1) O alienista Simão Bacamarte abre um hospício em Itaguaí para estudar a loucura. 2) A casa logo fica lotada com diversos casos de loucura da cidade. 3) Bacamarte passa a questionar os limites entre a normalidade e a insanidade.
2. O ENREDO, 01
de como Itaguaí ganhou uma casa de Orates
Simão Bacamarte, 34, maior médico do Brasil, de Portugal e das Espanhas, volta à Itaguaí para
exercer a medicina; casa-se com a viúva [não bonita, nem simpática] Dona Evarista; como ninguém
se importava c/ os loucos da cidade, pensa em metê-los todos numa casa para estudar a loucura:
A proposta excitou a curiosidade de toda a vila, encontrou grande resistência, tão certo é que
dificilmente se desarraigam hábitos absurdos, ou ainda maus. A idéia de meter os loucos na
mesma casa, vivendo em comum, parece em si mesma uma sintoma de demência e não faltou
quem o insinuasse à própria mulher do médico.
Padre Lopes acha que a saúde de Bacamarte está abalada pelos estudos e insinua isso a Evarista;
Simão consegue convencer a cidade a criar o hospício – a dificuldade foi encontrar uma taxa que
subsidiasse a instituição [Casa Verde]; a inauguração é feita com muita festa; no pórtico da Casa,
há uma frase que alude ao fato de os loucos serem veneráveis, devido ao fato de que Deus lhes
tirou o entendimento para que não pecassem; Simão atribui a frase [do Alcorão] a Benedito VII.
3. O ENREDO, 02
torrentes de loucos
Bacamarte explica ao boticário Crispim Soares que sua atitude não é caridade – seu intento é
estudar a loucura, classificar-lhe os casos e descobrir a cura universal; em 4 meses, a casa lota;
alguns loucos: estrela d’alva, deus joão, da mania de discursos, o que busca o fim do mundo;
o narrador insinua que a paciência de Simão era mais extraordinária do que todas as manias
alojadas na casa verde; paralelamente ao tratamento dos doentes, Bacamarte lê sábios árabes e
dá pouca atenção à mulher.
O ENREDO, 03
Deus sabe o que faz
Sentindo-se preterida pelo trabalho do marido, Evarista externa seu sofrimento com uma frase:
Quem diria que meia dúzia de lunáticos? Bacamarte mostra-lhe as contas e o quanto o hospício
estava rendendo; a esposa fica estupefata e o médico diz: Quem diria que meia dúzia de lunáticos?
o médico sugere que a mulher vá ao RJ passear e ela aceita [vai com a esposa do boticário].
4. O ENREDO, 04
uma nova teoria
Crispim Soares está arrependido de ter deixado a mulher ir ao RJ com a esposa de Bacamarte;
entretanto, fica exultante por haver sido chamado pelo amigo, que quer lhe expor sua nova teoria
acerca da loucura: a loucura, objeto de meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano
da razão, começo a suspeitar que é um continente; Padre Lopes vê os limites muito bem claros;
Bacamarte vê uma tênue fronteira entre a normalidade e insanidade.
O ENREDO, 05
torrente de loucos
o ritmo e o volume de internações consternam Itaguaí
novos casos: Costa [perdulário], Tia do Costa [supersticiosa]; Mateus, o albardeiro [vaidade];
acredita-se que com a volta de Dona Evarista, o marido perderá o ímpeto; a cidade recebe-a com
uma suntuosa festa, mas as internações continuam;
outros casos: Martins Brito [arroubos retóricos], Bernardes [cortesia], Coelho [muito chato].
5. O ENREDO, 06
a rebelião
o barbeiro Porfírio Canjica lidera uma revolta popular e pede à Câmara que feche a Casa Verde;
os vereadores não aceitam os argumentos dos revoltosos e dizem que o hospício não possui mais
financiamento público; alguém diz que a Casa Verde era a bastilha da razão humana; subitamente
há adesão popular; alguns vereadores mudam de lado; Dona Evarista, que trouxe 37 peças de
roupa do RJ, fica com medo da rebelião; Bacamarte aguarda serenamente a chegada de Porfírio:
Foi nesse momento decisivo que o barbeiro sentiu despertar em si a ambição do governo;
pareceu-lhe então que, demolindo a Casa Verde e derrocando a influência do alienista, chegaria
a apoderar-se da Câmara, dominar as demais autoridades e constituir-se senhor de Itaguaí.
chegam os dragões imperiais, vindos do RJ, para conter a revolta
6. O ENREDO, 07
o inesperado
subitamente os dragões imperiais passam para o lado dos rebelados; vitorioso, Porfírio faz uma
aclamação ao povo, destitui a Câmara e empunha uma espada como se fosse uma navalha mais
cumprida; na aclamação, nada se fala sobre a Casa Verde; pede uma celebração ao padre.
O ENREDO, 08
as angústias do boticário
a queda iminente de Bacamarte angustia Crispim Soares: seu dilema – fica ao lado de Simão ou
passa para o lado dos revoltosos; depois de fingir estar doente, adere à rebelião.
O ENREDO, 09
dois lindos casos
Porfírio, aclamado pelo povo e dono do poder, vai à Casa Verde, mas não ameaça o alienista:
O governo reconhece que a questão é puramente científica e não cogita em resolver com
posturas as questões científicas. Demais, a Casa Verde é uma instituição pública: tal a aceitamos
das mãos da Câmara dissolvida.
os dois casos são: 1) barbeiro [duplicidade e descaramento]; 2) povo [doença mental].
7. O ENREDO, 10
restauração
Simão manda prender 50 dos aclamadores do novo regime e Porfírio consente; explode, então,
uma nova revolta, liderada por outro barbeiro – João Pina; rapidamente ocorre a restauração;
com esta são presos, além dos defensores do regime, o próprio Porfírio, o vereador Sebastião
Freitas [mudou de lado depois de ouvir a frase: a Casa Verde era a bastilha da razão humana];
são presos ainda Crispim Soares [inconsistência de opiniões] e Evarista [mania sumptuária]; a
Casa Verde passa a abrigar 75% da população de Itaguaí, pois não há mais regra para a loucura.
O ENREDO, 11
o assombro de Itaguaí
Simão divulga um documento e solta todos os que estavam na Casa Verde; declara, então, que
ninguém detém o perfeito equilíbrio das faculdades mentais; a Ciência trabalha com exceções e
ela não pode estar errada; agora só irão para a Casa Verde os possuírem perfeito equilíbrio das
faculdades mentais; Bacamarte envia um ofício com seis parágrafos à Câmara; a cidade exulta.
8. O ENREDO, 12
o final do § 4
de acordo com o narrador, o povo comemorou a soltura dos internos da Casa Verde, mas se
esqueceu da resolução do final do § 4, que dizia que todas as pessoas sãs seriam internadas.
O ENREDO, 13
plus ultra
Simão cura os virtuosos da cidade, incutindo neles um defeito oposto à sua virtude; solta todos
os internos; descobre com pesar que ele era a única pessoa dotada de perfeito juízo em Itaguaí e
se interna na Casa Verde; não consegue a cura para sua doença e morre, totalmente louco,
17 meses depois.
9. O ALIENISTA
aspectos temáticos
o discurso machadiano
ao pôr um homem de ciência no centro das atenções de sua novela e revelar seu modus operandi,
Machado se apropria parodicamente do discurso cientificista de fins do século XIX.
ironia e sátira
o objetivo é ler criticamente o cientificismo que estava em voga no final do século XIX;
ao final da novela, o que fica é a constatação de que o único alienado era realmente o alienista.
10. O ALIENISTA
aspectos temáticos
temas
ciência poder loucura
11. O ALIENISTA
aspectos temáticos
a ciência
visão elitista visão popular
cientificismo Padre Lopes e povo
ao homem de ciência tudo é permitido medo do homem que recolhido aos estudos
a ciência é mais importante que a moral isso pode ser sinal de demência
a paródia do cientificismo
é feito por intermédio da personagem Simão Bacamarte
[trecho do Alcorão no frontispício da Casa Verde + consulta aos autores árabes + uso da estatística]
12. O ALIENISTA
aspectos temáticos
o poder
Bacamarte A política
01: arma de fogo antiga Porfírio se insurge contra a Casa Verde
02: é filho da nobreza da terra almeja, entretanto, ao poder;
03: está instituído do Poder da Ciência os vereadores agem em interesse próprio
Bacamarte neles!
investido do poder dado pela Ciência, aterroriza Itaguaí;
paradoxalmente, seu nome alude a um apóstolo e ao protótipo dos loucos [Napoleão Bonaparte]
13. O ALIENISTA
aspectos temáticos
a loucura
é o alienista quem decide os limites entre a loucura e a sanidade;
ao mostrar o modo como Bacamarte encara os cultores de charadas e enigmas, o narrador deixa
claro que, para o psiquiatra, a loucura é qualquer extravasamento da subjetividade – qualquer
gesto em que o eu se afasta da média; a sanidade, por sua vez, seria a forma pura da aparência
pública e alheia a qualquer movimento interior: eis as almas exterior e interior delimitadas.