1. EXTENSÃO RURAL: FUNDAMENTAL PARA A COMPETIVIDADE DO
AGRONEGÓCIO
Prof. Ricardo Pedroso Oaigen
UNIPAMPA/Campus de Uruguaiana
Curso de Medicina Veterinária
O agronegócio é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira,
contribuindo de forma decisiva para a geração de emprego e renda, aumento
do PIB (produto interno bruto), produção de alimentos para o mercado interno e
externo, e tem colaborado diretamente com o superávit da balança comercial
nos últimos anos. O Brasil se destaca no cenário internacional pelo aumento de
produção, a cada safra, graças ao uso crescente de tecnologias. A produção
de grãos cresceu entre as safras de 1990/1991 e 2011/2012 cerca de 170%
enquanto a área plantada cresceu apenas 36%, resultado da maior eficiência
nos processos produtivos. No mercado de carnes o país é o maior exportador
mundial de carne bovina desde 2003 e o 2º maior produtor, além de ser um dos
principais fornecedores de carne de aves e suínos, consequência dos avanços
no melhoramento animal, manejo nutricional, sanitário, reprodutivo e produtivo
dos rebanhos.
Porém, existe um grande potencial de ganho através da verticalização dos
sistemas produtivos por meio da geração, transferência, disponibilização e a
EFICIENTE utilização de inovações tecnológicas. Neste sentido, a assistência
técnica, via extensão rural, torna-se fundamental, seja esta pública ou privada.
O IBGE, por meio do censo agropecuário de 2006, aponta que a ATER
(assistência técnica e extensão rural) impacta o valor bruto de produção (VBP)
de todos os segmentos do agronegócio. Para os médios e grandes produtores
que não usufruem de ATER o VBP fica em torno de R$ 232,00/ha, enquanto
aqueles que possuem passam a ter um VBP de R$996,00/ha, um aumento de
cerca de 430%. O ganho é considerável também para a agricultura familiar.
Apesar de todo o avanço atual na disseminação de informações, seja por sites
(internet), canais de televisão, eventos técnicos, revistas específicas, entre
outros, existe ainda uma evidente lacuna na utilização e no gerenciamento das
tecnologias de produção. A escolha, pela adoção destas, depende
basicamente do produtor (empresário rural), isto é, da sua pró-atividade,
capacidade de empreendedorismo e acima de tudo, capacidade de
investimentos (recursos disponíveis). No entanto, verifica-se uma grande
limitação para a utilização eficiente destas técnicas, fundamentais na busca de
uma maior produção, por área ou por animal, em consonância com a legislação
existente e que traga o devido retorno econômico à empresa rural.
As universidades, centros de pesquisa, laboratórios, entre outros, apresentam
uma gama considerável de tecnologias ao alcance do produtor rural, desta
forma nos resta perguntar onde está a falha no processo de difusão do
2. conhecimento? Será que os órgãos de extensão rural não estão
desempenhando o seu papel? Será que os produtores estão descapitalizados
ou estão descrentes em relação ao futuro da atividade? Faltam políticas
públicas ou crédito para o setor? Será que os profissionais, Médicos
Veterinários, Agrônomos ou Zootecnistas, são meros difusores de tecnologias,
não valorizando o gerenciamento aliado a uma visão sistêmica quando da
aplicação de uma tecnologia? Com certeza as causas são multifatoriais, cabe a
todos corrigirmos!
Uma iniciativa do Poder Executivo Federal, que está tramitando atualmente no
Congresso Nacional, envolve a criação da ANATER (Agência Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural) que visará integrar a ATER à pesquisa,
aumentar o número de produtores que acessarão as tecnologias, credenciar e
acreditar entidades que executarão o serviço e formar recursos humanos para
trabalhar nesta área. Esperamos que esta ação se concretize e que os
recursos disponibilizados sejam efetivamente utilizados com eficiência pelos
órgãos reguladores e entidades beneficiadas fazendo com que o campo gere
cada vez mais riquezas para a nação.
Inúmeros casos de sucesso em propriedades rurais de SUL a NORTE DO
BRASIL demostram a viabilidade técnica e econômica da intensificação dos
sistemas de produção agropecuários através do uso de tecnologias de insumos
como fertilizantes nitrogenados, sistemas de irrigação, sementes melhoradas,
suplementos alimentares, biotecnologias, entre outras. No entanto, o insumo
CONHECIMENTO CIENTÍFICO deve estar aliado a uma GESTÃO EFICIENTE
dos estabelecimentos rurais. Neste sentido é fundamental que as
universidades, escritórios municipais de ATER, SEBRAE, EMBRAPA,
fornecedores de insumos e demais núcleos de pesquisa/ensino/extensão
auxiliem na difusão destas tecnologias por meio da capacitação dos recursos
humanos envolvidos e/ou por meio de parcerias público-privadas com
sindicatos rurais, associações de produtores, federações e demais órgãos
representativos do setor.
Gostaria ao final desta primeira coluna de relatar que este espaço, originado
especialmente para o JORNAL MOMENTO TRIBUNA, tem por objetivo
transmitir ao produtor rural, quinzenalmente, informações relevantes geradas
por docentes e discentes da UNIPAMPA/Campus Uruguaiana. Esperamos que
seja um instrumento de apoio à administração, ao manejo e à rotina diária das
propriedades rurais, a partir de elaboração de artigos relacionados com o
AGRONEGÓCIO DA FRONTEIRA OESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL, especialmente em temas relacionados com a bovinocultura de corte,
bovinocultura leiteira, ovinocultura, equinocultura, produção animal, gestão
rural, agricultura, mercado agropecuário e assim por diante. Façam um bom
proveito!
Obs.: Sugestões, críticas ou questionamentos relacionados a esta coluna devem ser
encaminhados por e-mail para oaigenricardo@terra.com.br.