SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
Ano I - Edição III

   A terceira vez, a terceira edição. Cá estamos nós novamente, caros leitores, e muito gratos com as
 participações, críticas e diferentes opiniões que têm surgido. Algumas pessoas têm perguntado o que
 queremos com o Outras Farpas, quais são nossos “verdadeiros” objetivos, vertentes políticas, etc, etc.
 O Outras Farpas, no entanto, está do “outro lado”, pertence a uma outra coisa, momento e proposta,
              não precisa de rótulos, não anseia por um “perfil”, não carece de armaduras.
                     E é por isso, leitores e amigos, que cá ecoamos um “outro” grito:




                                                                                            Foto: Manoel Neves
        “Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito
                   maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça para o total.“

                                        Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas




Transcodificação...
     Definir alguém é estuprá-lo em suas múltiplas possibilidades indefiníveis. Se definir é assassinar em si mesmo essas
 possibilidades. Não sei ao certo o que sou, mas certamente o que penso que sou não condiz com o que as outras pessoas
     pensam de mim, nesse ponto lembro da máxima de Pessoa que diz “pensar é estar doente dos olhos”. Os homens
    costumam orgulhar-se de “ser algo”, mas esse “algo” é apenas uma construção, não pode ser outra coisa senão uma
  construção. Não sou fraco o suficiente para forjar uma personalidade e apresentá-la de pronto “eis o homem!”. Estou
aberto a todas as interpretações, nenhuma me é agressiva e inaceitável, sei bem tolerar todas as impressões com relação a
mim, elas me revigoram, me fortalecem! Escarneço das certezas humanas, tudo que há de mais seguro na humanidade me
   parece vazio e sem sentido, duvido profundamente de todas as “verdades” canonizadas pelo tempo e pela cultura... a
própria definição de homem me parece uma construção absurda e desinteressante. Quando pensamos na palavra HOMEM
 nos remetemos inevitavelmente à idéia de HUMANIDADE, duas mentiras atraentes, mas não suficientemente poderosas
para me convencer. Para além das palavras e seus significados há a vida em si, que não é nada mais que um fragmento sem
passado nem futuro! Portanto, vivamos sem medidas nem fronteiras, deixemos os conceitos e as definições pros tiranos e
 seus escravos, conscientizemo-nos que não somos absolutamente nada e talvez assim cheguemos mais próximos de uma
                                           definição apropriada de nós mesmos!

                                    Santo Antonio de Jesus, 30 de setembro de 2008.

                                        Leandro Bulhões e Jean Michel F. Santos
Pós-Modernidade em 1/4                                                         Por Jean Michel F. Santos
                                            ininterrupto    e    convulsivo!    Nossos   campos levantaram as florzinhas mais

      N     ão viemos plantar sementes,
                                            estômagos são pequenos demais, nós os
                                            explodiremos e riremos disso.
                                                                                         leves e delicadas provocando em todo o
                                                                                         universo uma sensação também de
viemos colher os frutos.                           Não somos bons, nem maus, nem         leveza... E quando todos saíram de suas
       A marreta é uma extensão de          rancorosos, nem simples, nem felizes, nem    casas para -reunidos - contemplarem tal
nosso corpo, é nossa mão direita, a         tristonhos - essas palavrinhas não dizem     manifestação        divina     e    foram
esquerda é uma picareta!                    nada! Simplesmente não somos e gozamos       transpassados (todos) por um sentimento
       Nós, os apologistas do contrário,    muito em não ser!                            de renascimento e mudança e compaixão
somos tudo que há, sem ser nada - e                Aquilo que te custou mais caro, teu   e sensibilidade, ... nós, acordamos tarde,
temos consciência disso!                    sonho mais íntimo, tua meta mais preciosa,   cansados e ressaquiados, e quando nos
       Nada deixaremos para as próximas     teu principal objetivo, joga-o fora e        contaram os últimos acontecimentos...
gerações a não ser o cheiro nostálgico de   entenderás um milésimo do nosso              Rimos, nos viramos pro lado e voltamos a
nossa fluidez, o ranço cansado de nosso     desprezo...                                  dormir!
gozo demorado e o desprezo displicente             Quando raiou o mais lindo dia, e
de nossas vidas que não valem e jamais      toda a natureza espreguiçou-se orgulhosa     ___________________
valerão nada: um fragmento de nada!         e contente: os pássaros cantaram seus        Jean Michel F. Santos é licenciado em
       Sim, éramos fortes demais para o     mais predestinados cantos, as planícies e    história pela Universidade do Estado da
casulo, quebramos a casca e nos             colinas e montanhas e florestas se           Bahia UNEB Campus V, Mestrando em
libertamos, porém o mundo não ganhou        incendiaram com a luminosidade de todas      Cultura, Memória e Desenvolvimento
novas borboletas! A nossa fome é de         as cores numa dança caleidoscópica e         Regional também pela UNEB Campus V e
agora, e engolimos com pressa. E nossa      radiante, e quando os ventos mais suaves e   Graduando do curso de direito da UNEB
existência é um eterno engolir              gentis roçaram a face das águas e nos        Campus XV. Atualmente reside entre
                                                                                         Valença e Santo Antonio de Jesus.



Chateada                                                                                 Por Manoel Neves
                                                                    mulher, e não havia o que pudesse ser feito, jamais alcançaria a

  Q         uando ele finalmente retornou sabe-se lá de onde
                                                                    plena compreensão de como pensava aquele ser.
                                                                            Para encerrar, concluiu que ambos eram metades
estava, ela continuava em sua frente, ainda a reclamar, e foi bem   condenadas a buscar eternamente seus encerramentos um no
no momento em que pronunciava a última frase de seu longo           outro, custasse o que custasse.
discurso:                                                                   Acordou do transe e um pouco envergonhado percebeu
       “Não vou guardar mágoa por isso, mas entenda que você        que ela havia notado que ele estivera longe.
me deixou chateada.”                                                        Meio sem graça, mas com o peito dilacerado pela
       Chateada, ele a havia deixado chateada. Naquele mesmo        admiração, não esboçou outro tipo de reação a não ser
instante novamente a companheira e deu início a uma nova            ostentar um leve e cândido sorriso, talvez o mais sincero desde
viagem. Pouco importava o que ele havia feito ou deixado de         a sua remota infância, sorriso este que, incompreendido pela
fazer, o fato era que havia provocado nela uma reação ímpar: ela    alma feminina, que tal qual a masculina, lança uma projeção de
estava chateada!                                                    si mesma para tentar entender o outro, aborreceu a jovem
       Dentro do seu universo, esta conseqüência despertou uma      ainda mais.
admirada incompreensão ao defrontá-lo com a forma feminina                  “Do que está rindo? Poxa, você nem presta atenção ao
do particípio do verbo chatear. De repente achou tão lindo o fato   que eu digo.”
de as mulheres terem uma forma só delas de expressar seu                    “Meu bem, eu te amo!” Disse com a feição mais sincera,
aborrecimento, algo tão diferente, tão somente conjeturável à       decodificada como sendo a expressão da cara mais deslavada.
percepção masculina, e tal constatação o guiou por uma estrada              “Ainda por cima é cínico. Olha, eu vou embora. Nem sei
de devaneios onde o ecoar daquela palavra, dita por voz tão         o que vim fazer aqui hoje.”
suave, ganhava nova significação, adquirindo ares extremamente              “Ta bom meu anjo, pode ir... mas estou falando sério, ta
sedutores.                                                          bom?”
       Poderia passar horas ouvindo-a dizer que estava chateada,            Ela resmungou e saiu. Talvez no fundo soubesse que ele
sem por sua vez se chatear com isso. Foi quando sua viagem          realmente a amava.
passou então a buscar concentração naquelas formas delicadas,               Ele sorriu mais um pouco e ali ficou, inundado por um
naquele olhar sério, lábios cerrados, ouvidos atentos, prostrados   mar de tranqüilidade, envolvido nas suaves ondas da certeza de
em sua frente, aguardando a confissão da culpa. Estava tão linda,   que outros momentos como aquele fariam parte do por vir,
séria, fragilizada, sensibilizada, ornada por uma multidão de       feliz por saber que nem sempre reagiria da melhor forma para
adjetivos terminados com a letra “a”. Estava diante de uma          os dois, se é que tal reação pudesse existir.
CINEMA E “REALIDADE”
                                             Reflexões da professora que vê ( parodiando Bertolt Brecht)
                                                                                                              Por Diacuí Pataxó
                                                e da CIA. .Aliás, essa é a justificativa do    morte nas trincheiras para salvar a
                                                General o tempo inteiro: que ele é um          própria pele e defender os interesses dos
Q   ual não foi minha surpresa pra ir
                                                fugitivo! Então ele ser um fugitivo
                                                justifica a invasão? Será que é isso que
                                                                                               arqui-bilionários empresários da indústria
                                                                                               de armamentos pesados. Não é à toa
entrando logo de sola no assunto                estão preparando para nós? Uma                 que a indústria cinematográfica serviçal
quando vi, no HULK 2008, produção               desculpa, uma justificativa, para ratificar    da burguesia capitalista internacional
norte-americana, o exército dos Estados         ações de desrespeito à soberania               produziu nesse período, em Hollywood,
Unidos invadindo uma favela brasileira          nacional?                                      tantos longas-metragens cuja temática
para capturar seu monstrengo verde                      Não vou fechar questão. Estou          principal foram as armas, a violência, as
produzido em laboratório; cujo General          abrindo o questionamento, estou                chacinas, o tráfico de drogas, genocídios
comandante deseja transformar aquele            colocando a dúvida na mesa, porque             e fratricídios, sempre com a justificativa
tipo de mutação em super soldiers, armas        Hollywood só nos traz certezas e               de que se está retratando a realidade
humanas, super soldados, etc., e assim          convicções! O fundamento destas                mas até onde o cinema e as artes áudios-
tentar dominar outros Afeganistãos,             certezas e convicções é ideológico, mas        visuais não re-criam elas mesmas uma
Iraques, Vietnãs, quiçá Amazônias, quiçá        depois de Foucault não se pode mais            nova realidade a partir do que forjam em
Brasis...!!!                                    falar de ideologia que se é logo taxado de     suas histórias, nas telas dos cinemas? Até
        No filme, é como se não existissem      xiita, radical e outros rótulos mais que o     que ponto o cinema é influenciado e até
Forças Armadas no Brasil, não existisse         capitalismo inventou e instaurou como          onde ele influencia no imaginário do
nem governo no Brasil, na verdade eles          verdade para reduzir seus críticos e           inconsciente coletivo? Deixo essas
consideram o Brasil como um quintal             minimizar aqueles que questionam suas          questões com o leitor, para que observe,
deles, lugar comum onde eles podem              práticas xenófobas e genocidas.                analise, teça suas próprias considerações
entrar e sair impunemente conforme sua                  A indústria bélica que financiou a     e mantenha bem abertos os olhos. Leia
própria vontade! Afinal o filme nem             campanha do Presidente dos Estados             as entrelinhas, as letras e palavras que
sequer cogita uma comunicação com o             Unidos, George W Bush, vem sendo               não foram escritas, as imagens que não
Exército Brasileiro ou com o Governo do         muito bem remunerada nestes anos de            foram gravadas, escute o silêncio, tateie
Brasil. Tive a impressão de que se deseja       seus governos (Governo para os norte-          o inalcançável e esteja alerta pois assim
semear essa idéia, torná-la comum no            americanos e des-governo para os povos         como o Iraque e a Bolívia têm petróleo,
inconsciente coletivo: que é possível           do Oriente Médio, da América Latina e          nós temos aqüíferos, nós temos o
aquilo que acontece lá a invasão-               algumas nações do Extremo Oriente),            Pantanal e nós temos a Amazônia!
intervenção que fere os princípios de paz       com a perseguição a Osama Bin Laden, ao
entre as nações, desrespeitando                 terrorismo como um todo , já que os EUA        _____________________
fronteiras, ameaçando a paz continental.        combatem o terrorismo com terrorismo           Diacui Pataxó
E então, no dia em que acontecer, já            de Estado - a invasão ao Iraque e tantas       Professora de Filosofia, Arte, Religião e
estará banalizado entre nós, será               outras ações imperialistas comandadas          História, especialista em Política
considerado como uma coisa corriqueira-         por esse lunático que mata crianças,           Educacional e vive em Ilhéus.
mais ou menos o que a Colômbia fez no           destrói hospitais e mesquitas, financia        diacui_pataxo@hotmail.com
Equador para matar os guerrilheiros das         golpes de Estado nas democracias da
FARC, ajudada pelas intelligentsia do FBI       América Latina e manda seus jovens à


                                                                        Já não ouso mais destilar teu amor.
                                                                        Me encontro nu, rastejando entre cacos de espelhos.

            Ódio (ou o paradoxo do esquecimento)                        A síntese das horas é amar-te.
                        Daniel Santos                                   Sinto ódio e tanto te desejar, ódio em vários graus.
                                                                        Queria encontrar a finitude, com ela conversar nessa tarde cinza e
Esquartejei em pedaços meu silêncio                                     nela espargir-me...
E lavo com seu sangue a minha alma imunda de tuas recordações.          Poder reconstruir minhas asas e escapar de mim mesmo, pois em mim
Arranco meus olhos para deixar de ver-te;                               tu habitas.
Mas insistes e vagar em meus subterrâneos.
Persegues-me? Ou tua existência é a mais torpe das torturas?            {Não sabes o quanto sofro no paradoxo do esquecimento!}
Em vão abortam de tua garganta palavras encardidas (não as ouço).
                                                                        Imperai finitude... Em prantos encontro-me em teus braços.
.


                                                                                                              Por Acton Lobo
                                                                             O período de criação da obra tem como contexto político,
                                                                     o acirramento do revanchismo belicista por parte de grupos
                                                                     políticos radicais, oriundos da classe burguesa alemã. É dentro
                                                                     desse ambiente claustrofóbico que surge o personagem
                                                                     principal da história; que, por conta da inadaptabilidade social,
                                                                     mantêm-se, inteiramente “às margens do mundo convencional”,
                                                                     aprofundando assim, uma conflituosa relação com o seu alter-
                                                                     ego. Este, que cada vez mais domina a sua personalidade.
                                                                             Utilizando-se de elementos da psicanálise na construção
                                                                     de seus personagens, Hesse; expõe os inerentes conflitos que
                                                                     compõem os “impulsos naturais do ser e as contenções do
                                                                     espírito”, antagonismos e dualismos que atormentam e afligem
                                                                     os indivíduos na sociedade moderna.
                                                                             As profundas observações psicológicas existente na obra,
                                                                     felizmente não impedem a sua compreensão e a visualização do
                                                                     universo apresentado por Hesse. Pelo contrário, ela convida,
                                                                     envolve e lentamente subverte a sua psique, ampliando o olhar
                                                                     para si dentro de si, graças à luminosidade de seu estilo e ao
                                                                     poderoso arsenal léxico de suas construções elaboradas.
                                                                             Apesar de ter sido escrito em 1927, “O Lobo da Estepe”
                                                                     ainda hoje apresenta-se atual e perturbadoramente desafiador,
                                                                     pois os anseios, impulsos e sentimentos que norteiam os
      P   ara àqueles que não procuram estar em dias com os          indivíduos e a sua existência são comuns e independem da
                                                                     sociedade em que vive. Como o próprio Hesse disse: “ (...) A
“sucessos” literários do momento, e que fogem de leituras
                                                                     história do Lobo da Estepe é, sem dúvida alguma, de sofrimento
inócuas, eis que indico o livro “O Lobo da Estepe” do escritor
                                                                     e necessidades, mas mesmo assim não é um livro de um homem
alemão, Hermann Hesse. Este autor, Prêmio Nobel de Literatura
                                                                     em desespero, mas o de um homem que crê. Embora trate de
em 1946, através dessa obra-prima retrata a fascinante história
                                                                     enfermidade e crise, não conduz à destruição e à morte, mas ao
de um homem em conflito com a sociedade burguesa de sua
                                                                     contrario, à redenção”.
época, os símbolos de poder e os ideais estéticos vigente na
                                                                             Sendo assim, recomendo para todos que são ávidos por
Alemanha, logo após a Primeira Guerra Mundial.
                                                                     uma literatura que como eu disse, foge do comum.




           ALÍVIO               Por Naiara “Ariana”.                      EFÊMERA                 Por Manoel das Neves

     Respirar o sabor do alívio
     Cantar o mar com sorrisos                                    Apenas uma noite,
     Dançar na chuva descalça                                     E a saudade que senti não foi do costume,
     Sentir o calor dos seus braços                               A demanda não foi da rotina,
                                                                  Amei sem desfrutar dos venenos da vida.
     Suspirar em teu corpo
     Calar-me no silêncio dos teus gestos                         Apenas numa noite,
     Beijar-te com o ardor dos meus olhos                         Percebi este amor em todos os signos,
     Comer-te como um sonho interrompido                          O encontro, o gozo, o abandono,
                                                                  Choros, risos e vontades.
     E neste dia em meu seio
     Quero que deságües tua parte                                 Deixei morrer, para continuar vivo
     E junto a minha face                                         Em busca de sabores e lugares.
     Revele o prazer que juntos escondemos                        Um verdadeiro amor, numa noite,
     No âmago da nossa rotina                                     A vida sem vaidades.
     Mas reveladas na sutileza de nossos afetos.
MULHERES MULTIFACETADAS: AVENTURAS EM SAJ -
                                           UM MUNDO DE POSSIBILIDADES!!!
                                                     O desejo latente de vivenciar        prostituímos      por     prazer:    pelo
      Q    uando      aqui     chegamos
                                             novas emoções nos rever velhos
                                             conceitos, dirimir antigas concepções e
                                                                                          conhecimento, pela intelectualidade,
                                                                                          pelo alargamento das nossas idéias, pela
trazíamos na bagagem pesos de uma            quebrar nossos tabus. Adotamos uma           construção de nossas próprias histórias.
vidinha simplista, limitada e cheia de       filosofia de vida onde “é proibido           Aqui experimentamos o sagrado e o
pudores. Não sabíamos o que a vida nos       proibir”! Zonas erógenas, as quais jamais    profano tudo isso pela satisfação do
reservava. Atravessamos nossos medos e       pensávamos nos proporcionar prazer           corpo e do espírito, descobrimos o gosto
fronteiras que pareciam, até então,          foram descobertas, a cada nova               de sermos pueris e depravadas. Sermos
intransponíveis.                             experiência que vivemos, uma festa! Um       humanamente possíveis.
       O medo da solidão nos aproximou.      turbilhão de prazeres        verdadeiros            Nessa primeira etapa de rupturas
A convivência nos tornou intimas. O          orgasmos múltiplos.                          e conflitos entre o velho e o novo, ainda
cotidiano nos revelou semelhanças de                 O primeiro impacto: sexual. Em       somos aprendizes no “burilar” do mundo
identidades e, aqui em SAJ, descobrimos      SAJ, tudo é possível. Extravasamos           multifacetado de SAJ, as promessas são
que poderíamos aflorar nossos desejos e      desejos antes contidos e saímos do           muitas, as possibilidades infindas, as
externar de diversas formas nossas           campo da imaginação para nos permitir        experiências serão várias, aguardaremos
vontades.                                    realizar nossas fantasias, sem privar        ansiosas para nas próximas edições
       Nós enganamos quando aqui             nossos corpos do prazer.                     relatarmos mais farpas dos múltiplos
chegamos. O que era pra ser uma reclusa              O primeiro desejo realizado: sexo    gozos que provaremos.
vida de intelectuais tornou-se um mundo      por prazer. Hum, que prazer! Pela
de múltiplas possibilidades. Estamos         primeira vez liberamos nossos desejos               * Saudações a Fanny Hill, Norma
experimentando novas cores, novos            contidos em cada gemido. O segundo           Lúcia, Madame Bovary, Luísa (a prima de
sabores, novas essências, novos prazeres     desejo:      sexo    selvagem...     Aqui    Basílio), etc... no entanto, a grande obra
(antes nos limitávamos a um objeto de        descobrimos que isso é coisa da              da pós-modernidade, definitivamente, é
prazer), hoje buscamos o prazer no que é     “malemolência do Recôncavo baiano”.          o mundo das possibilidades!
inédito - o novo e proibido. Começamos a     Hum, que afrodisíaco! Atravessamos a
desbravar novas fronteiras permeando o       fronteira do imagético e desvencilhamos            Em tempos de “política”, texto
caminho dos múltiplos orgasmos.              nossos corpos do proibido, fomos             enviado por leitoras mais preocupadas
Confessamos que no início ficamos            totalmente vadias. Perdemos nossa            em viver.
receosas pelas novidades e diferenças        virgindade moral e adoramos ser “putas”.
que SAJ nos apresentou. Tudo era novo e                                                      Continuem enviando, caros leitores e
exótico.                                            No submundo de SAJ, nos                              leitoras!




                                           Jogo de luzes                             Por Leandro Bulhões

     Quando te quis ali já não sabia ter de mim qualquer movimento. O não - agir é um espelho submerso em águas conhecidas onde
meus desejos se turvam até mesmo para mim que procuro imagem refletida... Narciso às avessas, brinco, canto e dissimulo. Encontro
         outros, entre passos e palavras, em qualquer espaço de relances e descuidos, realizando longos passeios em mim.

            Mas, como se de súbito precisasse viver, evanesço em agonias, e nesse desvelamento de alma, penso (gratuito, verdade
insuficiente!) nesse teu olho que por hora perpassa meu corpo como uma carícia desejada... Desço novamente degraus de ineficiências
 e, nesta sombra densa, me observas. Misturo-me às arestas de luz que saem de teus olhos como um farol refratando minha matéria e
   dissolvo-me entre pigmentos nossos, pedaços de vidas silenciosas que se tocam ali, numa dança em cadência de poeira de corpos
                                                          quietos à espreita.

                    Ainda elimino do mundo qualquer porção de superfície convencional de aparência. Cá onde reino.
Abençoai as Hienas                                                                     Por Cristiane Puridade
                                              para fazer suas pós-graduações e              coletivo naquele período - e que parece
  E       u disse que voltaria, pois bem
                                              conseguirem suas vagas nas instituições
                                              de ensino superior, a preocupação com o
                                                                                            durar até hoje -, essa canção foi
                                                                                            imortalizada na voz do saudoso cantor
eis aqui. Outubro está chegando, mês das      desempenho do aluno não existe, após          Jessé, apesar de ter sido composta há
crianças - não precisam mudar de página       almejarem seus objetivos dão uma              quase quarenta anos, se faz atual, é uma
não vou escrever sobre infância e             “banana” para o ensino básico, a maior        “homenagem”          às    “hienas    da
bonecas novamente, risos! -, mas, existe                                                    educação”,mas, é sabido que as “hienas”
outra data no calendário escolar que         parte    tornam-se      sindicalistas    na    estão em todos os segmentos sociais do
apesar de não gerar lucro para os            Academia e levantam a bandeira do              nosso país, que podemos considerar um
comerciantes, é muito                                      “Ensino superior Laico,          verdadeiro “Paraíso das hienas”.
significativa, o dia 15       Peço licença aos             Gratuito e de Qualidade”;
de outubro - Dia do                                                Os COMERCIANTES:         Paraíso das Hienas
Professor. Não serei             verdadeiros               usam a educação como             Abençoai as hienas
piegas,       romântica,    mestres do saber atividade exclusivamente                       Principalmente as morenas
sonhadora - como                                           comercial colocando o            Tricampeãs mundiais
costumam rotular-me -       para demonstrar a conhecimento                         como     Pois desse lado do muro
e não escreverei aqui
sobre meus colegas
                            minha indignação e             mercadoria         e       os    O jogo é tão duro, meu pai
                                                           estudantes como meros            Que só ter piedade de nós não vale a
que       como       Eu, repúdio àqueles que depositários                          deste    pena
acreditam             na                                   conhecimento;                    Oração não voga quando não há vaga
educação          como             se titulam                      Os            “TAPA-     Coração não roga quando só a raiva
instrumento          de     professores e que BURACOS”: Não são                             E a roupa do corpo três vezes ao dia
transformação do ser                                       licenciados, profissionais       Novena não paga ao homem da venda
humano,             que        não passam de               de        outras        áreas,   Não adianta nada, não enche barriga
trabalham com afinco          usurpadores do               geralmente                       Subir de joelhos as escadarias
e dedicação, que                                           desempregados,            que    Abençoai as hienas
auxiliam na formação                aparelho               ensinam só para poder ter        Principalmente as “da Silva”
não       de     meros                                     uma “graninha” no final do       Campeãs de carnavais
reprodutores          de
                                 educacional.
                                                           mês,       enquanto       não    Pois desse lado do beco
conhecimento e sim                                         encontram “nada melhor”,         O olhar é tão seco, meu pai
de cidadãos críticos e conscientes do seu    pois acreditam que ser professor não           Que só ter piedade de nós não vale a
papel como sujeitos sociais. Seria           exige muito do seu tempo, e podem              pena.
repetitiva se fizesse isso, pois acredito    continuar procurando emprego;
que nós sabemos da nossa importância                Os ACOMODADOS; são licenciados          Há e eu volto, incomodando novamente,
social e a fazemos sem precisar de           e tem preguiça de pensar, pesquisar e          como dizia o dramaturgo Dias Gomes:
condecorações diárias, até porque o “ser     planejar continuam reproduzindo o              “Quem nasceu para não incomodar, não
professor” é um tema inesgotável e que       conhecimento        tradicional, não se        deveria ter nascido”, este é meu slogan e
já recebeu todo tipo de homenagem no         renovam, acreditam que a culpa da              o das farpas. Até!
cinema, televisão, teatro, obras literárias, “educação pública, gratuita e de má
entre outros.                                qualidade”     é    exclusivamente       do    __________________
        Peço licença aos verdadeiros         “GOVERNO”. Existem outros tipos, mas,          Cristiane Puridade
mestres do saber para demonstrar a           para não deprimir vou parar por aqui.          Licenciada em História pela
minha indignação e repúdio àqueles que              Essas “hienas” que se auto-             Universidade do Estado da Bahia -
se titulam professores e que não passam      denominam PROFESSORES, deseducam,              UNEB. É professora do Centro
de usurpadores do aparelho educacional.      analfabetizam e alienam a si e as “hienas      Educacional
Leciono há quase dez anos, e observando      infanto- juvenis” que estão sob sua            de Correntina, cidade em que
a postura dos colegas, identifiquei,         tutela como educador. A esses seres            reside.
“batizei” e selecionei          tipos de     Ignóbeis que contribuem para a
profissionais da educação - qualquer         formação de cidadãos letárgicos, sem
semelhança com a realidade infelizmente      nenhum senso crítico, político e social
não é mera coincidência... - que posso       dedico uma canção - não caros leitores
denominar de qualquer outro termo            não é “Ao mestre com carinho” - a essas
menos de PROFESSORES, são estes:             criaturas o desprezo. A música do
        Os APROVEITADORES: usam a            compositor      pernambucano        Acciolly
educação para beneficio próprio, uma         Netto, foi composta na década de 70
boa parte dos licenciados que hoje estão     para “homenagear” nossa nação que
na escola publica a utilizam como ponte      passava por um processo de bestialização
O olhar transcendental                                                                                 Por Acton Lobo
Algumas situações apresentam-se tão           “normal” como qualquer outra: Trânsito        indiferença transgressora ao mal-humor
cômicas e inusitadas que é quase              congestionado, freiadas bruscas e             do passageiros, do clima e tudo mais que
impossível não desejar eternizá-las através   repetitivas, pessoas conversando, gente       existisse. Qual poder emanava daquelas
de alguns breves parágrafos. A todo           cochilando,       tombos,       empurrões,    canções a ponto de atordoar tantos
instante as nossas retinas estão sendo        solavancos. Situações corriqueiras em se      indivíduos desconhecidos, mas, que
bombardeadas com informações sutis,           tratando de um ônibus à caminho da            comungavam da mesma ojeriza e asco?
carregadas por mensagens imperceptíveis,      região mais movimentada de Salvador: A        Que felicidade é essa que não pode ser
e que, após serem apresentadas, acabam        região do Iguatemi.                           cantada em um ambiente coletivo?
sendo dissolvidas em cores, sons e            Apesar da normalidade com que todo            Cantar em público, para si mesmo,
imagens sem ao menos proporcionar uma         aquele incômodo se apresentava, algo ali      tornou-se um ato de subversão à ordem
sinapse ou um “lampejo” revelador para        dentro contrastava com toda aquela            constituída? Tive medo da minha
quem presencia, assiste, ouve, ou             fatigante     tensão,    fornecendo      um   resposta e aprofundei-me com mais vigor
observa.                                      inesperado ingrediente àquela indesejável     em minha reflexões.
Infelizmente nem sempre é possível            e convencional ordem das coisas.              O     olhar     transcendental    daquele
captar tudo que é colocado à disposição       Estranhamente, a paz e a tranqüilidade de     momento fez-me enxergar de como a
de nossos sentidos, sendo às vezes,           cada um ali dentro, estava sendo              sociedade pós-moderna, tem imposto
necessário transcender o olhar para níveis    estremecida pelo nosso personagem             perigosas condições para a convivência
de interpretação ousadamente mais             anônimo.                                      humana. O estado de tensão contínuo, a
amplos, libertando-nos com isso, dos          Contrastando serenamente com os               aversão ao outro e as suas atitudes, por
grilhões de uma demência lúcida,              semblantes sisudos e funestos, ele cantava    mais pacificas, serenas e não-ofensivas
sabiamente agregada às desafiadoras           com uma paz advinda de uma serenidade         que se apresentem, estão sempre sendo
limitações perceptivas que tanto nos          indescritível, absorto em uma felicidade      mal       interpretadas, bloqueadas e
atordoam,       principalmente,      quando   genuína e transgressora. O seu canto          reduzidas à maliciosas especulações. Vi
estamos diante de algo aparentemente          romântico e despretensioso separava-o         naquele instante, o nascimento de um
banal, vulgar e comum.                        daquela realidade ignota e triste, servindo   “novo” primitivismo: O primitivismo pós-
A “aparência das coisas” nos ludibria a       como um imaginário e indestrutível            moderno. Primitivismo este, onde todos
todo momento, levando-nos sem hesitar a       escudo protetor em oposição aos olhares       são potenciais inimigos, bastando
intuições       imprecisas,       deduções    odiosos e abjetos, que, como lanças           somente encontrar-se em um estado de
precipitadas e especulações maliciosas.       virulentas, tentavam em vão destruí-lo.       espírito elevado para se tornar um alvo
Vitimando-nos com pré-conceituações           Quanto mais entoava as suas canções,          de opróbrios injuriosos. Naquele exato
infames, reprodutoras do ódio e do temor      proporcionalmente, revelava-se aos meus       momento, o ato de cantar do anônimo
daquilo     que     vemos,      mas,    que   sentidos como este personagem colocava        personagem, tornava-o um “espírito
paradoxalmente não enxergamos. É, por         à prova a paciência mal-humorada dos          elevado” e para os demais aquilo era algo
conta dessas “limitações perceptivas”,        passageiros. Bocas se “entortavam”            grosseiro, inusitado e explicitamente
que, não raramente, ovacionamos o que         violentamente, frenéticos movimentos          ofensivo,     e,    que necessitava ser
há de mais estúpido em nossa natureza         com os pés e pernas faziam surgir uma         liquidado a todo custo.
humana.                                       bizarra e insólita orquestra,       olhares   Levantei pronto para sair dali, pois
O personagem dessa história não tem           corroíam-se de ódio e vozes sussurravam       chegara o meu destino. Com bastante
nome, sendo que, parcamente lembro-me         palavrões como se o próprio demônio, ali      dificuldade fui equilibrando-me por entre
de sua feição. A sua voz, contudo, ecoa       estivesse, divertindo-se com o seu prazer     corpos tensos e semblantes sombrios.
em minha memória, fazendo-me recordar         solitário. Todo esse espetáculo humano        Caminhava para sair daquele ônibus, mas
de um acontecimento que tragou-me da          estava diante dos meus olhos, que a esta      antes disso, desejava unicamente ver
minha quietude pensativa e levou-me           altura, transcendia o meu “olhar” a uma       quem levava a paz à espíritos tão
suavemente, à densidade opressiva da          velocidade       atordoante,      tornando    perturbados. Então, à beira da saída do
vida      em      uma       cidade,     que   fascinante, o suplício naquele ônibus         ônibus, virei-me para visualizá-lo. Fiz um
progressivamente caminha em direção a         lotado e hermeticamente fechado, devido       sinal de positivo, lançando uma
um colapso estrutural e que assiste no        agora, ao aguaceiro instantâneo e             mensagem criptografada ao ar, e o que
presente, o futuro de seus cidadãos           arrasador que convertia às ruas da cidade     vi, foi a serenidade irradiante de um
afundar-se em um caos de imobilidade          em piscinas imundas.                          sorriso. Um sorriso de alguém que
viária, insegurança e stress urbano,          A uma certa altura, já não ouvia mais         entendeu a mensagem. É, ele sabia que
semelhantes aos verificados em outras         música alguma, e sim, um poderoso             estava transcendendo tudo aquilo...
metrópoles.                                   mantra que separava quem estava bem de         ____________________
O humor do céu tinha começado a se            fato e quem estava fenecendo por algum        *Acton Lobo é licenciado em geografia
decompor desde muito cedo, deixando           mal, seja da mente, do corpo, ou do           pela Universidade do Estado da Bahia
sobre a cidade, um espesso véu plúmbeo        espírito. Um mantra que derretia a gélida     UNEB Campus V. Atualmente reside em
e extremamente pesado. A viagem seria         realidade e se distinguia por sua             Salvador.
                                                                                            E-mail: actonlobo@hotmail.com
Aos olhos novos, àqueles que se permitem ao novo: “os olhos da Cuca”
  fragmentos de experiências de uma República que existiu em ruas próximas à
 UNEB e que hoje sobrevive na vida daqueles que a constituíram a Santas Frígidas
                              da Buarqueolândia.
É muito mais do que ser, ter ou aparentar
Do que experimentar
A palavra saudade, mesmo que unicamente se verifique em nosso idioma, não contempla esta coisa inominável
Sentir falta é uma expressão também muito vaga diante da lembrança de nossos passos em direções desordenadas, mas que se
entrecruzavam num horizonte imaginável nos nossos devaneios...
O que é o amor comparado ao entrelaçar de nossas existências?
Ah, talvez um deus saiba!
Ou ao menos compreenda esta coisa, a magnificência dos desejos realizáveis sem a lâmpada mágica do sobrenatural.
Ah como dói esta mistura de cores e sentidos antagônicos: Felicidade e infelicidade coexistem num encéfalo camarim!
Feliz pela benção ter vivido e infeliz - por ter sido extinto?
Buena vista social club hoje faz parte desta marcha implacável que me comove estridentemente
Nesse bailado cubano emergem memórias e lágrimas amalgamadas, nas quais estou submergida
Santas frígidas, paraíso reencontrado e estabelecido terrestremente em singelas casas santoantonienses:
Dionísio, Baco, Eros, Amochilê...
Estou esquartejada:
Como restituir minha alma se agora se encontra dissipada em Cachoeira, Salvador, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus e Valença?
Confetes pisoteados após a apoteose carnavalesca....
Ah, como amo e como me fustiga amar sem a correspondência de bobagens ditas...
Fomos sagrados quando intensamente profanos
Fomos água e fogo.
O som do trovão ecoa na microfonia do vivido, na convulsão misteriosa evocada na audição do Pink, do Led, dos Bobs, do Chico.
Virtudes e defeitos que nos foram legados destes olhos múltiplos e verdadeiros.
Amor...
Vocábulo simplório e medíocre quando penso....
Que somente a nós nos foi chancelado a onipotência de um sentimento muito maior.
Ai, como posso ter sido tão boba donzela ao ter me apaixonado dessa forma sem armaduras!
Me doado com tanta alma em nossas laranjeiras, nas conversas intermináveis da madrugada... Fofocas e injúrias inocentes...
Acreditando que poderia viver pa sempe protegida nas fortificações de nossa torre de marfim...
Que saudade de ser mãe, filha, irmã, mulher, amante, menina, aprisionada na plena Liberdade das frenéticas gargalhadas e no
Corpo, pele, abraços que não existiam antes dessa conspiração cósmica
Olhar e ver o outro como você, como outro, como seu e como dele;
Hoje, esfacelado e empalado nestas melancólicas malas prontas para um recomeço
Ininteligível para quem não foi: - Apenas arrogantes idiotas reunidos numa sociedade secreta para se suprirem do cotidiano
alucinógeno...
Sem saber que o entorpecente consistia no estar
Estar junto...
E querer estar...
Juntos...
Imbricados e indissociavelmente estando
Vivendo a leveza de amar e ser amado, materializada em expressões chulas ou homéricas,
A leveza do ócio, do se querer e se fazer bem, apenas no silêncio ou no respirar....
Como gostaria de voltar a sentir a respiração de cada um,
Algumas vezes ofegantes e eufóricas, as vezes apenas mecânica e necessária...
Mas de ambas as formas inebriantes e vitais,
Pois se fez minha.
Ao ouvir de cada vento emitido do peito a existência se tornava concreta
Ah, como sinto a falta de existir, apenas sentir esta presença que me fazia ter a certeza de não ser mais um esquizofrênico espectro a
vagar por entre sombras inertes,
da certeza de estar viva...

(Pelos olhos da Cuca)
Uma farpinha espetada na cabeça do seu pau

                                                                                              Por Rosagela Mercês

        Como        sempre         cansada,   tenho nada melhor pra fazer (é fato), ou
desaplaudida e desantenada do mundo           escrever (é fato). Contudo, estou me
real, vivendo num reino tão, tão, tão, tão    deliciando imaginando as discussões
distante, Leo Pó me liga e diz:               fúteis e prazerosas em torno do assunto.
        _ Rô! Já fez o texto pro jornal?      Sugiro ainda que mande pro meu e-mail
Hoje é o ultimo dia.                          com seus protestos, críticas e aplausos
        Respondo:                             (no caso específico de concordância da
        Claro! Que não.                       temática).
        Pego algumas folhas de papel e               Percebam que minha real intenção
coloco-me a pensar (um monte de               é que anotem a nova receita. Vamos
diarréias me vêem a cabeça), vou              deixar eles (os paus) de ladinho...
tentando organizar as idéias e me                                                             Equipe Outras Farpas:
recordo de uma velha discussão: É o pau                  Risoto de Camarão
que guia o homem ou vice-versa?                                                                    Acton Lôbo,
        Falar de pau é praxes entre           Ingredientes:                                       Jean Michel,
mulheres e algumas defendem a teoria                                                        Leandro Bulhões (Leo Pó);
que um homem (falo de todos os homens         2 xícaras de arroz para risoto                Manoel “Durrel” das Neves.
heteros ou homo) é bem resolvido ou           2 cubinhos de caldo de galinha ou de
não dependendo do tamanho de seu              camarão dissolvidos em 8 xícaras de água
pau.                                          fervente.                                   Colaboraram com esta edição:
        O homem com pau tamanho G             700 gramas de camarão sem casca
normalmente (independente dele - o            ½ xícara de vinho branco                   Rosangela “Rô” dos Reis Mercês; ;
homem,        ser   bonito      ou    não),   2 colheres bem cheias de manteiga                Cristiane Puridade;
normalmente é desencanado, auto-              1 cebola grande picada                              Lucas Santos;
suficiente e não tem problemas de auto-       1 pacote de queijo parmesão ralado                  Diacui Pataxo;
estima.                                       Preparo:                                            Daniel Santos;
        O tamanho M: proporcionalmente        Refogue a cebola na manteiga,                      Naiara “Ariana”;
igual.                                        acrescente o arroz e em seguida o vinho            Elí Cuca Buarque.
        No entanto, os tamanhos P e PP...     branco. Deixe o vinho evaporar por
Nossa! Esses são homens extremamente          aproximadamente 2 a 3 minutos e vá
problemáticos. Segundo relatos de             adicionando, aos poucos, a água já                  E-mail:
algumas mulheres que tiveram relações         misturada com o caldo de galinha ou        outrasfarpas@gmail.com
sexuais ou até se casaram com homens          camarão;
de pau P e PP, eles são inseguros,            Por fim acrescente o camarão
extremamente ciumentos e se comparam          previamente temperado em sal, alho e
com outros homens constantemente.             caldo de limão, mexendo sempre por 5
Além disso, normalmente, apresentam           minutos;
dificuldades de ereção ou ejaculam            Rende 6 porções generosas, sirva quente
precocemente. Tudo fruto do psicológico       e salpique queijo parmesão ralado ao
dos caras.                                    prato.
        Calma gente! Isso não é regra,
nem tão pouco baseado em nenhum
estudo científico, são só devaneios de        -------------------------------
mulheres como eu que pensam em pau            Rosangela dos Reis Mercês Santos
ou os desejam pra sua satisfação sexual.      Psicopedagoga, graduanda em História
Essas coisas são tão relativas... e várias    da UNEB
discussões politicamente corretas que eu      E-mail: roreismerces@hotmail.com
poderia sugerir aqui podem ser
devidamente suplantadas por um velho e
sábio provérbio de vovó:
        “O problema de comer a lingüiça é
ter que levar o porco”.
        Você deve estar pensando que não

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Revista encontro literário edital 01.2011
Revista encontro literário   edital 01.2011Revista encontro literário   edital 01.2011
Revista encontro literário edital 01.2011Ailton
 
Calendário Mensal: Julho 2010
Calendário Mensal: Julho 2010Calendário Mensal: Julho 2010
Calendário Mensal: Julho 2010Gisele Santos
 
Poesias e pensamentos Cidinei Barbosa
Poesias e pensamentos Cidinei BarbosaPoesias e pensamentos Cidinei Barbosa
Poesias e pensamentos Cidinei BarbosaCidinei Milagres
 
Passageiro de Um Falso Lugar
Passageiro de Um Falso LugarPassageiro de Um Falso Lugar
Passageiro de Um Falso LugarPaulo Maia
 
Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo
Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo
Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo August Melo
 
Pinturase Poesias
Pinturase PoesiasPinturase Poesias
Pinturase Poesiastaigua
 
Poucas palavras
Poucas palavrasPoucas palavras
Poucas palavrasovelhaleal
 
Contos de um coração quebrado
Contos de um coração quebradoContos de um coração quebrado
Contos de um coração quebradoRaquel Alves
 
E-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações PoéticasE-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações PoéticasLara Utzig
 
Calendário junho 2010_rosely
Calendário junho 2010_roselyCalendário junho 2010_rosely
Calendário junho 2010_roselyGisele Santos
 
Jornal íntimo mariajoaofranco poemas
Jornal íntimo mariajoaofranco poemasJornal íntimo mariajoaofranco poemas
Jornal íntimo mariajoaofranco poemasMaria Franco
 

Mais procurados (20)

Revista encontro literário edital 01.2011
Revista encontro literário   edital 01.2011Revista encontro literário   edital 01.2011
Revista encontro literário edital 01.2011
 
Pinturas poesias
Pinturas poesiasPinturas poesias
Pinturas poesias
 
Calendário Mensal: Julho 2010
Calendário Mensal: Julho 2010Calendário Mensal: Julho 2010
Calendário Mensal: Julho 2010
 
Poesias e pensamentos Cidinei Barbosa
Poesias e pensamentos Cidinei BarbosaPoesias e pensamentos Cidinei Barbosa
Poesias e pensamentos Cidinei Barbosa
 
Passageiro de Um Falso Lugar
Passageiro de Um Falso LugarPassageiro de Um Falso Lugar
Passageiro de Um Falso Lugar
 
Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias Escolhendo Poesias
Escolhendo Poesias
 
Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo
Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo
Escritos que quase ninguém quis ler - August Melo
 
Pinturase Poesias
Pinturase PoesiasPinturase Poesias
Pinturase Poesias
 
Poucas palavras
Poucas palavrasPoucas palavras
Poucas palavras
 
Contos de um coração quebrado
Contos de um coração quebradoContos de um coração quebrado
Contos de um coração quebrado
 
E-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações PoéticasE-book Sete Estações Poéticas
E-book Sete Estações Poéticas
 
Filipa Duarte
Filipa Duarte Filipa Duarte
Filipa Duarte
 
Poemas ppt
Poemas pptPoemas ppt
Poemas ppt
 
PINTURAS E POESIAS
PINTURAS E POESIASPINTURAS E POESIAS
PINTURAS E POESIAS
 
Sexo e Destino cap14
Sexo e Destino cap14Sexo e Destino cap14
Sexo e Destino cap14
 
Revista literatas edição 15
Revista literatas   edição 15Revista literatas   edição 15
Revista literatas edição 15
 
A MULHER EM TODOS OS SENTIDOS
A MULHER EM TODOS OS SENTIDOSA MULHER EM TODOS OS SENTIDOS
A MULHER EM TODOS OS SENTIDOS
 
Calendário junho 2010_rosely
Calendário junho 2010_roselyCalendário junho 2010_rosely
Calendário junho 2010_rosely
 
Jornal íntimo mariajoaofranco poemas
Jornal íntimo mariajoaofranco poemasJornal íntimo mariajoaofranco poemas
Jornal íntimo mariajoaofranco poemas
 
Imagens e poesias
Imagens e poesiasImagens e poesias
Imagens e poesias
 

Semelhante a Edição III do Outras Farpas aborda diversos temas

Sem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um AcenoSem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um Acenoguesta47b474
 
Sequência didática primeiro beijo
Sequência didática primeiro beijoSequência didática primeiro beijo
Sequência didática primeiro beijodepenapolis
 
O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011
O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011
O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011Marcos Gimenes Salun
 
Osho - Vá Com Calma.pdf
Osho - Vá Com Calma.pdfOsho - Vá Com Calma.pdf
Osho - Vá Com Calma.pdfHubertoRohden2
 
Sem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_acenoSem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_acenoHBMenezes
 
Ed 2. chispas literarias
Ed 2.   chispas literariasEd 2.   chispas literarias
Ed 2. chispas literariasDouglasAbreu4
 
Fernando Pessoa - O Poeta Enigma
Fernando Pessoa - O Poeta EnigmaFernando Pessoa - O Poeta Enigma
Fernando Pessoa - O Poeta EnigmaFabio Lemes
 
Meu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blogMeu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blogqueilebpromero
 
Meu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blogMeu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blogqueilebpromero
 
Revista subversa 6ª ed.
Revista subversa 6ª ed.Revista subversa 6ª ed.
Revista subversa 6ª ed.Canal Subversa
 
000 capa a 022 final aka om lind mundo
000 capa a 022 final aka om lind mundo000 capa a 022 final aka om lind mundo
000 capa a 022 final aka om lind mundoNuno Quaresma
 
Pelo que Vale a Pena Viver
Pelo que Vale a Pena ViverPelo que Vale a Pena Viver
Pelo que Vale a Pena ViverCarlos Correa
 
O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011
O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011
O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011Marcos Gimenes Salun
 
Boletim esperança 17
Boletim esperança 17Boletim esperança 17
Boletim esperança 17Robervaldu
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15quintaldasletras
 
Modernismo 2ª fase (Poesia)
Modernismo  2ª fase (Poesia)Modernismo  2ª fase (Poesia)
Modernismo 2ª fase (Poesia)Cynthia Funchal
 
023 a contra capa a 044 aka om lind mundo
023 a contra capa a 044  aka om lind mundo023 a contra capa a 044  aka om lind mundo
023 a contra capa a 044 aka om lind mundoNuno Quaresma
 

Semelhante a Edição III do Outras Farpas aborda diversos temas (20)

Sem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um AcenoSem Ao Menos Um Aceno
Sem Ao Menos Um Aceno
 
Sequência didática primeiro beijo
Sequência didática primeiro beijoSequência didática primeiro beijo
Sequência didática primeiro beijo
 
O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011
O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011
O Bandeirante - n.222 - Maio de 2011
 
Osho - Vá Com Calma.pdf
Osho - Vá Com Calma.pdfOsho - Vá Com Calma.pdf
Osho - Vá Com Calma.pdf
 
Sem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_acenoSem ao menos_um_aceno
Sem ao menos_um_aceno
 
Pelo que vale a pena viver?
Pelo que vale a pena viver?Pelo que vale a pena viver?
Pelo que vale a pena viver?
 
Ed 2. chispas literarias
Ed 2.   chispas literariasEd 2.   chispas literarias
Ed 2. chispas literarias
 
Fernando Pessoa - O Poeta Enigma
Fernando Pessoa - O Poeta EnigmaFernando Pessoa - O Poeta Enigma
Fernando Pessoa - O Poeta Enigma
 
Meu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blogMeu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blog
 
Meu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blogMeu primeiro beijo blog
Meu primeiro beijo blog
 
Revista subversa 6ª ed.
Revista subversa 6ª ed.Revista subversa 6ª ed.
Revista subversa 6ª ed.
 
000 capa a 022 final aka om lind mundo
000 capa a 022 final aka om lind mundo000 capa a 022 final aka om lind mundo
000 capa a 022 final aka om lind mundo
 
Pelo que Vale a Pena Viver
Pelo que Vale a Pena ViverPelo que Vale a Pena Viver
Pelo que Vale a Pena Viver
 
O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011
O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011
O Bandeirante - n.221 - Abril de 2011
 
Pelo que vale a pena viver
Pelo que vale a pena viverPelo que vale a pena viver
Pelo que vale a pena viver
 
Boletim esperança 17
Boletim esperança 17Boletim esperança 17
Boletim esperança 17
 
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
Pessoa ortónimo proposta para análise de poemas 14_15
 
Modernismo 2ª fase (Poesia)
Modernismo  2ª fase (Poesia)Modernismo  2ª fase (Poesia)
Modernismo 2ª fase (Poesia)
 
Claro enigma
Claro enigmaClaro enigma
Claro enigma
 
023 a contra capa a 044 aka om lind mundo
023 a contra capa a 044  aka om lind mundo023 a contra capa a 044  aka om lind mundo
023 a contra capa a 044 aka om lind mundo
 

Edição III do Outras Farpas aborda diversos temas

  • 1. Ano I - Edição III A terceira vez, a terceira edição. Cá estamos nós novamente, caros leitores, e muito gratos com as participações, críticas e diferentes opiniões que têm surgido. Algumas pessoas têm perguntado o que queremos com o Outras Farpas, quais são nossos “verdadeiros” objetivos, vertentes políticas, etc, etc. O Outras Farpas, no entanto, está do “outro lado”, pertence a uma outra coisa, momento e proposta, não precisa de rótulos, não anseia por um “perfil”, não carece de armaduras. E é por isso, leitores e amigos, que cá ecoamos um “outro” grito: Foto: Manoel Neves “Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça para o total.“ Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas Transcodificação... Definir alguém é estuprá-lo em suas múltiplas possibilidades indefiníveis. Se definir é assassinar em si mesmo essas possibilidades. Não sei ao certo o que sou, mas certamente o que penso que sou não condiz com o que as outras pessoas pensam de mim, nesse ponto lembro da máxima de Pessoa que diz “pensar é estar doente dos olhos”. Os homens costumam orgulhar-se de “ser algo”, mas esse “algo” é apenas uma construção, não pode ser outra coisa senão uma construção. Não sou fraco o suficiente para forjar uma personalidade e apresentá-la de pronto “eis o homem!”. Estou aberto a todas as interpretações, nenhuma me é agressiva e inaceitável, sei bem tolerar todas as impressões com relação a mim, elas me revigoram, me fortalecem! Escarneço das certezas humanas, tudo que há de mais seguro na humanidade me parece vazio e sem sentido, duvido profundamente de todas as “verdades” canonizadas pelo tempo e pela cultura... a própria definição de homem me parece uma construção absurda e desinteressante. Quando pensamos na palavra HOMEM nos remetemos inevitavelmente à idéia de HUMANIDADE, duas mentiras atraentes, mas não suficientemente poderosas para me convencer. Para além das palavras e seus significados há a vida em si, que não é nada mais que um fragmento sem passado nem futuro! Portanto, vivamos sem medidas nem fronteiras, deixemos os conceitos e as definições pros tiranos e seus escravos, conscientizemo-nos que não somos absolutamente nada e talvez assim cheguemos mais próximos de uma definição apropriada de nós mesmos! Santo Antonio de Jesus, 30 de setembro de 2008. Leandro Bulhões e Jean Michel F. Santos
  • 2. Pós-Modernidade em 1/4 Por Jean Michel F. Santos ininterrupto e convulsivo! Nossos campos levantaram as florzinhas mais N ão viemos plantar sementes, estômagos são pequenos demais, nós os explodiremos e riremos disso. leves e delicadas provocando em todo o universo uma sensação também de viemos colher os frutos. Não somos bons, nem maus, nem leveza... E quando todos saíram de suas A marreta é uma extensão de rancorosos, nem simples, nem felizes, nem casas para -reunidos - contemplarem tal nosso corpo, é nossa mão direita, a tristonhos - essas palavrinhas não dizem manifestação divina e foram esquerda é uma picareta! nada! Simplesmente não somos e gozamos transpassados (todos) por um sentimento Nós, os apologistas do contrário, muito em não ser! de renascimento e mudança e compaixão somos tudo que há, sem ser nada - e Aquilo que te custou mais caro, teu e sensibilidade, ... nós, acordamos tarde, temos consciência disso! sonho mais íntimo, tua meta mais preciosa, cansados e ressaquiados, e quando nos Nada deixaremos para as próximas teu principal objetivo, joga-o fora e contaram os últimos acontecimentos... gerações a não ser o cheiro nostálgico de entenderás um milésimo do nosso Rimos, nos viramos pro lado e voltamos a nossa fluidez, o ranço cansado de nosso desprezo... dormir! gozo demorado e o desprezo displicente Quando raiou o mais lindo dia, e de nossas vidas que não valem e jamais toda a natureza espreguiçou-se orgulhosa ___________________ valerão nada: um fragmento de nada! e contente: os pássaros cantaram seus Jean Michel F. Santos é licenciado em Sim, éramos fortes demais para o mais predestinados cantos, as planícies e história pela Universidade do Estado da casulo, quebramos a casca e nos colinas e montanhas e florestas se Bahia UNEB Campus V, Mestrando em libertamos, porém o mundo não ganhou incendiaram com a luminosidade de todas Cultura, Memória e Desenvolvimento novas borboletas! A nossa fome é de as cores numa dança caleidoscópica e Regional também pela UNEB Campus V e agora, e engolimos com pressa. E nossa radiante, e quando os ventos mais suaves e Graduando do curso de direito da UNEB existência é um eterno engolir gentis roçaram a face das águas e nos Campus XV. Atualmente reside entre Valença e Santo Antonio de Jesus. Chateada Por Manoel Neves mulher, e não havia o que pudesse ser feito, jamais alcançaria a Q uando ele finalmente retornou sabe-se lá de onde plena compreensão de como pensava aquele ser. Para encerrar, concluiu que ambos eram metades estava, ela continuava em sua frente, ainda a reclamar, e foi bem condenadas a buscar eternamente seus encerramentos um no no momento em que pronunciava a última frase de seu longo outro, custasse o que custasse. discurso: Acordou do transe e um pouco envergonhado percebeu “Não vou guardar mágoa por isso, mas entenda que você que ela havia notado que ele estivera longe. me deixou chateada.” Meio sem graça, mas com o peito dilacerado pela Chateada, ele a havia deixado chateada. Naquele mesmo admiração, não esboçou outro tipo de reação a não ser instante novamente a companheira e deu início a uma nova ostentar um leve e cândido sorriso, talvez o mais sincero desde viagem. Pouco importava o que ele havia feito ou deixado de a sua remota infância, sorriso este que, incompreendido pela fazer, o fato era que havia provocado nela uma reação ímpar: ela alma feminina, que tal qual a masculina, lança uma projeção de estava chateada! si mesma para tentar entender o outro, aborreceu a jovem Dentro do seu universo, esta conseqüência despertou uma ainda mais. admirada incompreensão ao defrontá-lo com a forma feminina “Do que está rindo? Poxa, você nem presta atenção ao do particípio do verbo chatear. De repente achou tão lindo o fato que eu digo.” de as mulheres terem uma forma só delas de expressar seu “Meu bem, eu te amo!” Disse com a feição mais sincera, aborrecimento, algo tão diferente, tão somente conjeturável à decodificada como sendo a expressão da cara mais deslavada. percepção masculina, e tal constatação o guiou por uma estrada “Ainda por cima é cínico. Olha, eu vou embora. Nem sei de devaneios onde o ecoar daquela palavra, dita por voz tão o que vim fazer aqui hoje.” suave, ganhava nova significação, adquirindo ares extremamente “Ta bom meu anjo, pode ir... mas estou falando sério, ta sedutores. bom?” Poderia passar horas ouvindo-a dizer que estava chateada, Ela resmungou e saiu. Talvez no fundo soubesse que ele sem por sua vez se chatear com isso. Foi quando sua viagem realmente a amava. passou então a buscar concentração naquelas formas delicadas, Ele sorriu mais um pouco e ali ficou, inundado por um naquele olhar sério, lábios cerrados, ouvidos atentos, prostrados mar de tranqüilidade, envolvido nas suaves ondas da certeza de em sua frente, aguardando a confissão da culpa. Estava tão linda, que outros momentos como aquele fariam parte do por vir, séria, fragilizada, sensibilizada, ornada por uma multidão de feliz por saber que nem sempre reagiria da melhor forma para adjetivos terminados com a letra “a”. Estava diante de uma os dois, se é que tal reação pudesse existir.
  • 3. CINEMA E “REALIDADE” Reflexões da professora que vê ( parodiando Bertolt Brecht) Por Diacuí Pataxó e da CIA. .Aliás, essa é a justificativa do morte nas trincheiras para salvar a General o tempo inteiro: que ele é um própria pele e defender os interesses dos Q ual não foi minha surpresa pra ir fugitivo! Então ele ser um fugitivo justifica a invasão? Será que é isso que arqui-bilionários empresários da indústria de armamentos pesados. Não é à toa entrando logo de sola no assunto estão preparando para nós? Uma que a indústria cinematográfica serviçal quando vi, no HULK 2008, produção desculpa, uma justificativa, para ratificar da burguesia capitalista internacional norte-americana, o exército dos Estados ações de desrespeito à soberania produziu nesse período, em Hollywood, Unidos invadindo uma favela brasileira nacional? tantos longas-metragens cuja temática para capturar seu monstrengo verde Não vou fechar questão. Estou principal foram as armas, a violência, as produzido em laboratório; cujo General abrindo o questionamento, estou chacinas, o tráfico de drogas, genocídios comandante deseja transformar aquele colocando a dúvida na mesa, porque e fratricídios, sempre com a justificativa tipo de mutação em super soldiers, armas Hollywood só nos traz certezas e de que se está retratando a realidade humanas, super soldados, etc., e assim convicções! O fundamento destas mas até onde o cinema e as artes áudios- tentar dominar outros Afeganistãos, certezas e convicções é ideológico, mas visuais não re-criam elas mesmas uma Iraques, Vietnãs, quiçá Amazônias, quiçá depois de Foucault não se pode mais nova realidade a partir do que forjam em Brasis...!!! falar de ideologia que se é logo taxado de suas histórias, nas telas dos cinemas? Até No filme, é como se não existissem xiita, radical e outros rótulos mais que o que ponto o cinema é influenciado e até Forças Armadas no Brasil, não existisse capitalismo inventou e instaurou como onde ele influencia no imaginário do nem governo no Brasil, na verdade eles verdade para reduzir seus críticos e inconsciente coletivo? Deixo essas consideram o Brasil como um quintal minimizar aqueles que questionam suas questões com o leitor, para que observe, deles, lugar comum onde eles podem práticas xenófobas e genocidas. analise, teça suas próprias considerações entrar e sair impunemente conforme sua A indústria bélica que financiou a e mantenha bem abertos os olhos. Leia própria vontade! Afinal o filme nem campanha do Presidente dos Estados as entrelinhas, as letras e palavras que sequer cogita uma comunicação com o Unidos, George W Bush, vem sendo não foram escritas, as imagens que não Exército Brasileiro ou com o Governo do muito bem remunerada nestes anos de foram gravadas, escute o silêncio, tateie Brasil. Tive a impressão de que se deseja seus governos (Governo para os norte- o inalcançável e esteja alerta pois assim semear essa idéia, torná-la comum no americanos e des-governo para os povos como o Iraque e a Bolívia têm petróleo, inconsciente coletivo: que é possível do Oriente Médio, da América Latina e nós temos aqüíferos, nós temos o aquilo que acontece lá a invasão- algumas nações do Extremo Oriente), Pantanal e nós temos a Amazônia! intervenção que fere os princípios de paz com a perseguição a Osama Bin Laden, ao entre as nações, desrespeitando terrorismo como um todo , já que os EUA _____________________ fronteiras, ameaçando a paz continental. combatem o terrorismo com terrorismo Diacui Pataxó E então, no dia em que acontecer, já de Estado - a invasão ao Iraque e tantas Professora de Filosofia, Arte, Religião e estará banalizado entre nós, será outras ações imperialistas comandadas História, especialista em Política considerado como uma coisa corriqueira- por esse lunático que mata crianças, Educacional e vive em Ilhéus. mais ou menos o que a Colômbia fez no destrói hospitais e mesquitas, financia diacui_pataxo@hotmail.com Equador para matar os guerrilheiros das golpes de Estado nas democracias da FARC, ajudada pelas intelligentsia do FBI América Latina e manda seus jovens à Já não ouso mais destilar teu amor. Me encontro nu, rastejando entre cacos de espelhos. Ódio (ou o paradoxo do esquecimento) A síntese das horas é amar-te. Daniel Santos Sinto ódio e tanto te desejar, ódio em vários graus. Queria encontrar a finitude, com ela conversar nessa tarde cinza e Esquartejei em pedaços meu silêncio nela espargir-me... E lavo com seu sangue a minha alma imunda de tuas recordações. Poder reconstruir minhas asas e escapar de mim mesmo, pois em mim Arranco meus olhos para deixar de ver-te; tu habitas. Mas insistes e vagar em meus subterrâneos. Persegues-me? Ou tua existência é a mais torpe das torturas? {Não sabes o quanto sofro no paradoxo do esquecimento!} Em vão abortam de tua garganta palavras encardidas (não as ouço). Imperai finitude... Em prantos encontro-me em teus braços.
  • 4. . Por Acton Lobo O período de criação da obra tem como contexto político, o acirramento do revanchismo belicista por parte de grupos políticos radicais, oriundos da classe burguesa alemã. É dentro desse ambiente claustrofóbico que surge o personagem principal da história; que, por conta da inadaptabilidade social, mantêm-se, inteiramente “às margens do mundo convencional”, aprofundando assim, uma conflituosa relação com o seu alter- ego. Este, que cada vez mais domina a sua personalidade. Utilizando-se de elementos da psicanálise na construção de seus personagens, Hesse; expõe os inerentes conflitos que compõem os “impulsos naturais do ser e as contenções do espírito”, antagonismos e dualismos que atormentam e afligem os indivíduos na sociedade moderna. As profundas observações psicológicas existente na obra, felizmente não impedem a sua compreensão e a visualização do universo apresentado por Hesse. Pelo contrário, ela convida, envolve e lentamente subverte a sua psique, ampliando o olhar para si dentro de si, graças à luminosidade de seu estilo e ao poderoso arsenal léxico de suas construções elaboradas. Apesar de ter sido escrito em 1927, “O Lobo da Estepe” ainda hoje apresenta-se atual e perturbadoramente desafiador, pois os anseios, impulsos e sentimentos que norteiam os P ara àqueles que não procuram estar em dias com os indivíduos e a sua existência são comuns e independem da sociedade em que vive. Como o próprio Hesse disse: “ (...) A “sucessos” literários do momento, e que fogem de leituras história do Lobo da Estepe é, sem dúvida alguma, de sofrimento inócuas, eis que indico o livro “O Lobo da Estepe” do escritor e necessidades, mas mesmo assim não é um livro de um homem alemão, Hermann Hesse. Este autor, Prêmio Nobel de Literatura em desespero, mas o de um homem que crê. Embora trate de em 1946, através dessa obra-prima retrata a fascinante história enfermidade e crise, não conduz à destruição e à morte, mas ao de um homem em conflito com a sociedade burguesa de sua contrario, à redenção”. época, os símbolos de poder e os ideais estéticos vigente na Sendo assim, recomendo para todos que são ávidos por Alemanha, logo após a Primeira Guerra Mundial. uma literatura que como eu disse, foge do comum. ALÍVIO Por Naiara “Ariana”. EFÊMERA Por Manoel das Neves Respirar o sabor do alívio Cantar o mar com sorrisos Apenas uma noite, Dançar na chuva descalça E a saudade que senti não foi do costume, Sentir o calor dos seus braços A demanda não foi da rotina, Amei sem desfrutar dos venenos da vida. Suspirar em teu corpo Calar-me no silêncio dos teus gestos Apenas numa noite, Beijar-te com o ardor dos meus olhos Percebi este amor em todos os signos, Comer-te como um sonho interrompido O encontro, o gozo, o abandono, Choros, risos e vontades. E neste dia em meu seio Quero que deságües tua parte Deixei morrer, para continuar vivo E junto a minha face Em busca de sabores e lugares. Revele o prazer que juntos escondemos Um verdadeiro amor, numa noite, No âmago da nossa rotina A vida sem vaidades. Mas reveladas na sutileza de nossos afetos.
  • 5. MULHERES MULTIFACETADAS: AVENTURAS EM SAJ - UM MUNDO DE POSSIBILIDADES!!! O desejo latente de vivenciar prostituímos por prazer: pelo Q uando aqui chegamos novas emoções nos rever velhos conceitos, dirimir antigas concepções e conhecimento, pela intelectualidade, pelo alargamento das nossas idéias, pela trazíamos na bagagem pesos de uma quebrar nossos tabus. Adotamos uma construção de nossas próprias histórias. vidinha simplista, limitada e cheia de filosofia de vida onde “é proibido Aqui experimentamos o sagrado e o pudores. Não sabíamos o que a vida nos proibir”! Zonas erógenas, as quais jamais profano tudo isso pela satisfação do reservava. Atravessamos nossos medos e pensávamos nos proporcionar prazer corpo e do espírito, descobrimos o gosto fronteiras que pareciam, até então, foram descobertas, a cada nova de sermos pueris e depravadas. Sermos intransponíveis. experiência que vivemos, uma festa! Um humanamente possíveis. O medo da solidão nos aproximou. turbilhão de prazeres verdadeiros Nessa primeira etapa de rupturas A convivência nos tornou intimas. O orgasmos múltiplos. e conflitos entre o velho e o novo, ainda cotidiano nos revelou semelhanças de O primeiro impacto: sexual. Em somos aprendizes no “burilar” do mundo identidades e, aqui em SAJ, descobrimos SAJ, tudo é possível. Extravasamos multifacetado de SAJ, as promessas são que poderíamos aflorar nossos desejos e desejos antes contidos e saímos do muitas, as possibilidades infindas, as externar de diversas formas nossas campo da imaginação para nos permitir experiências serão várias, aguardaremos vontades. realizar nossas fantasias, sem privar ansiosas para nas próximas edições Nós enganamos quando aqui nossos corpos do prazer. relatarmos mais farpas dos múltiplos chegamos. O que era pra ser uma reclusa O primeiro desejo realizado: sexo gozos que provaremos. vida de intelectuais tornou-se um mundo por prazer. Hum, que prazer! Pela de múltiplas possibilidades. Estamos primeira vez liberamos nossos desejos * Saudações a Fanny Hill, Norma experimentando novas cores, novos contidos em cada gemido. O segundo Lúcia, Madame Bovary, Luísa (a prima de sabores, novas essências, novos prazeres desejo: sexo selvagem... Aqui Basílio), etc... no entanto, a grande obra (antes nos limitávamos a um objeto de descobrimos que isso é coisa da da pós-modernidade, definitivamente, é prazer), hoje buscamos o prazer no que é “malemolência do Recôncavo baiano”. o mundo das possibilidades! inédito - o novo e proibido. Começamos a Hum, que afrodisíaco! Atravessamos a desbravar novas fronteiras permeando o fronteira do imagético e desvencilhamos Em tempos de “política”, texto caminho dos múltiplos orgasmos. nossos corpos do proibido, fomos enviado por leitoras mais preocupadas Confessamos que no início ficamos totalmente vadias. Perdemos nossa em viver. receosas pelas novidades e diferenças virgindade moral e adoramos ser “putas”. que SAJ nos apresentou. Tudo era novo e Continuem enviando, caros leitores e exótico. No submundo de SAJ, nos leitoras! Jogo de luzes Por Leandro Bulhões Quando te quis ali já não sabia ter de mim qualquer movimento. O não - agir é um espelho submerso em águas conhecidas onde meus desejos se turvam até mesmo para mim que procuro imagem refletida... Narciso às avessas, brinco, canto e dissimulo. Encontro outros, entre passos e palavras, em qualquer espaço de relances e descuidos, realizando longos passeios em mim. Mas, como se de súbito precisasse viver, evanesço em agonias, e nesse desvelamento de alma, penso (gratuito, verdade insuficiente!) nesse teu olho que por hora perpassa meu corpo como uma carícia desejada... Desço novamente degraus de ineficiências e, nesta sombra densa, me observas. Misturo-me às arestas de luz que saem de teus olhos como um farol refratando minha matéria e dissolvo-me entre pigmentos nossos, pedaços de vidas silenciosas que se tocam ali, numa dança em cadência de poeira de corpos quietos à espreita. Ainda elimino do mundo qualquer porção de superfície convencional de aparência. Cá onde reino.
  • 6. Abençoai as Hienas Por Cristiane Puridade para fazer suas pós-graduações e coletivo naquele período - e que parece E u disse que voltaria, pois bem conseguirem suas vagas nas instituições de ensino superior, a preocupação com o durar até hoje -, essa canção foi imortalizada na voz do saudoso cantor eis aqui. Outubro está chegando, mês das desempenho do aluno não existe, após Jessé, apesar de ter sido composta há crianças - não precisam mudar de página almejarem seus objetivos dão uma quase quarenta anos, se faz atual, é uma não vou escrever sobre infância e “banana” para o ensino básico, a maior “homenagem” às “hienas da bonecas novamente, risos! -, mas, existe educação”,mas, é sabido que as “hienas” outra data no calendário escolar que parte tornam-se sindicalistas na estão em todos os segmentos sociais do apesar de não gerar lucro para os Academia e levantam a bandeira do nosso país, que podemos considerar um comerciantes, é muito “Ensino superior Laico, verdadeiro “Paraíso das hienas”. significativa, o dia 15 Peço licença aos Gratuito e de Qualidade”; de outubro - Dia do Os COMERCIANTES: Paraíso das Hienas Professor. Não serei verdadeiros usam a educação como Abençoai as hienas piegas, romântica, mestres do saber atividade exclusivamente Principalmente as morenas sonhadora - como comercial colocando o Tricampeãs mundiais costumam rotular-me - para demonstrar a conhecimento como Pois desse lado do muro e não escreverei aqui sobre meus colegas minha indignação e mercadoria e os O jogo é tão duro, meu pai estudantes como meros Que só ter piedade de nós não vale a que como Eu, repúdio àqueles que depositários deste pena acreditam na conhecimento; Oração não voga quando não há vaga educação como se titulam Os “TAPA- Coração não roga quando só a raiva instrumento de professores e que BURACOS”: Não são E a roupa do corpo três vezes ao dia transformação do ser licenciados, profissionais Novena não paga ao homem da venda humano, que não passam de de outras áreas, Não adianta nada, não enche barriga trabalham com afinco usurpadores do geralmente Subir de joelhos as escadarias e dedicação, que desempregados, que Abençoai as hienas auxiliam na formação aparelho ensinam só para poder ter Principalmente as “da Silva” não de meros uma “graninha” no final do Campeãs de carnavais reprodutores de educacional. mês, enquanto não Pois desse lado do beco conhecimento e sim encontram “nada melhor”, O olhar é tão seco, meu pai de cidadãos críticos e conscientes do seu pois acreditam que ser professor não Que só ter piedade de nós não vale a papel como sujeitos sociais. Seria exige muito do seu tempo, e podem pena. repetitiva se fizesse isso, pois acredito continuar procurando emprego; que nós sabemos da nossa importância Os ACOMODADOS; são licenciados Há e eu volto, incomodando novamente, social e a fazemos sem precisar de e tem preguiça de pensar, pesquisar e como dizia o dramaturgo Dias Gomes: condecorações diárias, até porque o “ser planejar continuam reproduzindo o “Quem nasceu para não incomodar, não professor” é um tema inesgotável e que conhecimento tradicional, não se deveria ter nascido”, este é meu slogan e já recebeu todo tipo de homenagem no renovam, acreditam que a culpa da o das farpas. Até! cinema, televisão, teatro, obras literárias, “educação pública, gratuita e de má entre outros. qualidade” é exclusivamente do __________________ Peço licença aos verdadeiros “GOVERNO”. Existem outros tipos, mas, Cristiane Puridade mestres do saber para demonstrar a para não deprimir vou parar por aqui. Licenciada em História pela minha indignação e repúdio àqueles que Essas “hienas” que se auto- Universidade do Estado da Bahia - se titulam professores e que não passam denominam PROFESSORES, deseducam, UNEB. É professora do Centro de usurpadores do aparelho educacional. analfabetizam e alienam a si e as “hienas Educacional Leciono há quase dez anos, e observando infanto- juvenis” que estão sob sua de Correntina, cidade em que a postura dos colegas, identifiquei, tutela como educador. A esses seres reside. “batizei” e selecionei tipos de Ignóbeis que contribuem para a profissionais da educação - qualquer formação de cidadãos letárgicos, sem semelhança com a realidade infelizmente nenhum senso crítico, político e social não é mera coincidência... - que posso dedico uma canção - não caros leitores denominar de qualquer outro termo não é “Ao mestre com carinho” - a essas menos de PROFESSORES, são estes: criaturas o desprezo. A música do Os APROVEITADORES: usam a compositor pernambucano Acciolly educação para beneficio próprio, uma Netto, foi composta na década de 70 boa parte dos licenciados que hoje estão para “homenagear” nossa nação que na escola publica a utilizam como ponte passava por um processo de bestialização
  • 7. O olhar transcendental Por Acton Lobo Algumas situações apresentam-se tão “normal” como qualquer outra: Trânsito indiferença transgressora ao mal-humor cômicas e inusitadas que é quase congestionado, freiadas bruscas e do passageiros, do clima e tudo mais que impossível não desejar eternizá-las através repetitivas, pessoas conversando, gente existisse. Qual poder emanava daquelas de alguns breves parágrafos. A todo cochilando, tombos, empurrões, canções a ponto de atordoar tantos instante as nossas retinas estão sendo solavancos. Situações corriqueiras em se indivíduos desconhecidos, mas, que bombardeadas com informações sutis, tratando de um ônibus à caminho da comungavam da mesma ojeriza e asco? carregadas por mensagens imperceptíveis, região mais movimentada de Salvador: A Que felicidade é essa que não pode ser e que, após serem apresentadas, acabam região do Iguatemi. cantada em um ambiente coletivo? sendo dissolvidas em cores, sons e Apesar da normalidade com que todo Cantar em público, para si mesmo, imagens sem ao menos proporcionar uma aquele incômodo se apresentava, algo ali tornou-se um ato de subversão à ordem sinapse ou um “lampejo” revelador para dentro contrastava com toda aquela constituída? Tive medo da minha quem presencia, assiste, ouve, ou fatigante tensão, fornecendo um resposta e aprofundei-me com mais vigor observa. inesperado ingrediente àquela indesejável em minha reflexões. Infelizmente nem sempre é possível e convencional ordem das coisas. O olhar transcendental daquele captar tudo que é colocado à disposição Estranhamente, a paz e a tranqüilidade de momento fez-me enxergar de como a de nossos sentidos, sendo às vezes, cada um ali dentro, estava sendo sociedade pós-moderna, tem imposto necessário transcender o olhar para níveis estremecida pelo nosso personagem perigosas condições para a convivência de interpretação ousadamente mais anônimo. humana. O estado de tensão contínuo, a amplos, libertando-nos com isso, dos Contrastando serenamente com os aversão ao outro e as suas atitudes, por grilhões de uma demência lúcida, semblantes sisudos e funestos, ele cantava mais pacificas, serenas e não-ofensivas sabiamente agregada às desafiadoras com uma paz advinda de uma serenidade que se apresentem, estão sempre sendo limitações perceptivas que tanto nos indescritível, absorto em uma felicidade mal interpretadas, bloqueadas e atordoam, principalmente, quando genuína e transgressora. O seu canto reduzidas à maliciosas especulações. Vi estamos diante de algo aparentemente romântico e despretensioso separava-o naquele instante, o nascimento de um banal, vulgar e comum. daquela realidade ignota e triste, servindo “novo” primitivismo: O primitivismo pós- A “aparência das coisas” nos ludibria a como um imaginário e indestrutível moderno. Primitivismo este, onde todos todo momento, levando-nos sem hesitar a escudo protetor em oposição aos olhares são potenciais inimigos, bastando intuições imprecisas, deduções odiosos e abjetos, que, como lanças somente encontrar-se em um estado de precipitadas e especulações maliciosas. virulentas, tentavam em vão destruí-lo. espírito elevado para se tornar um alvo Vitimando-nos com pré-conceituações Quanto mais entoava as suas canções, de opróbrios injuriosos. Naquele exato infames, reprodutoras do ódio e do temor proporcionalmente, revelava-se aos meus momento, o ato de cantar do anônimo daquilo que vemos, mas, que sentidos como este personagem colocava personagem, tornava-o um “espírito paradoxalmente não enxergamos. É, por à prova a paciência mal-humorada dos elevado” e para os demais aquilo era algo conta dessas “limitações perceptivas”, passageiros. Bocas se “entortavam” grosseiro, inusitado e explicitamente que, não raramente, ovacionamos o que violentamente, frenéticos movimentos ofensivo, e, que necessitava ser há de mais estúpido em nossa natureza com os pés e pernas faziam surgir uma liquidado a todo custo. humana. bizarra e insólita orquestra, olhares Levantei pronto para sair dali, pois O personagem dessa história não tem corroíam-se de ódio e vozes sussurravam chegara o meu destino. Com bastante nome, sendo que, parcamente lembro-me palavrões como se o próprio demônio, ali dificuldade fui equilibrando-me por entre de sua feição. A sua voz, contudo, ecoa estivesse, divertindo-se com o seu prazer corpos tensos e semblantes sombrios. em minha memória, fazendo-me recordar solitário. Todo esse espetáculo humano Caminhava para sair daquele ônibus, mas de um acontecimento que tragou-me da estava diante dos meus olhos, que a esta antes disso, desejava unicamente ver minha quietude pensativa e levou-me altura, transcendia o meu “olhar” a uma quem levava a paz à espíritos tão suavemente, à densidade opressiva da velocidade atordoante, tornando perturbados. Então, à beira da saída do vida em uma cidade, que fascinante, o suplício naquele ônibus ônibus, virei-me para visualizá-lo. Fiz um progressivamente caminha em direção a lotado e hermeticamente fechado, devido sinal de positivo, lançando uma um colapso estrutural e que assiste no agora, ao aguaceiro instantâneo e mensagem criptografada ao ar, e o que presente, o futuro de seus cidadãos arrasador que convertia às ruas da cidade vi, foi a serenidade irradiante de um afundar-se em um caos de imobilidade em piscinas imundas. sorriso. Um sorriso de alguém que viária, insegurança e stress urbano, A uma certa altura, já não ouvia mais entendeu a mensagem. É, ele sabia que semelhantes aos verificados em outras música alguma, e sim, um poderoso estava transcendendo tudo aquilo... metrópoles. mantra que separava quem estava bem de ____________________ O humor do céu tinha começado a se fato e quem estava fenecendo por algum *Acton Lobo é licenciado em geografia decompor desde muito cedo, deixando mal, seja da mente, do corpo, ou do pela Universidade do Estado da Bahia sobre a cidade, um espesso véu plúmbeo espírito. Um mantra que derretia a gélida UNEB Campus V. Atualmente reside em e extremamente pesado. A viagem seria realidade e se distinguia por sua Salvador. E-mail: actonlobo@hotmail.com
  • 8. Aos olhos novos, àqueles que se permitem ao novo: “os olhos da Cuca” fragmentos de experiências de uma República que existiu em ruas próximas à UNEB e que hoje sobrevive na vida daqueles que a constituíram a Santas Frígidas da Buarqueolândia. É muito mais do que ser, ter ou aparentar Do que experimentar A palavra saudade, mesmo que unicamente se verifique em nosso idioma, não contempla esta coisa inominável Sentir falta é uma expressão também muito vaga diante da lembrança de nossos passos em direções desordenadas, mas que se entrecruzavam num horizonte imaginável nos nossos devaneios... O que é o amor comparado ao entrelaçar de nossas existências? Ah, talvez um deus saiba! Ou ao menos compreenda esta coisa, a magnificência dos desejos realizáveis sem a lâmpada mágica do sobrenatural. Ah como dói esta mistura de cores e sentidos antagônicos: Felicidade e infelicidade coexistem num encéfalo camarim! Feliz pela benção ter vivido e infeliz - por ter sido extinto? Buena vista social club hoje faz parte desta marcha implacável que me comove estridentemente Nesse bailado cubano emergem memórias e lágrimas amalgamadas, nas quais estou submergida Santas frígidas, paraíso reencontrado e estabelecido terrestremente em singelas casas santoantonienses: Dionísio, Baco, Eros, Amochilê... Estou esquartejada: Como restituir minha alma se agora se encontra dissipada em Cachoeira, Salvador, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus e Valença? Confetes pisoteados após a apoteose carnavalesca.... Ah, como amo e como me fustiga amar sem a correspondência de bobagens ditas... Fomos sagrados quando intensamente profanos Fomos água e fogo. O som do trovão ecoa na microfonia do vivido, na convulsão misteriosa evocada na audição do Pink, do Led, dos Bobs, do Chico. Virtudes e defeitos que nos foram legados destes olhos múltiplos e verdadeiros. Amor... Vocábulo simplório e medíocre quando penso.... Que somente a nós nos foi chancelado a onipotência de um sentimento muito maior. Ai, como posso ter sido tão boba donzela ao ter me apaixonado dessa forma sem armaduras! Me doado com tanta alma em nossas laranjeiras, nas conversas intermináveis da madrugada... Fofocas e injúrias inocentes... Acreditando que poderia viver pa sempe protegida nas fortificações de nossa torre de marfim... Que saudade de ser mãe, filha, irmã, mulher, amante, menina, aprisionada na plena Liberdade das frenéticas gargalhadas e no Corpo, pele, abraços que não existiam antes dessa conspiração cósmica Olhar e ver o outro como você, como outro, como seu e como dele; Hoje, esfacelado e empalado nestas melancólicas malas prontas para um recomeço Ininteligível para quem não foi: - Apenas arrogantes idiotas reunidos numa sociedade secreta para se suprirem do cotidiano alucinógeno... Sem saber que o entorpecente consistia no estar Estar junto... E querer estar... Juntos... Imbricados e indissociavelmente estando Vivendo a leveza de amar e ser amado, materializada em expressões chulas ou homéricas, A leveza do ócio, do se querer e se fazer bem, apenas no silêncio ou no respirar.... Como gostaria de voltar a sentir a respiração de cada um, Algumas vezes ofegantes e eufóricas, as vezes apenas mecânica e necessária... Mas de ambas as formas inebriantes e vitais, Pois se fez minha. Ao ouvir de cada vento emitido do peito a existência se tornava concreta Ah, como sinto a falta de existir, apenas sentir esta presença que me fazia ter a certeza de não ser mais um esquizofrênico espectro a vagar por entre sombras inertes, da certeza de estar viva... (Pelos olhos da Cuca)
  • 9. Uma farpinha espetada na cabeça do seu pau Por Rosagela Mercês Como sempre cansada, tenho nada melhor pra fazer (é fato), ou desaplaudida e desantenada do mundo escrever (é fato). Contudo, estou me real, vivendo num reino tão, tão, tão, tão deliciando imaginando as discussões distante, Leo Pó me liga e diz: fúteis e prazerosas em torno do assunto. _ Rô! Já fez o texto pro jornal? Sugiro ainda que mande pro meu e-mail Hoje é o ultimo dia. com seus protestos, críticas e aplausos Respondo: (no caso específico de concordância da Claro! Que não. temática). Pego algumas folhas de papel e Percebam que minha real intenção coloco-me a pensar (um monte de é que anotem a nova receita. Vamos diarréias me vêem a cabeça), vou deixar eles (os paus) de ladinho... tentando organizar as idéias e me Equipe Outras Farpas: recordo de uma velha discussão: É o pau Risoto de Camarão que guia o homem ou vice-versa? Acton Lôbo, Falar de pau é praxes entre Ingredientes: Jean Michel, mulheres e algumas defendem a teoria Leandro Bulhões (Leo Pó); que um homem (falo de todos os homens 2 xícaras de arroz para risoto Manoel “Durrel” das Neves. heteros ou homo) é bem resolvido ou 2 cubinhos de caldo de galinha ou de não dependendo do tamanho de seu camarão dissolvidos em 8 xícaras de água pau. fervente. Colaboraram com esta edição: O homem com pau tamanho G 700 gramas de camarão sem casca normalmente (independente dele - o ½ xícara de vinho branco Rosangela “Rô” dos Reis Mercês; ; homem, ser bonito ou não), 2 colheres bem cheias de manteiga Cristiane Puridade; normalmente é desencanado, auto- 1 cebola grande picada Lucas Santos; suficiente e não tem problemas de auto- 1 pacote de queijo parmesão ralado Diacui Pataxo; estima. Preparo: Daniel Santos; O tamanho M: proporcionalmente Refogue a cebola na manteiga, Naiara “Ariana”; igual. acrescente o arroz e em seguida o vinho Elí Cuca Buarque. No entanto, os tamanhos P e PP... branco. Deixe o vinho evaporar por Nossa! Esses são homens extremamente aproximadamente 2 a 3 minutos e vá problemáticos. Segundo relatos de adicionando, aos poucos, a água já E-mail: algumas mulheres que tiveram relações misturada com o caldo de galinha ou outrasfarpas@gmail.com sexuais ou até se casaram com homens camarão; de pau P e PP, eles são inseguros, Por fim acrescente o camarão extremamente ciumentos e se comparam previamente temperado em sal, alho e com outros homens constantemente. caldo de limão, mexendo sempre por 5 Além disso, normalmente, apresentam minutos; dificuldades de ereção ou ejaculam Rende 6 porções generosas, sirva quente precocemente. Tudo fruto do psicológico e salpique queijo parmesão ralado ao dos caras. prato. Calma gente! Isso não é regra, nem tão pouco baseado em nenhum estudo científico, são só devaneios de ------------------------------- mulheres como eu que pensam em pau Rosangela dos Reis Mercês Santos ou os desejam pra sua satisfação sexual. Psicopedagoga, graduanda em História Essas coisas são tão relativas... e várias da UNEB discussões politicamente corretas que eu E-mail: roreismerces@hotmail.com poderia sugerir aqui podem ser devidamente suplantadas por um velho e sábio provérbio de vovó: “O problema de comer a lingüiça é ter que levar o porco”. Você deve estar pensando que não