Iv seminario pesca artesanal e sustentabilidade socioambiental apresentação...
Proposta UC Serra Canoa
1. Proposta para criação
de Unidade de Conservação na
Serra da Canoa, Município de
Floresta/PE
Recife, Abril de 2012
2. GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – SEMAS
AGENCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CPRH
Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos
Vice – Governador: João Soares Lyra Neto
COMITÊ EXECUTIVO PARA IMPLANTAÇÃO DAS UCs DE PERNAMBUCO
(Decreto nº 36.627 de 8 de junho de 2011)
Sérgio Luis de Carvalho Xavier
Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS
Hélvio Polito Lopes Filho
Secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS
Hélio Gurgel Cavalcanti
Diretor Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH
Maria Vileide de Barros Lins
Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade – CPRH
Giannina Cysneiros Bezerra
Superintendente Técnica – SEMAS
Nahum Tabatchnik
Gerente da Unidade de Gestão de Unidades de Conservação – CPRH
EQUIPE TÉCNICA
Ana Cláudia Sacramento SEMAS
Elba Borges CPRH
Giannina Cysneiros SEMAS
João Oliveira CPRH
Jóice Brito CPRH
José Cordeiro SEMAS
Joselma Figueirôa CPRH
Liana Melo CPRH
Lígia Alcântara CPRH
Marilourdes Guedes SEMAS
Nahum Tabatchnik CPRH
Samanta Della Bella CPRH
Tassiane Novacosque CPRH
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3. PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA / PE
1. CONTEXTO
2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE
3.1. Localização
3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia e clima
3.3. Aspectos Socioeconômicos
3.3.1 – População
3.3.2. Aspectos Históricos
3.3.3 - Caracterização Socioeconômica
4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA
CANOA
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
5.1 Localização e Abrangência
5.2 Aspectos Biológico
5.2.1 - Aspectos Fisiográficos
5.2.2. Vegetação e Flora
5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO
5.2.3.1 - Componente lenhoso
5.2.3.2 - Componente herbáceo
5.2.4 – Fauna
5.2.4.1 - Mastofauna
5.2.4.2 - Avifauna
6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA
8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA
9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIAS DE MANEJO
10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
11. ANEXOS
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4. FIGURAS
Figura 1 - Localização do Município de Floresta/PE
Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da
Canoa em Floresta/PE
Figura 3 – Fotos A e B, vista parcial da área da Serra da Canoa em floresta/PE
Figura 4 – Espécies da Caatinga: A - Espécie de Cactácea (facheiro), B – Bromeliácea
(macambira) e C - Euphorbiacea (marmeleiro) que caracteriza a área da Serra da canoa
em Floresta/PE.
Figura 5 – Vista parcial da fisionomia da área de 11.720 ha que abrange a Serra da
canoa em Floresta/PE.
Figura 6 - Espécies da Caatinga: Espécies encontradas em frutificação ou floração na
área dev 11.720 ha que abrange a área da Serra da Canoa em floresta/PE.
Figura 7 - Imagens de mamíferos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio
Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do-
mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua
tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró-
carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos).
Figura 8 – Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano
Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B-
Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de-
campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto
D – Jóice Brito).
Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e
Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra-
cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus
ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005).
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5. QUADROS
QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO.
QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM
PERNAMBUCO.
QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA
CANOA SEGUINDAS COM SEU NOME VULGAR E FORMA DE VIDA.
QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU
STRICTO DA RPPN MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO.
CITADO PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al, 2008.
QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: CRUZ et al., (2005)).
QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: FARIAS et al., (2005)).
QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: BORGES-NOJOSA et al., (2005)).
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6. APRESENTAÇÃO
A presente Proposta foi elaborada pela equipe técnica da Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco – SEMAS e da Agência Estadual de Meio
Ambiente - CPRH, que compõe o Comitê Executivo para Criação e Implantação de
Unidades de Conservação de Pernambuco, atendendo demanda da SOS Caatinga (ONG
sediada no município de Floresta), o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da
Caatinga – CERBCAA e da CODEVASF.
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7. PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE
1. CONTEXTO
A conservação da biodiversidade se constitui uma das diretrizes do governo
estadual. Em junho de 2007, o Plano Estratégico Ambiental de Pernambuco, endossado
pelo Governador Eduardo Campos, definiu seis programas, dentre eles, o Programa IV –
Conservação da Biodiversidade que estabelece como ação prioritária, a criação do Sistema
Estadual de Unidade de Conservação - SEUC. Em 2009, após discussões com a sociedade
civil e aprovação no Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, ele foi instituído
por meio da Lei Estadual nº 13.787. Este ato significa um marco para a estruturação de
ações mais efetivas por parte do governo de Pernambuco, no que se refere à proteção de
seu patrimônio natural.
O Programa de Conservação da Biodiversidade, instituído no artigo 49 do
SEUC, define uma série de metas e atividades voltadas à promoção da proteção in situ
dos biomas e ecossistemas existentes em Pernambuco. Este Programa está estruturado a
partir de oito componentes, destacando-se a “Identificação de Áreas Prioritárias para
Criação de Unidades de Conservação Estaduais” e “Criação de Novas UCs Estaduais”.
O estabelecimento do SEUC e do Programa de Conservação da Biodiversidade reflete o
compromisso com uma política pública voltada para a sustentabilidade socioambiental,
com uma visão de futuro onde o desenvolvimento equilibrado e a melhoria da qualidade
de vida do povo pernambucano é a meta a ser atingida.
Quando se considera o bioma caatinga e sua situação de proteção, fica evidente a
necessidade de ação governamental nesta área. Apesar de ser o único bioma
exclusivamente brasileiro, cujo patrimônio biológico não é encontrado em nenhum
outro lugar do mundo além do nordeste do Brasil, só há pouco tempo é que a caatinga
vem alcançando o destaque merecido. Durante muitos anos alguns mitos foram criados
em torno de sua diversidade biológica, principalmente relacionados à sua
“homogeneidade”, ao baixo número de espécies e de endemismos e ainda ao fato de ter
sido considerado um bioma pouco alterado.
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8. Estes mitos foram desfeitos a partir de estudos e projetos desenvolvidos
especificamente para a caatinga, quando o Ministério do Meio Ambiente, por meio do
projeto Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira – PROBIO
elaborou o documento “Avaliação de Ações Prioritárias para a Conservação da
Biodiversidade da Caatinga”. Dentre seus objetivos, destaca-se a identificação de áreas
prioritárias de conservação, baseado em critérios de importância biológica, de
integridade dos ecossistemas e de oportunidades para ações de conservação da
biodiversidade, assim como a busca de alternativas para utilização sustentável dos
recursos naturais (MMA/PROBIO, 2002).
Considerando a demanda da SOS Caatinga, juntamente com o Comitê Estadual
da Reserva da Biosfera da Caatinga – CERBCAA, que indicou concomitantemente
áreas nos municípios de Floresta, Serra Talhada e São Caetano, e a Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS, instituiu o Grupo de Trabalho para a
identificação de áreas para criação de unidades de conservação na caatinga. Com este
objetivo, foi realizado em maio do ano de 2011 o “I Workshop para Definição de Áreas
Prioritárias para Criação de Unidades de Conservação no Bioma Caatinga do Estado de
Pernambuco”, onde estas áreas foram definidas, a partir de proposições e justificativas
das instituições participantes.
QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO
ÁREA MUNICÍPIO
Serra da Matinha Carnaíba
Região do São Francisco Afrânio
Região de Itaparica Parnamirim
Pedra do Cachorro (Ampliação) São Caetano
Serra das Abelhas, Serra das Tabocas Exu
Serra da Canoa Floresta
Calha do São Francisco Belém do São Francisco, Tacaratu, Santa
Maria da Boa Vista
Brejo da Princesa, Carro Quebrado Triunfo
Fazenda Saco Serra Talhada
Negreiros (Ampliação) Serrita
Serra do Recreio Lagoa Grande
Região de Itaparica Cabrobó
Mirandiba Mirandiba
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9. 2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
A Caatinga é uma fitofisionomia característica da região nordeste e se estende
do Piauí até o norte de Minas Gerais. A origem do nome é tupi e significa mata branca,
fazendo referência ao fato de apresentar, na estação seca, árvores com caules
esbranquiçados que, na ausência de folhas, dão o tom claro àquela vegetação. O bioma
no nordeste ocupa uma área aproximada de 955.755,29 km², (CNRBCAA/SECTMA,
2004) e é o único exclusivamente brasileiro o que significa que grande parte do seu
patrimônio biológico não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. Sua flora
inclui, pelo menos, 932 espécies, sendo 380 endêmicas, ou seja, exclusivas da caatinga
(RBCAA/2002). Em Pernambuco ele ocupa uma área de 81.723,97km², o que
representa 8,55% da área total do bioma (CNRBCAA/SECTMA, 2004).
O bioma Caatinga é o segundo maior do país, recobrindo 52% da região
Nordeste; entretanto é também um dos menos conhecidos, no que se refere a sua
biodiversidade. Possui espécies florísticas das famílias: cactáceas, bromélias,
euforbiáceas e leguminosas, onde ficam em estado de dormência e perdem suas folhas
na estação seca. Possui também uma grande diversidade de espécies de animais,
englobado um grande número de formações e associações vegetais, fisionômica e
floristicamente diferentes. Dos grandes tipos de vegetação do Brasil é a caatinga, o mais
heterogêneo, apresentando sempre um aspecto novo, seja de um local para outro, seja na
mesma região em estações diferentes (EGLER, 1951). As caatingas são consideradas
como uma das formações mais heterogêneas do Brasil, variando bastante de acordo com
a região onde se instala, adquirindo feições quase que completamente diferentes,
comportando-se de forma múltipla ao ser exposta a diferentes condições de clima,
relevo, solo etc.
Estudada por Dárdano de Andrade Lima, Dora do Amarante Romariz, Walter
Egler entre outros, os quais grandemente contribuíram para os estudos fitogeográficos,
as caatingas dividem-se em dois grandes grupos: as caatingas hipoxerófilas e caatingas
hiperxerófilas que se diferenciam por região de ocorrência, bem como por disporem em
9
10. diferentes proporções de fatores como umidade, condições de exposição ou não aos
ventos, natureza do solo e topografia.
As espécies vegetais encontradas nas caatingas possuem uma característica
peculiar por terem a capacidade de se modificar para a luta travada com as condições
climáticas mais adversas. Este fenômeno é denominado “xeromorfismo”. As plantas
dessas formações, mesmo quando de uma mesma espécie, mudam completamente, a
ponto de ficarem quase que irreconhecíveis, ao menor sinal de umidade, dando assim
caráter hiperxerófilo ou hipoxerófilo às espécies. A sépia paisagem da caatinga pode se
transformar em poucas horas, esverdeando-se levemente, com alguns milímetros de
chuva.
A caatinga hipoxerófila predomina sobre a região Agreste e nos refúgios
expostos úmidos do Sertão. É mais densa em sua apresentação, com porte predominante
arbustivo ou arbóreo-arbustivo, por dispor de totais pluviométricas mais elevadas e
chuvas melhor distribuídas que nas regiões da caatinga hiperxerófila.
A vegetação da caatinga sofre influência preponderante do clima, pois se
encontra sempre subordinada a elevada deficiência hídrica, que é originada pela baixa
pluviosidade e grande evapotranspiração, associadas a má distribuição das chuvas ao
longo do ano e a abaixa capacidade de retenção de água dos solos. Tais particularidades
levaram a uma diversidade de variações fisiológicas e comportamentais das espécies
existentes no local ao longo da evolução, que garantem sua sobrevivência a partir de
uma melhor adaptação e aquisição de recursos do ambiente.
No município de Floresta a vegetação predominante é a caatinga hiperxerófila
(IBGE, 2006), encontra-se inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja,
que representa a paisagem típica do semi-árida nordestino, caracterizada por uma
superfície de pediplanação bastante monótona, com relevo predominantemente suave a
ondulado. É esta caatinga que caracteriza fisiograficamente o sertão, apresentando
elevado xeromorfismo causado pelas condições áridas sertanejas. A caatinga
hiperxerófila é relativamente densa, arbustiva ou arbórea de pequeno porte. Espécies
como a faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus), pinhão- bravo (Jatropha pohliana) e
xique xique (Pilocereus gounellei), contribuem para denunciar este quadro de rígida
10
11. aridez, sendo que a última citada, pode ser encontrada no Agreste, em áreas mais secas e
em torno de afloramentos rochosos. Destaca-se ainda que Andrade-Lima (1989)
caracteriza as espécies quipá (Oputinia inamoena), canafístula (Cassia martiana)
também como indicadoras de áreas bastante áridas.
O estudo e a conservação da biodiversidade da caatinga constituem em um dos
maiores desafios do conhecimento científico brasileiro. Um dos problemas encontrados
no bioma é a enorme carência de conhecimento científico sobre a biota, evidenciando a
necessidade de mais pesquisas no que se refere a inventários faunísticos e florísticos.
Por outro lado, este bioma vem sofrendo graves danos em conseqüência do
processo de ocupação humana que ocorre desde o século XVI, quando suas áreas
começaram a ser utilizadas para a atividade pecuária e plantação de algodão. A
utilização da caatinga ainda está vinculada a pratica extrativista, seja pastoril, agrícola
ou madeireira, incluindo o desmatamento e as queimadas, o que tem provocado a
degradação ambiental com perdas irrecuperáveis para a sua diversidade biológica,
acelerando o processo de erosão e o declínio da fertilidade do solo e da qualidade da
água. (CNRBCAA/SECTMA, 2004).
Estima-se que cerca de 100 mil hectares de caatinga apresentam mostras
significativas de degradação pela ação do homem na luta pela sobrevivência. A
identificação de áreas para conservação da caatinga é um importante instrumento para a
proteção de sua biodiversidade.
No workshop realizado na cidade de Petrolina/PE em 2002, que resultou na
publicação “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da
Caatinga”, ficou evidente o quanto a caatinga está desprotegida em suas escassas e
relevantes áreas ainda existentes e a importância de se criar Unidades de Conservação,
como forma de garantir a preservação e conservação dos seus recursos naturais.
Apesar de sua importância biológica, a caatinga pernambucana ainda possui
um número bastante reduzido de unidades de conservação, principalmente no âmbito
estadual, conforme Quadro II, abaixo:
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12. QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM
PERNAMBUCO
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS
Unidades de Conservação Categoria de Manejo Municípios Área UC
Parque Nacional do Proteção Integral Buíque/ 62.300,00
Catimbau Ibimirim/Tupanatinga
RPPN Reserva Cabanos Uso Sustentável Altinho 6,00
APA Chapada do Araripe Uso Sustentável Araripina/ Bodocó/ 374.916,32
Cedro/ Exu/
Ipubi/Moreilândia/
Serrita/ Trindade
RPPN Jurema Uso Sustentável Belém de São 267,50
Francisco
RPPN Siriema Uso Sustentável Belém de São 290,93
Francisco
RPPN Umburana Uso Sustentável Belém de São 131,02
Francisco
RPPN Maurício Dantas Uso Sustentável Betânia/ Floresta 1.485,00
RPPN Cantidiano Valgueiro Floresta 285,00
Floresta Nacional Negreiros Uso Sustentável Serrita e Parnamirim 3.000,00
REBIO de Serra Negra Proteção Integral Floresta, Tacaratu e 1.100,00
Inajá
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS
Unidades de Conservação Categoria de Manejo Municípios Área UC
RPPN Pedra do Cachorro Uso Sustentável São Caetano 22,90
RPPN Karawa-tá Uso Sustentável Gravatá 101,58
Parque Estadual Mata da Proteção Integral Serra Talhada 887,24
Pimenteira
Estas unidades de conservação representam muito pouco do bioma, carecendo de
informações para alguns grupos florísticos e para a maioria dos grupos faunísticos,
tornando evidente a necessidade de ampliação da pesquisa e da proteção da caatinga no
Estado.
Buscando uma nova abordagem para o enfrentamento da questão, o governo de
Pernambuco vem trabalhando no sentido de fortalecer a implementação de políticas
públicas conectadas, compatibilizando e integrando as diversas áreas temáticas que se
relacionam, direta ou indiretamente.
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13. O SEUC, estabelecido em 2009, definiu, dentre outras diretrizes, que “no
conjunto das unidades de conservação, estejam representadas amostras significativas e
ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do Estado de
Pernambuco e das suas águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico,
geológico, geomorfológico, espeleológico, arqueológico, paleontológico e, quando
couber, histórico e cultural” (Artigo V, inciso I).
O Programa de Conservação da Biodiversidade de Pernambuco, que tem como
objetivo contribuir para o fortalecimento e sustentabilidade do SEUC, estabelece metas
que refletem expectativas por uma proteção mais efetiva dos recursos naturais no
Estado.
A Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas – Lei 14.090/10,
o Artigo 11 estabelece a criação de unidades de conservação como uma das estratégias
de redução de emissões a serem implementadas na conservação da biodiversidade e das
florestas.
Na Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da
Seca – Lei nº 14.091/10, o Artigo 3º, inciso II, estabelece como um de seus princípios, a
preservação, conservação e recuperação da biodiversidade, da agrobiodiversidade e do
equilíbrio ecológico do semiárido pernambucano. O Art. 4º, inciso VI, define como um
dos objetivos específicos, a criação e implantação de novas Unidades de Conservação
(UCs) de proteção integral e de uso sustentável no Bioma Caatinga.
Assim, a criação de unidades de conservação na caatinga vem ratificar o
compromisso estabelecido nas políticas públicas do governo estadual em avançar na
proteção de seus biomas.
3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA
3.1. Localização
O Município de Floresta está localizado a 434 km a oeste da cidade de Recife,
na mesoregião do São Francisco Pernambucano e microregião do Sertão de Itaparica.
Limita-se a norte com o município de Serra talhada, Betânia e Custódia, a oeste com
13
14. Carnaubeira da Penha e Itacuruba, a sul com Inajá, Tacaratu, Petrolãndia e o Estado da
Bahia, a leste com Ibimirim. A área municipal ocupa 3.874,9 Km, inserida nas folhas
editada pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério, Airi (SC-24X-A-V),
Floresta (SC-24X-A-IV) Topanaci (SB 24-X-A-I), Betânia (SC 24X-A-II e SC 24 X-A-
III). A sede municipal apresenta altitude de 316m de altitude. O acesso á cidade de
Floresta, partindo de Recife é feito pela BR- 232 até o povoado do Cruzeiro do
Nordeste, em seguida a BR-110 por um percurso de 60 Km até a cidade de Ibimirim,
depois pega a PE- 360 por um trecho de 106 Km a cidade de Floresta. (Figura 1)
(CPRM, 2005)
Floresta
Recife
Figura 1 - Localização do Município de Floresta
3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia , clima e recursos hídricos
O município de Floresta encontra-se inserido, geologicamente na Província da
Borborema, sendo constituído pelos litotipos dos complexos Floresta, Sertania, Serra de
Jabitacá, Cabrobó e Belém do São Francisco, situado em uma área de Pediplano em
plena Depressão Sertaneja (CPRM, 2005). Na região a litologia predominante é
composta por rochas pré-cambrianas, em alguns trechos recobertos por chapadas
residuais (Brasil, 1983). Os solos predominantes da região são uma associação de
Planossolo, Solonetz, solodizado, solos Litólicos entróficos, Regossolos eutróficos e
14
15. distróficos e Bruno não cálcico (Embrapa, 2003). O município de Floresta está inserido
na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que é caracterizada por uma
superfície de pediplanação (CPRM, 2005).
O clima é BSh’w, segundo a classificação de Köppen, temperatura média anual
em torno de 25ºC. A precipitação e o déficit hídrico médios anuais são de 511 e 890 mm
e a temperatura média mensal varia de 22,8º a 26,5º (Ministério da Agricultura, 2003) .
As chuvas são concentradas entre quadra chuvosa desenvolve-se entre os meses de
janeiro e abril (Instituto Nacional de Meteorologia, 2006).
Quanto aos recursos hídricos, encontra-se inserido nos domínios da macro Bacia
do São Francisco, Bacia Hidrográfica do Pajeú e do Grupo de Bacias de pequenos Rios
Interiores. Seus principais tributários são: os rios São Francisco, Pajeú e os riachos do
Capim Grosso, da Lagoinha, do Navio, das Porteiras, do Papagaio, entre outros.
O recurso hídrico subterrâneo inserido no município é denominado de Domínio
Hidrogeológico Interticial, Domínio Karsticofissural e no Domínio Hidrogeológico
Fissural. O Domínio Interticial é composto de rochas sedimentares da Formação
Tacaratu, Gurpo Brotas e de Depósitos aluvionares e dos Depósitos Colúvioeluviais. O
Domínio Karstico-fissural representa os calcários da formação Santana. O Domínio
Fissural é formado de rodas do embasamento cristalino que englobam o sub-domínio
das rochas metamórficas, constituído da Formação barra Bonita, Complexo São
Caetano, Complexo Vertentes e Complexo Belém do São Francisco (CPRM, 2005).
3.3. Aspectos Socioeconômicos
O município de Floresta localiza-se na mesorregião do São Francisco
Pernambucano na microrregião denominada Itaparica, e ocupa, de acordo com Anuário
Estatístico de Pernambuco (1994), uma área de 3.690,3 km2, com altitude variando de
300 a 1.050m. A sede municipal se situa a 433 km de distância de Recife e apresenta as
seguintes coordenadas geográficas: 8036' de latitude sul e 38034' de longitude oeste de
Greenwich.
15
16. Criado em 20 de junho de 1907, pela Lei nº 867, o Município é constituído dos
distritos de Floresta (sede), Airi, Carnaubeira e Olho D’água do Padre, Nazaré do Pico,
Carqueja e dos povoados: Varjota, Gravata de São Francisco, Juazeiro de São
Francisco, Jaburu, Massapê e Santa Paula.
3.3.1 – População
O município apresenta baixa densidade demográfica, em relação ao estado, e
forte tendência à urbanização (taxa de 59%). A relação população rural/população total
apresentou decréscimo ao longo do período 1970/1990, com tendência semelhante para
os dados globais do Estado de Pernambuco, o que indica esvaziamento considerável no
meio rural (EMBRAPA, 2001).
Essa transferência de recursos humanos do meio rural para as zonas urbanas é
fato preocupante e carente de soluções alternativas, o que requer atenção especial e
urgente do Poder Público, no sentido de amenizar essa situação
Dados do censo IBGE/2010 afirmam que a população total residente é de 29.285
habitantes. São 14.431 homens e 14.854 mulheres. Os habitantes da zona urbana
totalizam 31.094 enquanto que os da zona rural são 18.364. Os indicadores
demográficos apontam uma taxa de urbanização de 62,9%, rural de 37,1% e densidade
demográficas de 6,7%, média de moradores por domicílio de 4,5 pessoas e taxa anual de
crescimento demográfico (91/2000) –1,75. A renda média mensal do chefe do domicílio
é 2,36 salário mínimo.
3.3.2 – Aspectos Históricos
A cidade de Floresta teve sua origem a partir de uma fazenda de gado
denominada Fazenda Grande de propriedade do capitão José Pereira Maciel e localizada
às margens do rio Pajeú, e em 1777 o capitão José Pereira Maciel mandou construir a
capela de Nossa Senhora do Rosário o que fez surgir o povoado do Senhor Bom Jesus
dos Aflitos da Fazenda Grande. Só no ano de 1907, a vila de Floresta foi elevada à
16
17. condição de cidade e sede do município. No início da colonização da área onde se
localiza o município de Floresta, os padres das primeiras missões estabelecidas às
margens do rio São Francisco atuaram na catequese dos indígenas
3.3.3 - Caracterização Socioeconômica
O município de Floresta tem como atividades principais a pecuária, a agricultura
de sequeiro e, em algumas áreas, a presença da agricultura irrigada. Em geral, a
agricultura de sequeiro é de subsistência e a pecuária é conduzida de forma extensiva,
ambas utilizando baixos padrões tecnológicos, além de estarem descapitalizadas e
vulneráveis às variações climáticas. Isso leva as populações dependentes dessas
atividades, principalmente as menos favorecidas, na maior parte das situações, ao
extrativismo (exploração da caatinga através da venda de lenha e/ou de carvão), com a
conseqüente superexploração dos recursos, como forma de gerar renda (Pernambuco,
1999). Esse tipo de exploração da caatinga acelera o processo de degradação ambiental.
Segundo dados do IBGE (média anual do período 1994/1997), os principais
produtos agrícolas cultivados com irrigação são: tomate, melancia, cebola, melão e
banana. Com relação à agricultura dependente de chuvas, os principais produtos
cultivados foram milho, feijão e mandioca. Em termos de valor da produção, verifica-se
claramente a importância da agricultura irrigada na economia municipal. Ela estabelece
vínculos com o mercado externo e intensifica as diferenças socioeconômicas em relação
às áreas de agricultura de sequeiro. Entretanto, é preciso evitar o manejo inadequado da
irrigação, principalmente no que diz respeito à ausência de drenagem, pois alguns solos
da área apresentam alta susceptibilidade à salinização. No que se refere à atividade
pecuária, o município tem como principais rebanhos (dados do IBGE - média anual no
período 1990/1998): bovinos (27.617 cabeças), ovinos (32.433 cabeças) e caprinos
(168.153 cabeças). Estes rebanhos apresentam, em geral, baixa produtividade,
decorrente, principalmente, da escassez de alimentos durante o período seco
(EMBRAPA, 2001).
17
18. 4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA
CANOA
O processo de criação da Unidade de Conservação, ora apresentada, foi iniciado
em 2010 a partir de uma demanda da sociedade civil (SOS Caatinga e CERBCAA) que
indicava áreas importantes para criação de Unidade de Conservação. Houve então um
interesse institucional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
do Parnaíba – CODEVASF, em regularizar a reserva legal de projetos de irrigação, por
meio da aquisição de área para regularização de Unidade de Conservação Estadual,
conforme disposto no Art. 44 do Código Florestal vigente, que trata da possibilidade do
proprietário rural ser desonerado da obrigação da averbação da reserva legal em
propriedades rurais mediante doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada
no interior de Unidade de Conservação de domínio público, pendente de regularização
fundiária.
Em junho de 2010, foi realizada vistoria técnica da CPRH, com o objetivo fazer
o reconhecimento das áreas indicadas pelo CERBCAA, em atendimento a diversas
instituições, e iniciar o processo de discussão. Foi elaborado o relatório técnico
(Relatório Técnico, CPRH- DRFB/UGUC Nº 014/2010 de 15.06.2010) onde foi
confirmada a viabilidade da área de Floresta para criação da UC.
Quanto ao processo de regularização da reserva legal do perímetro de Irrigação
da CODEVASF (Projeto Senador Nilo Coelho), foi protocolado junto a CPRH o Ofício
nº 027/2011 da CODEVASF propondo medidas a fim de que o artigo do Código
Florestal sobre a desobrigação da averbação de Reserva Legal fosse utilizado. Em
resposta ao Ofício CODEVASF foi elaborada a Cota Jurídica da CPRH nº 021/2011 –
JPR, que conclui a viabilidade desta proposta, no entanto a CODEVASF deverá
protocolar na CPRH requerimento padrão para averbação de Reserva Legal atrelada à
elaboração de Termo de Responsabilidade para a doação em atendimento ao artigo 44
do Código Florestal, alertando que a Unidade de Conservação deve ser criada anterior a
averbação da Reserva Legal.
18
19. De posse desta informação, realizou-se vistoria conjunta com
CPRH/SEMAS/CODEVASF para identificação e reconhecimento de área de interesse
para a criação de Unidades de Conservação e definir seu o perímetro.
Foi confirmado que a área vistoriada apresenta com grande potencial para a
criação de Unidade de Conservação considerando a riqueza da diversidade biológica
existente.
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
5.1 Localização e Abrangência
A área que se pretende criar a Unidade de Conservação em Floresta está
localizada na Depressão Sertaneja, constando de 11.720 hectares, incluindo a Serra da
Canoa e propriedades localizadas no pediplano da Serra. A área recebe influência das
Unidades de Conservação Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas RPPN’s
(Reserva Particular do Patrimônio Natural), instituídas pelo IBAMA. Adotou-se como
critério para definição do seu perímetro a utilização, sempre que possível, de limites
físicos existentes (estradas, rios, riachos) associado ,à vegetação densa da caatinga o que
coincidiu com a cota topográfica de 400m, da Carta da SUDENE, base cartográfica
extraída das folhas: SC. 24-X-A-II (MI -1365), SC.24-X-A-V(MI -1443) e SC.24-X-A-
IV(MI-1442) escala 1:100.000, produzida a partir de varredura digital dos fotolitos
cedidos pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército – 3º Divisão de
Levantamento.
19
20. Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da Canoa em
Floresta/PE.
21. 5.2 Aspectos Biológicos
5.2.1 - Aspectos Fisiográficos
O município de Floresta está inserido na unidade geoambiental da Depressão
Sertaneja, que representa a paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por
uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave-
ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações residuais,
pontuam a linha do horizante. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos de
erosão que atingem grande parte do sertão nordestino. A vegetação é basicamente
composta por caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta caducifólia (CPRM,
2005).
A
B
Figura 3 - Fotos A e B vista parcial da área da Serra da Canoa em Floresta/PE
22. 5.2.2. Vegetação e Flora
Das províncias biogeográficas presentes no território brasileiro (Cabrera
&Willink 1973), a da caatinga, com aproximadamente os mesmos limites da área de
clima semi-árido do nordeste brasileiro é uma das maiores e mais desconhecidas. Sua
variada cobertura vegetal está, em grande parte, determinada pelo clima, relevo e
embasamento geológico que, em suas múltiplas interrrelações, resultam em ambientes
ecologicamente variados. A heterogeneidade da flora e da fisionomia da cobertura
vegetal dessa província decorre de dois gradientes de umidade, um no sentido norte-sul,
que se manifesta em uma diminuição das precipitações e outro oeste-leste, que se
expressa com um aumento do efeito da continentalidade (Rodal, et all., 2008).
De acordo com Veloso et al. (1991), a savana-estépica é a tipologia vegetal
característica, sendo localmente chamada da caatinga.
A savana-estépica, denominada caatinga sensu stricto, ocorre especialmente nas
terras baixas entre serras e planaltos, considerados como depressão sertaneja. A
depressão representa um extenso conjunto de pediplanos ora rodeado por extensos
planaltos, ora entremeado por relevos residuais com variadas dimensões como chapadas
e bacias sedimentares, maciço e serras (Rodal & Sampaio 2002).
A caatinga apresenta grande variação fisionômica, principalmente quanto à
densidade e ao porte das plantas. Mudanças em escala local, a poucas dezenas de
metros, são facilmente reconhecíveis e geralmente ligadas a uma alteração ambiental
claramente identificável. O maior porte das plantas nos vales e do menor sobre lajedos e
solos rasos, em conseqüência da maior e menor disponibilidade hídrica. As variações
numa escala de regiões, abrangendo milhares de quilômetros quadrados, são mais
difíceis de identificar, em virtude dos limites difusos, da causalidade múltipla e da
variabilidade local interna a cada uma delas. Apesar desta dificuldade, várias tentativas
de identificação de tipos regionais de caatinga têm sido feitas, desde a de Luetzelburg
(1922-1923) até a de Andrade-Lima (1981). De uma maneira geral temos a caatinga
Xérofíditica ou xeromófica com elementos de áreas mais secas e as mais mésicas e
áreas de encostas e de altitude em áreas úmidas.
22
23. A distribuição espacial de árvores e arbustos pode variar de acordo com as
variáveis ambientais, através de uma escala espacial de vários hectares (Harms, 2001) e
espera-se que este padrão possa também ser visualizado para as populações de
herbáceas, o que na região da caatinga nordestina ainda é pouco investigado, apesar de
tratar-se do componente da vegetação de maior importância para o conhecimento da
biodiversidade neste ecossistema (Silva, 2003; Araújo, et al., 2002; Araújo, 2003)
Crawley (1997) observou que os variados níveis de organização de vida das
plantas de determinada área tem sido útil para caracterizar a vegetação, uma vez que,
em geral, reflete a fisionomia da cobertura vegetal. A região da savana-estépica, onde
predomina a caatinga sensu stricto, tipologia vegetal característica e de maior extensão
na região semi-árida do Nordeste, caracteriza-se pela presença de fanerófitos de
pequeno porte ( árvores), caméfito (arbusto) e terófitos (plantas anuais).
Até o momento para a área proposta para a criação da Unidade de Conservação,
podem-se observar as seguintes espécies e formas de vida encontradas na área da Serra
da Canoa e propriedades do entorno, conforme Quadro III.
C
C
A B
Figura 4: Espécies da Caatina: A – Espécie de cactácea (facheiro), B – bromeliáceas
(macambira) e C – euphorbiacea (marmeleiro), que caracteriza a área da Serra da
Canoa , Floresta/PE.
23
24. QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA CANOA
SEGUIDAS COM O SEU NOME POPULAR E FORMA DE VIDA.
Família / Espécie Nome Vulgar/Forma de Vida
1. Anacardiaceae
Myracrodium urundeuva Allemão Aroeira/árvore
Schinopsis brasiliensis Engler Braúna/árvore
Spondias tuberosa Arruda Imbuzeiro/árvore
2. Apocynaceae
Aspidosperma pyrifolium Mart. Bananinha/árvore
A. cuspa S. F. Blake ex Pittier Pereiro/arbusto
3. Arecaceae
Syagrus oleracea Becc. Catolé
4. Bignoniaceae
Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Ipê-roxo/árvore
5. Boraginaceae
Cordia trichotoma (Vell.) Steud. arbusto
C. verbenacea DC. árvore
6. Bromelicaceae
Bromelia karatas L. erva
Bromélia laciniosa Mart. Ex Schultez macambira/ erva
Tillandsia gardneri Lindl. epífitas
T. recurvata L. epífitas
T. streptocarpa Baker
caroá
7. Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet Imburana-de-cambão/árvore
8. Cactaceae
Cereus jamacaru DC. Mandacaru/arbusto
Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose Rabo-de-raposa/arbusto
Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles & G. D. Facheiro/arbusto
Rowley
P. gounellei (F. A. C. Weber ex K. Schum.) Byles Xique-xique/arbusto
& G. D. Rowley
Tacinga inamoena (K. Schum.) N. P. Taylor & Quipá/erva
Stuppy
9. Celastraceae
Maytenus rigida Mart. Bom Nome
C. pisonioides Taub. Mufumbo/arbusto
10. Euphorbiaceae
Cnidoscolus loefgrenii (Pax & H. Hoffm.) Pax & Cansanção/arbusto
K. Hoffm.
Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro/arbusto
C. glandulosus L. arbusto
C. heliotropiifolius Kunth Velame/arbusto
C. hirtus L´Hir.
C. rhamnifolioides Pax & K. Hoffm. Marmeleiro
Jatropha molissima (Pohl) Baill. Pinhão/arbusto
Manihot dichotoma Ule Maniçoba/arbusto
Sapium glandulosum (L.) Morong Burra-leiteira/árvore
24
25. Sebastiania macrocarpa Müll. Arg. Leiteiro/árvore
11. Fabaceae
Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm. Imburana-de-cheiro/árvore
Angico/Angico-de-
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan caroço/árvore
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Pata-de-vaca/Mororó/arbusto
Chamaecrista sp. subarbusto
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz Pau-ferro/árvore
Mimosa arenosa Poir. Jurema
M. modesta Mart. arbusto
M. ophtalmocentra Mart. ex Benth. Jurema/arbusto
M. tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta/arbusto
Parapiptadenia zehntneri (Harms) M. P. Lima & Angico-monjolo/árvore
H. C. Lima
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema-branca/arbusto
Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Catingueira/árvore
Senna macranthera (Coll) H. S. Irwin & Barneby Canafistula-de-besouro/arbusto
S. uniflora (Mill.) H. S. Irwin & Barneby Fedegoso/subarbusto
S. spectabilis (DC.) H. S. Irwin & Barneby Canafístila-de-rama/árvore
12. Malvaceae
Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. Barriguda/arbusto
Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Embiratanha
Cambess.) A. Robyns
13. Moraceae
Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro/árvore
5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO
A área proposta para criação da Unidade de Conservação na Serra da Canoa,
ainda não possui levantamento do componente biótico e físico. Desta maneira, tomou-se
como base os levantamentos do componente biótico (flora e fauna) das áreas das
RPPN”s Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas sob influência direta da
Unidade de Conservação Estadual a ser criada.
5.2.3.1 - Componente lenhoso
Costa et al. (2009) realizaram levantamento da flora vascular e das formas de
vida das plantas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Maurício Dantas ,
onde foram realizadas excursões mensais durante 15 meses de janeiro de 2002 a abril de
2003, para englobar dois períodos chuvosos.Foram coletadas 101 espécies distribuídas
25
26. em 39 famílias botânicas, destacando-se Euphorbiaceae e Mimosaceae, pela riqueza de
espécies. Na identificação do hábito, houve predomínio de herbácea, com 60 espéceis.
Na avaliação por formas de vida, 36 espécies são terófitos, 23 fanerófitos. A vegetação
de caatinga distingue-se da dos demais tipos caducifólios do semiárido (carrasco e
floresta decidual) pela menor proporção de fanerófitos e pela maior de terófitos.
Rodal et al. (2008) concluíram que na área da RPPN Maurício Dantas, foram
amostrados todos os indivíduos vivos com diâmetro do caule ao nível do solo ≥ a 3 cm e
altura ≥ a 1 m, presentes em um hectare. Foram registradas 28 espécies de um total de
3.140 plantas com área basal total de 18,5m², isto demonstra que os levantamentos das
áreas de depressão sertaneja situadas em áreas de pediplano, tendem a apresentar
diâmetros menores, que aqueles situados em áreas próximas a riachos ou serras.
Cavalcanti et al (2003) realizaram mapeamento de fitofisionomias da região do
médio do vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofisionomias de vegetação
caducifólia (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro fitofisionomias, as fito 1
e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e 4 para a RPPN Cantidiano
Valgueiro. Para as quatro fitofisionomias foram amostradas 21 espécies, distribuídas em
9 árvores, 14 arbustos, 14 subarbustos e 7 suculentas. Para árvores e arbustos na
fitofisionomia 1 e 2 apresentaram maior riqueza, onde houve um destaque para o
componente subarbustivo para a fito 2. Os resultados indicam que as fitos 1 e 2 tiveram
maior concentrada nos componentes arbóreo e arbustivo e que as fito 3 e 4 tiveram
menor riqueza geral. As variações na riqueza ocorreram basicamente no componente
lenhoso (árvores e arbusto).
Rodal et al. (2003) realizaram seis expedições consecutivas e reconheceram
diferentes biótipos na RPPN Maurício Dantas, onde analisaram a repartição espacial de
comunidade de plantas lenhosas. Foram encontrados 2.055 caules distribuídos em 23
famílias, 64 espécies e concluíram que apesar da aparente homogeneidade da vegetação
de Caatinga (sensu strictu) da área da RPPN Maurício Dantas, os resultados indicam um
complexo gradiente abiótico, com reflexo na fisionomia e estrutura das plantas
lenhosas. Fernandes et al. (2003) realizaram estudo polínico a partir do
levantamento florístico das plantas vasculares na RPPN Maurício Dantas, onde coletou-
26
27. se flores ou botões para estudo polínico, foram estudados grãos de polém de 36
espécies das famílias.
5.2.3.2 - Componente herbáceo
Pessoa et al. (2003) realizaram mapeamento das fitofissionomias da região do
médio Vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofissionomias de vegetação
caducifólia espinhosa (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro
fitofissionomias as fito 1 e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e4 para a
RPPN Cantidiano Valgueiro. A avaliação do estrato herbáceo resultou em 67 espécies e
28 famílias. As diferentes áreas não variaram na riqueza das espécies e sim em termos
de maior ou menor número de espécies por parcela. Do modo geral as áreas 3 e 4
apresentam maior número de famílias com uma única espécie. Apesar das áreas serem
floristicamente similares nota-se que os níveis internos de similaridade entre as parcelas
das áreas 3 e 4 foram superiores as das áreas 1 e 2, sugerindo uma maior
homogeneidade nas parcelas das áreas 3 e 4. Assim foi possível diferenciar duas
comunidades uma para as parcelas das áreas 1 e2 e outra para a área 3 e 4.
Lima et al (2008) realizaram estudo de chuva de sementes em uma área de
vegetação na RPPN Maurício Dantas, onde descreveram a composição e a densidade da
chuva de sementes em um hectare de vegetação de caatinga. Quarenta coletores de
sementes de 0,25m² cada foram instalados e visitados mensalmente por um ano. Foram
depositados 76 sementes/m² e 26 espécies. Os indivíduos de Tillandsia spp.
(Bromeliaceae) contribuíram com a maioria (49%) das sementes. Não houve correlação
estatística entre a densidade de deposição de sementes e a precipitação mensal. A
autocoria prevaleceu nas sementes de plantas (árvores e arbustos).
27
28. QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU
STRICTO DA (RPPN) MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO.
CITADA PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al., 2008
FAMÍLIA ESPÉCIE
Acanthaceae Ruellia cf. geminiflora Kunth
Amaranthaceae Alternanthera cf. tenella Colla
Alternanthera SP. 1
Gomphrena vaga Mart.
Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão
Schinopsis brasiliensis Engler
Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart.
Asclepiadaceae Ditassa glaziovii E. Fourn.
Asclepiadaceae Marsdenia cf. dorothyae Fontella & Morillo
Asteraceae Ageratum conyzoides L.
Centratherum punctatum Cass.
Conocliniopsis prasiifolia (DC) R. M King & H. Rob.
Delilia biflora (L.) Kuntze
Flaveria bidentis (L.) Kuntze
Lagascea mollis Cav.
Tridax procumbens L.
Boraginaceae Cordia leucocephala Moric.
Heliotropium ternatum Vahl.
Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez
Tilandsia loliacea Mart. Ex Schult. F.
Tilandsia recurvata (L) L.
Tilandsia streptocarpa Baker
Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet.
Cactaceae Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose
Cereus jamacaru DC
Melocactus oreas Miq.
Opuntia inamoena K. Schum.
Opuntia palmadora Britton & Rose
Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley
Caesalpiniaceae Bauhinia cheilantha (Bong.)
Caesalpinia gardneriana Benth.
28
31. Figura 5: Vista parcial da fisionomia da Área de 11.720 ha que abrange a Serra da
Canoa Floresta/PE.
31
32. Figura 6: Espécies da caatinga encontradas em frutificação ou floração na Área de
11.720 ha que abrange a Área da Serra da Canoa, Floresta/PE.
32
33. 5.2.4 – Fauna
A redução drástica das áreas naturais do Bioma Caatinga, determinada pela ação
antrópica, não representa boas perspectivas para a conservação, visto que a perda da
diversidade biológica e genética gera redução na capacidade de adaptação das espécies
às mudanças ambientais, aumentando drasticamente as possibilidades de extinção.
Por muito tempo a Caatinga foi tida como um Bioma pobre, sem uma fauna
própria, mas estudos recentes mostraram que a Caatinga é diversa com elementos
faunísticos adaptados ao ambiente seco e com informações particulares na sua história
de vida, todavia pouco se conhece esses mecanismos de adaptação para a maioria dos
táxons (MMA, 2001). Tais estudos apontam que a fauna de vertebrados do Bioma
Caatinga está constituída por 240 espécies de peixes, 51 de anfíbios, 116 da répteis,
510 de aves, sendo 347 exclusivas do Bioma e 148 de mamíferos.
Na região do médio vale do Rio Pajeú, especificamente nas Reservas
Particulares do Patrimônio Natural Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro,
recentemente foram realizados levantamentos faunísticos para diversos taxons. Devido a
proximidade entre estas Unidades de Conservação e a área de 11.720,00 hectares que
abrange a Serra da Canoa acredita-se que haja similaridade entre estas áreas,
especialmente entre as que abrangem a Serra da Canoa e a RPPN Maurício Dantas, pois
estas possuem vegetação mais densa, conforme descrito por Cruz et al. (2005); Farias et
al. (2005); Borges-Nojosa et al. (2005) e pelo que pode ser verificado nas visitas
técnicas (equipe CPRH/SEMAS) realizadas na Serra da Canoa.
5.2.4.1 – Mastofauna
Cruz et al. (2005) identificou que as duas RPPNs alcançaram alta
dissimilaridade para os mamíferos, já que a fitofisionomia e altitude são diferentes,
porém como a área da Serra da Canoa possui vegetação mais densa é provavel que não
haja tanta dissimilaridade desta com a RPPN Maurício Dantas. Contudo a existência de
oito espécies em comum entre as RPPNs apontou que talvez o curto período do
levantamento e o ineditismo das comparações dos dados possa ter influnciado
negativamente os resultados Cruz et al. (2005).
33
34. Estes estudos realizados por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício Dantas e
Cantidiano Valgueiro, foram entre os dias 11 e 21 de março de 2003 (período chuvoso)
e 28 de setembro e 09 de outubro do mesmo ano (período seco), com a utilização das
metodologias de captura com trabalho de campo e no laboratório, observação em
campo, identificação através dos vestígios (registro indireto) e entrevistas, tendo
registrado 21 espécies das famílias Didelfidae (cassaco), Cervidae (veado catingueiro),
Callithrichidae (sagüi), Dasypodidae (tatupeba), Mymecophagidae (tamandua mirim),
Felidae (gato do mato), Canidade (raposa), Mephitidae (camganbá), Echimyidae
(punaré) e Molossidae (morcego) (todas com apenas 1spp.), Caviidae (mocó),
Desmodontidae (morcego) e Noctilionidae (morcego) (com 2spp. cada) e
Phyllostomidae (morcego) (4spp.).
Destes, o Leopardus tigrinus (gato do mato) é o único que faz parte da lista
oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA (MMA, 2004), integrando o
status de vulnerável; o Kerodon rupestris (mocó) é endêmico e o Noctilio albiventris
(morcego) foi um novo registro para a caatinga de Pernambuco.
Também foi registrado, através de entrevistas, a presença de Cebus apella
(macaco-prego) e o desaparecimento do Tolypeutes tricintus (tatu-bola).
O mesmo levantamento realizado por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício
Dantas e Cantidiano Valgueiro foi realizado nos estados da Paraíba e Ceará,
identificando que o número de espécies generalistas, com amostragem nestes três
Estados é pequeno, contando apenas com o Didelphis albiventris (cassaco), o Callithrix
jacchus (sagüi), o Thrichomys apereoides (punaré ou rabudo) e o Artibeus planorostris
(morcego); ainda quanto as generalistas, as espécies amostradas em metade das
fitofisionomias levantadas e presentes nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano
Valgueiro foram o Procyon cancrivorous (guará), a Cerdocyon thous (raposa) e o Galea
spixii (preá).
Estes dados mostram que as espécies generalistas estiveram presentes em menor
quantidade quando se comparado as, consideradas neste levantamento, espécies
especialistas em habitats ou outro recurso importante. Segundo Cruz et al. (2005) “isto
34
35. sugere que muitas adaptações com respeito ao meio físico, às condições ecológicas e à
bióta das espécies devem estar presentes”.
“A caatinga é um bioma multiplo e , ao mesmo tempo, suas várias “partes”
(ou seus vários tipos fitofisionômicos) são indissociáveis. Parece ser dessa
diversidade que ela surgiu, a partir da qual se mantém e todos os seus
grupos faunísticos parecem refletir essa variedade.” Cruz et al. (2005)
QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Cruz et al. (2005))
RPPN
RPPN Maurício
Cantidiano
Dantas
Grupo Taxonômico Nome Popular Valgueiro
Forma de Forma de
Registro Registro
DIDELPHIMORPHIA
Didelphis albivantris*** cassaco c
ARTIODACTYLA
Mazama gouazoupira veado-catingueiro o ri
CARNIVORA
Cerdocyon thous** raposa o c/o
Leopardus tigrinus* gato-do-mato ri ri
Conepatus semistriatus canganbá c
Gallictis sp furão ri
Procyon cancrivorous** guará ri
CHIROPTERA
Molossus molossus c
Noctilio leporinus o
Noctilio albiventris o
Desmodus rotundus c
Diphylla ecaudata c
Lonchophylla mordaz c
Mimom crenullatum c
35
36. Trachops cirrhosus c c
Artibeus planirostris*** c c
PRIMATES
Callithrix jacchus*** sagüi c o
RODENTIA
Kerodon rupestris mocó o
Galea spixii** préa ri
Thichomys apereoides*** punaré c
XENARTHRA
Euphactus sexcintus tatu-peba o
Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim ri
Legenda: C – captura; O – Observação direta; RI – Registro indireto; * Ameaçado de
extinção, ** Generalistas com abrangencia em metade das fitofisionomias, ***
Generalistas com ocorrencia em todos os estados levantados (PE, CE e PB).
A B
C D
Figura 7 - Imagens de mamíderos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio
Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do-
mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua
tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró-
carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos).
36
37. 5.2.4.2 – Avifauna
Farias et al. (2005) aponta para uma avifauna diversa com 165 espécies
levantadas para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, o que corresponde
a 49% das espécies descritas para o Bioma (347 espécies). Adicionando-se dados
secundários, principalmente os registros de Coelho (1987) e da OAP este número
aumenta para 216 espécies, porém estas espécies não foram observadas em campo por
Farias et al. (2005).
Deste total de 165 espécies levantadas para as duas RPPNs 99 estavam presentes
nas duas Unidades de Conservação, portanto acredita-se que estas espécies também
ocorram na área de 11.720 hectares que abrange a Serrra da Canoa, já que ela está
localizada entre estas duas Unidades.
Dentre as espécies inventariadas foi detectada a presença de Penelope jacucaca
(jacu-verdadeiro) que está na lista oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA
(MMA, 2004) no status de vulnerável; porém ainda há a possibilidade da existência de
mais duas espécies desta lista oficial, sendo elas o Carduelis yarellii (pintassilgo do
nordeste), vulnerável e o Pyrrhura anaca (cara-suja), criticamente em perigo, ambas
descritas por Coelho (1987) para a Reserva Biológica de Serra Negra. A REBIO é uma
Unidade de Conservação Federal (ICMBio) com predomínio de vegetação caracteristica
de Brejo de altitude, estando localizada nos município de Floresta, Tacaratu e Inajá e
próximo as duas RPPNs e a Serra da Canoa.
Neste estudo Farias et al. (2005) também registrou a presença de sete espécies
endêmicas, sendo elas o Caprimulgus hirundinaceus cearae (bacurauzinho-da-
caatinga), o Anopetia gounellei (rabo-branco-de-cauda-larga), o Sakesphorus cristatus
(choca-do-nordeste), o Gyalophylax hellmayri (joão-chique-chique), o Megaxenops
parnaguae (bico-virado-da-caatinga), o Paroaria dominicana (galo-de-campina), e o
Icterus jamacaii jamacaii (concriz ou corrupião), além do registro de três novas
espécies descritas para o Estado de Pernambuco, são elas o Knipolegus nigerrimus
(maria-preta-de-garganta-vermelha), o Accipter superciliosus (gavião-miudinho), e o
Campephilus melanoleucos (pica-pau-de-topete-vermelho).
37
38. Segundo Farias et al. (2005) no Estado de Pernambuco a região onde estão
localizadas estas duas RPPNs possuem a maior concentração de aves da Família
Psittacidae do Estado, num total de sete espécies, porém destas sete apenas quatro foram
inventariadas no levantamento de campo realizado por Farias et al. (2005), as outras
foram identificadas por Coelho (1987) dentre elas o ameaçado Pyrrhura anaca (cara-
suja).
Para este levantamento realizado em abril de 2003 (período chuvoso) e outubro
de 2004 (período seco) Farias et al. (2005) utilizou as técnicas de observação de campo,
registros fotográficos e gravação das vocalizações, além da utilização de dados
secundários.
Ainda para avifauna Leal et al. (2006) também realizou levantamentos na RPPN
Maurício Dantas, e além das espécies de beija-flores Chorostilbon aureoventris,
Chrysolampis mosquitus, Eupetomena macroura e Heliomaster squamosus também
inventariados por Farias et al. (2005) identificou também a presença do Phaethornis
gounellei, que não foi observada em flores, tendo sido apenas registrada sua presença na
área do levantamento. Segundo Leal et al. (2006) tal fato pode ter ocorrido em
conseqüência desta espécie ocorrer, preferencialmente, em “ambientes florestais” e com
pouca perturbação antrópica e na RPPN haver indícios de perturbação.
QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E
CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Farias et al. (2005))
Registro
Grupo Taxonômico
RPPN Maurício RPPN Cantidiano
Dantas Valgueiro
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
Crypturellus parvirostris x
Crypturellus tataupa x x
Nothura boraquira x
Nothura maculosa #
PELECANIFORMES
PHALACROCORACIDAE
38
39. Phalacrocorax brasilianus #
RHEIFORMES
RHEIDAE
Rhea americana x
PODICIPEDIFORMES
PODICIPEDIDAE
Tachybaptus dominicus x
Podilymbus podiceps x
CICONIIFORMES
ARDEIDAE
Ardea alba x
Egretta thula x x
Bubulcus ibis x x
Butorides striatus x
Tigrisoma lineatum x x
CATHARTIDAE
Sarcoramphus papa x
Coragyps atratus x x
Cathartes aura x x
Cathartes burrovianus x x
ANSERIFORMES
ANATIDAE
Dendrocygna viduata x
Dendrocygma autumnalis x
Anas bahamensis x
Netta erythrophthalma x
Amazonetta brasiliensis x x
Sarkidiornis sylvicola x x
Cairina moschata x x
FALCONIFORMES
ACCIPITRIDAE
Elanus leucurus ^
39
40. Gampsonyx swainsonii x
Chondrohierax uncinatus ^
Accipiter bicolor ^
Accipiter superciliosus #
Buteo melanoleucus x
Buteo albonotatus #
Rupornis magnirostris x x
Parabuteo unicintus x
Buteogallus urubitinga #
Heterospizias meridionalis x
Geranospiza caerulescens x x
FALCONIDAE
Herpetotheres cachinnans x x
Micrastur ruficollis #
Milvago chimachima x
Caracara plancus x x
Falco femoralis x x
Falco sparverius x x
GALLIFORMES
CRACIDAE
Penelope jacucaca AM x
GRUIFORMES
ARAMIDAE
Aramus guarauna x
RALLIDAE
Gallinula chlropus x x
Porphyrula martinica #
CARIAMIDAE
Cariama cristata x x
CHARADRIIFORMES
JACANIDAE
Jacana jacana x x
40
41. CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis x x
Vanellus cayanus x x
Charadrius collaris x
SCOLOPACIDAE
Tringa solitaria x
Tringa melanoleuca x
RECURVIROSTRIDAE
Himantopus himantopus x x
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Patagioenas picazuro x x
Zenaida auriculata x x
Columbina minuta x
Columbina talpacoti x
Columbina picui x x
Scardafella squammata x x
Leptotila verreauxi x x
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Primolius maracana ^
Aratinga acuticaudata ^
Aratinga leucophthalmus x
Aratinga cactorum x x
Pyrrhura anaca ^ AM
Forpus xanthopterygius x x
Amazona aestiva x x
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Coccyzus melacoryphus x x
Piaya cayana x
Crotophaga ani x x
41
42. Guira guira x
Tapera naevia x x
STRIGIFORMES
TYTONIDAE
Tyto alba x
STRIGIDAE
Otus choliba x x
Glaucidium brasilianum x x
Speotyto cunicularia x
CAPRIMULGIFORMES
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus x x
CAPRIMULGIDAE
Chordeiles pusillus x
Caprimulgus rufus x
Caprimulgus parvulus x
Caprimulgus hirundinaceus EN x
Hydropsalis torquata x x
APODIFORMES
APODIDAE
Tachornis squamata x
TROCILIDAE
Anopetia gounellei EN x x
Eupetomena macroura x x
Anthracothorax nigricollis x
Chrylampis mosquitus x x
Chlorostilbon aureoventris x x
Amazilia versicolor #
Amazilia fimbriata ^
Heliomaster squamosus x x
TROGONIFORMES
TROGONIDAE
42
43. Trogon curucui x
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Ceryle torquata x
Chloroceryle amazona x
PICIFORMES
GALBULIDAE
Galbula ruficauda x
BUCCONIDAE
Nystalus maculatus x x
PICIDAE
Pucumnus fulvescens x
Colaptes melanochloros x x
Piculus chrysochloros x x
Drycopus lineatus x x
Campephilus melanoleucos #
PASSERIFORMES
FORMICARIIDAE
Taraba major x
Sakesphorus cristatus ^ EN
Thamnophilus doliatus x
Thamnophilus pelzelni ^
Thamnophilus torquatus ^
Myrmorchilus strigilatus x x
Herpsilochmus artricapillus ^
Formicivora melanogaster x x
Hylopezus ochroleucus ^ EN
FURNARIIDAE
Furnarius leucopus x
Furnarius figulus x x
Synallaxis frontalis x x
Poecilurus scutatus ^
43
44. Gyalophylax hellmayri EN x x
Certhiaxis cinnamomea x x
Phacellodomus rufifrons x
Pseudoseisura cristata x x
Megaxenops parnaguae ^ EN
DENDROCOLAPTIDAE
Sittasomus griseicapillus x x
Dendrocolaptes platyrostris ^
Xiphorhynchus picus ^
Lepidocolaptes angustirostris x x
Campylorhamphus trochilirostris ^
TYRANNIDAE
Phyllomyias fasciatus x
Camptostoma obsoletum x x
Phaeomyias murina x x
Suiriri suiriri x x
Myiopagis viridicata x x
Elaenia spectabilis x x
Elaenia mesoleuca ^
Serpophaga subcristata x x
Stigmatura napensis x
Euscarthmus meloryphus x x
Hemitriccus margaritaceiventer x x
Todirostrum cinereum x x
Tolmomyias flaviventris x x
Myiophobus fasciatus ^
Cnemotriccus fuscatus ^
Xolmis irupero x
Knipolegus nigerrimus #
Fluvicola albiventer x
Fluvicola nengeta x x
Arundinicola leucocephalas x
44
45. Satrapa icterophrys x
Hirundinea ferruginea x
Machetornis rixosus x
Casiornis fusca x x
Myiarchus tyrannulus x x
Philohydor lictor ^
Pitangus sulphuratus x x
Megarhynchus pitangua x x
Myiozetetes similis x x
Myiodynastes maculatus x x
Empidonomus varius x x
Tyrannus melancholicus x x
Xenopsaris albinucha x
Pachyramphus viridis x
Pachyramphus polychopterus x x
Pachyramphus validus x
HIRUNDINIDAE
Tachycineta albiventer x x
Progne tapera #
Progne chalybea x x
Notiochelidon cyanoleuca #
CORVIDAE
Cyanocorax cyanopogon x x
TROGLODYTIDAE
Tryothorus longirostris x x
Troglodites musculus x x
MUSCICAPIDAE
Polioptila plumbea x x
Turdus rufiventris x x
Turdus leucomelas #
Turdus amaurochalinus x
MIMIDAE
45
46. Mimus saturninus x x
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis x x
Vireo olivaceus ^
Hylophilus amaurocephalus x
EMBERIZIDAE
Parula pitiayumi ^
Basileuterus flaveolus ^
Coereba flaveola x
Compsothraupis loricata x x
Thlypopsis sordida x
Nemosia pileata #
Tachyphous rufus ^
Thraupis sayaca x x
Thraupis palmarum #
Euphonia chlorotica x x
Euphonia violácea ^
Tangara cayana ^
Conirostrum speciosum x x
Zonotrichia capensis x x
Ammodramus humeralis x x
Sicalis luteola x
Emberizoides herbicola #
Volatinia jacarina x x
Sporophila lineola x x
Sporophila nigricollis x
Sporophila albogularis x x
Sporophila leucoptera #
Sporophila bouvreuil x
Arremon taciturnus ^
Coryphospingus pileatus x x
Paroaria dominicana EN x x
46
47. Saltator similis
Cyanocompsa brissoni x
Icterus cayanensis x x
Icterus jamacaii EN x x
Agelaius ruficapillus x x
Leistes superciliaris x x
Gnorimopsar chopi #
Agelaioides fringillarius x
Molothrus bonariensis x x
FRINGILLIDAE
Carduelis yarrelli ^AM
PASSERIDAE
Passer domesticus x
Legenda: x – Ocorrência para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro; # –
Ocorrência para Pernambuco (OAP); ^ - ocorrência para Pernambuco (Coelho, 1987);
AM – Espécies ameaçada de extinção; EN – Endêmica para a Caatinga (Fonte: Farias
et al, 2005).
A B
C D
Figura 8 - Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano
Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B-
Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de-
campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto
D – Jóice Brito).
47
48. 5.2.4.3 – Herpetofauna
A herpetofauna nas RPPNs Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas foi
levantada por Borges-Nojosa et al. (2005) tendo sido registrada a presença de 41
espécies, distribuídas entre 19 de anfíbios (Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae,
Microhylidae e Pipidae) e 22 de répteis, destes foram 10 lagartos (Gekkonidae,
Iguanidae, Scincidae, Teiidae e Tropiduridae), 09 serpentes (Boidae, Colubridae,
Elapidae e Viperidae) e 03 quelônios (Kinosternidae, Testudinidae e Chelidae).
Para este levantamento, realizado no ano de 2003 por Borges-Nojosa et al.
(2005), foram utilizadas as metodologias de busca ativa (coleta manual e observação
visual) nos períodos seco e chuvoso, e captura com armadilhas de queda (pitfall)
exclusivamente no período seco.
Conforme esperado por Borges-Nojosa et al. (2005) o número de espécies
levantadas no período chuvoso (18 anfíbios e 18 répteis) o foi maior que no período
seco (07 anfíbios e 12 répteis). No período seco a RPPN Maurício Dantas ainda
dispunha de açudes e corpos d’água que serviram de refúgio e habitat para os anfíbios,
enquanto que na RPPN Cantidiano Valgueiro, neste mesmo período, todas as lagoas
temporárias estavam secas e as poucas espécies de anfíbios coletadas estavam as
margens do Rio Pajeú.
Este levantamento também registrou três novas espécies de anfíbios para o
Estado de Pernambuco, todas coletadas apenas no período chuvoso, sendo Physalaemus
albifrons (jia) e Proceratophrys cristiceps (sapo-boi) para as duas RPPNs, e
Trachycephalus atlas (hilídeo de grande porte) apenas para a RPPN Maurício Dantas.
48
49. QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS
E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Borges-Nojosa et al. (2005))
Forma de Registro
Período
Família Espécie Nome RPPN RPPN
Popular Maurício Cantidiano
Dantas Valgueiro
Anfíbios
Chuv CAQ CAQ
Bufo granulosus Sapo-cururu
Seco CAQ CAQ
BUFONIDAE
Chuv CAQ CAQ
Bufo paracnemis Sapo-cururu
Seco CAQ/OBS CAQ/OBS
Chuv CAQ CAQ/OBS
Hyla raniceps Rã
Seco --- OBS
Chuv CAQ ---
Hyla soaresi Rãzinha
Seco --- ---
Chuv CAQ/OBS CAQ
Phyllomedusa gr. Rãzinha verde
hypochon-drialis Seco --- ---
HYLIDAE
Chuv CAQ ---
Scinax pachycrus Rãzinha
Seco --- ---
Chuv CAQ/OBS CAQ
Scinax x-signatus Rãzinha
Seco CAQ CAQ
Chuv CAQ ---
Trachycephalus ----------
atlas Seco --- ---
Chuv CAQ CAQ/OBS
Leptodactylus Jia, Caçote
fuscus Seco --- ---
Chuv --- ---
LEPTODACTILIDAE
Leptodactylus Jia
labyrinthicus Seco OBS ---
Chuv CAQ CAQ
Leptodactylus gr. Jia
ocellatus Seco CAQ CAQ
Chuv CAQ/OBS OBS
Leptodactylus Jia
troglodytes Seco --- ---
Chuv CAQ CAQ
Physalaemus Jia
albifrons Seco --- ---
49
52. Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e
Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra-
cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus
ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005).
6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC foi instituído por meio
da Lei Estadual nº 13.787 de 8 de junho de 2009, entendendo-se por unidade de
conservação o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Dentre seus
objetivos, destacam-se:
• Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais estaduais;
• Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento sustentável estadual;
52
53. • Proteger, no âmbito estadual, as características relevantes de natureza geológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e, quando couber,
histórica e cultural;
• Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
• Ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais como unidades de
conservação;
• Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
monitoramento ambiental;
• Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação
em contato com a natureza e o ecoturismo;
• Priorizar os ecossistemas que se encontrem mais ameaçados de alteração,
degradação ou extinção.
As unidades de conservação – Uc’s integrantes do Sistema Estadual de
Unidades de Conservação – SEUC dividem-se em dois grupos, com características
específicas:
• Unidade de Proteção Integral – Com o objetivo básico de preservar a
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos
naturais.
• Unidade de Uso Sustentável – Com o objetivo básico de compatibilizar
a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus
recursos naturais.
As categorias de manejo das UCs do grupo de Proteção Integral são:
• Reserva Biológica – REBIO,
• Estação Ecológica – ESEC,
• Parque Estadual – PE,
• Monumento Natural – MONA, e
• Refúgio de Vida Silvestre – RVS.
53
54. As categorias de manejo das UCs do grupo de Uso Sustentável são:
• Área de Proteção Ambiental – APA,
• Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE,
• Reserva de Fauna ,
• Floresta Estadual – FLOE,
• Reserva Extrativista – RESEX,
• Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS,
• Reserva de Floresta Urbana – FURB, e
• Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.
Os objetivos e as características básicas de cada categoria de manejo estão
apresentados em anexo.
7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER
CRIADA
Conforme estabelecido no SEUC, dentre os principais objetivos quando da
criação de uma Unidade de Conservação estão: (i) contribuir para a preservação e a
restauração da diversidade de ecossistemas naturais; (ii) recuperar ou restaurar
ecossistemas degradados e (iii) ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais
protegidos como unidades de conservação.
Tendo em vista a fragilidade do ecossistema da Caatinga caracterizado pela forte
pressão antrópica exercida pelas atividades carvoeiras e agropecuárias, considerando o
pouco conhecimento existente sobre a biodiversidade deste bioma, além da importância
que a criação de unidade de conservação na caatinga representa para a ampliação da
representatividade ecológica dos ecossistemas naturais protegidos em Pernambuco,
entende-se que é de extrema importância a criação de uma Unidade de Conservação
Estadual neste Domínio.
Apesar de poucos estudos sobre a biodiversidade da área, os aspectos biológicos
que foram observados em Unidades de Conservação próximas levam a conclusão que a
54
55. área que abrange a Serra da Canoa apresenta bom estado de conservação, sendo
caracterizada pela fitofisionomia de caatinga stricto sensu com indivíduos de porte
arbustivo-arbóreo. Portanto, a criação de uma unidade de conservação vem ao encontro
dos objetivos de conservação do bioma caatinga em Pernambuco, constituindo-se mais
uma oportunidade para o aprofundamento do conhecimento e difusão do seu valor
enquanto patrimônio biológico do Estado.
8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA
A especificação dos objetivos de conservação e manejo da área é o primeiro
passo para a definição da categoria de UC que melhor se adéqua a estes objetivos.
Assim, foi definido como função primordial para a criação da unidade de conservação
da Serra da Canoa e áreas adjacentes o seguinte:
• Preservar a sua diversidade biológica;
• Proteger as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, através
de atividades que visem à conscientização e sensibilização da população
regional;
• Promover e apoiar meios e incentivos para atividades de pesquisa
científica, estudos e monitoramento ambiental sobre a caatinga
pernambucana, articulando com as diversas instituições superiores de
ensino e pesquisa existentes na região, criando um pólo cientifico sobre o
estudo da caatinga;
• Favorecer condições e promover atividades ecopedagógicas, tais como a
educação e interpretação ambiental, promovendo contato direto dos
estudantes Pernambucanos com a caatinga strictu sensu;
• Criar refúgio para a biodiversidade na região;
• Possibilitar a criação de um Mosaico de Unidades de Conservação e a
formação de Corredores Ecológicos na Caatinga;
• Incentivar ações que promovam a recuperação das áreas degradadas.
55
56. 9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIA DE MANEJO
O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC, já abordado
anteriormente, define categorias de UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável. A
definição de uma categoria de manejo deve estar relacionada aos objetivos de
conservação que se deseja alcançar para uma determinada área, considerando para isso
além da significância ecológica da sua fauna e flora, os atributos naturais e inserção no
contexto nacional e regional. A criação da Unidade de Conservação em Floresta além
de aumentar a representatividade do Bioma Caatinga legalmente protegido no Estado de
Pernambuco, deve compatibilizar a preservação da diversidade biológica, tendo em
vista a existência de espécies endêmicas, raras e ameaças de extinção nas RPPNs
Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas, que são áreas de influência direta, com a
realização de pesquisas e atividades voltadas ao conhecimento e valorização do bioma
caatinga. Neste sentido, foi considerado como melhor opção o grupo de Proteção
Integral.
Considerando os objetivos de manejo, dentre as categorias que fazem parte do
Grupo de Proteção Integral, a que melhor se enquadrou para definição da categoria de
manejo para área proposta foi Estação Ecológica, tendo em vista que esta categoria visa
à preservação da diversidade biológica, realização de pesquisa científica e educação
ambiental.
Desta forma a criação da Estação Ecológica Serra da Canoa representa mais uma
porção importante do Bioma Caatinga a ser preservada no Estado de Pernambuco.
56