O documento discute o conto "O anel de Polícrates" de Machado de Assis. Ele resume a história, que fala de um homem chamado Xavier que tinha muitas ideias originais mas acabou sendo reconhecido apenas por uma comparação trivial. Também analisa aspectos técnicos do conto, incluindo a metáfora do título que se refere a uma história grega, e como o uso do diálogo aproxima o texto da filosofia.
Análise de o anel de polícrates, de machado de assis
1. O anel de Polícrates,
de Machado de Assis
Manoel Neves
2. O ENREDO
o anel de Polícrates
A e Z conversam sobre o Xavier; A é eloquente [medalhão?] enquanto Z possui um discurso que
se aproxima do bíblico; para A, Xavier fora rico, pródigo, mulherengo e tudo perdera; Z, por sua
vez, vê o protagonista como um homem austero, simples, de vida regrada e sem namoradas;
segundo A, Xavier era original – odiava seguir ideias alheias [abomina o senso comum/iteração];
gostava da sociedade, mas não amava os sócios; apólogo das cuias: cada sócio era uma cuia de
água e a sociedade era uma banheira; tinha muitas ideias, como não as registrava, acabou por
perder a paternidade; com o passar dos tempos, perde sua inventividade – chega a chamar uma
mulher de flor; um dia, ao ver um cavalo manhoso, compara a vida a um cavalo chucro; fica feliz:
Xavier repetiu a ideia a diversos ouvintes: vejamos se a minha ideia, lançada ao mar, pode
tornar ao meu poder, como o anel de Polícrates, no bucho de algum peixe, ou se o meu
caiporismo será tal, que nunca mais lhe ponha a mão.
a frase se espalha pela cidade, porque se trata de uma ideia previsível, adaptável a qualquer
situação; ao final da história, Xavier, apesar de prolífico em ideias originais, acaba por se ver
reconhecido apenas pela comparação entre a vida e o cavalo xucro. Eis sua morte intelectual.
3. ASPECTOS TÉCNICOS
o anel de Polícrates
a metáfora do título
Polícrates: Rei de Samos, ilha do arquipélago das Espórades. Durante quarenta anos viveu na
mais completa felicidade. Entediado, resolveu experimentar o gosto da tristeza e do sofrimento.
Lançou ao mar o seu anel, joia que estimava acima de todas as riquezas. Entretanto, a [deusa]
Fortuna não aceitou seu sacrifício. Os pescadores encontraram o precioso objeto e devolveram-
no ao soberano [o anel estava na barriga de um peixe que foi pescado e levado ao palácio].
4. O ENREDO
o anel de Polícrates
o gênero literário
neste conto, como em toda a coletânea, Machado faz uma intertextualidade inter-gêneros
o diálogo
o uso do gênero literário diálogo aproxima o texto machadiano da filosofia,
tal qual ocorre em “Teoria do medalhão”, o enredo é pretexto p/ a discussão de ideias filosóficas
5. O ENREDO
o anel de Polícrates
lendo a produção literária do II Império
aceitam-se metáforas previsíveis e de gosto duvidoso sem se questionar seu conteúdo
lendo o clichê
01. linguagem ridículo;
02. discurso vazio, inócuo.
desvelando a ironia
busca-se não a ideia criativa, mas o orgulho criativo;
intenta-se romper com a literatura [senso comum, clichê, eloquência vazia] do II Império.