundações
de Direito Privado (Fundamig), Gilson
Assis Dayrell,
há uma nova
consciência no
País sobre a
importância da
inclusão social.
“A Assistência
Social passa
hoje por um momento muito positivo,
uma vez que há um grande esforço
de levar aos excluídos brasileiros a
possibilidade de inserção na nossa
sociedade”, disse.
O Conselheiro na gestão
2004/2006 do CNAS e Presidente
da Federação
Brasileira de
Entidades de
e para Cegos
(Febec), Carlos
Ajur Cardoso
Costa, salien-
tou que o fortalecimento da Política
Nacional da Assistência Social foi
uma das grandes conquistas da gestão
anterior. “Aprovamos um sistema
único de assistência social, que era
desejo da sociedade brasileira, a
ampliação dos financiamentos para
a política de assistência social e
principalmente defendemos o papel
e o espaço para que o usuário da
assistência social possa reivindicar
aquilo que deseja: a sua promoção,
a sua inclusão social”, declarou.
A solenidade da posse ocorreu no
Dia Nacional de Combate ao Abuso
Sexual Infantil e Turismo Sexual.
A relevância da data foi lembrada
pelo Secretário de
Assistência Social
e Combate à Fome,
Osvaldo Russo. “É
importante mostrar
que o Brasil está
avançando na aplicação de políticas
que combatam de
fato o abuso e a
exploração sexual, mas temos muito
que caminhar. É a forma mais perversa de violência contra a criança e o
adolescente. Devemos fazer políticas
públicas, integrando todos os níveis
de Governo: Federal, Estadual e
Municipal e também com grande
participação da sociedade civil, e,
sobretudo, ter o espírito público para
17. construir uma política que rompa
com o assistencialismo, clientelismo e com a política improvisada”,
explicou.
Os integrantes do Conselho também destacaram o trabalho da Legião
da Boa Vontade que desenvolve, em
todo o Brasil, há mais de 56 anos,
centenas de programas e projetos que
resgatam os valores dos cidadãos.
Dalila Maria Pedrini enfatizou a iniciativa social da Instituição: “A LBV
é uma obra de Assistência Social que
está presente em todo o Brasil e é
muito conhecida. Que ela continue se
empenhando no trabalho de promoção e de libertação dos setores mais
empobrecidos da sociedade”.
O Diretor Vice-Presidente da
Fundamig, Gilson Assis Dayrell,
ressaltou a parceria com a Obra.
“Esperamos contar sempre com
a LBV também na Confederação
Brasileira de Fundações, porque é
uma instituição de grande prestígio
nacional”, disse.
“Fico muito feliz em falar de
Paiva Netto, porque ele não faz só um
bem à Assistência Social do País, ele
faz um bem à parte espiritual no País.
Falta para as pessoas um pouco mais
O Presidente do
CNAS, Silvio Iung,
disse que instituições
comprometidas com o
bem-estar da população
são necessárias à
sociedade. “A LBV tem
esse papel de buscar a
inserção da sociedade
brasileira. Quero
cumprimentá-la por isso.
É assim que a gente faz
política pública, não só
no seu trabalho, mas
também articulando-se
com outros, construindo
junto com outros”,
parabenizou.
de formação religiosa. Os programas da LBV, aos quais assisto, são
para instruir, aumentar a cultura da
população e mostrar a visibilidade
de processos sociais. Então, a gente
torce muito para que o Paiva Netto
cresça ainda mais com a LBV, com a
Fundação José de Paiva Netto, com
a televisão, porque nós precisamos
de televisões desse nível”, agrade-
ceu o conselheiro Marcos Antônio
Gonçalves.
Em São Paulo/SP, durante o
Seminário “Rumos da Filantropia”,
realizado no dia 5 de abril, o Presidente da Confederação das Santas
Casas de Misericórdia, Hospitais
e Entidades Filantrópicas (CMB) e
ex-Presidente do
CNAS, Antônio
Brito, ressaltou o
valor do trabalho
do Órgão: “O Conselho Nacional de
Assistência Social
foi criado para permitir o intercâmbio
da sociedade civil, legitimado pelo
setor, porque representa outros
milhares que não têm o certificado,
mas precisam desses representantes
no CNAS, que estejam lá, atuando
em favor dessas entidades”.
A Legião da Boa Vontade, registrada no CNAS e portadora do
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, desde
1967, congratula-se com os antigos
e novos conselheiros e Diretoria,
desejando-lhes amplo sucesso.
Entidades e Organização
de Usuários da Assistência
Social
Entidades e Organização
de Trabalhadores da
Assistência Social
— Instituição Sinodal de Assistência,
Educação e Cultura (Isaec);
— Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB);
— Confederação das Santas Casas
de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB).
Titulares:
Titulares:
— Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc);
— Instituição Adventista Central
Brasileira de Educação e Assistência
Social;
— Federação Brasileira das Associações Cristãs de Moços.
— Pastoral da Criança;
— Federação Brasileira das Instituições de Inclusão Social, Reabilitação
e Defesa da Cidadania (Febiex);
— Obra Social Santa Isabel (Ossi).
Entidades e Organização de
Assistência Social
Titulares:
Suplentes:
— Movimento Nacional de Meninos
e Meninas de Rua (MNMMR);
— União Brasileira de Cegos
(UBC);
— União Norte Brasileira das Igrejas
Adventistas do Sétimo Dia.
Suplentes:
— Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social
(CNTSS);
— Federação de Sindicatos de
Trabalhadores das Universidades
Brasileiras (Fasubra);
— Federação Nacional dos Assistentes Sociais (Fenas).
Suplentes:
—Conselho Federal de Contabilidade;
— Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais;
— Conselho Federal de Serviço
Social (Cfess).
BOA VONTADE
17
18. Educação
Investindo
no social
Nas cinco regiões do País, LBV eleva a auto-estima dos milhares de crianças em situação
_____________
de risco social e pessoal ao doar kits completos de material escolar.
C
ro e este kit ajudará bastante. Tenho
três filhos e não tinha condições de
comprar o material para eles. Passava pela escola com minha filha e ela
chorava. Depois, ao falar para minha
caçula que receberia este kit, ela
ficou feliz porque vai poder estudar,
sua auto-estima aumentou”, comentou, feliz, a mineira Marlucia.
Famílias iguais à dela receberam
o material escolar nas cinco regiões
brasileiras, no começo do ano letivo.
Foram beneficiadas crianças que
estudam da 1ª à 4ª série do ensino
fundamental em estabelecimentos
da rede pública as quais participam,
no período inverso ao da escola, do
programa LBV: Criança — Futuro no
Presente!, em que são desenvolvidas
inúmeras atividades esportivas, lúdicas, culturais e de lazer.
Realizada no começo de cada ano,
essa ação da LBV visa diminuir os
índices de evasão escolar por falta de
“Achei o
espaço muito
aconchegante,
é gratificante
para a família
destas
crianças
atendidas
pela LBV. O
atendimento
é muito bom, elas
se sentem acolhidas
e isto é importante,
adorei participar desta
confraternização.”
Maria Silva Costa, Primeira-Dama de
Belém/PA, referindo-se à estrutura
oferecida pela LBV na cidade.
Ariane Camargo
adernos, lápis pretos e coloridos, canetas, borrachas,
apontador, cola, tesoura
sem ponta, régua, mochila
e minidicionário. Para alguns esta é
apenas uma relação de objetos essenciais ao aprendizado, mas para muitas
crianças é o que falta para entrar numa
sala de aula e começar a escrever ou
desenhar um futuro melhor.
Na busca de reverter essa triste
realidade, diversos artistas e a sociedade brasileira apoiaram mais uma
edição da Campanha LBV: Criança
Nota 10 — Sem Educação não há
Futuro! A ação solidária da Legião
da Boa Vontade beneficiou milhares
de meninos e meninas que vivem em
situação de risco social e pessoal.
São famílias de renda modesta,
como a de dona Marlucia Xavier
Dias, que encaram o desafio de ter de
encaixar a compra da lista escolar no
orçamento. “A gente está sem dinhei-
Marta Trigueiro
18
BOA VONTADE
Londrina/PR
Rui Portugal
20. William Radi
Natal/rn
Elisa Rodrigues
anápolis/go
Arquivo BV
Arquivo BV
uberaba/mg
Arquivo BV
Juliana Valin
Educação
patos de minas/mg
Ariane Camargo
porto alegre/rs
Derli Francisco
Arquivo BV
santos/sp
joinville/sc
londrina/pr
Edson Rodrigues
Arquivo BV
Nino Santos
uberlândia/mg
joão pessoa/pB
cascavel/pr
20
sãoBOA VONTADE
luís/ma
João Preda
Paulo Araújo
maringá/pr
pelotas/rs
Kléber Maricato
brasília/DF
Elizabeth Rodrigues
inhumas/go
João Preda
Arquivo BV
cabo frio/rj
Ponta grossa/pr
21. João Preda
Chica Nunes, Presidente da Câmara
de Vereadores de Cuiabá/MT.
recursos financeiros e ainda despertar
nas crianças a motivação ao estudo,
o que é essencial para a formação
delas.
Vários artistas mirins se engajaram nessa empreitada, entre eles
as atrizes Michelle Giudice e Rafaela Romolo; os atores Gabriel
Cavicchiolli e Rodolfo Valente;
o apresentador Jacarezinho; a
rainha do bambolê, Thaty; além
de Mariana, Danielle, Paloma e
Drielly, do grupo Patotinha.
“Estou muito feliz
em estar aqui na LBV.
Vejo que as crianças
são felizes e que a
nossa doação é bemutilizada. O carinho que
elas recebem é muito
importante.”
Maria das Dores Alves, colaboradora da LBV em Vitória/ES.
“A LBV sempre está
presente nos momentos
em que mais preciso.
Eu ainda não tinha
comprado o material
escolar, e agora meus
dois filhos ganharam
tudo o que precisavam
e mais ainda. Eu adorei
essa ajuda da LBV.”
Adriana da Silva Souza, atendida
pela Legião da Boa Vontade em
Moreno/PE.
A prática do Natal Permanente
de Jesus, empreendida pela LBV,
pôde ser comprovada pela atriz
Michelle Giudice: “A sala de aula
é onde as crianças aprendem. Muitas pessoas ajudam no Natal, mas
não é só nele que as pessoas têm
dificuldades. O ano todo a gente
tem de estar ajudando, e é isso que
vou levar para mim. Eu me sinto
muito bem por estar incentivando a comunidade a ajudar essas
crianças. É muito importante ser
uma das pessoas que estão dando a
oportunidade às crianças que não
têm condições de ir à escola por
causa dos materiais e fazer com
que elas tenham uma boa educação, uma cultura, e principalmente
na LBV”.
Gabriel Cavicchiolli ressaltou
sua felicidade em poder contribuir
e deixou um recado a todos os de
Boa Vontade: “Eu estou muito feliz
por participar. Que vocês participem dessa doação para as crianças
terem um futuro bem melhor”.
Rodolfo Valente complementou:
“Tem de botar a mão na consciência e pensar que elas não tiveram
a vida que a gente teve. Temos de
goiânia/go
“A LBV é uma
entidade,
dentro
da nossa
sociedade
araraquarense,
que nos
enche de
orgulho, pois
ela traz para as nossas
crianças o reforço escolar,
a Educação, o Esporte, o
lazer e a parte cultural.”
Athaíde Alves
Pedro Reis
“Quero
parabenizar
o trabalho
da LBV
com a
distribuição
de kits
escolares
para crianças carentes
em todo o País. Pude
acompanhar pela
mídia este maravilhoso
trabalho. Meus parabéns
a todos!”
Ronaldo Napeloso, Presidente da Câmara
Municipal de Araraquara/SP.
ajudar essas crianças para terem
uma vida bem melhor. Eu me sinto
mais feliz; sei que estou ajudando
milhares de pessoas. É claro que é
pouco, mas, se todo mundo juntar,
esse pouco vai se transformar em
muito”.
BOA VONTADE
21
22. Atualidade
Toni
Garrido,
o reggae e a Boa Vontade
O famoso vocalista do grupo Cidade Negra entusiasma-se com a LBV, faz show à
parte para as crianças e abre o coração em entrevista exclusiva.
Q
uerido pelos brasileiros, por expandir alegria e cultura por meio
da música, o cantor
Toni Garrido, 39 anos, conferiu
de perto o trabalho promovido pela
Legião da Boa Vontade (LBV) na
zona norte do Rio de Janeiro/RJ. No
dia 9 de maio, o vocalista do grupo
Cidade Negra encantou-se com a
garotada que diariamente é amparada
pelo Centro Educacional, Cultural e
Comunitário José de Paiva Netto.
Recebido com muita festa, música
e flores, sentiu-se em casa e pôde
expressar esse sentimento no trato
com cada pequenino que encontrava
no trajeto que fez pelo local. Logo na
entrada, o Coral Ecumênico Infantil
LBV prestou homenagem ao artista:
além de interpretar músicas do próprio repertório, cantou Aonde você
mora?, grande sucesso da banda.
Entusiasmado, ele fez um show à
parte para a criançada.
Depois, conheceu as salas de aula,
ambulatórios, espaços para recreação,
refeitório, brinquedoteca, laboratórios
e a Galeria de Amigos, onde estão as
fotos de personalidades que visitaram o Centro Educacional desde sua
22
BOA VONTADE
______________________________________________
Danielly Arruda, Juliane Nascimento e Rodrigo Oliveira.
Fotos: Felipe Freitas
“Desde a infância, gosto muito de
futebol, mas a música apareceu
antes porque eu tinha, segundo
minha mãe, aos 2 anos, um
companheiro: era um cabo de
vassoura, que eu ficava levando
para todos os cantos da casa e,
quando aparecia uma pessoa, eu
cantava para ela minha música.
Para quem estivesse em casa, eu
parava e cantava. Não lembro
disso, era bem novo (risos).”
Castilho, terça-feira. Para retribuir
o buquê de flores e o carinho dos
pequenos, ele soltou a voz”.
O músico ainda concedeu entrevista exclusiva à revista BOA VONTADE, na qual revelou histórias da
infância, a trajetória até chegar ao
Cidade Negra, e exaltou os 50 anos
de trabalho do dirigente da LBV.
inauguração, em 2 de março de 1996.
Atento, observou a fotografia em que
aparece o Diretor-Presidente da LBV
na concorrida abertura daquele centro
de ensino, ocasião que reuniu mais de
110 mil pessoas, conforme noticiou a
imprensa na época.
Os jornais Meia-Hora, na coluna
“Babado”, assinada pela jornalista
Valéria Souza, e O Dia deram destaque à presença do cantor. Em nota
divulgada pela coluna “Vip Vupt”, de
Sabrina Grimberg, O Dia ressalta:
“Toni Garrido, vocalista do Cidade
Negra, fez uma visita às crianças do
Centro Educacional da LBV, em Del
Toni Garrido — (...) Nasci em
Realengo, mas minha família era
da Vila Kennedy, ali em Bangu (...).
Minha infância foi muito parecida
com a de toda criança, quer dizer,
a maior parte dela foi muito alegre,
mas com seus problemas financeiros,
de separação etc. E isso aconteceu
com minha família também, mas só
tenho boas lembranças, até porque
criança tem de brincar (...). Eu sou
de uma geração que brincava com
bola de gude, pipa — mesmo sem
ser a minha praia; não gostava muito
de pipa (risos). (...) Dá para ver nos
olhinhos destas crianças da LBV que
Revista BOA VONTADE
— Para falar do sucesso,
vamos conhecer um pouco
de suas raízes. Como foi sua
infância?
23. Feliz, o vocalista do Cidade Negra cantou para a garotada e passou pelos vários ambientes do moderno Centro Educacional da LBV no Rio.
elas recebem uma boa alimentação,
educação plena, alegria (...). Você
vê no rosto delas que são dignas,
com pais carinhosos, sem marcas de
violência física ou qualquer dessas
coisas. Isso é o fundamental. Foi
essa a impressão que tive visitando a
LBV. (...) É uma comida caprichada,
balanceada; uma biblioteca maravi-
lhosa; tudo lindo; uma enfermaria
perfeita, com uma voluntária maravilhosa que está ali, e você vê que ela
está fazendo aquilo por amor, então
dá tudo certo. Fiquei muito feliz com
o que vi na LBV!
BV — Faz tempo que a
música entrou na sua vida?
Toni Garrido — Desde a infância, gosto muito de futebol, mas
a música apareceu antes porque eu
tinha, segundo minha mãe, aos 2
anos, um companheiro: era um cabo
de vassoura, que ficava levando para
todos os cantos da casa e, quando aparecia uma pessoa, eu cantava para ela
minha música. Para quem estivesse
BOA VONTADE
23
24. em casa, eu parava e cantava. Não
lembro disso, era bem novo (risos).
BV — Quando você chegou ao
Cidade Negra, o reggae já era
a sua praia? O que você gostava
de ouvir e cantar?
Toni Garrido — O Cidade Negra
tinha três regueiros. Haviam gravado
dois discos de reggae e, mais do que
isso, tinham uma vivência de reggae.
(...) A minha era ouvir algumas músicas de Bob Marley (1945-1981) e
Peter Tosh (1944-1987), que todo
mundo ouvia, os chamados clássicos
do reggae. Isso era o que eu basicamente conhecia. Tomei um pouco de
conhecimento de reggae misturado;
era aquela coisa dos anos 1980. Havia
ainda The Clash, Culture Club e os
regueiros nordestinos. O regueiro do
Brasil não conhecia o reggae com
esse nome. Até lá no Maranhão havia
uma cultura fechada já de reggae.
Mas o músico brasileiro conhecia
reggae como xote, baião, embolada,
coco. Os ritmos do Nordeste, todos
eles, na realidade, são irmãos ou
primos do reggae. (...)
24
BOA VONTADE
Eu participava de uma banda
chamada Bel, do Rio de Janeiro/RJ,
que misturava funk, soul music e
samba. (...) Quando acabou a gestão
do cantor antigo no Cidade Negra,
o Bernardo, que saiu para fazer a
carreira solo, o grupo falou: “Vamos
procurar um cantor”. E eles tinham
visto alguns shows que nós tínhamos
feito no Circo Voador. Éramos uma
banda independente, mas que tinha
força no circuito, tocava bastante,
fazia muita coisa.
Foi aí que entrei e tive uma aula de
reggae, em um grupo absolutamente
regueiro. Foi engraçado porque um
dos integrantes chegou e me falou,
no primeiro dia de ensaio: “Toma
aqui uma bíblia reggae”. É um livro
que conta a história do reggae, com
todos os fundamentos filosóficos,
religiosos e por aí vai. (...) Eu gosto do
fundamento. Respeito a origem, independentemente da parte religiosa de
cada um. Acho a filosofia do reggae
coisa fundamental e muito boa para
a vida das pessoas. (...) Essa filosofia
de boas coisas e de tranqüilidade, de
“Olha, vai tudo dar certo”, sabe, o
Divulgação
Assim que chegou, Toni Garrido
recebeu flores e saudou as
crianças da LBV.
Bob Marley
Bob Marley tem uma função enorme
nisso. Como artista, adoro as coisas
que fez. Gosto até mais de outros
artistas em termos musicais do que
dele próprio. Mas não posso tirar a
importância fundamental de profeta
na realidade do Bob Marley, no sentido de que profetas saem pelo mundo
para divulgar uma palavra positiva, a
palavra de Deus, uma palavra boa, ou
do Deus que ele chama Deus (...). O
Ser Humano procura a compreensão
e a luz que entende como a fonte
geral para todo mundo, mesmo que
possua nomes diferentes, de acordo
com a região, com a própria religião.
Aí vou falar também um pouco disso
sobre o Paiva Netto. É meu vizinho,
eu o conheço — de carne e osso — o
25. “A LBV tem sempre
umas campanhas, umas
assinaturas. Sempre fiz
questão de participar
por um motivo simples,
porque há sinceridade.
Adorei ter passado
a manhã com vocês.
Quero voltar!”.
professores fazendo a sua parte... E
o Paiva Netto tem a característica
maravilhosa de ter começado e fundamentado isso tudo. Porque a gente
precisa de cada uma das pessoas que
tenham as possibilidades intelectuais
ou de trabalho, com a carga no limite
máximo, trabalhando por alguma
coisa positiva. Acho que o Paiva é
um regueiro. Ele tem o reggae no
coração, ou eu tenho a Boa Vontade
no meu coração. Enfim, a gente não
sabe o que é, mas, quando falamos
do sentimento, aí estou só fazendo
uma comparação do reggae com a
Boa Vontade. O reggae é um pouco
disso, um movimento filosófico que
você pensa, mentaliza isso muito
mais do que qualquer outra coisa.
Aí, automaticamente, de tanto você
pensar nessa coisa positiva, acaba
realizando e vivendo um pouco disso
também. (...)
Integrantes do grupo Cidade Negra. Da esquerda para a direita: Bino
Farias (baixo), Toni Garrido (vocal), Lazão (bateria) e Da Gama (guitarra).
Divulgação
vejo quando passa, vem aqui ver as
crianças, faz as obras sociais. É um
incrível e maravilhoso administrador!
Falo isso assim, sem nenhum receio,
porque a pessoa só consegue hoje em
dia fazer as obras que ele está realizando e as possibilidades que está
propondo com diplomacia, pegando
um avião, com sua pasta 007 debaixo
do braço e fazendo os contatos que
tiver que fazer. E isso não é milagre.
A Espiritualidade está dentro dele
e também em todos os voluntários
que participam da LBV. Eu não vejo
diferença, por exemplo, com a moça
que eu conheci lá em cima fazendo
o trabalho voluntário dela, de cuidar
dos ferimentos das crianças caso elas
se machuquem na escola. Ela está
aqui de graça, trabalhando, limpinha,
linda, higiene perfeita para quem vai
cuidar de ferimentos, de machucados,
com um sorriso enorme no rosto. Os
BOA VONTADE
25
26. Edson Freitas
Feliz encontro — No centro,
Paiva Netto e Lucimara Augusta
aparecem ladeados pelo famoso
vocalista do grupo Cidade Negra,
Toni Garrido, sua bela esposa
Regina e as lindas filhas do casal,
Victória (que está junto ao cantor)
e Isadora, no colo da mãe. O
feliz encontro ocorreu na capital
fluminense.
BV — O Cidade Negra
tem uma preocupação de
levar música com boas
mensagens. O CD mais
recente do grupo, intitulado
“Perto de Deus”, é uma
comprovação disso?
Arquivo BV
Toni Garrido — Sim. Esse é o
título do álbum e surgiu muito naturalmente, porque é como a gente
pensava. Sem percebermos, várias
músicas nesse álbum tinham alusão
à religiosidade, a Deus, a monge,
a Cristo, ou ainda a pensamentos
filosóficos que vieram junto de
questionamentos religiosos. Tratamos muito desses temas no álbum e,
quando chegou a hora de pensar no
nome do disco, vendo as músicas,
percebemos esta: Perto de Deus. (...)
“O Cristianismo é a nossa
força. A gente debate
muito sobre as religiões
que pregam o Cristianismo,
porque ele é maravilhoso,
é fundamental. Jesus Cristo
é um Ser absolutamente
único, especial, diferenciado
dos outros Seres.”
O Cristianismo é a nossa força. A
gente debate muito sobre as religiões
que pregam o Cristianismo, porque
ele é maravilhoso, é fundamental.
Jesus Cristo é um Ser absolutamente
único, especial, diferenciado dos
outros Seres. (...)
O Centro Educacional, Cultural e Comunitário, da LBV,
no Rio de Janeiro/RJ (Av. Dom Hélder Câmara, 3.059, Del
Castilho), com 5.000 m2 de área construída, atende crianças,
jovens, adultos e idosos em situação de risco social e
pessoal provenientes das comunidades em torno das favelas
do Guarda, Jacarezinho, Parque Evereste, Nova Brasília,
Manguinhos, Parque União de Del Castilho, Complexo do
Alemão, Águia de Ouro e Comunidade de Escol.
BV — É hora da mudança, de
as pessoas começarem a se
preocupar um pouco com o
outro?
Toni Garrido — Acredito que
sim, porque os nossos avós já falavam que era a hora da mudança na
época deles... E aí, o tempo passa, as
gerações passam, porque, dos nossos
avós para cá são três gerações, praticamente. É preciso fazer algo. O Paiva
Netto tem uma frase maravilhosa:
“A elite do Brasil é o seu Povo”. (...)
Aqui, a Obra da LBV é toda em cima
de doações, voluntariado e com a
batalha do Paiva Netto. (...) É uma
pessoa do Bem, religiosa, ecumênica,
e que botou isso na cabeça: fazer boas
coisas. Ele não merece ter a casa em
que mora? Merece! Merece tudo de
bom para ele, para a família dele, para
os filhos dele, e ninguém tem de ficar
de olho gordo nisso. Por quê? Porque
ele está fazendo a parte dele, a minha,
a sua, a de um montão de gente. É isso
que eu prego, que todo mundo faça a
sua parte, sem demagogia.
BV — No mês de junho, o
Líder da LBV comemora 50
anos de trabalho na Obra.
O que você destaca desta
trajetória?
Toni Garrido — De perseverança, o Paiva sabe tudo. Ele tem de
passar a bola para a gente de todas
26
BOA VONTADE
27. essas esperas dele, de 50 anos de
trabalho. São 50 anos de muita espera. Basicamente, o que ele deve ter
ouvido de não!... Deve ter sido muito
mais do que sim. Você aprende muito
com isso também. Quando se tem um
objetivo que vai além da expectativa,
“Dá para ver nos olhinhos
destas crianças da
LBV que elas recebem
uma boa alimentação,
educação plena, alegria.”
LBV, só de ver a obra, para mim, já
está bom. Aqui se faz muito mais do
que muita gente que conheço, que
tem grandes possibilidades e nada
realiza. O Paiva é uma pessoa que eu
admiro. É um belíssimo exemplo de
benfeitoria, porque não fica angarian-
Toni Garrido em dois momentos da visita: jogando futebol de botão no espaço recreativo (E) e escrevendo seu depoimento no
Livro do Coração.
parece um sonho... A LBV, hoje, é a
LBV que ele sonhou há décadas, e
não tem nem o que falar. Se for parar
para pensar na história dele, de realização, nem deve lembrar dos nãos:
deve ser tão bom ver que tudo aconteceu, que as partes ruins, de alguma
forma, devem ter passado. (...) Ele
se superou. Se não, não estaria aqui
entre nós. Ele passou por provas de
fogo e venceu! E quando passamos
por qualquer pedaço, sentimos que
foi maravilhoso porque fortaleceu
ainda mais a gente. Fico muito feliz
pelo fato de ele não ter desistido nesses 50 anos, porque podem falar o
que for, o que quiserem, mas o que os
olhos vêem o coração sente. Basta vir
aqui. Venha ver e tirar a prova. Vá aos
outros locais da LBV. Você vai tirar a
dúvida na hora. Eu não tinha dúvida
alguma! Como sempre acreditei na
“Você vê no rosto delas
que são dignas, com pais
carinhosos, sem marcas de
violência física ou qualquer
dessas coisas. Isso é o
fundamental. Foi essa a
impressão que tive visitando
a LBV. (...) É uma comida
caprichada, balanceada;
uma biblioteca maravilhosa;
tudo lindo; uma enfermaria
perfeita, com uma voluntária
maravilhosa que está ali, e
você vê que ela está fazendo
aquilo por amor, então dá
tudo certo. Fiquei muito feliz
com o que vi na LBV!”
do, nunca angariou comigo, nunca
chegou para mim e ficou tirando uma
onda. Eu não sou ninguém, não sou
nada, mas tem gente que gosta de
estar do ladinho porque você está na
televisão. Ele nunca fez nada disso.
Antes mesmo de conhecê-lo, eu já
gostava da Legião da Boa Vontade.
Tem sempre umas campanhas, umas
assinaturas. Sempre fiz questão de
participar por um motivo simples,
porque há sinceridade e quando colocaram à prova, continuei vendo
sinceridade e foi exatamente nessa
época que o conheci, e a família
dele, pessoalmente. Não somos
amigos de freqüentar a casa, mas
de ter respeito e carinho absolutos
um pelo outro. Considerando a
pessoa, gosto ainda mais da Obra.
Adorei ter passado a manhã com
vocês. Quero voltar!
BOA VONTADE
27
28. Capa — Arte, Cultura e Emoção
Pilares da
tradição gaúcha
Q
uando se tem contato
com a cultura gaúcha
não restam dúvidas: a
força deste Estado está
na sua tradição. O Rio Grande
do Sul destaca-se pelo grande
valor que concede às rodas de
conversa em torno do fogo de
chão para falar da vida, tomar
chimarrão e ver o tempo passar
não deixando que ele carregue
consigo a história e os costumes.
Não é preciso ser tradicionalista, andar pilchado, participar
de cavalgadas (romarias) ou
apreciar a trova gauchesca para
carregar na alma a essência riograndense. Na verdade, nem
é preciso ser gaúcho, basta ter
coração, amor, apego por aquilo
que se pode chamar de nosso.
O denominador comum está no
sentimento da construção coletiva, de dar valor ao que se tem
de melhor.
Guilherme Hornos
No coração de
Porto Alegre, o
centenário Theatro
São Pedro figura
como símbolo de
cultura e arte
_______________
Angélica Beck e
Natália Lombardi
28
BOA VONTADE
29. Divulgação
Vista central do Theatro São Pedro. Neste palco, com sua bela decoração, terá lugar a homenagem dos gaúchos a José de Paiva Netto pelos 50
anos de trabalho a serviço do Povo.
Uma síntese exemplar disso tudo é
a história e significado do Tradicional
Theatro São Pedro, em que o sonho
de preservar as diferentes manifestações culturais despontou em 1833,
legitimado por um movimento que
surgia para erigir um teatro no centro
da capital gaúcha. A intenção era ter
um lugar que abrigasse adequadamente as mais diversas expressões.
Com um terreno doado na praça
municipal, começaram as obras. No
entanto, entre os anos 1835 e 1845, a
construção teve de ser paralisada nos
alicerces, em função da Revolução
Farroupilha.
“(...) Uma das mais
importantes casas de
espetáculo do país,
o Teatro São Pedro
simboliza a própria
essência do processo
cultural do Rio Grande
do Sul. (...) Desde sua
inauguração, em 1858,
foi caldeando a formação
espiritual e cívica do
povo gaúcho.”
Somente em 27 de junho de 1858
o sonho se concretizaria com a inauguração do Theatro São Pedro, bem
no coração de Porto Alegre (Praça
Marechal Deodoro — Matriz). E já
daquela época despontou como palco
para as principais manifestações culturais da cidade. Só para se ter uma
idéia, entre os ilustres que circularam
pelos camarotes, galerias e palco do
Theatro São Pedro, estão personalidades que marcaram as páginas da
história artística e política do Brasil.
Na orelha do livro O Teatro São
Pedro na vida cultural do Rio Grande do Sul, publicado pela Secretaria
Fotos: Lucian Fagundes
BOA VONTADE
29
30. Foto gentilmente cedida pelo teatro São Pedro
Capa —
Cultura Arte, Cultura e Emoção
Sob a regência do Maestro Antônio Carlos Borges Cunha, a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro já se apresentou em diversos países.
Na noite de 20 de junho, ela se juntará ao Coral Ecumênico LBV, formado por 100 vozes, para interpretar as composições de Paiva Netto.
30
BOA VONTADE
Palco de talentos
O Theatro São Pedro, desde sua
fundação, exerceu papel estimulador da arte dramática. Dos grupos
de jovens, aspirantes amadores da
expressão cênica, às companhias
organizadas, todos se encontravam e
ensaiavam no imponente casarão da
Praça da Matriz. Foi seu palco que
atraiu a Porto Alegre companhias e
Coral Ecumênico LBV
artistas de outros Estados e até de fora
do País, cujas presenças reforçavam
os trabalhos culturais na província.
Em 1928,
o consagrado
maestro Heitor
Villa-Lobos vai
ao local acompanhado pelo
pianista Arthur
Rubinstein. O
dramaturgo
Ronan Riesch
também figurou
no teatro, no ano
de 1931. Em
11 de junho de
Daniel Trevisan
mais do que um belo edifício do
‘demi-siécle’ passado. O São Pedro
é a própria cultura rio-grandense.
Melhor dito: é o monumento erguido
à cultura rio-grandense”, frisou o
jornalista.
Arquivo BV
de Cultura do Estado, em 1975, os
autores Athos Damasceno, Guilhermino Cesar, Paulo Antônio
Moritz e Herbert Caro destacaram:
“(...) uma das mais importantes casas
de espetáculo do país, o Teatro São
Pedro simboliza a própria essência
do processo cultural do Rio Grande
do Sul. (...) Desde sua inauguração,
em 1858, foi caldeando a formação
espiritual e cívica do povo gaúcho.
(...) Difundindo cultura e idéias,
apresentado artistas de renome internacional, acolhendo movimentos
inovadores que, buscando outros
caminhos, revelaram novos aspectos
do mistério incomensurável do ser
humano e diversificadas perspectivas
da realidade social, o Teatro São
Pedro tornou-se o mais significativo
pólo de difusão da arte e da cultura
do Sul do Brasil”.
A obra ainda apresenta uma definição do advogado e jornalista veterano do Correio do Povo Manuel
Braga Gastal. “Um edifício pode vir
a ter alma. O São Pedro chegou a
essa fase de espiritualização: é mais
do que uma construção centenária,
31. Guilherme Hornos
Um dos ambientes internos do Theatro São Pedro
obra de Educação e Promoção Social,
é uma das mais expressivas imagens
da capacidade de realização e da Solidariedade do Povo gaúcho, sendo a
prova de que é possível transformar
o Brasil, ao resgatar nossos jovens
das situações adversas que o destino
lhes impôs e devolvê-los à sociedade
como verdadeiros cidadãos, valentes,
determinados e orgulhosos do lugar
onde vivem.
“Não será simplesmente
um concerto de música,
será um momento
de congregação,
diretamente associado
aos princípios da Legião
da Boa Vontade.”
Maestro Cunha
TEMPLO DA NATUREZA
Lar e Parque Alziro Zarur, da LBV, em Glorinha/RS — Rodovia RS 030, km 19,
tel.: (51) 3487-1033.
Armando Kitamura
1952, o pianista austríaco Friedrich
Gulda mostra o seu talento ao público. Também passaram por lá Mary
Anderson, Sebastian Benda, Jörg
Demus, Eugène Ionesco, Cacilda
Becker, Marcel Marceau, Olavo
Bilac, Getúlio Vargas, Borges de
Medeiros, a Orquestra de Versalhes,
entre outros.
Em 1973, o local foi fechado
para reformas. Dois anos mais tarde,
atendendo a pedidos da comunidade
apreciadora da arte, foram iniciadas
as obras de restauração da casa, sendo
devolvida ao Povo em 28 de junho de
1984, dotada de modernos recursos,
equipamentos cênicos e sistema de
iluminação. Em agosto desse mesmo
ano, foi assinada portaria autorizando
o tombamento do prédio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
do Estado (Iphae).
Em 2006, o orgulho dos pampas
completa 148 anos. Antes, porém,
uma outra comemoração especial
promete acender as recordações do
Rio Grande do Sul. O Theatro São
Pedro se faz, mais uma vez, palco de
belas páginas da vida gaúcha, abrindo as cortinas em 20 de junho para
apresentar a Noite Cultural Emoções
e Memórias, festejando os 50 anos
de trabalho do jornalista, escritor e
compositor José de Paiva Netto na
Legião da Boa Vontade, a serem completados no dia 29 do mesmo mês, dia
dos santos Pedro e Paulo.
A escolha de Porto Alegre para
sede de um dos eventos comemorativos é providencial, pois é neste
solo que a LBV mantém um dos seus
modelares centros de atendimento.
Há 51 anos na cidade, a Instituição
tem sua trajetória permeada pelos
próprios acontecimentos da região.
Fundado em um terreno doado no
município de Glorinha (a 44 quilômetros da capital), em 23 de maio
de 1960, o Lar e Parque Alziro Zarur,
BOA VONTADE
31
32. Emoções e Memórias
Sob a regência do maestro
Antônio Carlos Borges Cunha,
a Orquestra de Câmara Theatro
São Pedro apresentará, ao lado
do Coral Ecumênico LBV (composto por 100 vozes), grandes
sucessos musicais de autoria do
homenageado, entre elas Marcha
dos Soldadinhos de Deus (composição inicial de Paiva Netto
cantada, pela primeira vez, em
abril de 1960, pelas crianças do
Instituto São Judas Tadeu, onde o
Líder da Legião da Boa Vontade
colaborava voluntariamente);
Ave, Maria! Mater Jesus (dedicada ao Brasil); Deus é a nossa
Fortaleza, trecho do Oratório O
Mistério de Deus Revelado; Amar
com o Amor de Deus (dedicada à
mãe dele, Idalina Cecília); Cântico Suave; Prece para ter Tranqüilidade; Deus é a minha Força;
e Emmanuel Adolfo (dedicada ao
seu filho caçula).
O evento contará com a participação do grupo Raízes do Rio
Grande e de trovadores gaúchos.
Na oportunidade, Paiva Netto
receberá pessoalmente os cumprimentos de personalidades, amigos
e colaboradores da LBV. O encontro trará também a retrospectiva
sobre a sua trajetória de vida e de
trabalho em prol da Solidariedade
Altruística Ecumênica.
A composição O valor da gratidão marcará o encerramento
dessa festa que assinala o Jubileu
de Ouro do dirigente da LBV. Para
participar desse concerto especial,
basta fazer as reservas ligando
para o telefone: (11) 3225-4500
ou (51) 3325-7000. Se preferir,
dirija-se pessoalmente à LBV em
Porto Alegre/RS (Av. São Pedro,
esquina com Av. São Paulo, Bairro
São Geraldo).
32
BOA VONTADE
Reprodução RMTV
Capa — Arte, Cultura e Emoção
Maestro
tradicionalista
Maestro Cunha
Antônio Cunha trabalha, desde
1996, como regente convidado.
Há 3 anos, a convite da ilustre Eva
Sopher, assumiu o cargo de diretor
artístico da Orquestra. O músico
gaúcho recebeu a nossa equipe de
reportagem no próprio local em que
ocorrerá o evento e recordou histórias
da infância.
BV — Como foi sua
descoberta como músico?
Maestro Cunha — A música e
o som sempre foram necessidades
para mim. Nasci numa fazenda
no interior de Vacaria, na divisa
com Bom Jesus e fui criado nela.
Convivi com animais domésticos,
senti a relação do Homem com
a Natureza, ajudei meus pais,
que eram pequenos produtores
agropecuários. E mesmo não
tendo ambiente familiar no qual
se cultivava a música, não sei por
que eu tinha necessidade do som,
da música. Meus pais contavam
que meus brinquedos eram sempre inventar instrumentos e fazer
sons, ruídos. Comecei tocando
acordeão, trabalhei também com
música regional, do Rio Grande do
Sul. Toquei acordeão na Rádio Esmeralda, em Vacaria, e formei um
grupo regionalista que se chamava
Os Caudilhos. Atuei, nessa mesma
época, regendo coro e vim para a
Orquestra Sinfônica de Porto Ale-
erudito
gre como contrabaixista. Atualmente sou professor da URGS.
Meu mestrado e doutorado são na
área de composição musical.
BV — Falando da música
como algo a ser sentido
como hinos de louvor, o
que teremos no próximo 20
de junho, no palco do São
Pedro?
Maestro Cunha — Não é simplesmente a música pela música,
é um momento de congregação,
diretamente associado aos princípios da Legião da Boa Vontade,
ao exemplo de Paiva Netto nos
seus 50 anos de dedicação ao Ser
Humano, de preocupação com os
problemas sociais que são muitos
em nosso País, e a LBV tem contribuído para amenizá-los. Estamos
com a Orquestra de Câmara do
Theatro São Pedro reforçada com
músicos convidados e um coro de
mais de 100 vozes para interpretar
as canções dele, que são realmente
hinos de louvor. Observem os títulos: Deus é a minha Força. São
hinos de Solidariedade, de confiança na Paz, no Amor. Prece para ter
Tranqüilidade, é disto que todos
precisamos. Sentimo-nos honrados
em participar dessa homenagem
ao homem que é um símbolo da
Bondade, do Amor, da dedicação
ao Ser Humano.
33.
34. Internacional — Nova York
Alto-Astral no
Harlem
Oratório O Mistério de Deus Revelado
do compositor Paiva Netto tem sua primeira
audição mundial em Nova York
______________
Rodrigo Oliveira
Fotos: Vieira Filho
PhotoDisc
“E
34
BOA VONTADE
stamos felizes por ter
feito história.” O fato a
que se refere o respeitado maestro e professor norte-americano Gregory
Hopkins é a apresentação do
Oratório O Mistério de Deus
Revelado, do compositor Paiva
Netto, que arrancou aplausos do
público presente na Convent Avenue Baptist Church, em Nova York
(Estados Unidos), no dia 9 de abril,
no Concerto da Semana Santa.
Sob a regência de Hopkins, o
Coral do Santuário (The Sanctuary Choir), composto de afroamericanos, apresentou a primeira
audição mundial em inglês da obra
e encantou os que estavam também
em outros países — o evento foi
transmitido em tempo real pela
Super Rede Boa Vontade de Comunicação.
Mais que registrar o acontecimento em si, é imprescindível abordar nesta reportagem o fascínio
que a música de Paiva Netto desperta no público que, por apreciar
suas criações, o colocou na posição
35. de um dos compositores de música
erudita que mais vendem no País.
Como produtor, alcançou também
grande êxito com LPs de orações,
vendendo milhões de discos.
De todo esse universo musical
do compositor, O Mistério de Deus
Revelado — cujas vendas superaram
500 mil cópias — é, certamente, um
dos trabalhos que mais chamam a
atenção do público. Inovador, o Oratório tem partes destinadas a coro e,
em vez dos tradicionais recitativos,
há narrativas na voz de Paiva Netto,
com passagens do Evangelho e do
Apocalipse de Jesus, alternadas com
o canto do Coro Capela Svetoslav
Obretenov, da Bulgária.
Essa característica encantou o
regente americano do concerto em Nova York,
Gregory Hopkins.
Ao ouvir pela primeira vez a faixa
Glória!, levantouse e, empolgado,
bradou: “Que maravilha esta obra
O renomado maestro norte-americano Gregory Hopkins ladeado pelos Legionários Vanderlei
Alves Pereira, maestro, e Sâmara Malaman, que fez a locução, em inglês, das passagens
bíblicas da obra no concerto.
e Paiva Netto declama com muita
emoção”. O maestro e Legionário
Vanderlei Alves Pereira conta
que: “após, Hopkins ligou para o
compositor, no Brasil, pedindo-lhe
a autorização para apresentar num
outro grande concerto as demais
obras que compõem o Oratório O Mistério de Deus
Revelado”.
Depois de receber de presente do
Líder da LBV uma placa comemorativa do acontecimento — entregue
pela Legionária da Boa Vontade Conceição Malaman —, o maestro norte-americano manifestou sua alegria
pelo fato de interpretar a composição
em sua 1ª audição mundial em inglês.
“Muito obrigado, em nome de Deus e
em nome do povo da Convent Avenue
Baptist Church! Nós estamos muito
felizes de termos contribuído com a
nossa pequena parte em fazer história. Agradecemos a Deus por essa
oportunidade também de apresentar
a mensagem das músicas de Paiva
Netto que trazem a Paz de Deus ao
mundo”, frisou Hopkins.
BOA VONTADE
35
36. Internacional — Nova York
Aqueles que
não são estudiosos da música também se revelam fascinados
com a obra. A militante da LBV dos
Estados Unidos Mariana Malaman
assistiu comovida ao evento e destacou a receptividade do público quanto
à originalidade do autor. “Não tenho
nem palavras para expressar minha
emoção”, ao ouvir as apresentações
das músicas Glória, Jesus Pregando
— Vejo a Luz do Mundo Novo, Prece
para ter Tranqüilidade e Novo Mandamento de Jesus”.
O maestro Vanderlei Pereira,
responsável pela orquestração de O
Mistério de Deus Revelado, afirma
que o trabalho é de alcance universal
e, especialmente, do interesse de todo
ouvinte que queira sentir a presença
de uma energia superior por meio da
música. E conclui: “O CD é ótimo.
Vale a pena conferir!”
Erudito e popular
A primeira audição mundial em
inglês do Oratório de Paiva Netto, em
Visão parcial do The Sanctuary Choir, durante o concerto.
A Legionária Conceição Malaman e o
maestro Hopkins
“A Face de
Deus é o Amor
é um exemplo
magnífico de
qual o valor
da música, da
profundidade
da música. Tem uma
mensagem maravilhosa de
esperança, de sentimento
interior, e é, tecnicamente,
muito bonita, bem escrita
e de grande profundidade.
Todos nós deveríamos
ouvi-la para ter momentos
melhores na vida, para
nos inspirar. Realmente, é
uma grande obra”.
Maestro Eduardo Escalante
Nova York, ocorreu em um momento
significativo, pois o compositor celebra 50 anos de trabalho dedicado
ao Povo. Uma das mais expressivas
homenagens será feita no Theatro
São Pedro, em Porto Alegre, por meio
de um concerto de composições do
homenageado (veja reportagem na
página 28).
É interessante dizer ainda que
Paiva Netto, ao desenvolver suas
36
BOA VONTADE
Reprodução JEC
Mais de meio milhão de
CDs já foram vendidos
37. Atento, público que superlotou a Convent Avenue Baptist Church acompanha concerto de música com composições de Paiva Netto.
vsky, Ricardo Averbach, José do
Espírito Santo (in memoriam), Hélio Rosa, o búlgaro Alexander Yossifov (com o qual Paiva Netto escreveu
um concerto para piano e orquestra)
e Almeida Prado (ao lado de quem
compôs a Sinfonia Apocalipse).
Há mais de 20 anos, sucessos
canções, sempre se preocupa em
unir a erudição ao gosto popular, de
modo que as melodias sejam de fácil
assimilação e apresentadas de forma
ecumênica, simples e original.
Seu trabalho já mereceu elogiosos
comentários de nomes importantes,
como Dorival Caymmi, Ricardo
Cravo Albin, Francisco Mignone
(in memoriam), Isaac Karabtche-
O primeiro sucesso musical do
dirigente da LBV remonta ao início
da década de 1980, quando lançou,
homenageando o povo baiano, Negrada – Jesus, o Grande Libertador,
com vendagem de 100 mil cópias,
uma conquista inédita no gênero erudito (música de concerto). Por sinal,
em 30 de abril de 1983, o Theatro
Municipal do Rio de Janeiro foi palco
do III Concerto da LBV de Músicas
Dorival Caymmi
Clássicas, sob a regência do renomado maestro Isaac
Karabtchevsky. A
esplêndida Casa da
Cultura carioca ficou completamente
lotada.
Karabtchevsky, ao se inteirar
Isaac Karabtchevsky
Ricardo Averbach
Fotos: Arquivo BV
Alexander Yossifov
Hélio Rosa
Ricardo Cravo Albin
José do Espírito Santo
Francisco Mignone
Almeida Prado
BOA VONTADE
37
38. da partitura de Negrada – Jesus,
o Grande Libertador para a apresentação, assim se expressou:
“A composição me surpreendeu
pelo caráter rítmico e, ao mesmo
tempo, pelo contraste marcante
entre o ritmo e a melodia. É uma
obra realmente muito inspirada.
Estamos procurando traduzir a
linguagem de José de Paiva Netto
para a grande Orquestra Sinfônica, e eu tenho certeza de que vai
ser uma edição bastante completa
das idéias originais do José. Estou
certo de que ele ficará contente
com esse trabalho, da mesma
forma como nós ficamos entusiasmados pela maneira com que ele
conseguiu traduzir em música todo
o seu grau de sensibilidade”.
Após o concerto, Paiva Netto
encontrou-se com o mundialmente
aplaudido maestro que, aproveitando
o ensejo, referindo-se ainda a Negrada, o chamou de genial. Ao que
Paiva Netto, sorridente, completou:
“Como diria o velho Villa-Lobos, de
quem sou fã absoluto: ‘genial, não,
genioso’” (risos).
38
BOA VONTADE
Aspectos festivos no superlotado Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 30 de abril de
1983, após grande concerto, sob a regência de Isaac Karabtchevsky, que aparece ao lado de
Paiva Netto, no momento em que ele acena para o Povo presente.
Além desses, o compositor
também lançou os CDs Sinfonia
Apocalipse (trabalho em parceria
com o maestro Almeida Prado), e
Suíte Aquarius – A Dança dos Mundos (com orquestração do músico
Alexander Yossifov). As duas peças
sinfônicas foram gravadas nas terras
de Pancho Vladiguerov, sendo a
primeira pelo Coro e Orquestra da
Rádio Nacional da Bulgária, e a
segunda pela Sofia Chamber Players
Orchestra. O mais recente sucesso
recebeu o nome A Face de Deus é
o Amor, no qual o autor nos convida
à reflexão da pergunta, que, certa
vez, lhe foi feita pela saudosa jornalista Cassandra Rios (1932-2002):
“Como é a Face de Deus?”. Ao que
ele respondeu: “A Face de Deus é o
Amor. Quanto mais amamos, mais
ele se manifesta em nós”. Com sua
profunda harmonia muito original,
proporciona momentos de elevada
meditação, fator preponderante para
tal empreitada.
39. Débora Verdan
Em foco
De coração
Arborizado, o Centro Comunitário da LBV em Teresina, no Piauí,
dispõe de amplo espaço para a recreação das crianças.
Boa Vontade é magnífica!”, ressaltou
o comunicador piauiense.
No interior paulista, em São
José dos Campos, a Instituição
mantém o Centro Comunitário e
Educacional que realiza diversas
ações em benefício da população
em risco social.
A iniciativa foi destacada pelo
Prefeito da cidade, Eduardo
Cury. Para ele, “a história da
LBV se confunde com a de Paiva
Netto”. Aproveitou também para
manifestar seu apoio à causa.
“Quero desejar à LBV e a ele
as maiores felicidades possíveis,
porque o Brasil precisa muito que
o Terceiro Setor, que entidades
fora do círculo governamental
atuem também para diminuir a
desigualdade social. Parabéns,
LBV! Parabéns, Paiva
Netto, por esse belo
trabalho!”, registrou.
Este trabalho pôde
ser apreciado de perto
pela Vereadora Dulce
Rita. Recepcionada
pelos pequeninos do
Programa, conferiu as
O Prefeito Eduardo Cury ao lado de
sua simpática esposa, Rosana Dalla
Torre.
atividades realizadas pela garotada. “Estou sentindo um misto de
emoção e vergonha... Emoção por
ter visto o carinho com que vocês
tratam as crianças, com respeito
e dignidade. Vergonha por
não ter conhecido antes.
Valeu muito mesmo conhecer o trabalho da LBV.
Parabéns ao Paiva Netto
e a todos vocês, porque
atuam com o coração, por
isso o trabalho está sendo
profícuo”, destacou, admirada, a Vereadora.
Arquivo BV
Há mais de 50 anos, diariamente,
amigos e colaboradores ingressam
nos portais da Legião da Boa Vontade em todo o Brasil e Exterior para
receber o afetuoso abraço de milhares
de crianças, jovens, adultos e idosos
atendidos pela Instituição. Sempre
de braços abertos, a LBV comove
quem a conhece ou quem a revisita
inúmeras vezes. Nesta edição da
BOA VONTADE, confira o registro
daqueles que visitaram a Legião da
Boa Vontade em duas de suas seções
de atendimento.
No Nordeste do
País, em Teresina/
PI, o apresentador
de TV Mariano
Marques, ao conhecer as atividades desenvolvidas,
ficou emocionado
com o que viu. “É
espetacular! Eu
não consigo ver o Brasil sem a
Legião da Boa Vontade. (...) É um
trabalho maravilhoso, sério, honesto, vemos que ajuda os menos
favorecidos. A gente vê isso pela
alegria das crianças. A Legião da
Liliane Araújo
Débora Verdan
_____________
Débora Verdan
Fátima Pires
aberto
Vista parcial da fachada do Centro Comunitário e Educacional
da LBV, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior
paulista.
BOA VONTADE
39
40. Medicina
IVO
EXCLUS
Saúde dos
olhos
Conheça a Degeneração Macular Relacionada à Idade e saiba como tratar a doença
Dr. Fernando Kayat Avvad
Dra. Luciana Lucchese
Arquivo pessoal
A
Arquivo pessoal
Dr. Fernando Kayat
Avvad, Ex-fellow
do New England
Eye Center, Tufts
University, Boston
(EUA).
Dra. Luciana
Lucchese,
oftalmologista e
Membro Titular do
Conselho Brasileiro
de Oftalmologia.
40
BOA VONTADE
vida é, em boa parte,
uma experiência visual.
Nas várias atividades
em nosso dia-a-dia, por
mais banais que sejam, os mecanismos da visão desempenham um
papel central. Por conseqüência, um
distúrbio neste complexo e delicado
sistema gera desconforto ou mesmo
inviabiliza a execução de muitas tarefas, antes corriqueiras, com prejuízos
para a produtividade profissional ou,
ainda, reflexos negativos no campo
psíquico da pessoa afetada, quando o
hábito da leitura ou mesmo o simples
ato de reconhecer um rosto amigo
tornam-se um difícil desafio.
A Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é a causa
mais comum de deficiência visual em
pessoas acima de 55 anos no mundo
ocidental e se caracteriza pela perda
progressiva da visão central, isto é, a
percepção de detalhes, que nos capacita a ler e distinguir o rosto, entre
outras atividades essenciais. Trata-se
de uma doença que acomete a área
central da retina, a mácula (leia boxe
na página 42).
O risco de desenvolver a DMRI
aumenta com a idade, chegando a
30% após os 75 anos. Dentre os fatores de risco destacam-se: histórico
familiar, fatores nutricionais, fumo,
excessiva exposição à luz solar (raios
ultravioleta), hipertensão arterial e
doença cardiovascular.
Estudos mostram que, nos estágios iniciais da doença, o transporte
de nutrientes e resíduos do metabolismo das células da retina — através
de uma camada que recebe o nome de
Epitélio Pigmentado da Retina (EPR)
— fica mais lento. Como conseqüência do acúmulo desses resíduos no
espaço subretiniano (entre a retina e o
EPR), surgem depósitos amarelados
chamados drusas.
Nesta fase, o exame realizado
pelo oftalmologista mostrará apenas
a presença dessas drusas, que devem
ser monitoradas no decorrer do tempo. Muitos daqueles com mais de 60
anos têm algumas drusas e a maioria
não sente nenhuma mudança em
sua visão, assim permanecendo, não
evoluindo para perda visual. De fato,
a maior parte das pessoas que desen-
42. Medicina
volve degeneração macular apresenta
uma característica incipiente da
doença e experimenta apenas uma
perda visual mínima, não evoluindo
para uma forma mais grave. Porém,
em alguns casos, as drusas poderão
evoluir para uma das duas formas
severas da doença: a seca (chamada pelos médicos de atrófica); e a
úmida ou exsudativa (ver destaque
na página 45).
Um exame oftalmológico completo é a melhor maneira de determinar a presença do problema. O
auto-exame em casa com a Grade
de Amsler (faça o teste na página 44)
também é importante para o acompanhamento.
Para um bom diagnóstico, a dilatação das pupilas, com algumas gotas
de colírio, se faz necessária. Depois,
o paciente será examinado com lentes especiais, que possibilitam uma
visão minuciosa da retina em grande
aumento. Com estes procedimentos, o médico passa a observar se
há a presença de líquido ou sangue
sob a retina. Se forem observadas
alterações, indica-se a realização de
angiografias — outro tipo de exame
que detalha o problema com a visualização e estudos dos neovasos,
determinando o tamanho, a posição
e os tipos existentes, além de detectar
se há algum vazamento.
A angiografia, além de não ser
dolorosa, é bastante segura. O paciente senta-se diante de um aparelho
capaz de fotografar a retina e recebe
a injeção de um corante em uma veia
do antebraço ou da mão. A substância
entrará na circulação e, ao chegar à
retina, distingue os vasos sanguíneos
do tecido, o que torna possível realizar uma série de fotografias, com
filtros especiais. A angiografia com
a fluoresceína é muito segura e já foi
realizada em inúmeros pacientes nos
O olho é um órgão complexo composto por várias estruturas anatômicas. Uma
boa visão depende de seu trabalho em conjunto. Estas estruturas são:
Córnea: é uma lente transparente localizada na
parte anterior do olho e ajuda na focalização dos raios
luminosos que entram no globo ocular.
Íris: é a parte colorida do olho. A íris fica dilatada no
escuro e fechada (contraída) se houver muita claridade,
funcionando como o diafragma de uma câmera fotográfica.
Cristalino: é uma lente transparente e flexível que produz
o foco das imagens na retina. Com a idade o cristalino se
opacifica, e então temos a catarata.
Mácula: é o centro da retina, apresentando uma densa
população de fotorreceptores. O ponto central da mácula
é chamado de fóvea e permite a visão de detalhes, como a
leitura e a visualização das fisionomias.
Humor vítreo: é um “gel” transparente que preenche a
cavidade do globo ocular.
Retina: é uma fina película de tecido nervoso composto por dez camadas de células
que recobrem a superfície interna do olho. Uma dessas camadas é formada pelos
fotorreceptores (cones e bastonetes) que são células sensíveis à luz, cuja função é
transformar a luz em impulsos elétricos. Outra camada importante é chamada de epitélio
pigmentado da retina (EPR), que se localiza logo atrás da camada dos fotorreceptores. Sua
função é de absorver o excesso de luz e transportar os nutrientes, oxigênio e os restantes
do metabolismo celular entre os fotorreceptores e a coróide.
42
BOA VONTADE
Nervo óptico: é composto por um feixe de fibras nervosas que carreiam os estímulos visuais da retina ao cérebro.
Coróide: é uma camada de vasos sanguíneos que supre
de oxigênio e nutrientes as camadas externas da retina.
Esclera: é um tecido fibroso, branco, que constitui a parede
do globo ocular.
43. últimos 30 anos. Não produz sintomas na maioria dos casos, raramente
ocasionando uma breve sensação de
náusea ou outros sintomas que peçam
cuidados.
Tratamento
Se o diagnóstico, em geral, é
descomplicado, o tratamento requer
atenção. O mais tradicional é a fotocoagulação a laser, que consiste
na cauterização (queima) direta dos
neovasos coroideanos. Infelizmente,
poucos casos podem ser tratados dessa forma. A possibilidade depende do
tamanho, da localização e da boa visualização dos neovasos nos exames
realizados. Como esse tipo de procedimento produz uma queimadura da
área tratada, a erradicação dos neovasos leva obrigatoriamente a algum
grau de perda visual e melhora a visão
apenas em poucos casos. De fato, o
tratamento representa o sacrifício de
uma pequena porção da retina com o
objetivo de prevenir o acometimento
de uma área mais extensa, caso os
neovasos evoluíssem sem nenhuma
intervenção. Porém, mesmo quando
bem-sucedido, o laser não interrompe
o processo degenerativo, trata apenas
os neovasos coroideanos. Não é raro
que o problema volte no decorrer do
tempo, e novos exames e tratamentos
podem ser indicados e repetidos para
preservar a visão.
Por esses motivos, atualmente,
a terapêutica mais indicada e que
apresenta os melhores resultados
para a preservação da visão central
é a terapia fotodinâmica, que é utili-
zada no combate da forma úmida da
degeneração macular. Ela se baseia
no uso de um corante especial e de
um laser capaz de ativar esse corante
dentro dos vasos doentes, levando ao
fechamento deles.
A primeira etapa consiste na injeção do corante numa veia do antebraço, como na angiografia. O corante
circulará pelos vasos retinianos e se
concentrará nos vasos anormais (neovasos). Após alguns minutos, iniciase a segunda etapa, que consiste na
aplicação da luz de baixa intensidade
gerada pelo laser “frio”. Como o corante absorve a energia do laser por
meio de um processo fotoquímico,
somente os vasos doentes, nos quais o
corante se acumulou, são destruídos,
não havendo danos à retina.
O tratamento é indicado nos casos em que os neovasos ocupam a
área central da mácula, chamada de
fóvea, pois a laserterapia convencional nessa área produziria grande perda visual. O procedimento
geralmente necessita ser repetido
de 3 a 5 vezes no decorrer de um
ano, pois os neovasos costumam
reabrir entre 2 e 4 meses após cada
sessão.
Existem, ainda, outros tratamentos alternativos, como a Cirurgia
Submacular, o Transplante de EPR, a
Translocação Macular e o Transplante de Células-Tronco. Este último tem
Visão subnormal
A perda da visão central torna difícil o reconhecimento do rosto das pessoas e a visão de placas e sinais de rua. A leitura pode se tornar impossível.
Porém, como a degeneração macular não afeta a visão periférica ou lateral,
a maioria das pessoas consegue aprender a utilizar o restante da visão para
manter uma vida produtiva e independente. Há uma grande variedade de
recursos ópticos e não-ópticos que podem facilitar o dia-a-dia das pessoas
com limitação visual.
As figuras que se seguem ilustram como o mundo é visto por pessoas com
a degeneração macular e outras doenças.
A visão em diferentes patologias: Degeneração macular (área central comprometida), catarata (visão turva) e glaucoma (campo visual tubular), respectivamente.
BOA VONTADE
43
44. Medicina
por objetivo promover a regeneração
das células perdidas. Porém, até o
momento, não se observaram os
efeitos desejados. Os demais tratamentos citados não apresentam, no
atual estágio de desenvolvimento,
resultados satisfatórios ou oferecem
riscos demasiados.
Há também outro importante
caminho terapêutico. O papel dos
suplementos alimentares, como vitaminas e micronutrientes, está sendo
pesquisado na prevenção ou na atenuação da doença. Há inúmeros estudos
Teste seus olhos — A Grade de Amsler
A grade de Amsler é um teste rápido e simples para monitorar alterações
visuais em pacientes com degeneração macular. É recomendável que o teste
seja realizado algumas vezes a cada semana.
Instruções:
— Se você usa óculos de leitura, coloque-os para realizar o teste.
— Segure a grade na sua distância normal de leitura (35 a 45 cm).
— Cubra um dos olhos.
— Olhe a grade. Mantenha seu olho focado no ponto negro localizado
no centro da grade, por 30 segundos.
— Sem mover o olho do ponto central, observe as linhas que compõem
a grade. Todas as linhas devem estar retas e todos os quadrados devem
ser iguais. Não deve haver nenhuma área branca, escura ou distorcida na
grade.
— Ligue para o seu oftalmologista se você observar qualquer alteração
na sua visão.
— Use o mesmo procedimento para o outro olho.
44
BOA VONTADE
nesse sentido que indicam fortemente
ter havido benefício para os pacientes
que os utilizaram. Um desses estudos
é o AREDS (Age-Related Eye Disease Study) que preconizou o uso
de: Vitamina C (500mg); vitamina
E (400 UI); betacaroteno (vitamina
A — 15 mg); zinco (80 mg); e cobre
(2 mg).
Algumas pesquisas mostraram
também que as pessoas com a alimentação rica em vegetais de folhas
verdes, como o espinafre, têm menor
incidência de degeneração macular.
Esses vegetais são uma fonte rica de
luteína e zeaxantina, ambos pigmentos importantes para a mácula.
Como há outros estudos científicos
em andamento, no sentido de avaliar
possíveis nutrientes para a prevenção
da evolução da degeneração macular,
os médicos recomendam uma dieta
balanceada e a possibilidade de uso
de complementos polivitamínicos
e/ou antioxidantes, acompanhados
sempre de uma prévia avaliação
médica para uma segura indicação
da dieta mais adequada.
Antes de tudo, vale para os
olhos o que vale para todo o corpo.
Para uma vida saudável é necessário buscar os fatores ideais de
conservação da saúde, boa nutrição e exercícios físicos freqüentes,
evitando ou tratando os fatores de
risco. Visitas freqüentes ao seu
oftalmologista, especialmente
após os 50 anos, podem prevenir
ou detectar precocemente os problemas da visão. Os olhos são,
por sua complexidade e perfeição,
milagres da Natureza. Cabe a cada
um o zelo constante destes que são
nossas “janelas para a Vida”.
Outras informações na clínica:
Rua Visconde de Pirajá, 407
– sala 607 – Ipanema –
Rio de Janeiro/RJ,
telefone (21) 2521-6589.
45. Degeneração Macular Seca
A degeneração macular seca (atrófica) progride lentamente e se
caracteriza pelo acúmulo de drusas (depósitos de resíduos) na
área macular. Raramente causa perda visual severa ou cegueira.
À medida que o número de drusas aumenta na área macular,
observamos uma perda progressiva de células da retina, com
surgimento de atrofia do tecido na área previamente ocupada
pelas drusas.
Retinografia (fotografia do fundo do olho) mostrando
drusas na área macular.
As alterações visuais serão proporcionais ao tamanho das áreas que se
tornarem atróficas.
Degeneração
Macular Úmida
Por razões ainda não conhecidas, 10 a
15% dos casos de degeneração macular
seca desenvolvem a forma exsudativa
(degeneração macular úmida) da doença.
As pessoas que apresentam drusas
“moles” (drusas que têm os bordos mal
delimitados e ocupam uma grande área
e/ou são confluentes) têm maior risco de
desenvolver essa forma da doença.
Na forma exsudativa, pequenos vasos
sanguíneos anormais (neovasos) crescem
sob a retina. A proliferação desses vasos
leva à formação do que chamamos
neovascularização coroideana ou
membrana neovascular subretiniana.
Esses neovasos, além de não ajudarem
a retina a se restaurar do processo
degenerativo, permitem o vazamento
de líquido e/ou sangue para o espaço
subretiniano.
O acúmulo de fluido subretiniano produz
distorção das imagens.
Grade de Amsler mostrando pequenas
manchas ou lacunas que podem surgir
com a progressão da DMRI.
Não há ainda nenhum tratamento comprovado
cientificamente para curar a degeneração macular seca.
Felizmente, a maioria dos casos jamais progredirá para
a forma exsudativa da doença.
A visão pode se apresentar borrada, distorcida ou com uma área central
cega como observado na figura e correspondente na grade de Amsler.
Com a evolução da doença, temos a formação de um tecido fibroso
cicatricial na área afetada pelos neovasos e/ou pela exsudação, levando a
uma perda irreversível da acuidade visual.
É importante ressaltar que esse processo atinge somente a área central
da retina (a mácula). A visão periférica ou lateral não é afetada pela
degeneração macular e por esse motivo não há o risco de cegueira total.
BOA VONTADE
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