1) A LBV promove oficinas intersetoriais pelas Oito Metas do Milênio com o apoio da ONU e da representante das Nações Unidas Michele Billant-Fedoroff.
2) As Oito Metas do Milênio, propostas pela ONU em 2000, visam melhorar a vida das pessoas em todo o mundo até 2015.
3) A LBV ajuda a promover essa mudança de mentalidade global com experiência de quase 60 anos combatendo a fome e a miséria.
Oito Metas do Milênio: preocupação de todos os de bom senso
1. Com avaliação e palestras da Dra. Michele Billant-Fedoroff, representante das Nações Unidas/Nova York,
e o apoio do UNIC-Rio, ONU/Brasil, a LBV promove oficinas intersetoriais pelas Oito Metas do Milênio.
e s p e ci a l
mauricio de sousa
R ic a rdo B o e c h at
ABRE O CORAÇÃO
“Sempre fui
“
competitivo para farejar
e localizar as jazidas
Irreverência, paixão e polêmica:
o veterano profissional revela um pouco
de sua história e analisa o jornalismo brasileiro.
2. Coelce: A Melhor Distribuidora
de Energia Elétrica do Nordeste.
Prêmio ABRADEE 2006
Melhor Distribuidora
de Energia Elétrica do Nordeste.
Prêmio Associação Brasileira
de Distribuidores de Energia
Elétrica / Vox Populi.
Guia Você S/A
e Revista Exame
das 150 melhores
empresas do Brasil
para trabalhar.
Clientes e Colaboradores: estes prêmios também são seus.
3. E uma das 150 Melhores Empresas
do Brasil para Trabalhar.
Por isso, fazemos questão de bater palmas pra vocês. Parabéns e Obrigado.
4. 6 Reportagem especial
12 Cartas
17 Coluna Esportiva
18 Cultura
23 Melhor Idade
24 Esporte é Vida!
28 Entrevista na Band
36 Arte na Tela
38 Acontece na Bahia
40 Curadoria de Fundações
42 Destaque
46 Serviço ao cidadão
49 Acontece no Sul
50 Entrevista na Record
55 Acontece no Brasil
56 Meio Ambiente
58 Opinião — Mídia Alternativa
61 Opinião Política
62 Educação em Debate
66 Samba e História
68 Acontece
70 Atualidade
72 Nações Unidas
88 Saúde
94 Soldadinhos de Deus
96 Ação Jovem LBV
98 Variedades
Ao Leitor
Com avaliação e palestras da Dra. Michele Billant-Fedoroff, representante das Nações Unidas/Nova York,
e o apoio do UNIC-Rio, ONU/Brasil, a LBV promove oficinas intersetoriais pelas Oito Metas do Milênio.
Seis filosofias de vida,
formas de encarar a profissão e os desafios que
lhe apresentam são alguns
dos dados biográficos que
você poderá conhecer
ao ler as entrevistas dos
jornalistas Ricardo Boechat, Luiz Malavolta
e Lucimara Parisi, do desenhista
Mauricio de Sousa, da cantora
Eliana Pittman e do esportista
Clodoaldo Silva. Pessoas cheias de
grandezas, paixões, irreverências
e inquietudes, mas, acima de tudo,
exemplos em suas áreas de atividade.
E aqui estão para revelar um pouco
das lições que aprenderam no suor
de cada dia, no decurso de décadas,
como o próprio Boechat ressaltou
em dado momento de sua palavra:
“Uma das vantagens de envelhecer
é que a gente pode dizer que conhece
coisas há muito tempo e de que este
tempo nos ajuda a não julgá-las, mas
entendê-las, a avaliá-las”.
Além de sabedoria, o recheio
principal da BOA VONTADE é a
troca de bem-sucedidas experiên-
cias no âmbito do combate à pobreza e à fome,
que colocaram o Brasil
na vanguarda de uma
mudança de parâmetros
que as Nações Unidas
“Sempre fui
estão promovendo, ao
competitivo para farejar
e localizar as jazidas
escolher na sociedade
civil sua forte aliada na
implementação das Oito Metas do
Milênio. Para tornar isso realidade
aqui em nosso País, a Legião da
Boa Vontade promoveu em várias
cidades a 1ª Feira de Inovações
Rede Sociedade Solidária, com
o objetivo de compartilhar novas
tecnologias sociais, estimular
alianças entre os diversos setores,
da maneira mais simples e eficiente, colhidas do heróico esforço
diário de centenas de organizações
que labutam pelo próximo, pelo
desenvolvimento sustentável. Um
grande contributo para essas discussões está na seção Reportagem
especial, em que o jornalista Paiva
Netto apresenta análises e conceitos que permearam os debates.
Boa leitura!
eSpeCIaL
MaURICIO De SOUSa
R I C a R D O B O e C h at
aBRe O CORaÇÃO
“
Sumário
Irreverência, paixão e polêmica:
o veterano profissional revela um pouco
de sua história e analisa o jornalismo brasileiro.
OitoMetas
28
Entrevista na Band
Ricardo Boechat abre o coração
à revista BOA VONTADE
do Milênio
6
Reportagem especial
Oito Metas do Milênio:
preocupação de todos
os de bom senso
17
Coluna do
Garotinho
Os mil gols do
Romário
18
Cultura
A Turma de
Mauricio de
Sousa
5. BOA VONTADE
Reflexão de
BOA VONTADE:
ANO 51 • No 217 • fevereiro/MARÇO/2007
BOA VONTADE é uma publicação mensal das IBVs, editada pela Editora Elevação.
Registrada sob o nº 18166, em 16/03/2006, no livro “B” do 9º Cartório de Registro de
Títulos e Documentos de São Paulo.
Diretor e Editor-responsável
Francisco de Assis Periotto
MTE/DRTE/RJ 19.916 JP
Coordenador Geral
Gerdeilson Botelho
Repórteres Colaboradores Especiais
Carlos Arthur Pitombeira, Hilton Abi-Rihan, José Carlos Araújo e
Mario de Moraes.
Equipe Elevação
Adriane Schirmer, Aneliése de Oliveira, Angélica Beck, Carolina Dutra, Daiane Emerick,
Daniel Trevisan, Danielly Arruda, Débora Verdan, Elias Paulo, Flávio de Oliveira, Isabela
Ribeiro, Jaqueline Lemos, João Miguel Neto, Joílson Nogueira, Karina Sene, Leila Marco,
Leilla Tonin, Lícia Curvello, Maria Aparecida da Silva, Neuza Alves, Rita Silvestre, Roberta
Assis, Rodrigo Oliveira, Rosana Bertolin, Rosana Serri, Simone Barreto, Sônia Clariano,
Stella Souza, Viviane Propheta, Walter Periotto, Wanderly Albieri Baptista e William Luz.
Projeto Gráfico
Felipe Tonin e Helen Winkler
Fotos de Capa
Ricardo Boechat: Divulgação da Band / Mauricio de Sousa: Daniel Trevisan
“Enquanto não
prevalecer o ensino
eficaz por todos os de
bom senso almejado,
qualquer nação
padecerá cativa das
limitações que a si
mesma se impõe.”
Produção
Endereço para correspondência:
Rua Doraci, 90 — Bom Retiro — CEP 01134-050 — São Paulo/SP
Tel.: (11) 3358-6868 — Caixa Postal 13.833-9 — CEP 01216-970
Internet: www.boavontade.com / E-mail: info@boavontade.com
Impressão: Editora Parma
Paiva Netto
A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões
em seus artigos assinados.
42
Destaque
Lucimara Parisi:
Sensibilidade
e carinho
50
Entrevista na Record
Luiz Malavolta:
reflexões de um Chefe
de redação
66
Samba e História
A internacional
Eliana
Pittman
72 88
Nações Unidas
1 Feira de Inovações
Rede Sociedade
Solidária
a
Saúde
Alimentação que
garante uma vida
saudável
6. Reportagem especial
OitoMetas
Photos.com
doMilênio
Preocupação de todos os de bom senso
Os Editores
Henrique Nonnemacher
a Instituição acredita que, para
haver um futuro melhor, não se
pode mais pensar em continuidade
da Vida esquecendo-se de uma
transformação de consciência. E
isso significa também:“Há muito
vimos alertando para o fato de que
a Solidariedade hoje se expandiu do
luminoso campo da ética e se apresenta como uma estratégia, de modo
que o Ser Humano possa alcançar
a sua sobrevivência. À globalização da miséria, contrapomos a
Acompanhado por sua esposa, Dona Lucimara Augusta (E), o líder da Legião da Boa Vontaglobalização da Fraternidade,
de, José de Paiva Netto, e a Dra. Michele Fedoroff, representante da ONU, ao lado de Raquel
Bertolin (D), Secretária Executiva da Presidência da LBV, posam para foto no Lar e Parque
que espiritualiza a economia
Alziro Zarur, da Instituição, em Glorinha/RS. No segundo plano, Tatiana Vasconcelos e
e solidariamente a disciplina,
Gerdeilson Botelho, que também prestigiaram o feliz encontro. A reportagem completa
como forte instrumento de reação
da visita da Dra. Michele Fedoroff às unidades educacionais da Legião da Boa Vontade
a
ao pseudofatalismo da pobreza.
no Brasil e a realização da 1 Feira de Inovações Rede Sociedade Solidária, LBV e ONU,
(...) Não se espera um repentino
você confere a partir da página 72 desta edição.
milagre, mas o fortalecimento
uando se fala nos oito rio do mundo. A brasileira Legião da de um ideal que se estabeleceObjetivos do Milênio, Boa Vontade (LBV) sente-se feliz rá, etapa por etapa, até que se
propostos como meta em fazer parte dessa mudança de complete o seu extraordinário
pela Organização das cultura, até porque, desde o seu serviço. Trata-se, entretanto, de
Nações Unidas (ONU) para se con- surgimento, no fim da década de assunto urgente. Então, comececretizarem até 2015, de acordo com 1940, combate a fome e a miséria mo-lo ontem. O bom desafio faz
o traçado pelos 191 países membros pelo entendimento e pela Fraterni- bem a todos. (…)”, conclama o
que assinaram o documento em dade entre os povos, plataformas de Diretor-Presidente da LBV, jor2000, vê-se que é capítulo importan- construção desse tempo ideal que nalista, radialista e escritor José
te de uma nova mentalidade globali- todos almejamos.
de Paiva Netto. Ele retoma o
zada que surge, elegendo o Ser HuGraças à longa experiência, assunto em outro trecho de sua
mano como eixo principal do cená- adquirida em quase seis décadas, lavra, na página “Conhecimento
Q
| BOA VONTADE
7. Ética no seu mais
exalçado sentido e ação
correspondente
“Nestes tempos de globalização
de benefícios mal distribuídos,
principalmente para a multidão
incontável dos ‘sem-acesso’, como
os denomina o jornalista Francisco
de Assis Periotto, toda nação tem
o dever, mais do que o direito, de
ser criativa, de tornar-se economicamente estável, expandindo
sua indústria, seu comércio e serviços; de modernizar a instrução
e a educação de sua gente (a tudo
iluminando com o toque da Espiritualidade, que depreende ética
no seu mais exalçado sentido e
ação correspondente), sua rede de
comunicações e de transportes; de
buscar a integração harmônica
com as demais populações; e de
atingir internacional prestígio. É o
óbvio, mas, por essa mesma causa,
deve ser proclamado. Fora disso,
vigora a barbárie que por aí vemos
— a cada dia menos disfarçada — e
que, por mais incrível que pareça,
a maioria talvez não a meça devidamente, pois há um minucioso
esforço para mantê-la distraída,
como na era dos césares romanos.
Entretanto, com certeza, ela cada
vez mais irá percebendo os perniciosos efeitos. Isso é fatal. Apenas
uma questão de tempo (...).
“Nenhum dirigente pode fazer
coisa alguma sozinho. Carece do
apoio da sociedade. Todavia, o mínimo que se espera é que governe
para seu povo, para a sua empresa,
respeite sua comunidade, ame sua
organização, e assim por diante.
“O Homem de visão abrangente
Voluntários participam da Ronda da Caridade, da LBV, em Salvador/BA.
Arquivo BV
A atual necessidade de
plantar a couve e o carvalho
acolhedora se projetará sobre as
gerações posteriores, e semear o
alimento de agora, contudo para as
barrigas vazias, porque ainda hoje
ressoa a advertência
de José do Patrocínio (1853-1905):
‘Enquanto houver
um brasileiro passando fome, somos um
povo que ri, quando
devia chorar (...)’. E
o saudoso jornalista, Rui Barbosa
radialista e Fundador da LBV, Alziro
Zarur (1914-1979), completava:
‘... chorar de vergonha!’.
“(...) Enquanto os governos não
chegam às ‘soluções definitivas’
para a miséria, que cada um faça
além do que puder — e não o deixe
de realizar — pelo seu semelhante,
pondo em ação o poderoso espírito
de Caridade, tão apregoado e vivido por Jesus e outros luminares da
História não somente religiosa. O
amadurecimento da Alma irmana
as criaturas, concomitantemente,
as culturas terrenas. Por questões
tais, mesmo que chegado o dia em
que todos os problemas sociais
sejam resolvidos, a Caridade será
tão necessária quanto agora, porque é sinônimo de Amor. E sem ele
ninguém vive, pois é o alimento do
Espírito. Até porque as cidadãs e os
cidadãos, além do bom termo para
os problemas da alçada de Estado,
Arquivo BV
sabe garimpar as almas, não em
proveito próprio, o que é um crime,
porém em prol da coletividade. Eis
o sacerdote que pastoreia com zelo
o seu rebanho; o político de grande
descortino; o estadista que, por
vezes, os contemporâneos não entendem, mas que o porvir abençoa.
Em 29 de março de 1985, escrevi
em ‘A Nova República e Jesus’, publicado no antigo Jornal da Manhã,
de São Paulo:
“(...) Rui Barbosa (1849-1923),
o notável civilista brasileiro, de
renome internacional, convida-nos
à meditação com estes conceitos de
tão profundo alcance: ‘Enquanto
Deus nos dê um resto de alento,
não há que desesperar da sorte do
Bem. A injustiça pode irritar-se,
porque é precária. A Verdade não
se impacienta, porque é eterna.
Quando praticamos uma ação boa,
não sabemos se é para hoje ou para
quando. O caso é que seus frutos
podem ser tardios, mas são certos.
Uns plantam a semente da couve
para o prato de amanhã; outros, a
semente do carvalho para o abrigo
do futuro. Aqueles cavam para si
mesmos. Esses lavram para o seu
país, para a felicidade dos seus
descendentes, para o benefício do
gênero humano’.
“Nos complexos tempos atuais,
prezado Rui, há que se fazer os dois
serviços em paralelo: plantar a
semente do carvalho, cuja sombra
espiritual gera fartura”, constante
de seu ensaio literário O Capital de
Deus, em que comenta:
BOA VONTADE |
8. Daniel Trevisan
Arquivo BV
Arquivo BV
Reportagem especial
José do Patrocínio
Uma das salas de
aula do Instituto de
Educação da LBV
Alziro Zarur
sxc.hu
andam à procura da solução de seus
dilemas humanos.
“Prosseguindo, depois de apresentar o que reiteramos em 1985,
graças à maturidade solidária das
mentes, acabar com a fome tornouse uma preocupação, não apenas
nacional, contudo mundial. O que
pode impedir que os objetivos que
beneficiarão qualquer país sejam
atingidos sem tardança, em âmbito
planetário? Entre outros óbices,
destaca-se o exacerbamento do
individualismo, aliado ao desejo
de domínio que possa existir em
cérebros humanos distorcidos, que
prodigiosamente frutifica em época
de corrupção e impunidade desenfreadas, e à falta de perseverança e
eficiente tática entre muitos dos que
se opõem a esse estado de coisas.
“O combate à violência no
mundo começa na luta contra a
indiferença à sorte do vizinho. Permitir que se sacrifique o sentimento
de compaixão entre os indivíduos é
o mesmo que promover o suicídio
coletivo das nações.
“Não foi sem motivo que assim
definiu Jean-Paul Sartre (1905-
1980): ‘O homem é constituído
pelas suas múltiplas escolhas
e inteiramente responsável por
elas’ (...)”.
O “perigo” do “choque de
culturas”
Ainda em O Capital de Deus, o
líder da LBV aborda um propalado
“choque de culturas”, previsto por
alguns: “Com intensidade cada vez
maior, para o século XXI, a questão
é jamais desprezar as múltiplas
oportunidades de desenvolvimento
para o bem comum que a moderna
tecnologia nos oferece”. E aconselha: “Convém, todavia, agir de
forma que, pari passu, os avanços
do saber tecnológico contemplem
mecanismos expansores da Solidariedade, no combate efetivo à
miséria moral e espiritual, que afeta
o êxito de toda sociedade. Isso é
pensar ecumenicamente na solução
efetiva para o aumento do poder
aquisitivo e, o que é fundamental,
para o acesso democrático ao bom
ensino, por exemplo, cuja falta, na
atualidade, aprisiona na indigência,
nos quatro cantos da Terra, populações inteiras, dificultando-lhes
a libertação da fome. Verdadeiro
desrespeito à dignidade humana”.
“A fome é má conselheira”
Caso esse amadurecimento de
mentalidade não ocorra em
tempo hábil, Paiva Netto, cujas
palavras se justificam por suas
obras, convida todos à reflexão
de que um perigo possa verdadeiramente avizinhar-se dos que
| BOA VONTADE
não levarem em apreço esses preceitos, pois “quem tem fome quer comer; quem padece de sede procura
mitigá-la; quem está nu necessita
de vestimenta; quem se encontra
enfermo aguarda pela cura urgente;
o desesperado anseia por amparo.
Não amanhã, já! E antes que em
extremo delírio as massas famintas
venham a arrancar o que não têm
das mãos dos que possuem... Passados mais de dois milênios, Virgílio
(70-19 a.C.) continua atual: ‘A
fome é má conselheira’ (...)”.
Antes que definitivamente tal
circunstância se torne bandeira
erguida por comunidades aflitas,
porquanto, como o dirigente da
LBV afirma, “as nações também
vomitam”, ele nos convida ao pensamento de outros grandes nomes
da História: “Faz-se necessária
redobrada consideração ao que
registrou, há tantos anos, o escocês
Adam Smith (1723-1790). Diz o pai
da economia política: ‘A pobreza a
ninguém desonra, mas é muitíssimo
incômoda’.
“No entanto, existe uma agravante, meu caro Adam, enunciada
nesta advertência de Gandhi (18691948), o libertador da Índia: ‘O
maior crime é a fome’.
“Está correto o Mahatma, visto que a fome e as conseqüentes
enfermidades, entre elas nanismo,
cegueira, fraqueza mental (que
dificulta a absorção de conhecimento) e outras mais — que abatem milhões pelo Planeta todos os
anos — constituem um genocídio
9. Fotos: Reprodução BV
Jean-Paul Sartre
Virgílio
Adam Smith
silencioso. (...) Não há regime
bom enquanto o Homem for mau
(desculpem-me o cacófato). Razão
por que se faz necessária serena e
incruenta reflexão sobre este pensamento de Confúcio (551-479 a.C.):
‘Pague a Bondade com a Bondade,
mas o mal com a Justiça’.
“Refiro-me à incruenta, além de
serena reflexão, sobre o pensamento
de Confúcio, para que ninguém
criminosamente confunda Justiça
com vingança.
Gandhi
existência, o que a Humanidade
mais precisa é da substituição do
temor pela esperança’.
“Pura verdade, preclaro Russell,
porquanto a esperança não morre
nunca. Daí trabalharmos, diuturnamente, pela Educação solidária,
sem jamais esquecer a imprescindível Espiritualidade Ecumênica
(com a Pedagogia do Cidadão
Ecumênico, a Pedagogia do Afeto,
dirigida especialmente às crianças
e aos jovens), como bússola sinalizadora do caminho ideal para o
alcance da tão sonhada concórdia
planetária, cuja dificuldade em ser
realizada fortalece a decisão dos
que não capitulam diante das agruras do caminho. Educar os desvios
da Alma, só com Amor espiritualizado. A conquista da Paz merece o
nosso integral esforço”.
O medo é mau conselheiro
“Podemos notar, nas entrelinhas
desse drama a que assistimos pelo
mundo, mensagem escrita com
tintas fortíssimas: assim como a
fome, o medo é mau conselheiro. É
evidente que não se pode confundir
temor com prudência, porque esta
ilumina e impulsiona a Boa Vontade
dos seres dispostos a transformar
esse estado de coisas, como propõe o filósofo e historiador inglês
Bertrand Russell (1872-1970):
‘Em Educação e outros campos da
Ecumenismo que se
contrapõe ao “choque de
culturas”
Arquivo BV
Médicos voluntários promovem
atendimentos nas diversas unidades da LBV
A respeito de sua visão de Ecumenismo, que se contrapõe ao apregoado “choque de culturas”— que
pode arrastar as populações à Terceira Guerra Mundial, possivelmente
diversa e pior do que como até há
pouco fora imaginada —, explica
Paiva Netto no seu ensaio Sociedade
Solidária Altruística Ecumênica,
levado pela representação da LBV
à ONU, em várias edições, a partir
de 2000:
“(...) Quando falamos
em Ecumenismo, queremos
dizer Universalismo, Fraternidade sem fronteiras,
Bertrand Russell
Confúcio
Solidariedade internacional, pois
entendemos a Humanidade como
uma família. E não existe uma só
em que todos os filhos tenham o
mesmo comportamento. Cada um
é um cosmos independente, o que
não significa dizer que esses ‘corpos celestes’ tenham de esbarrar
uns nos outros. Seria o caos. (...)
Referimo-nos ao Ecumenismo dos
Corações, aquele que nos convence
a não perder tempo com ódios e
contendas estéreis, mas a estender
a mão aos caídos, pois se comove
com a dor, tira a camisa para vestir o nu, contribui para o bálsamo
curativo do que se encontra enfermo*, protege os órfãos e as viúvas,
sabe que a Educação com Espiritualidade Ecumênica é fundamental
para o sustentamento de um Povo,
porque Ecumenismo é educação
aberta à Paz, para o fortalecer de
uma nação (não para que domine
as outras), portanto o abrigo de
um país e a sobrevivência do orbe
que nos agasalha como filhos nem
sempre bem-comportados. Basta
lembrar o lamentável fenômeno
do aquecimento global, cada vez
menos desmentido pelas maiores
cabeças pensantes do mundo. (...)
Os vanguardeiros — ecólogos,
políticos e cientistas de ponta — já
procuram soluções práticas para
conter a poluição, que nos envenena desde o útero materno.
* Nota do autor: Diz o Cristo Ecumênico, em Seu
Evangelho, segundo Mateus, 10:8: “Curai os enfermos,
ressuscitai os mortos, vesti os nus, expulsai os demônios (quer dizer, tirai do coração de quem sofre a dor),
dai de graça o que de graça recebeis”.
BOA VONTADE |
10. “É indispensável, pois,
unir os esforços de trabalhadores, empresários, políticos,
militares, cientistas, religiosos,
céticos, ateus, filósofos, artistas,
esportistas, professores, estudantes,
donas de casa, chefes de família,
taxistas etc., nessa luta por um
Brasil melhor e uma Humanidade mais feliz. Esse Ecumenismo,
derrubando barreiras, promove a
troca de experiências que instigam
a criatividade global, corroborando o valor da cooperação, das
parcerias. Há muito que aprender
uns com os outros. Um caminho
diverso, comprovadamente, é o
das guerras, o da brutalidade.
Resumindo: quando não houver
arrogância ou fanatismo, existirá
sempre o que assimilar com os demais. Daí preconizarmos a união de
todos pelo Bem de todos, porquanto
compartilhamos uma única morada,
o planeta Terra, cujos abusos de seus
habitantes vêm exigindo providência
imperativa: ou integra ou desintegra
(...), razão por que devemos trabalhar estrategicamente em parcerias
que promovam prosperidade efetiva
para as massas populares.
“Num improviso que fiz na
cidade do Rio de Janeiro/RJ, em
20 de junho de 1987, no sugestivo
auditório do Ecumenismo Total,
da antiga sede da LBV na capital
fluminense, declarei que não se
Arquivo BV
Reportagem especial
Mães atendidas pelo
projeto social solidário
Cidadão-Bebê, da Legião
da Boa Vontade.
erige uma Pátria melhor e um
Povo mais feliz fazendo coleção de
seus defeitos, todavia catalisando
os seus acertos. É um verdadeiro
suicídio querer igualar os homens
por aquilo que têm de condenável.
A conciliação tem de ser feita por
cima: por suas virtudes e qualidades eternas. Um país progride na
razão direta do talento e da pertinácia de seus filhos (...).
Ecumenismo não significa
despersonalização
“Em meu livro Reflexões e
Pensamentos — Dialética da Boa
Vontade (1987), e anteriormente no
Jornal da LBV (janeiro de 1984), escrevi: (...) quando falamos na união
de todos pelo bem de todos, alguns
podem atemorizar-se, pensando em
capitulação de seus pontos de vista
na enfadonha planura de uma aliança despersonalizada, o automatismo
humano deplorável. Não é nada
disso. Na Democracia, todos têm o
dever (muito mais que o direito) de
A Legião da Boa Vontade promove diversas campanhas de valorização da Vida. Exemplo disso é a marcha promovida pela Instituição,
sob o slogan criado por Paiva Netto, que mobilizou 200 mil pessoas,
no Rio de Janeiro/RJ, em 1o de dezembro de 1996, para bradar:
“Aids — o vírus do preconceito mata mais que a doença”.
— honesta (quesito básico) e com
espírito de tolerância — enunciar
seus ideais, sua maneira de ver as
coisas. Entretanto, ninguém tem o
direito de odiar a pretexto de pensar
diferente. Dizia Gandhi que: ‘Divergência de opinião não é motivo para
hostilidade’.
“E foi por nisso acreditar que o
Mahatma tornou-se, com certeza, o
personagem principal da independência do seu povo. O dever de expressar civilizadamente o seu ponto
de vista não significa que — para
viger a Democracia — tenha Você
de transformar-se a qualquer preço
no vencedor. Quem com isso não
pode conviver não sabe o que é Democracia, que, por sinal, é o regime
da responsabilidade.
“Aliás, na mensagem ‘Questão
de Morte ou de Vida’, que dirigi aos
participantes de um dos congressos
temáticos do Fórum Mundial Espírito e Ciência, ocorrido de 20 a 23
de outubro de 2004, no ParlaMundi
da LBV, em Brasília/DF, Brasil, considerando que, segundo Napoleão
Bonaparte (1769-1821), ‘a maior
figura de retórica é a repetição’,
reforcei este meu raciocínio para
marcá-lo mais fortemente:
Arquivo BV
Opinar civilizadamente
“Por ser aqui o Parlamento
Mundial da Fraternidade Ecumênica da Legião da Boa Vontade,
o ParlaMundi da LBV, todos têm,
nas atividades dele, o dever de
expressar suas opiniões, mesmo
11. PhotoDisc
Arquivo BV
A consciência do
desenvolvimento
sustentável é despertada
desde cedo na LBV
que com o calor natural à defesa
das teses, todavia sem espírito de
cizânia, portanto civilizadamente
— de preferência...
“Pobre da sociedade sem a
discussão das idéias. Detestam-na,
apenas, os que querem o domínio
criminoso da mente humana. A
História conta-nos o horror que tem
sido a sua passagem pela Terra”.
A Alma é a geratriz de todo o
progresso
Fotos: Reprodução BV
Por fim, vale aqui o registro do
artigo “Independência”, publicado
pela Folha de S.Paulo de 7 de setembro de 1986, data nacional do Brasil,
em que Paiva Netto arremata:
“(...) O Ser Humano, com seu
Espírito eterno, é o centro da Economia, a geratriz de todo o progresso.
Sem ele, não há o trabalho nem o
capital.
“A riqueza de um país está no
coração do seu Povo. No entanto,
nações inteiras ainda sofrem miséria... Convém lembrar que barrigas vazias e Espíritos frustrados
geralmente não estão dispostos a
ouvir. Declarou o escritor e político
brasileiro José Américo (18871980), numa hora de amargor, que
‘escândalo é morrer de fome em
Canaã’. E Santo Ambrósio (340397), mentor de Santo Agostinho
(354-430), asseverava: ‘Se possuis
grandes riquezas e teu irmão passa
fome, és ladrão. E se o necessitado
morre, és assassino’. Numa época
em que pelo avanço da tecnologia
as expectativas de produção ficam
ultrapassadas, a fome é realmente
um escândalo! (Não somente a do
corpo, como também a de conhecimento, isto é, Educação, sem a qual
nenhum Povo é forte.) Anacronicamente, nunca o mundo conheceu
por um lado tanta fartura e por
outro tanta miséria. Está faltando
Solidariedade à Economia.
“Até que o último dos seus filhos
tenha as condições mínimas para
uma vida digna, o Brasil não será
uma nação independente, mas apenas escrava das limitações que a si
mesma se impõe. Os impedimentos
de ordem interna são mais prejudiciais ao progresso de um Povo que
os de ordem externa (...)”.
“Seguimos confiantes, contudo
sempre diligentes, nas providências que estão sendo tomadas em
âmbito nacional e mundial. E aqui
comparecemos com a nossa sincera
José Américo
Santo Ambrósio
Santo Agostinho
Napoleão Bonaparte
colaboração de instituições nascidas do seio da sociedade, que, cada
vez mais, toma consciência de seus
direitos de cidadania, nas medidas
que hão de criar um Brasil melhor
e uma Humanidade mais feliz. Não
num futuro distante, porém o mais
próximo possível!”
Saudação
A Legião da Boa Vontade (LBV),
nesta oportunidade, saúda com
entusiasmo a todos os que, idealisticamente, se reuniram na 1a Feira
de Inovações Rede Sociedade Solidária, LBV e ONU, em Brasília,
São Paulo e Rio de Janeiro, e nos
workshops regionais que tiveram
vez em Porto Alegre/RS, Belo Horizonte/MG, Aracaju/SE, Santos/SP e
em Buenos Aires (Argentina). Nossa
deferência aos dignos representantes
da Organização das Nações Unidas
(ONU); das associações; das fundações; das cooperativas; das entidades
de classe; dos movimentos religiosos; dos governos federal, estadual
e municipal; de empresas privadas;
de entidades de apoio técnico; de
universidades e estabelecimentos de
cooperação internacional que praticam ou se interessam em praticar a
responsabilidade social; enfim, a
todos os interessados na fomentação
do desenvolvimento socioeconômico do nosso país e dos demais em
bases sustentáveis.
Unidos os esforços de Boa Vontade, teremos um mundo melhor
para todos.
BOA VONTADE |
11
12. Cartas, e-mails e literatura
Registro
“A revista BOA VONTADE
é muito boa, com texto fluente
e diagramação bonita. Vocês
respeitaram tudo o que eu disse.
Gostei muito de ter visto o Carlos Nascimento, o Jamelão, o
Rubens Ewald Filho e o José
Carlos Araújo, de quem eu gosto
muito. Tenho escutado as palavras
de Paiva Netto pela Super Rede
Boa Vontade de Rádio todos os
dias. (...) Acompanho o programa
Cortando Estradas diariamente”.
(Guto Franco, diretor de programa de TV, destacando a edição no
215 da revista)
Parabéns pela qualidade
É com grata satisfação e apreço
que parabenizo a todos da equipe
pela qualidade das matérias contidas na revista BOA VONTADE
no 215. (Getúlio Ubiratan, Deputado Estadual, Salvador/BA)
12
| BOA VONTADE
Narra a história que, já nos
últimos anos de vida, Winston
Churchill (1874-1965) teria feito
um de seus mais contundentes
discursos, em uma escola da Inglaterra na qual estudara quando
pequeno. Nele haveria dito apenas: “Nunca! Nunca! Nunca!
Nunca desistam!”. O pensamento
do estadista inglês, que o técnico
da Seleção Brasileira Masculina
de Vôlei, Bernardinho, conhece
em profundidade, bem serviria de
resumo para a própria trajetória
do treinador.
Aliás, neste e na lavra de outros
grandes nomes do esporte e da administração, que se dedica a estudar, Bernardinho tem encontrado
elementos para criar seu próprio
estilo, de garra, talento e muito
trabalho, e que agora conta em
detalhes no livro Transformando
suor em ouro.
A noite de autógrafos foi realizada na quadra de vôlei do ginásio
de esportes do clube Pinheiros, na
zona sul da capital paulista, no dia
2 de fevereiro. Na ocasião, o autor
deixou em um dos exemplares
seu apoio e incentivo à Legião da
Boa Vontade e a seu dirigente:
“Caro José de Paiva Netto, espero que o livro possa motivá-lo a
continuar inspirando e orientando
tantas pessoas. Um forte abraço,
Bernardinho”. [L.S.M]
BOA VONTADE em acervo ecológico
Juliana Valin
O Secretário Municipal do Meio Ambiente,
de Goiânia/GO, Dr. Clarismino Luiz Pereira
Júnior, encaminhou, no dia 5 de março, um
ofício com seus cumprimentos à Legião da
Boa Vontade, parabenizando-a pelo trabalho que
realiza. No documento, o Secretário também
felicitou a revista BOA VONTADE, afirmando
que o periódico será integrado ao acervo bibliográfico da Sala Verde da Secretaria de Meio
Ambiente da capital goiana.
Exportando Educação
A edição da revista BOA VONTA
DE, do mês de outubro de 2006, traz
excelente reportagem
sobre o Programa Pe-
Divulgação
“Adorei a matéria, toda a
revista. Não tenho palavras
para tanto entusiasmo. A revista
BOA VONTADE está mesmo
caprichada. Vou enviar exemplares para amigos e colegas de
profissão.” (Guilherme Fiuza,
jornalista, Rio de Janeiro/RJ,
ao receber a edição no 216 da
BOA VONTADE).
Bernardinho: Transformando suor em ouro
Clayton Ferreira
“Que honra para mim!
Que beleza! Como a revista está boa, com matérias
diversificadas! Realmente, espetacular!” (Jornalista Carlos Chagas,
de Brasília/DF, ao receber a revista BOA
VONTADE no 216).
@
dagógico da LBV, na página 62.
Essa reportagem me auxiliou
a fazer um trabalho sobre
pedagogia no meu curso de
magistério. A LBV não é
um sonho ou um projeto; é
uma realidade vivenciada
13. Clayton Ferreira
Simone Barreto
Juca Kfouri estréia
na literatura infantil
Clayton Ferreira
Dr. Carlos Lopes autografa livro para Paiva Netto. À direita na foto, o
representante da LBV no Rio de Janeiro, Eliel Brum.
Carlos Lopes, Diretor de Instituto
da ONU, lança livro no Brasil.
Simone Barreto
O economista Carlos Lopes,
Diretor-Executivo do Instituto das
Nações Unidas para Formação e
Pesquisa (UNITAR) em Genebra,
na Suíça, lançou no dia 14 de
março o livro Desenvolvimento
para céticos: como melhorar o
desenvolvimento de capacidades,
publicado originalmente pelo
Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), e
agora lançado em Português.
“É uma tentativa de trazer ao
debate algumas questões bastante discutidas nos anos 1970
e 1980, que provocaram alguma
controvérsia que tem a ver com
capacitação. O livro traz ao centro de debates a questão da capacitação e tenta apresentar casos
no dia-a-dia. (Leonara Lourdes Tomazi, via e-mail, de
Florianópolis/SC)
Arte na tela
Na revista BOA VONTADE, edição no 214, a
concretos onde isso funcionou”,
resumiu Carlos, que recentemente
fez assessoria direta do Secretário-Geral da ONU, é autor de 20
livros de temas relacionados a
desenvolvimento.
A Legião da Boa Vontade,
que possui desde 1999 status
consultivo geral no Conselho
Econômico e Social (Ecosoc), foi
representada no evento pelo Gerente Regional da LBV no Rio de
Janeiro, Eliel Brum, que levou os
cumprimentos fraternos do líder
da Instituição ao escritor e economista Carlos Lopes. Em retribuição, o autor enviou um exemplar
da obra com a dedicatória: “Para
Paiva Netto com amizade, Carlos
Lopes. Rio 03/07”.
matéria “Um diálogo entre o passado, presente e futuro”
ficou bem legal. Parabéns! (Mário de Souza
Chagas, coordenador
técnico do Iphan, Rio de
Janeiro/RJ)
Com o recente lançamento do
livro O Passe e o Gol, o jornalista, economista e comentarista
esportivo Juca Kfouri fez sua
estréia como escritor infantil.
Sempre envolvido com o futebol,
não poderia ter escolhido outro
tema para a história dos gêmeos
Joãozinho e Marinho, que, apesar
do companheirismo de irmãos,
têm suas diferenças quando estão
em campo jogando. E é dessa
forma natural, simples, que Juca
consegue passar a importância do
respeito, de se cultivar o espírito
esportivo e mesmo uma vida mais
saudável pelo desporto.
Em entrevista, Kfouri evidenciou o valor do respeito às diversas
opiniões e, neste contexto, destacou
a Campanha da LBV Esporte é
Vida, não violência!: “O campo de
futebol é um lugar de diversão, não
de violência, de briga. E a campanha que a LBV há tantos anos faz,
colocando faixas no Maracanã
com esses dizeres, é a nossa luta”.
O jornalista Juca Kfouri dedicou dois exemplares de seu livro,
um direcionado a todas as crianças
atendidas pela Instituição e outro
ao seu dirigente, com as dedicatórias a seguir, respectivamente: “Às
crianças da LBV, com o carinho do
Juca Kfouri” e “Ao José de Paiva
Netto, com a admiração do Juca
Kfouri”.
BOA VONTADE |
13
14. João Periotto
Artigos de Paiva Netto
aos domingos em O
Estado do Paraná
Vinicius Ramão
Vinicius Ramão
Caderno Boa Viagem, de O Globo,
destaca Templo da Boa Vontade
Juliana Bortolin
14
| BOA VONTADE
trito Federal.
No interior,
os visitantes
seguem uma
trilha em
espiral até
o centro da
Pirâmide,
sob o cristal, simbolizando
o caminho da purificação (...)”,
ressaltando, ainda, que o TBV
mantém as portas abertas durante
as 24 horas do dia.
Gente do Líbano que faz no
Brasil, de Carlos Abumrad
Desde o início da emigração, dos que vieram fazer a América, até os dias atuais, muitos foram e são empreendedores no Brasil.
O jornalista Carlos Abumrad percebeu
isso e registrou no livro Gente do Líbano que
faz no Brasil a história de famílias que contribuíram para o desenvolvimento de nosso
País com seu trabalho, reunindo na obra 40
biografias, com fotos e depoimentos. O próprio
Abumrad, que é natural de Jundiaí/SP, é filho de um libanês, Camilo
Feres, que chegou em terras brasileiras aos 15 anos e se dedicou
ao comércio. A família materna também é de origem árabe e ligada
à área comercial.
No dia do lançamento do título, 9 de fevereiro, na capital paulista,
o autor simpaticamente dedicou um dos exemplares da obra, com
estas palavras: “Ao colega Paiva Netto, com o abraço do Carlos
Abumrad”.
[L.S.M]
Vargas
Desde 11 de março, os leitores
do conceituado O Estado do Paraná têm a oportunidade de ler,
sempre aos domingos, as reflexões e análises do jornalista e escritor Paiva Netto. O convite para
integrar a equipe de articulistas
partiu do Diretor do periódico, sr.
Mussa José Assis. Em entrevista
à BOA VONTADE, o jornalista
falou da qualidade do texto e do
trabalho do dirigente da LBV:
“Nós começamos a publicar a
coluna do Paiva Netto e houve
uma repercussão enorme, uma
quantidade grande de e-mails
cumprimentando pela novidade.
Telefonemas a vários setores, que
não chegaram nem a mim. Com
os artigos do Paiva Netto enriquecemos o jornal. É um homem
de bem, faz um trabalho dirigido
à comunidade, a um mundo melhor, cuidando da juventude, da
criança. Então repercute. Ele é
um homem importante na nossa
sociedade, que tem um peso pelo
comportamento. Escreve bem,
transmite conhecimento, bondade. Aliado a isso, tem a ação
concreta dele, que não está só no
escrever, no falar, mas na obra
que conduz. É uma coluna que
perdurará por muito tempo!”.
Na edição de 22 de fevereiro, o
jornal O Globo, do Rio de Janeiro/RJ, destacou, no caderno Boa
Viagem, o Templo da Boa Vontade
(TBV) numa matéria que aborda
a diversidade religiosa da capital
federal. O periódico citou aspectos
arquitetônicos do Monumento,
convidando os turistas a visitá-lo
e ressaltando místicos ambientes
do local. “O Templo Ecumênico é o lugar mais visitado por
turistas em Brasília, segundo a
Secretaria de Turismo do Dis-
15. @
Sônia Abrão
lança Santas
Receitas
Vontade de Comunicação que
“o dirigente da Legião da Boa
Vontade trabalha muito pelo
bem-estar do próximo”.
Na ocasião, dedicou um
exemplar da obra lançada. “Que-
ta
phe
partir de 2002, época em que
foi realizado o primeiro
ensaio fotográfico
para exposição
de mesmo título, no ano
seguinte, no
Sesc Pompéia, em São
P a u l o / S P.
Esta mostra
inspirou o alagoano Audálio a traduzir em texto o tempo e o
espaço de Graciliano.
O resultado da parceria foi
entregue ao público em 1 o de
março, com o lançamento da obra
na capital paulista. Dantas, que
ressaltou ser um “colecionador
Pro
Árvores retorcidas, chão duro
e seco, a força do nordestino que
enfrenta as mais penosas adversidades para sobreviver. É sobre
esse universo tão bem retratado
por um dos maiores escritores
brasileiros do século XX, Graciliano Ramos (1892-1953),
que o jornalista e vice-Presidente da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) e Presidente da
Representação da ABI em São
Paulo, Audálio Dantas, e o fotógrafo cearense Tiago Santana
debruçaram-se para recriá-lo na
reportagem artístico-literária O
Chão de Graciliano.
A idéia do livro, que, além
de português, possui a versão
em inglês e espanhol, surgiu a
Leila Marco
ne
O Chão de Graciliano,
por Audálio Dantas
rido Paiva Netto, obrigada pelo
carinho. E o livro vai para você
que também é um homem de
Fé e trabalha pelo Bem do Ser
Humano. Beijos, Sônia Abrão”,
escreveu.
Acima, o ilustre Audálio e sua simpática
esposa, Vanira Kunc,
durante visita à escola
da LBV em São Paulo.
Viv
ia
A jornalista e apresentadora
do programa A Tarde é Sua,
da Rede TV! Sônia Abrão
recebeu no dia 16 de março
representantes do jornalista e
escritor José de Paiva Netto que
a prestigiaram no lançamento
de seu livro Santas Receitas
que ocorreu no Espaço Fnac,
em São Paulo.
Amiga da LBV, Sônia disse
em entrevista à Super Rede Boa
Clayton Ferreira
Leilla Tonin
da revista BOA VONTADE”,
fez questão de deixar seu carinho
ao dirigente da LBV, na seguinte
dedicatória: “Para José de Paiva
Netto, com votos de êxito em sua
missão permanente de busca do
entendimento entre os homens.
Cordialmente, Audálio Dantas”.
BOA VONTADE |
15
16. Cartas, e-mails e literatura
@
Viviane Lago Propheta
Outro mundo é possível, por Moacir Gadotti
Educar para Outro Mundo
Possível é o título do professor da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e
Diretor do Instituto Paulo Freire,
Moacir Gadotti, lançado em 1
de março, na capital paulista. Antes
da sessão de autógrafos, o autor
participou de uma mesa-redonda,
em que profissionais da área educacional abordaram assuntos que
foram destaque na última edição
do Fórum Social Mundial (FSM)
e que têm ligação com o tema do
livro.
Na obra, Gadotti, que pertence
ao Conselho Internacional do Fórum, traz questionamentos como a
sobrevalorização do econômico em
detrimento do humano na Educao
Viviane Propheta
ção. Ainda a respeito do FSM, o
professor frisou: “A Solidariedade
não é apenas uma virtude, é hoje
uma necessidade. Não haverá um
outro mundo possível sem que seja
solidário, justo e de Paz. Não basta
a gente pregar a Solidariedade, é
preciso dar exemplo, como a LBV
está fazendo”.
Moacir Gadotti autografou o
livro para o Diretor-Presidente da
LBV, com estas palavras: “José de
Paiva Netto: Juntos, outro mundo é
possível. Com admiração, Moacir
Gadotti”.
16
| BOA VONTADE
Prezado Paiva Netto, é com
grande satisfação que, em nome
da Diretoria da Associação Brasileira de Imprensa, mais uma vez
apresento-lhe os nossos cumprimentos pelo seu aniversário e os
nossos sinceros votos de felicidade. Cordialmente. (Maurício
Azêdo, Presidente da ABI, Rio
de Janeiro/RJ)
Arquivo BV
João Preda
São 66 anos de vida,
comemorados neste dia
02/03, dos quais 51 dedicados ao Bem. Com
esse enfoque, o jornalista Gilberto Amaral,
em sua coluna do Jornal
do Brasil, noticiou o
aniversário do líder da
LBV. No espaço, publicou a nota: “Ecumenismo Irrestrito — Uma vida
inteiramente voltada para a defesa dos valores
Humanos e Espirituais
é o que comemora hoje
o Presidente da LBV,
José de Paiva Netto, em
mais um natalício que
representa a busca incessante
e irrestrita do Ecumenismo. (...)
A chama de sua Obra inunda
o Brasil inteiro de boas ações
que já começaram a ser copiadas
no Exterior. Parabéns ao homem e
à sua Obra”.
Simone Barreto
Felicitações e laços de amizade
Nobre amigo Paiva Netto,
muita paz! (...) Agradeço todos
os gestos de lídima fraternidade
(...), retribuindo-os em forma de
vibrações de saúde e paz para o
nobre Irmão, a fim de que possa
continuar no seu santo ministério
de iluminar consciências e libertar sentimentos, extensivamente à
querida família. Abraços e reconhecimento, servidor em
Jesus. (Divaldo Franco, médium e líder espírita, um dos
fundadores do Centro Espírita Caminho da Redenção
e da Mansão do Caminho)
17. Felipe Freitas
Coluna Esportiva
O
Val/VIPC
MM
quando jogava pela seleção do Exército.
Isso desmereceu Pelé?
De maneira alguma. Jamais alguém contestou sua
marca. Ele foi e continua
sendo inigualável, mesmo
décadas depois de abandonar o futebol. Em qualquer
lugar do mundo, Pelé continua sendo Pelé, o ainda Rei
do Futebol, eleito o atleta do
século 20.
Os brasileiros deveriam
deixar os detalhes de lado e estar
orgulhosos de terem mais um atleta
que fez mais de mil gols em sua
carreira. Só existem dois no mundo
e ambos são brasileiros: Pelé e Romário, cada um no seu estilo, cada
um na sua época, mas ambos geniais
ao seu modo.
Nenhum outro atacante chegou
aos pés de Pelé e Romário, no tocante à quantidade de gols marcados. E
não faltaram craques maravilhosos
contemporâneos dos dois...
Não importa se a relação de
Romário tem gols que alguns teimam em não aceitar como válidos.
O importante é a festa. O que vale
é a marca que entra para a história
do esporte e coloca o Brasil, mais
uma vez, como destaque no cenário
mundial.
Parabéns, Romário. O Brasil
festeja com você e torce para que
Maurício
Leilla Tonin
Site O
M
uito se discute a marca
dos mil gols de Romário. Causa polêmica o
fato de o atacante do
Vasco da Gama ter colocado em
sua relação gols feitos em divisões
amadoras e até em amistosos. Mas
todos são comprovados por súmulas
e/ou matérias publicadas em jornais.
Ou seja, a parte da imprensa que
contesta os números do artilheiro é
a mesma que, de forma involuntária,
atesta a veracidade deles.
A validade ou não da marca dos
mil gols de Romário foi além das
nossas fronteiras. Atraiu a imprensa
mundial, que enviou repórteres para
registrar o feito, antes só alcançado
pelo maior jogador de todos os
tempos, Pelé.
Nem a FIFA deixou de dar seu
parecer sobre o assunto. A entidade
máxima do futebol mundial posicionou-se ao lado de Romário e
referendou a sua marca. Considerou
justa e merecida a contagem e hipotecou seu apoio à vitória pessoal do
atacante brasileiro.
O próprio Romário lembrou que
a marca dos mil gols não o iguala a
Pelé. Ele sabe que está longe disso,
pois o Rei balançou as redes, de
forma oficial, mais de 1.200 vezes,
num espaço de tempo menor, pois
sua carreira foi mais curta. Mas ele
também não ficou só nos gols profissionais. Contabilizou os que marcou
Vasco/
ficial do
José Carlos Araújo (comunicador esportivo
da Rádio Globo do Rio de Janeiro/RJ),
especial para a BOA VONTADE.
1.000gols
Os
de Romário
Em 1994, durante a Copa do Mundo
dos EUA, quando a Seleção Brasileira
de Futebol conquistou o tetracampeonato, Romário brilhou dentro e
fora dos campos, vestindo a camisa
da Campanha LBV — Fiz um Gol pela
infância brasileira.
outros atacantes brasileiros sigam
seus passos e também ultrapassem
a barreira dos mil gols marcados.
O gol é a alegria do futebol e quem
tem o ofício de fazê-lo só merece
aplausos.
BOA VONTADE |
17
18. Cultura
Fotos: Daniel Trevisan
“Eu trato os meus
personagens e
leitores como
se fossem meus
filhos.”
A turma
de
18
| BOA VONTADE
Mauricio de
19. Q
Sousa
Débora Verdan e Leila Marco
uando a pauta do desenhista e empresário Mauricio
de Sousa foi aventada na
redação, um fato interessante ocorreu: não se ouviam os
tradicionais prós e contras, mas,
sim, um a um ia naturalmente recordando a própria infância e como os
personagens da Turma da Mônica
estiveram presentes em sua vida. E
foi aquele incentivo: — faça, sim!
Tudo certo, entrevista agendada e lá
estamos no quartel-general dos quadrinhos mais famosos do Brasil. No
andar dos estúdios, logo na entrada
do hall, a decoração e objetos dispostos já abrem a mente do visitante
para viajar pelo mundo mágico dos
pequeninos; velhos conhecidos dos
gibis estão espalhados por todos os
lados.
Na sala do desenhista, o apelo é
ainda maior: encontram-se pinturas
feitas por ele, como a Mônica Lisa
(1989), inspirada no famoso quadro
da Mona Lisa, do pintor italiano Leo
nardo da Vinci (1452-1519), Cebolinha Tocador de Pífaro (1982),
que faz uma paródia de O Tocador
de Pífaro (1867), de Claude Monet
(1840-1926); e outros trabalhos da
série “História em Quadrões”, de
sua lavra, ali e em outras
paredes de seu estúdio,
despertando o fascínio
infantil e, por que não dizer,
também nosso, os adultos. Ao
percorrer o local com o olhar, podese apreciar pequenas reproduções
da Mônica, do Cebolinha, Magali,
Chico Bento, Cascão e Cia., muitos
e muitos lápis de cor, aquarelas, cuidadosamente dispostas em sua mesa
principal e nos armários à volta.
Tão mágico como o lugar é
encontrar o pai da turma, tranqüilo,
simpático, concentrado, cumpri-
menta a todos e, no instante em que
folheia a revista BOA VONTADE,
vai comentando: “A revista está
cada vez melhor, como é bom ser
uma unanimidade”, referindo-se ao
endosso que as atividades da Legião
da Boa Vontade (LBV) recebem de
tantos segmentos da sociedade. Antes de o bate-papo acontecer, entra
um grupo de crianças do quarto ano
do ensino fundamental do Instituto
de Educação José de Paiva Netto, da
LBV, que conhecia o local de criação
dos personagens, onde cerca de 150
artistas trabalham, entrega a Mauricio um cartão confeccionado por
eles, com as assinaturas dos demais
colegas da escola, ao qual agradece e
diz que em breve retribuirá a visita.
De volta ao assunto que levou a
equipe ali, explica como a empresa
que preside, a Mauricio de Sousa
Produções, tornou-se um exemplo
de excelência na área de entretenimento infantil, com uma tiragem
impressionante de gibis (uma média
de 8 a 10 milhões de exemplares
por mês), além de uma gama de
produtos com os royalties da Turma
da Mônica, que vão desde jogos a
gêneros de higiene e alimentícios.
“Eu trato os meus personagens e
leitores como se fossem meus filhos.
Daí a coisa dá mais certo, porque
você se policia. É um sentido lógico,
ninguém quer o mal para um filho,
todo mundo deseja o bem, a felicidade e um futuro brilhante, talvez
por isso a gente tenha conseguido
esses mais de 40 anos de sucesso da
Turma da Mônica”, resume.
Durante a conversa com o nosso
anfitrião, esses motivos vão surgindo
mais claramente, vê-se que cada fase
da linha de produção é acompanhado por ele e, mais do que isso, que
criou uma filosofia de vida e traBOA VONTADE |
19
20. “A LBV está de
parabéns, tanto os
Soldadinhos de Deus
como as mães de todos
os filhos e os filhos
de todas as mães,
concordo plenamente
com isso.”
À frente do quadro Mônica Lisa, em sua sala, Maurício
de Sousa posa ao lado de algumas das crianças da LBV.
balhos únicos.
“A nossa história em quadrinhos
é diferente das outras
no mundo, não fazemos
nada parecido. E não é que
eu quis assim, mas não sei
fazer de outro jeito. Mas agrada
aqui, na Indonésia, na Coréia do
Sul, na Itália, na Argentina. E já que
estamos realizando um trabalho que
filosoficamente parece bem-aceito,
me dá mais responsabilidade. Na
hora que eu aprovo uma capa,
um desenho, um roteiro, tenho de
pensar nos milhões de pessoas que
vão ler”.
Herança cultural
A preocupação com a linha editorial, que já caminha para a quarta geração de leitores, dá muitas alegrias
e responsabilidades; o faz pensar
no futuro, em quem cuidará dessa
herança cultural: “Estamos preparando o pessoal, jovens, parentes,
meus filhos, para que eles continuem
com essa proposta filosófica”.
Mas se depender de disposição,
Mauricio vai longe, está com uma
agenda repleta de projetos, como o
recente lançamento do longa-metragem Turma da Mônica — Uma
20
| BOA VONTADE
Aventura no Tempo, talvez o melhor
de sua carreira, com dezenas de efeitos especiais e aventuras para contar
a história na qual seus personagens
lutam para recuperar os quatro elementos da Natureza. Além deste,
ainda há o convite para elaboração
de algumas revistas para os Jogos
Pan-americanos do Rio 2007, em
que a Turma da Mônica recepcionará os atletas e explicará detalhes
da Vila do Pan.
Quanto aos novos planos, fala
com entusiasmo: “Eu queria viver
200 anos para fazer mais 200 filmes,
300, não sei. Temos hoje tecnologia,
artistas para um produto mundial,
de exportação, e os próximos serão
ainda melhores. Confio muito na
possibilidade do cinema brasileiro,
como esse que lançamos, com uma
máquina em volta, revista, merchandising e tudo para que o filme renda
o suficiente para pagar o próximo.
Porque é muito difícil você depender
de investidores que chegam, não só
com dinheiro, mas às vezes também
com vontades diferentes da nossa,
objetivos distintos. Não podemos
colocar coisas que vão contra toda
uma história de 40 anos de cuidados. É difícil manter essa linha, mas
manteremos”.
Personagens especiais
Mauricio que não pára no tempo, atualizando sempre suas histórias, tem deixado com elas uma
mensagem de inclusão, graças a
personagens especiais como Luca
(um menino cadeirante) e Dorinha
(uma garota cega). Segundo o artista,
“são as crianças com algum tipo de
deficiência que estão ensinando e
eu estou captando o que está acontecendo em termos de conscientização da população, da criançada.
Sempre com cuidado para que
haja uma cópia da realidade mais
gostosa, ingênua, com valores que
estão meio esquecidos. Algumas
pessoas falam que a gente faz uma
história alienada, mas não é. Ela
pega o lado bom da vida, gostoso,
da camaradagem, da fraternidade,
que a criançada brinca e briga, vai
para casa e dorme, no dia seguinte
acorda... e aquele problema que
eles tinham no dia anterior deixou
de existir, ou está com outras cores,
ou esqueceram. Acho que isso vale
também para nós, adultos”.
Ele conta que há muito tempo
queria abordar o tema em seus quadrinhos, mas que estudava uma forma de fazer isso sem que houvesse
qualquer preconceito. “Tem de dar
21. Artistas da Mauricio de Sousa Produções em plena atividade
“É legal os Soldadinhos
de Deus terem mães
uma virada na cabeça, preparar a
consciência e o inconsciente, para
que se entenda que todos são diferentes, mas iguais ao mesmo tempo
como Seres Humanos, com as mesmas oportunidades, direitos. Vou colocar cada vez mais esses assuntos
que dizem respeito a diversos tipos
de camadas sociais e de problemas
físicos”, defende.
O Penadinho é outro personagem dentro desta linha. Segundo o
criador, surgiu de uma necessidade
de falar em morte de maneira natural, “como algo que faz parte da
vida e que não devia ser um motivo
de pavor”. E relembra: “Na minha
infância, as pessoas não morriam
no hospital, faleciam tranqüilamente
nas suas casas, havia um ritual que
todo mundo conhecia. Depois de
algum tempo, ficou mais trágico,
não sei se por causa da televisão, do
cinema, a morte ficou ou violenta ou
distante, coisa que também não deve
ser assim. Logicamente sempre há
um choque, é a ausência de alguém
que geralmente se gosta, e isso dói
bastante, então é preciso estar forte
espiritualmente para suportar, encarar o fato. Por isso, resolvi colocar
em quadrinho o Penadinho, a Dona
Morte. Sei de casos que as nossas
historinhas ajudaram algumas famílias nesses momentos difíceis”.
O modo de encarar a morte vem
também de uma convicção mais
ampla do que se convencionou dar
ao fenômeno. Diz Mauricio: “Seria
um desperdício se perdêssemos tudo
que estamos aprendendo. A Natureza, o que quer que venha acima
dela, que tenha criado tudo, não iria
fazer isso conosco. Estamos aqui,
de alguma maneira, esforçandonos para evoluir, aprender, atingir
outro estágio, que é melhor. Caso
“A revista (BOA VONTADE) está cada vez
melhor, como é bom ser unanimidade”,
comentou Mauricio de Sousa ao folhear
a edição no 216.
amorosas que estão
proporcionando com a
LBV esse movimento
(o IV Fórum Internacional
dos Soldadinhos de Deus,
da LBV). Se tivéssemos
famílias bem-constituídas
neste País e no mundo
não estaríamos com
tanta violência,
guerras, tudo
mais.”
BOA VONTADE |
21
22. Família, o princípio da Paz, em que
as crianças discutiram o pensamento do saudoso Fundador da Obra,
Alziro Zarur (1914-1979), no qual
afirma em seu famoso Poema do
Grande Milênio: “Os filhos são filhos de todas as mães, e as mães são
as mães de todos os filhos”. Além
de compartilhar a mesma opinião,
destacou a relevância do encontro:
“É legal os Soldadinhos de Deus
terem mães amorosas que estão
proporcionando com a LBV esse
movimento. Se tivéssemos famílias
bem-constituídas neste País e no
mundo não estaríamos com tanta
violência, guerras, tudo mais. Um
movimento que coloque a família no
seu devido lugar, como célula mater
da sociedade, do país, vale a pena a
gente colaborar, ajudar, estar junto.
A LBV está de parabéns, tanto os
Soldadinhos de Deus como as mães
de todos os filhos e os filhos de todas
as mães, concordo plenamente com
isso”.
Acima, momento em que o artista fazia
sua homenagem aos Soldadinhos de
Deus, da LBV. Ao lado, os desenhos com a
assinatura de Mauricio.
contrário não estaríamos lutando
tanto para o progresso espiritual da
turminha toda”.
Um Fórum feito por e para as
crianças
Falando ainda em uma
educação livre de amarras, na
construção de uma cidadania
plena, conversamos com o desenhista a respeito do IV Fórum
Internacional dos Soldadinhos
de Deus, da LBV, realizado, simultaneamente, em 31 de março,
em diversas capitais do País e do
Exterior. O Fórum teve como tema
Jesus é muito avançado para
todo o sempre, é um livro
aberto para você ler todos os
dias.
O fato de o Cristo ser o Patrono
do encontro promovido pela LBV,
por Seu exemplo de Amor e Paz,
fez Mauricio de Sousa refletir sobre
o Seu legado ao mundo. “Ele trouxe
uma mensagem que temos de relembrar, não esquecer. Eu acredito que
essas passagens do Cristo têm várias
leituras, dependendo da idade, da
maturidade que se vai adquirindo.
Muito do que está nos ensinamentos
Dele se pode fazer, atingir tranqüilamente, basta querer, ter vontade.
Jesus é muito avançado para todo o
sempre, é um livro aberto para você
ler todos dias”, finalizou.
23. a
e Santan
Ledilain
Melhor Idade
De volta
para casa
Vovó atendida no Lar da LBV encontra
oli
aria Píc
ida M
Aparec
equilíbrio do organismo. Depois de
um ano e meio de tratamento, ela já
não precisava mais do andador para
locomover-se.
Além de cuidar do físico e do
emocional, recebendo sempre muito
carinho dos profissionais e voluntários, ela teve na Casa a oportunidade,
mesmo com problemas na fala, de
fazer muitas amizades. Encontrou
o senhor José Francisco Teixeira
por quem se apaixonou e começou
a namorar.
Neste meio tempo, o irmão de
Aparecida fez a cirurgia e se restabeleceu, foi quando quis levá-la para
morar com ele novamente.
“É gratificante ver esta reintegração familiar. Quando isso é
possível, resgata os laços afetivos”,
Mônica Mendes
destaca a assistente social do Lar da
LBV, Maria de Lourdes Custódio
Mauro.
Hoje, todos os personagens
desta história encontram-se muito bem. Benedicto agradece, em
nome dele e da irmã, a acolhida
tão providencial que teve na
Obra: “Graças a Deus, ela recebeu vida, porque estava numa
situação que, se ficasse em minha companhia, teria morrido.
Na LBV, cuidaram muito bem,
dando toda atenção e carinho.
Fui muito bem recebido quando
procurei a Instituição. Deus me
deu uma companheira e achamos melhor levá-la para morar
conosco e, assim, ceder lugar a
outra pessoa que precisa”.
Fachada do Lar para a Terceira Idade
da LBV, de Uberlândia/MG.
Mônica Mendes
O
que fazer quando tudo
parece sem saída, principalmente se esses problemas são de saúde?
Certamente são momentos em que
uma mão amiga é fundamental.
E esse apoio, às vezes, nos chega
com um gesto solidário. Foi dessa
maneira que Aparecida Maria
Pícoli, 63, recebeu guarida numa
difícil fase de sua vida no Lar para
a Terceira Idade da Legião da
Boa Vontade de Uberlândia/MG
(Rua Padre Pio, 1353, Osvaldo
Resende, tel.: (34) 3236-2377). Anteriormente, morava com o irmão
viúvo, Benedicto Pícoli, 66, que,
embora mais velho, gozava de razoável saúde, mas foi impedido de
cuidar dela quando precisou fazer
cirurgia de emergência. Aparecida, que é diabética e àquela altura
tinha nas pernas diversas úlceras
varicosas, estava acamada e não
conseguia andar.
Ao chegar à Instituição foi logo
encaminhada a um endocrinologista para tratar a diabetes. A equipe
de enfermagem e a fisioterapeuta
cuidaram da medicação para a
cura das úlceras e uma alimentação
diferenciada, preparada pela nutricionista do Lar, estabeleceram o
oportunidade para retornar ao convívio familiar
BOA VONTADE |
23
24. Esporte é Vida!
O grande
desafio
do Pan no Rio
C
inqüenta e seis anos depois
do primeiro Pan-americano,
a cidade do Rio de Janeiro/
RJ recebe para a XV edição
dos Jogos, de 13 a 29 de julho
deste ano, exatamente o dobro de
participantes que Buenos Aires, na
Argentina, recepcionou em 1951.
Números que mostram uma clara
evolução do esporte no continente.
Estão confirmados para o Rio 2007
5.500 atletas, de 42 países, em 28
modalidades, para este que é o maior
evento da área nas Américas. E essa
é, sem dúvida, uma vitrine excepcional para o desporto nacional
e eleva o status do Brasil como
promotor de acontecimentos deste
e de maior porte em outras datas.
Além disso, a construção e revitalização de espaços importantes
(veja na página 26 os locais) para
os Jogos ficarão como uma boa
herança, ampliando o
leque de oportunidades
para os nossos atletas tão
carentes de incentivos.
24
| BOA VONTADE
Leila Marco
Orçamentos estourados e andamentos de obras à parte, agora
é a vez e a hora de focalizar as
lentes nesta grande festa que
se realiza de quatro em quatro
anos, sempre um ano antes dos
Jogos Olímpicos. Acompanhar o
desempenho dos esportistas, na
quebra de recordes, e fazer com
que os objetivos maiores sejam
realmente alcançados, como
ensinar às novas gerações a importância do Esporte como fator
de superação, fortalecimento dos
laços de amizade e união entre
cidadãos e povos.
Vale relembrar que esta é a
segunda vez que o País recebe
os jogos, a primeira se deu em
1963, na capital paulista, e foi
de tamanho sucesso que reuniu
dezenas de milhares de pessoas
na cerimônia de abertura, no Estádio do Pacaembu. Desta vez, o
cenário inicial e de encerramento
do grande encontro é o Complexo
Esportivo do Maracanã, um dos
símbolos da cidade, que já foi
o maior do mundo à época de
sua construção (em 1950) e que,
ainda hoje, impressiona pela imponência. O Maracanã será ainda
o local das finais do futebol e da
chegada da maratona.
Pela primeira vez, o Parapan
ocorre na mesma cidade
Consecutivamente à competição, o Rio receberá também
os Jogos Parapan-americanos,
entre 12 e 19 de agosto. É um
fato inédito na história: a cidade
sede dos Jogos Pan-americanos
também é do Parapan. Graças a
isso, poderão ser usados as mesmas instalações e equipamentos
e ver-se o desempenho de 1.300
atletas especiais e 700 membros
de delegações, disputando 10
modalidades esportivas.
25. Divulgação
Clodoaldo Silva
O
“Tubarão Paraolímpico”,
como ficou também conhecido Clodoaldo Silva,
é um fenômeno da natação
do Brasil. Em 2005, foi eleito
pelo Comitê Paraolímpico Internacional o melhor atleta do
mundo. A premiação é resultado
de uma carreira brilhante. Um ano
antes, durante a Paraolimpíada
de Atenas, ele conquistou seis
medalhas de ouro e uma de prata
nas oito provas que disputou.
Era a primeira vez que, em uma
única edição paraolímpica, um
esportista brasileiro alcançava
um resultado de tamanho vulto
e quebrava quatro recordes mundiais, cinco paraolímpicos e 11
parapan-americanos.
Também em 2005 ganhou
nada menos que 47 medalhas de
oito competições nacionais e três
internacionais. Destas, 40 de ouro,
5 de prata e 2 de bronze. Bateu o
seu próprio recorde mundial nos
50m livres na Inglaterra, quan-
do nadou na I Copa do Mundo
Paraolímpica. No ano seguinte,
foram mais 25 medalhas em três
competições internacionais e uma
nacional, sendo 22 de ouro e três
de prata. Novamente superou o
seu próprio recorde mundial nos
100m nado livre, duas vezes, e nos
50m borboleta.
Esses resultados são normalmente impressionantes e,
mais ainda, quando se sabe
que ele iniciou na natação
como forma de reabilitação.
“Eu nasci com paralisia cerebral e até os 7 anos de idade
não andava. Tive de fazer várias
cirurgias no decorrer da minha
infância e adolescência. E aos 16
fiz minha quarta e última operação, e o meu médico recomendou
nadar”, explica Clodoaldo.
O Esporte apareceu na sua
vida e ele soube aproveitar com
garra todas as oportunidades que
foram surgindo. “As dificuldades
sempre me motivaram. Esse é um
“As dificuldades sempre
me motivaram. Esse é um
ponto decisivo, é o que
destaca um campeão. E
depois que cheguei a esse
topo, de ser escolhido o
melhor atleta paraolímpico
do mundo (...), não me
acomodei.”
Lícia Curvello
superação e promessa de
medalha no Parapan 2007
ponto decisivo, é o
que destaca
um campeão. E depois que cheguei a esse topo, de ser escolhido
o melhor atleta paraolímpico do
mundo, de ter ganhado várias
medalhas internacionais, de ter
batido vários recordes mundiais,
não me acomodei. Eu nunca fico
confortável com a situação, busco
sempre o meu limite.”
BOA VONTADE |
25
26. O nosso campeão olímpico dá
ainda outra lição de vida. “Eu tenho
o seguinte lema: as coisas que conseguimos muito fáceis, perdemos
com a mesma proporção, ao que é
difícil damos mais valor. Graças a
Deus, sempre tive esse pensamento e
uma família sólida que me motivou,
incentivou, o que foi fundamental
para crescer na vida.”
A realização dos dois acontecimentos na capital fluminense suscita
um sentimento muito especial no
atleta. “Quando a gente começa
a treinar, o primeiro pensamento é
chegar à Seleção Brasileira, a um
campeonato internacional. Ao conseguir realizar esse sonho um outro
vem: de participar de um campeonato deste vulto no Brasil. E teremos
essa chance de ver na torcida os
nossos amigos, familiares. Isso será
mais um detalhe para os brasileiros
conseguirem um bom resultado,
tanto em quantidade quanto em
qualidade de medalhas.”
Para Clodoaldo isso poderá
fazer o Brasil deixar de ter paixão só pelo futebol e aproximar
da sociedade modalidades como
o handebol, futebol de praia,
a natação, o atletismo e tantos
outros. Nesse particular, elogiou
o esforço de várias instituições
que desenvolvem ações neste
sentido. “Uma delas é a LBV,
que dá oportunidade às crianças,
aos adolescentes, porque o nosso
futuro são eles. É uma iniciativa
louvável e eu espero que sirva de
exemplo para outras organizações
poderem realizar o mesmo. Tanto
é que, em Natal/RN, estou criando
o Instituto Clodoaldo Silva para
fazer um pouco do que a LBV
faz e também poder praticar um
esporte, estudar, ser um grande
atleta. Mas se não conseguir ser
um grande esportista, que possa
ser um bom cidadão, tendo respeito, dignidade, exercendo sua
cidadania”, finalizou.
Divulgação
Esporte é Vida!
O campeão Clodoaldo e algumas das
medalhas conquistadas nos Jogos
Paraolímpicos de Atenas, em 2004.
Alguns dos locais das competições
(Fonte: www.rio2007.org.br)
• Complexo Esportivo do Maracanã — O Estádio principal será palco das finais do futebol, da chegada
da maratona e das cerimônias de abertura e encerramento. No Ginásio do Maracanãzinho ocorrerão os
jogos de vôlei. O Parque Aquático Júlio Delamare receberá o pólo aquático. Endereço: Rua Professor Eurico
Rabelo, s/nº, portão 18, Maracanã.
• Marina da Glória — Principal entrada para as embarcações marítimas que chegam à cidade, a Baía de
Guanabara receberá as raias da vela, tendo como ponto de saída e chegada dos barcos a Marina da Glória.
Endereço: Avenida Infante D. Henrique s/ nº, Aterro do Flamengo.
• Vila Pan-americana — Em um terreno de 420.000m², priorizará o conforto e a comodidade dos atletas e
oficiais. A Vila está no raio de 10 quilômetros que abrigará mais de 60% dos locais de competição, o Centro
de Imprensa Principal (MPC) e o Centro Internacional de Transmissões (IBC). Endereço: Avenida Ayrton
Senna, 3.400, Barra da Tijuca.
26
| BOA VONTADE
27. Liliane Cardoso
Paulão, campeão
olímpico de 1992
Lili
an
e
Ca
rdo
so
as quadras, o nosso País também tem grandes chances de
arrematar medalhas no PanAmericano do Rio. E a de
elas serem douradas é ainda maior
quando o assunto é voleibol. Além
de toda a torcida verde-amarela,
quem também aposta nos atletas
brasileiros é Paulão, campeão
olímpico pela Seleção Brasileira
em 1992. Em visita ao Lar e Parque
Alziro Zarur, da LBV, no dia 7 de
março, o ex-jogador destaca que o
vôlei brasileiro no Pan estará, sim,
bem representado.
Ele credita à competição um sentido mais especial, referindo-se aos
resultados a longo prazo que podem
ser obtidos. “Não é importante só
pelas chances de trazer uma Olimpíada, mas pela bagagem que fica
para um país. Esse investimento no
Esporte, como uma questão educativa, é fundamental para que a gente
mostre que muito mais importante
que ganhar uma medalha de ouro
é cantar o Hino Nacional, é trazer
o orgulho para os seus colegas, seu
município, Estado e País”, garante,
com a experiência de quem já disputou três edições do Pan.
Crendo nisso, Paulão uniu seus
25 anos de carreira à dedicação de
formar uma geração de campeões
no esporte e na cidadania, ao se
especializar no esporte educativo.
Paulão ladeado por alguns dos guris do Lar e Parque Alziro
Zarur, da LBV. Visite: Rodovia RS 030, km 19, parada 119.
Informações: (51) 3487-1033.
Armando Kitamura
N
Liliane Cardoso
Com isso, desenvolve, em parceria
com a Prefeitura de Gravataí/RS,
projetos voltados para crianças e
adolescentes. Com essa veia para o
social, o campeão mundial não poderia deixar de manifestar seu apoio
às iniciativas que visam ao incentivo
das modalidades esportivas. Neste
contexto, registrou: “A Legião da
Boa Vontade está de parabéns por
um investimento a longo prazo que
premia esse processo de ser educado para a vida. (...) Parabenizo o
Diretor-Presidente da LBV e toda
a equipe, por esse envolvimento”,
frisou.
A respeito da visita que fez à unidade da LBV em Glorinha, Paulão
ressaltou: “É uma satisfação estar
aqui com vocês. Não conhecia pessoalmente a LBV aqui em Glorinha,
mas sou parceiro há muitos anos da
Obra, que faz um trabalho belíssimo de educar as nossas crianças,
de dar oportunidades a elas. Eu
aqui fico muito à vontade, até pelas dificuldades que tive na minha
infância, quando vejo um trabalho
como esse e as oportunidades que
esses jovens estão tendo. A LBV
faz isso com grande maestria. São
poucos que fazem isso no Brasil,
com tanta qualidade como a LBV.
Quero parabenizá-los e me colocar
à disposição, como sempre”.
BOA VONTADE |
27
28. Entrevista na Band
Ricardo Boechat
abre o coração
Angélica Beck e Rodrigo Oliveira
Fotos: Daniel Trevisan
28
| BOA VONTADE
29. anos 1950. Os três filhos mais jovens, dos sete que ele e minha mãe
tiveram, nasceram já no Brasil,
mas os quatro anteriores nasceram
fora e eu fui um deles. Mas torço
fervorosamente pelas derrotas da
Argentina em todos os esportes
possíveis, sejam quais forem os
adversários, portanto que não me
venham dizer: “Ah, argentino!”.
Embora ache um país fantástico
e tal, um povo belíssimo, mas
não tem esse negócio, não. Fui
registrado na embaixada já. Meu
pai não deu margem a dúvidas
(risos).
BV — Nas memórias de infância,
de juventude, já havia alguma
ligação com a profissão de jornalista?
Boechat — Não posso me
considerar alguém que um dia se
deu conta de que seria jornalista ou seguiria essa carreira. Na
verdade, fui trabalhar em jornal
do mesmo jeito que antes tinha
tentado vender livros, material de
escritório ou qualquer outra coisa
que me permitisse o sustento. Saí
de casa, segui meu próprio caminho, que era o que os jovens na
BOA VONTADE — Você se consi- minha época ainda pretendiam.
dera carioca?
Hoje mudou: eles permanecem
Ricardo Boechat — Claro, mais tempo em casa com os pais e
me considero carioca. Não sou eu entendo como natural esse prono sentido nato, pois não nasci cesso. Mas no meu tempo, não! As
no Rio de Janeiro, e
angústias, as demandas
sim em Buenos Aires
interiores, exteriores, as
(Argentina) porque meu
aspirações, os sonhos,
pai trabalhava para o
as utopias eram outras,
Itamaraty. Meus irmãos
e realizá-las passava
e eu nascemos em paípor sair de casa para ser
ses onde ele estava tradono do próprio nariz,
balhando, no final dos
como a gente dizia. E,
anos 1940 e meados dos Zózimo Barroso do Amaral
então, fui trabalhar em
Arquivo pessoal
O
relógio aponta 16 horas na redação da Rede
Bandeirantes de TV em
São Paulo/SP. Câmeras,
repórteres, editores, cinegrafistas, todos prontos para cobrir
a chegada do Presidente norteamericano, George W. Bush, ao
Brasil: ele desembarcaria dali a
duas horas. É nesse cenário que
Ricardo Boechat, apresentador
do Jornal da Band, nos recebeu
cordialmente.
Vislumbrar o currículo deste
jornalista é fundamental para
situar o leitor nas palavras que
vêm a seguir. O início da carreira
remete à década de 1970, e com a
nova profissão a sede de sempre
querer saber mais. Daí o fato de ser
bem-sucedido por mais de 35 anos
no jornalismo. A grande escola de
Boechat foi a prática ao lado de
nomes respeitados como Ibrahim
Sued (1924-1995) e Zózimo
Barroso do Amaral (1941-1997).
Boechat nos contou ainda que o
Povo tem sido sua constante fonte
de informação para os noticiários
cotidianos da TV Bandeirantes e
Rádio Band News FM.
Boechat ao lado do saudoso Ibrahim
Sued
“Ibrahim Sued era
profundamente exigente
e bravo. Então não havia
como sobreviver ao lado
dele se não aprimorasse
esse dom, ou se não o
tivesse para aprimorar. No
quarto ano de trabalho,
ele chegou para mim, num
sábado de manhã, e disse:
‘Olha, acho que você
engrenou, até a semana
passada o seu bilhete azul
estava na minha gaveta’.
O bilhete azul era o de
demissão. “
jornal porque foi a oportunidade
que apareceu.
BV — Isso ocorreu na década de
1970, certo?
Boechat — Sim, no Diário de
Notícias, foi por aí, em meados
de 1970, se a memória já não
falha muito. Eu sei que a carteira
está assinada já a partir de 1971 e
demorei um certo tempo para ter
a carteira assinada. Na verdade,
meu primeiro trabalho numa redação sem nenhum vínculo e muito
BOA VONTADE |
29
30. Entrevista na Band
passageiro foi no Última Hora,
de Niterói/RJ, com uma edição,
um caderno feito em Niterói, no
final dos anos 1960. Eu estava lá
e conhecia um veterano jornalista
cujo filho jogava bola com a gente.
E pintou lá uma tarefa para a qual,
em função de uma certa identidade
que tínhamos, me chamaram para
fazer, relacionada a uma cobertura que eles estavam realizando à
época em torno do assassinato do
filho de um velho jornalista do
Última Hora, chamado Ivandel.
Aí eles precisavam de alguém
que não fosse conhecido daqui e
que desse uns telefonemas. Então
um investigador que investiga.
Nós somos jornalistas; nós apuramos. Então, acabei imprimindo
essa característica ao meu trabalho de forma mais acentuada do
que outras — por exemplo, não
desenvolvi nenhum pendor para
a análise, para o texto mais longo,
para a política, para o debate. O
meu negócio era o factual, o instantâneo, era o tiro curto, frontal.
Quem demandava isto de mim e,
portanto, acabou imprimindo essa
característica à minha formação
profissional foi a atividade de coluna porque eram colunas de notas
factuais, informativas. Colunas
demissão; eles usavam essa cor
no departamento pessoal. Então,
descobri no quarto ano de trabalho
com o Ibrahim que eu estava em
teste, na iminência de ser demitido
a qualquer momento como alguém
que fizera uma experiência de três
meses, como reza a legislação. Era
um grande professor, ao vivo e em
cores, da arte de farejar a informação, de correr atrás, de apurar, de
cultivar as fontes.
BV — Conte-nos um pouco sobre
as colunas diárias. Como foi esse
desafio na sua carreira?
Boechat — É preciso levar
“Eu prefiro chamar o jornalismo de apuração do que de
investigação. O apurador é que a gente quer dar esse ar meio
romântico, então diz que é jornalista investigativo. Se ele fosse
um investigador da polícia, ele seria um investigador que
investiga. Nós somos jornalistas; nós apuramos.”
o meu primeiro contato com uma
redação foi assim, no Última
Hora, de Niterói.
BV — Esse primeiro trabalho
pode ter estimulado essa sua
veia de jornalista apurador, de
investigação?
Boechat — Eu prefiro chamar
o jornalismo de apuração do que
de investigação. O apurador é
que a gente quer dar esse ar meio
romântico, então diz que é jornalista investigativo. Se ele fosse um
investigador da polícia, ele seria
30
| BOA VONTADE
que, no início, eram feitas pelo colunista mais renomado que o País
teve. Pelo menos o de maior nome
nacional e internacional: Ibrahim
Sued e que era profundamente
exigente e bravo. Então não havia
como sobreviver ao lado dele se
não aprimorasse esse dom, ou se
não o tivesse para aprimorar. No
quarto ano de trabalho, ele chegou
para mim, num sábado de manhã,
e disse: “Olha, acho que você
engrenou, até a semana passada
o seu bilhete azul estava na minha
gaveta”. O bilhete azul era o de
em conta que esse aprendizado é
como todos na vida: cumulativo.
Quem tem 30 anos fazendo coluna,
tende a ter uma perfomance melhor do que alguém que tenha 15,
a despeito de que este que tem 15
seja muito mais talentoso do que
este que tem 30. Porque você vai
somando as fontes. Toda fonte tem
um resíduo de notícia, tem um retorno. Há fontes que ressurgem das
cinzas; outras, fora dos holofotes,
são melhores; tem fontes que, no
ostracismo, se abrem mais. Então,
há mil químicas, mil mecânicas,
31. que o tempo é que vai permitindo
capturar, perceber, explorar — no
bom sentido da palavra. Foi um
aprendizado, um apanhar e suar de
camisa diários, que foram sendo
aprimorados pelo tempo e, claro,
algum jeito para isso devo ter tido.
Portanto, fazer coluna era o que eu
mesmo me dava conta, muitas vezes com grande angústia, de dar de
cara com uma maldita página em
branco rigorosamente todo dia. E a
constatação de que o mérito de ontem não é a medalha de hoje, não é
o dever cumprido de hoje. Você ontem fez uma coluna que arrebentou
e resultou em suítes*1, manchetes
maior intensidade de aprendizado e
de acumulação de experiência.
BV — Você já citou Ibrahim. Além
dele, na ocasião, quem também
foi importante para você?
Boechat — O Zózimo Barroso
era um cavalheiro da notícia, um
artista, que tinha um humor muito
sofisticado, um gentleman na forma de escrever e de apurar. O Elio
Gaspari disse que o Zózimo tinha
a arte de tirar uma notícia de você,
sem que você notasse que ele estava
te ligando para pegar uma notícia.
E é verdade. Ele era um doce de
pessoa. O Zózimo pegava um ato e
O pinto
rp
(1907-2 ernambucano
003) co
Cícero D
m o jor
ias
nalista
Boecha
t
“O Zózimo Barroso era um cavalheiro da notícia,
um artista, que tinha um humor muito sofisticado,
um gentleman na forma de escrever e de apurar.
(...) O Zózimo pegava um ato e lapidava o fato no
texto, na pontuação, no saque... ”
em todos os jornais; mas hoje você
tem que fazer a coluna de amanhã
e nada do que você fez ontem vai
salvá-lo de um fracasso, se você
não lavrar a terra, suar a camisa,
sentir sede do jeito que sentiu ontem. Então é isso, era basicamente
a percepção de que era um por dia,
saindo do zero. Uma coluna impressa é, sem dúvida, assim como
o jornalismo impresso, na minha
modesta opinião, a melhor escola
do jornalismo. A coluna diária de
notas é uma belíssima escola dentro
do jornalismo impresso, talvez a de
lapidava o fato no texto, na pontuação, no saque... Eu pegava um fato e
enfiava o fato nas pessoas. Fui mais
disso do que daquilo. Sempre fui um
cara muito — vou me permitir dizer
aqui — melhor que o Zózimo. Diria
até que comparado, tempo a tempo,
até tão eficiente quanto Ibrahim
nesse aspecto. Porque a época que o
Ibrahim fez isso era outra, ele meio
que na baba, sozinho. Disputei com
competidores diários, muito presentes. Mas ouso dizer, sem nenhuma
pretensão à vaidade, que sempre
fui bom ou competitivo (prefiro
ver dessa maneira, competitivo)
para farejar, localizar as jazidas. E
o Zózimo, para manter essa comparação, se chegássemos juntos a uma
mina de diamante, eu provavelmente acharia a maior pedra bruta e ele
faria a melhor jóia. É uma questão
de lidar com as coisas. Tanto eu
quanto ele teríamos mercado para
justificar a nossa existência.
BV — Como você compara o
colunismo social de hoje e o do
passado?
Boechat — Não sou hoje um
BOA VONTADE |
31
32. Entrevista na Band
“A gente tem é
que viver, contemplar, amar,
andar à toa e sair dessa concepção
imbecil, patronal, capitalista, bestializante,
de que nós estamos aqui pra produzir, nós
temos que progredir. Eu quero é estar debaixo
de uma sombra, olhar o céu, contemplar uma
nuvem, beijar a minha mulher amada, estar
com os meus filhos, quiçá os meus netos
e por aí vai. (...) Ainda não consegui
levar avante essa visão
filosófica.”
leitor de colunas tão assíduo, que
me sinta confortável para analisálas. Vou fazer um rápido recorte do
que aconteceu até o momento em
que estava nesse jogo cotidianamente. As colunas eram mundanas
até os anos 1940, início dos 1950.
Se você pegar uma coluna do
próprio Ibrahim, já nos anos 1960,
1970, você vai ver que tinha muita
abobrinha, muita coisa. Era muito
na primeira pessoa, o colunista era
muito personagem da coluna, sua
maneira de lidar com o meio, com
o mundo e tal, ele era muito na
primeira. O Ibrahim foi o primeiro
a perceber que no mesmo salão
onde ele colhia as amenidades com
a elite estavam necessariamente
também as notícias, porque a notícia é um subproduto do poder e é,
por definição, aquilo que interessa
às pessoas. O que o Ibrahim percebeu? Eu estou à minha esquerda
com um banqueiro fulano, à minha
direita com o general beltrano,
diante de mim o Ministro sicrano,
32
| BOA VONTADE
ali o Presidente tal. Tanto posso
perguntar para ele em que casa de
jóias ele comprou o brilhante de
sua senhora, como posso perguntar
para ele que decreto vai anunciar
amanhã; se o juro vai subir; se vai
torturar mais um preso político ou
se vai dar outro golpe de Estado. E
como ele circulava nesse ambiente,
percebeu que ali estava a descrição
da toalha de seda importada não sei
de onde, e a notícia do banqueiro,
General, Presidente, Ministro ou
sei lá mais quem. Esta fusão que
Ibrahim fez na coluna consolidou
o seu mito, a sua mística como
alguém que tinha um espaço onde
ocorriam furos, bombas. Foi tão
forte o efeito disso no colunismo
e no jornalismo brasileiros, que
se pode dizer que o único produto
jornalístico genuinamente nacional
é o colunismo de notícias, de hard
news, para usar a expressão da
moda. O Ibrahim foi o precursor
desta forma, com esta química.
Maneco Müller (1923-2005), meu
querido amigo, contemporâneo do
Ibrahim, o Zózimo depois, muitos
anos depois, e outros, foram fazendo variações desse tema, e eu
inclusive. E de resto, para olhar
para o futuro, tenho a impressão
de que o colunismo de hard news,
de furos na imprensa como um
todo, inclusive no próprio jornal
em que ele está inserido, tende a ir
perdendo terreno, porque é natural
que a segmentação faça dessas
colunas de variedades seres meio
exóticos, quer dizer, como seria
dar um furo na economia, se você
tem Luis Nassif, Miriam Leitão,
só na economia? Como é que você
vai dar um furo na política, se
tem Franklin Martins, Ricardo
Noblat? Antigamente as colunas
nadavam em todas as piscinas
temáticas possíveis. Essa era uma
facilidade que está acabando.
BV — Como é essa relação do
hard news, do furo de notícias,
e você atualmente?
33. Boechat — Minha motivação, meu vício é muito mais saciado pela descoberta do fato do
que propriamente sua exposição
pública. Isso para mim já é algo
que a dinâmica do fato impõe.
Mal comparando: é ter um filho
e criá-lo, são emoções diferentes.
Digamos que estou muito mais
no ato de ter, do descobrir, do
ver nascer. Como se fosse um
arqueólogo entre a descoberta do
jazigo lá da tumba de Ramsés e
a sua presença no Louvre. Estou
muito mais naquele primeiro
momento.
BV — Na rádio Band News FM,
você foi vencedor da categoria
“Apresentador/ Âncora de Rádio”, do Prêmio Comunique-se
(2006). Como tem sido essa
tarefa de trabalhar numa rádio
FM?
Boechat — O rádio está me
dando uma oportunidade que os
outros veículos não me deram,
que me leva a uma constatação
surpreendente: a oportunidade
de matraquear, falar. Por que a
surpresa, de certa forma? Porque
é o veículo que só conheci na
terceira idade da profissão. Um
jornalista com 54, 55 anos está na
terceira idade da profissão, ainda
que intelectualmente suponho que
se possa durar muitos anos mais.
Mas ao ser admitido na atividade
Franklin Martins
Ricardo Noblat
diária de radiojornalismo, o que
eles me demandaram foi que eu
fizesse um programa, comentando
uma notícia e tal. Só que você vai Miriam Leitão e Boechat
fazer isso falando o que lhe vem à
cabeça, o que acha, seus valores,
“A minha
suas idéias, visões. A resposta
do público, diferentemente do
relação com a ABI é uma
jornal e da própria televisão,
relação de reverência, respeito e
é muito imediata e incisiva.
O ouvinte de rádio, para
memória. Eu, moleque ainda, com 17
este tipo de programa, nos
anos, fui à ABI algumas vezes e bebia
chama para a discussão. E
eu, que não só falo comum pouco daquela mística, de grandes
pulsivamente, como escrevo
figuras, como Herbert Moses
compulsivamente, respondo a
(1884-1972).”
todos. Sempre brincava, dizendo
que a melhor fonte é quem quer
trair. É uma figura teatral, mas é
o seguinte: o que quer trair, quer
trair o segredo que lhe foi confia- BV — Qual sua relação com a
do pela mulher, pelo chefe, pelos Associação Brasileira de Imamigos, pelo trabalho. E vai fazer prensa (ABI)?
Boechat — A minha relação
isso contando para quem? Para
mim, de preferência (risos). Então, com a ABI é de reverência, respeito
achava que a melhor fonte é o e memória. Eu, moleque ainda, com
traidor. Não é pejorativo o termo, 17 anos, fui à ABI algumas vezes e
no meu ponto de vista. Talvez para bebia um pouco daquela mística,
quem foi traído, sim. Mas é o cara de grandes figuras, como Herbert
que vai cometer a inconfidência. Moses (1884-1972). Na minha saíSempre tive essa convicção. Hoje, da do Globo, na minha demissão, a
depois que comecei a fazer rádio, ABI se posicionou solidariamente
cheguei à constatação de que a mim, o Fernando Segismundo,
estava errado. A melhor fonte é que estava na presidência, também
o Povo, o cidadão-comum. Ele o José Talarico. Emitiram uma nota
faz coisas que o jornalista não de solidariedade, de repúdio à forma
faz, que as fontes dos jornalistas como transcorreu aquele episódio.
Portanto a minha relação com a ABI
não fazem.
Arquivo pessoal
Luis Nassif
Divulgação Editora Contexto
José Cruz/ABr
Arquivo BV
Fernando Quevedo / Ag. O Globo
Maneco Müller
BOA VONTADE |
33
34. é muito de carinho, de respeito, de
reverência. Mas, do mesmo jeito
que gosto da ABI, não gosto da idéia
dos “jornalistas unidos jamais serão
vencidos”. Prefiro olhar pra esse
poder como olho pra todos os outros. Que os colegas não me levem
a mal. Não que eu vá entrar num
BV — Se não estamos enganados, este é um
pensamento de
sua autoria: “Temos de reaprender a contemplar, Herbert Moses
passear, divagar,
coisas que foram massacradas
pela idéia de produção”. É mais
ou menos isso?
Boechat — Eu me identifico
com esse pensamento que talvez
seja meu ou de qualquer outro.
Houve um período que ainda é
muito forte dentro do meu sonho, da minha utopia, em que eu
insistia muito. Diferentemente
do valor prevalente na sociedade,
não acho que o homem nasceu
para trabalhar como o fazemos.
Acho que essa é uma deformação
que a organização humana, a
chamada evolução da vida
em grupo, acabou im“A melhor
pondo ao homem. A
fonte (de informação)
troco de que, ou de
que ente, estaríaé o Povo, o cidadão-comum.
mos num planeta
Ele faz coisas que o jornalista
tão maravilhoso,
que está sendo
não faz, que as fontes
destruído tão rapidos jornalistas não
jantar com
damente, para ralar
jornalistas e
do jeito que a gente
fazem.”
a gente vá se
rala? Isso é uma deformatar. Mas estou
mação, uma “monstra” de
falando do ponto de vista
uma deformação. Sempre trabafilosófico, institucional. Quero é lhei muitas horas por dia, muitos
competir, que vocês disputem comi- dias por semana, por mês e por
go, que me critiquem, que eu possa ano. Sempre tirei muito menos
criticá-los, que a gente possa bater férias do que tinha direito, do que
de frente, porque certamente o cara deveria, sempre entendi que isso
que nos paga o salário, comprando não era o razoável. Em 1998, por
jornal, vendo TV, ouvindo rádio, aí, tive um pique hipertensivo na
estará mais bem representado pela redação do Globo. Nunca tinha
síntese dessa luta.
tido nada do gênero, e foram três
34
| BOA VONTADE
Fotos: Arquivo BV
Entrevista na Band
Fernando Segismundo
José Talarico
piques assim, três momentos com
intervalos de 10 minutos. No terceiro, já estava no departamento
médico do jornal, que era lá embaixo, no estacionamento. E aí
me dei conta de que estava tendo
algo muito grave, muito estranho,
nada jamais semelhante tinha
acontecido e jamais me sentira
tão mal. Aí caiu a seguinte ficha:
Eu estou morrendo, tendo um
enfarte. Vou morrer aqui, agora.
Nesse estacionamento, nesse lugar, onde estou trabalhando há 30
anos, 20 horas por dia. E dizem
que quando você vai morrer, você
tem o tal flash, e toda a sua vida
passa pelos seus olhos. É uma
síntese que vem com clareza e
contundência, porque é o adeus
mesmo. Tive exatamente isso que
estou dizendo: entronizei o sentimento de que estava morrendo
naquele instante. Pois bem, o que
eu senti? Uma tristeza profunda
com uma pitada de arrependimento pelas razões que geravam
essa tristeza. E o que era essa
tristeza? Era a constatação de que
tinha passado a vida trabalhando
e iria morrer no estacionamento
do trabalho. Talvez aquilo tenha
influído um pouco nessa síntese.
Não gosto da idéia de passar a
vida me matando de trabalhar.
Acho que as pessoas estão fora
do rumo, fora do seu sentido mais
natural. A gente tem é que viver,
35. contemplar, amar, andar à toa e
sair dessa concepção imbecil,
patronal, capitalista, bestializante, de que nós estamos aqui
para produzir, nós temos que
progredir. Quero é estar debaixo de uma sombra, olhar o céu,
contemplar uma nuvem, beijar a
minha mulher amada, estar com
os meus filhos, quiçá os meus
netos e por aí vai. Não quero
ter aquele sentimento outra vez,
pelo amor de Deus! Não quero
ser economicamente ativo! Que
me perdoem aí os pregadores do
labor humano. Agora, detalhe:
depois disso, trabalhei muito mais
do que tinha trabalhado. Ainda
não consegui levar adiante essa
visão filosófica (risos).
BV — Que recado deixaria aos
leitores da revista BOA VONTADE e também à Legião da
Boa Vontade?
Boechat — Uma das vantagens de envelhecer é que a gente
pode dizer que conhece coisas há
muito tempo e de que este tempo
nos ajuda não a julgá-las, mas a
entendê-las, a avaliá-las. Eu conheço a Legião da Boa Vontade
há muito tempo. Conheço não
como um participante, não como
um voluntário, um contribuinte
muito ocasional, em algumas circunstâncias acionado pelos muitos
mecanismos que essa Organização
tem para procurar esse tipo de parceiro. Mas conheço de ver, de ler,
de ouvir algumas coisas, do tempo
do Alziro Zarur (1914-1979), dos
tempos que me remetem lá para
os anos 1970, talvez até antes. E
o que eu gostaria de dizer para
os leitores da revista BOA VON-
TADE é o seguinte: a LBV pode
ser mais ou menos simpática aos
olhos de uns ou de outros; pode
estar mais à direita ou mais à
esquerda aos olhos de uns ou de
outros; ser mais conservadora ou
menos conservadora aos olhos
de uns ou de outros; mas aos
olhos de todos, e aí me engajo
nisso, podemos dizer que ela é
uma entidade que sempre esteve
empenhada numa causa, num objetivo: de ajudar as pessoas, contribuir com elas, tentar melhorar
a realidade muito dura que muitas
infelizmente ainda enfrentam no
nosso País. A minha formação
política sempre defendeu e ainda
defende a idéia de que a realidade
social só pode ser transformada
pelo próprio Povo. Nesse sentido
é preciso que, enquanto essa idéia,
essa utopia, esse horizonte não se
materializem, a gente cuide do
dia-a-dia. Esta é uma tarefa que
demanda engajamento, coração,
amor ao próximo. A Legião da
Boa Vontade está no grupo das
instituições, das entidades, que são
muitas, que lidam com a realidade
brasileira, movidas a esse tipo de
sentimento positivo. E nesse sentido, acho que é importante que
a gente reconheça acima de tudo
esse papel, não só dela, eu insisto,
mas de muitos outros voluntários
que estão por aí nesse país gigantesco, lidando com essa massa
humana mais gigantesca ainda de
necessitados.
“Conheço a Legião da
Boa Vontade há muito tempo.
(...) A LBV pode ser mais ou
menos simpática aos olhos
de uns ou de outros; pode
estar mais à direita ou mais
à esquerda aos olhos de
uns ou de outros; ser mais
conservadora ou menos
conservadora aos olhos de uns
ou de outros; mas aos olhos
de todos, e aí me engajo
nisso, podemos dizer que ela
é uma entidade que sempre
esteve empenhada numa
causa, num objetivo: de
ajudar as pessoas, contribuir
com elas, tentar melhorar
* Suítes — Jargão jornalístico que designa o desenvolvimento, nos dias seguintes, de uma notícia publicada
pelo jornal.
* Nota da redação — Nossos agradecimentos à Paula
Boechat, filha do jornalista, por ceder as fotos de arquivo
pessoal e de cunho histórico que ilustraram a matéria.
a realidade muito dura que
muitas infelizmente ainda
enfrentam no nosso País.”
BOA VONTADE |
35
36. BV
Arquivo
Reprodução BV
Arte na Tela
Oscar Niemeyer rumo aos 100 anos
sonho e
Arquivo pessoal
realidade
Marta Jabuonsky, curadora da
Galeria de Arte do Templo da
Boa Vontade.
O
olhar se perde no horizonte e encontra um dos mais
belos céus do Brasil. Em
meio a tantas retas das
construções modernas destacam-se
as curvas das árvores do cerrado.
Brasília nacional e internacional,
da mistura das raças, encanta e
36
| BOA VONTADE
estabelece seus contrastes. Cidade
de concreto armado, perde-se no
meio do verde e dos belos jardins.
Sem esquinas, mais calorosa, acolhe os que aqui residem. Tem filhos
naturais jovens, mas adotou muitos
outros. Nasceu sob o signo das artes
e possui artistas plásticos, escritores,
compositores, poetas, entre tantos.
É patrimônio de todos e é este local
que está ganhando novas obras de
Oscar Niemeyer, que neste ano
comemora seu centenário.
A cidade que ele ajudou a planejar possui 2,4 milhões habitantes,
tem a maior renda do País, o melhor
padrão de vida e uma atividade
cultural efervescente, contando-se
considerável número de eventos e
uma série de boas exposições. Hoje,
após 47 anos, Brasília ganha mais
um lugar com essas características:
o Complexo Cultural da República
João Herculino, construído entre
as áreas administrativa e central
do setor de diversões. Completa o
plano original da capital brasileira,
previsto por Lúcio Costa (vencedor
do concurso na época), do qual se
edificou apenas uma parte, que é o
Teatro Nacional.
O complexo possui o Museu
Nacional Honestino Guimarães
(em forma de cúpula), um centro
musical com espaço para duas
mil pessoas, a biblioteca Leonel
de Moura Brizola, um conjunto
multiplex e um cinema 180º com
miniplanetário. Neste projeto, o
arquiteto Oscar Niemeyer retoma
idéias antes visitadas, mas de
maneira singular. Quem conhece
a Oca do Ibirapuera (na capital
paulista) terá uma certa lembran-
37. ABI
ça, só que o museu é muito maior,
sendo mais complexo, tecnológico
e sofisticado. Comparando as cúpulas da Câmara e do Senado, da
virada da década de 1960, época da
construção de Brasília, percebemse as diferenças. É uma obra que
atende aos minuciosos requisitos
museológicos e de segurança,
além de cumprir com todos os
dispositivos de acessibilidade aos
deficientes físicos. É muito interessante ver a juventude criativa
do nosso arquiteto interagindo
com técnicas modernas, dentro de
uma linha histórica do seu trabalho, incorporando a inovação e os
recursos que a engenharia permite.
Por exemplo, a cúpula do museu
é maior que a da Capela Sistina
do Vaticano, e são sete andares
livres entre o piso de exposição
e o teto. É considerada a maior
obra física e cultural já construída
nas três Américas, desde o início
deste milênio. É também
o maior investimento
na cultura feito no
País com recursos
exclusivos do Governo do Distrito
Federal.
O Complexo
Cultural da República ocupa um espaço de mais de 91 mil
metros quadrados, sendo
11 mil só de área construída.
Este renomado arquiteto esperou
mais de 40 anos para conseguir completá-lo. Por isso, falar de Brasília, de
arquitetura, sem falar nele é cometer
uma heresia.
Oscar Niemeyer nasceu em 15
de dezembro de 1907, no Rio de
Janeiro/RJ. Filho de Oscar Niemeyer Soares e de Dona Delfina
Almeida. Tem uma única filha,
Niemeyer em seu escritório com o
Presidente da ABI, Maurício Azêdo, em
29 de março, ocasião em que o pedido
foi oficializado.
Niemeyer presidirá a Comissão
de Honra do Centenário da ABI
Fonte: ABI On-line
O arquiteto Oscar Niemeyer
aceitou o convite para presidir a
Comissão de Honra do Centenário da Associação Brasileira de
Imprensa (ABI), que transcorrerá
em 7 de abril de 2008. Niemeyer é
sócio da ABI desde 1952, quando
ingressou na Casa por proposta de
Herbert Moses, então Presidente
da Casa. Naquela década, Niemeyer fundou, editava e dirigia
a revista Módulo, especializada em arquitetura
e que contemplava
também temas culturais.
Após a aceitação de Niemeyer,
a ABI vai convidar para integrar a
Comissão de Honra do Centenário
personalidades dos diferentes campos da vida cultural, da área de comunicação e do meio empresarial.
A Comissão de Honra terá caráter
honorífico, para testemunhar o
apreço da ABI e da comunidade
jornalística aos variados setores da
vida do País desde a fundação da
Casa, em 1908. Além da Comissão de Honra, a ABI constituiu a
Comissão Executiva do Centenário, da qual participam diretores e
associados da Casa.
Ana Maria Niemeyer Soares,
cinco netos, treze
bisnetos e cinco
tetranetos.
Possui obras espalhadas por todo o mundo.
Do México à Itália, de Israel à
França, e, no Brasil, praticamente
em todo o País. É o arquiteto dos
palácios de Brasília, mas também dos pontos de ônibus, caixa
d’água etc.
Define-se como uma “pessoa
simples, aberta para a vida e apta
a aceitar todas as mudanças que
os tempos estabelecem”. Para ele,
“fazer arquitetura é criar beleza”.
A escritora Vera Brant, amiga
de Niemeyer, diz que “além de
arquiteto extraordinário, escultor,
criador de belo texto, o que mais
impressiona aos que convivem
com Oscar é a sua generosidade,
solidariedade humana, preocupação com os mais pobres e com os
injustiçados”.
Essas afirmações são reforçadas com a frase que se lê em seu
escritório na Avenida Atlântica, na
capital fluminense: “O importante
não é o arquiteto, mas a vida, os
amigos e este mundo que devemos
modificar”.
BOA VONTADE |
37
38. Acontece na Bahia
Lembranças de
Mãe Menininha
do Gantois
Caetano e
sua querida
mãe, Dona
Canô,
também
prestigiram a
festa.
Texto e fotos: Nizete Souza
D
urante três dias, a Bahia saudou uma das mais queridas
filhas da terra. Nascida em
10 de fevereiro de 1894, na
capital baiana, Maria Escolástica
da Conceição Nazareth, mais conhecida como Mãe Menininha do
Gantois, completaria 113 anos de
nascimento. Falecida em 1986, era
filha de Oxum e considerada a mais
famosa de todas as mães-de-santo
brasileiras.
As homenagens à sua memória
tiveram início em 8 de fevereiro, no
Terreiro do Gantois (no qual esteve
à frente por 64 anos), em Salvador,
com o lançamento do livro Mãe
38
| BOA VONTADE
Menininha do Gantois, de autoria
da psicóloga Cida Nóbrega e da
jornalista Regina Echeverria. A
obra traz dados históricos, relatos,
frases e pensamentos da Iyalorixá
— posto mais alto na hierarquia
da religião, que dita regras e
comanda todo o funcionamento
do Terreiro —, depoimentos de
alguns filhos da casa e registros
fotográficos, que também ilustram
a trajetória.
Prestigiando o evento estiveram
admiradores, familiares, autoridades,
Cida Nóbrega
Regina Echeverria
políticos, iyalorixás e babalorixás e
diversos artistas. Na oportunidade,
as autoras do livro dedicaram um
exemplar ao dirigente da Legião
da Boa Vontade: “Para José de
Paiva Netto, que sabe apreciar uma
história de fé e amor, um abraço”,
escreveu Cida Nóbrega. Regina
Echeverria registrou: “José de Paiva
Netto, muito axé e amor de Menininha. Beijo”.
Em entrevista à BOA VONTADE, a atual Iyalorixá do Gantois,
Mãe Carmem da Silva, agradeceu
o apoio recebido da LBV: “É uma
grande homenagem realmente, não
só minha, mas de todos os nossos
amigos, como a de José de Paiva
Netto, dirigente da LBV, que é um
grande amigo e parceiro. Em todos
os momentos está com o Gantois. Eu