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C8 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 14, 15 e 16 de julho de 2018
Finanças
Comoseprotegerdavolatilidadecomatensãoeleitoral?
Consultório
financeiro
M
eus amigos
dizem que os
mercados
poderão ficar
agitados por
conta das eleições no Brasil e
pela alta de juros nos Estados
Unidos. Existe alguma forma de
me proteger ou aproveitar
oportunidades deste cenário?
Guilherme Moraes, CFP, responde:
Caro leitor,
Os seus amigos estão corretos
em dizer que os mercados
ficarão agitados em virtude das
eleições no Brasil e do aumento
de juros nos EUA. O aumento
recente de volatilidade,
oscilação no preço dos ativos, e
a recente depreciação do real
são reflexo direto destes fatores.
A enorme incerteza eleitoral
que caracteriza o cenário
político atual fará com que o
mercado financeiro apresente
grandes oscilações. Pesquisas
eleitorais indicando a liderança
de candidatos considerados
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O Fed (banco central
americano) tem aumentado os
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A diversificação, além de
mitigar riscos, busca aumentar
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ano dentro do país, o dinheiro
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Selic, CDB com liquidez ou
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investir em ativos com mais
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indexados à inflação, fundos
multimercados ou de
previdência, além de ações,
podem contribuir para esse
fim. Mesmo que no curto
prazo esses ativos apresentem
retornos negativos por
alguns meses, no longo prazo
os resultados são suavizados
por momentos positivos.
Eleição no Brasil e aumento
de juro nos EUA são sinônimos
de volatilidade e, por isso,
cautela torna-se fundamental
e evita dores de cabeça.
Tirar proveito desses
movimentos exige
conhecimento e, acima de
tudo, perfil para assumir
riscos e aceitar volatilidade
no curto prazo. A escolha de
bons gestores de fundos
multimercados e de ações é
determinante para aproveitar
as oportunidades, mas com a
certeza de grandes emoções.
Gestores de investimentos
agem com muita prudência e
ponderação nesses períodos,
identificam e avaliam a
exposição a risco de cada ativo
na carteira e decidem
investir apenas quando existe
certo grau de convicção.
Tenha claro os seus objetivos
de investimentos, conheça
seu perfil, entenda as principais
características das classes
de ativos, diversifique
seu portfólio e faça avaliações
periódicas com o seu
planejador financeiro.
Sendo necessário, altere
os investimentos, mas
sempre com o foco nos seus
objetivos e respeitando
o seu apetite de risco.
Guilherme Moraes é planejador
financeiro pessoal e possui a certificação
CFP (Certified Financial Planner),
concedida pela Planejar - Associação
Brasileira de Planejadores Financeiros
E-mail: grmoraes@gmail.com
As respostas refletem as opiniões do
autor, e não do jornal Valor Econômico ou
da Planejar. O jornal e a Planejar não se
responsabilizam pelas informações
acima ou por prejuízos de qualquer
natureza em decorrência do uso destas
informações. Perguntas devem ser
encaminhadas para:
consultóriofinanceiro@planejar.org.br
Cielo busca novo presidente após saída de Gouveia
Talita Moreira e Álvaro Campos
De São Paulo
A credenciadora de cartões
Cielo procura um novo diretor-
presidente — que provavelmente
sairá dos quadros da própria em-
presa ou dos acionistas Bradesco
eBancodoBrasil—,apósarenún-
ciadeEduardoGouveiaaocargo.
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fora desse conjunto”, afirmou ao
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celo Noronha, que também é vi-
ce-presidente do Bradesco. O
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nomes na mesa”, mas não quis
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Junior, atual vice-presidente de
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cia da Cielo interinamente e é
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segundo fontes que acompa-
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meio à frente da companhia, Gou-
veia pediu demissão alegando ra-
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de sexta-feira, as ações da empresa
despencaram. No entanto, os pa-
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tivos da Cielo de que os planos e a
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de forma arrojada, competindo
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do da empresa em um momento
de decisões estratégicas “é um
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serrazoávelesperarqueosucessor
de Gouveia seja escolhido em 60
dias. Entretanto, não quis se com-
prometer com um prazo. O execu-
tivo também disse que terá reu-
niões diárias com Poggetti e con-
versas semanais com a diretoria-
executiva da Cielo para auxiliar a
credenciadoranesseperíodo.
Gouveia assumiu a Cielo em
janeiro do ano passado para
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tiva do Bradesco e hoje é presi-
dente do UOL, controlador da
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ro” diante do compromisso da
companhia com a geração de va-
lor para os acionistas. Ele assi-
nou um acordo de não competi-
ção com a companhia.
A Cielo afirmou, em comunica-
do,queagestãodeGouveiatrouxe
mais modernidade e proximidade
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tomada de decisão mais ágil e
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projetos. “Em um ambiente cres-
centemente competitivo, a Cielo
não apenas preservou a sua posi-
ção de liderança, como também
garantiu a oferta mais completa
domercadodeprodutoseserviços
para seus clientes”, disse a nota.
(ColaborouNatháliaLarghi)
Investimentos Crescentes déficits, queda de juro e
aumento da longevidade motivam patrocinadores
Fundaçõesquerem
mudançaemplanos
debenefíciodefinido
Luciana Dalcanale, diretora de previdência da Funcesp: “Precisamos de mais agilidade e simplicidade”
SILVIAZAMBONI/VALOR
Juliana Schincariol
Do Rio
Os fundos de pensão no Brasil
passam por uma segunda onda
de mudanças nos planos de be-
nefício definido — que garantem
aposentadoria vitalícia. Há dois
movimentos distintos. Um deles
élideradopelasfundaçõesquese
preparam para deixar de aceitar
novos participantes nesses pla-
nos, como fez a maioria há 20
anos. Há ainda um outro grupo
de entidades que já fechou seus
planos de benefício definido e
agora buscam convencer os par-
ticipantes a migrarem para pla-
nos de contribuição definida, as-
sumindooriscodasaplicações—
nessa modalidade, a aposenta-
doriaseráresultadodovaloracu-
mulado durante a vida.
Na Funcesp, fundo de pensão
da empresas de energia do Esta-
do de São Paulo, e na Fapes, do
Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social (BN-
DES),osplanosdebenefíciodefi-
nido (BD) ainda estão abertos a
novasadesões,masoprocessode
fechamento já foi iniciado. Já na
Petros (Petrobras) e no Postalis
(Correios), os planos BD foram
fechados há algum tempo, mas
mantidos os direitos daqueles
que já participavam dos fundos.
A ideia agora é que as pessoas
mudem para novos planos. Ne-
nhuma das duas fundações, con-
tudo, apresentou propostas ao
participantes até o momento.
Segundo dados da Superin-
tendência Nacional de Previdên-
cia Complementar (Previc), ao
fim de 2017, o país tinha 323 pla-
nos de benefício definido, que
administravam R$ 536 bilhões
ou 64% dos ativos do sistema. Os
planos de e contribuição variável
eram 357 (R$ 193 bilhões) e os
de contribuição definida, 428
(R$ 113 bilhões). O rendimento
médio do sistema em 2017 foi de
11,52%. Os planos BD renderam
11,68%, um pouco abaixo dos
planos CD, com 11,90%.
Oaumentodosriscosatuariais
com os crescentes déficits, a que-
da da taxa de juros e o aumento
da longevidade da população
motivam os patrocinadores a
realizarem as mudanças. “Esse é
um tema que foi parcialmente
adiado quando o assunto foi dis-
cutido entre o fim dos anos 1990
e o início dos anos 2000. Já na-
quela época, estudos técnicos
mapearam eventuais problemas
ou questões que exigiam equa-
cionamentos adicionais. Algu-
mas fundações foram mais ativas
e outras adiaram os problemas”,
diz uma fonte do setor.
Recentes ajustes das expectati-
vas de vida, as chamadas tábuas
atuariais, que aumentam os pas-
sivos das fundações cada vez que
essas revisões são feitas, pressio-
nam as fundações, segundo es-
pecialistas ouvidos pelo Valor.
“Isso tem levado as patrocinado-
ras a pensarem num modelo
mais previsível e não sofrerem
com as oscilações do mercado”,
dizolíderdeprevidênciadaMer-
cer Brasil, Felipe Bruno.
A Funcesp, que administra dez
planos com um total de R$ 28 bi-
lhões, iniciou um processo de fe-
chamentodosplanosBD—ospar-
ticipantes atuais permanecem
com os mesmos direitos. Para no-
vos entrantes, será adotado o mo-
delo de contribuição definida.
Dois planos tiveram as mudanças
recentemente aprovadas: o da Ele-
tropaulo,comR$10bilhões,eoda
Tietê,deR$480milhões.
“Há conversas bem consisten-
tescommaistrêsplanos”,dizadi-
retora de previdência da funda-
ção, Luciana Dalcanale. Além dis-
so, as mudanças na Empresa Me-
tropolitana de Águas e Energia
(Emae), de R$ 1,1 bilhão, aguar-
dam aprovação da Previc. Antes
das mudanças, oito dos dez pla-
noseramdebenefíciodefinido.
“Há uma necessidade de atua-
lização e modernização dos nos-
sos produtos. Precisamos de
mais agilidade e simplicidade”,
diz a diretora. As recentes mu-
danças societárias do setor, co-
moavendadaCPFLem2016eda
Eletropaulo, em junho, são con-
sideradas as mais relevantes des-
deoprocessodeprivatizaçãonos
anos 1990 e também pesam so-
bre as modificações. “O empre-
gador quer oferecer o melhor
veículo e eu tenho que mostrar
qualidade, custo baixo e produ-
tos modernos”, completa.
O mesmo caminho seria toma-
do na Fapes. O fechamento defini-
tivodoBDfazpartedareestrutura-
ção que será aprovada até o fim do
anopeloConselhoDeliberativo.
Na Sabesprev, fundo de pen-
são dos funcionários da Sabesp,
a migração foi alvo de disputa
judicial encerrada em 2016, mas
a adesão não foi completa. Um
total de 3.572 participantes, sen-
do a maioria ativos — 42% dos
funcionários da Sabesp — aceita-
ram as mudanças. Houve um au-
mento de 62% na população do
plano CD e redução de 31% na
população do BD, que hoje en-
frenta um equacionamento de
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Fundações como a Petros bus-
cam o ressarcimento de aplica-
ções malsucedidas, mas o enten-
dimento é de que isso não vai re-
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de benefício definido, que passa
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cit atual de R$ 27,7 bilhões. O Va-
lor noticiou em junho que a Pe-
trobras vai propor a migração vo-
luntária dos participantes para a
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finida. Uma das principais moti-
vações é eliminar a necessidade
de contribuições adicionais para
sanearosresultadosnegativos.
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ministração do fundo de pensão e
para a patrocinadora, e é ruim pa-
raoparticipante.Eleperdedeveza
chance de recuperar os investi-
mentos realizados no passado que
deram errado por causa dos mal
feitos”, diz o especialista em previ-
dência e finanças pessoais Daniel
Fuks.Elesugerequeoassociadote-
nha mais de uma opção de migra-
ção — inclusive previdência aberta
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cia, ainda que menor do que o ini-
cialmenteacordado.
Uma fonte do setor de fundos
de pensão diz que é extrema-
mente difícil ter separação entre
um investimento malsucedido
ou que foi feito de forma irregu-
lar. “Isso vai ter que ser equacio-
nado a não ser que a Justiça en-
tenda diferente. Todos os proces-
sos judicializados demoram 20
anos para ser resolvidos. Se for
esperadaumasoluçãomágicaeo
equacionamento for adiado o
plano será enterrado”, afirma.
Omaiorriscodeficarnumpla-
no BD é a possibilidade de novos
equacionamentos. Ao migrar pa-
ra um fundo de contribuição de-
finida, o associado assume o ris-
co dos investimentos. Passa a ter
acesso a uma conta individual e
precisa se organizar para obter a
renda almejada lá na frente, por
meio da escolha de perfis de in-
vestimentoedosvaloresdascon-
tribuições. “É necessária uma
atuação diferenciada em relação
aos participantes, que precisam
de mais apoio porque têm que
tomar mais decisões, acompa-
nhar o desempenho dos produ-
tos e planejar quanto investir”,
afirma Luciana, da Funcesp.
O diretor-superintendente
substituto da Previc, Fábio Coelho,
lembra que a administração dos
recursos de um plano CD exige
maior habilidade dos gestores. Is-
soocorreporcontadaimprevisibi-
lidade do pagamento dos benefí-
cios,quepodemterumadinâmica
de tempo menor diante da ten-
dênciadeosparticipantesnãoper-
manecerem em apenas uma em-
presa durante toda a carreira. Em
um plano BD, a previsibilidade de
pagamento de recursos ao longo
do tempo permite investimentos
de menor liquidez , o que em geral
confere prêmios maiores. “Mesmo
tendo essa oportunidade, muitas
fundações preferem investimen-
tosmaislíquidos”,afirma.
A Previc prepara mecanismos pa-
ra facilitar o acompanhamento dos
planos de contribuição definida e
elaboraumaespéciedeíndicedere-
ferência para o mercado. “Estamos
pensando em alguma estrutura,
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Tirar proveito desses movimentos exige conhecimento e, acima de tudo, perfil para assumir riscos e aceitar volatilidade no curto prazo. A escolha de bons gestores de fundos multimercados e de ações é determinante para aproveitar as oportunidades, mas com a certeza de grandes emoções. Gestores de investimentos agem com muita prudência e ponderação nesses períodos, identificam e avaliam a exposição a risco de cada ativo na carteira e decidem investir apenas quando existe certo grau de convicção. Tenha claro os seus objetivos de investimentos, conheça seu perfil, entenda as principais características das classes de ativos, diversifique seu portfólio e faça avaliações periódicas com o seu planejador financeiro. Sendo necessário, altere os investimentos, mas sempre com o foco nos seus objetivos e respeitando o seu apetite de risco. Guilherme Moraes é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros E-mail: grmoraes@gmail.com As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultóriofinanceiro@planejar.org.br Cielo busca novo presidente após saída de Gouveia Talita Moreira e Álvaro Campos De São Paulo A credenciadora de cartões Cielo procura um novo diretor- presidente — que provavelmente sairá dos quadros da própria em- presa ou dos acionistas Bradesco eBancodoBrasil—,apósarenún- ciadeEduardoGouveiaaocargo. “Dificilmente será alguém de fora desse conjunto”, afirmou ao Valor o presidente do conselho de administração da Cielo, Mar- celo Noronha, que também é vi- ce-presidente do Bradesco. O executivo disse que já há “alguns nomes na mesa”, mas não quis adiantar quais. Clovis Poggetti Junior, atual vice-presidente de finanças, vai ocupar a presidên- cia da Cielo interinamente e é um dos potenciais candidatos, segundo fontes que acompa- nham a empresa. Depois de apenas um ano e meio à frente da companhia, Gou- veia pediu demissão alegando ra- zões pessoais. O executivo vai tirar um período sabático para se dedi- car a questões familiares. Logo após o anúncio, na manhã de sexta-feira, as ações da empresa despencaram. No entanto, os pa- péis se recuperaram com a sinali- zação dada por acionistas e execu- tivos da Cielo de que os planos e a estratégia da companhia serão mantidos. No fechamento, as açõessubiram3,05%,aR$16,90. “A Cielo continuará atuando de forma arrojada, competindo com toda força. Disputaremos cada jogo como se fosse o últi- mo, defendendo nossa liderança de mercado em todos os recan- tos”, afirmou Noronha, em tele- conferência com analistas. Com 45,2% de participação de mercado, a Cielo é a maior cre- denciadora de cartões do país. Nos últimos anos, a companhia perdeu participação para con- correntes como PagSeguro, Get- net (empresa do Santander) e Stone, o que a levou diversificar sua oferta de produtos e serviços. “Nós acreditamos que essa re- núncia também pode levantar receios sobre o quão bem-suce- dida tem sido a nova estratégia da companhia de ser mais agres- siva comercialmente”, afirma- ram analistas do Banco Safra em relatório a clientes. Para o Credit Suisse, uma mudança no coman- do da empresa em um momento de decisões estratégicas “é um importante ponto de atenção”. A analistas, Noronha afirmou serrazoávelesperarqueosucessor de Gouveia seja escolhido em 60 dias. Entretanto, não quis se com- prometer com um prazo. O execu- tivo também disse que terá reu- niões diárias com Poggetti e con- versas semanais com a diretoria- executiva da Cielo para auxiliar a credenciadoranesseperíodo. Gouveia assumiu a Cielo em janeiro do ano passado para substituir Rômulo Dias, que na época foi para a diretoria-execu- tiva do Bradesco e hoje é presi- dente do UOL, controlador da credenciadora PagSeguro. Em carta, Gouveia destacou que os esforços feitos pela Cielo “serão recompensados no futu- ro” diante do compromisso da companhia com a geração de va- lor para os acionistas. Ele assi- nou um acordo de não competi- ção com a companhia. A Cielo afirmou, em comunica- do,queagestãodeGouveiatrouxe mais modernidade e proximidade com os clientes, uma estrutura de tomada de decisão mais ágil e maior capacidade de execução de projetos. “Em um ambiente cres- centemente competitivo, a Cielo não apenas preservou a sua posi- ção de liderança, como também garantiu a oferta mais completa domercadodeprodutoseserviços para seus clientes”, disse a nota. (ColaborouNatháliaLarghi) Investimentos Crescentes déficits, queda de juro e aumento da longevidade motivam patrocinadores Fundaçõesquerem mudançaemplanos debenefíciodefinido Luciana Dalcanale, diretora de previdência da Funcesp: “Precisamos de mais agilidade e simplicidade” SILVIAZAMBONI/VALOR Juliana Schincariol Do Rio Os fundos de pensão no Brasil passam por uma segunda onda de mudanças nos planos de be- nefício definido — que garantem aposentadoria vitalícia. Há dois movimentos distintos. Um deles élideradopelasfundaçõesquese preparam para deixar de aceitar novos participantes nesses pla- nos, como fez a maioria há 20 anos. Há ainda um outro grupo de entidades que já fechou seus planos de benefício definido e agora buscam convencer os par- ticipantes a migrarem para pla- nos de contribuição definida, as- sumindooriscodasaplicações— nessa modalidade, a aposenta- doriaseráresultadodovaloracu- mulado durante a vida. Na Funcesp, fundo de pensão da empresas de energia do Esta- do de São Paulo, e na Fapes, do Banco Nacional de Desenvolvi- mento Econômico e Social (BN- DES),osplanosdebenefíciodefi- nido (BD) ainda estão abertos a novasadesões,masoprocessode fechamento já foi iniciado. Já na Petros (Petrobras) e no Postalis (Correios), os planos BD foram fechados há algum tempo, mas mantidos os direitos daqueles que já participavam dos fundos. A ideia agora é que as pessoas mudem para novos planos. Ne- nhuma das duas fundações, con- tudo, apresentou propostas ao participantes até o momento. Segundo dados da Superin- tendência Nacional de Previdên- cia Complementar (Previc), ao fim de 2017, o país tinha 323 pla- nos de benefício definido, que administravam R$ 536 bilhões ou 64% dos ativos do sistema. Os planos de e contribuição variável eram 357 (R$ 193 bilhões) e os de contribuição definida, 428 (R$ 113 bilhões). O rendimento médio do sistema em 2017 foi de 11,52%. Os planos BD renderam 11,68%, um pouco abaixo dos planos CD, com 11,90%. Oaumentodosriscosatuariais com os crescentes déficits, a que- da da taxa de juros e o aumento da longevidade da população motivam os patrocinadores a realizarem as mudanças. “Esse é um tema que foi parcialmente adiado quando o assunto foi dis- cutido entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000. Já na- quela época, estudos técnicos mapearam eventuais problemas ou questões que exigiam equa- cionamentos adicionais. Algu- mas fundações foram mais ativas e outras adiaram os problemas”, diz uma fonte do setor. Recentes ajustes das expectati- vas de vida, as chamadas tábuas atuariais, que aumentam os pas- sivos das fundações cada vez que essas revisões são feitas, pressio- nam as fundações, segundo es- pecialistas ouvidos pelo Valor. “Isso tem levado as patrocinado- ras a pensarem num modelo mais previsível e não sofrerem com as oscilações do mercado”, dizolíderdeprevidênciadaMer- cer Brasil, Felipe Bruno. A Funcesp, que administra dez planos com um total de R$ 28 bi- lhões, iniciou um processo de fe- chamentodosplanosBD—ospar- ticipantes atuais permanecem com os mesmos direitos. Para no- vos entrantes, será adotado o mo- delo de contribuição definida. Dois planos tiveram as mudanças recentemente aprovadas: o da Ele- tropaulo,comR$10bilhões,eoda Tietê,deR$480milhões. “Há conversas bem consisten- tescommaistrêsplanos”,dizadi- retora de previdência da funda- ção, Luciana Dalcanale. Além dis- so, as mudanças na Empresa Me- tropolitana de Águas e Energia (Emae), de R$ 1,1 bilhão, aguar- dam aprovação da Previc. Antes das mudanças, oito dos dez pla- noseramdebenefíciodefinido. “Há uma necessidade de atua- lização e modernização dos nos- sos produtos. Precisamos de mais agilidade e simplicidade”, diz a diretora. As recentes mu- danças societárias do setor, co- moavendadaCPFLem2016eda Eletropaulo, em junho, são con- sideradas as mais relevantes des- deoprocessodeprivatizaçãonos anos 1990 e também pesam so- bre as modificações. “O empre- gador quer oferecer o melhor veículo e eu tenho que mostrar qualidade, custo baixo e produ- tos modernos”, completa. O mesmo caminho seria toma- do na Fapes. O fechamento defini- tivodoBDfazpartedareestrutura- ção que será aprovada até o fim do anopeloConselhoDeliberativo. Na Sabesprev, fundo de pen- são dos funcionários da Sabesp, a migração foi alvo de disputa judicial encerrada em 2016, mas a adesão não foi completa. Um total de 3.572 participantes, sen- do a maioria ativos — 42% dos funcionários da Sabesp — aceita- ram as mudanças. Houve um au- mento de 62% na população do plano CD e redução de 31% na população do BD, que hoje en- frenta um equacionamento de déficit de R$ 543,2 milhões. Fundações como a Petros bus- cam o ressarcimento de aplica- ções malsucedidas, mas o enten- dimento é de que isso não vai re- solver o problema do plano PPSP, de benefício definido, que passa por um equacionamento de défi- cit atual de R$ 27,7 bilhões. O Va- lor noticiou em junho que a Pe- trobras vai propor a migração vo- luntária dos participantes para a modalidade de contribuição de- finida. Uma das principais moti- vações é eliminar a necessidade de contribuições adicionais para sanearosresultadosnegativos. “É uma proposta boa para a ad- ministração do fundo de pensão e para a patrocinadora, e é ruim pa- raoparticipante.Eleperdedeveza chance de recuperar os investi- mentos realizados no passado que deram errado por causa dos mal feitos”, diz o especialista em previ- dência e finanças pessoais Daniel Fuks.Elesugerequeoassociadote- nha mais de uma opção de migra- ção — inclusive previdência aberta —, ou manutenção da renda vitalí- cia, ainda que menor do que o ini- cialmenteacordado. Uma fonte do setor de fundos de pensão diz que é extrema- mente difícil ter separação entre um investimento malsucedido ou que foi feito de forma irregu- lar. “Isso vai ter que ser equacio- nado a não ser que a Justiça en- tenda diferente. Todos os proces- sos judicializados demoram 20 anos para ser resolvidos. Se for esperadaumasoluçãomágicaeo equacionamento for adiado o plano será enterrado”, afirma. Omaiorriscodeficarnumpla- no BD é a possibilidade de novos equacionamentos. Ao migrar pa- ra um fundo de contribuição de- finida, o associado assume o ris- co dos investimentos. Passa a ter acesso a uma conta individual e precisa se organizar para obter a renda almejada lá na frente, por meio da escolha de perfis de in- vestimentoedosvaloresdascon- tribuições. “É necessária uma atuação diferenciada em relação aos participantes, que precisam de mais apoio porque têm que tomar mais decisões, acompa- nhar o desempenho dos produ- tos e planejar quanto investir”, afirma Luciana, da Funcesp. O diretor-superintendente substituto da Previc, Fábio Coelho, lembra que a administração dos recursos de um plano CD exige maior habilidade dos gestores. Is- soocorreporcontadaimprevisibi- lidade do pagamento dos benefí- cios,quepodemterumadinâmica de tempo menor diante da ten- dênciadeosparticipantesnãoper- manecerem em apenas uma em- presa durante toda a carreira. Em um plano BD, a previsibilidade de pagamento de recursos ao longo do tempo permite investimentos de menor liquidez , o que em geral confere prêmios maiores. “Mesmo tendo essa oportunidade, muitas fundações preferem investimen- tosmaislíquidos”,afirma. A Previc prepara mecanismos pa- ra facilitar o acompanhamento dos planos de contribuição definida e elaboraumaespéciedeíndicedere- ferência para o mercado. “Estamos pensando em alguma estrutura, uma espécie de referencial. Um dos caminhos talvez seja fazer uma pu- blicação de metodologia no relató- riodeestabilidade”,afirma.