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4<br />     Era noite. A floresta era escura e sombria. Natasha tinha pouca visualização enquanto escapava. Galhos de árvores frequentemente a machucavam, mas ela não podia parar. Ela ouvia os passos do inimigo. Eles estavam próximos. Natasha corria o mais depressa que podia. Uma pedra grande no caminho fizera com que ela caísse abruptamente. Ela tentou se levantar, mas o inimigo estava próximo demais. Ele agarrou as pernas dela e começou a arrastá-la. O inimigo começou a rir. Era um riso diabólico. Enquanto era arrastada, Natasha conseguiu pegar uma pedra no chão e imediatamente atirou-a na máscara de Silas. Ele a soltou e após retirou a máscara mostrando a sua verdadeira face. Era uma imagem tão tenebrosa que Natasha começou a gritar desesperadamente.<br />     Natasha despertou sentindo seu coração pulsar rapidamente. Seu namorado que também estava dormindo, acordou quando sentiu Natasha sentar na cama. <br />     — O que foi, amor? — perguntou André.<br />     — Um pesadelo.<br />     André tentou confortá-la com um abraço, mas ela se esquivou e se levantou da cama. A TV estava ligada e passava um programa evangélico.<br />     — Agora eu quero falar com você — disse o Pastor Rivelino pelo programa — Você que está sofrendo e está precisando de paz. Jesus é a solução. Pare de sofrer. Venha visitar a minha, a sua, a nossa igreja Vida Nova. Eu, Pastor Rive... — Natasha desligou a TV e após se dirigiu ao banheiro. Ligou o chuveiro e começou a tomar banho. André olhou para a cabeceira da cama e se informou que eram seis horas da manhã.<br />     — Você vai jogar capoeira hoje, amor?<br />     Natasha não respondeu e André resolveu deixá-la em paz. Entendeu que ela ficara irritada por conta do pesadelo e sabia que em um momento como aquele, ela não gostava de ser perturbada. Como ele só iria trabalhar por volta das onze horas da manhã como garçom, decidiu voltar a dormir.<br />     Três vezes por semana, Natasha praticava capoeira em uma academia que ficava a três bairros de sua residência. Devido a essa distância, Natasha ia de ônibus. <br />Por volta das 9 horas da manhã, horário em que Natasha pegava a condução, o ônibus trafegava normalmente com metade dos assentos ocupados. Como gostava de seguir viagem, Natasha sentava-se sozinha ao lado da janela, a fim de admirar a paisagem. Mas naquele dia, ela não estava conseguindo. Sua mente estava dominada pelas lembranças dos recentes assassinatos de que fora testemunha. Embora houvesse se passado duas semanas dos ocorridos e de eliminar qualquer indício de que talvez ela pudesse estar sendo seguida, Natasha ainda sentia a companhia do medo em sua vida. De comum acordo com seu namorado de não contar a ninguém sobre o que viram e tampouco de procurar à polícia, ela agora estava sempre alerta a tudo e a todos a sua volta. <br />A lembrança assustadora de Silas descendo da van para ir se encontrar aos rapazes passava na mente de Natasha quando ela se assustou com o volume alto de um carro de som que parara ao lado dela na janela em um sinal de trânsito. O tal veículo fazia campanha para a reeleição do Prefeito do Rio de Janeiro. Automaticamente incomodada com o volume, Natasha olhou para o veículo e notou que neste, havia várias fotos estampadas do Prefeito ao lado do pastor Rivelino Soares. Logo o sinal abriu e o carro de som se afastou deixando Natasha com uma sensação de que havia algo de suspeito naquela afiliação. Imediatamente lembrou-se de Gabriel Lins e a polêmica das tatuagens que envolvia o prefeito. E agora este estava sendo apoiado por um dos maiores nomes da igreja evangélica no Brasil. Natasha sentiu que havia algo que ligava essas três pessoas. Ela não sabia o que era, mas sua intuição suspeitava de algo bastante perigoso.   <br />O ônibus percorreu alguns quilômetros e enfim Natasha desceu em um ponto próximo à academia. Caminhou por alguns minutos e chegou. Assim que passou pela catraca que ficava na entrada, foi recebida por Cíntia que a abraçou.<br />— Oi, Cíntia — disse Natasha em um tom de desânimo.<br />Cíntia que notou o abatimento de Natasha, inquiriu:<br />— Que foi, amiga?<br />Natasha olhou para a amiga com um ar de que nada estava indo bem e desabafou:<br />— Tô precisando conversar com você.<br />— Tá. A gente conversa lá no banheiro.<br />— Aqui não. Pode ser na sua casa?<br />Cíntia que ficara um pouco preocupada demorou alguns segundos para responder:<br />— Pode. <br />As duas então foram até o banheiro para se trocar. Assim que ambas estavam prontas para jogar capoeira, elas foram em direção a roda. Natasha e Cíntia eram as únicas mulheres. Assim que já estavam bem próximas, Natasha notou que havia um integrante novo. Ela cochichou com a amiga:<br />— Quem é?<br />— Era o que eu queria dizer quando chegou. Mas com todo o clima que chegou, muchei. Esse é o nosso novo professor. Ele não é um espetáculo?<br />Afinal aconteceu algo que melhorara o astral de Natasha. Ela olhou atentamente aquele loiro que fora abençoado com um rosto e um corpo fenomenal. <br />O professor ao avistar suas alunas se aproximarem, não deixou de reparar na beleza de Natasha. Assim que elas chegaram à roda, o professor fez questão de cumprimentar a aluna que não conhecia:<br />— Olá. Sou o seu novo professor. Flávio.<br />Não era só com o rosto e corpo que Natasha se encantara. A voz dele era grave e soava firmeza e masculinidade. Após os cumprimentos, o professor deu início à aula. Um aluno começou a tocar o berimbau e o restante dos alunos começaram a cantar e a baterem palmas.<br />Tendo um grupo que já jogava capoeira há mais de três anos, não havia muita coisa a que Flávio podia ensinar. Era um ou outro aluno que precisava de mais atenção. Flávio se surpreendeu com Natasha, não só por sua beleza, mas por ela demonstrar que ela era uma exímia capoeirista. Ela demonstrava destreza, reflexo e muita força.<br />Enfim, a aula terminou. O professor se despediu dos alunos, deu uma última olhada em Natasha e saiu. Cíntia e todos os outros alunos também perceberam o flerte, mas ninguém comentou nada. <br />Como tinham combinado, Natasha e Cíntia após saírem da academia, dirigiram-se a casa desta.   <br />Assim que chegaram, ambas puseram suas bolsas em cima da mesa da sala e se sentaram no sofá. Ansiosa e preocupada com a amiga, Cíntia logo perguntou:<br />— Conta amiga, o que está acontecendo.<br />Natasha deu uma suspirada e desabafou:<br />— Não sei o que faço, Cíntia. Eu... Testemunhei dois assassinatos.<br />Cíntia ficou aturdida algum tempo com a declaração da amiga e perguntou em um tom como se houvesse alguém as ouvindo:<br />— Quando foi isso?<br />Natasha contou não só o assassinato de Gabriel Lins como também o dos dois rapazes que testemunhara. Finalizou, com os olhos cheios de lágrimas, falando de Silas.<br />Cíntia não sabia o que fazer ou dizer. Embora visse que Natasha precisava de um abraço naquele momento, o que ela havia lhe contado, tinha petrificado seu corpo. Sua voz estava engasgada.<br />Natasha incomodada com o silêncio da amiga, disse:<br />— Fala alguma coisa, Cíntia.<br />Cíntia então encarou a amiga e perguntou:<br />— Você acha que algum deles viu você?<br />— Não. Acho que não. <br />— Vocês já procuraram a polícia?<br />— Não. André quer, mas eu não.<br />— Faz muito bem. Se você diz que ninguém te viu... Esquece isso tudo. Vai que você conta para a polícia e acontece o pior. Você não sabe com quem está lidando. Homens de metralhadoras, homem esquisito de máscara... Deus me livre. Esquece isso, amiga. Pelo amor de Deus.<br />— Você tem razão, Cíntia. Você tem razão.<br />Enfim, Cíntia se aproximou da amiga e a abraçou.<br />© Todos os direitos reservados<br />
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Capítulo 4

  • 1. 4<br /> Era noite. A floresta era escura e sombria. Natasha tinha pouca visualização enquanto escapava. Galhos de árvores frequentemente a machucavam, mas ela não podia parar. Ela ouvia os passos do inimigo. Eles estavam próximos. Natasha corria o mais depressa que podia. Uma pedra grande no caminho fizera com que ela caísse abruptamente. Ela tentou se levantar, mas o inimigo estava próximo demais. Ele agarrou as pernas dela e começou a arrastá-la. O inimigo começou a rir. Era um riso diabólico. Enquanto era arrastada, Natasha conseguiu pegar uma pedra no chão e imediatamente atirou-a na máscara de Silas. Ele a soltou e após retirou a máscara mostrando a sua verdadeira face. Era uma imagem tão tenebrosa que Natasha começou a gritar desesperadamente.<br /> Natasha despertou sentindo seu coração pulsar rapidamente. Seu namorado que também estava dormindo, acordou quando sentiu Natasha sentar na cama. <br /> — O que foi, amor? — perguntou André.<br /> — Um pesadelo.<br /> André tentou confortá-la com um abraço, mas ela se esquivou e se levantou da cama. A TV estava ligada e passava um programa evangélico.<br /> — Agora eu quero falar com você — disse o Pastor Rivelino pelo programa — Você que está sofrendo e está precisando de paz. Jesus é a solução. Pare de sofrer. Venha visitar a minha, a sua, a nossa igreja Vida Nova. Eu, Pastor Rive... — Natasha desligou a TV e após se dirigiu ao banheiro. Ligou o chuveiro e começou a tomar banho. André olhou para a cabeceira da cama e se informou que eram seis horas da manhã.<br /> — Você vai jogar capoeira hoje, amor?<br /> Natasha não respondeu e André resolveu deixá-la em paz. Entendeu que ela ficara irritada por conta do pesadelo e sabia que em um momento como aquele, ela não gostava de ser perturbada. Como ele só iria trabalhar por volta das onze horas da manhã como garçom, decidiu voltar a dormir.<br /> Três vezes por semana, Natasha praticava capoeira em uma academia que ficava a três bairros de sua residência. Devido a essa distância, Natasha ia de ônibus. <br />Por volta das 9 horas da manhã, horário em que Natasha pegava a condução, o ônibus trafegava normalmente com metade dos assentos ocupados. Como gostava de seguir viagem, Natasha sentava-se sozinha ao lado da janela, a fim de admirar a paisagem. Mas naquele dia, ela não estava conseguindo. Sua mente estava dominada pelas lembranças dos recentes assassinatos de que fora testemunha. Embora houvesse se passado duas semanas dos ocorridos e de eliminar qualquer indício de que talvez ela pudesse estar sendo seguida, Natasha ainda sentia a companhia do medo em sua vida. De comum acordo com seu namorado de não contar a ninguém sobre o que viram e tampouco de procurar à polícia, ela agora estava sempre alerta a tudo e a todos a sua volta. <br />A lembrança assustadora de Silas descendo da van para ir se encontrar aos rapazes passava na mente de Natasha quando ela se assustou com o volume alto de um carro de som que parara ao lado dela na janela em um sinal de trânsito. O tal veículo fazia campanha para a reeleição do Prefeito do Rio de Janeiro. Automaticamente incomodada com o volume, Natasha olhou para o veículo e notou que neste, havia várias fotos estampadas do Prefeito ao lado do pastor Rivelino Soares. Logo o sinal abriu e o carro de som se afastou deixando Natasha com uma sensação de que havia algo de suspeito naquela afiliação. Imediatamente lembrou-se de Gabriel Lins e a polêmica das tatuagens que envolvia o prefeito. E agora este estava sendo apoiado por um dos maiores nomes da igreja evangélica no Brasil. Natasha sentiu que havia algo que ligava essas três pessoas. Ela não sabia o que era, mas sua intuição suspeitava de algo bastante perigoso. <br />O ônibus percorreu alguns quilômetros e enfim Natasha desceu em um ponto próximo à academia. Caminhou por alguns minutos e chegou. Assim que passou pela catraca que ficava na entrada, foi recebida por Cíntia que a abraçou.<br />— Oi, Cíntia — disse Natasha em um tom de desânimo.<br />Cíntia que notou o abatimento de Natasha, inquiriu:<br />— Que foi, amiga?<br />Natasha olhou para a amiga com um ar de que nada estava indo bem e desabafou:<br />— Tô precisando conversar com você.<br />— Tá. A gente conversa lá no banheiro.<br />— Aqui não. Pode ser na sua casa?<br />Cíntia que ficara um pouco preocupada demorou alguns segundos para responder:<br />— Pode. <br />As duas então foram até o banheiro para se trocar. Assim que ambas estavam prontas para jogar capoeira, elas foram em direção a roda. Natasha e Cíntia eram as únicas mulheres. Assim que já estavam bem próximas, Natasha notou que havia um integrante novo. Ela cochichou com a amiga:<br />— Quem é?<br />— Era o que eu queria dizer quando chegou. Mas com todo o clima que chegou, muchei. Esse é o nosso novo professor. Ele não é um espetáculo?<br />Afinal aconteceu algo que melhorara o astral de Natasha. Ela olhou atentamente aquele loiro que fora abençoado com um rosto e um corpo fenomenal. <br />O professor ao avistar suas alunas se aproximarem, não deixou de reparar na beleza de Natasha. Assim que elas chegaram à roda, o professor fez questão de cumprimentar a aluna que não conhecia:<br />— Olá. Sou o seu novo professor. Flávio.<br />Não era só com o rosto e corpo que Natasha se encantara. A voz dele era grave e soava firmeza e masculinidade. Após os cumprimentos, o professor deu início à aula. Um aluno começou a tocar o berimbau e o restante dos alunos começaram a cantar e a baterem palmas.<br />Tendo um grupo que já jogava capoeira há mais de três anos, não havia muita coisa a que Flávio podia ensinar. Era um ou outro aluno que precisava de mais atenção. Flávio se surpreendeu com Natasha, não só por sua beleza, mas por ela demonstrar que ela era uma exímia capoeirista. Ela demonstrava destreza, reflexo e muita força.<br />Enfim, a aula terminou. O professor se despediu dos alunos, deu uma última olhada em Natasha e saiu. Cíntia e todos os outros alunos também perceberam o flerte, mas ninguém comentou nada. <br />Como tinham combinado, Natasha e Cíntia após saírem da academia, dirigiram-se a casa desta. <br />Assim que chegaram, ambas puseram suas bolsas em cima da mesa da sala e se sentaram no sofá. Ansiosa e preocupada com a amiga, Cíntia logo perguntou:<br />— Conta amiga, o que está acontecendo.<br />Natasha deu uma suspirada e desabafou:<br />— Não sei o que faço, Cíntia. Eu... Testemunhei dois assassinatos.<br />Cíntia ficou aturdida algum tempo com a declaração da amiga e perguntou em um tom como se houvesse alguém as ouvindo:<br />— Quando foi isso?<br />Natasha contou não só o assassinato de Gabriel Lins como também o dos dois rapazes que testemunhara. Finalizou, com os olhos cheios de lágrimas, falando de Silas.<br />Cíntia não sabia o que fazer ou dizer. Embora visse que Natasha precisava de um abraço naquele momento, o que ela havia lhe contado, tinha petrificado seu corpo. Sua voz estava engasgada.<br />Natasha incomodada com o silêncio da amiga, disse:<br />— Fala alguma coisa, Cíntia.<br />Cíntia então encarou a amiga e perguntou:<br />— Você acha que algum deles viu você?<br />— Não. Acho que não. <br />— Vocês já procuraram a polícia?<br />— Não. André quer, mas eu não.<br />— Faz muito bem. Se você diz que ninguém te viu... Esquece isso tudo. Vai que você conta para a polícia e acontece o pior. Você não sabe com quem está lidando. Homens de metralhadoras, homem esquisito de máscara... Deus me livre. Esquece isso, amiga. Pelo amor de Deus.<br />— Você tem razão, Cíntia. Você tem razão.<br />Enfim, Cíntia se aproximou da amiga e a abraçou.<br />© Todos os direitos reservados<br />