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Leitura Crítica de Artigos Científicos




      Prof. Petrônio Fagundes de Oliveira Filho
          CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Bibliografia
2




                   5/22/2012
Introdução
3
    • A quantidade de
      informações publicadas
      na área da saúde é
      surpreendente, gerando
      grande número de
      evidências
    • Isto exige dos médicos
      (gestor) e dos pacientes
      (sociedade) o
      estabelecimento de
      critérios que apoiem as
      decisões tomadas para
      assegurar o máximo
      benefício com o mínimo
      risco e custo.
                                 5/22/2012
Introdução
4




    Médicos generalistas, para conhecerem o que de
    interesse é publicado em revistas, teriam que examinar
    19 artigos/dia durante 365 dias do ano
    Davidoff et al: Evidence based medicine: a new journal to help doctors identify the
    information they need. BMJ 1995; 310: 1085. 310: 1085,1995)




                                                                                    5/22/2012
Sem contar a confusão da
          imprensa!
5




                               5/22/2012
A ciência de “rejeitar” artigos
6




    • Segundo fontes do BMJ* muito (senão a
      maioria) do que é publicado é puro lixo.
    • Deste modo, devemos estar preparados para
      selecionar aqueles artigos que tem uma maior
      probabilidade de apresentar informação de
      qualidade
        Greenhalgh, T. How to read a paper. BMJ 1997; 315: 243-6.
        Altman, D. The scandal of poor medical research. BMJ 1994; 308: 283-4.


                                                                            5/22/2012
Coma assim, puro lixo?
7
    • Se está publicado o artigo não deveria ser
      bom?
    • Se isso fosse verdade revistas de ponta (e.g.
      BMJ, JAMA, Lancet, NEJM, AIM) não
      publicariam regularmente artigos
      metodológicos alertando sobre este fato.
    • O corpo editorial procura ser cuidadoso, mas
      a responsabilidade final é do leitor.
    • VOCÊ!
                                                   5/22/2012
Missão impossível?
8




                         5/22/2012
O que fazer?
9
    • Procurar boa fontes
      – São bastante úteis
         • American College of Physicians
           (ACP Journal Club)
         • Evidence-Based Medicine
         • Journal of Evidence-Based Health
           Care
         • Bandolier
    • Elaborar um sistema de leitura
      crítica de artigos que seja
      compatível com suas
      necessidades.

                                              5/22/2012
10




     Primeiro passo para a leitura crítica:
     CONHECER O BÁSICO


                                              5/22/2012
Primeiros passos
11
     • Abordagens de pesquisa clínico-
       epidemiológica

     • Delineamentos de pesquisa mais comuns

     • Rudimentos de estatística

     • Aplicar um protocolo específico para cada tipo
       de estudo


                                                 5/22/2012
Abordagens de pesquisa
           clínico-epidemiológica
12
     • Terapia: testar a eficácia de tratamentos com
       drogas, procedimentos cirúrgicos, métodos
       alternativos de atendimento à população
       (serviços de saúde) ou outras intervenções.

     • Diagnóstico: demonstrar se um novo teste ou
       procedimento diagnóstico é válido (podemos
       confiar nele?) e preciso (os resultados são os
       mesmos em múltiplas testagens?).

                                                 5/22/2012
13
     • Etiologia: determinar se um potencial agente
       ou hábito “de risco” está relacionado com o
       desenvolvimento de doença.

     • Prognóstico: demonstrar o que pode
       acontecer no curso natural de uma doença ou
       condição clínica (geralmente a partir de um
       estágio precoce).



                                                5/22/2012
Delineamentos de pesquisa mais
     comuns
14
     Primários                      Secundários
     • Observacionais               • Revisão sistemática
        – série de casos              (metanálise)
        – estudo transversal        • Diretrizes (guidelines)
        – estudo de coorte          • Outros
        – estudo de caso-controle      – análise decisória
     • Experimentais                   – análise econômica
        – experimento
          laboratorial
        – ensaio clínico


                                                                5/22/2012
A hierarquia dos
      delineamentos de pesquisa
15
     • Metanálise
     • Ensaio clínico randomizado
     • Coorte contemporânea
       (est. Incidência)
     • Coorte histórica
     • Ca-co (c. Incidentes -
       aninhado)
     • Ca-co (c. Prevalentes -
       aninhado)
     • Estudo transversal/est.
       Prevalência/est. Ecológico
     • Estudo de casos; série de      Estudos
       casos                        Transversais

                                                   5/22/2012
Abordagens de pesquisa clínico-
             epidemiológica:
16
     • Delineamentos de pesquisa preferenciais
       – Terapia: Ensaio clínico randomizado

       – Diagnóstico: Estudo transversal/Estudo de coorte

       – Etiologia: Estudo de coorte; Estudo de caso-
         controle

       – Prognóstico: Estudo de coorte



                                                        5/22/2012
17




     Segundo passo para a leitura crítica:
     MONTANDO UMA ABORDAGEM


                                             5/22/2012
Montando uma abordagem
18
     • Avaliar se o título interessa e o resumo traz
       elementos informativos necessários e
       suficientes

     • Avaliar aspectos de validade
       (pontos primários e secundários)

     • Avaliar os resultados (utilidade)

     • Aspectos práticos

                                                   5/22/2012
Aspectos da validade
19
     • Problemas metodológicos e erros sitemáticos
       (vieses: seleção, aferição, confusão). Cada tipo
       de artigo deve sofrer uma avaliação específica
       (de acordo com sua abordagem clínico-
       epidemiológica), considerando pontos
       primários (mais grosseiros) e pontos
       secundários (mais detalhados).

     • Questões estatísticas

                                                  5/22/2012
Pontos primários
20
     • Terapia
        – randomização?
        – seguimento completo, longo e intention-to-treat?

     • Diagnóstico
        – compara com padrão-ouro?
        – espectro adequado para prática clínica?

     • Etiologia
        – grupos semelhantes no basal?
        – desfecho/exposição medidos igualmente nos grupos?
        – seguimento completo e longo?

     • Prognóstico
        – amostra bem definida em ponto comum (pref. precoce)
        – seguimento completo e longo?

                                                                5/22/2012
A ciência de “rejeitar”
21
     • Quando um artigo não atingir os pontos
       primários no protocolo de avaliação crítica, o
       melhor a se fazer é descartá-lo e passar para o
       próximo.


     • Artigos que atingem os pontos primários
       (e secundários) possuem a maior
       probabilidade de apresentar informação de
       qualidade.
                                                 5/22/2012
Questões estatísticas
22



     Nível de Medida      Medida Sumário         Medida de Associação
        Nominal                  %                    RA, RR, OR, RRR
         Ordinal          Mediana/média                      -
     Intervalar/razão     Média/mediana                  TEP(E/S)



                                           Desfecho
       Exposição
                            Qualitativa                Quantitativa
       Qualitativa           OR, RR, 2           t, ANOVA, MW, W, KW
      Quantitativa      t, ANOVA, MW, W, KW               r, b, rs




                                                                     5/22/2012
Questões estatísticas
23
     • Ajuste para fatores de confusão
     • General linear models
       – ANOVA multiway; ANCOVA, regressão linear múltipla
       – regressão logística
       – regressão de Cox (proportional hazards model)




                                                             5/22/2012
Aspectos dos Resultados

     • Observar se eles foram descritos e
24



       apresentados de forma objetiva, clara, precisa
       e em uma sequência lógica,
       – Medidas resumidoras adequadas
     • Analisar as tabelas, gráficos e figuras
     • Valor P (papel do acaso)
     • Verificar a magnitude do efeito
       – RR,RP, IC95%
     • Os resultados estão de acordo com o
       delineamento proposto
                                                 5/22/2012
Aspectos dos Resultados
25




                               5/22/2012
Aspectos dos Resultados
26




                               5/22/2012
Aspectos dos Resultados
27




                               5/22/2012
Aspectos dos Resultados
28
     • Magnitude do efeito




                                  5/22/2012
Aplicabilidade
29
     • Os resultados ajudarão
       no cuidado dos
       pacientes
     • Considerar o tipo de
       paciente
     • Análise de subgrupo
     • O desfecho tem
       importância clínica
     • Balanço
       custo/benefício (NNT)

                                5/22/2012
30




     5/22/2012

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Leitura crítica em Medicina

  • 1. Leitura Crítica de Artigos Científicos Prof. Petrônio Fagundes de Oliveira Filho CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
  • 2. Bibliografia 2 5/22/2012
  • 3. Introdução 3 • A quantidade de informações publicadas na área da saúde é surpreendente, gerando grande número de evidências • Isto exige dos médicos (gestor) e dos pacientes (sociedade) o estabelecimento de critérios que apoiem as decisões tomadas para assegurar o máximo benefício com o mínimo risco e custo. 5/22/2012
  • 4. Introdução 4 Médicos generalistas, para conhecerem o que de interesse é publicado em revistas, teriam que examinar 19 artigos/dia durante 365 dias do ano Davidoff et al: Evidence based medicine: a new journal to help doctors identify the information they need. BMJ 1995; 310: 1085. 310: 1085,1995) 5/22/2012
  • 5. Sem contar a confusão da imprensa! 5 5/22/2012
  • 6. A ciência de “rejeitar” artigos 6 • Segundo fontes do BMJ* muito (senão a maioria) do que é publicado é puro lixo. • Deste modo, devemos estar preparados para selecionar aqueles artigos que tem uma maior probabilidade de apresentar informação de qualidade Greenhalgh, T. How to read a paper. BMJ 1997; 315: 243-6. Altman, D. The scandal of poor medical research. BMJ 1994; 308: 283-4. 5/22/2012
  • 7. Coma assim, puro lixo? 7 • Se está publicado o artigo não deveria ser bom? • Se isso fosse verdade revistas de ponta (e.g. BMJ, JAMA, Lancet, NEJM, AIM) não publicariam regularmente artigos metodológicos alertando sobre este fato. • O corpo editorial procura ser cuidadoso, mas a responsabilidade final é do leitor. • VOCÊ! 5/22/2012
  • 9. O que fazer? 9 • Procurar boa fontes – São bastante úteis • American College of Physicians (ACP Journal Club) • Evidence-Based Medicine • Journal of Evidence-Based Health Care • Bandolier • Elaborar um sistema de leitura crítica de artigos que seja compatível com suas necessidades. 5/22/2012
  • 10. 10 Primeiro passo para a leitura crítica: CONHECER O BÁSICO 5/22/2012
  • 11. Primeiros passos 11 • Abordagens de pesquisa clínico- epidemiológica • Delineamentos de pesquisa mais comuns • Rudimentos de estatística • Aplicar um protocolo específico para cada tipo de estudo 5/22/2012
  • 12. Abordagens de pesquisa clínico-epidemiológica 12 • Terapia: testar a eficácia de tratamentos com drogas, procedimentos cirúrgicos, métodos alternativos de atendimento à população (serviços de saúde) ou outras intervenções. • Diagnóstico: demonstrar se um novo teste ou procedimento diagnóstico é válido (podemos confiar nele?) e preciso (os resultados são os mesmos em múltiplas testagens?). 5/22/2012
  • 13. 13 • Etiologia: determinar se um potencial agente ou hábito “de risco” está relacionado com o desenvolvimento de doença. • Prognóstico: demonstrar o que pode acontecer no curso natural de uma doença ou condição clínica (geralmente a partir de um estágio precoce). 5/22/2012
  • 14. Delineamentos de pesquisa mais comuns 14 Primários Secundários • Observacionais • Revisão sistemática – série de casos (metanálise) – estudo transversal • Diretrizes (guidelines) – estudo de coorte • Outros – estudo de caso-controle – análise decisória • Experimentais – análise econômica – experimento laboratorial – ensaio clínico 5/22/2012
  • 15. A hierarquia dos delineamentos de pesquisa 15 • Metanálise • Ensaio clínico randomizado • Coorte contemporânea (est. Incidência) • Coorte histórica • Ca-co (c. Incidentes - aninhado) • Ca-co (c. Prevalentes - aninhado) • Estudo transversal/est. Prevalência/est. Ecológico • Estudo de casos; série de Estudos casos Transversais 5/22/2012
  • 16. Abordagens de pesquisa clínico- epidemiológica: 16 • Delineamentos de pesquisa preferenciais – Terapia: Ensaio clínico randomizado – Diagnóstico: Estudo transversal/Estudo de coorte – Etiologia: Estudo de coorte; Estudo de caso- controle – Prognóstico: Estudo de coorte 5/22/2012
  • 17. 17 Segundo passo para a leitura crítica: MONTANDO UMA ABORDAGEM 5/22/2012
  • 18. Montando uma abordagem 18 • Avaliar se o título interessa e o resumo traz elementos informativos necessários e suficientes • Avaliar aspectos de validade (pontos primários e secundários) • Avaliar os resultados (utilidade) • Aspectos práticos 5/22/2012
  • 19. Aspectos da validade 19 • Problemas metodológicos e erros sitemáticos (vieses: seleção, aferição, confusão). Cada tipo de artigo deve sofrer uma avaliação específica (de acordo com sua abordagem clínico- epidemiológica), considerando pontos primários (mais grosseiros) e pontos secundários (mais detalhados). • Questões estatísticas 5/22/2012
  • 20. Pontos primários 20 • Terapia – randomização? – seguimento completo, longo e intention-to-treat? • Diagnóstico – compara com padrão-ouro? – espectro adequado para prática clínica? • Etiologia – grupos semelhantes no basal? – desfecho/exposição medidos igualmente nos grupos? – seguimento completo e longo? • Prognóstico – amostra bem definida em ponto comum (pref. precoce) – seguimento completo e longo? 5/22/2012
  • 21. A ciência de “rejeitar” 21 • Quando um artigo não atingir os pontos primários no protocolo de avaliação crítica, o melhor a se fazer é descartá-lo e passar para o próximo. • Artigos que atingem os pontos primários (e secundários) possuem a maior probabilidade de apresentar informação de qualidade. 5/22/2012
  • 22. Questões estatísticas 22 Nível de Medida Medida Sumário Medida de Associação Nominal % RA, RR, OR, RRR Ordinal Mediana/média - Intervalar/razão Média/mediana TEP(E/S) Desfecho Exposição Qualitativa Quantitativa Qualitativa OR, RR, 2 t, ANOVA, MW, W, KW Quantitativa t, ANOVA, MW, W, KW r, b, rs 5/22/2012
  • 23. Questões estatísticas 23 • Ajuste para fatores de confusão • General linear models – ANOVA multiway; ANCOVA, regressão linear múltipla – regressão logística – regressão de Cox (proportional hazards model) 5/22/2012
  • 24. Aspectos dos Resultados • Observar se eles foram descritos e 24 apresentados de forma objetiva, clara, precisa e em uma sequência lógica, – Medidas resumidoras adequadas • Analisar as tabelas, gráficos e figuras • Valor P (papel do acaso) • Verificar a magnitude do efeito – RR,RP, IC95% • Os resultados estão de acordo com o delineamento proposto 5/22/2012
  • 28. Aspectos dos Resultados 28 • Magnitude do efeito 5/22/2012
  • 29. Aplicabilidade 29 • Os resultados ajudarão no cuidado dos pacientes • Considerar o tipo de paciente • Análise de subgrupo • O desfecho tem importância clínica • Balanço custo/benefício (NNT) 5/22/2012
  • 30. 30 5/22/2012