O documento discute um método dinergético para projetos sociocriativos sustentáveis baseados em fluxos e processos criativos. O método envolve compreender o projeto como um sistema orgânico e circular influenciado por elementos como sentido, propósito, método e aprendizado. O objetivo é harmonizar aspectos opostos para gerar inovação social.
2. Como pensar as relações entre cultura, inovação e sustentabilidade?
O que conservar dos princípios aprendidos durante a era industrial?
Como transformar a energia da competitividade, da produtividade e do pensamento
econômico linear em pensamento sistêmico e práxis cocriativas e colaborativas?
Como gerar padrões econômicos harmônicos, homeostáticos e resilientes?
Como seria uma economia do afeto, da criatividade e do conhecimento?
Como gerar inovação social sustentável a partir de fluxos criativos?
Como garantir que contextos culturais, sociais, humanos, digitais e intangíveis contemplados
pela economia criativa possam ajudar a gerar novos padrões econômicos, mais afetivos, mais
orgânicos, mais sustentáveis?
Como evitar que o reducionismo econômico contamine fluxos e ecossitemas criativos?
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4. Dinergia é o processo de criação de padrões pela união dos opostos. O termo foi cunhado
pelo arquiteto húngaro György Doczi (1909-1995) para expressar a organização geométrica
presente nas harmonias naturais e estudadas pelos artistas, filósofos e cientistas, do passado
e da atualidade.
Pensado a partir da Proporção Áurea, dinergia é um vocábulo que expressa a energia criadora
pela ordem harmônica.
Podemos entender a dinergia como a sinergia dos opostos.
10. O método dinergético sociocriativo é um modelo conceitual aberto, em construção, para
pensar e ativar projetos sociocriativos: empreendimentos, organizações, políticas,
estratégias e arranjos que buscam inovação social de forma sustentável e a partir de fluxos e
processos criativos.
Propõe ao empreendedor ou gestor criativo lidar com o projeto como um processo orgânico,
autopoiético, circular e ecoefetivo.
11. Autopoiese
Os organismos se autoproduzem, são
produzidos pelo meio que habitam, e são
produtores desse mesmo meio. As
iniciativas (co)criadas pela comunidade a
(re)criam simultaneamente.
Ecoefetividade
Uma ação empreendida,
independentemente do
recorte temático (cultura,
esporte, educação, etc),
provoca efeitos
psicosociais-culturais-
econômicos-ambientais
múltiplos e
interdependentes.
Organicidade
Um projeto sociocriativo é um
sistema vivo. Um organismo.
Circularidade
Empreender é aprender.
Planejamento e gestão realizados a
partir da produção continuada de
conhecimento interdisciplinar sobre a
ação - preferencialmente por meio de
pesquisa social participativa –
permitem que cada período de
gestão corresponda a uma nova e
potente curva de aprendizagem.
12. O método aborda o empreendimento pessoal ou coletivo não como um objeto, mas como um
fluxo autopoiético que pode ser induzido e harmonizado considerando-se quatro elementos
geradores: sentido (fogo), propósito (ar), método (terra) e aprendizado (água).
Sentido e propósito são os elementos masculinos, forças da criação, da intelecção, da razão,
da ação. Levam as pessoas e comunidades à expressão, à energia que mobiliza, comove.
Método e aprendizado são os elementos femininos, forças do pragmatismo, da absorção, da
intuição, da compreensão (não-ação). Permitem encontrar a deriva, o fluxo que mantém o
empreendimento vivo.
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14. Ser Grande
Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui
Sê todo em cada coisa.
Pôe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua inteira brilha,
Porque alta vive.
(Ricardo Reis)
SENTIDO
15. PROPÓSITO
Imaginar é o princípio da criação.
Nós imaginamos o que desejamos,
queremos o que imaginamos e,
finalmente, criamos aquilo que
queremos.
(George Bernard Shaw)
16. MÉTODO
Eu sou a fonte original de toda a vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.
(Cora Coralina, O cântico da terra)
19. Estes elementos, compreendidos em contextos múltiplos e interdependentes de
interações colaborativas, também não são abordados como blocos, mas como
sistemas de relações dinergéticas, onde busca-se harmonizar aspectos opostos
como o ecossistema interior (método) em relação ao ecossistema exterior
(propósito) e a deriva posterior (sentido) em relação à deriva anterior
(aprendizado).
Um contexto colaborativo consiste em um conjunto de circunstâncias de
colaboração entre pessoas. Nele, interações sociais são articuladas sob
determinadas lógicas e linguagens, gerando atividade e transformações.
Cada contexto colaborativo contempla modos próprios para observar, pensar e
narrar o projeto sociocriativo e de planejar e gerir seus propósitos e métodos.
21. Alguns conhecimentos e pensamentos referenciais
Biologia Cultural :: Humberto Maturana
Teoria da Atividade :: Valery Leontiev
Desenvolvimento Proximal :: Lev Vigotiski
Complexidade e Auto-eco-poiese :: Edgar Morin
Diálogo :: David Bohm, Paulo Freire
Contrucionismo Social :: Kenneth J. Gergen
Conhecimento tradicional taoista, budista, sul-africano e indígena.
Geometria sagrada.