A Revista Boa Vontade tem por objetivo levar informações por meio de matérias que abordam temas voltados à cultura, educação, política, saúde, meio ambiente, tecnologia, sempre aliados à Espiritualidade como ferramenta de esclarecimento, auxílio, entendimento e compreensão.
1. Paiva Netto escreve ”solidariedade e direitos humanos no mundo“.
ONU Mulheres Vice-diretora-executiva, sra. Lakshmi Puri, destaca avanços e
desafios para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.
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Meio ambiente A escassez de
água ameaça os cidadãos. Você
pode ajudar a reverter isso
BrasilvencedorPersonalidades, voluntários e colaboradores unem forças à Legião da Boa Vontade para vencer
os desafios sociais do país e garantir um futuro melhor com Cidadania Plena. Só em 2013, foram mais
de 11 milhões de atendimentos e benefícios em amparo à população de baixa renda. Confira!
ANO 58 • No
236• R$ 7,90
EducaçãoeSolidariedadeporum
64anos
2.
3. Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da atual Seleção e treinador canarinho na conquista do Tetra. Jogadores:
Alexandre Pato, Altair, André Santos, Arouca, Cafu, Cássio, Chicão, Cicinho, Daniel Alves, Dante, David Luiz, Dedé, Denílson,
Dida, Dunga, Emerson Sheik, Éverton Ribeiro, Fabrício, Felipe, Fernando Prass, Fred, Gil, Gilberto Silva, Henrique, Hulk,
Jadson, Jair Marinho, Jô, Juan, Juninho, Juninho Pernambucano, Luís Fabiano, Leandro Damião, Léo Gago, Léo Moura,
Lucas Piazón, Marcos, Marcos Aurélio, Marcos Rocha, Neto, Neymar, Osvaldo, Paulo Henrique Ganso, Pelé, Pepe, Réver,
Ricardo Goulart, Roberto Carlos, Robinho, Rodrigo Caio, Rogério Ceni, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Victor,
Walter, Wellington, Wesley, Zico e Zito.
Astros do futebol, de todas as gerações, integram a seleção DE
campeões da solidariedade e assinaM a camisa exclusiva da LBV:
4. 52 Água — A degradação deste recurso natural pode
levar o ser humano a enfrentar um cenário de
escassez nunca antes vivenciado.
17
Carlos Chagas
Relatos marcantes
de nossa história
15
Márcia peltier
Suas experiências
pelo mundo
15
Ana Paula Padrão
O amor chegou tarde
em minha vida
17
Alexandre
Caldini Neto
A morte na visão do
Espiritismo
16
Zico
Vida
e carreira
16
Audálio Dantas
homenageia o
Rei do Baião
14
Luis Erlanger
lança Antes que eu
morra
23
Sebastião Nery
Ninguém me contou,
eu vi: de Getúlio a
Dilma
18
Bento Viana
Imagens de Brasília
vista do alto
Sumário
8 Solidariedade e direitos humanos no mundo
Paiva Netto
14 Cartas, e-mails, livros e registros
26 Opinião — Terceiro Setor em foco por Airton Grazzioli
Negócios sociais
29 Voluntariado
Dra. Lúcia Maria Bludeni
32 Abrindo o coração
Meio século no ar
37 Opinião — Esporte por José Carlos Araújo
Seleção sem contestação
38 Samba & história por Hilton Abi-Rihan
Jair Rodrigues (1939-2014)
42 in memoriam
Saudades, Myltainho!
44 Empreendedorismo social
Contra a pobreza
51 Opinião — Educação por Arnaldo Niskier
“Coroas” modernos, jovens inquietos
52 Meio ambiente
Água, o líquido precioso.
60 OPinião — Meio Ambiente por Daniel Borges Nava
Educação e Espiritualidade: dimensões da sustentabilidade
64 Saúde e qualidade de vida
Metas e compromissos com as novas gerações
70 Entrevista — Nações unidas
Empoderamento feminino é meta global
74 LBV na ONU
Agenda de desenvolvimento pós-2015
8 Paiva Netto escreve:
Solidariedade e direitos
humanos no mundo
4 BOA VONTADE
5. 74 LBV na ONU — Evento das Nações Unidas
reforça a necessidade de a igualdade de gênero
figurar no próximo conjunto de metas globais.
32
José Carlos Araújo
comemora o
Jubileu de Ouro
120
Carlos Arthur
Pitombeira
Esporte e cidadania
26
Airton Grazzioli
Negócios
sociais
116
Paulo Kramer
Políticas
Públicas
29
dra. Lúcia Maria
bludeni
Cultura de voluntariado
51
Arnaldo Niskier
“Coroas” modernos,
jovens inquietos
140
Walter periotto
Vida
Plena
38
Jair Rodrigues
Homenagem
104 Balanço Social — Ação da LBV supera a marca
de 11 milhões de atendimentos e benefícios ao
povo de baixa renda
60
DanielBorgesNava
Dimensões da
sustentabilidade
82 Direitos Humanos
• Respeito e integridade da mulher
85 Acontece no DF
86 Soldadinhos de Deus, da LBV
Futebol da Caridade
94 Educação e cidania plena
Mulheres e meninas pela Cultura de Paz
100 Campanha Criança Nota 10!
Entrega de kits pedagógicos
104 Balanço Social
Trabalho e fé no ser humano
116 Opinião — Congresso em pauta por Paulo Kramer
A Câmara e o social
119 Consumo consciente
Tecnologia reduz consumo de energia elétrica
120 .opinião — mídia Alternativa por Carlos Arthur Pitombeira
Esporte e cidadania
122 Natal permanente da LBV
Triunfo do Amor e da Boa Vontade
140 Melhor Idade por Walter Periotto
Vida Plena
142 Ação Jovem LBV por Patricia Maria Nonnemacher
Unidos pelo mesmo ideal
146 Aprendendo português por Adriane Schirmer
Acento diferencial
Canais da LBV na internet
www.lbv.org.br
Facebook: LBV Brasil
Twitter: @LBVBrasil
Youtube: LBV Videos
Orkut: LBV
Flickr: flickr.com/lbvbrasil
BOA VONTADE 5
6. Ao leitor
Esta edição da BOA VONTADE põe em foco a
força do trabalho e da solidariedade ao divulgar a
expressiva marca de 11.053.113 atendimentos
e benefícios oferecidos a comunidades de baixa
renda pela Legião da Boa Vontade em 2013. A
reportagem com o balanço social da Instituição
nesse período é destaque da capa da revista e
exprime a própria razão de existir da LBV: ampa-
rar o ser humano e o Espírito Eterno dele e fazer
despertar o Cidadão Planetário que há em cada
indivíduo. Celebrando sempre a vida, a Entidade
está presente nos momentos de necessidade
e/ou de dor de milhares de pessoas e famílias em
situação vulnerável com o socorro material e sua
mensagem de Paz, de Amor, de Fraternidade e
de Fé Realizante.
A temática social e humanitária, que pauta
toda a atuação da LBV, consta ainda do artigo
“Solidariedade e direitos humanos no mundo”,
do diretor-presidente da Instituição, o jornalista,
escritor e radialista José de Paiva Netto. Nele, o
autor explica por que jamais devemos esmorecer
na luta pela promoção da dignidade humana e
pela erradicação das desigualdades sociais e de
gênero no mundo.
A seção “Meio Ambiente” traz também texto
de grande interesse e relevância, pelo conteúdo
atualíssimo: a matéria “Água, o líquido precioso”,
na qual se vê como a falta de cuidados e o uso
descontrolado desse recurso natural podem levar
a Humanidade a enfrentar um cenário de escassez
de tão vital substância nunca antes vivenciado.
Igualmente, merecem relevo especial duas
entrevistas exclusivas e descontraídas à BOA
VONTADE. Em uma delas, o locutor José Carlos
Araújo fala sobre os 50 anos de carreira e os
novos desafios que tem buscado. A outra consta
da seção “Samba & História”, que faz uma ho-
menagem ao saudoso cantor e compositor Jair
Rodrigues (1939-2014). Neste último bate-papo
com a Super Rede Boa Vontade de Comunicação,
ele destacou passagens da própria biografia e
comentou o amor pela música. Ao Espírito Eterno
do querido Jair, as melhores vibrações de Paz e
de carinho da Legião da Boa Vontade e de seu
dirigente, extensivas à família e aos amigos.
Boa leitura!
Revista apolítica e apartidária da Espiritualidade Ecumênica
BOA VONTADE é uma publicação da LBV, editada pela Editora Elevação. Registrada sob o no
18166 no livro “B” do 9o
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Jornalistas Colaboradores Especiais: Airton Grazzioli, Arnaldo Niskier, Carlos Ar-
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Equipe Elevação: Adriane Schirmer, Cida Linares, Diego Ciusz, Giovanna Pinheiro, Leila
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A revista BOA VONTADE não se responsabiliza por conceitos e opiniões em seus
artigos assinados. A publicação obedece ao elevado propósito de estimular o debate
dos temas relevantes brasileiros e mundiais e de refletir as tendências do pensamento
contemporâneo.
A N O 5 8 • N o
2 3 6 • j an / f e v / m a r / a b r 2 0 1 4
Tiragem: 50 mil exemplares
Edição fechada em 19/5/2014
Reflexão de BOA VONTADE
“O Espírito tem lugar preponderante na nossa lide.
Entretanto, na preparação de jovens e adultos para a
subsistência neste mundo material de tecnologia jamais
vista — e paradoxalmente nos dias de hoje, tão instável
para os que labutam pelo futuro próprio —, devemos le-
var na mais alta consideração que os educandos têm de
ser com eficiência qualificados para a exigente demanda
do acirrado mercado de trabalho. E mais: de tal maneira
que não persigam um caminho em que a profissão para
a qual se prepararam não mais exista ao fim do curso. É
essencial, pois, receberem formação eficaz para que sejam
arrojados, empreendedores, de modo que possam suplantar
os acontecimentos supervenientes que, a qualquer instan-
te, desafiam a sociedade, assustando multidões. (...) De
nada adiantarão, portanto — digamos para argumentar —,
planejamentos audaciosos se não houver quem tenha sido
devidamente preparado para desenvolvê-los.”
Discurso de Paiva Netto ao corpo docente do Instituto de Educação da
LBV, em São Paulo/SP, em 1999, e que foi publicado nas revistas, enca-
minhadas às Nações Unidas, Sociedade Solidária (disponível em alemão,
espanhol, esperanto, francês, inglês e português) e Globalização do Amor
Fraterno (inicialmente editada em esperanto, francês, inglês e português).
6 BOA VONTADE
9. JoãoPreda
José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e escritor.
É diretor-presidente da LBV.
que estamos vivendo? De sentimen-
tos sublimados no espírito da paz,
da concórdia, da solidariedade, da
caridade,dodiálogo,dafraternidade
dinâmica, que resolve os problemas
sociais, sem gerar consequências
piores.
Congratulamo-nos com as vitó-
rias alcançadas por meio das metas
globais de desenvolvimento propos-
tas pela ONU, em 2000. Sabemos,
porém, que há muito ainda a fazer
pelo próximo. Daí a importância
do presente tema da pauta de dis-
cussão dos Estados membros, das
delegações internacionais, das au-
toridades e dos demais participantes
nestaconferência,reunidosemNova
York, EUA: “Desafios e conquistas
na implementação dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio para
mulheres e meninas”.
Trata-se de oportuno momento
para avaliar os acertos e empenhar-
-se ainda mais nas melhorias que
devem ocorrer, visando a soluções,
por exemplo, nos campos da edu-
cação e da saúde e no combate à
pobreza e à violência, entre as quais
a hedionda exploração sexual de
mulheres, jovens e meninas. Jamais
podemos esmorecer no que se re-
fere à luta pela causa da dignidade
humana e pela erradicação das
desigualdades sociais e de gênero
no mundo.
É inadmissível que no planeta,
segundo estimativa da Organização
Mundial da Saúde (OMS), uma a
cada três mulheres sofra algum tipo
de violência (física ou sexual), tendo
comoautorounãoopróprioparceiro.
Éfundamentalqueigualmentese
avance no fim da diferença de salá-
rios entre os gêneros, no acesso mais
equânime a posições gerenciais no
mercadodetrabalhoenadivisãodos
afazeres domésticos entre homens e
mulheres. Enfim, trata-se sempre de
garantir os princípios de cidadania e
os direitos humanos.
Liberdade, deveres e
direitos
A propósito, apresento minha
cooperação expressa em modestas
palestras, publicadas, entre outros,
em Reflexões e Pensamentos —
Dialética da Boa Vontade (1987) e
no Manifesto da Boa Vontade (21 de
outubro de 1991):
Acreditarquepossahaverdireitos
semdeveresélevaraomaiorprejuízo
a causa da liberdade. Importante é
esclarecer que, quando aponto os
deveres do cidadão acima dos seus
próprios direitos, em hipótese algu-
ma defendo uma visão distorcida do
trabalho, em que a escravidão é uma
de suas facetas mais abomináveis.
Por isso, queremos que todos
os seres humanos sejam realmen-
Solidariedade
e direitos humanos
no mundo
A
Organização das Nações
Unidas (ONU) promove
anualmente a sessão da Co-
missão sobre a Situação da Mulher.
Com grande honra, a Legião da
BoaVontade(LBV)temprestigiado,
comsuacontribuição,háváriosanos,
esse notável encontro internacional.
Amulhertemsidoosustentáculo
verdadeiro de todas as nações, quan-
do integrada em Deus ou nos ideais
mais nobres a que um ser humano
possa aspirar: a Bondade Suprema,
o Amor Fraterno, a Justiça Supina,
a Fraternidade Real — mesmo não
professando uma tradição religiosa.
Nadamaissensívelqueocoraçãodas
mulheres espiritualmente esclareci-
das. E do que mais precisa o mundo,
mormenteemépocasdifíceis,comoa
BOA VONTADE 9
10. A escritora, filó-
sofa e feminista fran-
c e s a S i m o n e d e
Beauvoir (1908-1986)
belamente expressou-se
sobre a importância da
solidariedadeededicação
ao próximo ao dizer:
— A vida conserva seu valor
enquanto atribuímos um valor à
vida dos outros, por meio do amor,
da amizade, da indignação, da com-
paixão.
As virtudes reais, de
fato, serão aquelas consti-
tuídas pela própria criatura
na ocupação honesta dos
seus dias, na administra-
ção dos seus bens e no
respeito pelo que é alheio,
na bela e instigante aventura da
vida. Uma nação que se faça de
te iguais em direitos e
oportunidades, e cujos
méritos sociais, intelec-
tuais, culturais e religio-
sos, por mais louvados
e reconhecidos, não se
percam dos direitos dos
demais cidadãos. Por-
quanto, liberdade sem
responsabilidade e fraternidade
é condenação ao caos.
Trabalhamos, pois, por uma
sociedade em que o Criador e Suas
Leis de Amor e Justiça inspirem
zelo à liberdade individual. É o
que nos suscita o Natal
Permanente de Jesus, a
mensagem universalista do
Libertador Divino,Aquele
que, pelo Seu sacrifício, se
doou pela Humanidade.
Tudo isso para garantir
segurança política, social e jurídica,
sob a Sua visão divina (...).
A Cúpula do Milênio das Nações Unidas, o maior encontro de líderes mundiais da História, reuniu 149 chefes de Estado
e de governo e altos funcionários de mais de 40 países, em 2000. Na imagem, o então secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, está na primeira fila à frente (o 11o
a partir da esquerda).
SimonedeBeauvoir
ReproduçãoBV
Jesus
ReproduçãoBV
Que todos os
seres humanos
sejam realmente
iguais em direitos
e oportunidades,
e cujos méritos
sociais, intelectuais,
culturais e religiosos,
por mais louvados
e reconhecidos,
não se percam dos
direitos dos demais
cidadãos. Porquanto,
liberdade sem
responsabilidade
e fraternidade é
condenação ao
caos.
UNPhoto
Solidariedade e direitos humanos no mundo
10 BOA VONTADE
11. tais elementos será sempre forte e
inviolável.
A almejada liberdade
Ao longo das eras, o
estudo do Direito foi sendo
aperfeiçoado, a fim de dar
garantias cada vez mais só-
lidas à sociedade. O século
20, por exemplo, nos legou
um imenso aprendizado por
meiodesucessivasconquis-
tas civis diante das maiores dificul-
dades enfrentadas pelas populações.
Em face de inúmeros episódios
registrados pelos tempos, podemos
concluir que o ser humano necessita
do pão da liberdade. Contudo, não
haverá verdadeira liberdade se esta
não for iluminada pelo sentimento
fraternoesolidário.Orestantecorreo
risco do caos, e a História está repleta
de exemplos para comprovar essa
realidade.
Rendamos, portanto, homena-
gens a tantos ativistas que, ao longo
da História, almejaram liberdade e
condições dignas de vida, em espe-
cial as mulheres batalhadoras. Elas,
diariamente, empenham a própria
existêncianoamparoaosseusfilhos,
sejam eles biológicos, adotivos ou,
como costumo dizer, filhos que se
traduzememgrandesrealizaçõesem
benefício da Humanidade. Todas as
mulheres são mães.
Uma dessas brilhantes mulheres
foi a médica pediatra, sanitarista
brasileira e fundadora da Pastoral
da Criança, dra. Zilda Arns (1934-
2010), que disse:
—Otrabalhosocialpre-
cisademobilizaçãodasfor-
ças.Cadaumcolaboracom
aquilo que sabe fazer ou
comoquetemparaoferecer.
Deste modo, fortalece-se o
tecido que sustenta a ação,
e cada um sente que é uma célula de
transformação do país.
“Rascunho de Genebra”
Outra batalhadora foi Eleanor
Roosevelt (1884-1962), viúva do
presidentenorte-americanoFranklin
Delano Roosevelt (1882-1945). Ela
comandou, desde janeiro de 1947, a
Comissão de Direitos Humanos das
Nações Unidas, até a adoção dos 30
artigosnaquelememoráveldezembro
de 1948. Considerada a força motriz
do projeto, dona Eleanor liderou um
grupo com 18 integrantes de hete-
rogênea formação cultural, política
e religiosa, elaborando o que ficou
conhecidocomo“RascunhodeGene-
bra”,emsetembrode1948,apresenta-
doesubmetidoàaprovaçãodosmais
de 50 países membros.
É com muito orgulho
querecordoaparticipa-
ção do ilustre jornalista
brasileiro, meu dileto
amigo, Austregésilo
de Athayde (1898-
1993), um dos mais destacados
colaboradores desse extraordinário
trabalho. Ele também ocupou a pre-
sidência da Academia Brasileira de
Letras (ABL), durante 34 anos, e do
ConselhodeHonraparaaConstrução
doParlamentoMundialdaFraternida-
deEcumênica,oParlaMundidaLBV,
em Brasília/DF, Brasil.
É de Eleanor Roosevelt esta
reflexão:
Eleanor Roosevelt liderou ativistas
dos direitos civis e políticos do mundo
inteiro. Juntos, puderam transformar
o sonho de uma declaração universal
em realidade. Na foto de 1949, a ex-
-primeira-dama dos EUA mostra pôster
em inglês. Ela foi fotografada também
com as versões em espanhol e francês.
Zilda Arns
ToraMartens
UNPhoto
AustregésilodeAthayde
ArquivoBV
BOA VONTADE 11
12. Gandhi
ReproduçãoBV
Rosa Parks
Divulgação
AngélicaPeriotto
— A liberdade faz uma
exigênciaenormeacadaser
humano. Com a liberdade
vem a responsabilidade.
Para a pessoa que está
relutante em crescer, para a
pessoa que não quer carre-
gar o seu próprio fardo, esta é uma
perspectivaassustadora.(Odestaque
é nosso.)
Grande Família
Humanidade
Almejo que, ainda neste século
21, consigamos consolidar esses
nobres ideais e expandi-los aos
povos da Terra, para que sejam
plenamente vivenciados. E jamais
repetir os séculos anteriores naquilo
em que fracassaram.
Bem a propósito esta
consideração do Mahatma
Gandhi (1869-1948):
— Se quisermos pro-
gredir, não devemos repetir
a história, mas fazer uma
história nova.
Na 58a
edição deste eminente
evento,cujocentrodasproposiçõesé
amulher—comquemaprendemosa
cuidardooutrocomacuradoesmero
esacrifício—,oqueambicionamos
nós senão pedir à Humanidade
mais humanidade para com ela
mesma? Desejamos ver raiar o dia
em que, afinal, nos reconheçamos
como irmãos, componentes de uma
única família, convivendo pacifi-
camente nesta morada
global. Era o que so-
nhavaacostureiraRosa
Parks (1913-2005), ati-
vista dos direitos civis
dos afro-americanos.
Essa destemida mulher,
certa vez, declarou:
— Eu acredito que estamos aqui,
no planeta Terra, para viver, crescer
e fazer o que nós podemos para
que este seja um mundo melhor e
para que todas as pessoas tenham
liberdade.
Costumo afirmar que a humil-
dade é, acima de tudo, corajosa. E
Rosa Parks tornou-se um ícone na
luta pela igualdade racial e pelo fim
do preconceito nos Estados Unidos.
Seugestoaparentementepequeno—
quando,em1o
dedezembrode1955,
serecusouacederlugaraumhomem
branco em um ônibus da cidade de
Montgomery,Alabama—significou
quebrar algemas da tirania do racis-
mo. Àquela época, mesmo havendo
divisão entre assentos para brancos
e negros, estes eram obrigados a se
levantar para os brancos, caso todos
os lugares do veículo estivessem
preenchidos.
Exemploscomoessesóreforçam
o que há décadas repito: valorizar
a mulher é dignificar o homem. E
vice-versa.
Que Deus abençoe este porten-
toso encontro e que as mulheres
alcancem o seu merecido espaço na
sociedade, pois tudo o que de bem
elas apoiam se torna vitória!
Cumprimentamos a excelentíssima senhora Michelle Bachelet pela eleição à presi-
dência do Chile. No registro acima, a ex-diretora-executiva da ONU Mulheres rece-
be a saudação da Legião da Boa Vontade, por intermédio da representante da LBV
Rosana Bertolin. Renovamos à chefe de Estado as nossas felicitações pelo trabalho
cumprido à frente desta entidade das Nações Unidas que tem a missão de promover
a igualdade de gênero e a participação plena da mulher nos assuntos globais. Com
seu empenho, ajudou a estabelecer novas medidas de proteção a mulheres e meni-
nas contra a violência, bem como avanços na saúde e no empoderamento feminino.
paivanetto@lbv.org.br
www.paivanetto.com
Solidariedade e direitos humanos no mundo
12 BOA VONTADE
14. Cartas, e-mails, livros e registros
BOA VONTADE Mulher,
reportagenssignificativas.
Muito boa! A revista [BOA
VONTADE Mulher] traz repor-
tagens significativas, educativas,
profundas, que nos ajudam a refletir
e compreender melhor o nosso pa-
pel nesse fortalecimento, no resgate
da cidadania, no crescimento da
sociedade civil. (Dra. Valma Leite
da Cunha, promoto-
ra de Justiça e coor-
denadora do Centro
de Apoio Operacional
ao Terceiro Setor, do
Ministério Público de
Minas Gerais.)
Vida além da vida
ABOAVONTADE é carregada
de informação e exemplos que rea-
firmam os direitos para o exercício
da cidadania plena. Inspirada nos
valores cristãos, edifica e educa a
cada página. Esteticamente bonita,
oferece-nos um show de ima-
gens e bom gosto, mas, acima de
tudo, exalta que a vida
continua além da vida.
Assim, está imersa de
esperança! Parabéns,
jornalista Paiva Netto e
equipe! (Dr. Alexandre
Rivero, professor, psi-
cólogo e diretor do Consultório
de Psicologia e Ressignificação
Humana, de São Paulo/SP .)
Editorial preciso e tocante
Mais uma vez, surpreendo-me
comaBOAVONTADE.Asurpresa,
sempre positiva, dá-se na escolha
dos temas, como o escolhido agora:
mulher. A figura feminina tem sido
o esteio da família e o caminho que
Com uma carreira de 40 anos no meio televisivo, o jornalista Luis
Erlanger, diretor de análise e controle de qualidade da programação
da TV Globo, lançou em 1o
de abril, no Rio de Janeiro/RJ, seu primeiro
romance, intitulado Antes que eu morra.
Escrita a partir de anotações aleatórias reunidas desde 2009 e com
tom humorístico, a obra é uma mescla de ficção e realidade, por meio
da qual o autor promove reflexões sobre questões humanas de forma
extremamente impactante. O personagem principal narra as próprias
aventuras ao psicanalista, responsável por ouvi-las e publicá-las em um
livro com as transcrições das consultas.
Em concorrida noite de autógrafos, o jornalista recebeu familiares,
amigos e personalidades. Também dedicou um exemplar da obra ao
diretor-presidente da LBV, com a seguinte mensagem: “Caro Paiva Netto,
espero que goste desta aventura de um estreante. Abraço”.
JornalistaLuis Erlanger
lançaseuprimeiroromance
PriscillaAntunes
Jornalista Luis Erlanger na noite de autógrafos de seu livro Antes que eu morra.
vejo para o incentivo à educação, às
boasmaneiras,àhonestida-
de,aovalordotrabalho.Por
meio delas, podemos con-
seguirmuito,especialmente
naquelas famílias despro-
vidas de bens materiais, e,
mais uma vez, o editorial
do dirigente da LBV, Paiva Netto,
é preciso e tocante, chama
a atenção e ressalta esses
valores. Receber a revista
é uma honra e um grande
prazer, pois sempre apren-
demos o valor da solida-
riedade e da liberdade com
Dr.AlexandreRivero
Dra. Valma Leite
MônicaMendes
Dr.JairdeCarvalhoeCastro
NatháliaValério
Divulgação
14 BOA VONTADE
15. No livro Todas as coisas visíveis e invisíveis, a jornalista
e escritora Marcia Peltier conta suas intensas experiências
pelo mundo, transformadas ao longo dos anos em profun-
das reflexões. Lançada em abril na capital fluminense, a
obra apresenta o relato íntimo de uma mulher sempre em
busca da melhor versão de si. Trata da dor da perda; dos
sentimentos de quem é mãe, filha e esposa; dos insights
espirituais; da morte; da fé; da própria identidade; e da
singela alegria de existir.
Representantes da LBV prestigiaram o lançamento,
ocasião em que a autora encaminhou exemplar ao dirigente
da Instituição, com a seguinte mensagem: “Para José de
Paiva Netto, um grande abraço!”.
A mulher no mercado de trabalho, principalmente
aquela que ingressou nele na década de 1980, está
no centro da produção literária da jornalista e em-
presária Ana Paula Padrão. No livro O amor chegou
tarde em minha vida, a autora, com mais de 27 anos
de carreira e dezenas de prêmios conquistados, re-
vela que por trás da jornalista bem-sucedida há uma
mulher profundamente humana, que amadureceu
lidando com inseguranças, dores e desejos.
Durante o lançamento do título em São Paulo/SP,
em abril, ela saudou o diretor-presidente da Legião
da Boa Vontade: “Meu querido Paiva Netto, forte
abraço”.
MarciaPeltierreúne
suasexperiênciaspelo
mundo
AnaPaulaPadrãoea
relaçãodamulherna
sociedade
A jornalista, escritora e apresentadora Marcia Peltier já mediou
debates presidenciais, fez coberturas dos Jogos Olímpicos de
Atlanta e Sidney e da Copa do Mundo de Futebol de 1998.
Com mais de 27 anos de carreira, a jornalista foi âncora
de importantes telejornais do país, na TV Globo, no SBT
e na Rede Record.
João Baptista do Valle
responsabilidade como motivação
de melhoras educacionais e sociais
e o valor da mulher no mercado de
trabalho. (Dr. Jair de Carvalho e
Castro, chefe do serviço de otorri-
nolaringologiada2a
Enfermariada
Santa Casa da Misericórdia do Rio
de Janeiro/RJ.)
Meus sinceros agradecimentos
[à LBV] pela revista BOA
VONTADE. Tenho pro-
fundo apreço pela LBV
e por suas realizações no
amparo às crianças caren-
tes. O mundo seria muito
melhor se os exemplos da
LBV fossem seguidos pela grande
maioria das organizações
governamentais. Que
Jesus os abençoe! (João
BaptistadoValle,membro
do Conselho Deliberativo
da Federação Espírita do
Estado de São Paulo.)
PriscillaAntunes
LuizBarcelos
RosevaltedosSantos
BOA VONTADE 15
16. Os100anosdo
ReidoBaião,por
AudálioDantase
TiagoSantana
Simplesmente Zico
chegaàslivrarias
A cidade de Exu, localizada no interior
pernambucano, na qual Luiz Gonzaga (1912-
1989) nasceu, foi o ponto de partida para sua
carreira artística e para a nova obra literária
do jornalista Audálio Dantas: Céu de Luiz,
lançada em concorrida sessão de autógrafos,
em 29 de abril, no Teatro do Sesc-Pompeia,
na capital paulista. O livro, que tem ilustrações
do fotógrafo Tiago Santana, retrata o univer-
so do Rei do Baião a partir de raízes criadas
com localidades de Pernambuco e do Cariri
cearense, que são uma das regiões mais re-
presentativas da cultura popular do Nordeste.
Representantes da Legião da Boa Vontade
prestigiaram o evento. Na oportunidade, os
autores dedicaram um exemplar do título ao
diretor-presidente da Instituição, com as se-
guintes dedicatórias: “Para Paiva Netto, amigo
e mestre, abraços e o Céu de Luiz também!
Audálio Dantas” e “Para Paiva Netto, toda luz
do Luiz! Um grande abraço. Tiago Santana”.
A jornalista Priscila Ulbrich apresenta, em Sim-
plesmente Zico, de que forma o garoto Arthur Antunes
Coimbra se transformou em um dos maiores jogadores
de todos os tempos e no maior ídolo da história do Clube
de Regatas Flamengo. O ex-atleta recebeu, em março,
personalidades, amigos e leitores em uma livraria, na
zona oeste da capital fluminense, para concorrida sessão
de autógrafos.
Por meio de depoimentos de colegas, entre os quais
Adílio, Júnior e Roberto Dinamite; de técnicos, entre
eles Joel Santana e Valdir Espinosa; e até de fãs, o
leitor conhecerá a carreira e a vida do jogador e os
bastidores que contribuíram para a formação dele. A
obra é uma homenagem do blog Donas da Bola, grupo
formado por mulheres que entendem, informam, opinam
e debatem sobre diversos esportes e que tem Zico como
padrinho da iniciativa.
Representantes da Legião da Boa Vontade prestigia-
ram o lançamento do livro. Na oportunidade, o ex-atleta
e o Donas da Bola encaminharam um exemplar da obra
ao diretor-presidente da Instituição, com as seguin-
tes dedicatórias: “Ao Paiva Netto, com todo carinho.
Zico”, “Para Paiva Netto, um beijo. Rê Graciano”, “Para
Paiva Netto, com carinho. Priscila” e “Para Paiva Netto,
um beijo, Jussara”.
Zico é ladeado, da esquerda para a direita, por Renata Graciano,
Priscila Ulbrich e Jussara Ajax.
O fotógrafo Tiago Santana (E) e o jornalista e
escritor Audálio Dantas lançam o livro Céu de Luiz.
LuizBarcelos
NatháliaValério
Cartas, e-mails, livros e registros
16 BOA VONTADE
17. CarlosChagas
eepisódios
marcantesde
nossahistória
Em sessão de autógrafos na capital
federal, em 26 de fevereiro, o renomado
jornalista e comentarista político Carlos
Chagas lançou o livro A ditadura militar
e os golpes dentro do golpe: 1964-1969.
Nele, o autor une as próprias memórias e
relatos registrados em jornais da época para
abordar, por uma nova perspectiva, esse
período da história brasileira.
Com 490 páginas, o título poderá
ganhar continuação, num volume que co-
brirá os anos de 1970 a 1985. Chagas foi
secretário de imprensa da Presidência da
República durante o governo Costa e Silva
e viveu alguns episódios marcantes, e que
estão retratados na obra.
No lançamento, o escritor retribuiu os
cumprimentos do dirigente da Instituição
com a seguinte dedicatória em um exemplar
do livro: “Para o caro chefe José de Paiva
Netto, com a admiração de Carlos Chagas”.
Presidentedojornal
ValorEconômico
escreveAmortena
visãodoEspiritismo
O presidente do jornal Valor Econômico, Alexandre
Caldini Neto, além de ser um dos mais destacados
executivos da área de negócios e tecnologia, é um
estudioso da doutrina espírita. Em entrevista, no dia
2 de abril, ao programa Vida Plena, da Boa Vontade
TV, o jornalista conversou sobre o seu livro A morte
na visão do Espiritismo. Segundo a obra, o assunto
não é lúgubre e deve ser encarado de forma leve e
natural. Morrer, assim como nascer, é apenas uma
etapa da vida.
O trabalho literário coloca o tema em discussão,
com o objetivo de contribuir para um aprendizado
que ajudará não apenas a lidar melhor com a partida
de quem amamos, mas também com nossa própria
morte, quando esta (novamente) chegar.
O autor encaminhou um exemplar do livro auto-
grafado ao diretor-presidente da Legião da Boa Von
tade, com a seguinte dedicatória: “Caro Paiva Netto,
com carinho, gratidão e meus parabéns pelo belo
trabalho. Tomara que a leitura seja agradável e útil.
Um bom abraço. Caldini”.
O jornalista Alexandre Caldini Neto (D), presidente do jornal Valor
Econômico, e Daniel Guimarães, apresentador da Boa Vontade TV.
O jornalista e conselheiro da Ordem do Mérito da
Fraternidade Ecumênica do ParlaMundi da LBV.
VivianR.Ferreira
JoséGonçalo
BOA VONTADE 17
18. Cartas, e-mails, livros e registros
Ao lado da representante da LBV no lançamento de seu
livro, Bárbara Brito, o fotógrafo Bento Viana destaca a
página da publicação com a imagem do Templo da Paz.
Os autores Beto Junqueyra e Aparecida Liberato recebem
os cumprimentos de Adalgiza Periotto (E) e Isabel Paes
(D), da LBV, que também levaram a eles o abraço fraterno
do dirigente da Instituição, José de Paiva Netto.
BentoVianalança
obracomimagens
aéreasdeBrasília
Numerologiae
sucessoprofissional
Depois de mais de cem horas de voo de
helicóptero e aproximadamente 30 mil cli-
ques, o fotógrafo Bento Viana publicou 200
dessas imagens no livro Do Céu, Brasília,
lançado em 16 de abril, na capital brasileira.
O evento teve a presença de profissionais do
ramo, amigos e familiares do autor.
A obra, organizada como um plano de
voo, inclui fotos aéreas de diversas regiões
e pontos turísticos da cidade, entre os quais
a Zona Central, a Asa Sul, o Lago Norte, a
Praça Portugal e o Templo da Boa Vontade
— o monumento mais visitado da capital fe-
deral, segundo dados oficiais da Secretaria de
Estado de Turismo do Distrito Federal (Setur-
-DF). O retrato do TBV também integrou,
no ano passado, uma exposição de Bento
Viana na sede do Banco do Brasil em Nova
York, nos Estados Unidos.
Ao dirigente da LBV, o fotógrafo autografou
um exemplar de seu livro: “Para o admirável
Paiva Netto, com carinho. Bento”. O autor
ainda escreveu: “Espero que goste da foto da
sua linda obra que enfeita Brasília”.
Estudos mostram que por intermédio das
letras se pode analisar a personalidade de uma
pessoa ou até mesmo de uma marca. É possível,
ainda, visualizar as energias que abrem as portas
para uma trajetória bem-sucedida. O assunto é a
pauta principal do título Você & Cia., de Apare-
cida Liberato e Beto Junqueyra, lançado em 19
de fevereiro, na capital paulista.
“Este livro mostra a importância da marca
pessoal de empresários, executivos. Nele, ensi-
namos, por meio de exemplos, como atrair maior
energia, seja para o executivo, seja para a área
pessoal. O nome traz força”, ressaltou Beto.
Em entrevista à BOA VONTADE, a numeróloga
declarou: “Tenho um apreço enorme pela LBV,
pelo Irmão Paiva Netto e por todos vocês, que
sempre me acolheram desde o primeiro livro que
lancei. Só tenho a agradecer muito a presença
de vocês. Um beijo a todos”.
Ainda na oportunidade, os autores dedicaram
um exemplar da obra ao dirigente da Instituição,
com as seguintes mensagens: “Querido Irmão
Paiva, meu carinho e admiração. Aparecida
Liberato” e “Irmão Paiva, é sempre uma grande
alegria ter a companhia e a energia de vocês.
Abraço, Beto”.
JoséGonçalo
LuizBarcelos
18 BOA VONTADE
19. Fotos:LedilaineSantana
Um grupo de crianças e adolescentes atendidos pela Legião da
Boa Vontade, por meio dos programas socioeducacionais da Instituição, em
Uberlândia/MG, tiveram uma aula especial sobre o Código de Proteção e
Defesa do Consumidor com o superintendente do Procon na cidade, Frank
Resende. O encontro ocorreu em 12 de março, no Centro Comunitário de
Assistência Social da LBV, e, logo depois da aula, a garotada seguiu para
um supermercado a fim de pôr em prática o conhecimento adquirido.
Com papel e caneta nas mãos, o grupo passou pelas gôndolas anotando
a data de validade dos produtos, a condição dos alimentos, o preço das mer-
cadorias, entre outros tópicos de interesse dos clientes. “Foram muito boas a
palestra e a atividade no supermercado. Na LBV, eu aprendo sobre respeito
ao próximo, ajudo minha família e melhorei na escola”, disse João Vitor
Alves, de 13 anos, participante do programa Criança: Futuro no Presente!.
Mariozan Luiz, gerente do supermercado, elogiou o programa da Ins-
tituição: “Parabenizo a LBV por esse trabalho bom e importante, tirando
as crianças da rua. Se todos colaborarem um pouco, o futuro delas será
bem melhor”.
A ação faz parte da atividade de educação financeira desenvolvida pela
LBV de parceria com o projeto Procon Educador. A iniciativa foi destaque na
mídia local, sendo divulgada pela TV Paranaíba (afiliada da Rede Record) e no
site da prefeitura de Uberlândia. Ao término da visita, a garotada homenageou
Frank Resende. “Estou muito feliz com a parceria com a LBV. É um prazer
trabalhar com vocês. Faço questão de apoiar os projetos da Legião da Boa
Vontade, porque sei da importância
desta instituição”, disse ele.
Depois da palestra sobre o Código de
Proteção e Defesa do Consumidor,
crianças e adolescentes atendidos
pela LBV puseram em prática o que
aprenderam, fiscalizando a aplicação
da lei em um supermercado.
Fiscais por um dia
A TV Paranaíba (afiliada da Rede Record) registra aula prática, de crianças
atendidas pela LBV, realizada de parceria com o Procon, em um supermercado.
O psiquiatra e educador Içami
Tiba lançou, em 11 de abril, na
capital paulista, a obra Educação
Familiar — Presente e Futuro. A
sessão de autógrafos foi bastante
concorrida e reuniu personali-
dades, educadores e amigos do
autor.
O livro aborda aspectos dos
mais simples aos mais contro-
versos da árdua, porém gratifi-
cante, tarefa de educar. Ainda
discorre sobre a necessidade
de uma educação sustentável,
abrangendo os valores, pilares
e objetivos desta e avaliando si-
tuações comuns e presentes em
todos os núcleos familiares.
Durante o lançamento da
obra, o qual também teve a pre-
sença de representantes da LBV,
o educador autografou assim um
exemplar do título ao diretor-
-presidente da Instituição: “Ao
mestre Paiva Netto, com todo
carinho e gratidão, o abraço do
seu seguidor. Tiba”.
IçamiTiba
defende
educação
familiar
LuizBarcelos
BOA VONTADE 19
20. S ã o p a u l o / S P
Escola aliada da
Cultura de Paz
Diretor-presidente da Cortez Editora e equipe de professores da PUC
visitam Conjunto Educacional Boa Vontade, na capital paulista.
Cartas, e-mails, livros e registros
Visitantes e algumas das crianças do Conjunto Educacional Boa Vontade. Ao fundo e à esquerda, observa-se esta máxima de
Aristóteles (384-322 a.C.), grafada em letras douradas: “Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano
acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”. Essa reflexão foi orientada pelo
dirigente da LBV a ser grafada neste grande totem, ao lado do frontispício, em destaque na unidade.
20 BOA VONTADE
21. Visite, apaixone-se
e ajude a LBV!
OConjuntoEducacionalBoaVontade estálocalizadonaAvenidaRudge,630/700
—BomRetiro,emSãoPaulo/SP.Paraoutrasinformações,ligue:(11)3225-4500.
O
diretor-presidente da Cortez
EditoraeLivraria,JoséXavier
Cortez, e a dra. Ivani Fazen-
da, professora titular da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP), conheceram, no dia 8 de
maio, o Conjunto Educacional Boa
Vontade, que abrange a Supercreche
JesuseoInstitutodeEducaçãoJoséde
Paiva Netto. Eles foram acompanha-
dos pela escritora Silmara Casadei
e pela ilustradora Lisie De Lucca
— mestres em Educação e autoras
da obra infantil Como um rio — O
percurso do menino Cortez —, e por
integrantes do Grupo de Estudos e
Pesquisa em Interdisciplinaridade
(Gepi), criado pela dra. Ivani.
A equipe foi recepcionada pelo
Grupo de Instrumentistas
InfantojuvenilBoaVontade
epeloCoralEcumênicoIn-
fantojuvenil Boa Vontade,
formados por alunos do
estabelecimento de ensino.
Além de uma canção de
boas-vindas, as crianças entoaram
uma música na Língua Brasileira
de Sinais (Libras), resultado do
que aprenderam nas aulas dessa
linguagem.
Após a apresentação, conhe-
ceram as novas instalações da
Biblioteca Bruno Simões de Paiva.
No local, Cortez e as professoras
SilmaraeLisieministrarampalestra
para alunos do 5o
ano do ensino fun-
damental. No bate-papo, eles conta-
ram sobre o processo de criação do
referido livro que traz a história do
dirigente da editora.
“Para mim, foi um
momento especial. Fiquei
surpreendido [com o tra-
balho]. Com escolas como
esta, é possível ter um Bra-
sil melhor. Hoje tive uma
oportunidade rara, pois
este ambiente é muito educativo”,
destacou Cortez.
Durante a visita, o grupo tam-
bém tomou contato com a prática
da proposta pedagógica da LBV
(formada pela Pedagogia do Afe-
to e pela Pedagogia do Cidadão
Ecumênico — leia mais na p. 94),
criada pelo educador Paiva Netto
e aplicada nas escolas e Centros
Comunitários deAssistência Social
da Instituição. Nela, a preocupação
com a formação integral do ser
humano (Espírito-biopsicossocial)
une “Cérebro e Coração”, ou seja,
sentimento e raciocínio, visando a
uma aprendizagem significativa,
que convida o educando a tornar-
-se partícipe da construção de uma
Cultura de Paz.
“Fuivisitandocadasaladeaula
e senti-me gratificada
por ter tido esta manhã
fantástica. Este espaço
é como se fosse uma
cidadedaBoaVontade,
situadaemumailhade
Paz, em que a raciona-
lidadeestámisturadacomoafeto”,
afirmou a dra. Ivani.
Sobre a linha pedagógica da Le-
giãodaBoaVontade,Lisiedestacou:
“A educação estética é aquela que
nos mobiliza em todos os âmbitos
humanos, e este Conjunto Educa-
cional cumpre esse objetivo, porque
há essa preocupação de mobilizar
os alunos emocional, racional e
espiritualmente”. Vale mencionar
que a professora participou, no
ano passado, do 12o
Congresso
Internacional de Educação da LBV,
no qual palestrou sobre o tema “A
experiência estética como caminho
para a semeadura do entusiasmo
pelo conhecimento”.
Entusiasmada com o trabalho
oferecido às crianças e aos jovens
atendidos na unidade de ensino,
a educadora Silmara disse: “Foi
uma manhã de muitas emoções.
Nós sentimos um ambiente muito
aquecido,favorávelàamorosidade,
que é algo tão necessário para o
desenvolvimento do ser humano”,
completou.
“Para mim foi um
momento especial. Fiquei
surpreendido [com o
trabalho]. Com escolas
como esta, é possível ter
um Brasil melhor. Hoje
tive uma oportunidade
rara, pois este ambiente
é muito educativo.”
José Xavier Cortez
Diretor-presidente da Cortez Editora
e Livraria
José Xavier Cortez
Dra. Ivani Fazenda
LuizBarcelos
Divulgação
BOA VONTADE 21
22. Cartas, e-mails, livros e registros
A
maior autoridade no Brasil
quando o assunto é interdis-
ciplinaridade escolar, a pro-
fessoradra.IvaniCatarinaArantes
Fazendaconvidoumestres,doutores
e educandos para participar do livro
Interdisciplinaridade: pensar, pes-
quisar e intervir. O título aprofunda
e amplia a obra organizada por ela
e publicada em 2001 pela Cortez
Editora intitulada Dicionário em
construção: interdisciplinaridade.
O conteúdo está em forma de súmu-
las, as quais podem ser consultadas
de maneira individualizada. Elas
representam a reflexão, a pesquisa
e a intervenção desenvolvidas sobre
interdisciplinaridade pelos 36 pes-
quisadores,orientandoseintegrantes
do Grupo de Estudos e Pesquisas
em Interdisciplinaridade (Gepi), da
Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). Destinado ao
público das mais variadas áreas do
conhecimento, o livro é um convite
ao aprofundamento em questões
tratadas por estudiosos de diversas
vertentesquebuscamestratégiaspara
a realização de diferentes desafios.
Conhecedora da proposta educa-
cional criada pelo diretor-presidente
da Legião da Boa Vontade, José
Educação com Espiritualidade
integra livro sobre
interdisciplinaridade
de Paiva Netto, a qual promove
um ensino comprometido com a
formação integral do ser humano,
a dra. Ivani convidou a supervisora
da linha pedagógica* da Instituição
e diretora do Conjunto Educacional
Boa Vontade, localizado na capital
paulista, a doutoranda em Educação
MariaSuelíPeriotto,paraparticipar
dacomposiçãodolivro,abordando o
tema “Espiritualidade”.
Na manhã de 13 de março, a
dra. Ivani e a coordenadora técnica
Herminia Prado Godoy reuniram-
-se com alguns dos colaboradores
da obra para o lançamento desta
em São Paulo/SP. Na ocasião, de-
dicaram um exemplar do título ao
diretor-presidente da LBV, com as
seguintes mensagens: “Ao grande
amigo Paiva Netto, reconhecimento
e gratidão. Ivani” e “Ao sr. Paiva,
com carinho e gratidão pelo apoio
ao nosso trabalho. Herminia”.
* É composta da Pedagogia do Afeto (dirigida a crianças de até os 10 anos de idade) e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico (que abrange
a educação dos indivíduos a partir dos 11 anos). Aplicado nas escolas e nos programas socioeducativos da Legião da Boa Vontade, tanto
no Brasil quanto no exterior, esse modelo de ensino, que alia “Cérebro e Coração”, segundo afirma o próprio dirigente da LBV, se funda-
menta “nos valores oriundos do Amor Fraterno, trazido à Terra por diversos luminares, destacadamente Jesus, o Cristo Ecumênico, o
Divino Estadista”.
Sentadas, a dra. Ivani Catarina Arantes Fazenda (D) e a coordenadora técnica
Herminia Prado Godoy, são ladeadas por Isabel Paes (E), representante da LBV, e
Maria Suelí Periotto, diretora do Conjunto Educacional Boa Vontade.
LuizBarcelos
22 BOA VONTADE
23. NatháliaValério
O
consagrado jornalista baiano
SebastiãoNery,umdosmais
respeitados da atualidade,
lançou, em 19 de maio, o título Nin-
guém me contou, eu vi — de Getúlio
aDilma(GeraçãoEditorial)suamais
nova obra literária. Durante a con-
corrida noite de autógrafos, na zona
sul da capital fluminense, o autor
recebeuleitores,familiareseamigos.
Olivro,queenglobaseisdécadas
dehistória,formaumarquivodebio-
grafias de grandes nomes da política
brasileira, desde Getúlio Vargas
até a presidenta Dilma Rousseff. O
autor reúne na obra seus melhores
textos, revelações e reminiscências,
que ajudam a entender o Brasil dos
últimos 60 anos.
Sebastião Nery dedica o título
literário especialmente a três pes-
soas: seu amigo Cláudio Leal, que
o incentivou; sua esposa, Beatriz
Rabello; e ao diretor-presidente da
Legião da Boa Vontade, José de
PaivaNetto,queatua,deacordocom
oautor,“hámeioséculoespalhando
o bem desde a nossa saudosa Rádio
Mundial*”, escreveu, referindo-se
aos mais de 58 anos de trabalho do
dirigente na LBV.
AmigodelongadatadaInstituição
e de seu diretor-presidente, o cronista
reforçou esses antigos laços de ami-
zade que os une. À Super Rede Boa
Vontade de Comunicação (rádio,TV,
internet e publicações), relembrou da
Veterano jornalista Sebastião Nery conta
a história do Brasil nos últimos 60 anos
* Rádio Mundial — Emissora da Boa Vontade liderada pelo saudoso jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur, entre 1956 e 1966. Sob
o comando de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor, foi criada a Super Rede Boa Vontade de Comunicação, composta por dezenas
de Emissoras da Boa Vontade: rádio e TV; além de diversas publicações e de portais na internet, em vários idiomas, para comunicar a
mensagem ecumênica do Amor Fraterno ao coração da audiência.
épocaemqueteveoprimeirocontato
com a LBV: “Alguém me disse para
ir à Rádio Mundial e conversar com
Alziro Zarur. Eu fui e ele me recebeu
muito gentilmente. Lá, eu conheci o
Paiva Netto, que era um jovem (mais
jovem do que eu), e que trabalhava
[na Legião da Boa Vontade], lá na
RádioMundial.Trabalhamosjuntos!
Eutenhoumalembrançadegratidão,
pois quando você arranja um empre-
go e encontra pessoas que tratam de
você, que esquecem que você saiu da
cadeia, mas que recebem como se
você fosse um cidadão (o que eu era,
um jornalista que fora perseguido).
Aí eu conheci o Paiva Netto, cujo
trabalho sempre admirei”.
O escritor recordou-se também
da época em que atuou como adido
culturaldoBrasilemParis,nadécada
de 1990. Neste período, conheceu a
ação socioeducacional desenvolvida
pela Entidade. “A LBV, na ocasião,
eraaúnicainstituiçãobrasileiraque
fazia parte do Conselho de Direitos
Humanos da ONU [Conselho Eco-
nômico e Social das Nações Unidas
— Ecosoc]. Eu via o prestígio e o
respeito dela. É respeitadíssima!
Ninguém me contou, eu vi. Eu esta-
va lá porque era o meu trabalho”,
comentou. Desde então, a Legião
da Boa Vontade continua atuante no
Ecosoc, nas Nações Unidas (ONU).
Na sequência, concluiu: “Paiva
Netto é muito interessante e simpá-
tico falando sobre os livros. É, na
verdade, um homem que representa
o Brasil. Quando ele chega com a
LBV, ele representa o país”.
O jornalista autografou ainda um
exemplar da obra, com a seguinte
mensagem: “Mestre Paiva Netto,
que honra lhe mandar este livro que
também é seu”.
BOA VONTADE 23
24. A
Legião da Boa Vontade
marcou presença no lan-
çamento em Minas Gerais
da campanha internacional Ponto
Final na Violência contra Mulhe-
res e Meninas, realizado em 28 de
março, no auditório da Associação
Mineira do Ministério Público, na
capital do Estado. Promovida nessa
unidadedaFederaçãopeloConselho
EstadualdaMulher(CEM),órgãoda
Secretaria de Estado do Trabalho e
DesenvolvimentoSocial(Sedese),e
Evento reúne autoridades para discutir violência contra o gênero feminino
coordenada pela Rede Nacional Fe-
ministadeSaúde,DireitosSexuaise
Direitos Reprodutivos, com o apoio
da Rede de Homens pela Equidade
de Gênero (RHEG) e da ONG Co-
letivo Feminino Plural, a iniciativa
—quetambémocorrenaBolívia,na
Guatemala, no Haiti e em países da
ÁsiaedaÁfricaeteveinícionoBra-
sil em 2010 e busca não só ampliar
a discussão sobre o assunto, mas
também criar condições para que o
debate chegue a todas as mulheres,
demodoqueajudeaconscientizá-las
egerepossibilidadesdeintervenção.
No encontro em Belo Horizonte,
os participantes receberam a revista
BOA VONTADE Mulher, que
apresenta, em quatro idiomas (es-
panhol, francês, inglês e português),
as contribuições da LBV para a pro-
moção da igualdade de gêneros. Por
reconhecer a extrema importância
das mulheres no pleno desenvolvi-
mento das respectivas famílias e na
construção de uma sociedade justa e
Pelosdireitos
da mulher
MônicaMendes
Cartas, e-mails, livros e registros
24 BOA VONTADE
25. sença, pelo apoio e espero que se
integrem nesta campanha para que
façamos a diferença”.
Quem também esteve no lan-
çamento foi a conselheira tutelar
Maria da Piedade, que disse co-
nhecer as ações da LBV há algum
tempo. “Vocês fazem um trabalho
muito bonito. É interessante que
todas as mulheres possam receber
[a revista]. Elas precisam saber dos
seus direitos”, completou.
Para Jeanete Mazzieiro, secre-
tária-executiva do Fórum
de Mulheres do Mercosul
no Brasil, foi bom reen-
contrar representantes da
LBV após a apresenta-
ção da BOA VONTADE
Mulher na 58a
sessão
da Comissão sobre a Situação da
Mulher, realizada de 10 a 21 de
março, na sede da Organização
das Nações Unidas em NovaYork,
EUA. “Fiquei feliz ao chegar aqui
e ver a revista, porque eu estive na
ONU, na Comissão do Itamaraty,
representando o Conselho Nacio-
solidária, a Instituição oferece a elas
programas socioeducacionais que
as capacitam a fim de que possam
incrementar a renda familiar, bem
como fomentam o aprendizado, a
troca de experiências e a melhoria
daautoestima.Alémdisso,incentiva
a participação efetiva das atendidas
na sociedade com vistas à garantia
dos direitos e dos deveres delas e à
superação da pobreza, da fome, do
isolamento, da violência doméstica
e de outros desafios.
Sobre a presença da
LBV no evento e a pu-
blicação especial, Neu-
sa Cardoso de Melo,
presidente do Conse-
lho Estadual da Mulher
(CEM), declarou: “É
muito bem-vinda a Legião da Boa
Vontade. Espero que possamos
criarcondiçõesparaqueaviolência
tenha um fim. A revista é muito
boa, bem editada, com conteúdo
excelente. É muito importante que
vocês [da Instituição] participem
deste processo. Obrigada pela pre-
A presidenta Dilma Rousseff deu posse, em 1o
de abril, à nova ministra
da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli
Salvatti. Realizada no Palácio do Planalto, em Brasília/DF, a cerimônia
teve a presença de ministros, autoridades, deputados, embaixadores,
jornalistas e representantes de outros setores da sociedade.
Representantes da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo e
da Legião da Boa Vontade participaram da solenidade de transmissão de
cargo ministerial. Na ocasião, a ministra Ideli recebeu folheto com o artigo
“Religião não rima com intolerância”, do dirigente da LBV, a BOA VONTADE
Mulher e o documento “Direitos Humanos: a união de todos pela Paz”, com
as contribuições da Religião Divina sobre o tema.
MinistraIdeliSalvattina
SecretariadeDireitosHumanos
NeusaCardosodeMelo Jeanete Mazzieiro
Fotos:MônicaMendes
JoséGonçalo
nal dos Direitos da Mulher, e lá
recebi a publicação, que estava
sendo lançada. O caminho é este:
unir as forças, caminhar para que
a gente consiga acabar com essa
violência sem tamanho”, afirmou.
A professora Ileana Nico-
li França, da Escola Professor
CaetanoAzeredo, levou estudantes
do 9º ano do ensino fundamental
para que acompanhassem o debate.
“Estes alunos vão multiplicar as
informações recebidas aqui para
os demais alunos da esco-
la”, salientou.
Cabe mencionar que
a Legião da Boa Vontade
mantém na capital mineira
um Centro Comunitário de
Assistência Social, onde
são empreendidas diversas ativi-
dades em prol do gênero femini-
no. Outras informações sobre o
trabalho desenvolvido na unidade
— situada na Avenida Cristiano
Machado, 10.765, Planalto —
podem ser obtidas pelo tel. (31)
3490-8101 ou no site www.lbv.org.
BOA VONTADE 25
26. Opinião — Terceiro Setor em foco
Lucro social
Negócios
Airton Grazzioli
“Setor Dois e Meio”, a face renovada do capitalismo.
sociais
N
o ano de 1976, de uma ini-
ciativa do professor de eco-
nomia Muhammad Yunus,
da Universidade de Chittagong,
Bangladesh,surgiuumaexperiência
inovadora a partir do empréstimo de
27 dólares para 42 mulheres da al-
deia de Jobra, a fim de permitir-lhes
adquirir matéria-prima para confec-
çãodeartesanatoetambémlivrar-se
deempréstimosobtidoscomagiotas
locais, para quem o grupo de mu-
lheres pagava com a entrega de sua
produção,numamargemmínimade
lucro,emregimedetrabalhoanálogo
à escravidão.
Para surpresa do professor, to-
das as beneficiárias do empréstimo
quitaram as parcelas pontualmen-
te, o que lhe deu a ideia de que o
processo poderia ser multiplicado
indefinidamente. E de fato isso
ocorreu, pois em 1983 surgiu o pro-
jeto social denominado “grameen
Divulgação
26 BOA VONTADE
27. VivianR.Ferreira
AirtonGrazzioli
ébacharelem
Direitopela
Faculdade
deDireitoda
Universidade
deSão
Paulo(USP).
Especialistaem
DireitosDifusos
eColetivospela
EscolaSuperiordoMinistérioPúblico
doEstadodeSãoPaulo(ESMP-SP).É
mestreemDireitoCivilpelaPontifícia
UniversidadeCatólicadeSãoPaulo(PUC-
SP).AlémdesermembrodoMinistério
PúblicodoEstadodeSãoPaulo,promotor
deJustiçaecuradordeFundaçõesdeSão
Paulo,vice-
-presidentedaAssociaçãoNacionaldos
ProcuradoresePromotoresdeJustiça
deFundaçõeseEntidadesdeInteresse
Social(Profis).
credit”,quedeuorigemaoGrameen
Bank, conhecido mundialmente por
Banco Rural. A empreitada tirou
da pobreza milhares de famílias e
rendeu a Yunus o Prêmio Nobel da
Paz, em 2006.
Atualmente, 90% das ações
desse banco pertencem às popula-
ções rurais pobres que ele atende, e
10%, ao governo. Conta com 2.564
agênciasemBangladesh,eométodo
Grameen é aplicado em 58 países,
incluindo Estados Unidos, Canadá,
França, Holanda e Noruega. Até
2011,ainstituiçãohaviaemprestado
oequivalenteamaisde11,35bilhões
de dólares a mais de 8,5 milhões
de mutuários, sendo 96% deles
mulheres. A taxa de inadimplência
é inacreditável, algo em torno de
apenas 1,15%, o que implica dizer
que o banco recebe quase 100% dos
empréstimos concedidos.
Trata-se do caso de sucesso
de uma organização pioneira do
Segundo Setor que, estimulada
pelo lucro responsável e pelas
maravilhas do mundo financeiro,
leva oportunidades a quem destas
necessita e se faz merecedor delas.
Percebe-se, assim, que a instituição
financeira é especial, pois tem por
objetivo aliviar a pobreza com um
inovador modelo bancário de mi-
crocrédito.
A inovação também se deu por
demonstrar que uma empresa não
precisa ter como fim exclusivo o lu-
cro. Ela pode ser, ao mesmo tempo,
socialmente responsável e voltada
para o Terceiro Setor como modelo
de negócio, na medida em que seu
objetivo pode ser o atendimento a
um especial interesse social.
Hoje, o Grameen Bank é festeja-
do como uma pioneira iniciativa do
“SetorDoiseMeio”,aoelaborarum
novo conceito de lucro e dos ganhos
de mais-valia. Nesse contexto, há os
quecreemseronegóciosocialaface
renovada do capitalismo — este, de
tempos em tempos, absorvido por
crises, necessita mesmo de reno-
vação, de novas expansões e novas
faces.
Gestão social
O “Setor Dois e Meio” exige um
modelo especial e eficiente de ges-
tão de empresas (que pertencem ao
Segundo Setor) para gerar impacto
social(finalidadedoTerceiroSetor),
criando um modelo inovador, deno-
minado de “empresa social”.
Há muitos exemplos de empre-
sas sociais, cujos gestores buscam,
por maneiras sustentáveis e inova-
doras de desenvolvimento econô-
mico e social, unir o melhor dos
dois mundos. Procuram conciliar
a eficiência das empresas com a
finalidade social das organizações
do Terceiro Setor, dando margem a
um modelo novo — de empresário
social e de negócio social.
O professor Muhammad Yunus ouve alguns dos mutuários-proprietários em um
encontro local.
Divulgação/GrameenFoundation
BOA VONTADE 27
28. Esse tipo de atividade exige que
produtos e serviços produtivos e
lucrativosestejamalinhadoscomob-
jetivos sociais. Em outras palavras,
que estejam focalizados na geração
de impacto social positivo. O lucro
não é esquecido, mas alinhado ao
impactosocial,ouseja,quantomaior
o impacto social gerado, maior o
retorno econômico. É uma maneira
singular de colocar o ambiente dos
negócios atrelado à obtenção de
benefícios sociais.
NosEstadosUnidosenaEuropa,
o negócio social está mais avança-
do que no Brasil, cujas iniciativas
ainda são recentes. Lá, já existem,
inclusive, canais de investimento
na área, tais como fundos de venture
philanthropy e de venture capital
(financiamento externo aplicado a
programas sociais de organizações
e empresas), que empregam recur-
sos com perspectivas de retorno
econômico vinculado ao social,
ambos mensuráveis. O perfil dos
investidores, por sua vez, é o mais
diverso, pois varia de filantropos a
investidores altamente interessados
em retorno financeiro.
Nos países onde os negócios so-
ciaisestãoemestágiomaisavançado,
não passou despercebido ao governo
que estruturas públicas de apoio go-
vernamental são essenciais para ala-
vancarasiniciativasnessaseara,tanto
com políticas públicas quanto com
instrumentos legais de regulação es-
pecial.Iniciativasnessalinhatendem
aatrairempreendedores,investidores
sociaisefundosdeinvestimento,para
aplicação dos respectivos capitais na
crença do potencial de geração de
impacto e retorno que os negócios
sociais possuem.
O mercado de baixa renda, por
seu turno, é o terreno mais propício
para os negócios sociais, com um
espírito diferenciado do tradicional
capitalismo.Nosnegóciossociaisse
entendequeasuarazãoégeraraces-
sos, criar oportunidades inovadoras
para enfrentamento de problemas
da sociedade e, assim, conduzir a
própria transformação social.
Os negócios sociais não são a
negação dos negócios tradicionais.
Eles se apoiam justamente na lógica
da competitividade e da eficiência
dos negócios tradicionais para so-
lução dos problemas sociais. Mas
é imprescindível que eles sejam
autossustentáveis,obtendosuarenda
apartirdacomercializaçãodeprodu-
toseserviços.Édolucrodonegócio
quesepodeaferirasuaeficáciaeseu
potencial de ganhar escala. Quanto
maior o lucro, maior o potencial de
investimentoemexpansão,emaber-
tura de novas frentes e unidades, de
alcance de novos clientes, ou seja,
maior será o seu impacto social.
A deliberação dos sócios sobre
distribuir ou não os lucros é livre e
discricionária. Um negócio social
pode ou não distribuir seus resul-
tados, conforme o interesse dos
investidores na operação em retirar
ounãoolucroparausufrutopróprio.
O lucro, por sua vez, não é con-
siderado algo ruim, na visão dos
negóciossociais.Issoporque,quanto
maior for o lucro obtido, maior será
a transformação social gerada. Em
outras palavras, o negócio social
permiteacirculaçãoderiquezaentre
osdoismundos(SegundoeTerceiro
Setores):abreemovimentaomerca-
do, mediante a expansão do capital;
e beneficia as comunidades e planos
coletivos com riqueza social.
Nesse contexto, não se pode
esquecer de que os negócios sociais
são uma alternativa viável para em-
preendedores interessados em atuar
no mercado e, ao mesmo tempo,
contribuir, com o próprio modelo de
negócio, para a construção de uma
sociedade mais justa.
Indiana recebe, feliz, o empréstimo do Grameen Bank.
Divulgação/GrameenFoundation
Opinião — Terceiro Setor em foco
28 BOA VONTADE
29. Voluntariado
S
e for considerado o número
absoluto de sua população,
o Brasil* está entre as dez
nações do planeta com mais vo-
luntários (cerca de 34 milhões),
segundo o levantamento “World
Especialista diz que o Brasil vem se firmando na questão
e destaca a atuação jovem no setor
Culturadevoluntariado
Giving Index 2013 — Uma vi-
são global das tendências de
doação”. Apesar disso, o mesmo
estudo encomendado pela orga-
nização britânica Charities Aid
Foundation (CAF) ao instituto
de pesquisa Gallup World Pool
e realizado com 155 mil pessoas
em 135 países, revela que nossa
pátria está apenas na 91a
posição
no ranking dos povos mais gene-
rosos. De acordo com o trabalho,
* O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, com mais de 190 milhões de habitantes, de acordo com dados do Censo 2010, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dra. Lúcia Maria Bludeni
Mariane de Oliveira Luz | Fotos: Vivian R. Ferreira
BOA VONTADE 29
30. vem ter para evitar problemas
futuros?
Dra. Lúcia — A primeira
condição para que um voluntário
busque prestar um serviço — por-
que, na verdade, é um serviço que
ele está prestando, mas de forma
gratuita, voluntária — é frequentar
a organização. Ele precisa gostar
da causa, identificar-se com as
ações que a Entidade desenvolve e
também observar a seriedade com
que agem todos os dirigentes dela.
Quando a Organização está estru-
turada, ela costuma implementar
programas de voluntariado. A en-
tidade que tem uma ou várias áreas
que podem absorver aquele serviço
voluntário, normalmente, fará uma
entrevista, uma triagem; vai pro
curar saber o que o voluntário gosta
de fazer. O voluntário é uma pes-
soa que está com disposição, com
Amor; que quer dedicar-se, doar
o que tem de melhor, contribuir e
fazer a diferença.
BV — É importante assegurar-
-se da seriedade da organiza-
ção?
Dra. Lúcia — A questão da
segurança é para os dois lados.
O voluntário precisa saber para
quem ele vai doar o precioso
tempo dele. Em contrapartida,
a Organização deve ter cautela.
O voluntário precisa assinar um
termo de adesão, porque a Enti-
dade pode estar deparando-se, de
repente, com uma pessoa que não
está interessada em ajudar, mas
em promover, eventualmente,
uma ação trabalhista, dizendo
que tinha vínculo com a organi-
zação. O termo de adesão deixa
claro que é um voluntário, não um
empregado; é uma garantia for-
mal, tanto para a Entidade como
para o voluntário.
BV — Quais os limites para que
o voluntário atue numa orga-
nização sem que seja gerado
vínculo empregatício?
Dra. Lúcia — O direito do tra-
balho busca o contrato-realidade.
O que é isso? Eu sou empregador
e vou utilizar-me da energia e
da força de trabalho de meu em-
pregado. Em contrapartida, vou
remunerá-lo, conduzir a energia
e a força de trabalho dele, porque
ele tem pessoalidade, não eventu-
alidade. O voluntário, dependendo
da estrutura da Organização,
também tem horário e dias certos
para trabalhar; muitas vezes usa
uniforme, mas não tem remune-
ração. Não existe a condição de
onerosidade; ninguém está pagan-
do por aquela energia e força de
serviço. Ele está doando; não tem
a contrapartida financeira, embora
siga um programa.
BV — Não há grande diferença
entre o trabalho remunerado
e o voluntariado, a não ser, é
claro, o volume de exigências?
Dra. Lúcia — É diferente,
porque no trabalho normal você
tem metas a cumprir; existem
exigências claras. Agora, como
hoje tudo se profissionaliza, até
o voluntário está se profissiona-
lizando, diante de tantos requisi-
tos, para que ele funcione legal,
porque também não adianta você
ter um voluntário que chega lá e
não vai contribuir.
divulgado em 3 de dezembro do
ano passado, pelo Instituto para o
Desenvolvimento do Investimen-
to Social (Idis), lideram a referida
lista, em ordem decrescente, os
Estados Unidos da América, o
Canadá, o Myanmar, a Nova Ze-
lândia e a Irlanda.
Para mostrar a importância do
voluntariado e incentivar o exer-
cício dele, a BOA VONTADE
conversou com a dra. Lúcia Maria
Bludeni, presidente da Comissão
de Direito do Terceiro Setor da
Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB-SP). Na ocasião, ela falou
sobre os trâmites que cidadãos e
organizações, entre estas hospitais,
escolas, institutos, associações e
fundações, precisam seguir para
contar com o trabalho voluntário
e para que a relação entre eles se
dê conforme a legalidade. A se-
guir, os trechos mais marcantes da
entrevista.
BOA VONTADE — Quais as
principais precauções que
voluntário e organização de-
O voluntário é uma
pessoa que está
com disposição,
com Amor; que quer
dedicar-se, doar o
que tem de melhor,
contribuir e fazer a
diferença.
Voluntariado
30 BOA VONTADE
31. BV — Quando um adolescente,
incentivado pela família, dese-
ja ser voluntário, o que precisa
ser feito?
Dra. Lúcia — Só o termo de
adesão é suficiente. Você lembrou
muito bem: ser voluntário, ser so-
lidário é uma questão de cultura. O
Brasil está desenvolvendo a passos
largos essa cultura do voluntariado.
(...)Acho que existe uma consciên-
cia bastante clara, e o jovem, o ado-
lescente deve ser voluntário. O que
é ser um escoteiro, por exemplo? É
aprender a ser um voluntário, entre
outras coisas.
BV — Contadores e advogados
com responsabilidades na ges-
tão das instituições podem ser
voluntários?
Dra. Lúcia — Podem. Na OAB
de São Paulo, temos a chamada
Resolução Pro Bono, que diz que
o advogado ou a sociedade de ad-
vogados pode prestar serviços para
organizações sem fins lucrativos
que não tenham condições de pagar
honorários para o profissional ou
para a sociedade de advogados.
A grande questão é a seguinte: o
advogado presta serviço para a
Entidade, não para os beneficiários
da Entidade, porque ONG não
é uma sociedade de advogados.
Há uma legislação específica que
regulamenta a atividade profissio-
nal. É regulada pela lei federal que
institui o Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil.
BV — Gostaria de deixar um
recado final?
Dra.Lúcia—Nãoédehojeque
acompanho as atividades da Legião
Ser voluntário,
ser solidário é
uma questão de
cultura. O Brasil
está desenvolvendo
a passos largos
essa cultura do
voluntariado.
da Boa Vontade. A gente tem uma
relação bastante próxima com a
Organização. Gostaria de agrade-
cer pelo convite para a entrevista.
Quero deixar registrado o seguinte:
o Terceiro Setor é um segmento
que vive com muitas doações e
também com voluntários, mas que
se profissionaliza muito, emprega
muitas pessoas, se descortina como
mercadodetrabalhoparaaspessoas
e, por vezes, recebe o fomento do
próprio Estado. Costumo dizer que
ter direito a direitos fundamentais,
à cidadania exige investimento
em pessoas e voluntários, finan-
ciamento... A gente não pode ficar
cultuando a pobreza; a gente tem
que cultuar direitos, deveres e obri-
gações para que as coisas possam
dar certo.
BOA VONTADE 31
32. F
amoso por seus bordões, ditos tanto durante as
partidas esportivas que narra quanto nos progra-
mas diários que apresenta, entre os quais “Se o
jogotánatevê,agenteseligaemvocê!”e“Seja
paciente na estrada, para não ser paciente no
hospital!”,ojornalistaeradialistaJoséCarlosAraújo,
ou simplesmente Garotinho, designação pela qual
também é conhecido, tem uma das vozes mais desta-
cadas e respeitadas do rádio brasileiro. Esse locutor
carioca completou, em 1º de abril deste ano, 50 anos
de carreira (42 deles na Rádio Globo) e, no dia 7 de
maio, 74 anos de idade. Momentos marcantes não
Abrindo o coração
Jubileu de Ouro
meio
Locutor José Carlos Araújo festeja
data histórica com novos desafios
século
~ ~
PriscillaAntunes
Mariane de Oliveira Luz
32 BOA VONTADE
34. faltam em sua biografia, e boa parte
deles é contada no livro Paixão pelo
rádio — Do milésimo de Pelé ao
milésimodeRomário,atrajetóriade
José Carlos Araújo, o eterno Garo-
tinho, do jornalista Rodrigo Taves.
Ao longo das cinco décadas de
vida profissional, acompanhou dez
Copas do Mundo bem como trans-
mitiumaisdetrêsmiljogosenarrou,
pelo menos, mais de seis mil gols.
A Copa do Mundo do Brasil será a
décima primeira que cobrirá.
À celebração desse jubileu
somam-se novos desafios para o
Garotinho, que, desde fevereiro
deste ano, comanda o futebol na
Rádio Transamérica FM do Rio
de Janeiro/RJ. “Não sou um cara
acomodado. (...) Quando fui para
a Rádio Nacional, em 1977, tive
que montar minha empresa, e, de lá
para cá, tudo o que eu crio registro.
Com isso, a gente tem condição de
criar, buscar novos rumos... Por
exemplo, na Transamérica, eu for-
Abrindo o coração
taleci o futebol com DJ. Graças a
Deus, em tão pouco tempo, já estou
tendo repercussão, principalmente
no mercado publicitário”, contou à
BOAVONTADE.
Na entrevista a seguir, o leitor
conhecerá outros detalhes da vida
desse importante radialista e apre-
sentador de TV, declarado torcedor
do Fluminense, que desde criança
dava sinais de seu talento para a
narração esportiva.
BOAVONTADE—Vocêestudouno
tradicional Colégio Pedro II.
Garotinho — Como o Paiva
Netto, também sou aluno eminente
do Pedro II. Depois, fiz Geografia
na Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (Uerj), porque era um
curso que me permitia continuar
trabalhando e ganhando meu salá-
rio. Minha mãe me preparou para
fazer Medicina, meu pai queria
que eu fosse diplomata, mas aca-
bei sendo professor de Geografia.
Cheguei a trabalhar em dois, três
empregos, dando aula e tal, para
garantir o sustento meu e de minha
família. Com 15 anos, eu já tinha
carteira assinada.
BV — Existia também a paixão
pela Geografia?
Garotinho — Português e
Geografia eram as matérias de que
eu mais gostava. Em Matemática,
Química e Física, eu não era bom.
Fui aluno do Aurélio Buarque de
Holanda durante seis anos, dos
sete que fiquei no Pedro II. É um
orgulho e um privilégio ter sido
aluno dele, que tanto brigava com
a garotada do Pedro II para não
cometer erros de português.
Em 2 de março de 1996, durante a cerimônia de inauguração do Centro Educacional
da LBV, no Rio de Janeiro/RJ, Paiva Netto cumprimenta o radialista José Carlos
Araújo; à direita, o ilustre acadêmico da ABL Murilo Melo Filho. No destaque, o
saudoso dr. João Saad, fundador do Grupo Bandeirantes de Comunicação.
ArquivoBVPriscillaAntunes
José Carlos
Araújo
recebe
homenagem
das crianças
da LBV.
34 BOA VONTADE
35. BV—Comosurgiuointeressepela
narraçãodejogosdefutebol?
Garotinho — Desde criança eu
queria ser locutor esportivo. Meu
primeiro presente de Natal foi um
time de botão, que escolhi pelas
cores que achei mais bonitas. Eram
as cores do Fluminense, e acabei
virandotricoloremumafamíliatoda
de botafoguenses.Aí, eu colocava a
tabela com Fluminense e Madureira
ejogavasozinho,narrando,àsvezes,
altas horas da noite e perturbando o
sono de meu pai e de minha mãe. Eu
tinha também uma radiovitrola, que
meupaicomprouàprestação.Ficava
na sala e tinha duas faixas de onda
curta. Eu gostava de pegar a onda
curtaparaouvir[asrádiosda]Argen-
tina, do Uruguai e, de repente, pegar
algum campeonato sul-americano
de juvenis. Eu ouvia o jogo todo e
escreviademadrugadaumacrônica,
que deixava para meu pai ler.
BV — Atualmente, você escreve
crônicaesportiva,faznarraçãoe
trabalhacompublicidade.Como
concilia essas atividades?
Garotinho—Écomplicado,mas
procuro racionalizar. Por exemplo,
hoje, só escrevo uma vez por mês
colunaparaarevistaBOAVONTA-
DE; no Metro Jornal, uma vez por
semana. Não estou com programa
de rádio diário como eu tinha até
dezembro de 2013, na BandNews,
porqueprecisavaacordarmuitocedo
e, às vezes, ia dormir às duas horas
da manhã, por conta das transmis-
sões dos jogos. Eu levantava às seis,
seis e quinze e sentia o dia inteiro
cansaço, não pela idade; era mesmo
pela falta de sono. É preciso dormir,
inclusive, para conservar a voz.
BV—OqueolevouasairdaRádio
Globo?
Garotinho — Trabalhei na
Rádio Globo por quarenta e dois
anos. Tudo o que conquistei pro-
fissional e financeiramente devo
ao Sistema Globo de Rádio, pelos
anos que eu dediquei. Comecei
como radioescuta e plantonista,
cheguei a ser contato de publicida-
de e fui diretor durante dezesseis
anos. Mas eu queria um novo de-
safio, que era abrir espaço, reno-
var valores. (...) Para mim, o rádio
ainda é o veículo mais importante.
Ele permite criar mais, dar espaço
para os jovens, e esse era meu
sonho. Consegui [realizá-lo] em
parte. Fui para a Transamérica,
em fevereiro, com esse desafio,
tanto que levei comigo três jovens
estagiários que eu tinha formado
na Rádio Bradesco.
BV—Vocêfalacomnaturalidade
com o público jovem.
Garotinho — Talvez seja a
convivência durante muito tempo
com eles. Dei aula durante catorze
anos no ensino médio e, ainda hoje,
dou palestras em universidades.
Quando eu estava na Rádio Globo,
fazia o programa Globo Esportivo
uma vez por mês nas universidades.
Era o projeto A Globo nas universi-
dades. Pretendo, na Transamérica,
O jovem José Carlos Araújo (em destaque) com colegas de classe, em missa de
formatura do tradicional Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro/RJ, em dezembro de
1958.
Para mim, o rádio ainda é o veículo
mais importante. Ele permite criar
mais, dar espaço para os jovens, e
esse era meu sonho.
Arquivopessoal
BOA VONTADE 35
36. voltar com esse projeto, porque o
estudante de Jornalismo não tem
oportunidade de vercomosefazum
programa de rádio ao vivo.
BV — De onde veio a ideia de o
ouvinte participar ao vivo da
transmissão?
Garotinho — A interativida-
de está crescendo no mercado.
O ouvinte quer participar. Você
pode dizer, por exemplo, “José
da Silva Santos, do Méier, está
achando que o Flamengo joga
mal. O que você acha, Gerson?”.
Você deu oportunidade, e o ou-
vinte sentiu-se honrado. Acho
também válido o ouvinte parti-
cipar pelo telefone. (...) Eu sinto
necessidade de ele expor sua opi-
nião, de sentir-se valorizado. E a
opinião emitida por um provoca
uma reação contrária ou igual em
outros. Isso cria polêmica, que
alimenta a transmissão.
BV — Como surgiu a marca “Ga-
rotinho”?
Garotinho — Eu tinha o hábito
de chamar todo mundo, se eu não
soubesse o nome, de garotinho. “Ô
garotinho, vem cá! Empresta isso
aqui!” Aí, durante a Copa da Ale-
manha, em 1974, o [repórter] Deni
Menezes começou a chamar-me
assim, e eu passei a ser rotulado
de Garotinho. Até que alguém me
alertou, e eu registrei [a denomina-
ção] no INPI, em 1981.
Boa Vontade — É uma honra
recebê-lo para esta entrevista.
Garotinho — Obrigado! Te-
nho uma relação muito íntima
com a LBV, de muitos anos com
o Paiva Netto, meu grande amigo.
Conheço bem a obra desenvolvida
pela Legião da Boa Vontade. Tive
a oportunidade de frequentar, por
exemplo, a Supercreche Jesus, de
Del Castilho [escola infantil que
está inserida no Centro Educacio-
nal José de Paiva Netto*, no Rio de
Janeiro/RJ], e a de São Paulo/SP.
Tenho acompanhado e visto o
reconhecimento de toda a classe
artística e jornalística ao trabalho
desenvolvido ao longo de tantos
anos. Obrigado ao Paiva Netto e a
todos os que prestigiam essa pro-
gramação da Boa Vontade TV du-
rante o dia inteiro e a oportunidade
de eu poder trocar figurinha com
vocês! (...) Em 1996 — lembro
até hoje —, participei da inaugu-
ração da Supercreche Jesus lá em
Del Castilho com o ator Milton
Gonçalves. Minha mãe morreu no
dia 28 de fevereiro [daquele ano].
Eu estava ainda traumatizado, mas
tinha assumido o compromisso.
Obrigado a vocês pelo carinho!
Obrigado mesmo!
Na TV Bandeirantes, no Rio de Janeiro/RJ, José Carlos Araújo apresenta há sete
anos o programa Os Donos da Bola.
* O Centro Educacional José de Paiva Netto foi inaugurado em 2 de março de 1996, data escolhida por voluntários e
colaboradores da Legião da Boa Vontade em homenagem ao idealizador e construtor do projeto, diretor-presidente da
Instituição, e educador José de Paiva Netto, por ser o aniversário dele.
Abrindo o coraçãoFotos:PriscillaAntunes
36 BOA VONTADE
37. José Carlos
Araújo é
locutor
esportivo
na Rádio
Transamérica
FM do Rio de
Janeiro/RJ e
apresentador,
há sete anos,
do programa Os Donos da Bola na TV
Band Rio.
Arquivopessoal
Opinião — Esporte
José Carlos Araújo
Seleçãosemcontestação
E
stamosàsvésperasdoinícioda
CopadoMundo.Parasurpresa
da maioria do povo brasileiro,
não há polêmica a respeito da con-
vocação da equipe que disputará o
torneio. Nunca a vida de um técnico
da Amarelinha foi tão fácil. O time-
-base é conhecido de cor e salteado,
além de não ser objeto de questiona-
mentos. Será por falta de talentos?
Fred é o camisa 9 incontestável,
em um país que deixou Romário
de fora da Copa de 2002 e teve
Bebeto, Careca, Ronaldo Fenô-
meno,Adriano,MullereRonaldi-
nho Gaúcho brigando por posições
na seleção. Hoje, somos conhecidos
pela qualidade de nossos volantes
e zagueiros: David Luiz, Thia-
go Silva, Luiz Gustavo, Dante,
Ramires, Hernanes, entre outros.
José Carlos Araújo | Especial para a BOA VONTADE
Há algo de errado na essência do
futebol pentacampeão do mundo.
Quanto à organização do Mun-
dial, muitas promessas e exigên-
cias da Federação Internacional de
Futebol Associado (Fifa) ficaram
pelo caminho. Mobilidade urbana,
aeroportos funcionais e — pasmem!
— as chamadas arenas sucumbiram
ao vexaminoso jeitinho brasileiro.
Fora isso, o sistema de sorteio para a
aquisição de ingressos, aliado ao alto
preço deles — distante da realidade
econômica do país —, está impedin-
do essa maioria de ver nos estádios
as partidas da Copa, a qual tem sido
financiada em muitos pontos com o
dinheiro de nossos impostos.
O aumento de casos de racismo
tantonofutebolmundialquanto,para
nosso espanto, no brasileiro também
merece repúdio e medidas drásticas
de punição, como a acertadamente
tomada pela National Basketball
Association (NBA), liga de basquete
norte-americana, que baniu o presi-
dente de um time por atos racistas
repugnantes, além de aplicar a ele
uma multa milionária e ameaçar a
equipe de exclusão da liga.
Quem teve muita presença de
espírito foi o jogador Daniel Alves,
do Barcelona. Ao ser insultado com
o arremesso de uma banana, pegou a
fruta, comeu-a e continuou a jogar.
Grande resposta ao indivíduo que a
atirou ao campo. O ato lamentável
desse torcedor desencadeou uma
campanhamundialcontraoracismo:
#somostodosmacacos.
Seriabomqueosresponsáveispor
nossofutebollançassemacampanha
#nãosomosmacacosdeimitação.
Isso porque temos nosso estilo de
jogar bola e não podemos abrir mão
dele. Somos conhecidos por jogar
bonito, e não por chutões, carrinhos
e chuveirinhos.
Sempre critiquei os altos preços
cobrados nas novas arenas, os quais
afastam o real torcedor de sua pai-
xão. Por isso, vale a pena elogiar a
atitudedadiretoriadoFluminensede
disponibilizar ingressos com valores
acessíveis ao torcedor comum, o que
temcontribuídoparaencherasarqui-
bancadasnaspartidasdisputadaspela
agremiação.
Finalizo desejando que esta Copa
sejadestaquepelobomfutebol,pelos
jogos emocionantes e pela união de
todas as etnias que compõem nossa
nação, e não pelo jeitinho brasileiro,
pelaleidavantagememtudooupela
confirmação da infeliz crença de que
ganhar “roubado é mais gostoso”.
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BOA VONTADE 37
38. Aespontaneidade e a energia
de Jair Rodrigues (1939-
2014) contagiavam todos
osquecruzavamseucaminho.Ainda
menino,essepaulistanodeIgarapava,
de origem simples, sonhava em ser
jogador de futebol, destino que sua
“velhamãe”,donaConceição,como
carinhosamenteeleachamava,sabia
serbemoutro.Com umacarreiramu-
sical de dar inveja — foram 50 anos
naestrada—,JairRodriguesfoidono
deinúmerossucessoseparceriasque
marcaram história.
Em entrevista à Super Rede
BoaVontadedeComunicação(rádio,
TV, internet e publicações), uma das
últimas concedidas pelo cantor, antes
de seu falecimento, em 8 de maio,
aos 75 anos, ele falou de sua visita ao
JairRodriguesEm uma de suas últimas entrevistas, esbanjando bom humor, o
artista falou sobre sua trajetória e do amor pela música.
Samba & História
Homenagem (in memoriam)
ClaytonFerreira
Hilton
Abi-Rihan,
radialista,
jornalista e
apresentador
do programa
Samba &
História.*1
Conjunto Educacional Boa Vontade,
formado pela Supercreche Jesus e
pelo Instituto de Educação José de
Paiva Netto, na capital paulista. Na
oportunidade,ocantorfoirecepciona-
do pelo Grupo de Instrumentistas In-
fantojuvenilBoaVontadeepeloCoral
EcumênicoInfantojuvenilBoaVonta-
de,compostosdealunosdaescola.No
EspaçoCulturalIdalinaCecíliade
Paiva,assistiuaumaapresentação
decriançasejovensqueparticipam
das aulas de música.Ao término, pa-
rabenizouosestudantespelotalentoe
improvisouumaanimadacanção.“Vi
o coral assim que cheguei, cantando
bonito, e os meninos, cada um com
seu instrumento, levando a música
com respeito, seriedade. Agradeço a
Deus por tudo isso e peço ao povão
*¹ Programa Samba & História — É transmitido pela Super Rede Boa Vontade de Rádio (Super RBV), aos domingos, às 14 e às 20 horas;
pela Rede Educação e Futuro de Televisão, aos sábados e às sextas-feiras, às 22 horas; e pela Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), aos
sábados, às 22 horas, aos domingos, às 14 horas, e às quartas-feiras, às 21 horas.
Hilton Abi-Rihan | Especial para a BOA VONTADE
38 BOA VONTADE
40. que venha ver, ajudar, colaborar. As
pessoas não vão perder nada com
isso. Estou gostando de tudo o que
estou vendo, desse tratamento [dado
às crianças], desde os garotinhos até
os mais velhos. A cada hora, a cada
minuto que passa, minha felicidade
aumenta”, disse.
Esbanjando bom humor durante
obate-papo,elecomentoupassagens
importantes de sua trajetória profis-
sional e em família. Ainda deixou
a seguinte mensagem ao diretor-
-presidente da LBV: “Paiva Netto,
estou sempre o vendo e fico embas-
bacado o ouvindo falar tão bonito,
fazendosuasorações.Parabéns!Que
Deus o ilumine sempre! Você já é um
iluminado, mas que Deus o continue
iluminando”.
Aseguir,osprincipaistrechosdes-
sa alegre entrevista. Que esse Irmão,
recebadaLegiãodaBoaVontadeede
seu dirigente as melhores vibrações
de Paz eAmor, extensivas à sua que-
rida família e amigos, em especial, à
esposa,Clodine,eaosfilhos,também
cantores e músicos Luciana Mello e
JairOliveira.Queestapáginaregis-
tre o carinho a ele com a lembrança
de seus feitos!
BOA VONTADE — Foi sua mãe
quem o apresentou ao universo
musical?
Jair Rodrigues — Foi minha
velhamãe.Quandoeutinha7,8anos,
elamelevouparaveramissanaIgre-
jadeNovaEuropa,noEstadodeSão
Paulo. Nova Europa fica ali perto de
Araraquara, São Carlos. Quando eu
adentrei com minha mãe na igreja,
senti uma coisa extraordinária. Olhei
para trás e vi um coral cantando os
hinos. Eu ficava olhando, e minha
Samba & História
(1) O cantor e compositor
Jair Rodrigues é
homenageado pelo Grupo
de Instrumentistas
Infantojuvenil
Boa Vontade e pelo
Coral Ecumênico
Infantojuvenil
Boa Vontade.
(2) Sempre simpático,
conversa com diversos
alunos que frequentam
o pátio do Conjunto
Educacional Boa
Vontade.
(3) Jair Rodrigues é
entrevistado por Leilla
Tonin, da Boa Vontade TV.
Fotos:VivianR.Ferreira
1
2
3
40 BOA VONTADE
41. mãe falava: “Ei! Presta atenção na
missa, diacho!”. Mas eu prestava
maior atenção lá no coral. Até que,
um dia, ela me colocou para fazer
parte dele. Foi assim que comecei a
ter aquela interação, a conhecer os
hinos, as músicas...
BV — Quando começou a encarar
amúsicacomoprofissão?
JairRodrigues — Eu morei em
Nova Europa dos 6 aos 14 anos.Aí
nos mudamos para São Carlos, uma
cidade maior. Certo dia, fui levar
minha irmã para cantar na Rádio
São Carlos, mas, quando cheguei
lá, descobri que, na verdade, ela
tinha se inscrito para cantar num
programa de calouros. Minha irmã
tinha um vozeirão, mas não obede-
ciamuitoaoritmo;aíelanãopassou
no teste. Estava tentando ajudá-la,
e, de repente, o maestro falou: “Já
que sua irmã não passou, você não
quer fazer um teste?”. Cantei um
samba e passei. (...) Depois, veio o
Tiro de Guerra [órgão do Exército
brasileiro encarregado de formar
reservistas], em 1943. Todas as
vezes que cantavam o Hino Nacio-
nal, eles me chamavam para cantar
junto. Até que um dos amigos do
Tiro de Guerra falou: “Jair, tem
um restaurante lá no centro de São
Carlos que tem música ao vivo, e
estãoprecisandodeumcantor.Você
não quer fazer um teste?”. Quando
cheguei ao restaurante, estava uma
barulheira danada. Aí eu comecei
a cantar. De repente, aquela con-
versação começou a diminuir, e as
pessoas passaram a prestar atenção.
Quando acabei de cantar, foram
aplausos e tudo. Com isso, assinei
meuprimeirocontratoepegueimeu
segundo faz-me rir*². Foi aí que me
profissionalizei.Acho que era 1957.
BV — Disparada é um de seus
grandessucessos.
Jair Rodrigues — Quando
me deram para defender a música
Disparada, do Geraldo Vandré e
do Theo de Barros, eu já tinha um
samba chamado Canção para Ma-
ria, do Paulinho daViola e do José
Carlos Capinam. (...) Cada artista
tinha que apresentar uma música
só, mas como o Geraldo Vandré,
que iria apresentá-la, não podia ir à
apresentação, mandaram procurar
um intérprete. O Hilton Acioli me
mostravaamúsicae,derepente,mi-
nhamãe—eunãoaesqueço,porque
elafoi99,9%responsávelporminha
carreira — saiu da cozinha e ficou
olhando. Quando o Hilton terminou
de cantar, ela falou: “Nossa, meu
filho! Que música bonita! Se você
a defender, vai ganhar”. O Hilton
Acioliseempolgou,eeu,maisainda.
BV—Suamãeacertou.
Jair Rodrigues — No fim do
festival, Canção para Maria ficou
em terceiro lugar. Eu já estava
indo embora quando a produção
me chamou e falou: “Olha, você
classificou também Disparada”.
Quando foram ver os votos, os
jurados haviam dado vitória para A
Banda, mas o público tinha dado vi-
tória para Disparada. Eles entraram
num acordo, e deu empate. Quando
anunciaram a vitória, chamaram
minha mãe. Ela subiu no palco e
até deu entrevista.
BV—Antesdeseprofissionalizar
como cantor, trabalhou em outra
área?
Jair Rodrigues — (...) Minha
mãe sempre falava para a gen-
te: “Meus filhos, vocês precisam
aprender um ofício, porque vamos
supor que, um dia, vocês vão traba-
lhar na cidade grande”. Então, ela
mecolocouparaaprenderaprofissão
dealfaiate;meuirmãoademecânico;
e minha irmã, que era ainda muito
pequenina, ficava em casa, ajudando
minha mãe. Nas horas vagas, eu
também era engraxate, servente de
pedreiro e ajudante no cinema.
BV—Suasmúsicastêmmelodias
marcantes e letras que contam
histórias da vida real. Essa é sua
fórmulaparaosucesso?
Jair Rodrigues — Os cantores
e músicos de minha geração, como
Roberto Carlos, Erasmo Carlos,
Wanderléa, Silvio Brito, Jorge
Ben Jor, enfim, cada artista tinha
seu sucesso com músicas da melhor
qualidade. Hoje, eu fico vendo esta
nova geração, e a maioria das can-
ções é de primeiríssima qualidade,
mas, infelizmente, as letras deixam
muito a desejar.
*² Faz-me rir — Gíria brasileira que possui mais de um significado, entre os quais sinônimo de dinheiro, salário e uma expressão de ironia
contra afirmações absurdas.
Minha mãe — eu não
a esqueço, porque ela
foi 99,9% responsável
por minha carreira.
BOA VONTADE 41
43. V
oltou à Pátria Espiritual, no
dia 9 de maio, em Florianó-
polis/SC,ojornalistaMylton
Severiano da Silva, aos 73 anos.
MaisconhecidocomoMyltainho,ele
nasceu em Marília, cidade do interior
do Estado de São Paulo, em 10 de
setembro de 1940. Sua vocação para
comunicareraperceptíveldesdemui-
tocedo.Aos9anosdeidade,publicou
nojornalTerraLivreoprimeirotexto,
noqualabordavaascondiçõesemque
vivia um casal de camponeses na Fa-
zendaBonfim.Aos12anos,escreveu
umpoemasobreoDiadasMãespara
o Correio de Marília.
Aomudar-separaacapitalpaulis
ta, buscando melhores condições
de vida, ingressou na faculdade de
DireitoecomeçouatrabalharnaFo-
lha de S.Paulo. Na década de 1960,
deixou o curso e passou a dedicar-se
exclusivamente à área da comunica-
ção.Integrouaequipederedaçãodos
principais jornais e revistas do país,
entre os quais O Estado de S. Paulo,
JornaldaTarde,QuatroRodas,Rea
lidade e Caros Amigos.
Myltainho era amigo de longa
data da Legião da Boa Vontade e do
diretor-presidentedaInstituição,José
de Paiva Netto, também jornalista,
radialista e escritor. Em 2000, ele en-
trevistouodirigentedaLBVevisitou
oCentroEducacionalqueaEntidade
mantém em Del Castilho, no Rio de
Janeiro/RJ. O bate-papo foi destaque
da edição no
17 da revista Jornal dos
Jornais,emagostodaqueleano,com
esta chamada de capa: “Paiva Netto,
Presidente da LBV, o maior comuni-
cador do Brasil”.
A publicação, na época uma
das mais importantes ligadas ao
jornalismo e à publicidade no país,
apresentou ampla matéria (com
15 páginas), de autoria de Myltai-
nho, sobre o dirigente da Legião da
Boa Vontade. Para tanto, ele passou
horas com o entrevistado e conhe-
ceu de perto um pouco da atuação
socioeducacional da LBV.Aocasião
foitãomarcanteparaojornalista,que
este chegou a declarar o seguinte à
revista BOA VONTADE, em 2007:
“NessaentrevistacomoPaivaNetto,
fui,maisumavez,umrepórterbissex-
to,poisnãoeraaminhapraia,maso
que eu senti naquele dia na LBV foi
muitaemoção.Criançameemociona
muito, e eu vi aquelas crianças se
alimentando e sendo bem-tratadas.
Aquilomeembargouavozemalguns
momentos.Foiumadasentrevistasde
campo que fiz que mais me emocio-
naram, sem dúvida. Não teve outro
O jornalista Myltainho (E) visita, acompanhado do diretor-presidente da Legião da
Boa Vontade e seu colega de profissão (C), o Centro Educacional José de Paiva Netto,
da LBV — localizado em Del Castilho, no Rio de Janeiro/RJ —, em 2000. O jornalista
Luiz Carlos Lourenço presenciou o festivo encontro. Na ocasião, conversaram com as
crianças. Ao recordar-se, em 2007, carinhosamente do fato, Myltainho enviou esta
fraterna mensagem ao dirigente da Instituição: “Um grande abraço ao Paiva Netto e a
todos os colaboradores da LBV. Eu os trago no coração”.
trabalhoquemeemocionassetanto”.
Ainda comentou: “Pelo que vi na
LBVlá no Rio de Janeiro, já me dá a
consciência do trabalho bonito que
Paiva Netto e todos os seus colabo-
radoresfazem.Sópossoesperarmais
emaisdessecoraçãoimensodaLBV.
Esperoquesemprecontinueassim.As
crianças precisam”.
A Legião da Boa Vontade e o
diretor-presidente da Instituição en-
viam as melhores vibrações de Paz
e de carinho ao Espírito Eterno de
Myltainho,extensivasaosfamiliares,
amigos e admiradores do saudoso
jornalista.
IvanSouza
Fac-símile da edição de agosto de 2000 da
revista Jornal dos Jornais, uma das publicações
mais importantes voltadas ao jornalismo e
à publicidade. Na capa, o diretor-presidente
da LBV, que concedeu entrevista ao saudoso
jornalista Myltainho.
BOA VONTADE 43
44. equalidadedevida
LBV ajuda mulheres a incrementar a renda,
conquistando autonomia financeira.
Leilla Tonin
Leila Marco
Empreendedorismo social
Solidariedade
Assunção, Paraguai
Contra a pobreza
45. A
meta acordada para a elimi-
nação da fome e da miséria
(ODM 1) foi alcançada
cinco anos antes do prazo estabe-
lecido, conforme atesta o Relatório
dos Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio 2013, lançado pelo
secretário-geral das Nações Uni-
das, Ban Ki-moon, em 1o
de julho.
Embora venha caindo o número
de pessoas que vivem com menos
de 1,25 dólar por dia no planeta,
muitos países ainda apresentam
parcela expressiva da população
em tal condição. No Paraguai,
por exemplo, 32,4% dos quase 7
milhões de habitantes vivem na
pobreza. Além disso, 1,16 milhão
de paraguaios encontram-se em
extrema pobreza, ou seja, 18%
da população, de acordo com a
Pesquisa de Lares 2011 do Depar-
tamento de Estatísticas, Pesquisas
e Censos (DGEEC). Essas pessoas
encontram dificuldades para contar
com serviços essenciais de saúde,
educação, saneamento básico e
moradia.
Para ajudar a reduzir esses ín-
dices, a Legião da Boa Vontade do
Paraguai atua há 29 anos. Por meio
de programas socioeducativos, a
LBV assiste diariamente pessoas
em situação de risco social em
sua unidade de atendimento na
capital, Assunção, e em diversas
regiões onde vivem famílias de
baixa renda. No Jardim Infantil e
Pré-escolar José de Paiva Netto, é
oferecida educação integral para
crianças de 2 a 6 anos.
Essas ações têm transformado
para melhor a realidade de muitos
paraguaios. Na ColôniaThompson,
umassentamentosituadoemYpané,
a história de Cynthia Fernández,
de23anosdeidade,mãedeEdison,
de 3 anos, ilustra bem a importância
do apoio da Instituição.
Mãe e filho moram em uma pe-
quena casa de madeira, levantada
por elacombastanteesforço. “Tudo
é muito difícil quando você está só,
mas eu vou tratar de superar muita
coisa pelo meu filho”, afirmou. Foi
por indicação da amiga Noêmia
“A LBV é
que me
salva sempre.
Deixo meu menino
lá estudando e, assim,
posso ir tranquila
trabalhar para pagar as
contas.”
Cynthia Fernández
23 anos de idade, mãe de Edison,
de 3 anos. Atendidos pela LBV do
Paraguai.
Ban Ki-moon, secretário-geral das
Nações Unidas.
UNPhoto/Jean-MarcFerré
LeillaTonin
LeillaTonin
que Cynthia conheceu a Legião da
Boa Vontade que, em 2014, come-
mora 30 anos no Paraguai.
Para a mãe e o filho, o mo-
mento era de grande desafio. O
menino tem a doença celíaca, que
se manifesta pela intolerância ao
glúten, uma substância
encontrada no trigo,
Paraguai
BOA VONTADE 45
46. no Paraguai
da população
na pobreza
vivem em
extrema pobreza
32,4% 18%
Pobreza
Fonte: Departamento de Estatísticas, Pesquisas e
Censos (DGEEC), do Paraguai.
Divulgação
Divulgação
UNPhoto
na aveia, na cevada e no centeio. Se
não descoberto logo, o problema
pode afetar o intestino delgado,
causando prejuízos na absorção de
nutrientes, vitaminas, sais minerais
e água.
Com a ajuda dos profissionais
da Instituição, a doença foi diag-
nosticada, e o quadro de desnutri-
ção do menino Edison, superado.
“No ano passado, a LBV me aju-
dou muito com todos os remédios
do meu filho, porque custam caro
e eu não tinha dinheiro. Quem me
estendeu a mão foi a LBV”, disse
Cynthia, agradecida.
A cada manhã, a jovem mãe
anda cerca de três quilômetros
até o ponto de ônibus para levar
o pequeno Edison até a escola da
Instituição, onde ele passa o dia.
Há quase um ano matriculado no
Jardim Infantil e Pré-escolar da
Legião da Boa Vontade, ele é um
garoto saudável. Até ganhou cinco
quilos e passou a conviver melhor
com todos à sua volta. “Edison
aprendeu muito e mudou bastante.
Lembroqueele,quandochegavaao
portão da antiga creche, começava
a chorar... Na LBV não é assim; às
vezes se esquece até de se despedir
de mim”, completou, sorrindo.
Empreendedorismo social
46 BOA VONTADE
47. Superandoosefeitosda
criseeconômica
Atenta aos desafios do bloco europeu, a LBV de Portugal
intensifica ações de apoio a famílias em risco social
A
situação de muitos países
desenvolvidos e/ou com
economia consolidada, a
exemplo dos que integram a zona
do euro, é de recuperação, depois
de um período mais crítico da crise
financeira. A economia portuguesa
é uma das que mais sofreram tais
efeitos na Europa.Areceita de aus-
teridadefiscalcomcortesprofundos
no orçamento prevê um 2014 igual-
mente difícil.
Em Portugal, a reforma na se-
guridade social estabeleceu, por
exemplo, prazos e condições mais
rígidas para vigência e concessão
de benefícios como seguro-desem-
prego e auxílio a pessoas que vivem
abaixo da linha de pobreza. Os
efeitos das medidas econômicas na
sociedade afetam a vida de famílias
inteiras, muitas delas conduzidas
por mulheres.
Atenta a essas questões, a Le-
gião da BoaVontade de Portugal in-
tensificouasaçõesdoprograma Um
passo em frente, que apoia famílias
em situação de vulnerabilidade so-
cial.Comisso,aInstituiçãotrabalha
em várias frentes a fim de garantir
Divulgação
direitos do cidadão, evitar situações
de fome e de carências primárias e
promover a reinserção social.
As equipes de profissionais e
colaboradoresdasunidadesdaLBV
em Lisboa, Coimbra e Porto ob-
servaram o aumento do número de
pedidos de atendimento. No Centro
SocialdoPorto,porexemplo,éfeita
uma avaliação preliminar de cada
família que solicita ajuda. (Veja o
quadro “Quem procura ajuda na
LBV de Portugal?” na p. 50.) Em
seguida,ogrupoéencaminhadoaos
diversos serviços oferecidos pela
BOA VONTADE 47
48. • De acordo com relatório
do Unicef Portugal dirigido
à ONU, com o apoio de
organizações da sociedade
civil do país, pelo menos 500
mil crianças e jovens perderam
o direito ao abono de família
entre 2009 e 2012.
• O estudo também
mostrou que o risco de
pobreza entre crianças se
agravou no período — 28,6%
em 2011 —, indicando
tendência de aumento desse
número até os dias atuais.
Atuação em rede
A ação conjunta da LBV de Portugal reúne mais
de 100 Entidades oficiais e/ou particulares.
shutterstock.com
RepresentantesdaLBVemreuniãodaGalpEnergia(Apoio—UnidadeMóvel)
ArquivoBV
Pobreza na infância
LBVou por organizações parceiras.
A ação conjunta reúne mais de 100
Entidades oficiais e particulares.
Além da entrega mensal de
alimentos a quem procura a Insti-
tuição, os profissionais voluntários
promovem regularmente oficinas e
palestras a respeito de saúde e higie-
ne, nutrição e gestão do orçamento
familiar.Recentemente,avoluntária
Katrina Halahan, da Faculdade de
Ciências e Nutrição da Universida-
dedoPorto,estevenoCentroSocial
da LBV para falar sobre educação
alimentar.
Na ocasião, a especialista ex-
plicou: “Quando as famílias têm
menos possibilidades econômicas,
pensam que uma alimentação sau-
dável é uma alimentação cara. Isso
não é de todo verdade”. De acordo
com Katrina, depois de repassadas
Empreendedorismo social
48 BOA VONTADE
49. Programa Um passo em frente
Desenvolvido na cidade do Porto, em Lisboa e em Coimbra,
o programa Um passo em frente, da LBV de Portugal, distribui
anualmente mais de 200 toneladas de gêneros alimentícios, em
forma de cestas e refeições. Milhares de famílias são beneficiadas
com as ações, ou seja, aproximadamente 13.500 pessoas. Além do
trabalho socioassistencial, que inclui, ainda, a entrega de produtos
de higiene, calçados, roupas e brinquedos, a iniciativa oferece
orientação sobre saúde e orçamento familiar, entre outros temas.
Lisboa, Portugal
Braga, Portugal
Coimbra, Portugal
Porto, Portugal Porto, Portugal
MarcoSemblanoArquivoBV
MariaJoséPereiraRicardoRibeiro
RicardoRibeiro
as orientações, a melhoria é notada
rapidamente. “As famílias conse-
guem notar diferenças, em longo
prazo, nos custos que têm com a
alimentação. É de enorme impor-
tância esse tipo de formação e de
educação alimentar.”
Como parte de suas ativida-
des socioeducativas, a Instituição
promoveu, no segundo semestre
de 2013, palestra com a psicóloga
Joana Vieira. A iniciativa foi feita
em parceria com o Banco Montepio
e a Associação Nacional de Jovens
para a Acção Familiar (ANJAF).
“Abordamos a questão do endivi-
damento, os créditos fáceis que as
pessoas fizeram ao longo dos anos
e hoje são situações complicadas
de gerir. O consumismo é um tema
que também gostam de debater”,
comentou a orientadora.
BOA VONTADE 49