Uma pequena parada: reflexões sobre encontros, processos e narrativas
1. Uma pequena parada
O que esses encontros andam causando em nós, nos
nossos campos de atuação, o que estamos
produzindo com isso? Como trazer para o corpo da
escrita a riqueza dessa experiência e o que está por
vir? E, o modo como estamos sustentando esse
compromisso : presença, convivência, horário.
Processos
1
2. Como nos tornamos quem
somos?
O Viajante
Pelas quebradas saiu Ulisses
a enfrentar tormentas,
perigos, mistérios do
vasto mundo e segredos
do caminho. O viajante
reconstrói-se com o
itinerário, se refaz, se
reanima, se reafirma
como ser humano e
segue adiante.
José Orlando
3. E...
Quem ficar esperando assunto e não olhar em
volta está perdendo o mel da coisa.
Adélia Prado
Aulas, discussões, lanche amigo, coletivo
quebradas, site, apresentações, exposições,
territórios
4. Inquiet'Ações
A escrita que nos trama Rogéria Reis
Música: plataforma de múltiplos saberes no
ambiente escolar Juliana Barreto
Do clube do Feijão à Ciranda de Oficinas
Fábio Augusto Pedroza
Conscientização social e política através da cultura
Daniel Remilik
Um acrobata entre o ritmo e a letra
Babilak Bah
5. Reinventemos Nós
Reiventando a Escola- A vez e a voz dos jovens!
Andressa Abraão Costa
Minha Música é Meu Quilombo Ludi Um
Narrativas de crianças e jovens: a poesia como ato
de resistência e transformação social Fabiana
Silva
A Educação desmistificando o olhar da
Matemática Luciana Andreia
Roda: Zona Autônoma Transitória
Carlo Alexandre Teixeira Silva
7. Estranhas Criaturas
Dividimos o mundo Entre terra e água.
Pátrias, blocos e continentes. Inferno e paraíso.
Humanos e não humanos. Amor e ódio.
Centro e periferia. Positivo e negativo...
...Em nome do giro e translado
dos planetas,tentamos medir a vida
por conta da ilusão dos dias e das noites
dada pela dança da terra.
Viramos artistas-cientistas,
descobrindo estrelas e criando
poesia. Wellington de Moraes.
8. Tensão
• Polarizar o mundo transformando tudo em ou
isso ou aquilo, nos faz perder a multiplicidade
do entre. Do entre isso e aquilo.
• ESCOLHA
• ”O novo ponto de vista tem uma carga secreta
de ruptura com o conforto, então incomoda, as
vezes machuca...”Angelo Mello
11. Ao meu lado senta a crise,
não esperava encontra-la tão cedo. Estou com frio e
não trouxe casaco. Por que a arte não está na lógica
da utilidade? Ok. Descubro que faço inutilidades. Sirvo
ao pensamento, ajo adquirindo conhecimento. Gosto
desse vendedor de biscoito “costelinha com limão”.
Lembro me que minha mãe sempre dizia que não
existe “mais ou menos” ou é um ou é outro. Essa
dualidade sempre me perseguiu, hoje não sei se estou
bem ou mal. Mamãe que não me ouça, estou mais ou
menos.
Luiz Fernando Pinto
14. Travessias
• “O pensamento sente e o corpo pensa.” Os impulsos
são vômitos aguados. Com o tempo o visível torna-se
invisível e o que já é invisível vira o que? ... Enquanto
Allan da Rosa falava, sentia cheiro de rosas, esgoto,
sentia o vento, via os fios e as pipas dos meninos aqui
na rua, lembrei das ruas alagadas no centro de N.I.,
dos butecos tocando forró, um misto de sensações.
Como se as coisas tivessem alma. O estudo da alma
do mundo…Janaína Tavares
15. Não há lugar para a ingenuidade
Na atualidade, qualquer tema não pode deixar
de abordar sua inserção no contexto do
neoliberalismo e seus efeitos nos modos de
produção de subjetividades.
Ou seja, como essa lógica do mercado
atravessa nosso modo de sentir, de escolher,
de perceber, de trabalhar, de viver, de morrer.
16. Qualquer coisa
Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá
fora, que aponta lápis, que vê a uva etc.etc.
Perdoai.
Mas, eu preciso ser Outros.
Manoel de Barros
18. Linhas de fuga
• Por isso, sugiro a todos os outros milhões e em
breve bilhões de signatários do facebook, que
peguem uma atiradeira nas mãos e estiquem o
elástico com uma pequena pedra presa no
couro e a lancem para bem longe. Sintam a
força e a física real dessa metáfora.
Carlo Alexandre
19. Linhas de fuga
Carnaval
Meu gozo foi cerceado,lacrado no cimento da
Sapucaí.Mas sou rebelde e não me dei por
vencido.Malandro, escorreguei para a Lapa e para as
ladeiras de Santa, me espalhei no centro do Bola
Preta, até em Copacabana pulei com o meu Peru
Cansado! Não quero mais que me roubem as mulatas
roliças,o Bloco das Piranhas, o estigma do Clóvis! Meu
samba é de rua e de preto, me respeitem se eu for ao
seu salão! Denise Lima
21. Chegança Quebrada
E a Quebradas chegou no MAR, trazendo um
mar de gente, de muitas cores, muitos
saberes, muito teores e a aula era uma onda,
uma onda sem fim tipo a fita de Moebius… E o
diretor seguindo a não lógica do drible dos
quebradeiros quebrou o protocolo.O DIRETOR
SENTOU NA MESA!!!Sentou à mesa???
22. Chegança
Não, sentou na mesa e foi degustado como
manjar e se lambuzou dos sabores nossos,
ardentes , ardidos, convidou a Lígia e o Almícar
e eles foram devorados por cada boca sedenta
de cada quebradeiro que tem na guerra
cotidiana como aliado os Neguinhos.
23. Chegança
Somos todos Marechais, né não MC???Que
venha a próxima “aulaonda”, Pq esta já surfei
Em baixo do teto do Japeri Alguém grita: PODE
CHEGAR E na barca e no buzão também
Somos todos chegados!!!
Ludi Um
24. É a guerra neguinho
“ A gente tem que enfrentar essa guerra
diariamente
Saber que às vezes tá calor, às vezes faz frio
Entender qual é o procedimento. Não se
camuflar! Ir para frente É a guerra neguinho”
MC Marechal
25. O nós dos afetos
O que nos amarra é o afeto.
A capacidade de afetar e se deixar afetar.
A capacidade de dar nós.
Aninhar o outro estrangeiro, e que faz nascer as
diferenças.
Capacidade de se espantar.
29. Tempo / Presença
... Mas decidi ontem gerir meu tempo e minha vida de
maneira que eu me permita ir além do que um dia me
oferece. Deixar emergir o que está no meu profundo,
as feridas e as chagas do meu próximo, tendo-as
como tão minhas. Mesmo sabendo que sempre me
restará pouco tempo e apesar das insuficientes 24
horas.
Juliana Barreto
30. Que corpos são esses?
Que liberdade foi aquela?O que foi visto no
palco? O que foi imaginado? Que cores são
possíveis em nossa imaginação? O que afinal
as Danças de Rua estão fazendo naquele lugar
iluminado, os grandes palcos do mundo? Com
esses [des-]pressupostos artísticos, será que
algum quebradeiro seria capaz de trocar
comigo?
Xandu
31. Fazer corpo
• Pensar com a pele
• Ouvir com os olhos
• Comer com as mãos
• Sentir com os ouvidos
• Tocar com a boca
• e de novo misturar em novas combinações.
33. Quem fala em mim?
• Micropolíticas “A questão micropolítica é a de
como reproduzimos (ou não) os modos de
subjetividade dominante.” (Guattari, 1986).
• Desengessar.
• Desviar.
• Deriva.
34. Dúvida respiradouro
“ Constato que o que faz o mundo evoluir não é a
crença, a certeza e sim a dúvida!” Denise Lima
Práticas de saúde, como práticas de ousadia,
não só de conservação da vida, mas práticas
de expansão.
Atitude de espreita.
34
35. Pancada / Toque
• Mas o que é um SLAM DE POESIA?
• - “Não é sarau?!”
• Calma, sem sustos, please! ... Por Slam
entendam “uma pancada”, ou seja, uma poesia
capaz de tirar o público de seu lugar confortável
como espectador __é preciso envolvê-lo!
Xandu
37. Trama por contágios
Alô, Quebradeiros!
Ainda tô me recuperando de tanta alegria que vocês me
deram nessa 1a. aula da U.Q!
Uma honra viver com vcs aquele encontro.Por tudo o
que aprendi, de delicado e contundente, por todos os
sorrisos, por toda poesia compartilhada e sobretudo
pelo acolhimento quebradeiro, muito, muito obrigada.
Desejo a vocês todos muitas viagens e que cada um
descubra a sua Ítaca, o seu terreiro, a sua linguagem!
Meu abraço,
Martha Alkimin
38. O cair de uma gota
• Uma gota cai
Por entre as pedras da vida.
Que faz nascer um ramo de vida.
Do galho quente do amor
Um sonho ardia.
Ardilosa gota, árvore da vida.
Uma gota vai, sobe sem guarida.
E desce molhando a flor.
Lhe dando um gole de vida.
Essa mesma flor se pergunta.
39. Uma gota que vira mar
• Se é comum o medo de ter medo.
A gota da flor ao molhar o medo
Esvanece a beleza da flor.
Que perde as pétalas
Como o pavão perde as plumas.
Expandindo o seu absoluto pelo mundo.
• Um poema construído coletivamente por: Angelo
Mello, Fabiana da Silva, Fabio Augusto Pedroza,
Karen Kristien, Marcio Rufino, Melenn Kerhoas, Tita
Clemente, Andressa Abraão e Vitor Nascimento
40. Narrativas que tecem o mundo
Escrevo por gentileza da memória.
José Paes de Lima citado por Janaína Tavares
• Se a escrita protege do esquecimento. Fui
pensar.
Rute Casoy
41. O arqueiro
“...uma atiradeira e aquele gesto pode ser olhado
como uma forma de olhar para trás e ver o que
estou fazendo no agora- ou seja que venho me
perdendo e me desumanizando ao me
inscrever num odo de pertencimento e que vira
captura...não só menos Pop e menos visível no
mundo”.
Carlo Alexandre
42. Encantamento
...”Entendo que estas pessoas enraizadas nos
seus contextos sintam fome de histórias.
Do refresco das palavras voadoras”...
Rute Casoy
43. O Narrador
Primeiro: que aula empolgante… Chapei.
Segundo: esse tema da memória tá rebatendo
direto na cabeça desde terça. E várias sacadas
têm me vindo a partir disso, como o uso que as
periferias do país fazem da memória pra
também garantir laços de sobrevivência
conjunta.
44. O conta Dor
O papel do contador de histórias é fundamental
nisso.Me ocorreu uma viagem aqui de que
talvez a diferença entre pobreza e miséria
tivessem a ver com isso; a miséria é a pobreza
sem história, sem fábula, logo sem raiz, sem
pertencimento, sem esperança.
Caraca, viajando muito aqui.
Heraldo HB
45. Mas, de repente vi-me abduzido
• por fortes imagens de pessoas tão pequeninas cujos
sonhos foram roubados, aprisionados e até
exterminados quiçá para sempre.
Lágrimas inundaram minha mente.
Precisei em respeito, silenciar por um momento que
parecia eterno. Só voltando à tona com as palavras
finais vindas do fundo da sala mas parecendo um eco
do fundo da alma:
“ Pede licença ao tambor, entra na roda e depois
conversamos.” Jessica Castro.
Wellington de Moraes
46. Tocar com as palavras
imagem enviada por Luiz Fernando Pinto
47. Livro dos Rostos
Na atualidade, por onde se inscrevem nossas
narrativas?
Nossa vida no Livro dos Rostos, aonde mais?
Tempo para escutar, suportar o que está no
invisível, mas presente.
Testemunha.
49. Por enquanto
Nosso percurso se faz no contágio; não é regido
por modelos prontos, não é feito à toa, mas
com atenção;
Atento à multiplicidade enxarcado da fala de
muitos, vem de um conhecimento situado,
cotidiano, dos pequenos gestos para fazer falar
um poeta e não um burocrata, a gentileza e não
a barbárie;
Ruma às bordas da periferia do pensamento,
aberto ao fora.
50. Por enquanto
Nosso percurso põe em questão esse modo de
vida que desnutre a vida, que isola a voz do
Homo Politicus, para uma produção em que as
escolhas possam caminhar na fratria com o
outro e não sobre o outro.
51. Tomar da palavra
Diante de uma plateia, a maioria desconhecida,
tremendo arrisquei pegar o microfone para
relatar o que vivo. Celeste Conceição
As vozes não podem parar.
Sejam nos porões marginais
Nas celas lotadas
Nas ruas tomadas
Calar não dá mais…
Fábio Augusto
54. Cartografar
Cuidados:
Cuidados:
• A cartografia não é um
• A cartografia é a construção
método pronto, reversão do
de um plano coletivo de
metá-hódos (caminho) em
forças,
hódos-metá (experimentação
• A cartografia trabalha com a
do pensamento), provisória e
dissolução do ponto de vista
parcial,
do observador,
• A cartografia é um
• Cartografar é habitar um
acompanhamento de
território existencial,
processos,
• Cartografar implica uma
• A atenção do cartógrafo não
política de narratividade,
busca um foco, é abertura ao
inesperado,
55. Para quê?
Para lutar pela diferença quando a igualdade
apaga a singularidade,
E lutar pela igualdade quando a diferença insulta.
Boaventura Santos