Breve apresentação para início de discussão com alunos das escolas teológicas que leciono sobre Lei, Graça e Evangelho, antinomismo e legalismo. Comparando a teologia patrística, medieval, luterana, calvinista e de Karl Barth.
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
A Lei e o Evangelho
1. A Lei e o Evangelho
Um resumo das relações históricas e teológicas
entre a Lei, nossa Salvação e nossa Santificação.
Professor Gilson de Moura
Junho de 2013.
2. Lei no Antigo Testamento 1
Os hebreus organizam a Bíblia Hebraica em
Lei, Profetas e Escritos:
Sendo que:
Lei: Torah ou Pentateuco;
Profetas: Profetas anteriores e posteriores;
Escritos: Poéticos e outros.
3. Lei no Antigo Testamento 2
Na Bíblia Hebraica, o Antigo Testamento dos
cristãos, a Lei é um dom (presente) de Deus.
Também a Lei é sinal do amor de Deus.
A Lei é eterna, pois, ela reflete a natureza de
Deus.
Texto chave: Salmo 119.
A Lei escrita em tábuas de pedra um dia seria
escrita nos corações (Jr 31.32-34).
4. Lei nos tempos de Jesus
Jesus usa a expressão “a Lei e os Profetas”.
Diz também que não veio revogar a Lei, mas
sim, cumpri-la (Mt 5.17).
Jesus valorizou a Lei de Deus (Mt 5.18-20).
Na verdade, Jesus foi além da Lei. No Sermão
do Monte disse: “Ouvistes o que foi dito.....mas
eu vos digo....” (Mt 5.43-44).
5. Lei nas epístolas de Paulo
Lei é o sinal ou manifestação da
profundidade do pecado.
Lei nos revela insuficientes para a
justificação.
Textos: Rm 3.20, Rm 5.20, Gl 2.16 e Gl 3.11.
Texto áureo: Romanos capítulo 7.
6. Lei na Teologia Patrística e
Medieval 1
Lei e Evangelho procedem de
Deus.
Há uma continuidade, a Lei
precede o Evangelho, assim
como o AT está antes do NT.
7. Lei na Teologia Patrística e
Medieval 2
Com a legalização do Cristianismo
pelo imperador Constantino,
multidões se tornaram adeptas.
Sacerdotes de deuses pagãos
tornaram-se sacerdotes cristãos para
não perderem o sustento.
8. Lei na Teologia Patrística e
Medieval 3
Esta situação gerou uma
licenciosidade generalizada. Bastava
a pessoa declarar fé em Jesus para
fazer dela um cristão.
Os cristãos sinceros que saíram das
catacumbas escandalizavam-se dos
“cristãos modernos”.
9. Lei na Teologia Patrística e
Medieval 4
A igreja começou a impor
algumas regras de conduta para
os cristãos.
Gradativamente a Justificação
pela Fé deu lugar à Justificação
pelas Obras.
10. Lei na Teologia Patrística e
Medieval 5
Além disso, aos poucos começou a
surgir uma distinção entre “lei
cerimonial” e “lei moral”.
Tal distinção entre “lei cerimonial” e
“lei moral” não é explícita nas
Escrituras. Tudo é lei.
11. Lei na Teologia de Lutero 1
A Lei é o meio pelo qual o
pecado e a insuficiência
humana se revelam.
A Lei não está somente no AT.
Nem o Evangelho apenas no NT.
Lei é tudo o que Deus requer de
nós.
12. Lei na Teologia de Lutero 2
A Palavra de Deus nos esmaga ou
nos levanta.
Leva-nos ao despertar de nossas
habilidades e a esperar nas
promessas de Deus.
Evangelho é a promessa de Deus de
nos salvar apesar da nossa
incapacidade de obedecer a Lei.
13. Lei na Teologia de Lutero 3
Lutero deu pouca ênfase a Lei.
Destacou a justificação pela Fé.
Temia o retorno à Justificação pelas
obras.
14. Antinomismo x Legalismo 1
Durante a História do Cristianismo sempre
houve grupos antagônicos que
disputavam a primazia da Lei ou da
Graça.
Primazia da Lei: Legalismo.
Primazia da Graça: Antinomismo.
15. Antinomismo x Legalismo 2
João Agrícola, seguidor de Lutero,
negava o uso da Lei de Israel,
especialmente os 10 Mandamentos.
Lema desse grupo: “Ame a Deus e faça o
que quiser!”
Lutero chamou esta ideia de
Antinomianismo.
16. Antinomismo x Legalismo 3
Já outros grupos rejeitavam a
ausência de regras de conduta.
Afirmavam a necessidade de se
seguir algumas leis para se evitar
a carnalidade.
Foram chamados de legalistas.
17. Antinomismo x Legalismo 4
Houve quem afirmasse que “as
boas obras são um obstáculo
para a vida cristã”.
Outros afirmavam que “o
homem não tinha mais liberdade
que uma pedra ou um cadáver”.
18. Fórmula da Concórdia 1
Após muitas negociações, além de
outras questões envolvidas (como a
presença de Cristo na Ceia),
chegou-se a um consenso em 1580.
Estabeleceram 3 usos da Lei para os
seres humanos.
19. Fórmula da Concórdia 2
1º Uso da Lei: Convencer do
Pecado.
2º Uso da Lei: Direção para
organização da Sociedade e do
Estado.
3º Uso da Lei: Direção para o cristão
servir a Deus.
20. Lei na Teologia de Calvino 1
Justificação é pela Fé somente.
A Justificação leva à Santificação.
A Santificação é um processo que
nos leva a concordar cada vez mais
com a vontade de Deus.
21. Lei na Teologia de Calvino 2
A Lei serve de fonte para guiar
os crentes no processo da
Santificação.
Deu ênfase na Santificação.
Temia os antinomianistas e a
degradação das pessoas por
viverem sem Lei.
22. Lei na Teologia de Karl Barth 1
Revolucionou alterando a
ordem “Lei e Evangelho”.
Destacou “Evangelho e a
Lei”.
Evangelho é anterior à Lei.
23. Lei na Teologia de Karl Barth 2
“A imensidade do nosso
pecado não é reconhecida
até que experimentamos o
grande amor de Deus”.
24. Lei na Teologia de Karl Barth 3
“A Força da Lei é que o
Evangelho tem revelado o
amor e a graça de Deus
pelas quais o pecador se
rebela”.
25. Igrejas no século 21
Dois perigos:
Acentuar regras de
conduta;
Acentuar liberdade de
conduta;
26. Igrejas no século 21
Desafio do equilíbrio
entre legalismo e
antinomismo na
pregação no púlpito e
no discipulado pessoal.
27. Bibliografia
Teologia do Novo Testamento, Leon
Morris, Vida Nova.
Breve Dicionário de Teologia, Justo
Gonzalez, Hagnos.
Pensamento Cristão, volumes 1 e 2, de
Tony Lane, Press Abba.
Uma História do Cristianismo, K.S
Latourette, Hagnos.