SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 80
Baixar para ler offline
Terra & Cia Abril 2015 1
CADERNO CANAMIX: Setor sucroenergético vê esperança
Ribeirão Preto SP
Abril - 2015
Ano 17 - Nº 194
R$ 10,00
CRISE HÍDRICA
Se não souber
usar, vai faltar
CONTROLE
SANITÁRIO
Embrapa vai
monitorar pragas
ALGODÃO
Brasil é lider em
produtividadeprodutividadeprodutividadeprodutividade
AGRISHOWAGRISHOWAGRISHOWAGRISHOWAGRISHOW2015
Inovação tecnológica em ação
2 Terra & Cia Abril 2015
Terra & Cia Abril 2015 3
4 Terra & Cia Abril 2015
Plínio Cesar,
diretor
Diretor: Plínio César
Gerente de Comunicação: Luciana Zunfrilli
A voz do agronegócio
Edição:
Equipe Terra & Cia
Editor Chefe e de Fotografia : Doca Pascoal
Reportagem: Marcela Servano, Simone
Magalhães e Doca Pascoal
Editor Gráfico: Jonatas Pereira | Creativo ArtWork
Contatos com a Redação:
redacao@canamix.com.br
Outras publicações da Agrobrasil:
Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético
Revista CanaMix
Portal CanaMix
Publicidade:
- Alexandre Richards (16) 98828 4185
alexandre@canamix.com.br
- Fernando Masson (16) 98271 1119
fernando@canamix.com.br
- Nilson Ferreira (16) 98109 0713
nilson@canamix.com.br
- Plínio César (16) 98242 1177
plinio@canamix.com.br
- publicidade@canamix.com.br
Assinaturas: assinaturas@canamix.com.br
Eventos:eventos@canamix.com.br
Grupo Agrobrasil
Av. Brasil, 2780
CEP 14075-030 - Ribeirão Preto - SP
(16) 3446 3993 / 3446 7574
www.canamix.com.br
Para assinar, esclarecer dúvidas sobre sua
assinatura ou adquirir números atrasados:
SAC:(16) 3446.3993 / 3446.7574 - 2ª a 6ª feira,
das 9h às 12h e das 13h30 às 18h.
Artigos assinados, mensagens publicitárias e o
caderno Marketing Rural refletem ponto de vista
dos autores e não expressam a opinião da revista.
É permitida a reprodução total ou parcial
dos textos, desde que citada a fonte.
editorial
A 22ª edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em
Ação - que acontece de 27 de abril a 1º de maio, em Ribeirão Preto, SP, promete
agitar o agribusiness brasileiro. Os organizadores esperam cerca de 160 mil vi-
sitantes do Brasil e do exterior, que poderão encontrar, em uma área de 440 mil
m², lançamentos de mais de 800 marcas.
Este ano o evento aposta na diversificação dos equipamentos e inovações
tecnológicas. O momento econômico do País pode representar um “freio de mão”,
ou pelo menos maior cautela, no que diz respeito a investimentos. Justamente por
isso, a indústria fornecedora de máquinas, implementos, insumos, peças e ser-
viços tem que se superar para oferecer as melhores soluções, com criatividade.
A Revista Terra&Cia especial Agrishow mostra as novidades da Feira e
marca também uma mudança editorial importante nos produtos da AgroBrasil -
que conta com a revista e o portal CanaMix e Guia Oficial de Compras do Setor
Sucroenergético. A partir desta edição, o leitor da Terra&Cia conta com o Ca-
derno CanaMix, com conteúdo específico do setor de açúcar, etanol e bioenergia.
A T&C é uma revista dinâmica, que trata do agronegócio de uma forma
geral. Por julgar que a cana-de-açúcar tem potencial estratégico para o Bra-
sil, decidimos dar atenção especial ao setor sucroenergético em nossas edições.
O Caderno vai contar com o conteúdo da revista Cana-
Mix, tradicional publicação do setor canavieiro, que tor-
na a Terra&Cia ainda mais completa. Nesta edição, espe-
cialistas falam sobre a atual conjuntura deste segmento.
Boa leitura!
Momento de mudanças
Terra & Cia Abril 2015 5
CAPA
Agrishow 2015
44
LEIA TAMBÉM
8 Crise Hídrica
- Déficit de água chegará a 40% no
mundo em 15 anos
- Falta d’água deve estimular práticas
de conservação
- São Paulo lança programa de uso
racional da água na agricultura
14 Controle Sanitário
- Brasil investe em tecnologia para
monitoramento de pragas
- Livro apresenta visão geral
sobre epigenética
- Defensivos para combate à
Helicoverpa estão liberados até
março de 2016
- Mapa define regras para entrada de
animais nas Olimpíadas 2016
- Importação de embriões
ovinos seguirá regras do Mercosul
- São Paulo terá Permissão de Trânsito
Vegetal eletrônica
24 Pecuária
- Bahia luta por certificado de Zona
Livre de PSC
- Suinter 2015 anuncia Choice
Genetics entre patrocinadores
- Iraque e África do Sul retomam
importações de carne brasileira
- Pecuaristas de MT e MS apostam
em integração
- MAPA quer capacitar
produtores leiteiros
30 Cotonicultura
- Brasil é 5º no ranking de
produção de algodão
- Setor faz campanha por
produção responsável
- Algodão colorido do Brasil
ganha o mundo
- Compactação do solo reduz
produtividade do algodoeiro em MT
- Congresso Brasileiro do
Algodão discute PD&I
55 Fruticultura
- Tratamento pós-colheita elimina
uso de agroquímicos
61 Mandioca
- Queda nos preços da raiz gera
crise no Paraná
- Mandiocultura dará salto
tecnológico no Nordeste
65 Plasticultura
- Agricultura tem o
plástico como aliado
- Técnica aumenta produção
de frutas em 30%
- Cultivo de morango favorece
produção de tomate e abacaxi
68 Agenda de Eventos 2015
- Há um fio de esperança para o setor
sucroenergético
- Setor tem relação difícil com
o Governo Federal
Caderno
73
Opinião
Intensificação ecológica, agricultura para um
novo mundo, por Inácio de Barros
Silvicultura
Estudo mostra recomposição florestal no Tapajós
6
70
Caderno
6 Terra & Cia Abril 2015
Opinião
Estima-se que a população mundial passará
de sete para nove bilhões de pessoas em
2050, aumentando a demanda por alimentos,
fibras, madeiras e biocombustíveis
Intensificação ecológica,
agricultura para um novo mundo
Inácio de Barros
P
erspectivas sugerem que uma
verdadeira revolução nos pro-
cessos de produção agríco-
la terá que acontecer. Se por um lado
o modelo produtivista tem mostrado
seus limites, principalmente no que diz
respeito ao uso insustentável de recur-
sos naturais e nos impactos negativos
que causam ao meio ambiente, por ou-
tro estima-se que a população mundial
passará de sete para nove bilhões de
pessoas em 2050, aumentando a de-
manda por alimentos, fibras, madei-
ras e biocombustíveis.
Esse aumento será ainda maior
do que uma progressão direta do cres-
cimento populacional, já que uma
substancial melhora na qualidade de
vida das populações menos favoreci-
das é esperada. O que passará, inevi-
tavelmente, por um maior uso per ca-
pita de produtos agrícolas.
A solução adotada por milênios
para contornar o aumento da deman-
da por produtos agropecuários - des-
matamento e expansão agrícola - sim-
plesmente não é mais possível. Quase
não há reservas de áreas agricultáveis
e o desmatamento está associado a
importantes mudanças que ameaçam
tanto a própria agricultura (aumento
de pragas, redução da polinização em
consequência da diminuição de abe-
lhas, erosão do solo, etc.) quanto a
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 7
A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é um exemplo típico de sistema de produção
agrícola fundamentado nos princípios da Intensificação Ecológica (ou Intensificação Sustentável)
perda da biodiversidade e as mudan-
ças climáticas.
O desafio então se apresenta de
forma clara: como atender as deman-
das por produtos agropecuários de
uma população maior e com melhor
qualidade de vida, de forma sustentá-
vel, sem aumentar a superfície culti-
vada e com menor disponibilidade de
água e de energia fóssil? Para respon-
der a esse desafio, uma nova proposta
surgiu na França no final desta primei-
ra década do século 21 – A Intensifi-
cação Ecológica (tradução francesa)
ou Intensificação Sustentável (tradu-
ção britânica) da Agricultura.
Por meio desse modelo, busca-se
criar condições para que os mecanis-
mos naturais dos ecossistemas sejam
intensificados em vez de se subsidiar
diretamente a produção com insumos.
Isso significa, conforme o caso, eli-
minar ou reduzir as arações e grada-
gens e, dessa forma, otimizar o fun-
cionamento do solo; usar plantas de
cobertura e assim favorecer o desen-
volvimento de minhocas e fixar o car-
bono; praticar o pousio melhorado
para maximizar o período de fotossín-
tese, a produção de biomassa e a fixa-
ção biológica do nitrogênio ou, ainda,
praticar ao máximo o combate bioló-
gico de pragas e doenças e conservar
a biodiversidade.
Esse modelo não exclui o uso de
fertilizantes nem de pesticidas, nem
descarta os organismos geneticamen-
te modificados, mas estes são prati-
cados de forma muito mais racional,
apenas em complemento às melhores
práticas agroecológicas a fim de ga-
rantir ganhos na qualidade ambiental
sem comprometer a lucratividade.
A integração lavoura-pecuária-
-floresta (ILPF) é um exemplo típico
de sistemas de produção agrícola fun-
damentado nos princípios da Intensi-
ficação Ecológica (ou Intensificação
Sustentável). Na ILPF, os mecanis-
mos naturais dos ecossistemas são ca-
nalizados em favor do sistema de pro-
dução: as diversas espécies presentes
(culturas anuais, pastagens e essên-
cias florestais) possuem raízes que ex-
ploram recursos do solo em diferentes
profundidades, evitando assim a com-
petição e favorecendo a complemen-
tariedade de nicho no uso de água e
nutrientes minerais. A presença de di-
versos extratos radiculares favorece
ainda a captura de lixiviados e a re-
montagem de nutrientes.
Em relação à parte aérea, os di-
ferentes níveis de dossel propiciam
uma melhor captura e um uso mais
eficiente da radiação solar e uma co-
bertura do solo que reduz as perdas de
água e de solo por erosão e/ou evapo-
ração além de reduzir a competição
com plantas daninhas. A biodiversi-
dade presente tem o potencial de pro-
mover mecanismos benéficos como
simbiose (Fixação Biológica do Nitro-
gênio; associação micorrízica) e alelo-
patia que ajudam no controle de plan-
tas invasoras, além de favorecerem a
presença de inimigos naturais de pra-
gas e oferecerem barreiras físicas e
genéticas à disseminação de doenças.
Uma agricultura ecologicamen-
te intensiva supõe também manejo
das técnicas agrícolas e da organiza-
ção espacial mais complexo do que o
utilizado hoje, aplicando-se essas téc-
nicas e organização aos mais diferen-
tes níveis de manejo do agroecossiste-
ma – do local à paisagem. Assim, essa
forma de agricultura é intensiva não
somente no que se refere às funciona-
lidades ecológicas, mas requer tam-
bém uma forte intensificação dos co-
nhecimentos e uma visão holística do
processo produtivo, além de uma ges-
tão integrada dos diferentes usuários
dos ecossistemas. Aí está, sem dúvi-
das, uma grande e necessária evolu-
ção. (Inácio de Barros é agrônomo e
pesquisador da Embrapa Tabuleiros
Costeiros)
Divulgação
8 Terra & Cia Abril 2015
Crise Hídrica
Déficit de água chegará
a 40% no mundo em 15 anos
Unesco/Divulgação
Ary Mergulhão: “Grande parte dos
problemas que os países enfrentam, além
de passar por governança e infraestrutura,
passa por padrões de consumo, que só
a longo prazo conseguiremos mudar, e
a educação é a ferramenta para isso”
Da Redação
R
elatório da Organização das
Nações Unidas para a Edu-
cação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) mostra que há no mundo água
suficiente para suprir as necessidades
de crescimento do consumo, “mas não
sem uma mudança dramática no uso,
gerenciamento e compartilhamento.
Segundo o documento, a crise global de
água é de governança, muito mais do
que de disponibilidade do recurso, e um
padrão de consumo mundial sustentável
ainda está distante.
De acordo com a Unesco, nas úl-
timas décadas o consumo de água cres-
ceu duas vezes mais do que a popula-
ção e a estimativa é que a demanda
cresça ainda 55% até 2050. Manten-
do os atuais padrões de consumo, em
2030 o mundo enfrentará um déficit
no abastecimento de água de 40%. Os
dados estão no relatório Mundial das
Nações Unidas sobre o Desenvolvimen-
to de Recursos Hídricos 2015 – Água
para um Mundo Sustentável.
A previsão pessimista conside-
ra como principais causas da falta de
água a intensa urbanização, as práti-
cas agrícolas inadequadas e a polui-
ção, que prejudica a oferta de água
limpa no mundo. A Unesco estima que
20% dos aquíferos estejam explorados
acima de sua capacidade. Os aquífe-
ros, que concentram água no subterrâ-
neo e abastecem nascentes e rios, são
responsáveis atualmente por fornecer
água potável à metade da população
mundial e é de onde provêm 43% da
água usada na irrigação.
O crescimento da população está
estimado em 80 milhões de pessoas por
ano, com estimativa de chegar a 9,1 bi-
lhões em 2050, sendo 6,3 bilhões em
áreas urbanas. A agricultura deve-
rá produzir 60% a mais no mundo e
100% a mais nos países em desenvolvi-
mento até 2050. A demanda por água
na indústria manufatureira deverá qua-
druplicar no período de 2000 a 2050.
O documento foi elaborado para
alertar os governos para que incenti-
vem o consumo sustentável e evitem
uma grave crise de abastecimento no
futuro. “Uma das questões que os pa-
íses já estão se esforçando para me-
lhorar é a governança da água. É im-
portante melhorar a transparência
nas decisões e também tomar medi-
das de maneira integrada com os di-
ferentes setores que utilizam a água.
A população deve sentir que faz par-
te da solução”, disse a oficial de Ci-
ências Naturais da Unesco na Itália,
Angela Ortigara.
A Unesco recomenda, de manei-
ra geral, mundanças na administração
pública, no investimento em infraes-
trutura e em educação. “Grande par-
te dos problemas que os países enfren-
tam, além de passar por governança e
infraestrutura, passa por padrões de
consumo, que só a longo prazo conse-
guiremos mudar, e a educação é a fer-
ramenta para isso”, diz o coordena-
dor de Ciências Naturais da Unesco no
Brasil, Ary Mergulhão.
No Brasil, a preocupação com a
falta de água ganhou destaque com a
crise hídrica no Sudeste. Antes disso, o
País já enfrentava problemas de abas-
tecimento, por exemplo no Nordetste.
Mergulhão diz que o Brasil tem reser-
va de água importante, mas deve inves-
tir em um diagnóstico para saber como
está em termos de política de consumo,
atenção à população e planejamento.
“É um trabalho contínuo. Não quer di-
zer que o País que tem mais ou menos
recursos pode relaxar. Todos têm que se
preocupar com a situação”.
Terra & Cia Abril 2015 9
valtra.com.br
VALTRA é uma marca mundial da AGCO.
MOTOR AGCO POWER 9.8L
específico para o mercado agrícola,
oferecendo alta performance, maior vida
útil e baixos níveis de consumo
AGRICULTURA DE PRECISÃO
exclusivo sistema de telemetria
AgCommand®
, monitoramento em
tempo real para maior disponibilidade
ALTA TECNOLOGIA
Eletrônica embarcada própria para
colhedora de cana. Fácil de operar
e simples de manter
NOVA CABINE
maior ergonomia e conforto,
com um sistema eletrônico exclusivo
para colheita da cana
Nova Valtra BE 1035e.
valtravideosvaltraglobal
DACANA,EXTRAÍMOSAENERGIA
PARADESENVOLVERAMELHOR
COLHEDORADOSETOR.
SUA
MÁQUINA.
DETRABALHO.
10 Terra & Cia Abril 2015
Crise Hídrica
Falta d’água deve estimular
práticas de conservação
Uma das saídas defendidas por
especialistas para reduzir as
consequências da crise hídrica
seria organizar o uso da água
nas bacias hidrográficas
UPF
Terra & Cia Abril 2015 11
Lineu Rodrigues: “O problema hídrico
que estamos observando em algumas
regiões do Brasil deve ser visto como
uma oportunidade para melhorar o
uso da água e planejar o futuro”
Embrapa
A
falta de água nos últimos me-
ses é uma consequência da
baixa ocorrência de chuvas
em períodos atípicos do ano. Esse fa-
tor, aliado ao aumento da demanda por
água em várias regiões do País e, tam-
bém, ao desperdício e a não utilização
de práticas de conservação, acabaram
agravando ainda mais essa situação.
No entanto, segundo o especialista em
hidrologia e recursos hídricos e coorde-
nador da Rede de pesquisa Agrohidro,
Lineu Rodrigues, a crise é também uma
questão de gestão e de planejamento.
“O problema hídrico que esta-
mos observando em algumas regiões
do Brasil deve ser visto como uma
oportunidade para melhorar o uso da
água e planejar o futuro”, destaca Li-
neu. Uma das saídas defendidas pelo
especialista para reduzir as consequ-
ências de situações como essa seria
organizar o uso da água nas bacias
hidrográficas.
“Como a oferta de água é va-
riável, para evitar conflitos e proble-
mas hídricos é fundamental planejar
e fazer a gestão desse recurso. Isto
é, compatibilizar a oferta com as de-
mandas, para não faltar água para
ninguém. É importante que o produtor
tenha consciência que ele faz parte de
um sistema hídrico maior, se ele des-
perdiçar água, alguém mais abaixo fi-
cará sem”, pontua Lineu.
A gestão dos recursos hídricos,
segundo o especialista, deve ser fei-
ta considerando a bacia hidrográfica
como unidade territorial de referência.
O Brasil está dividido em 12 regiões
hidrográficas e milhares de pequenas
bacias. “De preferência, a gestão dos
recursos hídricos deve ser feita no rio
de maior ordem, que formam as micro-
bacias. É nessas bacias que é realmen-
te possível constatar os conflitos ou
problemas de disponibilidade hídrica”.
Os produtores rurais podem con-
tribuir para amenizar o problema ado-
tando em suas propriedades práticas
conservacionistas, tais como o plantio
direto e o terraceamento. Essas medi-
das contribuem para aumentar a infil-
tração de água no solo e a recarga dos
aquíferos, ou do lençol freático. “É essa
água que vai abastecer os rios durante o
período da seca. Se a infiltração for pe-
quena, a recarga será pequena e faltará
água nos rios justamente durante esses
períodos críticos”, explica Lineu.
A adoção dessas práticas con-
servacionistas também ajuda a redu-
zir o escoamento superficial, conside-
rado ruim, pois carrega lixo e outras
impurezas para os rios. “Nesse senti-
do, a manutenção da cobertura vegetal
é fundamental para combater a erosão
e, também, aumentar a infiltração da
água no solo”, enfatiza o especialista.
(com Embrapa Cerrados)
Crise Hídrica
Crise hídrica pode ser amenizada com
a adoção de práticas conservacionistas,
como o terraceamento
Semam/Emater
12 Terra & Cia Abril 2015
Crise Hídrica
São Paulo lança programa de uso
racional da água na agricultura
Produtores rurais terão linha de crédito com juros subsidiados para a
modernização dos sistemas de irrigação das propriedades localizadas nas bacias
de contribuição dos reservatórios para abastecimento público do Alto Tietê
O
Governo do Estado de São
Paulo lançou uma linha de cré-
dito com juros subsidiados (ju-
ros zero) para a modernização dos sis-
temas de irrigação das propriedades
rurais localizadas nas bacias de con-
tribuição dos reservatórios para abas-
tecimento público do Alto Tietê, que
são: Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba, Pa-
raintinga e Ponte Nova. A iniciativa
é realizada por meio do Feap (Fun-
do de Expansão do Agronegócio Pau-
lista), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento.
O objetivo é incentivar a moder-
nização dos equipamentos de irriga-
ção com a substituição de tecnologias
ultrapassadas e a adoção de técnicas
que permitam, por meio da otimiza-
ção dos recursos hídricos, grande di-
minuição na captação de águas super-
ficiais na bacia do Alto Tietê. Serão
contemplados pelo programa peque-
nos agricultores dos municípios de Bi-
ritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Sale-
sópolis e Suzano.
“Trata-se de uma importante
iniciativa para substituir equipamen-
tos que desperdiçam água durante a
irrigação, que visa a boa eficiência”,
disse Alckmin. “Os agricultores po-
derão conseguir financiamentos a ju-
ros zero”, completou. Ao todo serão
disponibilizados R$ 60 milhões para
o programa, dos quais R$ 7 milhões
para subvenção de juros (Feap) e R$
53 milhões para os financiamentos
(Desenvolve SP).
O prazo para o pagamento do
financiamento será de até seis anos,
com até um ano de carência, e o va-
lor máximo a ser tomado será de R$
240 mil por beneficiário do programa.
Para serem contemplados, os projetos
precisam comprovar uma eficiência
mínima de 85% de rega, ou seja, de
cada litro de água captado, o sistema
deverá aproveitar no mínimo 850 ml
na irrigação da planta. Com a inova-
ção, estima-se que a economia de água
será de 50% em cada projeto.
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 13
14 Terra & Cia Abril 2015
Controle Sanitário
Brasil investe em tecnologia
para monitoramento de pragas
U
m estudo conduzido pela Em-
brapa Gestão Territorial e
parceiros pretende ampliar
a capacidade de monitorar a incidên-
cia de pragas exóticas e quarentená-
rias que podem causar grandes danos
à produção agropecuária e florestal
brasileira. O trabalho, registrado com
título “Identificação de segmentos e
locais nos limites territoriais do Bra-
sil para ações de prevenção à entra-
da de pragas”, apresenta metodologia
para mapeamento dos limites territo-
riais brasileiros.
A pesquisa discrimina 6 aspec-
tos: as fronteiras secas; as fronteiras
úmidas; a presença de floresta; o aces-
so terrestre (rodovias); os portos nas
fronteiras; e os aeródromos. A con-
sideração desses aspectos foi pensa-
da em relação às vias pelas quais as
pragas podem entrar em uma região.
A entrada de pragas quarentenárias
pode resultar na reduçao da produ-
ção agropecuária, na contaminação e
também na perda de mercado externo,
causando impactos ambientais, econô-
micos e sociais negativos.
De acordo com o analista de Ge-
oprocessamento da Embrapa, Wilson
Holler, o objetivo do trabalho é forne-
cer subsídios para que ações de pre-
venção à entrada e de contenção da
dissipação das pragas sejam tomadas
pelos órgãos responsáveis. Holler, pri-
meiro autor da publicação, afirma que
o Brasil sofre impacto negativo à me-
dida que aumentam as barreiras co-
merciais impostas aos produtos agrí-
colas nacionais, em decorrência de
novas pragas.
Os dados utilizados no trabalho es-
tão sendo disponibilizandos no portal da
Embrapa Gestão Territorial, na aba Da-
dos Abertos da Pesquisa. “Buscamos
ampliar a possibilidade de trabalhos con-
juntos e melhorar nossos estudos, por
meio de análises críticas de especialistas
que serão facilitadas a partir dessa ini-
ciativa”, disse o supervisor do Núcleo de
Análises Técnicas, Rafael Mingoti.
Os arquivos estão disponíveis no
formato shapefile e com uma proposta
de representação das feições cartográ-
ficas nos formatos *.lyr, *.sld e *.qml.
Com base nos dados obtidos, podem
ser estabelecidas regiões prioritárias
para ações público privadas (empre-
sas, associações ou cooperativas) de
prevenção da entrada de pragas de
acordo com as pragas existentes em
cada país fronteiriço. (com Embrapa
Gestão Territorial)
Gorgulho da manga (Sternochetus
mangiferae) é apenas uma das
pragas quarentenárias a serem
evitadas a partir do mapeamento
dos limites territoriais brasileiros
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 15
Controle Sanitário
Livro apresenta visão geral
sobre epigenética
E
pigenética: bases mo-
leculares, efeitos na fi-
siologia e na patologia
e implicações na produção ani-
mal e vegetal. Este é o título do
livro escrito pelas pesquisado-
ras da Embrapa, Simone Niciu-
ra e Naiara Saraiva, que apre-
senta uma visão geral sobre o
tema epigenética e mostra como
as modificações afetam a saúde
e o desenvolvimento de homens,
animais e plantas.
O livro também destaca
quais são os tipos de modifica-
ções epigenéticas conhecidas,
como podem ser e como influen-
ciam o desenvolvimento de doen-
ças, como o câncer, o fenótipo e
as características de produção
animal e vegetal. A edição técni-
ca contou com a participação de
jovens cientistas das Universida-
des de São Paulo (USP), Esta-
dual de São Paulo (Unesp) e Fe-
deral de São Carlos (UFScar).
O livro está à venda na Livraria
Embrapa por R$19,60.
Simone Niciura é uma das
editoras técnicas
Currículo Lattes
CurrículoLattes
16 Terra & Cia Abril 2015
Controle Sanitário
Defensivos para combate
à Helicoverpa estão liberados
até março de 2016
A Helicoverpa armigera é uma espécie
polífaga. As larvas da praga foram
registradas em mais de 60 espécies
de plantas cultivadas e silvestres e em
cerca de 67 famílias hospedeiras
O
s agrodefensivos aplicados
para o controle da praga He-
licoverpa armigera, nas cultu-
ras de soja, milho e algodão, tiveram o
uso emergencial prorrogado até 18 de
março de 2016. A decisão do Ministé-
rio da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento (Mapa) foi motivada pelo fato
de que Alagoas, Bahia, Goiás, Mi-
nas Gerais, Maranhão, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul estão na condi-
ção de emergência fitossanitária para
a lagarta, que pode causar prejuízos
ao agronegócio brasileiro.
Dados do Mapa mostram que,
na safra 2012/13 de grãos e fibras na
Bahia, os prejuízos causados pela pra-
ga foram de R$ 2 bilhões. De acordo
com a Instrução Normativa (IN) nº 3,
que oficializa a decisão, os principais
produtos utilizados para o controle da
praga são os que apresentam, em sua
composição, alguns ingredientes ati-
vos, como o Bacillus thuringiensis e o
Baculovírus (este responsável por agir
diretamente no sistema digestivo da
lagarta). Os produtos foram mencio-
nados, em 2013, no ato nº 15 elabo-
rado pelo Mapa.
De acordo com o fiscal federal
agropecuário Ériko Tadashi, dentre
as medidas já adotadas pelo Ministé-
rio para o controle da praga, pode-
-se destacar a instituição do Grupo de
Gerenciamento Situacional da Emer-
gência Fitossanitária, que tem o obje-
tivo de identificar, propor e articular
a implementação de ações emergen-
ciais, ágeis e eficazes para contenção
da praga, a fim de assegurar o com-
pleto restabelecimento da normalida-
de produtiva.
O Mapa também priorizou a
análise dos processos que possibili-
tam o emprego de novos produtos para
controle da praga. A Helicoverpa ar-
migera é uma espécie extremamente
polífaga – as larvas da praga foram
registradas em mais de 60 espécies
de plantas cultivadas e silvestres e em
cerca de 67 famílias hospedeiras.
Embrapa
Terra & Cia Abril 2015 17
18 Terra & Cia Abril 2015
Controle Sanitário
Mapa define regras para entrada
de animais nas Olimpíadas 2016
O
s cavalos que competirão nos
Jogos Olímpicos Rio – 2016
desembarcarão exclusiva-
mente no Aeroporto Antônio Car-
los Jobim (Galeão), do Rio de Janei-
ro, em voos fretados especificamente
para esse fim. Ao desembarcar, os re-
presentantes das delegações apre-
sentarão os documentos de trânsito
internacional e as comprovações sa-
nitárias dos cavalos. Além disso, os
animais deverão ter microchips com
todos os seus dados de identificação.
Com toda documentação che-
cada, os animais seguirão, acompa-
nhados do serviço veterinário oficial
do Mapa e de um comboio da Polí-
cia Federal, até o Centro Olímpico
de Hipismo do Complexo Esporti-
vo de Deodoro, na capital fluminen-
se, onde serão realizadas as compe-
tições hípicas.
A decisão foi tomada em reu-
nião entre o Departamento de Sani-
dade Animal (DSA) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to (Mapa), representantes do Comitê
Organizador dos Jogos Rio 2016, da
Autoridade Pública Olímpica (APO),
do Ministério da Defesa, do Exército e
da Confederação Brasileira de Hipis-
mo (CBH), nesta semana, em Brasília.
“O mais importante é que con-
seguimos flexibilizar as regras, dar
mais celeridade ao processo, sem ar-
riscar em nenhuma instância a segu-
rança sanitária do país”, disse o fis-
cal federal agropecuário do Mapa,
André Pereira Bompet. As regras são
específicas para os animais que com-
petirão nas Olimpíadas de 2016 e
vêm sendo debatidas desde 2014 e já
têm aprovação da Organização Mun-
dial de Saúde Animal (OIE). (Asses-
soria de Imprensa do Mapa)
Cavalos que competirão
nos Jogos Olímpicos
Rio 2016 deverão ter
microchips com todos os
seus dados de identificação
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 19
Importação de embriões ovinos
seguirá regras do Mercosul
A
partir do dia 18 de maio de
2015, a importação de em-
briões ovinos coletados in
vivo seguirá requisitos zoosanitários
adotados pelos países do Mercosul. A
Resolução GMC nº 48/14, que trata
desta questão, foi incorporada ao or-
denamento jurídico nacional pela Ins-
trução Normativa Nº 4. As regras fo-
ram discutidas entre os países que
integram o bloco econômico.
Com isso, o Brasil passa a seguir
os mesmos requisitos dos outros países
do Mercosul para importar, de qual-
quer país, embriões ovinos coletados
in vivo. O documento determina que
toda importação desse tipo de produto
deverá ser acompanhada de Certifica-
do Veterinário Internacional, emitido
pela Autoridade Veterinária do país
exportador, que atesta o cumprimen-
to dos requisitos.
O país exportador também de-
verá elaborar o modelo de certificado
que será utilizado para a exportação
desses embriões ovinos aos países do
Mercosul, incluindo as garantias zoo-
sanitárias que constam na resolução
para aprovação prévia pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
mento (Mapa).
De acordo com Alberto Gomes,
chefe da Divisão de Trânsito Inter-
nacional da Coordenação de Trânsi-
to e Quarentena Animal (DTI/CTQA/
Mapa), a Resolução GMG Nº 48/14
é a primeira do Mercosul que con-
templa os requisitos para a importa-
ção de embriões ovinos coletados in
vivo e “é importante para padroni-
zar os requisitos zoosanitários jun-
to ao Bloco”.
Controle Sanitário
ZEBU: PRODUTIVO
& SUSTENTÁVEL.
PATROCÍNIO
APOIO
20 Terra & Cia Abril 2015
Terra & Cia Abril 2015 21
22 Terra & Cia Abril 2015
Controle Sanitário
São Paulo terá Permissão de
Trânsito Vegetal eletrônica
O
governador paulista Geraldo
Alckmin autorizou o início da
operação da PTV (Permissão
de Trânsito Vegetal) eletrônica, neces-
sária para que o estado de São Pau-
lo possa exportar produtos vegetais,
que sejam veiculadores de pragas qua-
rentenárias presentes, para outro país
ou outro estado da Federação. A PTV
também pode ser exigida no trânsi-
to dentro do próprio estado, como é o
caso de mudas.
“A permissão é um importante
instrumento do ponto de vista sanitá-
rio para evitar a transmissão de doen-
ças e a defesa sanitária, mas isso não
pode ser de forma burocratizada. En-
tão, a partir de hoje, o produtor rural
pode ter acesso ao documento da sua
casa, do seu computador, de onde es-
tiver, sem precisar se deslocar até a
Casa de Agricultura ou até os escri-
tórios da Defesa Agropecuária”, dis-
se Alckmin.
O sistema informatizado permi-
te aos agricultores maior agilidade no
processo de emissão da PTV. Antes, o
documento só podia ser emitido por
uma unidade da CDA (Coordenadoria
de Defesa Agropecuária), da Secre-
taria de Agricultura e Abastecimen-
to. Agora, o processo poderá ser feito
pelo próprio produtor, a partir de um
computador ou mesmo telefone móvel
com acesso à internet.
De acordo com o secretário de
Agricultura, Arnaldo Jardim, o Mi-
nistério da Agricultura exige que as
guias sejam assinadas por um agrôno-
mo. “Nós queremos que esta guia seja
emitida automaticamente e que de-
pois a supervisão seja feita pelo agrô-
nomo, ou seja, a verificação se dá nas
exceções, nos casos que precisam ser
fiscalizados e não cotidianamente,
o que vai faciltar também a vida do
agricultor.
A emissão da PTV é a conclusão
de um sistema de Certificação Fitos-
sanitária cujo objetivo é evitar a dis-
seminação de pragas com potencial de
causar danos econômicos (pragas re-
gulamentadas), viabilizando o trânsi-
to de vegetais de acordo com as nor-
mas de defesa sanitária vegetal. O
sistema já está à disposição dos agri-
cultores paulistas.
Para ter acesso, os produtores
ou responsáveis técnicos devem reali-
zar o cadastro no site gedave.defesa-
agropecuaria.sp.gov.br. Devem, tam-
bém comparecer a uma das unidades
de Defesa Agropecuária, portando o
requerimento de ativação e desblo-
queio de acesso ao Gedave devida-
mente preenchido e assinado, além de
toda a documentação exigida.
Governador Geraldo Alckmin autorizou o início da operação da PTV
(Permissão de Trânsito Vegetal) eletrônica no Estado de São Paulo
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 23
24 Terra & Cia Abril 2015
Pecuária
Bahia luta por certificado
de Zona Livre de PSC
Da Redação
O
Estado da Bahia quer con-
quistar novos mercados para
exportação de carne suína.
Para isso, o governo baiano está ado-
tando uma série de medidas para que
o Estado obtenha a certificação inter-
nacional de Área Livre de Peste Suí-
na Clássica (PSC), através da Agên-
cia de Defesa Agropecuária da Bahia
(Adab), órgão vinculado à Secretaria
da Agricultura da Bahia (Seagri). A
meta do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) é
que 14 estados recebam o reconheci-
mento internacional até 2016.
A Bahia já é livre da doença
sem a necessidade de vacinação desde
2001, quando recebeu o status nacio-
nal de livre para a Peste Suína Clássi-
ca, e agora está entre os estados que
pleiteiam o reconhecimento interna-
cional. De acordo com o coordenador
do Programa de Sanidade dos Suíde-
os, Sérgio Vidigal, são várias as ações
executadas pela Bahia, a exemplo dos
inquéritos soroepidemiológicos, vigi-
lância ativa de granjas e criatórios,
controle do trânsito, em proprieda-
des de risco localizadas próximas as
divisas com estados infectados, além
da vigilância em suídeos asselvajados
(javali e seus cruzamentos).
Segundo o diretor da Adab, Rui
Leal, o processo de obtenção da cer-
tificação de Área Livre de PSC pela
Bahia vai dar proteção às demais uni-
dades da federação que estão pleite-
ando o reconhecimento. “Vamos con-
tinuar cumprindo o compromisso de
proteger a sanidade animal no estado
e no Brasil, realizando fiscalizações
nas regiões de divisa com estados in-
fectados e criando uma área de prote-
ção contra PSC”, disse Leal.
Para o diretor-geral da Adab,
Oziel Oliveira, “a certificação agrega-
rá valor ao produto e ajudará no de-
sempenho econômico, promovendo a
geração de emprego e renda para os
baianos e brasileiros”. O secretário de
Defesa Agropecuária do Mapa (SDA),
Décio Coutinho, reforçou que a prio-
ridade está na manutenção e amplia-
ção de mercados internacionais para
os produtos. “Para isso estamos rea-
lizando reuniões e organizando toda a
documentação para que, em breve, os
estados consigam obter a certificação
internacional”, informou Coutinho..
PSC - A Peste Suína Clássica é
uma doença de etiologia viral, alta-
mente contagiosa, podendo determinar
quadros de febre, hemorragias múlti-
plas e com alta taxa de mortalidade. A
transmissão acontece através de secre-
ções, excreções, sêmen e sangue, além
do contato direto entre os animais. Su-
ínos e javalis são os únicos reservató-
rios naturais do vírus da Peste Suína
Clássica. (com Ascom Adab)
Oziel Oliveira: “A certificação agregará
valor ao produto e ajudará no desempenho
econômico, promovendo a geração de emprego
e renda para os baianos e brasileiros
Governo baiano está
adotando uma série
de medidas para que
o Estado obtenha a
certificação internacional
de Área Livre de Peste
Suína Clássica (PSC)
Divulgação
USPImagens
Terra & Cia Abril 2015 25
Pecuária
Iraque e África do Sul retomam
importações de carne brasileira
Em 2012, o Brasil exportou mais de
5,6 mil toneladas de carne para o
Iraque, registrando um faturamento
acima de US$ 24 milhões
A
pós imposição de embargo
em função do caso atípico de
BSE (encefalopatia espon-
giforme bovina, conhecida popular-
mente como doença da vaca louca)
ocorrido no Estado do Mato Grosso,
em 2014, o Iraque aprovou, em mar-
ço de 2015, a liberação das impor-
tações de carne bovina brasileira e
seus subprodutos. Atestada a inocui-
dade do sistema brasileiro pela Or-
ganização Mundial de Saúde Animal
(OIE), que manteve o status de ris-
co do país como “insignificante”, as
negociações bilaterais pela reabertu-
ra foram iniciadas.
Em 2012, o Brasil exportou
mais de 5,6 mil toneladas de carne
para o Iraque, registrando um fatura-
mento acima de US$ 24 milhões. No
final de fevereiro deste ano, a Áfri-
ca do Sul também reabriu o mercado
para exportações brasileiras de carne
bovina desossada. A África do Sul ha-
via embargado a entrada desses pro-
dutos, pela ocorrência de febre af-
tosa no Brasil e pelo caso atípico de
encefalopatia espongiforme bovina. O
Brasil já chegou a exportar mais de
11 mil toneladas para o país africano
com faturamento de US$ 16 milhões.
De acordo com o presidente da
Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne (Abiec), An-
tônio Jorge Camardelli, a recuperação
desses mercados se somam a outras
conquistas para o setor de exportação
de carne bovina brasileira, que desde
o ano passado acumula notícias positi-
vas com relação à reabertura e expan-
são de mercados, como Irã e Egito.
“Um reconhecimento ao trabalho con-
junto da Abiec e ministérios de Agri-
cultura e das Relações Exteriores, que
não economizam esforços para defen-
der os interesses do País e do setor”.
Camardelli ressalta ainda que
o setor tem boas perspectivas para
2015, com o fim definitivo dos embar-
gos de China, Arábia Saudita e Japão,
além da possibilidade de abertura do
mercado norte-americano. “Isso nos
permite manter uma previsão otimis-
ta para este ano”.
Abracomex
26 Terra & Cia Abril 2015
Pecuária
Suinter 2015 anuncia Choice
Genetics entre patrocinadores
A
Choice Genetics anunciou
participação no 8º Suinter
(Simpósio Internacional de
Produção Suína), que acontecerá de
9 a 11 de junho de 2015, no Rafain
Palace Hotel e Convention Center, em
Foz do Iguaçu, no Paraná. Com o ob-
jetivo de contribuir com a realização
do evento e, consequentemente, maior
capacitação profissional no setor, a
empresa espera aproveitar o momen-
to para rever profissionais do segmen-
to e esclarecer possíveis dúvidas dos
participantes, antecipa o diretor da
Choice Genetics Brasil, Yves Naveau.
“O Suinter é um evento altamen-
te técnico, mas que aborda cada tema
de forma muito prática. Como se des-
tina à suinocultores e profissionais de-
dicados a produção, sem duvida é um
importante evento para trazer os últi-
mos conhecimentos técnicos da área.
E vamos também aproveitar a opor-
tunidade de participar de debates com
esses importantes profissionais envol-
vidos na produção de suínos”, disse o
executivo.
Com o tema “Evolução: Pro-
dução em Foco”, o evento vai reunir
os principais especialistas da área de
produção de suínos para debater os
principais desafios, oportunidades e os
rumos da produção suína no futuro. A
expectativa é reunir mais de 500 par-
ticipantes, entre médicos veterinários,
zootecnistas, produtores de suínos,
empresários, profissionais da agroin-
dústria e representantes das principais
empresas da cadeia produtiva.
Yves defende a importância de
promover um debate sobre qual dire-
ção deve seguir as evoluções da sui-
nocultura mundial. “A produção de
suínos tem evoluído muito nos últi-
mos anos com empresas e organiza-
ções se estruturando e se consolidan-
do. E, neste cenário, é fundamental
parar para refletir e analisar as evo-
luções globais na produção de carne
suína para definir sua própria estraté-
gia de produção dentro do atual cená-
rio global”.
Evolução da suinocultura - Dian-
te de tantas transformações que tem
vivido a suinocultura nos últimos
anos, o aumento de prolificidade, peso
dos animais de abate, conversão ali-
mentar e redução do custo de produ-
ção devem se manter entre as prio-
ridades na produção de carne suína,
aposta Yves. Ele acredita também na
forte tendência de aumento de preocu-
pações sociais na produção “Nos pró-
ximos anos, devemos ver maior preo-
cupação com a sanidade e a restrição
do uso de antibióticos nessa dinâmica
atividade, mesmo que isso represente
um aumento nos custos de produção”.
Com o objetivo de debater os
principais desafios que existem nos
atuais sistemas de produção e disponi-
bilizar estratégias e oportunidades de
manejo a fim de contribuir com maior
nível de especialização no campo, o 8º
Suinter vai debater temas como sa-
nidade, instalação, manejo, nutrição,
reprodução, bem-estar e gestão, des-
taca a idealizadora do Suinter e mem-
bro da comissão técnica Maria Nazaré
Lisboa, que ressalta a importância de
ter a parceria de uma empresa como
a Choice Genetics apoiando o evento.
“É importante que uma empresa
como a Choice Genetics apoie inicia-
tivas de difusão de conhecimento téc-
nico voltados para a capacitação pro-
fissional. Esta participação contribui
com a qualidade e enriquece os deba-
tes. Para esta edição, estamos dispo-
nibilizando o que há de mais recente e
avançado em pesquisas e tecnologias
nas diferentes áreas de produção. A
ideia é abordar estes temas de forma
prática e fácil adoção no dia a dia da
suinocultura” afirmou a especialista.
Yves Naveau, diretor da Choice Genetics
Brasil, defende a importância de promover
um debate sobre qual direção devem seguir
as evoluções da suinocultura mundial
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 27
Leitores da Terra&Cia têm
descontos especiais!
28 Terra & Cia Abril 2015
Pecuária
Pecuaristas de MT e MS
apostam em integração
Rubens Catenacci: “Passamos de um animal por hectare para
três nesse período e nas próximas duas safras nossa meta é
chegar a cinco unidades animal, dividindo o mesmo espaço”
DenilsonRodrigues
A
integração entre pastagem e
produção de grãos para o de-
senvolvimento vertical das
propriedades é a aposta dos criado-
res de gado dos estados de Mato Gros-
so e Mato Grosso do Sul. No primeiro
ano de atividades, o consórcio já ren-
deu aumento de um para três animais
por hectare. Preocupados com o perío-
do de seca, que na região Centro-Oeste
se estende de maio a setembro, os pe-
cuaristas investem na integração com
a finalidade de aumentar a taxa nutri-
cional do solo e garantir melhor de-
senvolvimento da pastagem.
A integração proporciona ali-
mentação adequada ao rebanho nos
meses de estiagem. Em Cáceres, MT, o
agrônomo e consultor do grupo Nelore
Grendene, Lycurgo Iran Nora, traba-
lha sob a meta de atingir a lotação de
oito cabeças por hectare, em cinco sa-
fras. “Neste primeiro ano de integra-
ção, passamos de um para 3,5 animais
por hectare. Isso acontece por conta
do aumento de nitrogênio, que, após
esta experiência com a soja e o milho,
somou aproximadamente 45 kg por
hectare, o que privilegiará a próxima
cultura, no caso a pastagem”.
De acordo com Iran Nora o de-
senvolvimento da pastagem come-
ça 30 dias antes do início da colheita
dos grãos e os benefícios do consórcio
sobressaem aos resultados nutricio-
nais do capim. “A utilização dos grãos
para silagem na alimentação dos ani-
mais além de diminuir os custos com
ração importada de outras regiões, fa-
vorece o reabastecimento de energia
do animal, por meio do amido do mi-
lho. Contamos ainda com o desenvol-
vimento sustentável, já que plantamos
uma cultura sob a outra, sem aumen-
tar área, apenas reaproveitando e me-
lhorando”, disse.
Nos mesmos moldes do grupo
Grendene, a Fazenda 3R, em Figueirão,
MS, colhe sua segunda safra de grãos
com resultados semelhantes. “Passa-
mos de um animal por hectare para três
nesse período e nas próximas duas sa-
fras nossa meta é chegar a cinco unida-
des animal, dividindo o mesmo espaço”,
afirma o pecuarista Rubens Catenacci.
Segundo o administrador da Fa-
zenda 3R, Rogério Rosalin, o objetivo
é de cunho ambiental e produtivo. “O
empreendedor rural atualmente pre-
za por qualidade, sem danos ao meio
ambiente. Há algum tempo a pecuária
deixou de expandir as áreas e passou a
apostar em tecnologia, visando susten-
tabilidade e crescimento vertical, com
foco na carne de qualidade e aumento
de receita”, observa o administrador.
Terra & Cia Abril 2015 29
O
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(Mapa) prepara um conjun-
to de ações para aumentar a qualida-
de do leite, capacitar trabalhadores e
ampliar exportações, a partir de um
programa de estímulo à produção e
consumo, que beneficiará produtores
de Goiás, Minas Gerais, Santa Catari-
na, Paraná e Rio Grande do Sul, prin-
cipais estados que garantem o abas-
tecimento do País. O programa está
sendo formulado em parceria com re-
presentantes de produtores, cooperati-
vas e indústria.
De acordo com a ministra Ká-
tia Abreu, o Brasil precisa de “foco
na melhoria da qualidade e eficiência
produtiva, uma vez que não se con-
segue ter indústria competitiva sem
base produtiva competitiva”. O Bra-
sil é o quarto maior produtor mundial
de leite, com 34 bilhões de litros em
2013. Para a ministra, o setor pode
melhorar sua performance investindo
na qualidade.
O principal pilar do programa do
Mapa é a assistência técnica. Os pro-
dutores interessados poderão se ins-
crever em cursos de capacitação, que
serão oferecidos em parceria com o
Sistema S (conjunto de organizações
das entidades corporativas voltadas
para o treinamento profissional, assis-
tência social, consultoria, pesquisa e
assistência técnica, como Senai, Sesc,
Sesi, Senac, etc.).
O objetivo dos cursos é aperfei-
çoar o manejo do leite e, com isso, au-
mentar a produtividade e a renda dos
produtores. Segundo dados do Cen-
so Agropecuário (IBGE, 2006) dos
5,1 milhões de estabelecimentos ru-
rais, 77% não recebem nenhum tipo
de orientação técnica. Os produtores
contemplados pelo programa tam-
bém deverão contar com uma linha
de crédito especial para custeio e in-
vestimento. O Mapa pretende desbu-
rocratizar o acesso a programas de
financiamento já disponíveis e estuda
criar uma linha de crédito permanen-
te para retenção de matrizes leiteiras
bovinas e bubalinas.
Outra prioridade será a erradi-
cação da brucelose e da tuberculose,
amplamente disseminadas no territó-
rio brasileiro. O Mapa estuda criar
fundos estaduais para indenização por
animais contaminados, mas antes vai
acelerar o levantamento da situação
epidemiológica dos cinco estados. Es-
tima-se que as perdas diretas com a
brucelose sejam de 25% na produção
de leite. No caso de tuberculose, a es-
timativa é de 10 a 18% de queda.
Com a sistematização dos dados
da Rede Brasileira de Laboratórios de
Qualidade do Leite, o programa pre-
tende desenvolver, em parceria com a
Embrapa, uma plataforma integrada
para análise e interpretação dos dados
laboratoriais dos cinco estados. Com
isso, será possível compilar informa-
ções sobre a qualidade do leite. O mi-
nistério estuda uma forma de harmo-
nizar os parâmetros de qualidade do
leite entre os serviços de inspeção fe-
deral, estadual e municipal.
O Mapa deverá implementar ini-
ciativas para promover o consumo de
leite e derivados, além de ampliar pro-
Pecuária
MAPA quer capacitar
produtores leiteiros
gramas institucionais do governo fede-
ral para compra e distribuição de leite
a famílias carentes. Estimular o con-
sumo de leite ajuda ajustar a oferta e
a demanda no setor. Apesar de o con-
sumo doméstico ter aumentado 2% no
ano passado, a produção cresceu 7%
nos nove primeiros meses de 2014 em
relação ao mesmo período de 2013,
de acordo com o IBGE. Os produto-
res também reivindicam atualização
de marcos regulatórios e reestrutura-
ção do Programa Nacional de Qualida-
de do Leite. (com Assessoria do Mapa)
AlcidesOkuboFilho
O programa pretende desenvolver,
em parceria com a Embrapa, uma
plataforma integrada para análise e
interpretação dos dados laboratoriais
dos cinco maiores estados produtores
30 Terra & Cia Abril 2015
Cotonicultura
Brasil é 5º no ranking
de produção de algodão
Galho com
cinco capulhos
de algodão
Doca Pascoal
O
Brasil é o quinto maior produ-
tor de algodão do planeta e lí-
der mundial em produtivida-
de em solo não irrigado. Os dados da
Associação Brasileira dos Produtores
de Algodão (Abrapa) também posicio-
nam o País como terceiro maior ex-
portador desta cultura agrícola, que
figura entre as dez principais do mun-
do. A produção anual brasileira gira
em torno de dois milhões de toneladas
de fibra, plantados numa área de 1,1
milhão de hectares espalhada princi-
palmente pelo Centro-Oeste, região
Sul-Amazônica e Nordeste.
Nas últimas três safras, o volu-
me médio produzido nas lavouras bra-
sileiras foi de 1,7 milhão de tonela-
das da pluma, o que inclui o Brasil no
“Top Five” dos maiores produtores
mundiais, atrás apenas da China, Ín-
dia, Estados Unidos e Paquistão. O al-
godão brasileiro tem, como principais
destinos de exportação, países como
Indonésia, Coréia do Sul, China, Es-
tados Unidos, além da União Euro-
peia. O Brasil, que há duas décadas
era o maior país importador, hoje traz
de fora apenas um residual que não
ultrapassa 15 mil toneladas/ano.
Todos os anos, em média, 35 mi-
lhões de hectares de algodão são plan-
tados por todo o planeta. A demanda
mundial tem aumentado gradativa-
mente desde a década de 1950, a um
crescimento anual médio de 2%. Atu-
almente, o algodão é produzido por
mais de 60 países, nos cinco continen-
Embrapa
Terra & Cia Abril 2015 31
Detalhe do algodoeiro irrigado
por pivô central
Nas últimas três safras, o volume médio
produzido nas lavouras brasileiras foi
de 1,7 milhão de toneladas da pluma,
o que inclui o Brasil no “Top Five”
dos maiores produtores mundiais
tes. De acordo com a Abrapa, o co-
mércio mundial da fibra movimenta
hoje cerca de US$ 12 bilhões (cerca de
R$ 37 bilhões) e envolve mais de 350
milhões de pessoas em sua produção,
desde as fazendas até a embalagem.
De acordo com o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
to (Mapa), a produção nacional de al-
godão é, prioritariamente, destinada à
indústria têxtil. A principal preocupa-
ção da cotonicultura brasileira é com
a qualidade da fibra, para atender às
exigências das indústrias nacionais e
clientes externos. Técnicas avançadas
de plantio, aliadas à utilização de culti-
vares melhor adaptadas ao tipo de solo
e clima das regiões produtoras contri-
buíram para o avanço da produção.
Com índice de produtividade
60% superior aos Estados Unidos, a
cotonicultura brasileira mudou radi-
calmente, passando, em uma déca-
da, de lavoura manual para totalmen-
te mecanizada no plantio, nos tratos
culturais e na colheita. Os estados de
Mato Grosso e Bahia são responsá-
veis por 82% da produção nacional e
se destacam pelo investimento em bio-
tecnologia, gerenciamento do setor e
novas técnicas de manejo.
História - A cotonicultura foi
uma das primeiras atividades agríco-
las desenvolvidas no Brasil. O primeiro
“boom” ocorreu no século XIX, com a
redução do fornecimento norte-ameri-
cano às tecelagens inglesas durante a
guerra civil. Após problemas na produ-
ção, causados pelos impactos de guer-
ras e pragas, o algodão ressurgiu for-
te e competitivo no Brasil. O setor vive
boas perspectivas de expansão, esti-
mulado pela vitória obtida em 2008,
no âmbito da Organização Mundial do
Comércio (OMC), contra a prática de
subsídios considerados desleais.
32 Terra & Cia Abril 2015
Terra & Cia Abril 2015 33
34 Terra & Cia Abril 2015
Cotonicultura
Setor faz campanha por
produção responsável
Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) se baseia em
princípios de produção relacionados aos três pilares básicos
da sustentabilidade: ambiental, social e econômico
Embrapa
A
Associação Brasileira dos
Produtores de Algodão
(Abrapa) lançou, no final de
2012, o programa Algodão Brasileiro
Responsável (ABR), que se baseia em
princípios de produção relacionados
aos três pilares básicos da sustentabi-
lidade: ambiental, social e econômico.
Na Safra 2013/14, o ABR certificou
256 fazendas localizadas nos estados
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Bahia, Goiás, Maranhão e Minas Ge-
rais. Juntas, representam 805,4 mil
hectares de área plantada e produção
de 1,22 milhão toneladas de pluma.
Na safra 2013/14 de algodão,
mais de dois terços da produção bra-
sileira recebeu certificação socioam-
biental. O programa ABR segue ali-
nhado às premissas da Better Cotton
Initiative (BCI). Ambos os programas
possuem hoje o mesmo protocolo de
certificação e licenciamento. Do to-
tal de 1,7 milhão de toneladas de plu-
mas produzidas pelo Brasil na safra
2013/14, a participação de produto-
res associados ao ABR representou
71%. Já a participação de certifica-
dos pelo BCI alcançou 66% do total.
Financiado com recursos do Ins-
tituto Brasileiro do Algodão (IBA),
o programa ABR representa a sínte-
se da união dos cotonicultores brasi-
leiros em prol de uma melhor produ-
ção em todo País. A adesão a esse tipo
de programa é voluntária e represen-
ta um avanço na consolidação da co-
tonicultura em Mato Grosso e nos de-
mais estados produtores de algodão
do Brasil, assegurando a posição do
Brasil entre os cinco maiores players
do mercado mundial da pluma.
Certificação - A adesão ao pro-
grama ABR ocorre em duas etapas.
Inicialmente, é realizada uma veri-
ficação interna pelas equipes de sus-
tentabilidade das associações estadu-
ais, que observam a conformidade das
propriedades com a lista de requisitos
do programa. Os técnicos vão até as
fazendas para uma avaliação e orien-
tação sobre como corrigir os possíveis
problemas. Após a verificação interna
e a correção das não conformidades,
a verificação fica por conta de certifi-
cadoras independentes. O principal re-
quisito para a seleção das empresas é
a acreditação internacional.
Terra & Cia Abril 2015 35
Cotonicultura
Algodão colorido do Brasil
ganha o mundo
A
lgodão colorido cultivado por
produtores da Paraíba está
se firmando como produto
de luxo para o mercado externo. De
símbolo regional em lojas de artigos
para turistas, a pluma colorida alcan-
çou status de peças de glamour expor-
tadas para a França, Itália, Espanha,
Alemanha, Japão, Estados Unidos
e países escandinavos. A “luxuosa”
pluma marrom, tão aplaudida nas fei-
ras internacionais de moda, cresce no
Brasil em meio à paisagem seca do
agreste paraibano, onde nem o feijão
e o milho resistiram à falta d’água.
O cultivo de algodão colorido
orgânico é uma das principais fontes
de renda do Assentamento Margari-
da Maria Alves, localizado no muni-
cípio de Juarez Távora, PB. A área
de 18 hectares não aparece nas esta-
tísticas oficiais de produção do algo-
dão no Brasil, mas chama a atenção
do mundo da moda sustentável por ser
uma alternativa ao sistema de pro-
dução tradicional com alto uso de in-
sumos e de água. O algodão colorido
produzido no Semiárido, por exemplo,
foi destaque na feira 1.618 Sustaina-
ble Luxury Paris (1.618 Luxo Susten-
tável), realizada em abril, na capital
francesa.
O assentamento que abriga 15
famílias fica a 100 quilômetros de
João Pessoa, capital da Paraíba. O
cultivo do algodão colorido é em sis-
tema de sequeiro, sem nenhum tipo de
adubo ou inseticida sintético. O algo-
dão é certificado pelo Instituto Biodi-
nâmico (IBD). A pluma é beneficiada
no próprio assentamento em uma mini
usina descaroçadora. A máquina sepa-
ra a semente da fibra. A semente fica
no assentamento para o próximo plan-
tio e para alimentação animal. Já a fi-
bra segue para a indústria de fiação
em Campina Grande e João Pessoa.
Posteriormente segue para teares me-
cânicos rústicos que ainda existem em
diversos municípios paraibanos.
Como já nasce colorida, a fibra
dispensa o uso de produtos químicos
para tingir o tecido e economiza 83%
de água no processo de acabamento
da malha, em comparação com os te-
cidos coloridos artificialmente. Essas
características tornam o produto mui-
to procurado pelas empresas voltadas
para a chamada “moda verde”. De
acordo com a presidente da Associa-
ção da Indústria do Vestuário da Pa-
raíba (Aivest-PB), Francisca Vieira, o
público consumidor das peças de algo-
dão colorido é consciente e com alto
poder aquisitivo, que se preocupa com
a origem do produto que consome.
Desafios - Além da escassez de
água, o algodão colorido precisa so-
breviver ao bicudo-do-algodoeiro (An-
thonomus grandis), uma das principais
pragas da cultura. O inseto contribuiu
para a diminuição gradativa das plan-
tações de algodão branco na região
Semiárida, que já foi a maior área de
produção algodoeira do País. O praga
ataca o botão floral e deposita o ovo.
Depois de furado pelo bicudo, o botão
cai e em aproximadamente 25 dias
surge um novo inseto adulto. Uma fê-
mea pode perfurar até 200 botões e
se não for feito o controle, pode botar
toda a safra a perder.
Novas cores - O algodão colorido
é tão antigo quanto o algodão branco.
Muitas espécies silvestres datadas de
Capulho de algodão colorido da variedade BRS Topázio
EdnaSantos/Embrapa
36 Terra & Cia Abril 2015
Cotonicultura
4.500 anos foram encontradas em es-
cavações no Peru e no Paquistão. Mas
esse tipo de algodão tinha fibras muito
curtas que não serviam para a fiação.
“Quando nascia um pé de algodão co-
lorido era arrancado para não se mis-
turar com o branco”, observa do pes-
quisador da Embrapa Algodão, Isaias
Alves. Depois de 20 anos de melhora-
mento genético, a Embrapa obteve va-
riedades de pluma colorida aptas a se-
rem utilizadas na indústria têxtil.
Neste período, foram lançadas
cinco variedades em tonalidades que
vão do verde-claro aos marrons cla-
ro, escuro e avermelhado. Para 2015,
está previsto o lançamento de outra
variedade marrom, mais produtiva e
com maior qualidade de fibra. Segun-
do o pesquisador da Embrapa Algo-
dão, Luiz Paulo Carvalho, responsável
pelo desenvolvimento das variedades
de algodão colorido, o primeiro passo
foi escolher uma variedade com cor in-
teressante para cruzar com uma plan-
ta de fibra branca de boa qualidade.
“Depois selecionamos várias
plantas que nasceram com uma cor
bonita, boa produção e mandamos a
fibra para analisar em laboratório.
Guardamos as melhores sementes e
plantamos em linhas para observar se
nascem com características homogê-
neas, resistência a doenças e boa pro-
dução”, disse Carvalho. O processo é
repetido em média de sete a oito anos
para se chegar a uma nova varieda-
de pronta para ser lançada no merca-
do. “No médio prazo, esperamos obter
também uma variedade na cor rosa”,
disse o pequisador.
As variedades lançadas foram
obtidas por meio do melhoramento ge-
nético convencional, a partir de cru-
zamento de plantas de algodão entre
si. Outra linha de pesquisa busca ob-
ter o algodão de cor azul. Mas como
não existem plantas de algodão com
a cor azul na natureza, os pesquisa-
dores estão recorrendo à biotecnolo-
gia para transferir o gene que fornece
o tom azulado para a fibra do algodão.
“No momento, uma construção gênica
que poderá produzir a cor azul na fi-
bra está sendo introduzida no genoma
do algodão”, afirma Luiz Paulo.
O desenvolvimento do algodão azul,
segundo o pesquisador, reduziria signifi-
cativamente o uso de tinta na indústria
têxtil. “Se tivéssemos este algodão, nós o
utilizaríamos para confeccionar o jeans,
por exemplo. Seria sem dúvida um gran-
de avanço, pois o mundo inteiro fabrica
jeans e se gasta muita tinta para a produ-
ção do tecido”, destaca.
Desenvolvimento de mercado -
O desafio do setor é aumentar a esca-
la de produção. Para isso, foi criado
o Comitê Gestor do Arranjo Produtivo
Campo de algodão
pronto para colheita
FabianoJoséPerina/Embrapa
Terra & Cia Abril 2015 37
Local de Confecções e Artefatos de Al-
godão Colorido do Estado da Paraíba,
que integra empresários, produtores
e suas organizações e instituições de
apoio (Embrapa, Abit, FIEP, APEX,
Senai, Sebrae, bancos públicos e pri-
vados, Governo do Estado da Paraíba,
Mapa, SFA-PB e Conab-PB).
O Comitê, criado com o objeti-
vo de articular todos os elos envolvidos
no ciclo de produção da pluma, já co-
lhe frutos positivos. Uma das principais
conquistas foi a garantia de compra da
produção do algodão colorido, que deu
segurança ao produtor para realizar o
plantio e alimentar a cadeia produtiva
do Estado que envolve tecelagens, con-
fecções e pequenas indústrias de moda
e decoração. De acordo com o coorde-
nador do comitê gestor, Gilvan Ramos,
o desafio agora é ampliar a produção
para atender novos mercados.
“Grandes marcas nacionais e in-
ternacionais têm procurado o algodão
colorido orgânico a fim de desenvol-
ver linhas sustentáveis, e a produção
precisa urgentemente ganhar escala
produtiva e regularidade de oferta”,
observa. Segundo ele, o produto não
permanecerá por muito tempo ape-
nas como nicho de mercado. “A China
já planta 21 mil hectares de algodão
colorido orgânico enquanto o Bra-
sil só alcançou até hoje 1.800 hecta-
res”. Ele acredita que o cultivo deve
se espalhar no mundo todo, citando o
exemplo dos EUA, onde já se vende se-
mentes de algodão colorido on line.
Está entre os planos do comi-
tê gestor, implantar um polo têxtil e
de confecções de fibras naturais, que
incluem o algodão colorido, em João
Pessoa, PB. De acordo com o presi-
dente da Associação Brasileira da In-
dústria Têxtil e de Confecção (Abit),
Rafael Cervone, ainda existem ques-
tões econômicas a serem soluciona-
das, mas acredita que no médio pra-
zo a produção pode crescer, tendo em
vista que este tipo de matéria-prima
reduz o consumo de água e produtos
químicos nas etapas de produção, pois
dispensam a etapa de tinturaria.
Redução de resíduos, reaproveita-
mento de água, utilização de lodo como
fonte energética, uso de corantes natu-
rais, fibras sintéticas biodegradáveis,
desfibramento das roupas usadas e de
retalhos para fazer novos fios, além de
reciclagem de garrafas PET para trans-
formá-las em fibras para confecção de
camisetas, estão entre as iniciativas
apontadas por Cervone em favor da sus-
tentabilidade na indústria da moda. “O
Brasil já possui uma imagem de referên-
cia no mundo quando o assunto é moda
sustentável. Mas não há dúvida de que
ainda há muito a ser feito”. (com Em-
brapa Algodão)
Colheita de algodão
colorido em Juarez
Távora, PB
EdnaSantos/Embrapa
Cotonicultura
38 Terra & Cia Abril 2015
Cotonicultura
Compactação do solo reduz
produtividade do algodoeiro em MT
P
esquisa desenvolvida pela
Embrapa, Instituto Mato-
-grossense do Algodão (IMA-
mt) e parceiros, indica que a resistên-
cia à penetração radicular na camada
de 10 a 20 cm do solo é um dos prin-
cipais fatores responsáveis pela redu-
ção da produtividade do algodão no
Estado de Mato Grosso. Se a com-
pactação for acompanhada de infes-
tação pela praga Meloidogyne incog-
nita, conhecida como nematóide das
galhas, o dano pode ser ainda maior.
O estudo analisou amostras em
mais de 1,1 mil talhões nas princi-
pais regiões produtoras de algodão de
Mato Grosso e correlacionou 78 parâ-
metros, bióticos e abióticos, em busca
de causas para a redução da produti-
vidade que tem sido observada nas la-
vouras. Entre os itens avaliados esta-
vam sistema de produção, cultivares
utilizadas, produtividade, atributos
químicos, físicos e biológicos do solo,
além da presença de fitoparasitas.
As análises mostraram que 16%
das áreas amostradas apresentaram
valores muito altos de resistência à
penetração, sendo necessária a reali-
zação de medida específicas para des-
compactação do solo. Para o pesqui-
sador da Embrapa Agrossilvipastoril,
Ciro Magalhães, todos os solos são su-
jeitos à compactação, independente-
mente da textura. Segundo ele, o ex-
cesso de aração e gradagem, além da
entrada de máquinas em condições de
alta umidade, são os principais fato-
res responsáveis pelo problema.
“A principal causa é o mane-
João Flávio Veloso Silva: “A melhor alternativa para controlar nematoides em lavouras
de escala é usar variedades resistentes com rotação de culturas. Isso é fundamental”
jo intensivo do solo. A gradagem fa-
vorece a compactação porque está de-
sagregando o solo. A capacidade de
suporte de carga do solo fica menor.
Se entrar uma máquina para fazer al-
guma operação, geralmente aduba-
ção ou aplicação de defensivos, em um
solo revolvido, provavelmente ele não
suporta a carga e ocorre a compacta-
ção”, observa o pesquisador.
Pragas - A pesquisa também
indicou um aumento na incidência
de nematoides nas lavouras, quando
comparado a dados coletados há uma
década. As duas espécies com maior
distribuição são o Pratylenchus bra-
chyurus, chamado de nematóide das
lesões, presente em 96% das amos-
tras, e o Meloidogyne incognita, en-
contrado em 23% das áreas analisa-
das. Também foram encontrados em
menor proporção Rotylenchulus reni-
formis e Heterodera glycines.
O nematóide Pratylenchus bra-
chyurus causa lesões radiculares nas
plantas. É um patógeno de considerá-
vel importância econômica por con-
ta de sua ampla distribuição geográ-
Terra & Cia Abril 2015 39
Raiz com sintoma provocado
por nematoide de galhas
(Meloidogyne incognita) em
algodoeiro no Mato Grosso
fica e ao grande número de plantas
hospedeiras. As lesões servem de por-
ta de entrada para bactérias e fun-
gos, causando necroses e podridões.
Especialistas recomendam a rotação
de cultura com espécies não hospe-
deiras, como forma de controle, além
da pulverização com produtos especí-
ficos para cada cultura. No entanto,
de acordo com a pesquisa, apesar de
estar presente na maior parte das la-
vouras, o Pratylenchus não tem rela-
ção com a queda na produtividade do
algodoeiro.
Já o Meloidogyne incognita, cau-
sador de galhas nas raízes, está forte-
mente relacionado à baixa produtivi-
dade, sobretudo se a incidência ocorre
em áreas de solo compactado. “São
causas independentes. Não é sempre
que você tem compactação e nematoi-
des. Mas sempre que tem compacta-
ção do solo e presença de Meloidogy-
ne, os danos são maiores. São fatores
aditivos. A planta tem pouco volume
de solo para explorar e o nematoide
ataca as raízes naquela área”, expli-
ca o pesquisador e chefe-geral da Em-
brapa Agrossilvipastoril, João Flávio
Veloso Silva.
A pesquisa mostrou que em solos
classificados como argilosos, quan-
do infestados por grande população
de M. incognita, a produção de caro-
ço de algodão por hectare chegou ter
redução de 32 arroubas, passando de
277 @/ha para 245@/ha. O prejuí-
zo foi ainda maior em solos classifi-
cados como de textura média. Neles,
a produção média de 308 @/ha che-
gou a cair para 238 @/ha por influ-
ência de maior população do nematoi-
de das galhas.
Os nematóides fitoparasitas do
gênero Meloidogyne são um dos gru-
pos mais importantes de inimigos da
agricultura brasileira. Tem ocorrên-
cia generalizada em toda região tropi-
cal e sub-tropical. No Brasil, parasita
diversas culturas como algodão, bata-
ta, café, cana-de-açúcar, feijão, milho,
soja, tomate entre muitas outras.
Alternativas - O uso de sistemas
integrados de produção, com a rota-
ção de culturas tem sido a principal
alternativa apontada pelos especialis-
tas para redução dos dois problemas.
No caso da compactação de solo, o
uso de plantas com sistema radicular
mais eficiente, como crotalárias, nabo
forrageiro e gramíneas são uma forma
de aumentar a quantidade de poros no
solo. Em alguns casos, no entanto, a
compactação é tão intensa que exige a
descompactação mecânica.
“A opção é entrar com o subsola-
dor quebrando essa camada compac-
tada. Mas não adianta descompactar
e continuar produzindo do mesmo jei-
to. Tem de mudar a mentalidade, fazer
rotação de culturas, usar plantas de
cobertura, evitar revolver o solo para
40 Terra & Cia Abril 2015
Cotonicultura
Raiz com sintomas de
murcha de fusarium e
nematoide de galha
não permitir que volte a se compactar”,
alerta Ciro Magalhães. Nesse sentido, o
sistema plantio direto na palha configu-
ra-se como uma boa opção nos sistemas
produtivos, uma vez que não há revolvi-
mento do solo, permitindo a continuida-
de de poros de acordo com a decompo-
sição de raízes mortas e com a ação da
fauna e microfauna do solo.
Já para a redução dos danos
causados pelo nematoide Meloidogy-
ne incognita, a melhor alternativa é
a rotação de culturas utilizando cul-
tivares de soja, milho e algodão resis-
tentes ou tolerantes a essa espécie, ou
ainda plantas não hospedeiras, como
as braquiárias e alguns tipos de cro-
talárias. “O uso de nematicidas para
culturas de escala dificilmente é eco-
nomicamente viável, porque as áreas
são muito grandes e fica muito caro.
A melhor alternativa para controlar
nematoides em lavouras de escala é
usando variedades resistentes e usan-
do rotação de culturas. Isso é funda-
mental”, afirma o pesquisador João
Flávio Veloso Silva.
Congresso Brasileiro do Algodão discute PD&I
As inscrições para submissão de
trabalhos científicos no 10º Congresso
Brasileiro do Algodão, que acontece-
rá de 1º a 4 de setembro de 2015, em
Foz do Iguaçu, no Paraná, estão aber-
tas. Com o tema “Qualidade, caminho
para a competitividade”, o evento será
promovido pela Associação Brasilei-
ra dos Produtores de Algodão (Abra-
pa), com apoio científico da Embrapa
e do Instituto Agronômico do Paraná
(Iapar).
Os trabalhos científicos têm
como objetivo promover e reconhe-
cer o valor da pesquisa realizada nas
diversas instituições e universidades
para a cotonicultura do País. As ins-
crições seguem até 30 de maio no site
do congresso. A Comissão Científica
avaliará os trabalhos inscritos no pe-
ríodo de 16 de junho a 29 de julho e
o resultado será divulgado dia 31 de
julho. Serão aceitos trabalhos de to-
das as áreas da cadeia produtiva do
algodão.
Os trabalhos podem ser indivi-
duais ou em equipes, mas apenas um
autor fará a apresentação formal no
congresso. Nesta edição do Congres-
so Brasileiro do Algodão haverá duas
categorias de inscrição: Estudantes e
Autor de Trabalho. A categoria Estu-
dantes é aberta a universitários, pós-
-graduandos, mestrandos e doutoran-
dos, que terão preços especiais. Já a
categoria Autor de Trabalho é exclu-
siva para o titular do estudo ou pes-
quisa, seja ele do meio universitário
ou empresarial. Coautores e colabo-
radores do mesmo trabalho inscri-
to poderão se inscrever na categoria
Estudante ou como filiado ou não à
Abrapa.
Prazos
30 de maio - Prazo máximo para sub-
missão de trabalhos
16 de junho a 29 de julho - Correção
dos trabalhos
31 de julho - Divulgação dos resultados
3 a 25 de agosto - Pagamento das ins-
crições dos trabalhos aprovados
Inscrição e submissão:
www.congressodoalgodao.com.br
Terra & Cia Abril 2015 41
Produção Mundial
Últimas 6 safras - Million Metric Tons
Exportações brasileiras de algodão
Principais Países Importadores
Milhões de toneladas
	 SAFRA
			 2010/11		 2011/12		 2012/13		 2013/14		 2014/15		 2015/16
TOTAL MUNDIAL	 25,425		 27,820		 26,680		 26,283		 26,356		 24,406
Principais Países
CHINA		5,865		6,239		6,205		6,770		6,770		6,480
INDIA		6,400		7,400		7,300		6,929		6,444		5,742
USA		3,942		3,391		3,770		2,811		3,502		3,114
PAKISTAN		1,948		2,311		2,002		2,076		2,300		2,052
BRAZIL		1,960		1,877		1,310		1,705		1,539		1,508
UZBEKISTAN		0,910		0,880		1,000		0,940		0,940		0,931
OTHERS		4,401		5,722		5,094		5,053		4,861		4,580
ICAC – Cotton This Month
Atualizado em 18/03/2015
País		 Janeiro a Fevereiro/15			 Janeiro a Fevereiro/14			 Variação Relativa
		Valor	Quant.				Valor	Quant.				Valor	Quant.
		 US$ Mil	 t				 US$ Mil	 t				 US$ Mil	 t
CHINA		 29.905,00 17.152,00			 2.708,00	 1.381,00				 1.004,32	 1.142,00
INDONÉSIA	 28.091,00 18.015,00			 36.590,00 19.192,00			 -23,23	 -6,13
CORÉIA DO SUL	 22.353,00	 13.600,00			 20.187,00	 10.492,00			 10,73	 29,62
MALÁSIA		 16.897,00	 10.142,00			 5.293,00	 2.667,00				 219,23	 280,28
VIETNÃ		 15.699,00	 10.391,00			 3.245,00	 1.732,00				 383,79	 499,94
TURQUIA		14.242,00 9.891,00				207,00	97,00				6.780,19	10.096,91
TAIWAN		8.445,00	5.589,00				5.509,00	2.780,00				53,29	101,04
TAILÂNDIA	 7.347,00	 4.627,00				 3.414,00	 1.720,00				 115,20	 169,01
PAQUISTÃO	 7.085,00	 4.262,00				 463,00	 252,00				 1.430,24	 1.591,27
JAPÃO		3.303,00	1.790,00				1.987,00	1.034,00				66,23	73,11
BANGLADESH	 3.230,00	 2.240,00				 841,00	 449,00				 284,07	 398,89
EQUADOR	 2.323,00	 1.749,00				 877,00	 478,00				 164,88	 265,90
VENEZUELA	 1.869,00	 1.000,00				 1.307,00	 598,00				 43,00	 67,22
ÍNDIA		703,00	474,00				0,00	0,00				0,00	0,00
Sub-total	 161.492,00 100.922,00		 82.628,00	 42.872,00			 95,44	 135,40
OUTROS		3.320,00	3.177,00				2.685,00	1.419,00				23,65	123,89
Total	 164.812,00	 104.099,00		 85.313,00	 44.291,00			 93,19	 135,03
Fonte: Análise das Informações de Comércio Exterior - Alice
Atualizado em 18/03/2015
Cotonicultura
42 Terra & Cia Abril 2015
Terra & Cia Abril 2015 43
44 Terra & Cia Abril 2015
Agrishow 2015
A aposta é em inovações
tecnológicas
Organização da 22ª edição da maior feira de tecnologia agrícola em ação da
América Latina confia, mesmo neste cenário político e econômico desafiador, que o
agronegócio se manterá como peça fundamental para a base do crescimento do País
Simone Magalhães
R
ibeirão Preto, considerada a
capital brasileira do agrone-
gócio, está de braços aber-
tos para receber a 22ª Edição da
Agrishow – Feira Internacional de
Tecnologia Agrícola em Ação - que
acontece de 27 de abril a 1º de maio,
no Parque de Exposições, localizado
no Km 321 da Rodovia Antonio Du-
arte Nogueira, em Ribeirão Preto, SP.
A exposição reunirá representantes do
setor agrícola do Brasil e do exterior
em um dos maiores e mais completos
eventos deste segmento no mundo.
Considerada palco de tendências
e vitrine de lançamentos para o setor,
a edição de 2015 aposta em inova-
ções tecnológicas e novidades que au-
xiliarão, economicamente, o setor do
agronegócio, já que o País atravessa
um período político e econômico desa-
fiador. A Agrishow apresentará uma
oportunidade única para os produto-
res rurais, ao agrupar, em um único
local, as novidades para aumento de
sua produtividade e condições diferen-
ciadas para a realização de negócios.
Ribeirão Preto insere-se em uma
Divulgação
Terra & Cia Abril 2015 45
Agrishow 2015
das principais regiões do agronegócio
brasileiro e mesmo diante deste perío-
do de desajustes e incertezas econômi-
cas, os organizadores da maior Feira de
Tecnologia Agrícola em Ação da Amé-
rica Latina confiam que o agronegócio
ainda se manterá como peça fundamen-
tal para a base do crescimento do País.
Mediante registros históricos, a
Agrishow sempre foi a responsável em
impulsionar a realização de negócios
durante e depois do evento, levantando
e ampliando o ânimo do setor e prin-
cipalmente, fomentando novos investi-
mentos. Por isso, produtores rurais e
empresários esperam a realização da
feira para decidir sobre novos inves-
timentos, para a aquisição de novos
equipamentos, máquinas e implemen-
tos agrícolas ou outros produtos para
a sua propriedade.
Os números de 2014 confirmam os resultados positivos
na movimentação econômica da Feira:
160.000 visitantes qualificados, de 71 países;
R$ 2,7 bilhões em negócios iniciados na feira;
800 marcas em exposição;
37 novas empresas estrangeiras;
Cerca de 1.000 profissionais de imprensa credenciados.
Palavra do presidente
Fabio Meirelles, presidente
da Agrishow 2015
Segundo Fabio Meirelles, um
dos fundadores e atual presidente da
Agrishow, o evento ajudará a atenuar
as incertezas de curto prazo.
“Apesar dos prognósticos de um
período difícil em termos econômicos
no curto prazo, que envolve grandes
desafios pela frente, confiamos que o
agronegócio seguirá como o principal
protagonista na sustentação do cresci-
mento do País.
Ele tem colaborado de duas for-
mas: na garantia do fornecimento de
alimentos a preços competitivos, fator
que contribui para atenuar os efeitos
de uma inflação em processo de ace-
leração, e, ao mesmo tempo, assegura
bons resultados no campo das expor-
tações, que tem se mostrado ponto de-
cisivo para o equilíbrio da balança co-
mercial do País.
Em razão desses fatores, en-
tendemos que os efeitos sobre os
negócios da Agrishow 2015 serão
atenuados, até pelo fato de que é
exatamente em momentos difíceis
que aumenta a importância e a ne-
cessidade do produtor rural conhe-
cer novas ferramentas, avaliar for-
mas inovadoras e racionais de
manejo no campo, e de analisar op-
ções em termos de máquinas, imple-
mentos ou sistemas que auxiliem no
aumento da produtividade.
E tudo isso, o visitante encon-
trará na Agrishow 2015, assim como
oportunidades de adquirir equipamen-
tos com menor custo de aquisição e
que aumenta a produção”.
Meirelles também é presidente
da Federação da Agricultura e Pecu-
ária do Estado de São Paulo (Faesp).
AleCarolo/alecarolo.com
46 Terra & Cia Abril 2015
O que esperar da 22ª edição?
Agrishow 2015
Organizadores esperam cerca de 160 mil visitantes do Brasil e do exterior, que poderão
encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas
DivulgaçãoP
ara este ano, são esperados
mais de 160 mil visitantes do
Brasil e do exterior, que pode-
rão encontrar, em uma área de 440
mil m², lançamentos de mais de 800
marcas que atuam nas áreas de: agri-
cultura de precisão, agricultura fami-
liar, armazenagem (silos e armazéns),
corretivos, fertilizantes, defensivos,
equipamentos de segurança (EPI),
equipamentos de irrigação, ferramen-
tas, implementos e máquinas agríco-
las, máquinas para construção, peças,
autopeças, pneus, pecuária, produção
de biodiesel, sacarias e embalagens,
seguros, sementes, software e har-
dware, telas, arames, cercas, válvulas,
bombas, motores e veículos (pick ups,
caminhões e utilitários, além de avi-
ões agrícolas).
“A edição deste ano oferece uma
série de oportunidade para quem bus-
ca modernidade e avançados sistemas.
Afinal de contas, são cerca de 800
marcas divididas em setores, o que fa-
cilita sua visitação, uma vez que as
empresas ficam agrupadas, reduzin-
do os deslocamentos. Neste ano, have-
rá também uma série de empresas que
apresentarão diversos equipamentos,
instrumentos e softwares que auxiliam
o produtor a usar com racionalidade
a água na sua rotina de trabalho”,
afirma Fábio Meirelles, presidente da
Agrishow 2015.
Segundo ele, a Agrishow 2015
possibilita a troca de experiências e
informações importantes entre peque-
nos, médios e grandes produtores do
Norte ao Sul do País. “Também em
termos de estrutura, preparamos uma
série de melhorias, como o calçamen-
to, a colocação de bancos, a amplia-
ção das áreas de descanso na feira e
a modernização das praças de alimen-
tação. Em função de todos esses atra-
tivos estamos bastante esperançosos
quanto ao sucesso da feira”, destaca.
Terra & Cia Abril 2015 47
Setor agropecuário é estratégico no Brasil
Agrishow 2015
Ao contrário do que muitos pen-
sam, o setor agropecuário é responsá-
vel por mais da metade do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro. Com os da-
dos estatísticos da economia, notamos
que, apesar da indústria e do segmento
de serviços serem responsáveis por mais
da metade do PIB, não se leva em con-
sideração que atividades industriais e
de serviços que estejam ligadas à área
agropecuária fazem parte do panorama
rural brasileiro.
A área agropecuária não é com-
posta somente pelas fazendas, seus ani-
mais, plantações e empregados diretos.
Ela é muito mais do que isso, nesse setor
encontramos indústrias de grande porte,
multinacionais instaladas no país, mi-
lhares de pequenas empresas de serviços
e pequenas indústrias que produzem de
tudo, voltado paro o setor rural.
Isso tudo faz parte do que chama-
mos de agrobusiness ou agribusiness, que
é a totalidade das empresas e negócios
que giram em torno da área rural, um
grande negócio que gera mais da metade
de toda a riqueza de todo o Brasil.
O Agribusiness, termo que foi
“emprestado” da língua inglesa, repre-
senta um incontável número de negó-
cios, como o das indústrias que produ-
zem maquinário agrícola, montadoras
de automóveis, que fabricam utilitários
para o campo (todas as montadoras que
possuem uma linha de montagem de pi-
ck-ups ou jipes contribuem para o cres-
cimento do setor rural), empresas que
prestam serviços de consultoria agro-
pecuária, softwares, publicações, pro-
gramas de TV, Internet, comércio espe-
cializado, laboratórios farmacêuticos, e
muito mais.
Um dos pontos mais importantes
no setor rural ou do agribusiness é o seu
enorme potencial no Brasil, país com vo-
cação histórica e dimensões que favore-
cem o desenvolvimento deste setor que
está cada vez mais voltado para o merca-
do externo. Segmento que a cada ano ne-
cessita de maior quantidade de alimentos
e produtos e que, na maior parte dos pa-
íses, não dispõe da área necessária para
o seu desenvolvimento. Com isso, o mer-
cado externo torna-se um atrativo cada
vez maior para o produtor rural brasilei-
ro, que encontra lucros muito grandes e
uma demanda crescente.
Agronegócio terá ano difícil
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o
Caio, presidente da Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag)
De acordo com Luiz Carlos Corrêa
Carvalho, o Caio, presidente da Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag), o agri-
business é o setor mais competitivo da eco-
nomia nacional, mas enfrenta hoje juros
mais altos e crescimento menor.
“Tudo indica um ano difícil para o
setor. A recente divulgação do Produto In-
terno Bruto (PIB) da agropecuária de ape-
nas 1,6% é quase nada se comparado aos
7,9% registrados em 2013. Isso é reflexo
de uma frágil política econômica que afe-
ta ainda mais outros setores da economia
e de queda dos preços setoriais.
No agronegócio os reflexos estão em
crédito mais caro, sofrimento com logísti-
ca deficiente e custo mais alto para produ-
zir, diminuindo a renda. Não bastasse o re-
sultado pífio do PIB da agropecuária, outra
notícia tirou o sono dos produtores rurais. O
Governo Federal elevou os juros do Moder-
frota, programa de financiamento de má-
quinas e implementos agrícolas.
Nosso foco, para superar esse período
difícil é que o produtor invista em produtivi-
dade e gestão de caixa. Na cadeia produti-
va, a indústria ainda sofre mais. A Agrishow,
com certeza trará orientações nesse sentido,
apresentando inovações tecnológicas e novi-
dades que auxiliarão o produtor”.
Segundo dados da Gazeta do Povo –
AgroNegócio - a retração projetada por di-
versos setores da economia brasileira não
deve se instalar no agronegócio em 2015. O
setor projeta crescimento, mesmo que mo-
desto. O otimismo está calçado na expec-
tativa de boa safra no País – as primeiras
colheitas registram produtividade acima da
média, apenas com perdas pontuais – e na
desvalorização do real diante ao dólar, fato
que garante negócios rentáveis.
A crise econômica não irá refletir
na agricultura. O cenário não é o mesmo
de 2012, 2013 e parte de 2014, mas mes-
mo assim existe a possibilidade de um bom
ano. Apesar do cenário de dúvidas, algu-
mas empresas trabalham com crescimento
em seus planos estratégicos.
A sul-coreana LS Tractor é um
exemplo. Há quase dois anos no país, proje-
ta crescimento de 25% nas vendas. No ano
passado, a marca comercializou as 2 mil
unidades de tratores produzidos na fábrica
de Guaruva, no estado de Santa Catarina.”
Divulgação
48 Terra & Cia Abril 2015
Agrishow 2015
Agrishow é destaque mundial
Dárcy Vera: “Acredito que até neste cenário de obstáculos e desafios econômicos, a Agrishow
2015 deve continuar com o sucesso histórico que conquistou ao longo de mais de duas décadas”
JFPimenta
A
Agrishow está entre as três
maiores feiras de tecnologia
agrícola do mundo. É a única
feira do Brasil que conta com a exposi-
ção de pequenos, médios e grandes fa-
bricantes. No evento é possível encon-
trar uma grande variedade de produtos
e serviços que atende todos os produ-
tores rurais, não importa o tamanho
da sua propriedade e cultura. Um am-
biente de atualização profissional, lan-
çamentos, divulgação das próximas
tendências do setor e onde grandes tec-
nologias são de fato demonstradas du-
rante o evento.
De acordo com a prefeita de Ri-
beirão Preto, Dárcy Vera, a Agrishow
é a maior vitrine do agronegócio e de
inovação tecnológica da agricultura do
País. “Uma das maiores feiras do mun-
do, e uma grande oportunidade para ex-
positores e empresários investirem no
setor, que tem enorme expressividade
em nossa região. Inclusive, a região de
Ribeirão Preto é a maior produtora de
etanol e açúcar de todo o Brasil”.
Ela destaca que, mesmo com
as dificuldades econômicas enfrenta-
das pelo País, a criatividade, as novas
ideias e projetos inovadores são funda-
mentais para setor, porque, segundo
ela, criam alternativas, geram opor-
tunidade e renda. “Fomentar o agro-
negócio, com medidas sustentáveis e
ecologicamente viáveis, é muito impor-
tante para a economia de nosso País
e para o desenvolvimento da região de
Ribeirão Preto.”
“Acredito que até neste cenário
de obstáculos e desafios econômicos, a
Agrishow 2015 deve continuar com o
sucesso histórico que conquistou ao lon-
go de mais de duas décadas, resultado
de muito trabalho, dedicação e qualida-
de da equipe”, destaca a prefeita.
Negócios, serviços e oportunidades
A Agrishow também é um marco
por conta do volume de negócios, servi-
ços e oportunidade de relacionamento
com clientes e fornecedores. As expec-
tativas positivas a cada ano consagram
o evento como gerador de grande mo-
vimentação financeira, resultado do
trabalho de profissionais qualificados
das áreas de agricultura e pecuária e
significativa visitação de público inte-
ressado em inovação e tecnologia para
o agronegócio.
De acordo com Antônio Car-
los Maçonetto, presidente da Associa-
ção Comercial e Industrial de Ribeirão
Preto (ACIRP), a feira sempre bata-
lhou para apresentar ao mundo as no-
vidades e avanços do setor agrícola,
levando de carona com essas boas no-
tícias o nome de Ribeirão Preto.
“A ACIRP é uma das mais anti-
gas parceiras da Agrishow, independen-
te do momento econômico e do cenário
político que o País atravessa. Além do
estande na feira, no qual apresentamos
os produtos e serviços da ACI, a asso-
ciação realiza todos os anos a Pesquisa
Agrishow, que traduz em números e es-
tatísticas as impressões de expositores e
visitantes sobre o evento.
Tal levantamento serve como
norte à organização da feira dos
anos subsequentes. Ribeirão Preto
insere-se em uma das principais re-
giões do agronegócio brasileiro. O
setor, mesmo com a crise econômica
e política na qual vivemos, mantém-
-se forte, responsável, por exemplo,
por equilibrar a balança comercial
do País. Maus momentos vêm e vão.
O importante é estarmos preparados
para superá-los, com inovação, cria-
tividade, corte de despesas e apos-
tando nas pessoas”.
Terra & Cia Abril 2015 49
Agrishow 2015
Produtores e empresários terão linhas
de financiamento
Antônio Carlos Maçonetto, presidente
da Associação Comercial e Industrial
de Ribeirão Preto (ACIRP)
Divulgação
Divulgação
Para o superintendente regional da Caixa
Econômica Federal, Isaac Samuel dos Reis, o
propósito da instituição é ter um crescimento
acima da média do mercado neste ano
E
m edições anteriores, a
Agrishow foi marco do gran-
de cenário que reuniu anún-
cios governamentais importantes. Um
exemplo disso aconteceu em 2011,
com a entrada de uma linha de fi-
nanciamento para grandes máquinas
colheitadeiras, dentro do Programa
Mais Alimentos, do Pronaf - Progra-
ma Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar.
Essas medidas reforçam a im-
portância econômica da Agrishow
2015 e seu posicionamento como
difusor de novidades, tecnologias
e tendências. A Feira torna-se um
evento esperado por produtores ru-
rais e empresários. Na exposição
é que eles decidem sobre a aquisi-
ção de uma nova máquina, imple-
mentos agrícolas ou outros produ-
tos que se tornarão necessários em
sua propriedade.
Instituições Financeiras - Bancos
do Brasil, Bradesco, Santander e Cai-
xa Econômica Federal (CEF) vão par-
ticipar da Agrishow 2015 com aten-
dimento diferenciado aos produtores
rurais e a todas as empresas partici-
pantes. O foco principal de atuação na
Feira é o Crédito Rural, com diversas
linhas de financiamento como: inves-
timento para aquisição de máquinas e
equipamentos, correção de solo e for-
mação de pastagens, além de custeio
agrícola e pecuário.
De acordo com o superintenden-
te regional da CEF, Isaac Samuel dos
Reis, a participação do banco na edi-
ção anterior da Feira revelou que a
entrada da instituição nesse mercado
foi recebida com expectativa positiva
e satisfação pelo público. “A exposi-
ção da marca CAIXA nesse ambien-
te confere ganho de imagem e busca
de consolidação de sua posição como
banco atuante no agronegócio. O pro-
pósito da instituição é ter um cresci-
mento acima da média do mercado
nesse ano. E por essa razão continua
a investir em produtos e serviços e na
aproximação com clientes e entidades
do setor”, observa Isaac.
Crédito Rural - A CEF iniciou
a sua atuação no financiamento ao
agronegócio, em setembro de 2012,
com um projeto piloto desenvolvido
em 62 agências de oito estados. Atu-
almente, o banco conta com mais de
1,5 mil agências habilitadas, em to-
das as regiões do Brasil. As agências
habilitadas podem ser consultadas no
site creditoruralcaixa.com.br.
A Carteira de Crédito Rural da
CEF ultrapassou o montante de R$
5,3 bilhões de saldo em operações ati-
vas. Para a safra 2014/15, que se en-
cerra em junho deste ano, está previs-
to um volume de mais de R$ 6 bilhões
50 Terra & Cia Abril 2015
em recursos aplicados nas operações
de crédito rural destinadas a produto-
res, cooperativas e agroindústrias.
O portfólio de produtos da ins-
tituição contempla linhas de crédito
destinadas a custeio, investimento e
comercialização agrícola e pecuária,
para produtores rurais, agroindústrias
e cooperativas. Além disso, trabalha
com linhas de crédito que utilizam re-
cursos do BNDES, como o PSI Ru-
ral. O setor de crédito também prevê
aumento na tomada de empréstimos,
tanto que elevou suas projeções de di-
nheiro disponível.
Setor agro
está de olho
em Brasília
Marcos Matos, diretor executivo regional da Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag/RP)
“Diante da importância de uma
posição fiscal sólida, centrada na nova
equipe econômica como pré-requisito
para termos crescimento econômico
sustentado de longo prazo, o setor pro-
dutivo mostra preocupação imediata
de o governo subir juros e reduzir o fi-
nanciamento ainda durante a atual sa-
fra 2014/15, justamente no período de
tomada de recursos para estocagem e
comercialização.
O ajuste fiscal proposto pela
equipe econômica deveria priorizar
corte de despesas correntes, pois a
elevações das taxas de juros e redução
de financiamentos resultariam em me-
nor atividade econômica e nível de in-
vestimentos, bem como queda na ar-
recadação de impostos e na geração
de empregos e perda de produtivida-
de, afetando o desempenho do agrone-
gócio brasileiro em 2015.
É importante lembrar que a re-
tração esperada para 2015 está asso-
ciada a uma significativa queda nas
atividades industriais e de construção
e uma estabilidade no setor de servi-
ços. A agropecuária poderá ser o úni-
co relevante setor da economia brasi-
leira a mostrar resultados positivos.
Como oportunidade, a desvalo-
rização do real, a queda dos preços
do petróleo e, consequentemente, re-
tração nos preços de fretes marítimos
e de fertilizantes nitrogenados, po-
dem resultar em importante efeito nas
margens nas cadeias produtivas.
Estudos prévios indicam que, de-
pendendo do volume de recursos e dos
juros dos financiamentos via crédito
rural oficial de custeio, investimento
e de apoio à comercialização, o agro-
negócio poderá apresentar um cresci-
mento próximo a 3% no seu PIB.”
Divulgação
Agrishow 2015
Terra & Cia Abril 2015 51
Cana: luz no fim do túnel,
ainda que distante
Humberto Camarani, gerente
Distrito Cana da DuPont
De acordo com Humberto Camara-
ni, gerente Distrito Cana da DuPont , o se-
tor sucroenergético, grande impulsiona-
dor de empregos e gerador de divisas para
o agronegócio, busca superação à grave
crise que perdura desde 2008.
“As dificuldades são inúmeras e
cumulativas, onde perda de competitivi-
dade do Etanol nos anos anteriores de-
vido a retira da CIDE - Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico - da
gasolina, o baixo preço do açúcar, so-
mado a falta de estratégia do modelo
energético brasileiro, estimularam a ca-
deia produtiva para vala muito profun-
da, onde alguns produtores, fornecedo-
res, prestadores de serviço, e indústrias
não terão oportunidade de sair.
Neste ano começamos a visuali-
zar, ainda que um pouco distante, a ‘luz
no fim do túnel’ e os investimentos em
tecnologias que estejam diretamente li-
gadas para uma redução de custos e in-
cremento de produtividade, são funda-
mentais neste momento. A Agrishow
sempre proporcionou o que existe de
mais moderno e inovador de produtos
e serviços para o agronegócio e certa-
mente contribuirá para retomada do
crescimento. Assim, como em todos os
anos, a perspectiva de ótimos negócios
sempre acompanham este momento”.
Setor Sucroenergético ainda sofre
com a crise
Agrishow 2015
Setor sucroenergético busca superação da grave situação
econômica que vive desde 2008, com a crise mundial
AleCarolo/alecarolo.com
A
o contrário das boas perspec-
tivas para a agricultura, o se-
tor sucroenergético enfren-
ta um desafio ainda maior em 2015.
A área busca superação da grave cri-
se que acomete, desde 2008, os pro-
dutores de açúcar e etanol e prejudi-
cou os plantadores e fornecedores de
cana, causando desemprego nas áre-
as industrial e agrícola das usinas e
também na indústria de base e servi-
ços vinculados ao segmento.
O setor avalia que a sinaliza-
ção do governo em favor do etanol e
a perspectiva de preços mais remu-
neradores para o açúcar no segundo
semestre de 2015 não devem ser su-
ficientes para acabar com as dificul-
dades enfrentadas nos últimos anos. A
análise ainda é de que nada tira o foco
da grande questão estrutural, que é a
necessidade de um marco regulatório
para o biocombustível. Ele estimula-
ria novos investimentos em toda ca-
deia, desde a indústria de base até as
próprias usinas.
Divulgação
52 Terra & Cia Abril 2015
Vitrine
Antônio Eduardo Tonielo,
presidente da Copercana
Confira a programação
Para Antônio Eduardo Tonielo, pre-
sidente da Copercana, Sicoob Cocred e do
Sindicato Rural de Sertãozinho, realiza-
ção da feira traz tranquilidade e esperan-
ça aos produtores rurais.
“A realização da Agrishow já é tra-
dição para todos os elos do agronegócio
brasileiro. Empresários e produtores ru-
rais, além de profissionais de todo o País
participam da feira em busca de tecno-
logia e conhecimento. A feira é de suma
importância para a agricultura nacional.
A Agrishow é considerada uma vi-
trine de produtos e serviços à disposição
dos visitantes que passam a conhecer o
que há de mais moderno e de mais com-
petitivo para alavancar os negócios.
Mesmo com a situação do País não
estando muito positiva, a realização da
feira traz tranquilidade e esperança aos
produtores rurais que precisam mais do
que nunca retomar o crescimento”.
Agrishow 2015
Copercana
Muita ação nas
atividades da Feira
N
a Agrishow o visitante pode
acompanhar de perto as de-
monstrações de campo. A
novidade deste ano vem com o “Ca-
minho do Boi” e também o “Prêmio
Trator do Ano”. Nos 100 ha de área
para demonstrações, os visitantes têm
a oportunidade de visualizar as gran-
des máquinas agrícolas em ação, em
culturas como de arroz, café, cana,
feijão, milho e muito mais.
As demonstrações de campo
acontecem do dia 28 de abril à 1º de
maio. Não há demonstrações no dia
27, primeiro dia da Feira.
Período da manhã
Grupo Novas Tecnologias -
das 9h30 às 12h
- ILPF
- Núcleo de Tecnologia
• Algodão
• Plantio Direto
• Cana
• Fertilizantes
• Forrageiras
• Grãos
• Tecnologias Diversas
• Agricultura de Precisão
Período da tarde
Grupo Novas Tecnologias -
das 14h10 às 16h30
- ILPF
- Núcleo de Tecnologia
• Algodão
• Plantio Direto
• Cana
• Fertilizantes
• Forrageiras
• Grãos
• Tecnologias Diversas
Grupo Agricultura - das 9h40 às 12h
• Máquinas para Agricultura
• Máquinas para Agricultura Familiar
• Tecnologias Diversas
• Agricultura de Precisão
Teste-drive (horários livre)
Agricultura de Precisão
Grupo Pecuária - das 14h às 16h30
Forradeiras de Milho
Forradeiras de Capim
Recolhedoras
Tecnologias Diversas
Vagões
Forradeira de Cana
Agricultura de Precisão
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194
Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Bahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãos
Bahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãosBahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãos
Bahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãos
Alexandre Santos
 
Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural
Anibia Vicente
 
2 o agronegócio 11 03
2 o agronegócio 11 032 o agronegócio 11 03
2 o agronegócio 11 03
Agronegócios
 
Informe rural - 10/04/2013
Informe rural - 10/04/2013Informe rural - 10/04/2013
Informe rural - 10/04/2013
Informe Rural
 
Apresentação - Agricultura Familiar
Apresentação - Agricultura FamiliarApresentação - Agricultura Familiar
Apresentação - Agricultura Familiar
Claudio Bomfim
 

Mais procurados (19)

A Capacidade do Agro Brasileiro de Produzir de Forma Sustentável
A Capacidade do Agro Brasileiro de Produzir de Forma SustentávelA Capacidade do Agro Brasileiro de Produzir de Forma Sustentável
A Capacidade do Agro Brasileiro de Produzir de Forma Sustentável
 
Uberaba em Dados - 6/7 - Agronegócio
Uberaba em Dados - 6/7 - AgronegócioUberaba em Dados - 6/7 - Agronegócio
Uberaba em Dados - 6/7 - Agronegócio
 
Os Desafios na Agro Sociedade como o mundo vê o agro brasileiro
Os Desafios na Agro Sociedade como o mundo vê o agro brasileiroOs Desafios na Agro Sociedade como o mundo vê o agro brasileiro
Os Desafios na Agro Sociedade como o mundo vê o agro brasileiro
 
Sistemas integrados cultivos-ganadería-forestales (ILPF)
Sistemas integrados cultivos-ganadería-forestales (ILPF)Sistemas integrados cultivos-ganadería-forestales (ILPF)
Sistemas integrados cultivos-ganadería-forestales (ILPF)
 
Os Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
Os Desafios Socioambientais para o Agro SustentávelOs Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
Os Desafios Socioambientais para o Agro Sustentável
 
Bahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãos
Bahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãosBahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãos
Bahia deve fechar 2014 com safra recorde de grãos
 
Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural Projeto de adimministração rural
Projeto de adimministração rural
 
Roberto Rodrigues - UMA AGENDA PARA O AGRONEGÓCIO NO SÉCULO XXI.
Roberto Rodrigues - UMA AGENDA PARA O AGRONEGÓCIO NO SÉCULO XXI.Roberto Rodrigues - UMA AGENDA PARA O AGRONEGÓCIO NO SÉCULO XXI.
Roberto Rodrigues - UMA AGENDA PARA O AGRONEGÓCIO NO SÉCULO XXI.
 
Boletim MarkESALQ ano 3 nº12/Agosto 2015 Batata
Boletim MarkESALQ ano 3 nº12/Agosto 2015 BatataBoletim MarkESALQ ano 3 nº12/Agosto 2015 Batata
Boletim MarkESALQ ano 3 nº12/Agosto 2015 Batata
 
Agrocafé Runos do Agronegócio Brasileiro - palestra Roberto Rodrigues
Agrocafé  Runos do Agronegócio Brasileiro - palestra Roberto RodriguesAgrocafé  Runos do Agronegócio Brasileiro - palestra Roberto Rodrigues
Agrocafé Runos do Agronegócio Brasileiro - palestra Roberto Rodrigues
 
Proooontoooo
ProooontooooProooontoooo
Proooontoooo
 
2 o agronegócio 11 03
2 o agronegócio 11 032 o agronegócio 11 03
2 o agronegócio 11 03
 
Informe rural - 10/04/2013
Informe rural - 10/04/2013Informe rural - 10/04/2013
Informe rural - 10/04/2013
 
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e PelaCampanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela
 
IAC produz 320 toneladas de semente de trigo
IAC produz 320 toneladas de semente de trigoIAC produz 320 toneladas de semente de trigo
IAC produz 320 toneladas de semente de trigo
 
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e AgricultoresManual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
Manual de Agricultura de Conservação para Técnicos e Agricultores
 
Palestra Airton Spies - Secretaria da Agricultura e da Peca de Santa Catarina
Palestra Airton Spies - Secretaria da Agricultura e da Peca de Santa CatarinaPalestra Airton Spies - Secretaria da Agricultura e da Peca de Santa Catarina
Palestra Airton Spies - Secretaria da Agricultura e da Peca de Santa Catarina
 
Apresentação - Agricultura Familiar
Apresentação - Agricultura FamiliarApresentação - Agricultura Familiar
Apresentação - Agricultura Familiar
 
Aula 4 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
Aula 4 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"Aula 4 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
Aula 4 Aula de "homem, sociedade e meio ambiente"
 

Destaque

рынок схд 2 кв 2009
рынок схд 2 кв 2009рынок схд 2 кв 2009
рынок схд 2 кв 2009
guest409528
 
урок 8 из цикла последовательности
урок 8 из цикла последовательностиурок 8 из цикла последовательности
урок 8 из цикла последовательности
marzac
 
El cuerpo grita...
El cuerpo grita...El cuerpo grita...
El cuerpo grita...
anacjg
 
Xarxes socials
Xarxes socialsXarxes socials
Xarxes socials
anana13
 
Tallinna Ulikool
Tallinna UlikoolTallinna Ulikool
Tallinna Ulikool
anneannus
 
Lagrimas
LagrimasLagrimas
Lagrimas
anacjg
 
современные сервисы интернет2
современные сервисы интернет2современные сервисы интернет2
современные сервисы интернет2
guest74e427
 
Me declaro culpable
Me declaro culpableMe declaro culpable
Me declaro culpable
anacjg
 

Destaque (20)

Anos80
Anos80Anos80
Anos80
 
рынок схд 2 кв 2009
рынок схд 2 кв 2009рынок схд 2 кв 2009
рынок схд 2 кв 2009
 
โครงงานคอมใบงานที่ 2
โครงงานคอมใบงานที่ 2โครงงานคอมใบงานที่ 2
โครงงานคอมใบงานที่ 2
 
урок 8 из цикла последовательности
урок 8 из цикла последовательностиурок 8 из цикла последовательности
урок 8 из цикла последовательности
 
Stemningsbilleder2b Med Lyd Auto
Stemningsbilleder2b Med Lyd AutoStemningsbilleder2b Med Lyd Auto
Stemningsbilleder2b Med Lyd Auto
 
El cuerpo grita...
El cuerpo grita...El cuerpo grita...
El cuerpo grita...
 
Xarxes socials
Xarxes socialsXarxes socials
Xarxes socials
 
Video 1.1 proyectos de vida ii
Video 1.1  proyectos de vida iiVideo 1.1  proyectos de vida ii
Video 1.1 proyectos de vida ii
 
Sobre ex-libris: conceito geral e exemplos
Sobre ex-libris: conceito geral e exemplosSobre ex-libris: conceito geral e exemplos
Sobre ex-libris: conceito geral e exemplos
 
Tallinna Ulikool
Tallinna UlikoolTallinna Ulikool
Tallinna Ulikool
 
Convenção MSD
Convenção MSDConvenção MSD
Convenção MSD
 
Ojardimdemontreal
OjardimdemontrealOjardimdemontreal
Ojardimdemontreal
 
Artigo do publico 27 dez 2013
Artigo do publico   27 dez 2013Artigo do publico   27 dez 2013
Artigo do publico 27 dez 2013
 
Itàlia
ItàliaItàlia
Itàlia
 
Sociala Medier Hot Eller Möjligheter
Sociala Medier Hot Eller MöjligheterSociala Medier Hot Eller Möjligheter
Sociala Medier Hot Eller Möjligheter
 
Apostila - o ser
Apostila -  o serApostila -  o ser
Apostila - o ser
 
Ruta Del Tirant
Ruta Del TirantRuta Del Tirant
Ruta Del Tirant
 
Lagrimas
LagrimasLagrimas
Lagrimas
 
современные сервисы интернет2
современные сервисы интернет2современные сервисы интернет2
современные сервисы интернет2
 
Me declaro culpable
Me declaro culpableMe declaro culpable
Me declaro culpable
 

Semelhante a Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194

Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196
Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196
Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196
Lela Gomes
 
ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...
ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...
ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...
AgroTalento
 
Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...
Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...
Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...
FAO
 
Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195
Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195
Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195
Lela Gomes
 
Informe Rural - 06/06/2013
Informe Rural - 06/06/2013Informe Rural - 06/06/2013
Informe Rural - 06/06/2013
Informe Rural
 
Comprovante matricula 2013
Comprovante matricula 2013Comprovante matricula 2013
Comprovante matricula 2013
gepaunipampa
 
Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)
Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)
Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)
gepaunipampa
 

Semelhante a Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194 (20)

Ed23maio08
Ed23maio08Ed23maio08
Ed23maio08
 
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
Youblisher.com 1243861-terra cia-edi_o_200
 
27 de Abril - Agrishow
27 de Abril - Agrishow27 de Abril - Agrishow
27 de Abril - Agrishow
 
Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196
Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196
Youblisher.com 1170112-terra cia-edi_o_196
 
ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...
ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...
ICONE - Agricultura de baixo impacto: construindo a economia verde brasileira...
 
Aula_3
Aula_3Aula_3
Aula_3
 
Gestão Sustentável na Agricultura
Gestão Sustentável na Agricultura Gestão Sustentável na Agricultura
Gestão Sustentável na Agricultura
 
Agricultura toxica
Agricultura toxicaAgricultura toxica
Agricultura toxica
 
São Paulo incentiva a compra de máquinas agrícolas na Agrishow
São Paulo incentiva a compra de máquinas agrícolas na AgrishowSão Paulo incentiva a compra de máquinas agrícolas na Agrishow
São Paulo incentiva a compra de máquinas agrícolas na Agrishow
 
Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...
Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...
Políticas agroambientais e mudancas climáticas - experiencias e desafios no c...
 
Agronomia
AgronomiaAgronomia
Agronomia
 
Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195
Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195
Youblisher.com 1153016-revista terra-cia_195
 
AGRO FESCAFÉ 2014
AGRO FESCAFÉ 2014AGRO FESCAFÉ 2014
AGRO FESCAFÉ 2014
 
HORTALICAS 2014 ANUARIO
HORTALICAS 2014 ANUARIOHORTALICAS 2014 ANUARIO
HORTALICAS 2014 ANUARIO
 
Informe Rural - 06/06/2013
Informe Rural - 06/06/2013Informe Rural - 06/06/2013
Informe Rural - 06/06/2013
 
"Adaptação à Mudança do Clima na Agricultura"
"Adaptação à Mudança do Clima na Agricultura""Adaptação à Mudança do Clima na Agricultura"
"Adaptação à Mudança do Clima na Agricultura"
 
Plano nacional de agroenergia
Plano nacional de agroenergiaPlano nacional de agroenergia
Plano nacional de agroenergia
 
Comprovante matricula 2013
Comprovante matricula 2013Comprovante matricula 2013
Comprovante matricula 2013
 
Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)
Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)
Jornal o momento.(10 ago2013).n01 (2)
 
Ed32fevereiro09
Ed32fevereiro09Ed32fevereiro09
Ed32fevereiro09
 

Mais de Lela Gomes

Mais de Lela Gomes (16)

Youblisher.com 1224451-terra cia-edi_o_199
Youblisher.com 1224451-terra cia-edi_o_199Youblisher.com 1224451-terra cia-edi_o_199
Youblisher.com 1224451-terra cia-edi_o_199
 
Youblisher.com 1201680-terra cia-edi_o_198
Youblisher.com 1201680-terra cia-edi_o_198Youblisher.com 1201680-terra cia-edi_o_198
Youblisher.com 1201680-terra cia-edi_o_198
 
Youblisher.com 1190504-revista terra-cia_197
Youblisher.com 1190504-revista terra-cia_197Youblisher.com 1190504-revista terra-cia_197
Youblisher.com 1190504-revista terra-cia_197
 
Youblisher.com 1109242-cana mix-edi_o_81
Youblisher.com 1109242-cana mix-edi_o_81Youblisher.com 1109242-cana mix-edi_o_81
Youblisher.com 1109242-cana mix-edi_o_81
 
Youblisher.com 1100317-cana mix-edi_o_78
Youblisher.com 1100317-cana mix-edi_o_78Youblisher.com 1100317-cana mix-edi_o_78
Youblisher.com 1100317-cana mix-edi_o_78
 
Youblisher.com 1100215-cana mix-edi_o_77
Youblisher.com 1100215-cana mix-edi_o_77Youblisher.com 1100215-cana mix-edi_o_77
Youblisher.com 1100215-cana mix-edi_o_77
 
Youblisher.com 1100209-cana mix-edi_o_76
Youblisher.com 1100209-cana mix-edi_o_76Youblisher.com 1100209-cana mix-edi_o_76
Youblisher.com 1100209-cana mix-edi_o_76
 
Youblisher.com 1022624-terra cia-edi_o_187
Youblisher.com 1022624-terra cia-edi_o_187Youblisher.com 1022624-terra cia-edi_o_187
Youblisher.com 1022624-terra cia-edi_o_187
 
Youblisher.com 1062432-revista canamix-ed_75
Youblisher.com 1062432-revista canamix-ed_75Youblisher.com 1062432-revista canamix-ed_75
Youblisher.com 1062432-revista canamix-ed_75
 
Youblisher.com 967796-revista canamix-ed_74
Youblisher.com 967796-revista canamix-ed_74Youblisher.com 967796-revista canamix-ed_74
Youblisher.com 967796-revista canamix-ed_74
 
Youblisher.com 986927-cana mix-edi_ao_73_2
Youblisher.com 986927-cana mix-edi_ao_73_2Youblisher.com 986927-cana mix-edi_ao_73_2
Youblisher.com 986927-cana mix-edi_ao_73_2
 
Youblisher.com 982358-cana mix-edi_ao_72
Youblisher.com 982358-cana mix-edi_ao_72Youblisher.com 982358-cana mix-edi_ao_72
Youblisher.com 982358-cana mix-edi_ao_72
 
Eventos expansão x crise no setor sucroalcooleiro
Eventos expansão x crise no setor sucroalcooleiro Eventos expansão x crise no setor sucroalcooleiro
Eventos expansão x crise no setor sucroalcooleiro
 
Trabalho de Conclusão de Curso Impresso.
Trabalho de Conclusão de Curso Impresso. Trabalho de Conclusão de Curso Impresso.
Trabalho de Conclusão de Curso Impresso.
 
Conteúdo da Revista Disco (Brindo)
Conteúdo da Revista Disco (Brindo) Conteúdo da Revista Disco (Brindo)
Conteúdo da Revista Disco (Brindo)
 
Capa da Revista Disco (Brindo)
Capa da Revista Disco (Brindo)Capa da Revista Disco (Brindo)
Capa da Revista Disco (Brindo)
 

Youblisher.com 1132002-terra cia-edi_o_194

  • 1. Terra & Cia Abril 2015 1 CADERNO CANAMIX: Setor sucroenergético vê esperança Ribeirão Preto SP Abril - 2015 Ano 17 - Nº 194 R$ 10,00 CRISE HÍDRICA Se não souber usar, vai faltar CONTROLE SANITÁRIO Embrapa vai monitorar pragas ALGODÃO Brasil é lider em produtividadeprodutividadeprodutividadeprodutividade AGRISHOWAGRISHOWAGRISHOWAGRISHOWAGRISHOW2015 Inovação tecnológica em ação
  • 2. 2 Terra & Cia Abril 2015
  • 3. Terra & Cia Abril 2015 3
  • 4. 4 Terra & Cia Abril 2015 Plínio Cesar, diretor Diretor: Plínio César Gerente de Comunicação: Luciana Zunfrilli A voz do agronegócio Edição: Equipe Terra & Cia Editor Chefe e de Fotografia : Doca Pascoal Reportagem: Marcela Servano, Simone Magalhães e Doca Pascoal Editor Gráfico: Jonatas Pereira | Creativo ArtWork Contatos com a Redação: redacao@canamix.com.br Outras publicações da Agrobrasil: Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético Revista CanaMix Portal CanaMix Publicidade: - Alexandre Richards (16) 98828 4185 alexandre@canamix.com.br - Fernando Masson (16) 98271 1119 fernando@canamix.com.br - Nilson Ferreira (16) 98109 0713 nilson@canamix.com.br - Plínio César (16) 98242 1177 plinio@canamix.com.br - publicidade@canamix.com.br Assinaturas: assinaturas@canamix.com.br Eventos:eventos@canamix.com.br Grupo Agrobrasil Av. Brasil, 2780 CEP 14075-030 - Ribeirão Preto - SP (16) 3446 3993 / 3446 7574 www.canamix.com.br Para assinar, esclarecer dúvidas sobre sua assinatura ou adquirir números atrasados: SAC:(16) 3446.3993 / 3446.7574 - 2ª a 6ª feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h. Artigos assinados, mensagens publicitárias e o caderno Marketing Rural refletem ponto de vista dos autores e não expressam a opinião da revista. É permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. editorial A 22ª edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - que acontece de 27 de abril a 1º de maio, em Ribeirão Preto, SP, promete agitar o agribusiness brasileiro. Os organizadores esperam cerca de 160 mil vi- sitantes do Brasil e do exterior, que poderão encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas. Este ano o evento aposta na diversificação dos equipamentos e inovações tecnológicas. O momento econômico do País pode representar um “freio de mão”, ou pelo menos maior cautela, no que diz respeito a investimentos. Justamente por isso, a indústria fornecedora de máquinas, implementos, insumos, peças e ser- viços tem que se superar para oferecer as melhores soluções, com criatividade. A Revista Terra&Cia especial Agrishow mostra as novidades da Feira e marca também uma mudança editorial importante nos produtos da AgroBrasil - que conta com a revista e o portal CanaMix e Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético. A partir desta edição, o leitor da Terra&Cia conta com o Ca- derno CanaMix, com conteúdo específico do setor de açúcar, etanol e bioenergia. A T&C é uma revista dinâmica, que trata do agronegócio de uma forma geral. Por julgar que a cana-de-açúcar tem potencial estratégico para o Bra- sil, decidimos dar atenção especial ao setor sucroenergético em nossas edições. O Caderno vai contar com o conteúdo da revista Cana- Mix, tradicional publicação do setor canavieiro, que tor- na a Terra&Cia ainda mais completa. Nesta edição, espe- cialistas falam sobre a atual conjuntura deste segmento. Boa leitura! Momento de mudanças
  • 5. Terra & Cia Abril 2015 5 CAPA Agrishow 2015 44 LEIA TAMBÉM 8 Crise Hídrica - Déficit de água chegará a 40% no mundo em 15 anos - Falta d’água deve estimular práticas de conservação - São Paulo lança programa de uso racional da água na agricultura 14 Controle Sanitário - Brasil investe em tecnologia para monitoramento de pragas - Livro apresenta visão geral sobre epigenética - Defensivos para combate à Helicoverpa estão liberados até março de 2016 - Mapa define regras para entrada de animais nas Olimpíadas 2016 - Importação de embriões ovinos seguirá regras do Mercosul - São Paulo terá Permissão de Trânsito Vegetal eletrônica 24 Pecuária - Bahia luta por certificado de Zona Livre de PSC - Suinter 2015 anuncia Choice Genetics entre patrocinadores - Iraque e África do Sul retomam importações de carne brasileira - Pecuaristas de MT e MS apostam em integração - MAPA quer capacitar produtores leiteiros 30 Cotonicultura - Brasil é 5º no ranking de produção de algodão - Setor faz campanha por produção responsável - Algodão colorido do Brasil ganha o mundo - Compactação do solo reduz produtividade do algodoeiro em MT - Congresso Brasileiro do Algodão discute PD&I 55 Fruticultura - Tratamento pós-colheita elimina uso de agroquímicos 61 Mandioca - Queda nos preços da raiz gera crise no Paraná - Mandiocultura dará salto tecnológico no Nordeste 65 Plasticultura - Agricultura tem o plástico como aliado - Técnica aumenta produção de frutas em 30% - Cultivo de morango favorece produção de tomate e abacaxi 68 Agenda de Eventos 2015 - Há um fio de esperança para o setor sucroenergético - Setor tem relação difícil com o Governo Federal Caderno 73 Opinião Intensificação ecológica, agricultura para um novo mundo, por Inácio de Barros Silvicultura Estudo mostra recomposição florestal no Tapajós 6 70 Caderno
  • 6. 6 Terra & Cia Abril 2015 Opinião Estima-se que a população mundial passará de sete para nove bilhões de pessoas em 2050, aumentando a demanda por alimentos, fibras, madeiras e biocombustíveis Intensificação ecológica, agricultura para um novo mundo Inácio de Barros P erspectivas sugerem que uma verdadeira revolução nos pro- cessos de produção agríco- la terá que acontecer. Se por um lado o modelo produtivista tem mostrado seus limites, principalmente no que diz respeito ao uso insustentável de recur- sos naturais e nos impactos negativos que causam ao meio ambiente, por ou- tro estima-se que a população mundial passará de sete para nove bilhões de pessoas em 2050, aumentando a de- manda por alimentos, fibras, madei- ras e biocombustíveis. Esse aumento será ainda maior do que uma progressão direta do cres- cimento populacional, já que uma substancial melhora na qualidade de vida das populações menos favoreci- das é esperada. O que passará, inevi- tavelmente, por um maior uso per ca- pita de produtos agrícolas. A solução adotada por milênios para contornar o aumento da deman- da por produtos agropecuários - des- matamento e expansão agrícola - sim- plesmente não é mais possível. Quase não há reservas de áreas agricultáveis e o desmatamento está associado a importantes mudanças que ameaçam tanto a própria agricultura (aumento de pragas, redução da polinização em consequência da diminuição de abe- lhas, erosão do solo, etc.) quanto a Divulgação
  • 7. Terra & Cia Abril 2015 7 A integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é um exemplo típico de sistema de produção agrícola fundamentado nos princípios da Intensificação Ecológica (ou Intensificação Sustentável) perda da biodiversidade e as mudan- ças climáticas. O desafio então se apresenta de forma clara: como atender as deman- das por produtos agropecuários de uma população maior e com melhor qualidade de vida, de forma sustentá- vel, sem aumentar a superfície culti- vada e com menor disponibilidade de água e de energia fóssil? Para respon- der a esse desafio, uma nova proposta surgiu na França no final desta primei- ra década do século 21 – A Intensifi- cação Ecológica (tradução francesa) ou Intensificação Sustentável (tradu- ção britânica) da Agricultura. Por meio desse modelo, busca-se criar condições para que os mecanis- mos naturais dos ecossistemas sejam intensificados em vez de se subsidiar diretamente a produção com insumos. Isso significa, conforme o caso, eli- minar ou reduzir as arações e grada- gens e, dessa forma, otimizar o fun- cionamento do solo; usar plantas de cobertura e assim favorecer o desen- volvimento de minhocas e fixar o car- bono; praticar o pousio melhorado para maximizar o período de fotossín- tese, a produção de biomassa e a fixa- ção biológica do nitrogênio ou, ainda, praticar ao máximo o combate bioló- gico de pragas e doenças e conservar a biodiversidade. Esse modelo não exclui o uso de fertilizantes nem de pesticidas, nem descarta os organismos geneticamen- te modificados, mas estes são prati- cados de forma muito mais racional, apenas em complemento às melhores práticas agroecológicas a fim de ga- rantir ganhos na qualidade ambiental sem comprometer a lucratividade. A integração lavoura-pecuária- -floresta (ILPF) é um exemplo típico de sistemas de produção agrícola fun- damentado nos princípios da Intensi- ficação Ecológica (ou Intensificação Sustentável). Na ILPF, os mecanis- mos naturais dos ecossistemas são ca- nalizados em favor do sistema de pro- dução: as diversas espécies presentes (culturas anuais, pastagens e essên- cias florestais) possuem raízes que ex- ploram recursos do solo em diferentes profundidades, evitando assim a com- petição e favorecendo a complemen- tariedade de nicho no uso de água e nutrientes minerais. A presença de di- versos extratos radiculares favorece ainda a captura de lixiviados e a re- montagem de nutrientes. Em relação à parte aérea, os di- ferentes níveis de dossel propiciam uma melhor captura e um uso mais eficiente da radiação solar e uma co- bertura do solo que reduz as perdas de água e de solo por erosão e/ou evapo- ração além de reduzir a competição com plantas daninhas. A biodiversi- dade presente tem o potencial de pro- mover mecanismos benéficos como simbiose (Fixação Biológica do Nitro- gênio; associação micorrízica) e alelo- patia que ajudam no controle de plan- tas invasoras, além de favorecerem a presença de inimigos naturais de pra- gas e oferecerem barreiras físicas e genéticas à disseminação de doenças. Uma agricultura ecologicamen- te intensiva supõe também manejo das técnicas agrícolas e da organiza- ção espacial mais complexo do que o utilizado hoje, aplicando-se essas téc- nicas e organização aos mais diferen- tes níveis de manejo do agroecossiste- ma – do local à paisagem. Assim, essa forma de agricultura é intensiva não somente no que se refere às funciona- lidades ecológicas, mas requer tam- bém uma forte intensificação dos co- nhecimentos e uma visão holística do processo produtivo, além de uma ges- tão integrada dos diferentes usuários dos ecossistemas. Aí está, sem dúvi- das, uma grande e necessária evolu- ção. (Inácio de Barros é agrônomo e pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros) Divulgação
  • 8. 8 Terra & Cia Abril 2015 Crise Hídrica Déficit de água chegará a 40% no mundo em 15 anos Unesco/Divulgação Ary Mergulhão: “Grande parte dos problemas que os países enfrentam, além de passar por governança e infraestrutura, passa por padrões de consumo, que só a longo prazo conseguiremos mudar, e a educação é a ferramenta para isso” Da Redação R elatório da Organização das Nações Unidas para a Edu- cação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostra que há no mundo água suficiente para suprir as necessidades de crescimento do consumo, “mas não sem uma mudança dramática no uso, gerenciamento e compartilhamento. Segundo o documento, a crise global de água é de governança, muito mais do que de disponibilidade do recurso, e um padrão de consumo mundial sustentável ainda está distante. De acordo com a Unesco, nas úl- timas décadas o consumo de água cres- ceu duas vezes mais do que a popula- ção e a estimativa é que a demanda cresça ainda 55% até 2050. Manten- do os atuais padrões de consumo, em 2030 o mundo enfrentará um déficit no abastecimento de água de 40%. Os dados estão no relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimen- to de Recursos Hídricos 2015 – Água para um Mundo Sustentável. A previsão pessimista conside- ra como principais causas da falta de água a intensa urbanização, as práti- cas agrícolas inadequadas e a polui- ção, que prejudica a oferta de água limpa no mundo. A Unesco estima que 20% dos aquíferos estejam explorados acima de sua capacidade. Os aquífe- ros, que concentram água no subterrâ- neo e abastecem nascentes e rios, são responsáveis atualmente por fornecer água potável à metade da população mundial e é de onde provêm 43% da água usada na irrigação. O crescimento da população está estimado em 80 milhões de pessoas por ano, com estimativa de chegar a 9,1 bi- lhões em 2050, sendo 6,3 bilhões em áreas urbanas. A agricultura deve- rá produzir 60% a mais no mundo e 100% a mais nos países em desenvolvi- mento até 2050. A demanda por água na indústria manufatureira deverá qua- druplicar no período de 2000 a 2050. O documento foi elaborado para alertar os governos para que incenti- vem o consumo sustentável e evitem uma grave crise de abastecimento no futuro. “Uma das questões que os pa- íses já estão se esforçando para me- lhorar é a governança da água. É im- portante melhorar a transparência nas decisões e também tomar medi- das de maneira integrada com os di- ferentes setores que utilizam a água. A população deve sentir que faz par- te da solução”, disse a oficial de Ci- ências Naturais da Unesco na Itália, Angela Ortigara. A Unesco recomenda, de manei- ra geral, mundanças na administração pública, no investimento em infraes- trutura e em educação. “Grande par- te dos problemas que os países enfren- tam, além de passar por governança e infraestrutura, passa por padrões de consumo, que só a longo prazo conse- guiremos mudar, e a educação é a fer- ramenta para isso”, diz o coordena- dor de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão. No Brasil, a preocupação com a falta de água ganhou destaque com a crise hídrica no Sudeste. Antes disso, o País já enfrentava problemas de abas- tecimento, por exemplo no Nordetste. Mergulhão diz que o Brasil tem reser- va de água importante, mas deve inves- tir em um diagnóstico para saber como está em termos de política de consumo, atenção à população e planejamento. “É um trabalho contínuo. Não quer di- zer que o País que tem mais ou menos recursos pode relaxar. Todos têm que se preocupar com a situação”.
  • 9. Terra & Cia Abril 2015 9 valtra.com.br VALTRA é uma marca mundial da AGCO. MOTOR AGCO POWER 9.8L específico para o mercado agrícola, oferecendo alta performance, maior vida útil e baixos níveis de consumo AGRICULTURA DE PRECISÃO exclusivo sistema de telemetria AgCommand® , monitoramento em tempo real para maior disponibilidade ALTA TECNOLOGIA Eletrônica embarcada própria para colhedora de cana. Fácil de operar e simples de manter NOVA CABINE maior ergonomia e conforto, com um sistema eletrônico exclusivo para colheita da cana Nova Valtra BE 1035e. valtravideosvaltraglobal DACANA,EXTRAÍMOSAENERGIA PARADESENVOLVERAMELHOR COLHEDORADOSETOR. SUA MÁQUINA. DETRABALHO.
  • 10. 10 Terra & Cia Abril 2015 Crise Hídrica Falta d’água deve estimular práticas de conservação Uma das saídas defendidas por especialistas para reduzir as consequências da crise hídrica seria organizar o uso da água nas bacias hidrográficas UPF
  • 11. Terra & Cia Abril 2015 11 Lineu Rodrigues: “O problema hídrico que estamos observando em algumas regiões do Brasil deve ser visto como uma oportunidade para melhorar o uso da água e planejar o futuro” Embrapa A falta de água nos últimos me- ses é uma consequência da baixa ocorrência de chuvas em períodos atípicos do ano. Esse fa- tor, aliado ao aumento da demanda por água em várias regiões do País e, tam- bém, ao desperdício e a não utilização de práticas de conservação, acabaram agravando ainda mais essa situação. No entanto, segundo o especialista em hidrologia e recursos hídricos e coorde- nador da Rede de pesquisa Agrohidro, Lineu Rodrigues, a crise é também uma questão de gestão e de planejamento. “O problema hídrico que esta- mos observando em algumas regiões do Brasil deve ser visto como uma oportunidade para melhorar o uso da água e planejar o futuro”, destaca Li- neu. Uma das saídas defendidas pelo especialista para reduzir as consequ- ências de situações como essa seria organizar o uso da água nas bacias hidrográficas. “Como a oferta de água é va- riável, para evitar conflitos e proble- mas hídricos é fundamental planejar e fazer a gestão desse recurso. Isto é, compatibilizar a oferta com as de- mandas, para não faltar água para ninguém. É importante que o produtor tenha consciência que ele faz parte de um sistema hídrico maior, se ele des- perdiçar água, alguém mais abaixo fi- cará sem”, pontua Lineu. A gestão dos recursos hídricos, segundo o especialista, deve ser fei- ta considerando a bacia hidrográfica como unidade territorial de referência. O Brasil está dividido em 12 regiões hidrográficas e milhares de pequenas bacias. “De preferência, a gestão dos recursos hídricos deve ser feita no rio de maior ordem, que formam as micro- bacias. É nessas bacias que é realmen- te possível constatar os conflitos ou problemas de disponibilidade hídrica”. Os produtores rurais podem con- tribuir para amenizar o problema ado- tando em suas propriedades práticas conservacionistas, tais como o plantio direto e o terraceamento. Essas medi- das contribuem para aumentar a infil- tração de água no solo e a recarga dos aquíferos, ou do lençol freático. “É essa água que vai abastecer os rios durante o período da seca. Se a infiltração for pe- quena, a recarga será pequena e faltará água nos rios justamente durante esses períodos críticos”, explica Lineu. A adoção dessas práticas con- servacionistas também ajuda a redu- zir o escoamento superficial, conside- rado ruim, pois carrega lixo e outras impurezas para os rios. “Nesse senti- do, a manutenção da cobertura vegetal é fundamental para combater a erosão e, também, aumentar a infiltração da água no solo”, enfatiza o especialista. (com Embrapa Cerrados) Crise Hídrica Crise hídrica pode ser amenizada com a adoção de práticas conservacionistas, como o terraceamento Semam/Emater
  • 12. 12 Terra & Cia Abril 2015 Crise Hídrica São Paulo lança programa de uso racional da água na agricultura Produtores rurais terão linha de crédito com juros subsidiados para a modernização dos sistemas de irrigação das propriedades localizadas nas bacias de contribuição dos reservatórios para abastecimento público do Alto Tietê O Governo do Estado de São Paulo lançou uma linha de cré- dito com juros subsidiados (ju- ros zero) para a modernização dos sis- temas de irrigação das propriedades rurais localizadas nas bacias de con- tribuição dos reservatórios para abas- tecimento público do Alto Tietê, que são: Taiaçupeba, Jundiaí, Biritiba, Pa- raintinga e Ponte Nova. A iniciativa é realizada por meio do Feap (Fun- do de Expansão do Agronegócio Pau- lista), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O objetivo é incentivar a moder- nização dos equipamentos de irriga- ção com a substituição de tecnologias ultrapassadas e a adoção de técnicas que permitam, por meio da otimiza- ção dos recursos hídricos, grande di- minuição na captação de águas super- ficiais na bacia do Alto Tietê. Serão contemplados pelo programa peque- nos agricultores dos municípios de Bi- ritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Sale- sópolis e Suzano. “Trata-se de uma importante iniciativa para substituir equipamen- tos que desperdiçam água durante a irrigação, que visa a boa eficiência”, disse Alckmin. “Os agricultores po- derão conseguir financiamentos a ju- ros zero”, completou. Ao todo serão disponibilizados R$ 60 milhões para o programa, dos quais R$ 7 milhões para subvenção de juros (Feap) e R$ 53 milhões para os financiamentos (Desenvolve SP). O prazo para o pagamento do financiamento será de até seis anos, com até um ano de carência, e o va- lor máximo a ser tomado será de R$ 240 mil por beneficiário do programa. Para serem contemplados, os projetos precisam comprovar uma eficiência mínima de 85% de rega, ou seja, de cada litro de água captado, o sistema deverá aproveitar no mínimo 850 ml na irrigação da planta. Com a inova- ção, estima-se que a economia de água será de 50% em cada projeto. Divulgação
  • 13. Terra & Cia Abril 2015 13
  • 14. 14 Terra & Cia Abril 2015 Controle Sanitário Brasil investe em tecnologia para monitoramento de pragas U m estudo conduzido pela Em- brapa Gestão Territorial e parceiros pretende ampliar a capacidade de monitorar a incidên- cia de pragas exóticas e quarentená- rias que podem causar grandes danos à produção agropecuária e florestal brasileira. O trabalho, registrado com título “Identificação de segmentos e locais nos limites territoriais do Bra- sil para ações de prevenção à entra- da de pragas”, apresenta metodologia para mapeamento dos limites territo- riais brasileiros. A pesquisa discrimina 6 aspec- tos: as fronteiras secas; as fronteiras úmidas; a presença de floresta; o aces- so terrestre (rodovias); os portos nas fronteiras; e os aeródromos. A con- sideração desses aspectos foi pensa- da em relação às vias pelas quais as pragas podem entrar em uma região. A entrada de pragas quarentenárias pode resultar na reduçao da produ- ção agropecuária, na contaminação e também na perda de mercado externo, causando impactos ambientais, econô- micos e sociais negativos. De acordo com o analista de Ge- oprocessamento da Embrapa, Wilson Holler, o objetivo do trabalho é forne- cer subsídios para que ações de pre- venção à entrada e de contenção da dissipação das pragas sejam tomadas pelos órgãos responsáveis. Holler, pri- meiro autor da publicação, afirma que o Brasil sofre impacto negativo à me- dida que aumentam as barreiras co- merciais impostas aos produtos agrí- colas nacionais, em decorrência de novas pragas. Os dados utilizados no trabalho es- tão sendo disponibilizandos no portal da Embrapa Gestão Territorial, na aba Da- dos Abertos da Pesquisa. “Buscamos ampliar a possibilidade de trabalhos con- juntos e melhorar nossos estudos, por meio de análises críticas de especialistas que serão facilitadas a partir dessa ini- ciativa”, disse o supervisor do Núcleo de Análises Técnicas, Rafael Mingoti. Os arquivos estão disponíveis no formato shapefile e com uma proposta de representação das feições cartográ- ficas nos formatos *.lyr, *.sld e *.qml. Com base nos dados obtidos, podem ser estabelecidas regiões prioritárias para ações público privadas (empre- sas, associações ou cooperativas) de prevenção da entrada de pragas de acordo com as pragas existentes em cada país fronteiriço. (com Embrapa Gestão Territorial) Gorgulho da manga (Sternochetus mangiferae) é apenas uma das pragas quarentenárias a serem evitadas a partir do mapeamento dos limites territoriais brasileiros Divulgação
  • 15. Terra & Cia Abril 2015 15 Controle Sanitário Livro apresenta visão geral sobre epigenética E pigenética: bases mo- leculares, efeitos na fi- siologia e na patologia e implicações na produção ani- mal e vegetal. Este é o título do livro escrito pelas pesquisado- ras da Embrapa, Simone Niciu- ra e Naiara Saraiva, que apre- senta uma visão geral sobre o tema epigenética e mostra como as modificações afetam a saúde e o desenvolvimento de homens, animais e plantas. O livro também destaca quais são os tipos de modifica- ções epigenéticas conhecidas, como podem ser e como influen- ciam o desenvolvimento de doen- ças, como o câncer, o fenótipo e as características de produção animal e vegetal. A edição técni- ca contou com a participação de jovens cientistas das Universida- des de São Paulo (USP), Esta- dual de São Paulo (Unesp) e Fe- deral de São Carlos (UFScar). O livro está à venda na Livraria Embrapa por R$19,60. Simone Niciura é uma das editoras técnicas Currículo Lattes CurrículoLattes
  • 16. 16 Terra & Cia Abril 2015 Controle Sanitário Defensivos para combate à Helicoverpa estão liberados até março de 2016 A Helicoverpa armigera é uma espécie polífaga. As larvas da praga foram registradas em mais de 60 espécies de plantas cultivadas e silvestres e em cerca de 67 famílias hospedeiras O s agrodefensivos aplicados para o controle da praga He- licoverpa armigera, nas cultu- ras de soja, milho e algodão, tiveram o uso emergencial prorrogado até 18 de março de 2016. A decisão do Ministé- rio da Agricultura, Pecuária e Abaste- cimento (Mapa) foi motivada pelo fato de que Alagoas, Bahia, Goiás, Mi- nas Gerais, Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão na condi- ção de emergência fitossanitária para a lagarta, que pode causar prejuízos ao agronegócio brasileiro. Dados do Mapa mostram que, na safra 2012/13 de grãos e fibras na Bahia, os prejuízos causados pela pra- ga foram de R$ 2 bilhões. De acordo com a Instrução Normativa (IN) nº 3, que oficializa a decisão, os principais produtos utilizados para o controle da praga são os que apresentam, em sua composição, alguns ingredientes ati- vos, como o Bacillus thuringiensis e o Baculovírus (este responsável por agir diretamente no sistema digestivo da lagarta). Os produtos foram mencio- nados, em 2013, no ato nº 15 elabo- rado pelo Mapa. De acordo com o fiscal federal agropecuário Ériko Tadashi, dentre as medidas já adotadas pelo Ministé- rio para o controle da praga, pode- -se destacar a instituição do Grupo de Gerenciamento Situacional da Emer- gência Fitossanitária, que tem o obje- tivo de identificar, propor e articular a implementação de ações emergen- ciais, ágeis e eficazes para contenção da praga, a fim de assegurar o com- pleto restabelecimento da normalida- de produtiva. O Mapa também priorizou a análise dos processos que possibili- tam o emprego de novos produtos para controle da praga. A Helicoverpa ar- migera é uma espécie extremamente polífaga – as larvas da praga foram registradas em mais de 60 espécies de plantas cultivadas e silvestres e em cerca de 67 famílias hospedeiras. Embrapa
  • 17. Terra & Cia Abril 2015 17
  • 18. 18 Terra & Cia Abril 2015 Controle Sanitário Mapa define regras para entrada de animais nas Olimpíadas 2016 O s cavalos que competirão nos Jogos Olímpicos Rio – 2016 desembarcarão exclusiva- mente no Aeroporto Antônio Car- los Jobim (Galeão), do Rio de Janei- ro, em voos fretados especificamente para esse fim. Ao desembarcar, os re- presentantes das delegações apre- sentarão os documentos de trânsito internacional e as comprovações sa- nitárias dos cavalos. Além disso, os animais deverão ter microchips com todos os seus dados de identificação. Com toda documentação che- cada, os animais seguirão, acompa- nhados do serviço veterinário oficial do Mapa e de um comboio da Polí- cia Federal, até o Centro Olímpico de Hipismo do Complexo Esporti- vo de Deodoro, na capital fluminen- se, onde serão realizadas as compe- tições hípicas. A decisão foi tomada em reu- nião entre o Departamento de Sani- dade Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen- to (Mapa), representantes do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, da Autoridade Pública Olímpica (APO), do Ministério da Defesa, do Exército e da Confederação Brasileira de Hipis- mo (CBH), nesta semana, em Brasília. “O mais importante é que con- seguimos flexibilizar as regras, dar mais celeridade ao processo, sem ar- riscar em nenhuma instância a segu- rança sanitária do país”, disse o fis- cal federal agropecuário do Mapa, André Pereira Bompet. As regras são específicas para os animais que com- petirão nas Olimpíadas de 2016 e vêm sendo debatidas desde 2014 e já têm aprovação da Organização Mun- dial de Saúde Animal (OIE). (Asses- soria de Imprensa do Mapa) Cavalos que competirão nos Jogos Olímpicos Rio 2016 deverão ter microchips com todos os seus dados de identificação Divulgação
  • 19. Terra & Cia Abril 2015 19 Importação de embriões ovinos seguirá regras do Mercosul A partir do dia 18 de maio de 2015, a importação de em- briões ovinos coletados in vivo seguirá requisitos zoosanitários adotados pelos países do Mercosul. A Resolução GMC nº 48/14, que trata desta questão, foi incorporada ao or- denamento jurídico nacional pela Ins- trução Normativa Nº 4. As regras fo- ram discutidas entre os países que integram o bloco econômico. Com isso, o Brasil passa a seguir os mesmos requisitos dos outros países do Mercosul para importar, de qual- quer país, embriões ovinos coletados in vivo. O documento determina que toda importação desse tipo de produto deverá ser acompanhada de Certifica- do Veterinário Internacional, emitido pela Autoridade Veterinária do país exportador, que atesta o cumprimen- to dos requisitos. O país exportador também de- verá elaborar o modelo de certificado que será utilizado para a exportação desses embriões ovinos aos países do Mercosul, incluindo as garantias zoo- sanitárias que constam na resolução para aprovação prévia pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- mento (Mapa). De acordo com Alberto Gomes, chefe da Divisão de Trânsito Inter- nacional da Coordenação de Trânsi- to e Quarentena Animal (DTI/CTQA/ Mapa), a Resolução GMG Nº 48/14 é a primeira do Mercosul que con- templa os requisitos para a importa- ção de embriões ovinos coletados in vivo e “é importante para padroni- zar os requisitos zoosanitários jun- to ao Bloco”. Controle Sanitário ZEBU: PRODUTIVO & SUSTENTÁVEL. PATROCÍNIO APOIO
  • 20. 20 Terra & Cia Abril 2015
  • 21. Terra & Cia Abril 2015 21
  • 22. 22 Terra & Cia Abril 2015 Controle Sanitário São Paulo terá Permissão de Trânsito Vegetal eletrônica O governador paulista Geraldo Alckmin autorizou o início da operação da PTV (Permissão de Trânsito Vegetal) eletrônica, neces- sária para que o estado de São Pau- lo possa exportar produtos vegetais, que sejam veiculadores de pragas qua- rentenárias presentes, para outro país ou outro estado da Federação. A PTV também pode ser exigida no trânsi- to dentro do próprio estado, como é o caso de mudas. “A permissão é um importante instrumento do ponto de vista sanitá- rio para evitar a transmissão de doen- ças e a defesa sanitária, mas isso não pode ser de forma burocratizada. En- tão, a partir de hoje, o produtor rural pode ter acesso ao documento da sua casa, do seu computador, de onde es- tiver, sem precisar se deslocar até a Casa de Agricultura ou até os escri- tórios da Defesa Agropecuária”, dis- se Alckmin. O sistema informatizado permi- te aos agricultores maior agilidade no processo de emissão da PTV. Antes, o documento só podia ser emitido por uma unidade da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária), da Secre- taria de Agricultura e Abastecimen- to. Agora, o processo poderá ser feito pelo próprio produtor, a partir de um computador ou mesmo telefone móvel com acesso à internet. De acordo com o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, o Mi- nistério da Agricultura exige que as guias sejam assinadas por um agrôno- mo. “Nós queremos que esta guia seja emitida automaticamente e que de- pois a supervisão seja feita pelo agrô- nomo, ou seja, a verificação se dá nas exceções, nos casos que precisam ser fiscalizados e não cotidianamente, o que vai faciltar também a vida do agricultor. A emissão da PTV é a conclusão de um sistema de Certificação Fitos- sanitária cujo objetivo é evitar a dis- seminação de pragas com potencial de causar danos econômicos (pragas re- gulamentadas), viabilizando o trânsi- to de vegetais de acordo com as nor- mas de defesa sanitária vegetal. O sistema já está à disposição dos agri- cultores paulistas. Para ter acesso, os produtores ou responsáveis técnicos devem reali- zar o cadastro no site gedave.defesa- agropecuaria.sp.gov.br. Devem, tam- bém comparecer a uma das unidades de Defesa Agropecuária, portando o requerimento de ativação e desblo- queio de acesso ao Gedave devida- mente preenchido e assinado, além de toda a documentação exigida. Governador Geraldo Alckmin autorizou o início da operação da PTV (Permissão de Trânsito Vegetal) eletrônica no Estado de São Paulo Divulgação
  • 23. Terra & Cia Abril 2015 23
  • 24. 24 Terra & Cia Abril 2015 Pecuária Bahia luta por certificado de Zona Livre de PSC Da Redação O Estado da Bahia quer con- quistar novos mercados para exportação de carne suína. Para isso, o governo baiano está ado- tando uma série de medidas para que o Estado obtenha a certificação inter- nacional de Área Livre de Peste Suí- na Clássica (PSC), através da Agên- cia de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri). A meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é que 14 estados recebam o reconheci- mento internacional até 2016. A Bahia já é livre da doença sem a necessidade de vacinação desde 2001, quando recebeu o status nacio- nal de livre para a Peste Suína Clássi- ca, e agora está entre os estados que pleiteiam o reconhecimento interna- cional. De acordo com o coordenador do Programa de Sanidade dos Suíde- os, Sérgio Vidigal, são várias as ações executadas pela Bahia, a exemplo dos inquéritos soroepidemiológicos, vigi- lância ativa de granjas e criatórios, controle do trânsito, em proprieda- des de risco localizadas próximas as divisas com estados infectados, além da vigilância em suídeos asselvajados (javali e seus cruzamentos). Segundo o diretor da Adab, Rui Leal, o processo de obtenção da cer- tificação de Área Livre de PSC pela Bahia vai dar proteção às demais uni- dades da federação que estão pleite- ando o reconhecimento. “Vamos con- tinuar cumprindo o compromisso de proteger a sanidade animal no estado e no Brasil, realizando fiscalizações nas regiões de divisa com estados in- fectados e criando uma área de prote- ção contra PSC”, disse Leal. Para o diretor-geral da Adab, Oziel Oliveira, “a certificação agrega- rá valor ao produto e ajudará no de- sempenho econômico, promovendo a geração de emprego e renda para os baianos e brasileiros”. O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa (SDA), Décio Coutinho, reforçou que a prio- ridade está na manutenção e amplia- ção de mercados internacionais para os produtos. “Para isso estamos rea- lizando reuniões e organizando toda a documentação para que, em breve, os estados consigam obter a certificação internacional”, informou Coutinho.. PSC - A Peste Suína Clássica é uma doença de etiologia viral, alta- mente contagiosa, podendo determinar quadros de febre, hemorragias múlti- plas e com alta taxa de mortalidade. A transmissão acontece através de secre- ções, excreções, sêmen e sangue, além do contato direto entre os animais. Su- ínos e javalis são os únicos reservató- rios naturais do vírus da Peste Suína Clássica. (com Ascom Adab) Oziel Oliveira: “A certificação agregará valor ao produto e ajudará no desempenho econômico, promovendo a geração de emprego e renda para os baianos e brasileiros Governo baiano está adotando uma série de medidas para que o Estado obtenha a certificação internacional de Área Livre de Peste Suína Clássica (PSC) Divulgação USPImagens
  • 25. Terra & Cia Abril 2015 25 Pecuária Iraque e África do Sul retomam importações de carne brasileira Em 2012, o Brasil exportou mais de 5,6 mil toneladas de carne para o Iraque, registrando um faturamento acima de US$ 24 milhões A pós imposição de embargo em função do caso atípico de BSE (encefalopatia espon- giforme bovina, conhecida popular- mente como doença da vaca louca) ocorrido no Estado do Mato Grosso, em 2014, o Iraque aprovou, em mar- ço de 2015, a liberação das impor- tações de carne bovina brasileira e seus subprodutos. Atestada a inocui- dade do sistema brasileiro pela Or- ganização Mundial de Saúde Animal (OIE), que manteve o status de ris- co do país como “insignificante”, as negociações bilaterais pela reabertu- ra foram iniciadas. Em 2012, o Brasil exportou mais de 5,6 mil toneladas de carne para o Iraque, registrando um fatura- mento acima de US$ 24 milhões. No final de fevereiro deste ano, a Áfri- ca do Sul também reabriu o mercado para exportações brasileiras de carne bovina desossada. A África do Sul ha- via embargado a entrada desses pro- dutos, pela ocorrência de febre af- tosa no Brasil e pelo caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina. O Brasil já chegou a exportar mais de 11 mil toneladas para o país africano com faturamento de US$ 16 milhões. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), An- tônio Jorge Camardelli, a recuperação desses mercados se somam a outras conquistas para o setor de exportação de carne bovina brasileira, que desde o ano passado acumula notícias positi- vas com relação à reabertura e expan- são de mercados, como Irã e Egito. “Um reconhecimento ao trabalho con- junto da Abiec e ministérios de Agri- cultura e das Relações Exteriores, que não economizam esforços para defen- der os interesses do País e do setor”. Camardelli ressalta ainda que o setor tem boas perspectivas para 2015, com o fim definitivo dos embar- gos de China, Arábia Saudita e Japão, além da possibilidade de abertura do mercado norte-americano. “Isso nos permite manter uma previsão otimis- ta para este ano”. Abracomex
  • 26. 26 Terra & Cia Abril 2015 Pecuária Suinter 2015 anuncia Choice Genetics entre patrocinadores A Choice Genetics anunciou participação no 8º Suinter (Simpósio Internacional de Produção Suína), que acontecerá de 9 a 11 de junho de 2015, no Rafain Palace Hotel e Convention Center, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Com o ob- jetivo de contribuir com a realização do evento e, consequentemente, maior capacitação profissional no setor, a empresa espera aproveitar o momen- to para rever profissionais do segmen- to e esclarecer possíveis dúvidas dos participantes, antecipa o diretor da Choice Genetics Brasil, Yves Naveau. “O Suinter é um evento altamen- te técnico, mas que aborda cada tema de forma muito prática. Como se des- tina à suinocultores e profissionais de- dicados a produção, sem duvida é um importante evento para trazer os últi- mos conhecimentos técnicos da área. E vamos também aproveitar a opor- tunidade de participar de debates com esses importantes profissionais envol- vidos na produção de suínos”, disse o executivo. Com o tema “Evolução: Pro- dução em Foco”, o evento vai reunir os principais especialistas da área de produção de suínos para debater os principais desafios, oportunidades e os rumos da produção suína no futuro. A expectativa é reunir mais de 500 par- ticipantes, entre médicos veterinários, zootecnistas, produtores de suínos, empresários, profissionais da agroin- dústria e representantes das principais empresas da cadeia produtiva. Yves defende a importância de promover um debate sobre qual dire- ção deve seguir as evoluções da sui- nocultura mundial. “A produção de suínos tem evoluído muito nos últi- mos anos com empresas e organiza- ções se estruturando e se consolidan- do. E, neste cenário, é fundamental parar para refletir e analisar as evo- luções globais na produção de carne suína para definir sua própria estraté- gia de produção dentro do atual cená- rio global”. Evolução da suinocultura - Dian- te de tantas transformações que tem vivido a suinocultura nos últimos anos, o aumento de prolificidade, peso dos animais de abate, conversão ali- mentar e redução do custo de produ- ção devem se manter entre as prio- ridades na produção de carne suína, aposta Yves. Ele acredita também na forte tendência de aumento de preocu- pações sociais na produção “Nos pró- ximos anos, devemos ver maior preo- cupação com a sanidade e a restrição do uso de antibióticos nessa dinâmica atividade, mesmo que isso represente um aumento nos custos de produção”. Com o objetivo de debater os principais desafios que existem nos atuais sistemas de produção e disponi- bilizar estratégias e oportunidades de manejo a fim de contribuir com maior nível de especialização no campo, o 8º Suinter vai debater temas como sa- nidade, instalação, manejo, nutrição, reprodução, bem-estar e gestão, des- taca a idealizadora do Suinter e mem- bro da comissão técnica Maria Nazaré Lisboa, que ressalta a importância de ter a parceria de uma empresa como a Choice Genetics apoiando o evento. “É importante que uma empresa como a Choice Genetics apoie inicia- tivas de difusão de conhecimento téc- nico voltados para a capacitação pro- fissional. Esta participação contribui com a qualidade e enriquece os deba- tes. Para esta edição, estamos dispo- nibilizando o que há de mais recente e avançado em pesquisas e tecnologias nas diferentes áreas de produção. A ideia é abordar estes temas de forma prática e fácil adoção no dia a dia da suinocultura” afirmou a especialista. Yves Naveau, diretor da Choice Genetics Brasil, defende a importância de promover um debate sobre qual direção devem seguir as evoluções da suinocultura mundial Divulgação
  • 27. Terra & Cia Abril 2015 27 Leitores da Terra&Cia têm descontos especiais!
  • 28. 28 Terra & Cia Abril 2015 Pecuária Pecuaristas de MT e MS apostam em integração Rubens Catenacci: “Passamos de um animal por hectare para três nesse período e nas próximas duas safras nossa meta é chegar a cinco unidades animal, dividindo o mesmo espaço” DenilsonRodrigues A integração entre pastagem e produção de grãos para o de- senvolvimento vertical das propriedades é a aposta dos criado- res de gado dos estados de Mato Gros- so e Mato Grosso do Sul. No primeiro ano de atividades, o consórcio já ren- deu aumento de um para três animais por hectare. Preocupados com o perío- do de seca, que na região Centro-Oeste se estende de maio a setembro, os pe- cuaristas investem na integração com a finalidade de aumentar a taxa nutri- cional do solo e garantir melhor de- senvolvimento da pastagem. A integração proporciona ali- mentação adequada ao rebanho nos meses de estiagem. Em Cáceres, MT, o agrônomo e consultor do grupo Nelore Grendene, Lycurgo Iran Nora, traba- lha sob a meta de atingir a lotação de oito cabeças por hectare, em cinco sa- fras. “Neste primeiro ano de integra- ção, passamos de um para 3,5 animais por hectare. Isso acontece por conta do aumento de nitrogênio, que, após esta experiência com a soja e o milho, somou aproximadamente 45 kg por hectare, o que privilegiará a próxima cultura, no caso a pastagem”. De acordo com Iran Nora o de- senvolvimento da pastagem come- ça 30 dias antes do início da colheita dos grãos e os benefícios do consórcio sobressaem aos resultados nutricio- nais do capim. “A utilização dos grãos para silagem na alimentação dos ani- mais além de diminuir os custos com ração importada de outras regiões, fa- vorece o reabastecimento de energia do animal, por meio do amido do mi- lho. Contamos ainda com o desenvol- vimento sustentável, já que plantamos uma cultura sob a outra, sem aumen- tar área, apenas reaproveitando e me- lhorando”, disse. Nos mesmos moldes do grupo Grendene, a Fazenda 3R, em Figueirão, MS, colhe sua segunda safra de grãos com resultados semelhantes. “Passa- mos de um animal por hectare para três nesse período e nas próximas duas sa- fras nossa meta é chegar a cinco unida- des animal, dividindo o mesmo espaço”, afirma o pecuarista Rubens Catenacci. Segundo o administrador da Fa- zenda 3R, Rogério Rosalin, o objetivo é de cunho ambiental e produtivo. “O empreendedor rural atualmente pre- za por qualidade, sem danos ao meio ambiente. Há algum tempo a pecuária deixou de expandir as áreas e passou a apostar em tecnologia, visando susten- tabilidade e crescimento vertical, com foco na carne de qualidade e aumento de receita”, observa o administrador.
  • 29. Terra & Cia Abril 2015 29 O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) prepara um conjun- to de ações para aumentar a qualida- de do leite, capacitar trabalhadores e ampliar exportações, a partir de um programa de estímulo à produção e consumo, que beneficiará produtores de Goiás, Minas Gerais, Santa Catari- na, Paraná e Rio Grande do Sul, prin- cipais estados que garantem o abas- tecimento do País. O programa está sendo formulado em parceria com re- presentantes de produtores, cooperati- vas e indústria. De acordo com a ministra Ká- tia Abreu, o Brasil precisa de “foco na melhoria da qualidade e eficiência produtiva, uma vez que não se con- segue ter indústria competitiva sem base produtiva competitiva”. O Bra- sil é o quarto maior produtor mundial de leite, com 34 bilhões de litros em 2013. Para a ministra, o setor pode melhorar sua performance investindo na qualidade. O principal pilar do programa do Mapa é a assistência técnica. Os pro- dutores interessados poderão se ins- crever em cursos de capacitação, que serão oferecidos em parceria com o Sistema S (conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o treinamento profissional, assis- tência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, como Senai, Sesc, Sesi, Senac, etc.). O objetivo dos cursos é aperfei- çoar o manejo do leite e, com isso, au- mentar a produtividade e a renda dos produtores. Segundo dados do Cen- so Agropecuário (IBGE, 2006) dos 5,1 milhões de estabelecimentos ru- rais, 77% não recebem nenhum tipo de orientação técnica. Os produtores contemplados pelo programa tam- bém deverão contar com uma linha de crédito especial para custeio e in- vestimento. O Mapa pretende desbu- rocratizar o acesso a programas de financiamento já disponíveis e estuda criar uma linha de crédito permanen- te para retenção de matrizes leiteiras bovinas e bubalinas. Outra prioridade será a erradi- cação da brucelose e da tuberculose, amplamente disseminadas no territó- rio brasileiro. O Mapa estuda criar fundos estaduais para indenização por animais contaminados, mas antes vai acelerar o levantamento da situação epidemiológica dos cinco estados. Es- tima-se que as perdas diretas com a brucelose sejam de 25% na produção de leite. No caso de tuberculose, a es- timativa é de 10 a 18% de queda. Com a sistematização dos dados da Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade do Leite, o programa pre- tende desenvolver, em parceria com a Embrapa, uma plataforma integrada para análise e interpretação dos dados laboratoriais dos cinco estados. Com isso, será possível compilar informa- ções sobre a qualidade do leite. O mi- nistério estuda uma forma de harmo- nizar os parâmetros de qualidade do leite entre os serviços de inspeção fe- deral, estadual e municipal. O Mapa deverá implementar ini- ciativas para promover o consumo de leite e derivados, além de ampliar pro- Pecuária MAPA quer capacitar produtores leiteiros gramas institucionais do governo fede- ral para compra e distribuição de leite a famílias carentes. Estimular o con- sumo de leite ajuda ajustar a oferta e a demanda no setor. Apesar de o con- sumo doméstico ter aumentado 2% no ano passado, a produção cresceu 7% nos nove primeiros meses de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, de acordo com o IBGE. Os produto- res também reivindicam atualização de marcos regulatórios e reestrutura- ção do Programa Nacional de Qualida- de do Leite. (com Assessoria do Mapa) AlcidesOkuboFilho O programa pretende desenvolver, em parceria com a Embrapa, uma plataforma integrada para análise e interpretação dos dados laboratoriais dos cinco maiores estados produtores
  • 30. 30 Terra & Cia Abril 2015 Cotonicultura Brasil é 5º no ranking de produção de algodão Galho com cinco capulhos de algodão Doca Pascoal O Brasil é o quinto maior produ- tor de algodão do planeta e lí- der mundial em produtivida- de em solo não irrigado. Os dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) também posicio- nam o País como terceiro maior ex- portador desta cultura agrícola, que figura entre as dez principais do mun- do. A produção anual brasileira gira em torno de dois milhões de toneladas de fibra, plantados numa área de 1,1 milhão de hectares espalhada princi- palmente pelo Centro-Oeste, região Sul-Amazônica e Nordeste. Nas últimas três safras, o volu- me médio produzido nas lavouras bra- sileiras foi de 1,7 milhão de tonela- das da pluma, o que inclui o Brasil no “Top Five” dos maiores produtores mundiais, atrás apenas da China, Ín- dia, Estados Unidos e Paquistão. O al- godão brasileiro tem, como principais destinos de exportação, países como Indonésia, Coréia do Sul, China, Es- tados Unidos, além da União Euro- peia. O Brasil, que há duas décadas era o maior país importador, hoje traz de fora apenas um residual que não ultrapassa 15 mil toneladas/ano. Todos os anos, em média, 35 mi- lhões de hectares de algodão são plan- tados por todo o planeta. A demanda mundial tem aumentado gradativa- mente desde a década de 1950, a um crescimento anual médio de 2%. Atu- almente, o algodão é produzido por mais de 60 países, nos cinco continen- Embrapa
  • 31. Terra & Cia Abril 2015 31 Detalhe do algodoeiro irrigado por pivô central Nas últimas três safras, o volume médio produzido nas lavouras brasileiras foi de 1,7 milhão de toneladas da pluma, o que inclui o Brasil no “Top Five” dos maiores produtores mundiais tes. De acordo com a Abrapa, o co- mércio mundial da fibra movimenta hoje cerca de US$ 12 bilhões (cerca de R$ 37 bilhões) e envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas até a embalagem. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen- to (Mapa), a produção nacional de al- godão é, prioritariamente, destinada à indústria têxtil. A principal preocupa- ção da cotonicultura brasileira é com a qualidade da fibra, para atender às exigências das indústrias nacionais e clientes externos. Técnicas avançadas de plantio, aliadas à utilização de culti- vares melhor adaptadas ao tipo de solo e clima das regiões produtoras contri- buíram para o avanço da produção. Com índice de produtividade 60% superior aos Estados Unidos, a cotonicultura brasileira mudou radi- calmente, passando, em uma déca- da, de lavoura manual para totalmen- te mecanizada no plantio, nos tratos culturais e na colheita. Os estados de Mato Grosso e Bahia são responsá- veis por 82% da produção nacional e se destacam pelo investimento em bio- tecnologia, gerenciamento do setor e novas técnicas de manejo. História - A cotonicultura foi uma das primeiras atividades agríco- las desenvolvidas no Brasil. O primeiro “boom” ocorreu no século XIX, com a redução do fornecimento norte-ameri- cano às tecelagens inglesas durante a guerra civil. Após problemas na produ- ção, causados pelos impactos de guer- ras e pragas, o algodão ressurgiu for- te e competitivo no Brasil. O setor vive boas perspectivas de expansão, esti- mulado pela vitória obtida em 2008, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), contra a prática de subsídios considerados desleais.
  • 32. 32 Terra & Cia Abril 2015
  • 33. Terra & Cia Abril 2015 33
  • 34. 34 Terra & Cia Abril 2015 Cotonicultura Setor faz campanha por produção responsável Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) se baseia em princípios de produção relacionados aos três pilares básicos da sustentabilidade: ambiental, social e econômico Embrapa A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) lançou, no final de 2012, o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que se baseia em princípios de produção relacionados aos três pilares básicos da sustentabi- lidade: ambiental, social e econômico. Na Safra 2013/14, o ABR certificou 256 fazendas localizadas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Maranhão e Minas Ge- rais. Juntas, representam 805,4 mil hectares de área plantada e produção de 1,22 milhão toneladas de pluma. Na safra 2013/14 de algodão, mais de dois terços da produção bra- sileira recebeu certificação socioam- biental. O programa ABR segue ali- nhado às premissas da Better Cotton Initiative (BCI). Ambos os programas possuem hoje o mesmo protocolo de certificação e licenciamento. Do to- tal de 1,7 milhão de toneladas de plu- mas produzidas pelo Brasil na safra 2013/14, a participação de produto- res associados ao ABR representou 71%. Já a participação de certifica- dos pelo BCI alcançou 66% do total. Financiado com recursos do Ins- tituto Brasileiro do Algodão (IBA), o programa ABR representa a sínte- se da união dos cotonicultores brasi- leiros em prol de uma melhor produ- ção em todo País. A adesão a esse tipo de programa é voluntária e represen- ta um avanço na consolidação da co- tonicultura em Mato Grosso e nos de- mais estados produtores de algodão do Brasil, assegurando a posição do Brasil entre os cinco maiores players do mercado mundial da pluma. Certificação - A adesão ao pro- grama ABR ocorre em duas etapas. Inicialmente, é realizada uma veri- ficação interna pelas equipes de sus- tentabilidade das associações estadu- ais, que observam a conformidade das propriedades com a lista de requisitos do programa. Os técnicos vão até as fazendas para uma avaliação e orien- tação sobre como corrigir os possíveis problemas. Após a verificação interna e a correção das não conformidades, a verificação fica por conta de certifi- cadoras independentes. O principal re- quisito para a seleção das empresas é a acreditação internacional.
  • 35. Terra & Cia Abril 2015 35 Cotonicultura Algodão colorido do Brasil ganha o mundo A lgodão colorido cultivado por produtores da Paraíba está se firmando como produto de luxo para o mercado externo. De símbolo regional em lojas de artigos para turistas, a pluma colorida alcan- çou status de peças de glamour expor- tadas para a França, Itália, Espanha, Alemanha, Japão, Estados Unidos e países escandinavos. A “luxuosa” pluma marrom, tão aplaudida nas fei- ras internacionais de moda, cresce no Brasil em meio à paisagem seca do agreste paraibano, onde nem o feijão e o milho resistiram à falta d’água. O cultivo de algodão colorido orgânico é uma das principais fontes de renda do Assentamento Margari- da Maria Alves, localizado no muni- cípio de Juarez Távora, PB. A área de 18 hectares não aparece nas esta- tísticas oficiais de produção do algo- dão no Brasil, mas chama a atenção do mundo da moda sustentável por ser uma alternativa ao sistema de pro- dução tradicional com alto uso de in- sumos e de água. O algodão colorido produzido no Semiárido, por exemplo, foi destaque na feira 1.618 Sustaina- ble Luxury Paris (1.618 Luxo Susten- tável), realizada em abril, na capital francesa. O assentamento que abriga 15 famílias fica a 100 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba. O cultivo do algodão colorido é em sis- tema de sequeiro, sem nenhum tipo de adubo ou inseticida sintético. O algo- dão é certificado pelo Instituto Biodi- nâmico (IBD). A pluma é beneficiada no próprio assentamento em uma mini usina descaroçadora. A máquina sepa- ra a semente da fibra. A semente fica no assentamento para o próximo plan- tio e para alimentação animal. Já a fi- bra segue para a indústria de fiação em Campina Grande e João Pessoa. Posteriormente segue para teares me- cânicos rústicos que ainda existem em diversos municípios paraibanos. Como já nasce colorida, a fibra dispensa o uso de produtos químicos para tingir o tecido e economiza 83% de água no processo de acabamento da malha, em comparação com os te- cidos coloridos artificialmente. Essas características tornam o produto mui- to procurado pelas empresas voltadas para a chamada “moda verde”. De acordo com a presidente da Associa- ção da Indústria do Vestuário da Pa- raíba (Aivest-PB), Francisca Vieira, o público consumidor das peças de algo- dão colorido é consciente e com alto poder aquisitivo, que se preocupa com a origem do produto que consome. Desafios - Além da escassez de água, o algodão colorido precisa so- breviver ao bicudo-do-algodoeiro (An- thonomus grandis), uma das principais pragas da cultura. O inseto contribuiu para a diminuição gradativa das plan- tações de algodão branco na região Semiárida, que já foi a maior área de produção algodoeira do País. O praga ataca o botão floral e deposita o ovo. Depois de furado pelo bicudo, o botão cai e em aproximadamente 25 dias surge um novo inseto adulto. Uma fê- mea pode perfurar até 200 botões e se não for feito o controle, pode botar toda a safra a perder. Novas cores - O algodão colorido é tão antigo quanto o algodão branco. Muitas espécies silvestres datadas de Capulho de algodão colorido da variedade BRS Topázio EdnaSantos/Embrapa
  • 36. 36 Terra & Cia Abril 2015 Cotonicultura 4.500 anos foram encontradas em es- cavações no Peru e no Paquistão. Mas esse tipo de algodão tinha fibras muito curtas que não serviam para a fiação. “Quando nascia um pé de algodão co- lorido era arrancado para não se mis- turar com o branco”, observa do pes- quisador da Embrapa Algodão, Isaias Alves. Depois de 20 anos de melhora- mento genético, a Embrapa obteve va- riedades de pluma colorida aptas a se- rem utilizadas na indústria têxtil. Neste período, foram lançadas cinco variedades em tonalidades que vão do verde-claro aos marrons cla- ro, escuro e avermelhado. Para 2015, está previsto o lançamento de outra variedade marrom, mais produtiva e com maior qualidade de fibra. Segun- do o pesquisador da Embrapa Algo- dão, Luiz Paulo Carvalho, responsável pelo desenvolvimento das variedades de algodão colorido, o primeiro passo foi escolher uma variedade com cor in- teressante para cruzar com uma plan- ta de fibra branca de boa qualidade. “Depois selecionamos várias plantas que nasceram com uma cor bonita, boa produção e mandamos a fibra para analisar em laboratório. Guardamos as melhores sementes e plantamos em linhas para observar se nascem com características homogê- neas, resistência a doenças e boa pro- dução”, disse Carvalho. O processo é repetido em média de sete a oito anos para se chegar a uma nova varieda- de pronta para ser lançada no merca- do. “No médio prazo, esperamos obter também uma variedade na cor rosa”, disse o pequisador. As variedades lançadas foram obtidas por meio do melhoramento ge- nético convencional, a partir de cru- zamento de plantas de algodão entre si. Outra linha de pesquisa busca ob- ter o algodão de cor azul. Mas como não existem plantas de algodão com a cor azul na natureza, os pesquisa- dores estão recorrendo à biotecnolo- gia para transferir o gene que fornece o tom azulado para a fibra do algodão. “No momento, uma construção gênica que poderá produzir a cor azul na fi- bra está sendo introduzida no genoma do algodão”, afirma Luiz Paulo. O desenvolvimento do algodão azul, segundo o pesquisador, reduziria signifi- cativamente o uso de tinta na indústria têxtil. “Se tivéssemos este algodão, nós o utilizaríamos para confeccionar o jeans, por exemplo. Seria sem dúvida um gran- de avanço, pois o mundo inteiro fabrica jeans e se gasta muita tinta para a produ- ção do tecido”, destaca. Desenvolvimento de mercado - O desafio do setor é aumentar a esca- la de produção. Para isso, foi criado o Comitê Gestor do Arranjo Produtivo Campo de algodão pronto para colheita FabianoJoséPerina/Embrapa
  • 37. Terra & Cia Abril 2015 37 Local de Confecções e Artefatos de Al- godão Colorido do Estado da Paraíba, que integra empresários, produtores e suas organizações e instituições de apoio (Embrapa, Abit, FIEP, APEX, Senai, Sebrae, bancos públicos e pri- vados, Governo do Estado da Paraíba, Mapa, SFA-PB e Conab-PB). O Comitê, criado com o objeti- vo de articular todos os elos envolvidos no ciclo de produção da pluma, já co- lhe frutos positivos. Uma das principais conquistas foi a garantia de compra da produção do algodão colorido, que deu segurança ao produtor para realizar o plantio e alimentar a cadeia produtiva do Estado que envolve tecelagens, con- fecções e pequenas indústrias de moda e decoração. De acordo com o coorde- nador do comitê gestor, Gilvan Ramos, o desafio agora é ampliar a produção para atender novos mercados. “Grandes marcas nacionais e in- ternacionais têm procurado o algodão colorido orgânico a fim de desenvol- ver linhas sustentáveis, e a produção precisa urgentemente ganhar escala produtiva e regularidade de oferta”, observa. Segundo ele, o produto não permanecerá por muito tempo ape- nas como nicho de mercado. “A China já planta 21 mil hectares de algodão colorido orgânico enquanto o Bra- sil só alcançou até hoje 1.800 hecta- res”. Ele acredita que o cultivo deve se espalhar no mundo todo, citando o exemplo dos EUA, onde já se vende se- mentes de algodão colorido on line. Está entre os planos do comi- tê gestor, implantar um polo têxtil e de confecções de fibras naturais, que incluem o algodão colorido, em João Pessoa, PB. De acordo com o presi- dente da Associação Brasileira da In- dústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone, ainda existem ques- tões econômicas a serem soluciona- das, mas acredita que no médio pra- zo a produção pode crescer, tendo em vista que este tipo de matéria-prima reduz o consumo de água e produtos químicos nas etapas de produção, pois dispensam a etapa de tinturaria. Redução de resíduos, reaproveita- mento de água, utilização de lodo como fonte energética, uso de corantes natu- rais, fibras sintéticas biodegradáveis, desfibramento das roupas usadas e de retalhos para fazer novos fios, além de reciclagem de garrafas PET para trans- formá-las em fibras para confecção de camisetas, estão entre as iniciativas apontadas por Cervone em favor da sus- tentabilidade na indústria da moda. “O Brasil já possui uma imagem de referên- cia no mundo quando o assunto é moda sustentável. Mas não há dúvida de que ainda há muito a ser feito”. (com Em- brapa Algodão) Colheita de algodão colorido em Juarez Távora, PB EdnaSantos/Embrapa Cotonicultura
  • 38. 38 Terra & Cia Abril 2015 Cotonicultura Compactação do solo reduz produtividade do algodoeiro em MT P esquisa desenvolvida pela Embrapa, Instituto Mato- -grossense do Algodão (IMA- mt) e parceiros, indica que a resistên- cia à penetração radicular na camada de 10 a 20 cm do solo é um dos prin- cipais fatores responsáveis pela redu- ção da produtividade do algodão no Estado de Mato Grosso. Se a com- pactação for acompanhada de infes- tação pela praga Meloidogyne incog- nita, conhecida como nematóide das galhas, o dano pode ser ainda maior. O estudo analisou amostras em mais de 1,1 mil talhões nas princi- pais regiões produtoras de algodão de Mato Grosso e correlacionou 78 parâ- metros, bióticos e abióticos, em busca de causas para a redução da produti- vidade que tem sido observada nas la- vouras. Entre os itens avaliados esta- vam sistema de produção, cultivares utilizadas, produtividade, atributos químicos, físicos e biológicos do solo, além da presença de fitoparasitas. As análises mostraram que 16% das áreas amostradas apresentaram valores muito altos de resistência à penetração, sendo necessária a reali- zação de medida específicas para des- compactação do solo. Para o pesqui- sador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ciro Magalhães, todos os solos são su- jeitos à compactação, independente- mente da textura. Segundo ele, o ex- cesso de aração e gradagem, além da entrada de máquinas em condições de alta umidade, são os principais fato- res responsáveis pelo problema. “A principal causa é o mane- João Flávio Veloso Silva: “A melhor alternativa para controlar nematoides em lavouras de escala é usar variedades resistentes com rotação de culturas. Isso é fundamental” jo intensivo do solo. A gradagem fa- vorece a compactação porque está de- sagregando o solo. A capacidade de suporte de carga do solo fica menor. Se entrar uma máquina para fazer al- guma operação, geralmente aduba- ção ou aplicação de defensivos, em um solo revolvido, provavelmente ele não suporta a carga e ocorre a compacta- ção”, observa o pesquisador. Pragas - A pesquisa também indicou um aumento na incidência de nematoides nas lavouras, quando comparado a dados coletados há uma década. As duas espécies com maior distribuição são o Pratylenchus bra- chyurus, chamado de nematóide das lesões, presente em 96% das amos- tras, e o Meloidogyne incognita, en- contrado em 23% das áreas analisa- das. Também foram encontrados em menor proporção Rotylenchulus reni- formis e Heterodera glycines. O nematóide Pratylenchus bra- chyurus causa lesões radiculares nas plantas. É um patógeno de considerá- vel importância econômica por con- ta de sua ampla distribuição geográ-
  • 39. Terra & Cia Abril 2015 39 Raiz com sintoma provocado por nematoide de galhas (Meloidogyne incognita) em algodoeiro no Mato Grosso fica e ao grande número de plantas hospedeiras. As lesões servem de por- ta de entrada para bactérias e fun- gos, causando necroses e podridões. Especialistas recomendam a rotação de cultura com espécies não hospe- deiras, como forma de controle, além da pulverização com produtos especí- ficos para cada cultura. No entanto, de acordo com a pesquisa, apesar de estar presente na maior parte das la- vouras, o Pratylenchus não tem rela- ção com a queda na produtividade do algodoeiro. Já o Meloidogyne incognita, cau- sador de galhas nas raízes, está forte- mente relacionado à baixa produtivi- dade, sobretudo se a incidência ocorre em áreas de solo compactado. “São causas independentes. Não é sempre que você tem compactação e nematoi- des. Mas sempre que tem compacta- ção do solo e presença de Meloidogy- ne, os danos são maiores. São fatores aditivos. A planta tem pouco volume de solo para explorar e o nematoide ataca as raízes naquela área”, expli- ca o pesquisador e chefe-geral da Em- brapa Agrossilvipastoril, João Flávio Veloso Silva. A pesquisa mostrou que em solos classificados como argilosos, quan- do infestados por grande população de M. incognita, a produção de caro- ço de algodão por hectare chegou ter redução de 32 arroubas, passando de 277 @/ha para 245@/ha. O prejuí- zo foi ainda maior em solos classifi- cados como de textura média. Neles, a produção média de 308 @/ha che- gou a cair para 238 @/ha por influ- ência de maior população do nematoi- de das galhas. Os nematóides fitoparasitas do gênero Meloidogyne são um dos gru- pos mais importantes de inimigos da agricultura brasileira. Tem ocorrên- cia generalizada em toda região tropi- cal e sub-tropical. No Brasil, parasita diversas culturas como algodão, bata- ta, café, cana-de-açúcar, feijão, milho, soja, tomate entre muitas outras. Alternativas - O uso de sistemas integrados de produção, com a rota- ção de culturas tem sido a principal alternativa apontada pelos especialis- tas para redução dos dois problemas. No caso da compactação de solo, o uso de plantas com sistema radicular mais eficiente, como crotalárias, nabo forrageiro e gramíneas são uma forma de aumentar a quantidade de poros no solo. Em alguns casos, no entanto, a compactação é tão intensa que exige a descompactação mecânica. “A opção é entrar com o subsola- dor quebrando essa camada compac- tada. Mas não adianta descompactar e continuar produzindo do mesmo jei- to. Tem de mudar a mentalidade, fazer rotação de culturas, usar plantas de cobertura, evitar revolver o solo para
  • 40. 40 Terra & Cia Abril 2015 Cotonicultura Raiz com sintomas de murcha de fusarium e nematoide de galha não permitir que volte a se compactar”, alerta Ciro Magalhães. Nesse sentido, o sistema plantio direto na palha configu- ra-se como uma boa opção nos sistemas produtivos, uma vez que não há revolvi- mento do solo, permitindo a continuida- de de poros de acordo com a decompo- sição de raízes mortas e com a ação da fauna e microfauna do solo. Já para a redução dos danos causados pelo nematoide Meloidogy- ne incognita, a melhor alternativa é a rotação de culturas utilizando cul- tivares de soja, milho e algodão resis- tentes ou tolerantes a essa espécie, ou ainda plantas não hospedeiras, como as braquiárias e alguns tipos de cro- talárias. “O uso de nematicidas para culturas de escala dificilmente é eco- nomicamente viável, porque as áreas são muito grandes e fica muito caro. A melhor alternativa para controlar nematoides em lavouras de escala é usando variedades resistentes e usan- do rotação de culturas. Isso é funda- mental”, afirma o pesquisador João Flávio Veloso Silva. Congresso Brasileiro do Algodão discute PD&I As inscrições para submissão de trabalhos científicos no 10º Congresso Brasileiro do Algodão, que acontece- rá de 1º a 4 de setembro de 2015, em Foz do Iguaçu, no Paraná, estão aber- tas. Com o tema “Qualidade, caminho para a competitividade”, o evento será promovido pela Associação Brasilei- ra dos Produtores de Algodão (Abra- pa), com apoio científico da Embrapa e do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Os trabalhos científicos têm como objetivo promover e reconhe- cer o valor da pesquisa realizada nas diversas instituições e universidades para a cotonicultura do País. As ins- crições seguem até 30 de maio no site do congresso. A Comissão Científica avaliará os trabalhos inscritos no pe- ríodo de 16 de junho a 29 de julho e o resultado será divulgado dia 31 de julho. Serão aceitos trabalhos de to- das as áreas da cadeia produtiva do algodão. Os trabalhos podem ser indivi- duais ou em equipes, mas apenas um autor fará a apresentação formal no congresso. Nesta edição do Congres- so Brasileiro do Algodão haverá duas categorias de inscrição: Estudantes e Autor de Trabalho. A categoria Estu- dantes é aberta a universitários, pós- -graduandos, mestrandos e doutoran- dos, que terão preços especiais. Já a categoria Autor de Trabalho é exclu- siva para o titular do estudo ou pes- quisa, seja ele do meio universitário ou empresarial. Coautores e colabo- radores do mesmo trabalho inscri- to poderão se inscrever na categoria Estudante ou como filiado ou não à Abrapa. Prazos 30 de maio - Prazo máximo para sub- missão de trabalhos 16 de junho a 29 de julho - Correção dos trabalhos 31 de julho - Divulgação dos resultados 3 a 25 de agosto - Pagamento das ins- crições dos trabalhos aprovados Inscrição e submissão: www.congressodoalgodao.com.br
  • 41. Terra & Cia Abril 2015 41 Produção Mundial Últimas 6 safras - Million Metric Tons Exportações brasileiras de algodão Principais Países Importadores Milhões de toneladas SAFRA 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 TOTAL MUNDIAL 25,425 27,820 26,680 26,283 26,356 24,406 Principais Países CHINA 5,865 6,239 6,205 6,770 6,770 6,480 INDIA 6,400 7,400 7,300 6,929 6,444 5,742 USA 3,942 3,391 3,770 2,811 3,502 3,114 PAKISTAN 1,948 2,311 2,002 2,076 2,300 2,052 BRAZIL 1,960 1,877 1,310 1,705 1,539 1,508 UZBEKISTAN 0,910 0,880 1,000 0,940 0,940 0,931 OTHERS 4,401 5,722 5,094 5,053 4,861 4,580 ICAC – Cotton This Month Atualizado em 18/03/2015 País Janeiro a Fevereiro/15 Janeiro a Fevereiro/14 Variação Relativa Valor Quant. Valor Quant. Valor Quant. US$ Mil t US$ Mil t US$ Mil t CHINA 29.905,00 17.152,00 2.708,00 1.381,00 1.004,32 1.142,00 INDONÉSIA 28.091,00 18.015,00 36.590,00 19.192,00 -23,23 -6,13 CORÉIA DO SUL 22.353,00 13.600,00 20.187,00 10.492,00 10,73 29,62 MALÁSIA 16.897,00 10.142,00 5.293,00 2.667,00 219,23 280,28 VIETNÃ 15.699,00 10.391,00 3.245,00 1.732,00 383,79 499,94 TURQUIA 14.242,00 9.891,00 207,00 97,00 6.780,19 10.096,91 TAIWAN 8.445,00 5.589,00 5.509,00 2.780,00 53,29 101,04 TAILÂNDIA 7.347,00 4.627,00 3.414,00 1.720,00 115,20 169,01 PAQUISTÃO 7.085,00 4.262,00 463,00 252,00 1.430,24 1.591,27 JAPÃO 3.303,00 1.790,00 1.987,00 1.034,00 66,23 73,11 BANGLADESH 3.230,00 2.240,00 841,00 449,00 284,07 398,89 EQUADOR 2.323,00 1.749,00 877,00 478,00 164,88 265,90 VENEZUELA 1.869,00 1.000,00 1.307,00 598,00 43,00 67,22 ÍNDIA 703,00 474,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Sub-total 161.492,00 100.922,00 82.628,00 42.872,00 95,44 135,40 OUTROS 3.320,00 3.177,00 2.685,00 1.419,00 23,65 123,89 Total 164.812,00 104.099,00 85.313,00 44.291,00 93,19 135,03 Fonte: Análise das Informações de Comércio Exterior - Alice Atualizado em 18/03/2015 Cotonicultura
  • 42. 42 Terra & Cia Abril 2015
  • 43. Terra & Cia Abril 2015 43
  • 44. 44 Terra & Cia Abril 2015 Agrishow 2015 A aposta é em inovações tecnológicas Organização da 22ª edição da maior feira de tecnologia agrícola em ação da América Latina confia, mesmo neste cenário político e econômico desafiador, que o agronegócio se manterá como peça fundamental para a base do crescimento do País Simone Magalhães R ibeirão Preto, considerada a capital brasileira do agrone- gócio, está de braços aber- tos para receber a 22ª Edição da Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - que acontece de 27 de abril a 1º de maio, no Parque de Exposições, localizado no Km 321 da Rodovia Antonio Du- arte Nogueira, em Ribeirão Preto, SP. A exposição reunirá representantes do setor agrícola do Brasil e do exterior em um dos maiores e mais completos eventos deste segmento no mundo. Considerada palco de tendências e vitrine de lançamentos para o setor, a edição de 2015 aposta em inova- ções tecnológicas e novidades que au- xiliarão, economicamente, o setor do agronegócio, já que o País atravessa um período político e econômico desa- fiador. A Agrishow apresentará uma oportunidade única para os produto- res rurais, ao agrupar, em um único local, as novidades para aumento de sua produtividade e condições diferen- ciadas para a realização de negócios. Ribeirão Preto insere-se em uma Divulgação
  • 45. Terra & Cia Abril 2015 45 Agrishow 2015 das principais regiões do agronegócio brasileiro e mesmo diante deste perío- do de desajustes e incertezas econômi- cas, os organizadores da maior Feira de Tecnologia Agrícola em Ação da Amé- rica Latina confiam que o agronegócio ainda se manterá como peça fundamen- tal para a base do crescimento do País. Mediante registros históricos, a Agrishow sempre foi a responsável em impulsionar a realização de negócios durante e depois do evento, levantando e ampliando o ânimo do setor e prin- cipalmente, fomentando novos investi- mentos. Por isso, produtores rurais e empresários esperam a realização da feira para decidir sobre novos inves- timentos, para a aquisição de novos equipamentos, máquinas e implemen- tos agrícolas ou outros produtos para a sua propriedade. Os números de 2014 confirmam os resultados positivos na movimentação econômica da Feira: 160.000 visitantes qualificados, de 71 países; R$ 2,7 bilhões em negócios iniciados na feira; 800 marcas em exposição; 37 novas empresas estrangeiras; Cerca de 1.000 profissionais de imprensa credenciados. Palavra do presidente Fabio Meirelles, presidente da Agrishow 2015 Segundo Fabio Meirelles, um dos fundadores e atual presidente da Agrishow, o evento ajudará a atenuar as incertezas de curto prazo. “Apesar dos prognósticos de um período difícil em termos econômicos no curto prazo, que envolve grandes desafios pela frente, confiamos que o agronegócio seguirá como o principal protagonista na sustentação do cresci- mento do País. Ele tem colaborado de duas for- mas: na garantia do fornecimento de alimentos a preços competitivos, fator que contribui para atenuar os efeitos de uma inflação em processo de ace- leração, e, ao mesmo tempo, assegura bons resultados no campo das expor- tações, que tem se mostrado ponto de- cisivo para o equilíbrio da balança co- mercial do País. Em razão desses fatores, en- tendemos que os efeitos sobre os negócios da Agrishow 2015 serão atenuados, até pelo fato de que é exatamente em momentos difíceis que aumenta a importância e a ne- cessidade do produtor rural conhe- cer novas ferramentas, avaliar for- mas inovadoras e racionais de manejo no campo, e de analisar op- ções em termos de máquinas, imple- mentos ou sistemas que auxiliem no aumento da produtividade. E tudo isso, o visitante encon- trará na Agrishow 2015, assim como oportunidades de adquirir equipamen- tos com menor custo de aquisição e que aumenta a produção”. Meirelles também é presidente da Federação da Agricultura e Pecu- ária do Estado de São Paulo (Faesp). AleCarolo/alecarolo.com
  • 46. 46 Terra & Cia Abril 2015 O que esperar da 22ª edição? Agrishow 2015 Organizadores esperam cerca de 160 mil visitantes do Brasil e do exterior, que poderão encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas DivulgaçãoP ara este ano, são esperados mais de 160 mil visitantes do Brasil e do exterior, que pode- rão encontrar, em uma área de 440 mil m², lançamentos de mais de 800 marcas que atuam nas áreas de: agri- cultura de precisão, agricultura fami- liar, armazenagem (silos e armazéns), corretivos, fertilizantes, defensivos, equipamentos de segurança (EPI), equipamentos de irrigação, ferramen- tas, implementos e máquinas agríco- las, máquinas para construção, peças, autopeças, pneus, pecuária, produção de biodiesel, sacarias e embalagens, seguros, sementes, software e har- dware, telas, arames, cercas, válvulas, bombas, motores e veículos (pick ups, caminhões e utilitários, além de avi- ões agrícolas). “A edição deste ano oferece uma série de oportunidade para quem bus- ca modernidade e avançados sistemas. Afinal de contas, são cerca de 800 marcas divididas em setores, o que fa- cilita sua visitação, uma vez que as empresas ficam agrupadas, reduzin- do os deslocamentos. Neste ano, have- rá também uma série de empresas que apresentarão diversos equipamentos, instrumentos e softwares que auxiliam o produtor a usar com racionalidade a água na sua rotina de trabalho”, afirma Fábio Meirelles, presidente da Agrishow 2015. Segundo ele, a Agrishow 2015 possibilita a troca de experiências e informações importantes entre peque- nos, médios e grandes produtores do Norte ao Sul do País. “Também em termos de estrutura, preparamos uma série de melhorias, como o calçamen- to, a colocação de bancos, a amplia- ção das áreas de descanso na feira e a modernização das praças de alimen- tação. Em função de todos esses atra- tivos estamos bastante esperançosos quanto ao sucesso da feira”, destaca.
  • 47. Terra & Cia Abril 2015 47 Setor agropecuário é estratégico no Brasil Agrishow 2015 Ao contrário do que muitos pen- sam, o setor agropecuário é responsá- vel por mais da metade do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Com os da- dos estatísticos da economia, notamos que, apesar da indústria e do segmento de serviços serem responsáveis por mais da metade do PIB, não se leva em con- sideração que atividades industriais e de serviços que estejam ligadas à área agropecuária fazem parte do panorama rural brasileiro. A área agropecuária não é com- posta somente pelas fazendas, seus ani- mais, plantações e empregados diretos. Ela é muito mais do que isso, nesse setor encontramos indústrias de grande porte, multinacionais instaladas no país, mi- lhares de pequenas empresas de serviços e pequenas indústrias que produzem de tudo, voltado paro o setor rural. Isso tudo faz parte do que chama- mos de agrobusiness ou agribusiness, que é a totalidade das empresas e negócios que giram em torno da área rural, um grande negócio que gera mais da metade de toda a riqueza de todo o Brasil. O Agribusiness, termo que foi “emprestado” da língua inglesa, repre- senta um incontável número de negó- cios, como o das indústrias que produ- zem maquinário agrícola, montadoras de automóveis, que fabricam utilitários para o campo (todas as montadoras que possuem uma linha de montagem de pi- ck-ups ou jipes contribuem para o cres- cimento do setor rural), empresas que prestam serviços de consultoria agro- pecuária, softwares, publicações, pro- gramas de TV, Internet, comércio espe- cializado, laboratórios farmacêuticos, e muito mais. Um dos pontos mais importantes no setor rural ou do agribusiness é o seu enorme potencial no Brasil, país com vo- cação histórica e dimensões que favore- cem o desenvolvimento deste setor que está cada vez mais voltado para o merca- do externo. Segmento que a cada ano ne- cessita de maior quantidade de alimentos e produtos e que, na maior parte dos pa- íses, não dispõe da área necessária para o seu desenvolvimento. Com isso, o mer- cado externo torna-se um atrativo cada vez maior para o produtor rural brasilei- ro, que encontra lucros muito grandes e uma demanda crescente. Agronegócio terá ano difícil Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) De acordo com Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o agri- business é o setor mais competitivo da eco- nomia nacional, mas enfrenta hoje juros mais altos e crescimento menor. “Tudo indica um ano difícil para o setor. A recente divulgação do Produto In- terno Bruto (PIB) da agropecuária de ape- nas 1,6% é quase nada se comparado aos 7,9% registrados em 2013. Isso é reflexo de uma frágil política econômica que afe- ta ainda mais outros setores da economia e de queda dos preços setoriais. No agronegócio os reflexos estão em crédito mais caro, sofrimento com logísti- ca deficiente e custo mais alto para produ- zir, diminuindo a renda. Não bastasse o re- sultado pífio do PIB da agropecuária, outra notícia tirou o sono dos produtores rurais. O Governo Federal elevou os juros do Moder- frota, programa de financiamento de má- quinas e implementos agrícolas. Nosso foco, para superar esse período difícil é que o produtor invista em produtivi- dade e gestão de caixa. Na cadeia produti- va, a indústria ainda sofre mais. A Agrishow, com certeza trará orientações nesse sentido, apresentando inovações tecnológicas e novi- dades que auxiliarão o produtor”. Segundo dados da Gazeta do Povo – AgroNegócio - a retração projetada por di- versos setores da economia brasileira não deve se instalar no agronegócio em 2015. O setor projeta crescimento, mesmo que mo- desto. O otimismo está calçado na expec- tativa de boa safra no País – as primeiras colheitas registram produtividade acima da média, apenas com perdas pontuais – e na desvalorização do real diante ao dólar, fato que garante negócios rentáveis. A crise econômica não irá refletir na agricultura. O cenário não é o mesmo de 2012, 2013 e parte de 2014, mas mes- mo assim existe a possibilidade de um bom ano. Apesar do cenário de dúvidas, algu- mas empresas trabalham com crescimento em seus planos estratégicos. A sul-coreana LS Tractor é um exemplo. Há quase dois anos no país, proje- ta crescimento de 25% nas vendas. No ano passado, a marca comercializou as 2 mil unidades de tratores produzidos na fábrica de Guaruva, no estado de Santa Catarina.” Divulgação
  • 48. 48 Terra & Cia Abril 2015 Agrishow 2015 Agrishow é destaque mundial Dárcy Vera: “Acredito que até neste cenário de obstáculos e desafios econômicos, a Agrishow 2015 deve continuar com o sucesso histórico que conquistou ao longo de mais de duas décadas” JFPimenta A Agrishow está entre as três maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo. É a única feira do Brasil que conta com a exposi- ção de pequenos, médios e grandes fa- bricantes. No evento é possível encon- trar uma grande variedade de produtos e serviços que atende todos os produ- tores rurais, não importa o tamanho da sua propriedade e cultura. Um am- biente de atualização profissional, lan- çamentos, divulgação das próximas tendências do setor e onde grandes tec- nologias são de fato demonstradas du- rante o evento. De acordo com a prefeita de Ri- beirão Preto, Dárcy Vera, a Agrishow é a maior vitrine do agronegócio e de inovação tecnológica da agricultura do País. “Uma das maiores feiras do mun- do, e uma grande oportunidade para ex- positores e empresários investirem no setor, que tem enorme expressividade em nossa região. Inclusive, a região de Ribeirão Preto é a maior produtora de etanol e açúcar de todo o Brasil”. Ela destaca que, mesmo com as dificuldades econômicas enfrenta- das pelo País, a criatividade, as novas ideias e projetos inovadores são funda- mentais para setor, porque, segundo ela, criam alternativas, geram opor- tunidade e renda. “Fomentar o agro- negócio, com medidas sustentáveis e ecologicamente viáveis, é muito impor- tante para a economia de nosso País e para o desenvolvimento da região de Ribeirão Preto.” “Acredito que até neste cenário de obstáculos e desafios econômicos, a Agrishow 2015 deve continuar com o sucesso histórico que conquistou ao lon- go de mais de duas décadas, resultado de muito trabalho, dedicação e qualida- de da equipe”, destaca a prefeita. Negócios, serviços e oportunidades A Agrishow também é um marco por conta do volume de negócios, servi- ços e oportunidade de relacionamento com clientes e fornecedores. As expec- tativas positivas a cada ano consagram o evento como gerador de grande mo- vimentação financeira, resultado do trabalho de profissionais qualificados das áreas de agricultura e pecuária e significativa visitação de público inte- ressado em inovação e tecnologia para o agronegócio. De acordo com Antônio Car- los Maçonetto, presidente da Associa- ção Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP), a feira sempre bata- lhou para apresentar ao mundo as no- vidades e avanços do setor agrícola, levando de carona com essas boas no- tícias o nome de Ribeirão Preto. “A ACIRP é uma das mais anti- gas parceiras da Agrishow, independen- te do momento econômico e do cenário político que o País atravessa. Além do estande na feira, no qual apresentamos os produtos e serviços da ACI, a asso- ciação realiza todos os anos a Pesquisa Agrishow, que traduz em números e es- tatísticas as impressões de expositores e visitantes sobre o evento. Tal levantamento serve como norte à organização da feira dos anos subsequentes. Ribeirão Preto insere-se em uma das principais re- giões do agronegócio brasileiro. O setor, mesmo com a crise econômica e política na qual vivemos, mantém- -se forte, responsável, por exemplo, por equilibrar a balança comercial do País. Maus momentos vêm e vão. O importante é estarmos preparados para superá-los, com inovação, cria- tividade, corte de despesas e apos- tando nas pessoas”.
  • 49. Terra & Cia Abril 2015 49 Agrishow 2015 Produtores e empresários terão linhas de financiamento Antônio Carlos Maçonetto, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP) Divulgação Divulgação Para o superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Isaac Samuel dos Reis, o propósito da instituição é ter um crescimento acima da média do mercado neste ano E m edições anteriores, a Agrishow foi marco do gran- de cenário que reuniu anún- cios governamentais importantes. Um exemplo disso aconteceu em 2011, com a entrada de uma linha de fi- nanciamento para grandes máquinas colheitadeiras, dentro do Programa Mais Alimentos, do Pronaf - Progra- ma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Essas medidas reforçam a im- portância econômica da Agrishow 2015 e seu posicionamento como difusor de novidades, tecnologias e tendências. A Feira torna-se um evento esperado por produtores ru- rais e empresários. Na exposição é que eles decidem sobre a aquisi- ção de uma nova máquina, imple- mentos agrícolas ou outros produ- tos que se tornarão necessários em sua propriedade. Instituições Financeiras - Bancos do Brasil, Bradesco, Santander e Cai- xa Econômica Federal (CEF) vão par- ticipar da Agrishow 2015 com aten- dimento diferenciado aos produtores rurais e a todas as empresas partici- pantes. O foco principal de atuação na Feira é o Crédito Rural, com diversas linhas de financiamento como: inves- timento para aquisição de máquinas e equipamentos, correção de solo e for- mação de pastagens, além de custeio agrícola e pecuário. De acordo com o superintenden- te regional da CEF, Isaac Samuel dos Reis, a participação do banco na edi- ção anterior da Feira revelou que a entrada da instituição nesse mercado foi recebida com expectativa positiva e satisfação pelo público. “A exposi- ção da marca CAIXA nesse ambien- te confere ganho de imagem e busca de consolidação de sua posição como banco atuante no agronegócio. O pro- pósito da instituição é ter um cresci- mento acima da média do mercado nesse ano. E por essa razão continua a investir em produtos e serviços e na aproximação com clientes e entidades do setor”, observa Isaac. Crédito Rural - A CEF iniciou a sua atuação no financiamento ao agronegócio, em setembro de 2012, com um projeto piloto desenvolvido em 62 agências de oito estados. Atu- almente, o banco conta com mais de 1,5 mil agências habilitadas, em to- das as regiões do Brasil. As agências habilitadas podem ser consultadas no site creditoruralcaixa.com.br. A Carteira de Crédito Rural da CEF ultrapassou o montante de R$ 5,3 bilhões de saldo em operações ati- vas. Para a safra 2014/15, que se en- cerra em junho deste ano, está previs- to um volume de mais de R$ 6 bilhões
  • 50. 50 Terra & Cia Abril 2015 em recursos aplicados nas operações de crédito rural destinadas a produto- res, cooperativas e agroindústrias. O portfólio de produtos da ins- tituição contempla linhas de crédito destinadas a custeio, investimento e comercialização agrícola e pecuária, para produtores rurais, agroindústrias e cooperativas. Além disso, trabalha com linhas de crédito que utilizam re- cursos do BNDES, como o PSI Ru- ral. O setor de crédito também prevê aumento na tomada de empréstimos, tanto que elevou suas projeções de di- nheiro disponível. Setor agro está de olho em Brasília Marcos Matos, diretor executivo regional da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag/RP) “Diante da importância de uma posição fiscal sólida, centrada na nova equipe econômica como pré-requisito para termos crescimento econômico sustentado de longo prazo, o setor pro- dutivo mostra preocupação imediata de o governo subir juros e reduzir o fi- nanciamento ainda durante a atual sa- fra 2014/15, justamente no período de tomada de recursos para estocagem e comercialização. O ajuste fiscal proposto pela equipe econômica deveria priorizar corte de despesas correntes, pois a elevações das taxas de juros e redução de financiamentos resultariam em me- nor atividade econômica e nível de in- vestimentos, bem como queda na ar- recadação de impostos e na geração de empregos e perda de produtivida- de, afetando o desempenho do agrone- gócio brasileiro em 2015. É importante lembrar que a re- tração esperada para 2015 está asso- ciada a uma significativa queda nas atividades industriais e de construção e uma estabilidade no setor de servi- ços. A agropecuária poderá ser o úni- co relevante setor da economia brasi- leira a mostrar resultados positivos. Como oportunidade, a desvalo- rização do real, a queda dos preços do petróleo e, consequentemente, re- tração nos preços de fretes marítimos e de fertilizantes nitrogenados, po- dem resultar em importante efeito nas margens nas cadeias produtivas. Estudos prévios indicam que, de- pendendo do volume de recursos e dos juros dos financiamentos via crédito rural oficial de custeio, investimento e de apoio à comercialização, o agro- negócio poderá apresentar um cresci- mento próximo a 3% no seu PIB.” Divulgação Agrishow 2015
  • 51. Terra & Cia Abril 2015 51 Cana: luz no fim do túnel, ainda que distante Humberto Camarani, gerente Distrito Cana da DuPont De acordo com Humberto Camara- ni, gerente Distrito Cana da DuPont , o se- tor sucroenergético, grande impulsiona- dor de empregos e gerador de divisas para o agronegócio, busca superação à grave crise que perdura desde 2008. “As dificuldades são inúmeras e cumulativas, onde perda de competitivi- dade do Etanol nos anos anteriores de- vido a retira da CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - da gasolina, o baixo preço do açúcar, so- mado a falta de estratégia do modelo energético brasileiro, estimularam a ca- deia produtiva para vala muito profun- da, onde alguns produtores, fornecedo- res, prestadores de serviço, e indústrias não terão oportunidade de sair. Neste ano começamos a visuali- zar, ainda que um pouco distante, a ‘luz no fim do túnel’ e os investimentos em tecnologias que estejam diretamente li- gadas para uma redução de custos e in- cremento de produtividade, são funda- mentais neste momento. A Agrishow sempre proporcionou o que existe de mais moderno e inovador de produtos e serviços para o agronegócio e certa- mente contribuirá para retomada do crescimento. Assim, como em todos os anos, a perspectiva de ótimos negócios sempre acompanham este momento”. Setor Sucroenergético ainda sofre com a crise Agrishow 2015 Setor sucroenergético busca superação da grave situação econômica que vive desde 2008, com a crise mundial AleCarolo/alecarolo.com A o contrário das boas perspec- tivas para a agricultura, o se- tor sucroenergético enfren- ta um desafio ainda maior em 2015. A área busca superação da grave cri- se que acomete, desde 2008, os pro- dutores de açúcar e etanol e prejudi- cou os plantadores e fornecedores de cana, causando desemprego nas áre- as industrial e agrícola das usinas e também na indústria de base e servi- ços vinculados ao segmento. O setor avalia que a sinaliza- ção do governo em favor do etanol e a perspectiva de preços mais remu- neradores para o açúcar no segundo semestre de 2015 não devem ser su- ficientes para acabar com as dificul- dades enfrentadas nos últimos anos. A análise ainda é de que nada tira o foco da grande questão estrutural, que é a necessidade de um marco regulatório para o biocombustível. Ele estimula- ria novos investimentos em toda ca- deia, desde a indústria de base até as próprias usinas. Divulgação
  • 52. 52 Terra & Cia Abril 2015 Vitrine Antônio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana Confira a programação Para Antônio Eduardo Tonielo, pre- sidente da Copercana, Sicoob Cocred e do Sindicato Rural de Sertãozinho, realiza- ção da feira traz tranquilidade e esperan- ça aos produtores rurais. “A realização da Agrishow já é tra- dição para todos os elos do agronegócio brasileiro. Empresários e produtores ru- rais, além de profissionais de todo o País participam da feira em busca de tecno- logia e conhecimento. A feira é de suma importância para a agricultura nacional. A Agrishow é considerada uma vi- trine de produtos e serviços à disposição dos visitantes que passam a conhecer o que há de mais moderno e de mais com- petitivo para alavancar os negócios. Mesmo com a situação do País não estando muito positiva, a realização da feira traz tranquilidade e esperança aos produtores rurais que precisam mais do que nunca retomar o crescimento”. Agrishow 2015 Copercana Muita ação nas atividades da Feira N a Agrishow o visitante pode acompanhar de perto as de- monstrações de campo. A novidade deste ano vem com o “Ca- minho do Boi” e também o “Prêmio Trator do Ano”. Nos 100 ha de área para demonstrações, os visitantes têm a oportunidade de visualizar as gran- des máquinas agrícolas em ação, em culturas como de arroz, café, cana, feijão, milho e muito mais. As demonstrações de campo acontecem do dia 28 de abril à 1º de maio. Não há demonstrações no dia 27, primeiro dia da Feira. Período da manhã Grupo Novas Tecnologias - das 9h30 às 12h - ILPF - Núcleo de Tecnologia • Algodão • Plantio Direto • Cana • Fertilizantes • Forrageiras • Grãos • Tecnologias Diversas • Agricultura de Precisão Período da tarde Grupo Novas Tecnologias - das 14h10 às 16h30 - ILPF - Núcleo de Tecnologia • Algodão • Plantio Direto • Cana • Fertilizantes • Forrageiras • Grãos • Tecnologias Diversas Grupo Agricultura - das 9h40 às 12h • Máquinas para Agricultura • Máquinas para Agricultura Familiar • Tecnologias Diversas • Agricultura de Precisão Teste-drive (horários livre) Agricultura de Precisão Grupo Pecuária - das 14h às 16h30 Forradeiras de Milho Forradeiras de Capim Recolhedoras Tecnologias Diversas Vagões Forradeira de Cana Agricultura de Precisão