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Proposta para criação
de Unidade de Conservação na
Serra da Canoa, Município de
         Floresta/PE




         Recife, Abril de 2012
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
 SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – SEMAS
        AGENCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CPRH

            Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos
               Vice – Governador: João Soares Lyra Neto

COMITÊ EXECUTIVO PARA IMPLANTAÇÃO DAS UCs DE PERNAMBUCO
              (Decreto nº 36.627 de 8 de junho de 2011)

                      Sérgio Luis de Carvalho Xavier
             Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS
                          Hélvio Polito Lopes Filho
         Secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS
                          Hélio Gurgel Cavalcanti
         Diretor Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH
                       Maria Vileide de Barros Lins
              Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade – CPRH
                        Giannina Cysneiros Bezerra
                         Superintendente Técnica – SEMAS
                             Nahum Tabatchnik
         Gerente da Unidade de Gestão de Unidades de Conservação – CPRH



                           EQUIPE TÉCNICA
                Ana Cláudia Sacramento                  SEMAS
                      Elba Borges                        CPRH
                  Giannina Cysneiros                    SEMAS
                     João Oliveira                       CPRH
                      Jóice Brito                        CPRH
                     José Cordeiro                      SEMAS
                  Joselma Figueirôa                      CPRH
                      Liana Melo                         CPRH
                    Lígia Alcântara                      CPRH
                 Marilourdes Guedes                     SEMAS
                  Nahum Tabatchnik                       CPRH
                 Samanta Della Bella                     CPRH
                 Tassiane Novacosque                     CPRH




                                                                            2
PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
           NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA / PE
1. CONTEXTO
2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE
3.1. Localização
3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia e clima
3.3. Aspectos Socioeconômicos
3.3.1 – População
3.3.2. Aspectos Históricos
3.3.3 - Caracterização Socioeconômica
4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA
CANOA
5. CARACTERIZAÇÃO                DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
5.1 Localização e Abrangência
5.2 Aspectos Biológico
5.2.1 - Aspectos Fisiográficos
5.2.2. Vegetação e Flora
5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO
5.2.3.1 - Componente lenhoso
5.2.3.2 - Componente herbáceo
5.2.4 – Fauna
5.2.4.1 - Mastofauna
5.2.4.2 - Avifauna
6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA
8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA
9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIAS DE MANEJO
10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
11. ANEXOS




                                                                3
FIGURAS


Figura 1 - Localização do Município de Floresta/PE
Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da
Canoa em Floresta/PE
Figura 3 – Fotos A e B, vista parcial da área da Serra da Canoa em floresta/PE
Figura 4 – Espécies da Caatinga: A - Espécie de Cactácea (facheiro), B – Bromeliácea
(macambira) e C - Euphorbiacea (marmeleiro) que caracteriza a área da Serra da canoa
em Floresta/PE.
Figura 5 – Vista parcial da fisionomia da área de 11.720 ha que abrange a Serra da
canoa em Floresta/PE.
Figura 6 - Espécies da Caatinga: Espécies encontradas em frutificação ou floração na
área dev 11.720 ha que abrange a área da Serra da Canoa em floresta/PE.
Figura 7 - Imagens de mamíferos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio
Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do-
mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua
tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró-
carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos).
Figura 8 – Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano
Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B-
Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de-
campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto
D – Jóice Brito).
Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e
Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra-
cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus
ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005).




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QUADROS


QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO.
QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM
PERNAMBUCO.
QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA
CANOA SEGUINDAS COM SEU NOME VULGAR E FORMA DE VIDA.
QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU
STRICTO DA RPPN MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO.
CITADO PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al, 2008.
QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: CRUZ et al., (2005)).
QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: FARIAS et al., (2005)).
QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: BORGES-NOJOSA et al., (2005)).




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APRESENTAÇÃO

      A presente Proposta foi elaborada pela equipe técnica da Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco – SEMAS e da Agência Estadual de Meio
Ambiente - CPRH, que compõe o Comitê Executivo para Criação e Implantação de
Unidades de Conservação de Pernambuco, atendendo demanda da SOS Caatinga (ONG
sediada no município de Floresta), o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da
Caatinga – CERBCAA e da CODEVASF.




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PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
          NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE



1. CONTEXTO

       A conservação da biodiversidade se constitui uma das diretrizes do governo
estadual. Em junho de 2007, o Plano Estratégico Ambiental de Pernambuco, endossado
pelo Governador Eduardo Campos, definiu seis programas, dentre eles, o Programa IV –
Conservação da Biodiversidade que estabelece como ação prioritária, a criação do Sistema
Estadual de Unidade de Conservação - SEUC. Em 2009, após discussões com a sociedade
civil e aprovação no Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, ele foi instituído
por meio da Lei Estadual nº 13.787. Este ato significa um marco para a estruturação de
ações mais efetivas por parte do governo de Pernambuco, no que se refere à proteção de
seu patrimônio natural.

       O Programa de Conservação da Biodiversidade, instituído no artigo 49 do
SEUC, define uma série de metas e atividades voltadas à promoção da proteção in situ
dos biomas e ecossistemas existentes em Pernambuco. Este Programa está estruturado a
partir de oito componentes, destacando-se a “Identificação de Áreas Prioritárias para
Criação de Unidades de Conservação Estaduais” e “Criação de Novas UCs Estaduais”.
O estabelecimento do SEUC e do Programa de Conservação da Biodiversidade reflete o
compromisso com uma política pública voltada para a sustentabilidade socioambiental,
com uma visão de futuro onde o desenvolvimento equilibrado e a melhoria da qualidade
de vida do povo pernambucano é a meta a ser atingida.

       Quando se considera o bioma caatinga e sua situação de proteção, fica evidente a
necessidade de ação governamental nesta área. Apesar de ser o único bioma
exclusivamente brasileiro, cujo patrimônio biológico não é encontrado em nenhum
outro lugar do mundo além do nordeste do Brasil, só há pouco tempo é que a caatinga
vem alcançando o destaque merecido. Durante muitos anos alguns mitos foram criados
em torno de sua diversidade biológica, principalmente relacionados à sua
“homogeneidade”, ao baixo número de espécies e de endemismos e ainda ao fato de ter
sido considerado um bioma pouco alterado.




                                                                                     7
Estes mitos foram desfeitos a partir de estudos e projetos desenvolvidos
especificamente para a caatinga, quando o Ministério do Meio Ambiente, por meio do
projeto Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira – PROBIO
elaborou o documento “Avaliação de Ações Prioritárias para a Conservação da
Biodiversidade da Caatinga”. Dentre seus objetivos, destaca-se a identificação de áreas
prioritárias de conservação, baseado em critérios de importância biológica, de
integridade dos ecossistemas e de oportunidades para ações de conservação da
biodiversidade, assim como a busca de alternativas para utilização sustentável dos
recursos naturais (MMA/PROBIO, 2002).

       Considerando a demanda da SOS Caatinga, juntamente com o Comitê Estadual
da Reserva da Biosfera da Caatinga – CERBCAA, que indicou concomitantemente
áreas nos municípios de Floresta, Serra Talhada e São Caetano, e a Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS, instituiu o Grupo de Trabalho para a
identificação de áreas para criação de unidades de conservação na caatinga. Com este
objetivo, foi realizado em maio do ano de 2011 o “I Workshop para Definição de Áreas
Prioritárias para Criação de Unidades de Conservação no Bioma Caatinga do Estado de
Pernambuco”, onde estas áreas foram definidas, a partir de proposições e justificativas
das instituições participantes.

QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO


                    ÁREA                                  MUNICÍPIO

                Serra da Matinha                           Carnaíba
            Região do São Francisco                         Afrânio
               Região de Itaparica                        Parnamirim
        Pedra do Cachorro (Ampliação)                     São Caetano
      Serra das Abelhas, Serra das Tabocas                    Exu
                 Serra da Canoa                             Floresta
             Calha do São Francisco          Belém do São Francisco, Tacaratu, Santa
                                                      Maria da Boa Vista
       Brejo da Princesa, Carro Quebrado                    Triunfo
                 Fazenda Saco                            Serra Talhada
             Negreiros (Ampliação)                           Serrita
                Serra do Recreio                         Lagoa Grande
              Região de Itaparica                           Cabrobó
                   Mirandiba                               Mirandiba




                                                                                       8
2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

       A Caatinga é uma fitofisionomia característica da região nordeste e se estende
do Piauí até o norte de Minas Gerais. A origem do nome é tupi e significa mata branca,
fazendo referência ao fato de apresentar, na estação seca, árvores com caules
esbranquiçados que, na ausência de folhas, dão o tom claro àquela vegetação. O bioma
no nordeste ocupa uma área aproximada de 955.755,29 km², (CNRBCAA/SECTMA,
2004) e é o único exclusivamente brasileiro o que significa que grande parte do seu
patrimônio biológico não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. Sua flora
inclui, pelo menos, 932 espécies, sendo 380 endêmicas, ou seja, exclusivas da caatinga
(RBCAA/2002). Em Pernambuco ele ocupa uma área de 81.723,97km², o que
representa 8,55% da área total do bioma (CNRBCAA/SECTMA, 2004).

       O bioma Caatinga é o segundo maior do país, recobrindo 52% da região
Nordeste; entretanto é também um dos menos conhecidos, no que se refere a sua
biodiversidade. Possui espécies florísticas das famílias: cactáceas, bromélias,
euforbiáceas e leguminosas, onde ficam em estado de dormência e perdem suas folhas
na estação seca. Possui também uma grande diversidade de espécies de animais,
englobado um grande número de formações e associações vegetais, fisionômica e
floristicamente diferentes. Dos grandes tipos de vegetação do Brasil é a caatinga, o mais
heterogêneo, apresentando sempre um aspecto novo, seja de um local para outro, seja na
mesma região em estações diferentes (EGLER, 1951). As caatingas são consideradas
como uma das formações mais heterogêneas do Brasil, variando bastante de acordo com
a região onde se instala, adquirindo feições quase que completamente diferentes,
comportando-se de forma múltipla ao ser exposta a diferentes condições de clima,
relevo, solo etc.

       Estudada por Dárdano de Andrade Lima, Dora do Amarante Romariz, Walter
Egler entre outros, os quais grandemente contribuíram para os estudos fitogeográficos,
as caatingas dividem-se em dois grandes grupos: as caatingas hipoxerófilas e caatingas
hiperxerófilas que se diferenciam por região de ocorrência, bem como por disporem em




                                                                                       9
diferentes proporções de fatores como umidade, condições de exposição ou não aos
ventos, natureza do solo e topografia.

         As espécies vegetais encontradas nas caatingas possuem uma característica
peculiar por terem a capacidade de se modificar para a luta travada com as condições
climáticas mais adversas. Este fenômeno é denominado “xeromorfismo”. As plantas
dessas formações, mesmo quando de uma mesma espécie, mudam completamente, a
ponto de ficarem quase que irreconhecíveis, ao menor sinal de umidade, dando assim
caráter hiperxerófilo ou hipoxerófilo às espécies. A sépia paisagem da caatinga pode se
transformar em poucas horas, esverdeando-se levemente, com alguns milímetros de
chuva.

         A caatinga hipoxerófila predomina sobre a região Agreste e nos refúgios
expostos úmidos do Sertão. É mais densa em sua apresentação, com porte predominante
arbustivo ou arbóreo-arbustivo, por dispor de totais pluviométricas mais elevadas e
chuvas melhor distribuídas que nas regiões da caatinga hiperxerófila.

         A vegetação da caatinga sofre influência preponderante do clima, pois se
encontra sempre subordinada a elevada deficiência hídrica, que é originada pela baixa
pluviosidade e grande evapotranspiração, associadas a má distribuição das chuvas ao
longo do ano e a abaixa capacidade de retenção de água dos solos. Tais particularidades
levaram a uma diversidade de variações fisiológicas e comportamentais das espécies
existentes no local ao longo da evolução, que garantem sua sobrevivência a partir de
uma melhor adaptação e aquisição de recursos do ambiente.

         No município de Floresta a vegetação predominante é a caatinga hiperxerófila
(IBGE, 2006), encontra-se inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja,
que representa a paisagem típica do semi-árida nordestino, caracterizada por uma
superfície de pediplanação bastante monótona, com relevo predominantemente suave a
ondulado. É esta caatinga que caracteriza fisiograficamente o sertão, apresentando
elevado xeromorfismo causado pelas condições áridas sertanejas. A caatinga
hiperxerófila é relativamente densa, arbustiva ou arbórea de pequeno porte. Espécies
como a faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus), pinhão- bravo (Jatropha pohliana) e
xique xique (Pilocereus gounellei), contribuem para denunciar este quadro de rígida



                                                                                    10
aridez, sendo que a última citada, pode ser encontrada no Agreste, em áreas mais secas e
em torno de afloramentos rochosos. Destaca-se ainda que Andrade-Lima (1989)
caracteriza as espécies quipá (Oputinia inamoena), canafístula (Cassia martiana)
também como indicadoras de áreas bastante áridas.
       O estudo e a conservação da biodiversidade da caatinga constituem em um dos
maiores desafios do conhecimento científico brasileiro. Um dos problemas encontrados
no bioma é a enorme carência de conhecimento científico sobre a biota, evidenciando a
necessidade de mais pesquisas no que se refere a inventários faunísticos e florísticos.

       Por outro lado, este bioma vem sofrendo graves danos em conseqüência do
processo de ocupação humana que ocorre desde o século XVI, quando suas áreas
começaram a ser utilizadas para a atividade pecuária e plantação de algodão. A
utilização da caatinga ainda está vinculada a pratica extrativista, seja pastoril, agrícola
ou madeireira, incluindo o desmatamento e as queimadas, o que tem provocado a
degradação ambiental com perdas irrecuperáveis para a sua diversidade biológica,
acelerando o processo de erosão e o declínio da fertilidade do solo e da qualidade da
água. (CNRBCAA/SECTMA, 2004).

       Estima-se que cerca de 100 mil hectares de caatinga apresentam mostras
significativas de degradação pela ação do homem na luta pela sobrevivência. A
identificação de áreas para conservação da caatinga é um importante instrumento para a
proteção de sua biodiversidade.

       No workshop realizado na cidade de Petrolina/PE em 2002, que resultou na
publicação “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da
Caatinga”, ficou evidente o quanto a caatinga está desprotegida em suas escassas e
relevantes áreas ainda existentes e a importância de se criar Unidades de Conservação,
como forma de garantir a preservação e conservação dos seus recursos naturais.

          Apesar de sua importância biológica, a caatinga pernambucana ainda possui
um número bastante reduzido de unidades de conservação, principalmente no âmbito
estadual, conforme Quadro II, abaixo:




                                                                                          11
QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM
PERNAMBUCO

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS

Unidades de Conservação        Categoria de Manejo     Municípios            Área UC
Parque Nacional do             Proteção Integral       Buíque/               62.300,00
Catimbau                                               Ibimirim/Tupanatinga
RPPN Reserva Cabanos           Uso Sustentável         Altinho                    6,00
APA Chapada do Araripe         Uso Sustentável         Araripina/ Bodocó/   374.916,32
                                                       Cedro/ Exu/
                                                       Ipubi/Moreilândia/
                                                       Serrita/ Trindade
RPPN Jurema                    Uso Sustentável         Belém de São             267,50
                                                       Francisco
RPPN Siriema                   Uso Sustentável         Belém de São             290,93
                                                       Francisco
RPPN Umburana                  Uso Sustentável         Belém de São             131,02
                                                       Francisco
RPPN Maurício Dantas           Uso Sustentável         Betânia/ Floresta      1.485,00
RPPN Cantidiano Valgueiro                              Floresta                 285,00
Floresta Nacional Negreiros    Uso Sustentável         Serrita e Parnamirim   3.000,00
REBIO de Serra Negra           Proteção Integral       Floresta, Tacaratu e   1.100,00
                                                       Inajá
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS

Unidades de Conservação        Categoria de Manejo     Municípios               Área UC
RPPN Pedra do Cachorro         Uso Sustentável         São Caetano                  22,90
RPPN Karawa-tá                 Uso Sustentável         Gravatá                     101,58
Parque Estadual Mata da        Proteção Integral       Serra Talhada               887,24
Pimenteira

       Estas unidades de conservação representam muito pouco do bioma, carecendo de
informações para alguns grupos florísticos e para a maioria dos grupos faunísticos,
tornando evidente a necessidade de ampliação da pesquisa e da proteção da caatinga no
Estado.

       Buscando uma nova abordagem para o enfrentamento da questão, o governo de
Pernambuco vem trabalhando no sentido de fortalecer a implementação de políticas
públicas conectadas, compatibilizando e integrando as diversas áreas temáticas que se
relacionam, direta ou indiretamente.




                                                                                  12
O SEUC, estabelecido em 2009, definiu, dentre outras diretrizes, que “no
conjunto das unidades de conservação, estejam representadas amostras significativas e
ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do Estado de
Pernambuco e das suas águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico,
geológico, geomorfológico, espeleológico, arqueológico, paleontológico e, quando
couber, histórico e cultural” (Artigo V, inciso I).

        O Programa de Conservação da Biodiversidade de Pernambuco, que tem como
objetivo contribuir para o fortalecimento e sustentabilidade do SEUC, estabelece metas
que refletem expectativas por uma proteção mais efetiva dos recursos naturais no
Estado.

        A Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas – Lei 14.090/10,
o Artigo 11 estabelece a criação de unidades de conservação como uma das estratégias
de redução de emissões a serem implementadas na conservação da biodiversidade e das
florestas.

        Na Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da
Seca – Lei nº 14.091/10, o Artigo 3º, inciso II, estabelece como um de seus princípios, a
preservação, conservação e recuperação da biodiversidade, da agrobiodiversidade e do
equilíbrio ecológico do semiárido pernambucano. O Art. 4º, inciso VI, define como um
dos objetivos específicos, a criação e implantação de novas Unidades de Conservação
(UCs) de proteção integral e de uso sustentável no Bioma Caatinga.

        Assim, a criação de unidades de conservação na caatinga vem ratificar o
compromisso estabelecido nas políticas públicas do governo estadual em avançar na
proteção de seus biomas.



3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA


3.1. Localização
        O Município de Floresta está localizado a 434 km a oeste da cidade de Recife,
na mesoregião do São Francisco Pernambucano e microregião do Sertão de Itaparica.
Limita-se a norte com o município de Serra talhada, Betânia e Custódia, a oeste com


                                                                                      13
Carnaubeira da Penha e Itacuruba, a sul com Inajá, Tacaratu, Petrolãndia e o Estado da
Bahia, a leste com Ibimirim. A área municipal ocupa 3.874,9 Km, inserida nas folhas
editada pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério, Airi (SC-24X-A-V),
Floresta (SC-24X-A-IV) Topanaci (SB 24-X-A-I), Betânia (SC 24X-A-II e SC 24 X-A-
III). A sede municipal apresenta altitude de 316m de altitude. O acesso á cidade de
Floresta, partindo de Recife é feito pela BR- 232 até o povoado do Cruzeiro do
Nordeste, em seguida a BR-110 por um percurso de 60 Km até a cidade de Ibimirim,
depois pega a PE- 360 por um trecho de 106 Km a cidade de Floresta. (Figura 1)
(CPRM, 2005)




Floresta

                                                                             Recife




Figura 1 - Localização do Município de Floresta




3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia , clima e recursos hídricos

       O município de Floresta encontra-se inserido, geologicamente na Província da
Borborema, sendo constituído pelos litotipos dos complexos Floresta, Sertania, Serra de
Jabitacá, Cabrobó e Belém do São Francisco, situado em uma área de Pediplano em
plena Depressão Sertaneja (CPRM, 2005). Na região a litologia predominante é
composta por rochas pré-cambrianas, em alguns trechos recobertos por chapadas
residuais (Brasil, 1983). Os solos predominantes da região são uma associação de
Planossolo, Solonetz, solodizado, solos Litólicos entróficos, Regossolos eutróficos e



                                                                                      14
distróficos e Bruno não cálcico (Embrapa, 2003). O município de Floresta está inserido
na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que é caracterizada por uma
superfície de pediplanação (CPRM, 2005).

       O clima é BSh’w, segundo a classificação de Köppen, temperatura média anual
em torno de 25ºC. A precipitação e o déficit hídrico médios anuais são de 511 e 890 mm
e a temperatura média mensal varia de 22,8º a 26,5º (Ministério da Agricultura, 2003) .
As chuvas são concentradas entre quadra chuvosa desenvolve-se entre os meses de
janeiro e abril (Instituto Nacional de Meteorologia, 2006).

       Quanto aos recursos hídricos, encontra-se inserido nos domínios da macro Bacia
do São Francisco, Bacia Hidrográfica do Pajeú e do Grupo de Bacias de pequenos Rios
Interiores. Seus principais tributários são: os rios São Francisco, Pajeú e os riachos do
Capim Grosso, da Lagoinha, do Navio, das Porteiras, do Papagaio, entre outros.

       O recurso hídrico subterrâneo inserido no município é denominado de Domínio
Hidrogeológico Interticial, Domínio Karsticofissural e no Domínio Hidrogeológico
Fissural. O Domínio Interticial é composto de rochas sedimentares da Formação
Tacaratu, Gurpo Brotas e de Depósitos aluvionares e dos Depósitos Colúvioeluviais. O
Domínio Karstico-fissural representa os calcários da formação Santana. O Domínio
Fissural é formado de rodas do embasamento cristalino que englobam o sub-domínio
das rochas metamórficas, constituído da Formação barra Bonita, Complexo São
Caetano, Complexo Vertentes e Complexo Belém do São Francisco (CPRM, 2005).



3.3. Aspectos Socioeconômicos

       O município de Floresta localiza-se na mesorregião do São Francisco
Pernambucano na microrregião denominada Itaparica, e ocupa, de acordo com Anuário
Estatístico de Pernambuco (1994), uma área de 3.690,3 km2, com altitude variando de
300 a 1.050m. A sede municipal se situa a 433 km de distância de Recife e apresenta as
seguintes coordenadas geográficas: 8036' de latitude sul e 38034' de longitude oeste de
Greenwich.




                                                                                      15
Criado em 20 de junho de 1907, pela Lei nº 867, o Município é constituído dos
distritos de Floresta (sede), Airi, Carnaubeira e Olho D’água do Padre, Nazaré do Pico,
Carqueja e dos povoados: Varjota, Gravata de São Francisco, Juazeiro de São
Francisco, Jaburu, Massapê e Santa Paula.




3.3.1 – População

       O município apresenta baixa densidade demográfica, em relação ao estado, e
forte tendência à urbanização (taxa de 59%). A relação população rural/população total
apresentou decréscimo ao longo do período 1970/1990, com tendência semelhante para
os dados globais do Estado de Pernambuco, o que indica esvaziamento considerável no
meio rural (EMBRAPA, 2001).

       Essa transferência de recursos humanos do meio rural para as zonas urbanas é
fato preocupante e carente de soluções alternativas, o que requer atenção especial e
urgente do Poder Público, no sentido de amenizar essa situação

       Dados do censo IBGE/2010 afirmam que a população total residente é de 29.285
habitantes. São 14.431 homens e 14.854 mulheres. Os habitantes da zona urbana
totalizam 31.094 enquanto que os da zona rural são 18.364. Os indicadores
demográficos apontam uma taxa de urbanização de 62,9%, rural de 37,1% e densidade
demográficas de 6,7%, média de moradores por domicílio de 4,5 pessoas e taxa anual de
crescimento demográfico (91/2000) –1,75. A renda média mensal do chefe do domicílio
é 2,36 salário mínimo.




3.3.2 – Aspectos Históricos
       A cidade de Floresta teve sua origem a partir de uma fazenda de gado
denominada Fazenda Grande de propriedade do capitão José Pereira Maciel e localizada
às margens do rio Pajeú, e em 1777 o capitão José Pereira Maciel mandou construir a
capela de Nossa Senhora do Rosário o que fez surgir o povoado do Senhor Bom Jesus
dos Aflitos da Fazenda Grande. Só no ano de 1907, a vila de Floresta foi elevada à



                                                                                    16
condição de cidade e sede do município. No início da colonização da área onde se
localiza o município de Floresta, os padres das primeiras missões estabelecidas às
margens do rio São Francisco atuaram na catequese dos indígenas




3.3.3 - Caracterização Socioeconômica

       O município de Floresta tem como atividades principais a pecuária, a agricultura
de sequeiro e, em algumas áreas, a presença da agricultura irrigada. Em geral, a
agricultura de sequeiro é de subsistência e a pecuária é conduzida de forma extensiva,
ambas utilizando baixos padrões tecnológicos, além de estarem descapitalizadas e
vulneráveis às variações climáticas. Isso leva as populações dependentes dessas
atividades, principalmente as menos favorecidas, na maior parte das situações, ao
extrativismo (exploração da caatinga através da venda de lenha e/ou de carvão), com a
conseqüente superexploração dos recursos, como forma de gerar renda (Pernambuco,
1999). Esse tipo de exploração da caatinga acelera o processo de degradação ambiental.

       Segundo dados do IBGE (média anual do período 1994/1997), os principais
produtos agrícolas cultivados com irrigação são: tomate, melancia, cebola, melão e
banana. Com relação à agricultura dependente de chuvas, os principais produtos
cultivados foram milho, feijão e mandioca. Em termos de valor da produção, verifica-se
claramente a importância da agricultura irrigada na economia municipal. Ela estabelece
vínculos com o mercado externo e intensifica as diferenças socioeconômicas em relação
às áreas de agricultura de sequeiro. Entretanto, é preciso evitar o manejo inadequado da
irrigação, principalmente no que diz respeito à ausência de drenagem, pois alguns solos
da área apresentam alta susceptibilidade à salinização. No que se refere à atividade
pecuária, o município tem como principais rebanhos (dados do IBGE - média anual no
período 1990/1998): bovinos (27.617 cabeças), ovinos (32.433 cabeças) e caprinos
(168.153 cabeças). Estes rebanhos apresentam, em geral, baixa produtividade,
decorrente, principalmente, da escassez de alimentos durante o período seco
(EMBRAPA, 2001).




                                                                                     17
4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA
CANOA

       O processo de criação da Unidade de Conservação, ora apresentada, foi iniciado
em 2010 a partir de uma demanda da sociedade civil (SOS Caatinga e CERBCAA) que
indicava áreas importantes para criação de Unidade de Conservação. Houve então um
interesse institucional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
do Parnaíba – CODEVASF, em regularizar a reserva legal de projetos de irrigação, por
meio da aquisição de área para regularização de Unidade de Conservação Estadual,
conforme disposto no Art. 44 do Código Florestal vigente, que trata da possibilidade do
proprietário rural ser desonerado da obrigação da averbação da reserva legal em
propriedades rurais mediante doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada
no interior de Unidade de Conservação de domínio público, pendente de regularização
fundiária.

       Em junho de 2010, foi realizada vistoria técnica da CPRH, com o objetivo fazer
o reconhecimento das áreas indicadas pelo CERBCAA, em atendimento a diversas
instituições, e iniciar o processo de discussão. Foi elaborado o relatório técnico
(Relatório Técnico, CPRH- DRFB/UGUC Nº 014/2010 de 15.06.2010) onde foi
confirmada a viabilidade da área de Floresta para criação da UC.

       Quanto ao processo de regularização da reserva legal do perímetro de Irrigação
da CODEVASF (Projeto Senador Nilo Coelho), foi protocolado junto a CPRH o Ofício
nº 027/2011 da CODEVASF propondo medidas a fim de que o artigo do Código
Florestal sobre a desobrigação da averbação de Reserva Legal fosse utilizado. Em
resposta ao Ofício CODEVASF foi elaborada a Cota Jurídica da CPRH nº 021/2011 –
JPR, que conclui a viabilidade desta proposta, no entanto a CODEVASF deverá
protocolar na CPRH requerimento padrão para averbação de Reserva Legal atrelada à
elaboração de Termo de Responsabilidade para a doação em atendimento ao artigo 44
do Código Florestal, alertando que a Unidade de Conservação deve ser criada anterior a
averbação da Reserva Legal.




                                                                                    18
De     posse    desta    informação,     realizou-se   vistoria    conjunta    com
CPRH/SEMAS/CODEVASF para identificação e reconhecimento de área de interesse
para a criação de Unidades de Conservação e definir seu o perímetro.
       Foi confirmado que a área vistoriada apresenta com grande potencial para a
criação de Unidade de Conservação considerando a riqueza da diversidade biológica
existente.



5. CARACTERIZAÇÃO               DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

5.1 Localização e Abrangência

       A área que se pretende criar a Unidade de Conservação em Floresta está
localizada na Depressão Sertaneja, constando de 11.720 hectares, incluindo a Serra da
Canoa e propriedades localizadas no pediplano da Serra. A área recebe influência das
Unidades de Conservação Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas RPPN’s
(Reserva Particular do Patrimônio Natural), instituídas pelo IBAMA. Adotou-se como
critério para definição do seu perímetro a utilização, sempre que possível, de limites
físicos existentes (estradas, rios, riachos) associado ,à vegetação densa da caatinga o que
coincidiu com a cota topográfica de 400m, da Carta da SUDENE, base cartográfica
extraída das folhas: SC. 24-X-A-II (MI -1365), SC.24-X-A-V(MI -1443) e SC.24-X-A-
IV(MI-1442) escala 1:100.000, produzida a partir de varredura digital dos fotolitos
cedidos pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército – 3º Divisão de
Levantamento.




                                                                                        19
Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da Canoa em
                                        Floresta/PE.
5.2 Aspectos Biológicos


5.2.1 - Aspectos Fisiográficos


         O município de Floresta está inserido na unidade geoambiental da Depressão
Sertaneja, que representa a paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por
uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave-
ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações residuais,
pontuam a linha do horizante. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos de
erosão que atingem grande parte do sertão nordestino. A vegetação é basicamente
composta por caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta caducifólia (CPRM,
2005).




                                                                 A




                                                                     B

         Figura 3 - Fotos A e B vista parcial da área da Serra da Canoa em Floresta/PE
5.2.2. Vegetação e Flora



       Das províncias biogeográficas presentes no território brasileiro (Cabrera
&Willink 1973), a da caatinga, com aproximadamente os mesmos limites da área de
clima semi-árido do nordeste brasileiro é uma das maiores e mais desconhecidas. Sua
variada cobertura vegetal está, em grande parte, determinada pelo clima, relevo e
embasamento geológico que, em suas múltiplas interrrelações, resultam em ambientes
ecologicamente variados. A heterogeneidade da flora e da fisionomia da cobertura
vegetal dessa província decorre de dois gradientes de umidade, um no sentido norte-sul,
que se manifesta em uma diminuição das precipitações e outro oeste-leste, que se
expressa com um aumento do efeito da continentalidade (Rodal, et all., 2008).

       De acordo com Veloso et al. (1991), a savana-estépica é a tipologia vegetal
característica, sendo localmente chamada da caatinga.

       A savana-estépica, denominada caatinga sensu stricto, ocorre especialmente nas
terras baixas entre serras e planaltos, considerados como depressão sertaneja. A
depressão representa um extenso conjunto de pediplanos ora rodeado por extensos
planaltos, ora entremeado por relevos residuais com variadas dimensões como chapadas
e bacias sedimentares, maciço e serras (Rodal & Sampaio 2002).

       A caatinga apresenta grande variação fisionômica, principalmente quanto à
densidade e ao porte das plantas. Mudanças em escala local, a poucas dezenas de
metros, são facilmente reconhecíveis e geralmente ligadas a uma alteração ambiental
claramente identificável. O maior porte das plantas nos vales e do menor sobre lajedos e
solos rasos, em conseqüência da maior e menor disponibilidade hídrica. As variações
numa escala de regiões, abrangendo milhares de quilômetros quadrados, são mais
difíceis de identificar, em virtude dos limites difusos, da causalidade múltipla e da
variabilidade local interna a cada uma delas. Apesar desta dificuldade, várias tentativas
de identificação de tipos regionais de caatinga têm sido feitas, desde a de Luetzelburg
(1922-1923) até a de Andrade-Lima (1981). De uma maneira geral temos a caatinga
Xérofíditica ou xeromófica com elementos de áreas mais secas e as mais mésicas e
áreas de encostas e de altitude em áreas úmidas.



                                                                                      22
A distribuição espacial de árvores e arbustos pode variar de acordo com as
variáveis ambientais, através de uma escala espacial de vários hectares (Harms, 2001) e
espera-se que este padrão possa também ser visualizado para as populações de
herbáceas, o que na região da caatinga nordestina ainda é pouco investigado, apesar de
tratar-se do componente da vegetação de maior importância para o conhecimento da
biodiversidade neste ecossistema (Silva, 2003; Araújo, et al., 2002; Araújo, 2003)

       Crawley (1997) observou que os variados níveis de organização de vida das
plantas de determinada área tem sido útil para caracterizar a vegetação, uma vez que,
em geral, reflete a fisionomia da cobertura vegetal. A região da savana-estépica, onde
predomina a caatinga sensu stricto, tipologia vegetal característica e de maior extensão
na região semi-árida do Nordeste, caracteriza-se pela presença de fanerófitos de
pequeno porte ( árvores), caméfito (arbusto) e terófitos (plantas anuais).

       Até o momento para a área proposta para a criação da Unidade de Conservação,
podem-se observar as seguintes espécies e formas de vida encontradas na área da Serra
da Canoa e propriedades do entorno, conforme Quadro III.




           C
                                                   C




                                      A                                              B

 Figura 4: Espécies da Caatina: A – Espécie de cactácea (facheiro), B – bromeliáceas
(macambira) e C – euphorbiacea (marmeleiro), que caracteriza a área da Serra da
Canoa , Floresta/PE.




                                                                                         23
QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA CANOA
SEGUIDAS COM O SEU NOME POPULAR E FORMA DE VIDA.
 Família / Espécie                                  Nome Vulgar/Forma de Vida
 1. Anacardiaceae
 Myracrodium urundeuva Allemão                            Aroeira/árvore
 Schinopsis brasiliensis Engler                           Braúna/árvore
 Spondias tuberosa Arruda                                Imbuzeiro/árvore
 2. Apocynaceae
 Aspidosperma pyrifolium Mart.                           Bananinha/árvore
 A. cuspa S. F. Blake ex Pittier                          Pereiro/arbusto
 3. Arecaceae
 Syagrus oleracea Becc.                                        Catolé
 4. Bignoniaceae
 Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl.             Ipê-roxo/árvore
 5. Boraginaceae
 Cordia trichotoma (Vell.) Steud.                             arbusto
 C. verbenacea DC.                                            árvore
 6. Bromelicaceae
 Bromelia karatas L.                                          erva
 Bromélia laciniosa Mart. Ex Schultez                     macambira/ erva
 Tillandsia gardneri Lindl.                                  epífitas
 T. recurvata L.                                             epífitas
 T. streptocarpa Baker
                                                               caroá
 7. Burseraceae
 Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet        Imburana-de-cambão/árvore
 8. Cactaceae
 Cereus jamacaru DC.                                    Mandacaru/arbusto
 Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose           Rabo-de-raposa/arbusto
 Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles & G. D.         Facheiro/arbusto
 Rowley
 P. gounellei (F. A. C. Weber ex K. Schum.) Byles       Xique-xique/arbusto
 & G. D. Rowley
 Tacinga inamoena (K. Schum.) N. P. Taylor &                Quipá/erva
 Stuppy
 9. Celastraceae
 Maytenus rigida Mart.                                     Bom Nome
 C. pisonioides Taub.                                    Mufumbo/arbusto
 10. Euphorbiaceae
 Cnidoscolus loefgrenii (Pax & H. Hoffm.) Pax &          Cansanção/arbusto
 K. Hoffm.
 Croton blanchetianus Baill.                            Marmeleiro/arbusto
 C. glandulosus L.                                           arbusto
 C. heliotropiifolius Kunth                              Velame/arbusto
 C. hirtus L´Hir.
 C. rhamnifolioides Pax & K. Hoffm.                         Marmeleiro
 Jatropha molissima (Pohl) Baill.                         Pinhão/arbusto
 Manihot dichotoma Ule                                   Maniçoba/arbusto
 Sapium glandulosum (L.) Morong                         Burra-leiteira/árvore


                                                                                 24
Sebastiania macrocarpa Müll. Arg.                           Leiteiro/árvore
 11. Fabaceae
 Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm.                Imburana-de-cheiro/árvore
                                                           Angico/Angico-de-
 Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan                       caroço/árvore
 Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.                   Pata-de-vaca/Mororó/arbusto
 Chamaecrista sp.                                              subarbusto
 Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz             Pau-ferro/árvore
 Mimosa arenosa Poir.                                            Jurema
 M. modesta Mart.                                                arbusto
 M. ophtalmocentra Mart. ex Benth.                           Jurema/arbusto
 M. tenuiflora (Willd.) Poir.                             Jurema-preta/arbusto
 Parapiptadenia zehntneri (Harms) M. P. Lima &          Angico-monjolo/árvore
 H. C. Lima
 Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke                   Jurema-branca/arbusto
 Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz             Catingueira/árvore
 Senna macranthera (Coll) H. S. Irwin & Barneby      Canafistula-de-besouro/arbusto
 S. uniflora (Mill.) H. S. Irwin & Barneby               Fedegoso/subarbusto
 S. spectabilis (DC.) H. S. Irwin & Barneby            Canafístila-de-rama/árvore
 12. Malvaceae
 Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum.                         Barriguda/arbusto
 Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss. &                Embiratanha
 Cambess.) A. Robyns
 13. Moraceae
 Ziziphus joazeiro Mart.                                     Juazeiro/árvore



5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA       E ENTORNO



       A área proposta para criação da Unidade de Conservação na Serra da Canoa,
ainda não possui levantamento do componente biótico e físico. Desta maneira, tomou-se
como base os levantamentos do componente biótico (flora e fauna) das áreas das
RPPN”s Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas sob influência direta da
Unidade de Conservação Estadual a ser criada.



5.2.3.1 - Componente lenhoso


       Costa et al. (2009) realizaram levantamento da flora vascular e das formas de
vida das plantas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Maurício Dantas ,
onde foram realizadas excursões mensais durante 15 meses de janeiro de 2002 a abril de
2003, para englobar dois períodos chuvosos.Foram coletadas 101 espécies distribuídas


                                                                                    25
em 39 famílias botânicas, destacando-se Euphorbiaceae e Mimosaceae, pela riqueza de
espécies. Na identificação do hábito, houve predomínio de herbácea, com 60 espéceis.
Na avaliação por formas de vida, 36 espécies são terófitos, 23 fanerófitos. A vegetação
de caatinga distingue-se da dos demais tipos caducifólios do semiárido (carrasco e
floresta decidual) pela menor proporção de fanerófitos e pela maior de terófitos.

       Rodal et al. (2008) concluíram que na área da RPPN Maurício Dantas, foram
amostrados todos os indivíduos vivos com diâmetro do caule ao nível do solo ≥ a 3 cm e
altura ≥ a 1 m, presentes em um hectare. Foram registradas 28 espécies de um total de
3.140 plantas com área basal total de 18,5m², isto demonstra que os levantamentos das
áreas de depressão sertaneja situadas em áreas de pediplano, tendem a apresentar
diâmetros menores, que aqueles situados em áreas próximas a riachos ou serras.

       Cavalcanti et al (2003) realizaram mapeamento de fitofisionomias da região do
médio do vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofisionomias de vegetação
caducifólia (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro fitofisionomias, as fito 1
e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e 4 para a RPPN Cantidiano
Valgueiro. Para as quatro fitofisionomias foram amostradas 21 espécies, distribuídas em
9 árvores, 14 arbustos, 14 subarbustos e 7 suculentas. Para árvores e arbustos na
fitofisionomia 1 e 2 apresentaram maior riqueza, onde houve um destaque para o
componente subarbustivo para a fito 2. Os resultados indicam que as fitos 1 e 2 tiveram
maior concentrada nos componentes arbóreo e arbustivo e que as fito 3 e 4 tiveram
menor riqueza geral. As variações na riqueza ocorreram basicamente no componente
lenhoso (árvores e arbusto).

       Rodal et al. (2003) realizaram seis expedições consecutivas e reconheceram
diferentes biótipos na RPPN Maurício Dantas, onde analisaram a repartição espacial de
comunidade de plantas lenhosas. Foram encontrados 2.055 caules distribuídos em 23
famílias, 64 espécies e concluíram que apesar da aparente homogeneidade da vegetação
de Caatinga (sensu strictu) da área da RPPN Maurício Dantas, os resultados indicam um
complexo gradiente abiótico, com reflexo na fisionomia e estrutura das plantas
lenhosas.     Fernandes et al. (2003) realizaram estudo polínico a partir do
levantamento florístico das plantas vasculares na RPPN Maurício Dantas, onde coletou-




                                                                                     26
se flores     ou botões para estudo polínico, foram estudados grãos de polém de 36
espécies das famílias.




5.2.3.2 - Componente herbáceo

       Pessoa et al. (2003) realizaram mapeamento das fitofissionomias da região do
médio Vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofissionomias de vegetação
caducifólia     espinhosa   (caatinga   sensu   strictu).   Foram    denominada    quatro
fitofissionomias as fito 1 e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e4 para a
RPPN Cantidiano Valgueiro. A avaliação do estrato herbáceo resultou em 67 espécies e
28 famílias. As diferentes áreas não variaram na riqueza das espécies e sim em termos
de maior ou menor número de espécies por parcela. Do modo geral as áreas 3 e 4
apresentam maior número de famílias com uma única espécie. Apesar das áreas serem
floristicamente similares nota-se que os níveis internos de similaridade entre as parcelas
das áreas 3 e 4 foram superiores as das áreas 1 e 2, sugerindo uma maior
homogeneidade nas parcelas das áreas 3 e 4. Assim foi possível diferenciar duas
comunidades uma para as parcelas das áreas 1 e2 e outra para a área 3 e 4.

       Lima et al (2008) realizaram estudo de chuva de sementes em uma área de
vegetação na RPPN Maurício Dantas, onde descreveram a composição e a densidade da
chuva de sementes em um hectare de vegetação de caatinga. Quarenta coletores de
sementes de 0,25m² cada foram instalados e visitados mensalmente por um ano. Foram
depositados 76 sementes/m² e 26 espécies. Os indivíduos de Tillandsia spp.
(Bromeliaceae) contribuíram com a maioria (49%) das sementes. Não houve correlação
estatística entre a densidade de deposição de sementes e a precipitação mensal. A
autocoria prevaleceu nas sementes de plantas (árvores e arbustos).




                                                                                       27
QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU
STRICTO DA (RPPN) MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO.
CITADA PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al., 2008
    FAMÍLIA                                        ESPÉCIE
Acanthaceae       Ruellia cf. geminiflora Kunth
Amaranthaceae     Alternanthera cf. tenella Colla
                  Alternanthera SP. 1
                  Gomphrena vaga Mart.
Anacardiaceae     Myracrodruon urundeuva Allemão
                  Schinopsis brasiliensis Engler
Apocynaceae       Aspidosperma pyrifolium Mart.
Asclepiadaceae    Ditassa glaziovii E. Fourn.
Asclepiadaceae    Marsdenia cf. dorothyae Fontella & Morillo
Asteraceae        Ageratum conyzoides L.
                  Centratherum punctatum Cass.
                  Conocliniopsis prasiifolia (DC) R. M King & H. Rob.
                  Delilia biflora (L.) Kuntze
                  Flaveria bidentis (L.) Kuntze
                  Lagascea mollis Cav.
                  Tridax procumbens L.
Boraginaceae      Cordia leucocephala Moric.
                  Heliotropium ternatum Vahl.
                  Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez
                  Tilandsia loliacea Mart. Ex Schult. F.
                  Tilandsia recurvata (L) L.
                  Tilandsia streptocarpa Baker
                  Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet.
Cactaceae         Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose
                  Cereus jamacaru DC
                  Melocactus oreas Miq.
                  Opuntia inamoena K. Schum.
                  Opuntia palmadora Britton & Rose
                  Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley
Caesalpiniaceae   Bauhinia cheilantha (Bong.)
                  Caesalpinia gardneriana Benth.



                                                                            28
Senna macranthera (DC. Ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby
                  Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby
Capparaceae       Capparis flexuosa Vell.
                  Cleome diffusa Banks ex DC.
                  Cleome guianensis Aublet
                  Cleome lanceolata (Mart. & Zucc.) H.H.lltisl
Commelinaceae     Callisia filiformis (M. Martens & Galeotti) D.R.Hunt
                  Commelina obliqua Vahl
                  Ipomoea SP.
                  Jacquemontia SP.
Cyperaceae        Cyperus cuspidatus Humb., Bonpl. & Kunth
Erythroxilaceae   Erythroxylum pungens O.E Schulz.
Euphorbiaceae     Bernardia sidoides (Klotzsch) Mull.Arg.
                  Chamaesyce hyssopifolia (L.)
                  Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K. Hoffm.
                  Cnidoscolus loefgrenii (Pax & K.Hoffm.) Pax & K.Hoffm.
                  Cnidoscolus quercifolius Pohl
                  Croton blanchetianus Baill.
                  Croton glandulosus L.
                  Croton lobatus L.
                  Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm.
                  Jatropha mollissima Pohl & Baill.
                  Jatropha ribifolia (Pohl) Baill.
                  Manihot SP.
                  Phyllanthus heteradenius Müll. Arg.
                  Phyllanthus niruri L.
Fabaceae          Centrosema virginianum (L.)
                  Macroptilium martii (Benth)
Loranthaceae      Phoradendron SP.
Lythraceae        Cuphea circaeoides SM. Ex Sims
Malvaceae         Gaya elingulata Krapov, Três & Fem.
                  Herissantia crispa (L) Brizicky
                  Sida SP.
Mimosaceae        Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam
                  Mimosa ophthalmocentra Mart. Ex Benth.



                                                                            29
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.
                   Piptadenia stipulaceae (benth.) Ducke
Molluginaceae      Mollugo verticillata L.
Nyctaginaceae      Guapira noxia (Netto) Lundell
Oxalidaceae        Oxalis divaricata Mart. Ex Zucc.
Phytolaccaceae     Microtea paniculata Moq.
Poaceae            Aristida adscensionis L.
                   Chloris rupestris (Ridl.) Hitchc.
                   Leptochloa filiformis (Pers.) P. Beauv.
                   Panicum trichoides Sw.
                   Paspalum fimbriatum Kunth
                   Tragus berteronianus Schult.
                   Tripogon spicatus (Nees) Ekman
                   Urochloa molis (Sw) Morrone & Zuloaga
Polygalaceae       Polygala brizoides A. St. – Hil. & Moq.
Portulacaceae      Portulaca alatior Marq. Ex Rohrb.
                   Portulaca oleracea L.
Primulaceae        Samolus sp.
Rubiaceae          Diodia apiculata (Willd. Ex Roem. & Schult) K. Schum
                   Mitracarpus acabrellus Benth.
Sapindaceae        Cardiospermum corindum L.
Scrophulariaceae   Angelonia sp.
Selaginellaceae    Selaginalla convoluta (Arn.)
Sterculiaceae      Melochia tomentosa L.
                   Waltheria macropoda Turcz.
                   Waltheria rotundifolia Schrank
Tiliaceae          Corchurus argutus L.
Tumeraceae         Piriqueta racemosa (Jacq.) Sweet.
Verbenaceae        Lantana camara L.
                   Lantana sp. 1
                   Lantana sp. 2
                   Lippia gracilis Schauer
Vitaceae           Cissus simsiana Schult. & Schult.




                                                                          30
Figura 5: Vista parcial da fisionomia da Área de 11.720 ha que abrange a Serra da
Canoa Floresta/PE.




                                                                              31
Figura 6: Espécies da caatinga encontradas em frutificação ou floração na Área de
          11.720 ha que abrange a Área da Serra da Canoa, Floresta/PE.




                                                                                    32
5.2.4 – Fauna

       A redução drástica das áreas naturais do Bioma Caatinga, determinada pela ação
antrópica, não representa boas perspectivas para a conservação, visto que a perda da
diversidade biológica e genética gera redução na capacidade de adaptação das espécies
às mudanças ambientais, aumentando drasticamente as possibilidades de extinção.

       Por muito tempo a Caatinga foi tida como um Bioma pobre, sem uma fauna
própria, mas estudos recentes mostraram que a Caatinga é diversa com elementos
faunísticos adaptados ao ambiente seco e com informações particulares na sua história
de vida, todavia pouco se conhece esses mecanismos de adaptação para a maioria dos
táxons (MMA, 2001). Tais estudos apontam que a fauna de vertebrados do Bioma
Caatinga está constituída por 240 espécies de peixes, 51 de anfíbios, 116 da répteis,
510 de aves, sendo 347 exclusivas do Bioma e 148 de mamíferos.

       Na região do médio vale do Rio Pajeú, especificamente nas Reservas
Particulares do Patrimônio Natural Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro,
recentemente foram realizados levantamentos faunísticos para diversos taxons. Devido a
proximidade entre estas Unidades de Conservação e a área de 11.720,00 hectares que
abrange a Serra da Canoa acredita-se que haja similaridade entre estas áreas,
especialmente entre as que abrangem a Serra da Canoa e a RPPN Maurício Dantas, pois
estas possuem vegetação mais densa, conforme descrito por Cruz et al. (2005); Farias et
al. (2005); Borges-Nojosa et al. (2005) e pelo que pode ser verificado nas visitas
técnicas (equipe CPRH/SEMAS) realizadas na Serra da Canoa.

5.2.4.1 – Mastofauna

       Cruz et al. (2005) identificou que as duas RPPNs alcançaram alta
dissimilaridade para os mamíferos, já que a fitofisionomia e altitude são diferentes,
porém como a área da Serra da Canoa possui vegetação mais densa é provavel que não
haja tanta dissimilaridade desta com a RPPN Maurício Dantas. Contudo a existência de
oito espécies em comum entre as RPPNs apontou que talvez o curto período do
levantamento e o ineditismo das comparações dos dados possa ter influnciado
negativamente os resultados Cruz et al. (2005).



                                                                                    33
Estes estudos realizados por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício Dantas e
Cantidiano Valgueiro, foram entre os dias 11 e 21 de março de 2003 (período chuvoso)
e 28 de setembro e 09 de outubro do mesmo ano (período seco), com a utilização das
metodologias de captura com trabalho de campo e no laboratório, observação em
campo, identificação através dos vestígios (registro indireto) e entrevistas, tendo
registrado 21 espécies das famílias Didelfidae (cassaco), Cervidae (veado catingueiro),
Callithrichidae (sagüi), Dasypodidae (tatupeba), Mymecophagidae (tamandua mirim),
Felidae (gato do mato), Canidade (raposa), Mephitidae (camganbá), Echimyidae
(punaré) e Molossidae (morcego) (todas com apenas 1spp.), Caviidae (mocó),
Desmodontidae     (morcego)   e     Noctilionidae   (morcego)   (com   2spp.   cada)    e
Phyllostomidae (morcego) (4spp.).

        Destes, o Leopardus tigrinus (gato do mato) é o único que faz parte da lista
oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA (MMA, 2004), integrando o
status de vulnerável; o Kerodon rupestris (mocó) é endêmico e o Noctilio albiventris
(morcego) foi um novo registro para a caatinga de Pernambuco.

        Também foi registrado, através de entrevistas, a presença de Cebus apella
(macaco-prego) e o desaparecimento do Tolypeutes tricintus (tatu-bola).

        O mesmo levantamento realizado por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício
Dantas e Cantidiano Valgueiro foi realizado nos estados da Paraíba e Ceará,
identificando que o número de espécies generalistas, com amostragem nestes três
Estados é pequeno, contando apenas com o Didelphis albiventris (cassaco), o Callithrix
jacchus (sagüi), o Thrichomys apereoides (punaré ou rabudo) e o Artibeus planorostris
(morcego); ainda quanto as generalistas, as espécies amostradas em metade das
fitofisionomias levantadas e presentes nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano
Valgueiro foram o Procyon cancrivorous (guará), a Cerdocyon thous (raposa) e o Galea
spixii (preá).

        Estes dados mostram que as espécies generalistas estiveram presentes em menor
quantidade quando se comparado as, consideradas neste levantamento, espécies
especialistas em habitats ou outro recurso importante. Segundo Cruz et al. (2005) “isto




                                                                                       34
sugere que muitas adaptações com respeito ao meio físico, às condições ecológicas e à
bióta das espécies devem estar presentes”.

           “A caatinga é um bioma multiplo e , ao mesmo tempo, suas várias “partes”
           (ou seus vários tipos fitofisionômicos) são indissociáveis. Parece ser dessa
           diversidade que ela surgiu, a partir da qual se mantém e todos os seus
           grupos faunísticos parecem refletir essa variedade.” Cruz et al. (2005)




QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Cruz et al. (2005))

                                                                      RPPN
                                                  RPPN Maurício
                                                                      Cantidiano
                                                  Dantas
Grupo Taxonômico             Nome Popular                             Valgueiro
                                                  Forma de            Forma de
                                                  Registro            Registro
DIDELPHIMORPHIA
Didelphis albivantris***          cassaco                 c
ARTIODACTYLA
Mazama gouazoupira           veado-catingueiro            o                   ri
CARNIVORA
Cerdocyon thous**                  raposa                 o                  c/o
Leopardus tigrinus*             gato-do-mato              ri                  ri
Conepatus semistriatus            canganbá                c
Gallictis sp                        furão                                     ri
Procyon cancrivorous**              guará                 ri
CHIROPTERA
Molossus molossus                                         c
Noctilio leporinus                                        o
Noctilio albiventris                                      o
Desmodus rotundus                                         c
Diphylla ecaudata                                         c
Lonchophylla mordaz                                       c
Mimom crenullatum                                         c


                                                                                     35
Trachops cirrhosus                                      c                  c
Artibeus planirostris***                                c                  c
PRIMATES
Callithrix jacchus***             sagüi                 c                  o
RODENTIA
Kerodon rupestris                 mocó                                     o
Galea spixii**                     préa                                    ri
Thichomys apereoides***           punaré                                   c
XENARTHRA
Euphactus sexcintus              tatu-peba              o
Tamandua tetradactyla        tamanduá-mirim                                ri
Legenda: C – captura; O – Observação direta; RI – Registro indireto; * Ameaçado de
extinção, ** Generalistas com abrangencia em metade das fitofisionomias, ***
Generalistas com ocorrencia em todos os estados levantados (PE, CE e PB).




                                         A   B




                                     C       D




Figura 7 - Imagens de mamíderos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio
Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do-
mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua
tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró-
carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos).




                                                                                  36
5.2.4.2 – Avifauna

       Farias et al. (2005) aponta para uma avifauna diversa com 165 espécies
levantadas para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, o que corresponde
a 49% das espécies descritas para o Bioma (347 espécies). Adicionando-se dados
secundários, principalmente os registros de Coelho (1987) e da OAP este número
aumenta para 216 espécies, porém estas espécies não foram observadas em campo por
Farias et al. (2005).

       Deste total de 165 espécies levantadas para as duas RPPNs 99 estavam presentes
nas duas Unidades de Conservação, portanto acredita-se que estas espécies também
ocorram na área de 11.720 hectares que abrange a Serrra da Canoa, já que ela está
localizada entre estas duas Unidades.

       Dentre as espécies inventariadas foi detectada a presença de Penelope jacucaca
(jacu-verdadeiro) que está na lista oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA
(MMA, 2004) no status de vulnerável; porém ainda há a possibilidade da existência de
mais duas espécies desta lista oficial, sendo elas o Carduelis yarellii (pintassilgo do
nordeste), vulnerável e o Pyrrhura anaca (cara-suja), criticamente em perigo, ambas
descritas por Coelho (1987) para a Reserva Biológica de Serra Negra. A REBIO é uma
Unidade de Conservação Federal (ICMBio) com predomínio de vegetação caracteristica
de Brejo de altitude, estando localizada nos município de Floresta, Tacaratu e Inajá e
próximo as duas RPPNs e a Serra da Canoa.

       Neste estudo Farias et al. (2005) também registrou a presença de sete espécies
endêmicas, sendo elas o Caprimulgus hirundinaceus cearae (bacurauzinho-da-
caatinga), o Anopetia gounellei (rabo-branco-de-cauda-larga), o Sakesphorus cristatus
(choca-do-nordeste), o Gyalophylax hellmayri (joão-chique-chique), o Megaxenops
parnaguae (bico-virado-da-caatinga), o Paroaria dominicana (galo-de-campina), e o
Icterus jamacaii jamacaii (concriz ou corrupião), além do registro de três novas
espécies descritas para o Estado de Pernambuco, são elas o Knipolegus nigerrimus
(maria-preta-de-garganta-vermelha), o Accipter superciliosus (gavião-miudinho), e o
Campephilus melanoleucos (pica-pau-de-topete-vermelho).




                                                                                    37
Segundo Farias et al. (2005) no Estado de Pernambuco a região onde estão
localizadas estas duas RPPNs possuem a maior concentração de aves da Família
Psittacidae do Estado, num total de sete espécies, porém destas sete apenas quatro foram
inventariadas no levantamento de campo realizado por Farias et al. (2005), as outras
foram identificadas por Coelho (1987) dentre elas o ameaçado Pyrrhura anaca (cara-
suja).

         Para este levantamento realizado em abril de 2003 (período chuvoso) e outubro
de 2004 (período seco) Farias et al. (2005) utilizou as técnicas de observação de campo,
registros fotográficos e gravação das vocalizações,      além da utilização de dados
secundários.

         Ainda para avifauna Leal et al. (2006) também realizou levantamentos na RPPN
Maurício Dantas, e além das espécies de beija-flores Chorostilbon aureoventris,
Chrysolampis mosquitus, Eupetomena macroura e Heliomaster squamosus também
inventariados por Farias et al. (2005) identificou também a presença do Phaethornis
gounellei, que não foi observada em flores, tendo sido apenas registrada sua presença na
área do levantamento. Segundo Leal et al. (2006) tal fato pode ter ocorrido em
conseqüência desta espécie ocorrer, preferencialmente, em “ambientes florestais” e com
pouca perturbação antrópica e na RPPN haver indícios de perturbação.

QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Farias et al. (2005))

                                                          Registro
         Grupo Taxonômico
                                        RPPN Maurício            RPPN Cantidiano
                                           Dantas                   Valgueiro
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
Crypturellus parvirostris                       x
Crypturellus tataupa                            x                         x
Nothura boraquira                                                         x
Nothura maculosa #
PELECANIFORMES
PHALACROCORACIDAE



                                                                                     38
Phalacrocorax brasilianus #
RHEIFORMES
RHEIDAE
Rhea americana                    x
PODICIPEDIFORMES
PODICIPEDIDAE
Tachybaptus dominicus         x
Podilymbus podiceps           x
CICONIIFORMES
ARDEIDAE
Ardea alba                        x
Egretta thula                 x   x
Bubulcus ibis                 x   x
Butorides striatus                x
Tigrisoma lineatum            x   x
CATHARTIDAE
Sarcoramphus papa             x
Coragyps atratus              x   x
Cathartes aura                x   x
Cathartes burrovianus         x   x
ANSERIFORMES
ANATIDAE
Dendrocygna viduata               x
Dendrocygma autumnalis            x
Anas bahamensis                   x
Netta erythrophthalma             x
Amazonetta brasiliensis       x   x
Sarkidiornis sylvicola        x   x
Cairina moschata              x   x
FALCONIFORMES
ACCIPITRIDAE
Elanus leucurus ^



                                      39
Gampsonyx swainsonii             x
Chondrohierax uncinatus ^
Accipiter bicolor ^
Accipiter superciliosus #
Buteo melanoleucus           x
Buteo albonotatus #
Rupornis magnirostris        x   x
Parabuteo unicintus              x
Buteogallus urubitinga #
Heterospizias meridionalis       x
Geranospiza caerulescens     x   x
FALCONIDAE
Herpetotheres cachinnans     x   x
Micrastur ruficollis #
Milvago chimachima               x
Caracara plancus             x   x
Falco femoralis              x   x
Falco sparverius             x   x
GALLIFORMES
CRACIDAE
Penelope jacucaca AM         x
GRUIFORMES
ARAMIDAE
Aramus guarauna                  x
RALLIDAE
Gallinula chlropus           x   x
Porphyrula martinica #
CARIAMIDAE
Cariama cristata             x   x
CHARADRIIFORMES
JACANIDAE
Jacana jacana                x   x



                                     40
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis        x   x
Vanellus cayanus          x   x
Charadrius collaris           x
SCOLOPACIDAE
Tringa solitaria              x
Tringa melanoleuca            x
RECURVIROSTRIDAE
Himantopus himantopus     x   x
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Patagioenas picazuro      x   x
Zenaida auriculata        x   x
Columbina minuta          x
Columbina talpacoti           x
Columbina picui           x   x
Scardafella squammata     x   x
Leptotila verreauxi       x   x
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Primolius maracana ^
Aratinga acuticaudata ^
Aratinga leucophthalmus       x
Aratinga cactorum         x   x
Pyrrhura anaca ^ AM
Forpus xanthopterygius    x   x
Amazona aestiva           x   x
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Coccyzus melacoryphus     x   x
Piaya cayana              x
Crotophaga ani            x   x



                                  41
Guira guira                        x
Tapera naevia                  x   x
STRIGIFORMES
TYTONIDAE
Tyto alba                      x
STRIGIDAE
Otus choliba                   x   x
Glaucidium brasilianum         x   x
Speotyto cunicularia               x
CAPRIMULGIFORMES
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus              x   x
CAPRIMULGIDAE
Chordeiles pusillus            x
Caprimulgus rufus              x
Caprimulgus parvulus           x
Caprimulgus hirundinaceus EN       x
Hydropsalis torquata           x   x
APODIFORMES
APODIDAE
Tachornis squamata                 x
TROCILIDAE
Anopetia gounellei EN          x   x
Eupetomena macroura            x   x
Anthracothorax nigricollis         x
Chrylampis mosquitus           x   x
Chlorostilbon aureoventris     x   x
Amazilia versicolor #
Amazilia fimbriata ^
Heliomaster squamosus          x   x
TROGONIFORMES
TROGONIDAE



                                       42
Trogon curucui                  x
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Ceryle torquata                     x
Chloroceryle amazona                x
PICIFORMES
GALBULIDAE
Galbula ruficauda               x
BUCCONIDAE
Nystalus maculatus              x   x
PICIDAE
Pucumnus fulvescens             x
Colaptes melanochloros          x   x
Piculus chrysochloros           x   x
Drycopus lineatus               x   x
Campephilus melanoleucos #
PASSERIFORMES
FORMICARIIDAE
Taraba major                    x
Sakesphorus cristatus ^ EN
Thamnophilus doliatus           x
Thamnophilus pelzelni ^
Thamnophilus torquatus ^
Myrmorchilus strigilatus        x   x
Herpsilochmus artricapillus ^
Formicivora melanogaster        x   x
Hylopezus ochroleucus ^ EN
FURNARIIDAE
Furnarius leucopus              x
Furnarius figulus               x   x
Synallaxis frontalis            x   x
Poecilurus scutatus ^



                                        43
Gyalophylax hellmayri EN            x   x
Certhiaxis cinnamomea               x   x
Phacellodomus rufifrons                 x
Pseudoseisura cristata              x   x
Megaxenops parnaguae ^ EN
DENDROCOLAPTIDAE
Sittasomus griseicapillus           x   x
Dendrocolaptes platyrostris ^
Xiphorhynchus picus ^
Lepidocolaptes angustirostris       x   x
Campylorhamphus trochilirostris ^
TYRANNIDAE
Phyllomyias fasciatus               x
Camptostoma obsoletum               x   x
Phaeomyias murina                   x   x
Suiriri suiriri                     x   x
Myiopagis viridicata                x   x
Elaenia spectabilis                 x   x
Elaenia mesoleuca ^
Serpophaga subcristata              x   x
Stigmatura napensis                     x
Euscarthmus meloryphus              x   x
Hemitriccus margaritaceiventer      x   x
Todirostrum cinereum                x   x
Tolmomyias flaviventris             x   x
Myiophobus fasciatus ^
Cnemotriccus fuscatus ^
Xolmis irupero                          x
Knipolegus nigerrimus #
Fluvicola albiventer                    x
Fluvicola nengeta                   x   x
Arundinicola leucocephalas              x



                                            44
Satrapa icterophrys          x
Hirundinea ferruginea        x
Machetornis rixosus          x
Casiornis fusca              x   x
Myiarchus tyrannulus         x   x
Philohydor lictor ^
Pitangus sulphuratus         x   x
Megarhynchus pitangua        x   x
Myiozetetes similis          x   x
Myiodynastes maculatus       x   x
Empidonomus varius           x   x
Tyrannus melancholicus       x   x
Xenopsaris albinucha             x
Pachyramphus viridis         x
Pachyramphus polychopterus   x   x
Pachyramphus validus         x
HIRUNDINIDAE
Tachycineta albiventer       x   x
Progne tapera #
Progne chalybea              x   x
Notiochelidon cyanoleuca #
CORVIDAE
Cyanocorax cyanopogon        x   x
TROGLODYTIDAE
Tryothorus longirostris      x   x
Troglodites musculus         x   x
MUSCICAPIDAE
Polioptila plumbea           x   x
Turdus rufiventris           x   x
Turdus leucomelas #
Turdus amaurochalinus        x
MIMIDAE



                                     45
Mimus saturninus            x   x
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis        x   x
Vireo olivaceus ^
Hylophilus amaurocephalus       x
EMBERIZIDAE
Parula pitiayumi ^
Basileuterus flaveolus ^
Coereba flaveola                x
Compsothraupis loricata     x   x
Thlypopsis sordida          x
Nemosia pileata #
Tachyphous rufus ^
Thraupis sayaca             x   x
Thraupis palmarum #
Euphonia chlorotica         x   x
Euphonia violácea ^
Tangara cayana ^
Conirostrum speciosum       x   x
Zonotrichia capensis        x   x
Ammodramus humeralis        x   x
Sicalis luteola                 x
Emberizoides herbicola #
Volatinia jacarina          x   x
Sporophila lineola          x   x
Sporophila nigricollis          x
Sporophila albogularis      x   x
Sporophila leucoptera #
Sporophila bouvreuil            x
Arremon taciturnus ^
Coryphospingus pileatus     x   x
Paroaria dominicana EN      x   x



                                    46
Saltator similis
Cyanocompsa brissoni                                                 x
Icterus cayanensis                           x                       x
Icterus jamacaii EN                          x                       x
Agelaius ruficapillus                        x                       x
Leistes superciliaris                        x                       x
Gnorimopsar chopi #
Agelaioides fringillarius                    x
Molothrus bonariensis                        x                       x
FRINGILLIDAE
Carduelis yarrelli ^AM
PASSERIDAE
Passer domesticus                            x
Legenda: x – Ocorrência para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro; # –
Ocorrência para Pernambuco (OAP); ^ - ocorrência para Pernambuco (Coelho, 1987);
AM – Espécies ameaçada de extinção; EN – Endêmica para a Caatinga (Fonte: Farias
et al, 2005).




                                    A                                    B




                                         C                           D

Figura 8 - Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano
Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B-
Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de-
campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto
D – Jóice Brito).


                                                                               47
5.2.4.3 – Herpetofauna

       A herpetofauna nas RPPNs Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas foi
levantada por Borges-Nojosa et al. (2005) tendo sido registrada a presença de 41
espécies, distribuídas entre 19 de anfíbios (Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae,
Microhylidae e Pipidae) e 22 de répteis, destes foram 10 lagartos (Gekkonidae,
Iguanidae, Scincidae, Teiidae e Tropiduridae), 09 serpentes (Boidae, Colubridae,
Elapidae e Viperidae) e 03 quelônios (Kinosternidae, Testudinidae e Chelidae).

       Para este levantamento, realizado no ano de 2003 por Borges-Nojosa et al.
(2005), foram utilizadas as metodologias de busca ativa (coleta manual e observação
visual) nos períodos seco e chuvoso, e captura com armadilhas de queda (pitfall)
exclusivamente no período seco.

       Conforme esperado por Borges-Nojosa et al. (2005) o número de espécies
levantadas no período chuvoso (18 anfíbios e 18 répteis) o foi maior que no período
seco (07 anfíbios e 12 répteis). No período seco a RPPN Maurício Dantas ainda
dispunha de açudes e corpos d’água que serviram de refúgio e habitat para os anfíbios,
enquanto que na RPPN Cantidiano Valgueiro, neste mesmo período, todas as lagoas
temporárias estavam secas e as poucas espécies de anfíbios coletadas estavam as
margens do Rio Pajeú.

       Este levantamento também registrou três novas espécies de anfíbios para o
Estado de Pernambuco, todas coletadas apenas no período chuvoso, sendo Physalaemus
albifrons (jia) e Proceratophrys cristiceps (sapo-boi) para as duas RPPNs, e
Trachycephalus atlas (hilídeo de grande porte) apenas para a RPPN Maurício Dantas.




                                                                                     48
QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS
E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Borges-Nojosa et al. (2005))

                                                                            Forma de Registro




                                                                Período
Família                     Espécie             Nome                      RPPN       RPPN
                                                Popular                   Maurício   Cantidiano
                                                                          Dantas     Valgueiro
Anfíbios
                                                                Chuv        CAQ         CAQ
                            Bufo granulosus     Sapo-cururu
                                                                Seco        CAQ         CAQ
BUFONIDAE
                                                                Chuv        CAQ         CAQ
                            Bufo paracnemis     Sapo-cururu
                                                                Seco      CAQ/OBS     CAQ/OBS
                                                                Chuv        CAQ       CAQ/OBS
                            Hyla raniceps       Rã
                                                                Seco         ---        OBS
                                                                Chuv        CAQ             ---
                            Hyla soaresi        Rãzinha
                                                                Seco         ---            ---
                                                                Chuv      CAQ/OBS       CAQ
                            Phyllomedusa gr.    Rãzinha verde
                            hypochon-drialis                    Seco         ---            ---
HYLIDAE
                                                                Chuv        CAQ             ---
                            Scinax pachycrus    Rãzinha
                                                                Seco         ---            ---
                                                                Chuv      CAQ/OBS       CAQ
                            Scinax x-signatus   Rãzinha
                                                                Seco        CAQ         CAQ
                                                                Chuv        CAQ             ---
                            Trachycephalus      ----------
                            atlas                               Seco         ---            ---
                                                                Chuv        CAQ       CAQ/OBS
                            Leptodactylus       Jia, Caçote
                            fuscus                              Seco         ---            ---
                                                                Chuv         ---            ---
          LEPTODACTILIDAE




                            Leptodactylus       Jia
                            labyrinthicus                       Seco         OBS            ---
                                                                Chuv        CAQ         CAQ
                            Leptodactylus gr.   Jia
                            ocellatus                           Seco        CAQ         CAQ
                                                                Chuv      CAQ/OBS       OBS
                            Leptodactylus       Jia
                            troglodytes                         Seco         ---            ---
                                                                Chuv        CAQ         CAQ
                            Physalaemus         Jia
                            albifrons                           Seco         ---            ---



                                                                                       49
Chuv    CAQ       CAQ/OBS
               Physalaemus         Caçote
               cicada                               Seco      ---          ---
                                                    Chuv    CAQ        CAQ
               Pleurodema          Sapo
               diplolistris                         Seco      ---          ---
                                                    Chuv   CAQ/OBS     OBS
               Proceratophrys      Sapo-boi
               cristiceps                           Seco      ---          ---
                                                    Chuv      ---      CAQ
               Pseudopaludicola    ----------
               sp.                                  Seco      ---      OBS
                                                    Chuv    CAQ            ---
MICROHYLIDAE   Dermatonotus        Sapo-boi
               muelleri                             Seco      ---          ---
                                                    Chuv   CAQ (3G)        ---
PIPIDAE        Pipa carvalhoi      ----------
                                                    Seco      ---          ---
Lagartos
                                                    Chuv      ---      CAQ
               Briba brasiliana    Briba, víbora,
                                   lagartixa        Seco   CAQ/CM      CAQ
                                                    Chuv    CAQ        OBS
               Gymnodactylus       Briba, víbora,
               geckoides           lagartixa        Seco   CAQ/CM     CAQ/CM
GEKKONIDAE
                                                    Chuv    CAQ            ---
               Lygodactylus        ----------
               klugei                               Seco   CAQ/OBS         ---
               Phyllopezus                          Chuv    CAQ        CAQ
                                   Briba, víbora,
               pollicaris          lagartixa        Seco    CAQ        CAQ
                                                    Chuv     OBS           ---
IGUANIDAE      Iguana iguana       Camaleão
                                                    Seco      ---          ---
                                                    Chuv      ---      OBS
SCINCIDAE      Mabuya cf. heathi   Calango liso
                                                    Seco      ---          ---
                                                    Chuv   CAQ/OBS    CAQ/OBS
               Cnemidophorus       Calango
               ocellifer           verde            Seco     CM         CM
TEIIDAE
                                                    Chuv      ---      OBS
               Tupinambis          Tejo
               merianae                             Seco      ---          ---
TROPIDURIDAE                                        Chuv    CAQ        OBS
               Tropidurus hispidus Calango          Seco
                                                           CAQ/CM/    CAQ/CM/
                                                             OBS        OBS



                                                                      50
Chuv       CAQ           OBS
                     Tropidurus            Calango-de-     Seco       OBS
                     semitaeniatus         lajedo                                CAQ/CM/
                                                                                   OBS
Serpentes
                                                           Chuv        ---             ---
BOIDAE               Boa constrictor       Cobra-de-
                                           veado, jiboia   Seco       OBS              ---
                                                           Chuv       CAQ              ---
                     Leptodeira            Jararaquinha
                     annulata                              Seco        ---             ---
                                                           Chuv       CAQ        CAQ/OBS
                     Oxyrhopus             Cobra-coral
                     trigeminus                            Seco
                                                           Chuv        ---          CAQ
                     Philodryas natterei   Cobra-cipó
                                                           Seco        ---             ---
COLUBRIDAE
                                                           Chuv        ---             ---
                     Philodryas olfersi*   Cobra-verde
                                                           Seco        ---             ---
                                                           Chuv        ---             ---
                     Tantilla              Cobra-cipó
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                                                           Chuv       CAQ           CAQ
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                                                           Chuv        ---          CAQ
ELAPIDAE             Micrurus ibiboboca    Cobra-coral
                                                           Seco        ---             ---
                                                           Chuv        ---             ---
VIPERIDAE            Crotalus durissus     Cascavel
                                                           Seco        ---          OBS
Testudines
                                                           Chuv        ---             ---
CHELIDAE             Phrynops              Cágado
                     geoffroanus                           Seco        ---          OBS
                                                           Chuv        ---             ---
KINOSTERIDAE         Kinosternon           Muçuã
                     scorpioides                           Seco       OBS              ---
                                                           Chuv       OBS              ---
TESTUDINIDAE         Geochelone            Jabuti
                     carbonaria                            Seco       OBS              ---
Legenda: CAQ – Captura em armadilha de queda; CM – Captura manual; OBS – Observação
manual; G – Coleta de um lote de girinos; Philodryas olfersi* – Observado na Cidade de Betânia
(Fonte: Borges-Nojosa et al, 2005).




                                                                                  51
Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e
Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra-
cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus
ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005).




6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

       O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC foi instituído por meio
da Lei Estadual nº 13.787 de 8 de junho de 2009, entendendo-se por unidade de
conservação o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Dentre seus
objetivos, destacam-se:

•   Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
    naturais estaduais;
•   Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
    processo de desenvolvimento sustentável estadual;


                                                                                      52
•   Proteger, no âmbito estadual, as características relevantes de natureza geológica,
    geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e, quando couber,
    histórica e cultural;
•   Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
•   Ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais como unidades de
    conservação;
•   Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
    monitoramento ambiental;
•   Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação
    em contato com a natureza e o ecoturismo;
•   Priorizar os ecossistemas que se encontrem mais ameaçados de alteração,
    degradação ou extinção.

       As unidades de conservação – Uc’s integrantes do Sistema Estadual de
Unidades de Conservação – SEUC dividem-se em dois grupos, com características
específicas:

            • Unidade de Proteção Integral – Com o objetivo básico de preservar a
                natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos
                naturais.
            • Unidade de Uso Sustentável – Com o objetivo básico de compatibilizar
                a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus
                recursos naturais.

       As categorias de manejo das UCs do grupo de Proteção Integral são:

            •   Reserva Biológica – REBIO,
            •   Estação Ecológica – ESEC,
            •   Parque Estadual – PE,
            •   Monumento Natural – MONA, e
            •   Refúgio de Vida Silvestre – RVS.




                                                                                    53
As categorias de manejo das UCs do grupo de Uso Sustentável são:

          •   Área de Proteção Ambiental – APA,
          •   Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE,
          •   Reserva de Fauna ,
          •   Floresta Estadual – FLOE,
          •   Reserva Extrativista – RESEX,
          •   Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS,
          •   Reserva de Floresta Urbana – FURB, e
          •   Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.

       Os objetivos e as características básicas de cada categoria de manejo estão
apresentados em anexo.




7.     JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER
CRIADA

       Conforme estabelecido no SEUC, dentre os principais objetivos quando da
criação de uma Unidade de Conservação estão: (i) contribuir para a preservação e a
restauração da diversidade de ecossistemas naturais; (ii) recuperar ou restaurar
ecossistemas degradados e (iii) ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais
protegidos como unidades de conservação.

       Tendo em vista a fragilidade do ecossistema da Caatinga caracterizado pela forte
pressão antrópica exercida pelas atividades carvoeiras e agropecuárias, considerando o
pouco conhecimento existente sobre a biodiversidade deste bioma, além da importância
que a criação de unidade de conservação na caatinga representa para a ampliação da
representatividade ecológica dos ecossistemas naturais protegidos em Pernambuco,
entende-se que é de extrema importância a criação de uma Unidade de Conservação
Estadual neste Domínio.

       Apesar de poucos estudos sobre a biodiversidade da área, os aspectos biológicos
que foram observados em Unidades de Conservação próximas levam a conclusão que a


                                                                                    54
área que abrange a Serra da Canoa apresenta bom estado de conservação, sendo
caracterizada pela fitofisionomia de caatinga stricto sensu com indivíduos de porte
arbustivo-arbóreo. Portanto, a criação de uma unidade de conservação vem ao encontro
dos objetivos de conservação do bioma caatinga em Pernambuco, constituindo-se mais
uma oportunidade para o aprofundamento do conhecimento e difusão do seu valor
enquanto patrimônio biológico do Estado.




8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA


       A especificação dos objetivos de conservação e manejo da área é o primeiro
passo para a definição da categoria de UC que melhor se adéqua a estes objetivos.
Assim, foi definido como função primordial para a criação da unidade de conservação
da Serra da Canoa e áreas adjacentes o seguinte:



           •   Preservar a sua diversidade biológica;
           •   Proteger as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, através
               de atividades que visem à conscientização e sensibilização da população
               regional;
           •   Promover e apoiar meios e incentivos para atividades de pesquisa
               científica, estudos e monitoramento ambiental sobre a caatinga
               pernambucana, articulando com as diversas instituições superiores de
               ensino e pesquisa existentes na região, criando um pólo cientifico sobre o
               estudo da caatinga;
           •   Favorecer condições e promover atividades ecopedagógicas, tais como a
               educação e interpretação ambiental, promovendo contato direto dos
               estudantes Pernambucanos com a caatinga strictu sensu;
           •   Criar refúgio para a biodiversidade na região;
           •   Possibilitar a criação de um Mosaico de Unidades de Conservação e a
               formação de Corredores Ecológicos na Caatinga;
           •   Incentivar ações que promovam a recuperação das áreas degradadas.



                                                                                      55
9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIA DE MANEJO

       O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC, já abordado
anteriormente, define categorias de UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável. A
definição de uma categoria de manejo deve estar relacionada aos objetivos de
conservação que se deseja alcançar para uma determinada área, considerando para isso
além da significância ecológica da sua fauna e flora, os atributos naturais e inserção no
contexto nacional e regional. A criação da Unidade de Conservação em Floresta além
de aumentar a representatividade do Bioma Caatinga legalmente protegido no Estado de
Pernambuco, deve compatibilizar a preservação da diversidade biológica, tendo em
vista a existência de espécies endêmicas, raras e ameaças de extinção nas RPPNs
Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas, que são áreas de influência direta, com a
realização de pesquisas e atividades voltadas ao conhecimento e valorização do bioma
caatinga. Neste sentido, foi considerado como melhor opção o grupo de Proteção
Integral.

       Considerando os objetivos de manejo, dentre as categorias que fazem parte do
Grupo de Proteção Integral, a que melhor se enquadrou para definição da categoria de
manejo para área proposta foi Estação Ecológica, tendo em vista que esta categoria visa
à preservação da diversidade biológica, realização de pesquisa científica e educação
ambiental.

       Desta forma a criação da Estação Ecológica Serra da Canoa representa mais uma
porção importante do Bioma Caatinga a ser preservada no Estado de Pernambuco.




                                                                                      56
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Proposta UC Serra Canoa

  • 1. Proposta para criação de Unidade de Conservação na Serra da Canoa, Município de Floresta/PE Recife, Abril de 2012
  • 2. GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – SEMAS AGENCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CPRH Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos Vice – Governador: João Soares Lyra Neto COMITÊ EXECUTIVO PARA IMPLANTAÇÃO DAS UCs DE PERNAMBUCO (Decreto nº 36.627 de 8 de junho de 2011) Sérgio Luis de Carvalho Xavier Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS Hélvio Polito Lopes Filho Secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS Hélio Gurgel Cavalcanti Diretor Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH Maria Vileide de Barros Lins Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade – CPRH Giannina Cysneiros Bezerra Superintendente Técnica – SEMAS Nahum Tabatchnik Gerente da Unidade de Gestão de Unidades de Conservação – CPRH EQUIPE TÉCNICA Ana Cláudia Sacramento SEMAS Elba Borges CPRH Giannina Cysneiros SEMAS João Oliveira CPRH Jóice Brito CPRH José Cordeiro SEMAS Joselma Figueirôa CPRH Liana Melo CPRH Lígia Alcântara CPRH Marilourdes Guedes SEMAS Nahum Tabatchnik CPRH Samanta Della Bella CPRH Tassiane Novacosque CPRH 2
  • 3. PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA / PE 1. CONTEXTO 2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE 3.1. Localização 3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia e clima 3.3. Aspectos Socioeconômicos 3.3.1 – População 3.3.2. Aspectos Históricos 3.3.3 - Caracterização Socioeconômica 4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA CANOA 5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 5.1 Localização e Abrangência 5.2 Aspectos Biológico 5.2.1 - Aspectos Fisiográficos 5.2.2. Vegetação e Flora 5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO 5.2.3.1 - Componente lenhoso 5.2.3.2 - Componente herbáceo 5.2.4 – Fauna 5.2.4.1 - Mastofauna 5.2.4.2 - Avifauna 6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA 8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA 9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIAS DE MANEJO 10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 11. ANEXOS 3
  • 4. FIGURAS Figura 1 - Localização do Município de Floresta/PE Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da Canoa em Floresta/PE Figura 3 – Fotos A e B, vista parcial da área da Serra da Canoa em floresta/PE Figura 4 – Espécies da Caatinga: A - Espécie de Cactácea (facheiro), B – Bromeliácea (macambira) e C - Euphorbiacea (marmeleiro) que caracteriza a área da Serra da canoa em Floresta/PE. Figura 5 – Vista parcial da fisionomia da área de 11.720 ha que abrange a Serra da canoa em Floresta/PE. Figura 6 - Espécies da Caatinga: Espécies encontradas em frutificação ou floração na área dev 11.720 ha que abrange a área da Serra da Canoa em floresta/PE. Figura 7 - Imagens de mamíferos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do- mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró- carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos). Figura 8 – Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B- Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de- campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto D – Jóice Brito). Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra- cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005). 4
  • 5. QUADROS QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO. QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO. QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA CANOA SEGUINDAS COM SEU NOME VULGAR E FORMA DE VIDA. QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU STRICTO DA RPPN MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO. CITADO PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al, 2008. QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: CRUZ et al., (2005)). QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: FARIAS et al., (2005)). QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: BORGES-NOJOSA et al., (2005)). 5
  • 6. APRESENTAÇÃO A presente Proposta foi elaborada pela equipe técnica da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco – SEMAS e da Agência Estadual de Meio Ambiente - CPRH, que compõe o Comitê Executivo para Criação e Implantação de Unidades de Conservação de Pernambuco, atendendo demanda da SOS Caatinga (ONG sediada no município de Floresta), o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga – CERBCAA e da CODEVASF. 6
  • 7. PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE 1. CONTEXTO A conservação da biodiversidade se constitui uma das diretrizes do governo estadual. Em junho de 2007, o Plano Estratégico Ambiental de Pernambuco, endossado pelo Governador Eduardo Campos, definiu seis programas, dentre eles, o Programa IV – Conservação da Biodiversidade que estabelece como ação prioritária, a criação do Sistema Estadual de Unidade de Conservação - SEUC. Em 2009, após discussões com a sociedade civil e aprovação no Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, ele foi instituído por meio da Lei Estadual nº 13.787. Este ato significa um marco para a estruturação de ações mais efetivas por parte do governo de Pernambuco, no que se refere à proteção de seu patrimônio natural. O Programa de Conservação da Biodiversidade, instituído no artigo 49 do SEUC, define uma série de metas e atividades voltadas à promoção da proteção in situ dos biomas e ecossistemas existentes em Pernambuco. Este Programa está estruturado a partir de oito componentes, destacando-se a “Identificação de Áreas Prioritárias para Criação de Unidades de Conservação Estaduais” e “Criação de Novas UCs Estaduais”. O estabelecimento do SEUC e do Programa de Conservação da Biodiversidade reflete o compromisso com uma política pública voltada para a sustentabilidade socioambiental, com uma visão de futuro onde o desenvolvimento equilibrado e a melhoria da qualidade de vida do povo pernambucano é a meta a ser atingida. Quando se considera o bioma caatinga e sua situação de proteção, fica evidente a necessidade de ação governamental nesta área. Apesar de ser o único bioma exclusivamente brasileiro, cujo patrimônio biológico não é encontrado em nenhum outro lugar do mundo além do nordeste do Brasil, só há pouco tempo é que a caatinga vem alcançando o destaque merecido. Durante muitos anos alguns mitos foram criados em torno de sua diversidade biológica, principalmente relacionados à sua “homogeneidade”, ao baixo número de espécies e de endemismos e ainda ao fato de ter sido considerado um bioma pouco alterado. 7
  • 8. Estes mitos foram desfeitos a partir de estudos e projetos desenvolvidos especificamente para a caatinga, quando o Ministério do Meio Ambiente, por meio do projeto Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira – PROBIO elaborou o documento “Avaliação de Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Caatinga”. Dentre seus objetivos, destaca-se a identificação de áreas prioritárias de conservação, baseado em critérios de importância biológica, de integridade dos ecossistemas e de oportunidades para ações de conservação da biodiversidade, assim como a busca de alternativas para utilização sustentável dos recursos naturais (MMA/PROBIO, 2002). Considerando a demanda da SOS Caatinga, juntamente com o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga – CERBCAA, que indicou concomitantemente áreas nos municípios de Floresta, Serra Talhada e São Caetano, e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS, instituiu o Grupo de Trabalho para a identificação de áreas para criação de unidades de conservação na caatinga. Com este objetivo, foi realizado em maio do ano de 2011 o “I Workshop para Definição de Áreas Prioritárias para Criação de Unidades de Conservação no Bioma Caatinga do Estado de Pernambuco”, onde estas áreas foram definidas, a partir de proposições e justificativas das instituições participantes. QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO ÁREA MUNICÍPIO Serra da Matinha Carnaíba Região do São Francisco Afrânio Região de Itaparica Parnamirim Pedra do Cachorro (Ampliação) São Caetano Serra das Abelhas, Serra das Tabocas Exu Serra da Canoa Floresta Calha do São Francisco Belém do São Francisco, Tacaratu, Santa Maria da Boa Vista Brejo da Princesa, Carro Quebrado Triunfo Fazenda Saco Serra Talhada Negreiros (Ampliação) Serrita Serra do Recreio Lagoa Grande Região de Itaparica Cabrobó Mirandiba Mirandiba 8
  • 9. 2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A Caatinga é uma fitofisionomia característica da região nordeste e se estende do Piauí até o norte de Minas Gerais. A origem do nome é tupi e significa mata branca, fazendo referência ao fato de apresentar, na estação seca, árvores com caules esbranquiçados que, na ausência de folhas, dão o tom claro àquela vegetação. O bioma no nordeste ocupa uma área aproximada de 955.755,29 km², (CNRBCAA/SECTMA, 2004) e é o único exclusivamente brasileiro o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. Sua flora inclui, pelo menos, 932 espécies, sendo 380 endêmicas, ou seja, exclusivas da caatinga (RBCAA/2002). Em Pernambuco ele ocupa uma área de 81.723,97km², o que representa 8,55% da área total do bioma (CNRBCAA/SECTMA, 2004). O bioma Caatinga é o segundo maior do país, recobrindo 52% da região Nordeste; entretanto é também um dos menos conhecidos, no que se refere a sua biodiversidade. Possui espécies florísticas das famílias: cactáceas, bromélias, euforbiáceas e leguminosas, onde ficam em estado de dormência e perdem suas folhas na estação seca. Possui também uma grande diversidade de espécies de animais, englobado um grande número de formações e associações vegetais, fisionômica e floristicamente diferentes. Dos grandes tipos de vegetação do Brasil é a caatinga, o mais heterogêneo, apresentando sempre um aspecto novo, seja de um local para outro, seja na mesma região em estações diferentes (EGLER, 1951). As caatingas são consideradas como uma das formações mais heterogêneas do Brasil, variando bastante de acordo com a região onde se instala, adquirindo feições quase que completamente diferentes, comportando-se de forma múltipla ao ser exposta a diferentes condições de clima, relevo, solo etc. Estudada por Dárdano de Andrade Lima, Dora do Amarante Romariz, Walter Egler entre outros, os quais grandemente contribuíram para os estudos fitogeográficos, as caatingas dividem-se em dois grandes grupos: as caatingas hipoxerófilas e caatingas hiperxerófilas que se diferenciam por região de ocorrência, bem como por disporem em 9
  • 10. diferentes proporções de fatores como umidade, condições de exposição ou não aos ventos, natureza do solo e topografia. As espécies vegetais encontradas nas caatingas possuem uma característica peculiar por terem a capacidade de se modificar para a luta travada com as condições climáticas mais adversas. Este fenômeno é denominado “xeromorfismo”. As plantas dessas formações, mesmo quando de uma mesma espécie, mudam completamente, a ponto de ficarem quase que irreconhecíveis, ao menor sinal de umidade, dando assim caráter hiperxerófilo ou hipoxerófilo às espécies. A sépia paisagem da caatinga pode se transformar em poucas horas, esverdeando-se levemente, com alguns milímetros de chuva. A caatinga hipoxerófila predomina sobre a região Agreste e nos refúgios expostos úmidos do Sertão. É mais densa em sua apresentação, com porte predominante arbustivo ou arbóreo-arbustivo, por dispor de totais pluviométricas mais elevadas e chuvas melhor distribuídas que nas regiões da caatinga hiperxerófila. A vegetação da caatinga sofre influência preponderante do clima, pois se encontra sempre subordinada a elevada deficiência hídrica, que é originada pela baixa pluviosidade e grande evapotranspiração, associadas a má distribuição das chuvas ao longo do ano e a abaixa capacidade de retenção de água dos solos. Tais particularidades levaram a uma diversidade de variações fisiológicas e comportamentais das espécies existentes no local ao longo da evolução, que garantem sua sobrevivência a partir de uma melhor adaptação e aquisição de recursos do ambiente. No município de Floresta a vegetação predominante é a caatinga hiperxerófila (IBGE, 2006), encontra-se inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem típica do semi-árida nordestino, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, com relevo predominantemente suave a ondulado. É esta caatinga que caracteriza fisiograficamente o sertão, apresentando elevado xeromorfismo causado pelas condições áridas sertanejas. A caatinga hiperxerófila é relativamente densa, arbustiva ou arbórea de pequeno porte. Espécies como a faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus), pinhão- bravo (Jatropha pohliana) e xique xique (Pilocereus gounellei), contribuem para denunciar este quadro de rígida 10
  • 11. aridez, sendo que a última citada, pode ser encontrada no Agreste, em áreas mais secas e em torno de afloramentos rochosos. Destaca-se ainda que Andrade-Lima (1989) caracteriza as espécies quipá (Oputinia inamoena), canafístula (Cassia martiana) também como indicadoras de áreas bastante áridas. O estudo e a conservação da biodiversidade da caatinga constituem em um dos maiores desafios do conhecimento científico brasileiro. Um dos problemas encontrados no bioma é a enorme carência de conhecimento científico sobre a biota, evidenciando a necessidade de mais pesquisas no que se refere a inventários faunísticos e florísticos. Por outro lado, este bioma vem sofrendo graves danos em conseqüência do processo de ocupação humana que ocorre desde o século XVI, quando suas áreas começaram a ser utilizadas para a atividade pecuária e plantação de algodão. A utilização da caatinga ainda está vinculada a pratica extrativista, seja pastoril, agrícola ou madeireira, incluindo o desmatamento e as queimadas, o que tem provocado a degradação ambiental com perdas irrecuperáveis para a sua diversidade biológica, acelerando o processo de erosão e o declínio da fertilidade do solo e da qualidade da água. (CNRBCAA/SECTMA, 2004). Estima-se que cerca de 100 mil hectares de caatinga apresentam mostras significativas de degradação pela ação do homem na luta pela sobrevivência. A identificação de áreas para conservação da caatinga é um importante instrumento para a proteção de sua biodiversidade. No workshop realizado na cidade de Petrolina/PE em 2002, que resultou na publicação “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Caatinga”, ficou evidente o quanto a caatinga está desprotegida em suas escassas e relevantes áreas ainda existentes e a importância de se criar Unidades de Conservação, como forma de garantir a preservação e conservação dos seus recursos naturais. Apesar de sua importância biológica, a caatinga pernambucana ainda possui um número bastante reduzido de unidades de conservação, principalmente no âmbito estadual, conforme Quadro II, abaixo: 11
  • 12. QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS Unidades de Conservação Categoria de Manejo Municípios Área UC Parque Nacional do Proteção Integral Buíque/ 62.300,00 Catimbau Ibimirim/Tupanatinga RPPN Reserva Cabanos Uso Sustentável Altinho 6,00 APA Chapada do Araripe Uso Sustentável Araripina/ Bodocó/ 374.916,32 Cedro/ Exu/ Ipubi/Moreilândia/ Serrita/ Trindade RPPN Jurema Uso Sustentável Belém de São 267,50 Francisco RPPN Siriema Uso Sustentável Belém de São 290,93 Francisco RPPN Umburana Uso Sustentável Belém de São 131,02 Francisco RPPN Maurício Dantas Uso Sustentável Betânia/ Floresta 1.485,00 RPPN Cantidiano Valgueiro Floresta 285,00 Floresta Nacional Negreiros Uso Sustentável Serrita e Parnamirim 3.000,00 REBIO de Serra Negra Proteção Integral Floresta, Tacaratu e 1.100,00 Inajá UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS Unidades de Conservação Categoria de Manejo Municípios Área UC RPPN Pedra do Cachorro Uso Sustentável São Caetano 22,90 RPPN Karawa-tá Uso Sustentável Gravatá 101,58 Parque Estadual Mata da Proteção Integral Serra Talhada 887,24 Pimenteira Estas unidades de conservação representam muito pouco do bioma, carecendo de informações para alguns grupos florísticos e para a maioria dos grupos faunísticos, tornando evidente a necessidade de ampliação da pesquisa e da proteção da caatinga no Estado. Buscando uma nova abordagem para o enfrentamento da questão, o governo de Pernambuco vem trabalhando no sentido de fortalecer a implementação de políticas públicas conectadas, compatibilizando e integrando as diversas áreas temáticas que se relacionam, direta ou indiretamente. 12
  • 13. O SEUC, estabelecido em 2009, definiu, dentre outras diretrizes, que “no conjunto das unidades de conservação, estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do Estado de Pernambuco e das suas águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico, geológico, geomorfológico, espeleológico, arqueológico, paleontológico e, quando couber, histórico e cultural” (Artigo V, inciso I). O Programa de Conservação da Biodiversidade de Pernambuco, que tem como objetivo contribuir para o fortalecimento e sustentabilidade do SEUC, estabelece metas que refletem expectativas por uma proteção mais efetiva dos recursos naturais no Estado. A Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas – Lei 14.090/10, o Artigo 11 estabelece a criação de unidades de conservação como uma das estratégias de redução de emissões a serem implementadas na conservação da biodiversidade e das florestas. Na Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – Lei nº 14.091/10, o Artigo 3º, inciso II, estabelece como um de seus princípios, a preservação, conservação e recuperação da biodiversidade, da agrobiodiversidade e do equilíbrio ecológico do semiárido pernambucano. O Art. 4º, inciso VI, define como um dos objetivos específicos, a criação e implantação de novas Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral e de uso sustentável no Bioma Caatinga. Assim, a criação de unidades de conservação na caatinga vem ratificar o compromisso estabelecido nas políticas públicas do governo estadual em avançar na proteção de seus biomas. 3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA 3.1. Localização O Município de Floresta está localizado a 434 km a oeste da cidade de Recife, na mesoregião do São Francisco Pernambucano e microregião do Sertão de Itaparica. Limita-se a norte com o município de Serra talhada, Betânia e Custódia, a oeste com 13
  • 14. Carnaubeira da Penha e Itacuruba, a sul com Inajá, Tacaratu, Petrolãndia e o Estado da Bahia, a leste com Ibimirim. A área municipal ocupa 3.874,9 Km, inserida nas folhas editada pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério, Airi (SC-24X-A-V), Floresta (SC-24X-A-IV) Topanaci (SB 24-X-A-I), Betânia (SC 24X-A-II e SC 24 X-A- III). A sede municipal apresenta altitude de 316m de altitude. O acesso á cidade de Floresta, partindo de Recife é feito pela BR- 232 até o povoado do Cruzeiro do Nordeste, em seguida a BR-110 por um percurso de 60 Km até a cidade de Ibimirim, depois pega a PE- 360 por um trecho de 106 Km a cidade de Floresta. (Figura 1) (CPRM, 2005) Floresta Recife Figura 1 - Localização do Município de Floresta 3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia , clima e recursos hídricos O município de Floresta encontra-se inserido, geologicamente na Província da Borborema, sendo constituído pelos litotipos dos complexos Floresta, Sertania, Serra de Jabitacá, Cabrobó e Belém do São Francisco, situado em uma área de Pediplano em plena Depressão Sertaneja (CPRM, 2005). Na região a litologia predominante é composta por rochas pré-cambrianas, em alguns trechos recobertos por chapadas residuais (Brasil, 1983). Os solos predominantes da região são uma associação de Planossolo, Solonetz, solodizado, solos Litólicos entróficos, Regossolos eutróficos e 14
  • 15. distróficos e Bruno não cálcico (Embrapa, 2003). O município de Floresta está inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que é caracterizada por uma superfície de pediplanação (CPRM, 2005). O clima é BSh’w, segundo a classificação de Köppen, temperatura média anual em torno de 25ºC. A precipitação e o déficit hídrico médios anuais são de 511 e 890 mm e a temperatura média mensal varia de 22,8º a 26,5º (Ministério da Agricultura, 2003) . As chuvas são concentradas entre quadra chuvosa desenvolve-se entre os meses de janeiro e abril (Instituto Nacional de Meteorologia, 2006). Quanto aos recursos hídricos, encontra-se inserido nos domínios da macro Bacia do São Francisco, Bacia Hidrográfica do Pajeú e do Grupo de Bacias de pequenos Rios Interiores. Seus principais tributários são: os rios São Francisco, Pajeú e os riachos do Capim Grosso, da Lagoinha, do Navio, das Porteiras, do Papagaio, entre outros. O recurso hídrico subterrâneo inserido no município é denominado de Domínio Hidrogeológico Interticial, Domínio Karsticofissural e no Domínio Hidrogeológico Fissural. O Domínio Interticial é composto de rochas sedimentares da Formação Tacaratu, Gurpo Brotas e de Depósitos aluvionares e dos Depósitos Colúvioeluviais. O Domínio Karstico-fissural representa os calcários da formação Santana. O Domínio Fissural é formado de rodas do embasamento cristalino que englobam o sub-domínio das rochas metamórficas, constituído da Formação barra Bonita, Complexo São Caetano, Complexo Vertentes e Complexo Belém do São Francisco (CPRM, 2005). 3.3. Aspectos Socioeconômicos O município de Floresta localiza-se na mesorregião do São Francisco Pernambucano na microrregião denominada Itaparica, e ocupa, de acordo com Anuário Estatístico de Pernambuco (1994), uma área de 3.690,3 km2, com altitude variando de 300 a 1.050m. A sede municipal se situa a 433 km de distância de Recife e apresenta as seguintes coordenadas geográficas: 8036' de latitude sul e 38034' de longitude oeste de Greenwich. 15
  • 16. Criado em 20 de junho de 1907, pela Lei nº 867, o Município é constituído dos distritos de Floresta (sede), Airi, Carnaubeira e Olho D’água do Padre, Nazaré do Pico, Carqueja e dos povoados: Varjota, Gravata de São Francisco, Juazeiro de São Francisco, Jaburu, Massapê e Santa Paula. 3.3.1 – População O município apresenta baixa densidade demográfica, em relação ao estado, e forte tendência à urbanização (taxa de 59%). A relação população rural/população total apresentou decréscimo ao longo do período 1970/1990, com tendência semelhante para os dados globais do Estado de Pernambuco, o que indica esvaziamento considerável no meio rural (EMBRAPA, 2001). Essa transferência de recursos humanos do meio rural para as zonas urbanas é fato preocupante e carente de soluções alternativas, o que requer atenção especial e urgente do Poder Público, no sentido de amenizar essa situação Dados do censo IBGE/2010 afirmam que a população total residente é de 29.285 habitantes. São 14.431 homens e 14.854 mulheres. Os habitantes da zona urbana totalizam 31.094 enquanto que os da zona rural são 18.364. Os indicadores demográficos apontam uma taxa de urbanização de 62,9%, rural de 37,1% e densidade demográficas de 6,7%, média de moradores por domicílio de 4,5 pessoas e taxa anual de crescimento demográfico (91/2000) –1,75. A renda média mensal do chefe do domicílio é 2,36 salário mínimo. 3.3.2 – Aspectos Históricos A cidade de Floresta teve sua origem a partir de uma fazenda de gado denominada Fazenda Grande de propriedade do capitão José Pereira Maciel e localizada às margens do rio Pajeú, e em 1777 o capitão José Pereira Maciel mandou construir a capela de Nossa Senhora do Rosário o que fez surgir o povoado do Senhor Bom Jesus dos Aflitos da Fazenda Grande. Só no ano de 1907, a vila de Floresta foi elevada à 16
  • 17. condição de cidade e sede do município. No início da colonização da área onde se localiza o município de Floresta, os padres das primeiras missões estabelecidas às margens do rio São Francisco atuaram na catequese dos indígenas 3.3.3 - Caracterização Socioeconômica O município de Floresta tem como atividades principais a pecuária, a agricultura de sequeiro e, em algumas áreas, a presença da agricultura irrigada. Em geral, a agricultura de sequeiro é de subsistência e a pecuária é conduzida de forma extensiva, ambas utilizando baixos padrões tecnológicos, além de estarem descapitalizadas e vulneráveis às variações climáticas. Isso leva as populações dependentes dessas atividades, principalmente as menos favorecidas, na maior parte das situações, ao extrativismo (exploração da caatinga através da venda de lenha e/ou de carvão), com a conseqüente superexploração dos recursos, como forma de gerar renda (Pernambuco, 1999). Esse tipo de exploração da caatinga acelera o processo de degradação ambiental. Segundo dados do IBGE (média anual do período 1994/1997), os principais produtos agrícolas cultivados com irrigação são: tomate, melancia, cebola, melão e banana. Com relação à agricultura dependente de chuvas, os principais produtos cultivados foram milho, feijão e mandioca. Em termos de valor da produção, verifica-se claramente a importância da agricultura irrigada na economia municipal. Ela estabelece vínculos com o mercado externo e intensifica as diferenças socioeconômicas em relação às áreas de agricultura de sequeiro. Entretanto, é preciso evitar o manejo inadequado da irrigação, principalmente no que diz respeito à ausência de drenagem, pois alguns solos da área apresentam alta susceptibilidade à salinização. No que se refere à atividade pecuária, o município tem como principais rebanhos (dados do IBGE - média anual no período 1990/1998): bovinos (27.617 cabeças), ovinos (32.433 cabeças) e caprinos (168.153 cabeças). Estes rebanhos apresentam, em geral, baixa produtividade, decorrente, principalmente, da escassez de alimentos durante o período seco (EMBRAPA, 2001). 17
  • 18. 4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA CANOA O processo de criação da Unidade de Conservação, ora apresentada, foi iniciado em 2010 a partir de uma demanda da sociedade civil (SOS Caatinga e CERBCAA) que indicava áreas importantes para criação de Unidade de Conservação. Houve então um interesse institucional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF, em regularizar a reserva legal de projetos de irrigação, por meio da aquisição de área para regularização de Unidade de Conservação Estadual, conforme disposto no Art. 44 do Código Florestal vigente, que trata da possibilidade do proprietário rural ser desonerado da obrigação da averbação da reserva legal em propriedades rurais mediante doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada no interior de Unidade de Conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária. Em junho de 2010, foi realizada vistoria técnica da CPRH, com o objetivo fazer o reconhecimento das áreas indicadas pelo CERBCAA, em atendimento a diversas instituições, e iniciar o processo de discussão. Foi elaborado o relatório técnico (Relatório Técnico, CPRH- DRFB/UGUC Nº 014/2010 de 15.06.2010) onde foi confirmada a viabilidade da área de Floresta para criação da UC. Quanto ao processo de regularização da reserva legal do perímetro de Irrigação da CODEVASF (Projeto Senador Nilo Coelho), foi protocolado junto a CPRH o Ofício nº 027/2011 da CODEVASF propondo medidas a fim de que o artigo do Código Florestal sobre a desobrigação da averbação de Reserva Legal fosse utilizado. Em resposta ao Ofício CODEVASF foi elaborada a Cota Jurídica da CPRH nº 021/2011 – JPR, que conclui a viabilidade desta proposta, no entanto a CODEVASF deverá protocolar na CPRH requerimento padrão para averbação de Reserva Legal atrelada à elaboração de Termo de Responsabilidade para a doação em atendimento ao artigo 44 do Código Florestal, alertando que a Unidade de Conservação deve ser criada anterior a averbação da Reserva Legal. 18
  • 19. De posse desta informação, realizou-se vistoria conjunta com CPRH/SEMAS/CODEVASF para identificação e reconhecimento de área de interesse para a criação de Unidades de Conservação e definir seu o perímetro. Foi confirmado que a área vistoriada apresenta com grande potencial para a criação de Unidade de Conservação considerando a riqueza da diversidade biológica existente. 5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO 5.1 Localização e Abrangência A área que se pretende criar a Unidade de Conservação em Floresta está localizada na Depressão Sertaneja, constando de 11.720 hectares, incluindo a Serra da Canoa e propriedades localizadas no pediplano da Serra. A área recebe influência das Unidades de Conservação Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas RPPN’s (Reserva Particular do Patrimônio Natural), instituídas pelo IBAMA. Adotou-se como critério para definição do seu perímetro a utilização, sempre que possível, de limites físicos existentes (estradas, rios, riachos) associado ,à vegetação densa da caatinga o que coincidiu com a cota topográfica de 400m, da Carta da SUDENE, base cartográfica extraída das folhas: SC. 24-X-A-II (MI -1365), SC.24-X-A-V(MI -1443) e SC.24-X-A- IV(MI-1442) escala 1:100.000, produzida a partir de varredura digital dos fotolitos cedidos pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército – 3º Divisão de Levantamento. 19
  • 20. Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da Canoa em Floresta/PE.
  • 21. 5.2 Aspectos Biológicos 5.2.1 - Aspectos Fisiográficos O município de Floresta está inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave- ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações residuais, pontuam a linha do horizante. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos de erosão que atingem grande parte do sertão nordestino. A vegetação é basicamente composta por caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta caducifólia (CPRM, 2005). A B Figura 3 - Fotos A e B vista parcial da área da Serra da Canoa em Floresta/PE
  • 22. 5.2.2. Vegetação e Flora Das províncias biogeográficas presentes no território brasileiro (Cabrera &Willink 1973), a da caatinga, com aproximadamente os mesmos limites da área de clima semi-árido do nordeste brasileiro é uma das maiores e mais desconhecidas. Sua variada cobertura vegetal está, em grande parte, determinada pelo clima, relevo e embasamento geológico que, em suas múltiplas interrrelações, resultam em ambientes ecologicamente variados. A heterogeneidade da flora e da fisionomia da cobertura vegetal dessa província decorre de dois gradientes de umidade, um no sentido norte-sul, que se manifesta em uma diminuição das precipitações e outro oeste-leste, que se expressa com um aumento do efeito da continentalidade (Rodal, et all., 2008). De acordo com Veloso et al. (1991), a savana-estépica é a tipologia vegetal característica, sendo localmente chamada da caatinga. A savana-estépica, denominada caatinga sensu stricto, ocorre especialmente nas terras baixas entre serras e planaltos, considerados como depressão sertaneja. A depressão representa um extenso conjunto de pediplanos ora rodeado por extensos planaltos, ora entremeado por relevos residuais com variadas dimensões como chapadas e bacias sedimentares, maciço e serras (Rodal & Sampaio 2002). A caatinga apresenta grande variação fisionômica, principalmente quanto à densidade e ao porte das plantas. Mudanças em escala local, a poucas dezenas de metros, são facilmente reconhecíveis e geralmente ligadas a uma alteração ambiental claramente identificável. O maior porte das plantas nos vales e do menor sobre lajedos e solos rasos, em conseqüência da maior e menor disponibilidade hídrica. As variações numa escala de regiões, abrangendo milhares de quilômetros quadrados, são mais difíceis de identificar, em virtude dos limites difusos, da causalidade múltipla e da variabilidade local interna a cada uma delas. Apesar desta dificuldade, várias tentativas de identificação de tipos regionais de caatinga têm sido feitas, desde a de Luetzelburg (1922-1923) até a de Andrade-Lima (1981). De uma maneira geral temos a caatinga Xérofíditica ou xeromófica com elementos de áreas mais secas e as mais mésicas e áreas de encostas e de altitude em áreas úmidas. 22
  • 23. A distribuição espacial de árvores e arbustos pode variar de acordo com as variáveis ambientais, através de uma escala espacial de vários hectares (Harms, 2001) e espera-se que este padrão possa também ser visualizado para as populações de herbáceas, o que na região da caatinga nordestina ainda é pouco investigado, apesar de tratar-se do componente da vegetação de maior importância para o conhecimento da biodiversidade neste ecossistema (Silva, 2003; Araújo, et al., 2002; Araújo, 2003) Crawley (1997) observou que os variados níveis de organização de vida das plantas de determinada área tem sido útil para caracterizar a vegetação, uma vez que, em geral, reflete a fisionomia da cobertura vegetal. A região da savana-estépica, onde predomina a caatinga sensu stricto, tipologia vegetal característica e de maior extensão na região semi-árida do Nordeste, caracteriza-se pela presença de fanerófitos de pequeno porte ( árvores), caméfito (arbusto) e terófitos (plantas anuais). Até o momento para a área proposta para a criação da Unidade de Conservação, podem-se observar as seguintes espécies e formas de vida encontradas na área da Serra da Canoa e propriedades do entorno, conforme Quadro III. C C A B Figura 4: Espécies da Caatina: A – Espécie de cactácea (facheiro), B – bromeliáceas (macambira) e C – euphorbiacea (marmeleiro), que caracteriza a área da Serra da Canoa , Floresta/PE. 23
  • 24. QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA CANOA SEGUIDAS COM O SEU NOME POPULAR E FORMA DE VIDA. Família / Espécie Nome Vulgar/Forma de Vida 1. Anacardiaceae Myracrodium urundeuva Allemão Aroeira/árvore Schinopsis brasiliensis Engler Braúna/árvore Spondias tuberosa Arruda Imbuzeiro/árvore 2. Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Bananinha/árvore A. cuspa S. F. Blake ex Pittier Pereiro/arbusto 3. Arecaceae Syagrus oleracea Becc. Catolé 4. Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Ipê-roxo/árvore 5. Boraginaceae Cordia trichotoma (Vell.) Steud. arbusto C. verbenacea DC. árvore 6. Bromelicaceae Bromelia karatas L. erva Bromélia laciniosa Mart. Ex Schultez macambira/ erva Tillandsia gardneri Lindl. epífitas T. recurvata L. epífitas T. streptocarpa Baker caroá 7. Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet Imburana-de-cambão/árvore 8. Cactaceae Cereus jamacaru DC. Mandacaru/arbusto Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose Rabo-de-raposa/arbusto Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles & G. D. Facheiro/arbusto Rowley P. gounellei (F. A. C. Weber ex K. Schum.) Byles Xique-xique/arbusto & G. D. Rowley Tacinga inamoena (K. Schum.) N. P. Taylor & Quipá/erva Stuppy 9. Celastraceae Maytenus rigida Mart. Bom Nome C. pisonioides Taub. Mufumbo/arbusto 10. Euphorbiaceae Cnidoscolus loefgrenii (Pax & H. Hoffm.) Pax & Cansanção/arbusto K. Hoffm. Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro/arbusto C. glandulosus L. arbusto C. heliotropiifolius Kunth Velame/arbusto C. hirtus L´Hir. C. rhamnifolioides Pax & K. Hoffm. Marmeleiro Jatropha molissima (Pohl) Baill. Pinhão/arbusto Manihot dichotoma Ule Maniçoba/arbusto Sapium glandulosum (L.) Morong Burra-leiteira/árvore 24
  • 25. Sebastiania macrocarpa Müll. Arg. Leiteiro/árvore 11. Fabaceae Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm. Imburana-de-cheiro/árvore Angico/Angico-de- Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan caroço/árvore Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Pata-de-vaca/Mororó/arbusto Chamaecrista sp. subarbusto Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz Pau-ferro/árvore Mimosa arenosa Poir. Jurema M. modesta Mart. arbusto M. ophtalmocentra Mart. ex Benth. Jurema/arbusto M. tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta/arbusto Parapiptadenia zehntneri (Harms) M. P. Lima & Angico-monjolo/árvore H. C. Lima Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema-branca/arbusto Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Catingueira/árvore Senna macranthera (Coll) H. S. Irwin & Barneby Canafistula-de-besouro/arbusto S. uniflora (Mill.) H. S. Irwin & Barneby Fedegoso/subarbusto S. spectabilis (DC.) H. S. Irwin & Barneby Canafístila-de-rama/árvore 12. Malvaceae Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. Barriguda/arbusto Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Embiratanha Cambess.) A. Robyns 13. Moraceae Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro/árvore 5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO A área proposta para criação da Unidade de Conservação na Serra da Canoa, ainda não possui levantamento do componente biótico e físico. Desta maneira, tomou-se como base os levantamentos do componente biótico (flora e fauna) das áreas das RPPN”s Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas sob influência direta da Unidade de Conservação Estadual a ser criada. 5.2.3.1 - Componente lenhoso Costa et al. (2009) realizaram levantamento da flora vascular e das formas de vida das plantas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Maurício Dantas , onde foram realizadas excursões mensais durante 15 meses de janeiro de 2002 a abril de 2003, para englobar dois períodos chuvosos.Foram coletadas 101 espécies distribuídas 25
  • 26. em 39 famílias botânicas, destacando-se Euphorbiaceae e Mimosaceae, pela riqueza de espécies. Na identificação do hábito, houve predomínio de herbácea, com 60 espéceis. Na avaliação por formas de vida, 36 espécies são terófitos, 23 fanerófitos. A vegetação de caatinga distingue-se da dos demais tipos caducifólios do semiárido (carrasco e floresta decidual) pela menor proporção de fanerófitos e pela maior de terófitos. Rodal et al. (2008) concluíram que na área da RPPN Maurício Dantas, foram amostrados todos os indivíduos vivos com diâmetro do caule ao nível do solo ≥ a 3 cm e altura ≥ a 1 m, presentes em um hectare. Foram registradas 28 espécies de um total de 3.140 plantas com área basal total de 18,5m², isto demonstra que os levantamentos das áreas de depressão sertaneja situadas em áreas de pediplano, tendem a apresentar diâmetros menores, que aqueles situados em áreas próximas a riachos ou serras. Cavalcanti et al (2003) realizaram mapeamento de fitofisionomias da região do médio do vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofisionomias de vegetação caducifólia (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro fitofisionomias, as fito 1 e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e 4 para a RPPN Cantidiano Valgueiro. Para as quatro fitofisionomias foram amostradas 21 espécies, distribuídas em 9 árvores, 14 arbustos, 14 subarbustos e 7 suculentas. Para árvores e arbustos na fitofisionomia 1 e 2 apresentaram maior riqueza, onde houve um destaque para o componente subarbustivo para a fito 2. Os resultados indicam que as fitos 1 e 2 tiveram maior concentrada nos componentes arbóreo e arbustivo e que as fito 3 e 4 tiveram menor riqueza geral. As variações na riqueza ocorreram basicamente no componente lenhoso (árvores e arbusto). Rodal et al. (2003) realizaram seis expedições consecutivas e reconheceram diferentes biótipos na RPPN Maurício Dantas, onde analisaram a repartição espacial de comunidade de plantas lenhosas. Foram encontrados 2.055 caules distribuídos em 23 famílias, 64 espécies e concluíram que apesar da aparente homogeneidade da vegetação de Caatinga (sensu strictu) da área da RPPN Maurício Dantas, os resultados indicam um complexo gradiente abiótico, com reflexo na fisionomia e estrutura das plantas lenhosas. Fernandes et al. (2003) realizaram estudo polínico a partir do levantamento florístico das plantas vasculares na RPPN Maurício Dantas, onde coletou- 26
  • 27. se flores ou botões para estudo polínico, foram estudados grãos de polém de 36 espécies das famílias. 5.2.3.2 - Componente herbáceo Pessoa et al. (2003) realizaram mapeamento das fitofissionomias da região do médio Vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofissionomias de vegetação caducifólia espinhosa (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro fitofissionomias as fito 1 e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e4 para a RPPN Cantidiano Valgueiro. A avaliação do estrato herbáceo resultou em 67 espécies e 28 famílias. As diferentes áreas não variaram na riqueza das espécies e sim em termos de maior ou menor número de espécies por parcela. Do modo geral as áreas 3 e 4 apresentam maior número de famílias com uma única espécie. Apesar das áreas serem floristicamente similares nota-se que os níveis internos de similaridade entre as parcelas das áreas 3 e 4 foram superiores as das áreas 1 e 2, sugerindo uma maior homogeneidade nas parcelas das áreas 3 e 4. Assim foi possível diferenciar duas comunidades uma para as parcelas das áreas 1 e2 e outra para a área 3 e 4. Lima et al (2008) realizaram estudo de chuva de sementes em uma área de vegetação na RPPN Maurício Dantas, onde descreveram a composição e a densidade da chuva de sementes em um hectare de vegetação de caatinga. Quarenta coletores de sementes de 0,25m² cada foram instalados e visitados mensalmente por um ano. Foram depositados 76 sementes/m² e 26 espécies. Os indivíduos de Tillandsia spp. (Bromeliaceae) contribuíram com a maioria (49%) das sementes. Não houve correlação estatística entre a densidade de deposição de sementes e a precipitação mensal. A autocoria prevaleceu nas sementes de plantas (árvores e arbustos). 27
  • 28. QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU STRICTO DA (RPPN) MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO. CITADA PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al., 2008 FAMÍLIA ESPÉCIE Acanthaceae Ruellia cf. geminiflora Kunth Amaranthaceae Alternanthera cf. tenella Colla Alternanthera SP. 1 Gomphrena vaga Mart. Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão Schinopsis brasiliensis Engler Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Asclepiadaceae Ditassa glaziovii E. Fourn. Asclepiadaceae Marsdenia cf. dorothyae Fontella & Morillo Asteraceae Ageratum conyzoides L. Centratherum punctatum Cass. Conocliniopsis prasiifolia (DC) R. M King & H. Rob. Delilia biflora (L.) Kuntze Flaveria bidentis (L.) Kuntze Lagascea mollis Cav. Tridax procumbens L. Boraginaceae Cordia leucocephala Moric. Heliotropium ternatum Vahl. Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez Tilandsia loliacea Mart. Ex Schult. F. Tilandsia recurvata (L) L. Tilandsia streptocarpa Baker Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet. Cactaceae Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose Cereus jamacaru DC Melocactus oreas Miq. Opuntia inamoena K. Schum. Opuntia palmadora Britton & Rose Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley Caesalpiniaceae Bauhinia cheilantha (Bong.) Caesalpinia gardneriana Benth. 28
  • 29. Senna macranthera (DC. Ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby Capparaceae Capparis flexuosa Vell. Cleome diffusa Banks ex DC. Cleome guianensis Aublet Cleome lanceolata (Mart. & Zucc.) H.H.lltisl Commelinaceae Callisia filiformis (M. Martens & Galeotti) D.R.Hunt Commelina obliqua Vahl Ipomoea SP. Jacquemontia SP. Cyperaceae Cyperus cuspidatus Humb., Bonpl. & Kunth Erythroxilaceae Erythroxylum pungens O.E Schulz. Euphorbiaceae Bernardia sidoides (Klotzsch) Mull.Arg. Chamaesyce hyssopifolia (L.) Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K. Hoffm. Cnidoscolus loefgrenii (Pax & K.Hoffm.) Pax & K.Hoffm. Cnidoscolus quercifolius Pohl Croton blanchetianus Baill. Croton glandulosus L. Croton lobatus L. Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm. Jatropha mollissima Pohl & Baill. Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. Manihot SP. Phyllanthus heteradenius Müll. Arg. Phyllanthus niruri L. Fabaceae Centrosema virginianum (L.) Macroptilium martii (Benth) Loranthaceae Phoradendron SP. Lythraceae Cuphea circaeoides SM. Ex Sims Malvaceae Gaya elingulata Krapov, Três & Fem. Herissantia crispa (L) Brizicky Sida SP. Mimosaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam Mimosa ophthalmocentra Mart. Ex Benth. 29
  • 30. Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Piptadenia stipulaceae (benth.) Ducke Molluginaceae Mollugo verticillata L. Nyctaginaceae Guapira noxia (Netto) Lundell Oxalidaceae Oxalis divaricata Mart. Ex Zucc. Phytolaccaceae Microtea paniculata Moq. Poaceae Aristida adscensionis L. Chloris rupestris (Ridl.) Hitchc. Leptochloa filiformis (Pers.) P. Beauv. Panicum trichoides Sw. Paspalum fimbriatum Kunth Tragus berteronianus Schult. Tripogon spicatus (Nees) Ekman Urochloa molis (Sw) Morrone & Zuloaga Polygalaceae Polygala brizoides A. St. – Hil. & Moq. Portulacaceae Portulaca alatior Marq. Ex Rohrb. Portulaca oleracea L. Primulaceae Samolus sp. Rubiaceae Diodia apiculata (Willd. Ex Roem. & Schult) K. Schum Mitracarpus acabrellus Benth. Sapindaceae Cardiospermum corindum L. Scrophulariaceae Angelonia sp. Selaginellaceae Selaginalla convoluta (Arn.) Sterculiaceae Melochia tomentosa L. Waltheria macropoda Turcz. Waltheria rotundifolia Schrank Tiliaceae Corchurus argutus L. Tumeraceae Piriqueta racemosa (Jacq.) Sweet. Verbenaceae Lantana camara L. Lantana sp. 1 Lantana sp. 2 Lippia gracilis Schauer Vitaceae Cissus simsiana Schult. & Schult. 30
  • 31. Figura 5: Vista parcial da fisionomia da Área de 11.720 ha que abrange a Serra da Canoa Floresta/PE. 31
  • 32. Figura 6: Espécies da caatinga encontradas em frutificação ou floração na Área de 11.720 ha que abrange a Área da Serra da Canoa, Floresta/PE. 32
  • 33. 5.2.4 – Fauna A redução drástica das áreas naturais do Bioma Caatinga, determinada pela ação antrópica, não representa boas perspectivas para a conservação, visto que a perda da diversidade biológica e genética gera redução na capacidade de adaptação das espécies às mudanças ambientais, aumentando drasticamente as possibilidades de extinção. Por muito tempo a Caatinga foi tida como um Bioma pobre, sem uma fauna própria, mas estudos recentes mostraram que a Caatinga é diversa com elementos faunísticos adaptados ao ambiente seco e com informações particulares na sua história de vida, todavia pouco se conhece esses mecanismos de adaptação para a maioria dos táxons (MMA, 2001). Tais estudos apontam que a fauna de vertebrados do Bioma Caatinga está constituída por 240 espécies de peixes, 51 de anfíbios, 116 da répteis, 510 de aves, sendo 347 exclusivas do Bioma e 148 de mamíferos. Na região do médio vale do Rio Pajeú, especificamente nas Reservas Particulares do Patrimônio Natural Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, recentemente foram realizados levantamentos faunísticos para diversos taxons. Devido a proximidade entre estas Unidades de Conservação e a área de 11.720,00 hectares que abrange a Serra da Canoa acredita-se que haja similaridade entre estas áreas, especialmente entre as que abrangem a Serra da Canoa e a RPPN Maurício Dantas, pois estas possuem vegetação mais densa, conforme descrito por Cruz et al. (2005); Farias et al. (2005); Borges-Nojosa et al. (2005) e pelo que pode ser verificado nas visitas técnicas (equipe CPRH/SEMAS) realizadas na Serra da Canoa. 5.2.4.1 – Mastofauna Cruz et al. (2005) identificou que as duas RPPNs alcançaram alta dissimilaridade para os mamíferos, já que a fitofisionomia e altitude são diferentes, porém como a área da Serra da Canoa possui vegetação mais densa é provavel que não haja tanta dissimilaridade desta com a RPPN Maurício Dantas. Contudo a existência de oito espécies em comum entre as RPPNs apontou que talvez o curto período do levantamento e o ineditismo das comparações dos dados possa ter influnciado negativamente os resultados Cruz et al. (2005). 33
  • 34. Estes estudos realizados por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, foram entre os dias 11 e 21 de março de 2003 (período chuvoso) e 28 de setembro e 09 de outubro do mesmo ano (período seco), com a utilização das metodologias de captura com trabalho de campo e no laboratório, observação em campo, identificação através dos vestígios (registro indireto) e entrevistas, tendo registrado 21 espécies das famílias Didelfidae (cassaco), Cervidae (veado catingueiro), Callithrichidae (sagüi), Dasypodidae (tatupeba), Mymecophagidae (tamandua mirim), Felidae (gato do mato), Canidade (raposa), Mephitidae (camganbá), Echimyidae (punaré) e Molossidae (morcego) (todas com apenas 1spp.), Caviidae (mocó), Desmodontidae (morcego) e Noctilionidae (morcego) (com 2spp. cada) e Phyllostomidae (morcego) (4spp.). Destes, o Leopardus tigrinus (gato do mato) é o único que faz parte da lista oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA (MMA, 2004), integrando o status de vulnerável; o Kerodon rupestris (mocó) é endêmico e o Noctilio albiventris (morcego) foi um novo registro para a caatinga de Pernambuco. Também foi registrado, através de entrevistas, a presença de Cebus apella (macaco-prego) e o desaparecimento do Tolypeutes tricintus (tatu-bola). O mesmo levantamento realizado por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro foi realizado nos estados da Paraíba e Ceará, identificando que o número de espécies generalistas, com amostragem nestes três Estados é pequeno, contando apenas com o Didelphis albiventris (cassaco), o Callithrix jacchus (sagüi), o Thrichomys apereoides (punaré ou rabudo) e o Artibeus planorostris (morcego); ainda quanto as generalistas, as espécies amostradas em metade das fitofisionomias levantadas e presentes nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro foram o Procyon cancrivorous (guará), a Cerdocyon thous (raposa) e o Galea spixii (preá). Estes dados mostram que as espécies generalistas estiveram presentes em menor quantidade quando se comparado as, consideradas neste levantamento, espécies especialistas em habitats ou outro recurso importante. Segundo Cruz et al. (2005) “isto 34
  • 35. sugere que muitas adaptações com respeito ao meio físico, às condições ecológicas e à bióta das espécies devem estar presentes”. “A caatinga é um bioma multiplo e , ao mesmo tempo, suas várias “partes” (ou seus vários tipos fitofisionômicos) são indissociáveis. Parece ser dessa diversidade que ela surgiu, a partir da qual se mantém e todos os seus grupos faunísticos parecem refletir essa variedade.” Cruz et al. (2005) QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Cruz et al. (2005)) RPPN RPPN Maurício Cantidiano Dantas Grupo Taxonômico Nome Popular Valgueiro Forma de Forma de Registro Registro DIDELPHIMORPHIA Didelphis albivantris*** cassaco c ARTIODACTYLA Mazama gouazoupira veado-catingueiro o ri CARNIVORA Cerdocyon thous** raposa o c/o Leopardus tigrinus* gato-do-mato ri ri Conepatus semistriatus canganbá c Gallictis sp furão ri Procyon cancrivorous** guará ri CHIROPTERA Molossus molossus c Noctilio leporinus o Noctilio albiventris o Desmodus rotundus c Diphylla ecaudata c Lonchophylla mordaz c Mimom crenullatum c 35
  • 36. Trachops cirrhosus c c Artibeus planirostris*** c c PRIMATES Callithrix jacchus*** sagüi c o RODENTIA Kerodon rupestris mocó o Galea spixii** préa ri Thichomys apereoides*** punaré c XENARTHRA Euphactus sexcintus tatu-peba o Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim ri Legenda: C – captura; O – Observação direta; RI – Registro indireto; * Ameaçado de extinção, ** Generalistas com abrangencia em metade das fitofisionomias, *** Generalistas com ocorrencia em todos os estados levantados (PE, CE e PB). A B C D Figura 7 - Imagens de mamíderos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do- mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró- carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos). 36
  • 37. 5.2.4.2 – Avifauna Farias et al. (2005) aponta para uma avifauna diversa com 165 espécies levantadas para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, o que corresponde a 49% das espécies descritas para o Bioma (347 espécies). Adicionando-se dados secundários, principalmente os registros de Coelho (1987) e da OAP este número aumenta para 216 espécies, porém estas espécies não foram observadas em campo por Farias et al. (2005). Deste total de 165 espécies levantadas para as duas RPPNs 99 estavam presentes nas duas Unidades de Conservação, portanto acredita-se que estas espécies também ocorram na área de 11.720 hectares que abrange a Serrra da Canoa, já que ela está localizada entre estas duas Unidades. Dentre as espécies inventariadas foi detectada a presença de Penelope jacucaca (jacu-verdadeiro) que está na lista oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA (MMA, 2004) no status de vulnerável; porém ainda há a possibilidade da existência de mais duas espécies desta lista oficial, sendo elas o Carduelis yarellii (pintassilgo do nordeste), vulnerável e o Pyrrhura anaca (cara-suja), criticamente em perigo, ambas descritas por Coelho (1987) para a Reserva Biológica de Serra Negra. A REBIO é uma Unidade de Conservação Federal (ICMBio) com predomínio de vegetação caracteristica de Brejo de altitude, estando localizada nos município de Floresta, Tacaratu e Inajá e próximo as duas RPPNs e a Serra da Canoa. Neste estudo Farias et al. (2005) também registrou a presença de sete espécies endêmicas, sendo elas o Caprimulgus hirundinaceus cearae (bacurauzinho-da- caatinga), o Anopetia gounellei (rabo-branco-de-cauda-larga), o Sakesphorus cristatus (choca-do-nordeste), o Gyalophylax hellmayri (joão-chique-chique), o Megaxenops parnaguae (bico-virado-da-caatinga), o Paroaria dominicana (galo-de-campina), e o Icterus jamacaii jamacaii (concriz ou corrupião), além do registro de três novas espécies descritas para o Estado de Pernambuco, são elas o Knipolegus nigerrimus (maria-preta-de-garganta-vermelha), o Accipter superciliosus (gavião-miudinho), e o Campephilus melanoleucos (pica-pau-de-topete-vermelho). 37
  • 38. Segundo Farias et al. (2005) no Estado de Pernambuco a região onde estão localizadas estas duas RPPNs possuem a maior concentração de aves da Família Psittacidae do Estado, num total de sete espécies, porém destas sete apenas quatro foram inventariadas no levantamento de campo realizado por Farias et al. (2005), as outras foram identificadas por Coelho (1987) dentre elas o ameaçado Pyrrhura anaca (cara- suja). Para este levantamento realizado em abril de 2003 (período chuvoso) e outubro de 2004 (período seco) Farias et al. (2005) utilizou as técnicas de observação de campo, registros fotográficos e gravação das vocalizações, além da utilização de dados secundários. Ainda para avifauna Leal et al. (2006) também realizou levantamentos na RPPN Maurício Dantas, e além das espécies de beija-flores Chorostilbon aureoventris, Chrysolampis mosquitus, Eupetomena macroura e Heliomaster squamosus também inventariados por Farias et al. (2005) identificou também a presença do Phaethornis gounellei, que não foi observada em flores, tendo sido apenas registrada sua presença na área do levantamento. Segundo Leal et al. (2006) tal fato pode ter ocorrido em conseqüência desta espécie ocorrer, preferencialmente, em “ambientes florestais” e com pouca perturbação antrópica e na RPPN haver indícios de perturbação. QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Farias et al. (2005)) Registro Grupo Taxonômico RPPN Maurício RPPN Cantidiano Dantas Valgueiro TINAMIFORMES TINAMIDAE Crypturellus parvirostris x Crypturellus tataupa x x Nothura boraquira x Nothura maculosa # PELECANIFORMES PHALACROCORACIDAE 38
  • 39. Phalacrocorax brasilianus # RHEIFORMES RHEIDAE Rhea americana x PODICIPEDIFORMES PODICIPEDIDAE Tachybaptus dominicus x Podilymbus podiceps x CICONIIFORMES ARDEIDAE Ardea alba x Egretta thula x x Bubulcus ibis x x Butorides striatus x Tigrisoma lineatum x x CATHARTIDAE Sarcoramphus papa x Coragyps atratus x x Cathartes aura x x Cathartes burrovianus x x ANSERIFORMES ANATIDAE Dendrocygna viduata x Dendrocygma autumnalis x Anas bahamensis x Netta erythrophthalma x Amazonetta brasiliensis x x Sarkidiornis sylvicola x x Cairina moschata x x FALCONIFORMES ACCIPITRIDAE Elanus leucurus ^ 39
  • 40. Gampsonyx swainsonii x Chondrohierax uncinatus ^ Accipiter bicolor ^ Accipiter superciliosus # Buteo melanoleucus x Buteo albonotatus # Rupornis magnirostris x x Parabuteo unicintus x Buteogallus urubitinga # Heterospizias meridionalis x Geranospiza caerulescens x x FALCONIDAE Herpetotheres cachinnans x x Micrastur ruficollis # Milvago chimachima x Caracara plancus x x Falco femoralis x x Falco sparverius x x GALLIFORMES CRACIDAE Penelope jacucaca AM x GRUIFORMES ARAMIDAE Aramus guarauna x RALLIDAE Gallinula chlropus x x Porphyrula martinica # CARIAMIDAE Cariama cristata x x CHARADRIIFORMES JACANIDAE Jacana jacana x x 40
  • 41. CHARADRIIDAE Vanellus chilensis x x Vanellus cayanus x x Charadrius collaris x SCOLOPACIDAE Tringa solitaria x Tringa melanoleuca x RECURVIROSTRIDAE Himantopus himantopus x x COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Patagioenas picazuro x x Zenaida auriculata x x Columbina minuta x Columbina talpacoti x Columbina picui x x Scardafella squammata x x Leptotila verreauxi x x PSITTACIFORMES PSITTACIDAE Primolius maracana ^ Aratinga acuticaudata ^ Aratinga leucophthalmus x Aratinga cactorum x x Pyrrhura anaca ^ AM Forpus xanthopterygius x x Amazona aestiva x x CUCULIFORMES CUCULIDAE Coccyzus melacoryphus x x Piaya cayana x Crotophaga ani x x 41
  • 42. Guira guira x Tapera naevia x x STRIGIFORMES TYTONIDAE Tyto alba x STRIGIDAE Otus choliba x x Glaucidium brasilianum x x Speotyto cunicularia x CAPRIMULGIFORMES NYCTIBIIDAE Nyctibius griseus x x CAPRIMULGIDAE Chordeiles pusillus x Caprimulgus rufus x Caprimulgus parvulus x Caprimulgus hirundinaceus EN x Hydropsalis torquata x x APODIFORMES APODIDAE Tachornis squamata x TROCILIDAE Anopetia gounellei EN x x Eupetomena macroura x x Anthracothorax nigricollis x Chrylampis mosquitus x x Chlorostilbon aureoventris x x Amazilia versicolor # Amazilia fimbriata ^ Heliomaster squamosus x x TROGONIFORMES TROGONIDAE 42
  • 43. Trogon curucui x CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Ceryle torquata x Chloroceryle amazona x PICIFORMES GALBULIDAE Galbula ruficauda x BUCCONIDAE Nystalus maculatus x x PICIDAE Pucumnus fulvescens x Colaptes melanochloros x x Piculus chrysochloros x x Drycopus lineatus x x Campephilus melanoleucos # PASSERIFORMES FORMICARIIDAE Taraba major x Sakesphorus cristatus ^ EN Thamnophilus doliatus x Thamnophilus pelzelni ^ Thamnophilus torquatus ^ Myrmorchilus strigilatus x x Herpsilochmus artricapillus ^ Formicivora melanogaster x x Hylopezus ochroleucus ^ EN FURNARIIDAE Furnarius leucopus x Furnarius figulus x x Synallaxis frontalis x x Poecilurus scutatus ^ 43
  • 44. Gyalophylax hellmayri EN x x Certhiaxis cinnamomea x x Phacellodomus rufifrons x Pseudoseisura cristata x x Megaxenops parnaguae ^ EN DENDROCOLAPTIDAE Sittasomus griseicapillus x x Dendrocolaptes platyrostris ^ Xiphorhynchus picus ^ Lepidocolaptes angustirostris x x Campylorhamphus trochilirostris ^ TYRANNIDAE Phyllomyias fasciatus x Camptostoma obsoletum x x Phaeomyias murina x x Suiriri suiriri x x Myiopagis viridicata x x Elaenia spectabilis x x Elaenia mesoleuca ^ Serpophaga subcristata x x Stigmatura napensis x Euscarthmus meloryphus x x Hemitriccus margaritaceiventer x x Todirostrum cinereum x x Tolmomyias flaviventris x x Myiophobus fasciatus ^ Cnemotriccus fuscatus ^ Xolmis irupero x Knipolegus nigerrimus # Fluvicola albiventer x Fluvicola nengeta x x Arundinicola leucocephalas x 44
  • 45. Satrapa icterophrys x Hirundinea ferruginea x Machetornis rixosus x Casiornis fusca x x Myiarchus tyrannulus x x Philohydor lictor ^ Pitangus sulphuratus x x Megarhynchus pitangua x x Myiozetetes similis x x Myiodynastes maculatus x x Empidonomus varius x x Tyrannus melancholicus x x Xenopsaris albinucha x Pachyramphus viridis x Pachyramphus polychopterus x x Pachyramphus validus x HIRUNDINIDAE Tachycineta albiventer x x Progne tapera # Progne chalybea x x Notiochelidon cyanoleuca # CORVIDAE Cyanocorax cyanopogon x x TROGLODYTIDAE Tryothorus longirostris x x Troglodites musculus x x MUSCICAPIDAE Polioptila plumbea x x Turdus rufiventris x x Turdus leucomelas # Turdus amaurochalinus x MIMIDAE 45
  • 46. Mimus saturninus x x VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis x x Vireo olivaceus ^ Hylophilus amaurocephalus x EMBERIZIDAE Parula pitiayumi ^ Basileuterus flaveolus ^ Coereba flaveola x Compsothraupis loricata x x Thlypopsis sordida x Nemosia pileata # Tachyphous rufus ^ Thraupis sayaca x x Thraupis palmarum # Euphonia chlorotica x x Euphonia violácea ^ Tangara cayana ^ Conirostrum speciosum x x Zonotrichia capensis x x Ammodramus humeralis x x Sicalis luteola x Emberizoides herbicola # Volatinia jacarina x x Sporophila lineola x x Sporophila nigricollis x Sporophila albogularis x x Sporophila leucoptera # Sporophila bouvreuil x Arremon taciturnus ^ Coryphospingus pileatus x x Paroaria dominicana EN x x 46
  • 47. Saltator similis Cyanocompsa brissoni x Icterus cayanensis x x Icterus jamacaii EN x x Agelaius ruficapillus x x Leistes superciliaris x x Gnorimopsar chopi # Agelaioides fringillarius x Molothrus bonariensis x x FRINGILLIDAE Carduelis yarrelli ^AM PASSERIDAE Passer domesticus x Legenda: x – Ocorrência para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro; # – Ocorrência para Pernambuco (OAP); ^ - ocorrência para Pernambuco (Coelho, 1987); AM – Espécies ameaçada de extinção; EN – Endêmica para a Caatinga (Fonte: Farias et al, 2005). A B C D Figura 8 - Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B- Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de- campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto D – Jóice Brito). 47
  • 48. 5.2.4.3 – Herpetofauna A herpetofauna nas RPPNs Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas foi levantada por Borges-Nojosa et al. (2005) tendo sido registrada a presença de 41 espécies, distribuídas entre 19 de anfíbios (Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae, Microhylidae e Pipidae) e 22 de répteis, destes foram 10 lagartos (Gekkonidae, Iguanidae, Scincidae, Teiidae e Tropiduridae), 09 serpentes (Boidae, Colubridae, Elapidae e Viperidae) e 03 quelônios (Kinosternidae, Testudinidae e Chelidae). Para este levantamento, realizado no ano de 2003 por Borges-Nojosa et al. (2005), foram utilizadas as metodologias de busca ativa (coleta manual e observação visual) nos períodos seco e chuvoso, e captura com armadilhas de queda (pitfall) exclusivamente no período seco. Conforme esperado por Borges-Nojosa et al. (2005) o número de espécies levantadas no período chuvoso (18 anfíbios e 18 répteis) o foi maior que no período seco (07 anfíbios e 12 répteis). No período seco a RPPN Maurício Dantas ainda dispunha de açudes e corpos d’água que serviram de refúgio e habitat para os anfíbios, enquanto que na RPPN Cantidiano Valgueiro, neste mesmo período, todas as lagoas temporárias estavam secas e as poucas espécies de anfíbios coletadas estavam as margens do Rio Pajeú. Este levantamento também registrou três novas espécies de anfíbios para o Estado de Pernambuco, todas coletadas apenas no período chuvoso, sendo Physalaemus albifrons (jia) e Proceratophrys cristiceps (sapo-boi) para as duas RPPNs, e Trachycephalus atlas (hilídeo de grande porte) apenas para a RPPN Maurício Dantas. 48
  • 49. QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Borges-Nojosa et al. (2005)) Forma de Registro Período Família Espécie Nome RPPN RPPN Popular Maurício Cantidiano Dantas Valgueiro Anfíbios Chuv CAQ CAQ Bufo granulosus Sapo-cururu Seco CAQ CAQ BUFONIDAE Chuv CAQ CAQ Bufo paracnemis Sapo-cururu Seco CAQ/OBS CAQ/OBS Chuv CAQ CAQ/OBS Hyla raniceps Rã Seco --- OBS Chuv CAQ --- Hyla soaresi Rãzinha Seco --- --- Chuv CAQ/OBS CAQ Phyllomedusa gr. Rãzinha verde hypochon-drialis Seco --- --- HYLIDAE Chuv CAQ --- Scinax pachycrus Rãzinha Seco --- --- Chuv CAQ/OBS CAQ Scinax x-signatus Rãzinha Seco CAQ CAQ Chuv CAQ --- Trachycephalus ---------- atlas Seco --- --- Chuv CAQ CAQ/OBS Leptodactylus Jia, Caçote fuscus Seco --- --- Chuv --- --- LEPTODACTILIDAE Leptodactylus Jia labyrinthicus Seco OBS --- Chuv CAQ CAQ Leptodactylus gr. Jia ocellatus Seco CAQ CAQ Chuv CAQ/OBS OBS Leptodactylus Jia troglodytes Seco --- --- Chuv CAQ CAQ Physalaemus Jia albifrons Seco --- --- 49
  • 50. Chuv CAQ CAQ/OBS Physalaemus Caçote cicada Seco --- --- Chuv CAQ CAQ Pleurodema Sapo diplolistris Seco --- --- Chuv CAQ/OBS OBS Proceratophrys Sapo-boi cristiceps Seco --- --- Chuv --- CAQ Pseudopaludicola ---------- sp. Seco --- OBS Chuv CAQ --- MICROHYLIDAE Dermatonotus Sapo-boi muelleri Seco --- --- Chuv CAQ (3G) --- PIPIDAE Pipa carvalhoi ---------- Seco --- --- Lagartos Chuv --- CAQ Briba brasiliana Briba, víbora, lagartixa Seco CAQ/CM CAQ Chuv CAQ OBS Gymnodactylus Briba, víbora, geckoides lagartixa Seco CAQ/CM CAQ/CM GEKKONIDAE Chuv CAQ --- Lygodactylus ---------- klugei Seco CAQ/OBS --- Phyllopezus Chuv CAQ CAQ Briba, víbora, pollicaris lagartixa Seco CAQ CAQ Chuv OBS --- IGUANIDAE Iguana iguana Camaleão Seco --- --- Chuv --- OBS SCINCIDAE Mabuya cf. heathi Calango liso Seco --- --- Chuv CAQ/OBS CAQ/OBS Cnemidophorus Calango ocellifer verde Seco CM CM TEIIDAE Chuv --- OBS Tupinambis Tejo merianae Seco --- --- TROPIDURIDAE Chuv CAQ OBS Tropidurus hispidus Calango Seco CAQ/CM/ CAQ/CM/ OBS OBS 50
  • 51. Chuv CAQ OBS Tropidurus Calango-de- Seco OBS semitaeniatus lajedo CAQ/CM/ OBS Serpentes Chuv --- --- BOIDAE Boa constrictor Cobra-de- veado, jiboia Seco OBS --- Chuv CAQ --- Leptodeira Jararaquinha annulata Seco --- --- Chuv CAQ CAQ/OBS Oxyrhopus Cobra-coral trigeminus Seco Chuv --- CAQ Philodryas natterei Cobra-cipó Seco --- --- COLUBRIDAE Chuv --- --- Philodryas olfersi* Cobra-verde Seco --- --- Chuv --- --- Tantilla Cobra-cipó melanocephala Seco CM --- Chuv CAQ CAQ Thamnodynastes Cobra-cipó atrigilis Seco --- --- Chuv --- CAQ ELAPIDAE Micrurus ibiboboca Cobra-coral Seco --- --- Chuv --- --- VIPERIDAE Crotalus durissus Cascavel Seco --- OBS Testudines Chuv --- --- CHELIDAE Phrynops Cágado geoffroanus Seco --- OBS Chuv --- --- KINOSTERIDAE Kinosternon Muçuã scorpioides Seco OBS --- Chuv OBS --- TESTUDINIDAE Geochelone Jabuti carbonaria Seco OBS --- Legenda: CAQ – Captura em armadilha de queda; CM – Captura manual; OBS – Observação manual; G – Coleta de um lote de girinos; Philodryas olfersi* – Observado na Cidade de Betânia (Fonte: Borges-Nojosa et al, 2005). 51
  • 52. Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra- cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005). 6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC foi instituído por meio da Lei Estadual nº 13.787 de 8 de junho de 2009, entendendo-se por unidade de conservação o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Dentre seus objetivos, destacam-se: • Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais estaduais; • Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento sustentável estadual; 52
  • 53. Proteger, no âmbito estadual, as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e, quando couber, histórica e cultural; • Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; • Ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais como unidades de conservação; • Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; • Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o ecoturismo; • Priorizar os ecossistemas que se encontrem mais ameaçados de alteração, degradação ou extinção. As unidades de conservação – Uc’s integrantes do Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: • Unidade de Proteção Integral – Com o objetivo básico de preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. • Unidade de Uso Sustentável – Com o objetivo básico de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus recursos naturais. As categorias de manejo das UCs do grupo de Proteção Integral são: • Reserva Biológica – REBIO, • Estação Ecológica – ESEC, • Parque Estadual – PE, • Monumento Natural – MONA, e • Refúgio de Vida Silvestre – RVS. 53
  • 54. As categorias de manejo das UCs do grupo de Uso Sustentável são: • Área de Proteção Ambiental – APA, • Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE, • Reserva de Fauna , • Floresta Estadual – FLOE, • Reserva Extrativista – RESEX, • Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS, • Reserva de Floresta Urbana – FURB, e • Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Os objetivos e as características básicas de cada categoria de manejo estão apresentados em anexo. 7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA Conforme estabelecido no SEUC, dentre os principais objetivos quando da criação de uma Unidade de Conservação estão: (i) contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; (ii) recuperar ou restaurar ecossistemas degradados e (iii) ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais protegidos como unidades de conservação. Tendo em vista a fragilidade do ecossistema da Caatinga caracterizado pela forte pressão antrópica exercida pelas atividades carvoeiras e agropecuárias, considerando o pouco conhecimento existente sobre a biodiversidade deste bioma, além da importância que a criação de unidade de conservação na caatinga representa para a ampliação da representatividade ecológica dos ecossistemas naturais protegidos em Pernambuco, entende-se que é de extrema importância a criação de uma Unidade de Conservação Estadual neste Domínio. Apesar de poucos estudos sobre a biodiversidade da área, os aspectos biológicos que foram observados em Unidades de Conservação próximas levam a conclusão que a 54
  • 55. área que abrange a Serra da Canoa apresenta bom estado de conservação, sendo caracterizada pela fitofisionomia de caatinga stricto sensu com indivíduos de porte arbustivo-arbóreo. Portanto, a criação de uma unidade de conservação vem ao encontro dos objetivos de conservação do bioma caatinga em Pernambuco, constituindo-se mais uma oportunidade para o aprofundamento do conhecimento e difusão do seu valor enquanto patrimônio biológico do Estado. 8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA A especificação dos objetivos de conservação e manejo da área é o primeiro passo para a definição da categoria de UC que melhor se adéqua a estes objetivos. Assim, foi definido como função primordial para a criação da unidade de conservação da Serra da Canoa e áreas adjacentes o seguinte: • Preservar a sua diversidade biológica; • Proteger as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, através de atividades que visem à conscientização e sensibilização da população regional; • Promover e apoiar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental sobre a caatinga pernambucana, articulando com as diversas instituições superiores de ensino e pesquisa existentes na região, criando um pólo cientifico sobre o estudo da caatinga; • Favorecer condições e promover atividades ecopedagógicas, tais como a educação e interpretação ambiental, promovendo contato direto dos estudantes Pernambucanos com a caatinga strictu sensu; • Criar refúgio para a biodiversidade na região; • Possibilitar a criação de um Mosaico de Unidades de Conservação e a formação de Corredores Ecológicos na Caatinga; • Incentivar ações que promovam a recuperação das áreas degradadas. 55
  • 56. 9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIA DE MANEJO O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC, já abordado anteriormente, define categorias de UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável. A definição de uma categoria de manejo deve estar relacionada aos objetivos de conservação que se deseja alcançar para uma determinada área, considerando para isso além da significância ecológica da sua fauna e flora, os atributos naturais e inserção no contexto nacional e regional. A criação da Unidade de Conservação em Floresta além de aumentar a representatividade do Bioma Caatinga legalmente protegido no Estado de Pernambuco, deve compatibilizar a preservação da diversidade biológica, tendo em vista a existência de espécies endêmicas, raras e ameaças de extinção nas RPPNs Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas, que são áreas de influência direta, com a realização de pesquisas e atividades voltadas ao conhecimento e valorização do bioma caatinga. Neste sentido, foi considerado como melhor opção o grupo de Proteção Integral. Considerando os objetivos de manejo, dentre as categorias que fazem parte do Grupo de Proteção Integral, a que melhor se enquadrou para definição da categoria de manejo para área proposta foi Estação Ecológica, tendo em vista que esta categoria visa à preservação da diversidade biológica, realização de pesquisa científica e educação ambiental. Desta forma a criação da Estação Ecológica Serra da Canoa representa mais uma porção importante do Bioma Caatinga a ser preservada no Estado de Pernambuco. 56