O documento discute as relações entre jogos eletrônicos e filosofia da mente, apresentando como vários games abordam questões filosóficas sobre inteligência artificial e consciência e como a estrutura dos jogos pode contribuir para o entendimento da cognição humana.
Seminário 5 (Estágio PAE) Games e filosofia da mente
1. Games e Filosofia da Mente
Uma breve introdução
Por Lucas Nascimento Machado
2. Games... E Filosofia?
• Apesar dos preconceitos em relação a
games, diversas pesquisas já vem sendo feitas
nos meios acadêmicos sobre jogos, as culturas
engendradas por eles e os papéis positivos e
negativos, mas igualmente significantes, que
eles podem ter em nossa sociedade, na
educação e na forma com que experienciamos
o mundo.
3. Games... E Filosofia?
• Mas, que relação games poderiam ter
especificamente com filosofia?
• Escopo da apresentação: filosofia da mente
• Como conteúdo dos games
• Como envolvida na própria estrutura e
funcionamento dos games
4. Filosofia da Mente Como Conteúdo
dos Games
• Alguns dos grandes clássicos dos vídeogames
lidam com questões caras à filosofia da
mente, sobretudo sobre a possibilidade de
construir uma inteligência artificial consciente
e as consequências de fazê-lo.
• Exemplos: System Shock, Deus
Ex, Fallout, Mass Effect, etc.
5. Fallout
• No RPG Fallout, que se
passa em um cenário
pós guerra nuclear, o
jogador encontra um
centro de pesquisas
abandonado em que
conhece um
computador
que, segundo o
próprio, se tornou
consciente por ser
capaz de errar.
6. Mass Effect
• Em Mass Effect 3, a
inteligência artificial
que controla a sua
nave, EDI, adquire uma
forma humana e
começa a interagir com
humanos através dela.
Suas ações influenciam
o modo como ela
interage com outras
pessoas.
7. Mass Effect
• Ainda em Mass Effect, a
galáxia inteira se
encontra sob ameaça
dos Reapers, um grupo
de naves gigantescas
auto-conscientes
projetadas para manter
o equilíbrio no universo
ao realizar a extinção
cíclica das civilizações.
8. Mass Effect 3
• A série de Mass Effect
também conta com os
Geth, um povo de máquinas
sencientes que se rebelou
contra os seus criadoes, os
Quarian, expulsando-os de
sua terra natal. Os geth
possuem uma espécie de
consciência
compartilhada, que permite
que eles se tornem mais
inteligentes quanto mais
deles houver em um único
espaço e permite que eles
atinjam consensos
rapidamente.
9. Deus Ex
• No primeiro Deus Ex, ao final
do jogo, você tem a opção de
se fundir com uma inteligência
artificial (que já é uma fusão
do que eram antes duas
inteligências artificiais
distintas) e se tornar uma nova
espécie de instância superior
de governo do mundo. Deus
Ex também lida com questões
relacionadas ao
transhumanismo e ao uso de
tecnologia para a alteração de
seres humanos.
10. Alterando a Memória...
• Muitos jogos também lidam com a
possibilidade de se alterar a memória e a
consciência por meio da tecnologia, e as
consequências dessa manipulação.
• Três exemplos dos mais interessantes: To The
Moon, Shadowrun Returns, Gemini Rue.
11. To The Moon
• Em To The Moon, o
jogador joga como dois
“médicos” que trabalham
alterando a memória de
pessoas prestes a
falecer, para que morram
com lembranças
satisfatórias de sua vida.
A escolha de atender
apenas pessoas no leito
de morte é uma escolha
ética desses médicos.
12. Shadowrun Returns
• Em Shadownrun Returns, que
ocorre em um universo
futurístico cyberpunk, há uma
droga chamada de chips
“Melhor-que-a-vida” (Better
Than Life chips, abreviado
BTL). Nesse caso, a droga é um
chip que pode ser implantado
na pessoa para produzir
experiências
agradáveis, controladas e
determinadas pelos traficantes
(que também podem
transformá-las em
experiências desagradáveis!)
13. Shadowrun Returns
• Além disso, em
Shadowrun
Returns, existe um
universo virtual, a
matrix, à qual os
jogadores podem se
conectar por meio de
uma interface mentecomputador. O filme
Matrix se inspirou nos
livros que inspiraram o
cenário de Shadowrun.
14. Gemini Rue
• Em Gemini Rue, você joga
como um ex-policial e como
seu irmão gêmeo, preso em
uma clínica, onde as memórias
dos pacientes são apagadas e
eles são treinados para
virarem mercenários e
assassinos. O desdobrar do
jogo traz várias reflexões sobre
a natureza da consciência e da
identidade pessoal, sobre
nossa liberdade ou prédeterminação, e sobre a
relação entre memória e
consciência.
15. Filosofia da Mente
• Surpreendentemente, há um game recente
em que não apenas questões caras à filosofia
da mente são abordadas, mas também a
própria filosofia da mente!
• Trata-se de The Swapper, um jogo em que dois
dos personagens principais se
chamam, inclusive, Chalmers e Dennett!
16. The Swapper
• Em The Swapper, o jogador
joga como um sobrevivente de
uma estação espacial de
pesquisa abandonada, e deve
criar clones seus e transferir
sua consciência para eles para
poder escapar da estação com
vida. As consequências dessa
transferência de consciência e
as discussões a seu respeito
ocorrem e são amplamente
documentadas ao longo do
jogo, sobretudo pelo embate
entre Chalmers e Dennett
sobre a natureza da
consciência.
17. The Swapper
• Além disso, o jogo ainda
conta com os
“Watchers”, os
meteoritos dotados de
consciência que estavam
sendo estudados na
estação, cuja natureza
leva ao questionamento
sobre os limites e
possibilidades daquilo
que entendemos por
consciência.
18. Filosofia da Mente e a Estrutura dos
Games
• Contudo, games se relacionam com a filosofia
da mente não apenas pelo seu conteúdo, mas
também, e talvez de maneira mais
fundamental, pela sua própria estrutura e
funcionamento, e o que ela permite-nos
conhecer sobre como a nossa mente funciona.
19. Games e Aprendizado
• Recentemente, no
coursera, houve um
curso sobre videogames
e
aprendizado, oferecido
pela Universidade de
Wisconsin. A quarta
semana do curso foi
dedicada ao estudo da
relação entre
videogames e cognição.
20. Games e Aprendizado
• Nessa semana do
curso, falou-se sobre
videogames e sua relação
com:
• A maldição da
especificidade
• Visão
• Multitarefa
• Velocidade de
Processamento
• Games para treinar a
cognição
• Nesse sentido, a forma com
que jogos estruturam o
nosso aprendizado e a
forma com que nosso
cérebro funciona ao jogá-los
está desempenhando um
papel importante para
aprofundarmos o nosso
conhecimento sobre como
nossa mente
funciona, como adquirimos
conhecimento e como
aprendemos.
21. Gamificação
• Games também tem contribuído
para a nossa compreensão sobre
o que nos motiva e o que faz com
que atribuamos sentido às nossas
atividades. Uma das
consequências dessa contribuição
é o que vem sendo chamado por
alguns de “gamificação”, o uso de
estruturas, regras e elementos de
jogos em situações reais para
aprimorar a experiência pessoal e
motivação das pessoas ao
realizarem alguma atividade.
Recentemente, a Universidade de
Michigan ofereceu, também no
coursera, um curso online sobre
Gamificação.
22. Inteligência Artificial Cria Videogames
• Além disso, temos o caso
curioso de um pesquisador
que desenvolveu uma
inteligência artificial capaz de
criar jogos e justificar suas
escolhas de design. Essa
pesquisa pode contribuir em
grande medida para o
desenvolvimento de
inteligências artificiais, para a
compreensão do processo
criativo, e para a avaliação da
possibilidade de máquinas o
terem, inclusive, em certos
aspectos, para além das
capacidades humanas.
23. E mais uma vez... The Swapper
• The Swapper, diferentemente
do curso sobre Videogames e
aprendizado, lida com o
problema difícil, e não com os
problemas fáceis da
consciência.
• Experimento mental, com
prática envolvida (de jogar o
jogo) que possibilita algumas
considerações e observações
interessantes para a reflexão
sobre a natureza da
consciência e sua
redutibilidade ou não à
matéria.
24. Concluindo...
• A pesquisa acadêmica sobre games é um ramo
recente, assim como o próprio ramo da
filosofia da mente não deixa de o ser. A
possibilidade de relacionar esses ramos de
pesquisa, bem como compreender como as
questões de filosofia da mente acabam se
inserindo na cultura atual por meio de
games, pode ser de grande ganho para a
reflexão sobre algumas das questões
filosóficas centrais com que nos ocupamos.