A jornada do camarão Hernando em busca da terceira chave
1. Sinopse
“Em busca da terceira chave do conhecimento” conta-nos a história de um grupo de
piratas do espaço que viajam através da galáxia procurando as três chaves do
conhecimento. Quando tiverem conseguido reunir as três chaves serão possuidores de toda a
sabedoria do universo. Já têm duas das chaves, falta-lhes encontrar a última, que sabem
estar no fundo do oceano Índico, no planeta Terra. Para a alcançarem, enviam à Terra o
melhor nadador da tripulação, o camarão Hernando, o mascarado.
Ao longo da sua viagem, o camarão Hernando conhece várias personagens e com elas
vive várias aventuras, o que acaba por lhe trazer uma revelação: Será que a terceira chave é
um objeto físico? Ou será muito mais que isso?
2. Em busca da terceira chave do conhecimento
Os Piratas do Espaço andavam em busca das três chaves do conhecimento.
Sabiam que quando as conseguissem, iriam ser os seres mais inteligentes de todo o Universo!
Para obtê-las, viajavam de planeta em planeta. Queriam tanto atingir o conhecimento de
todas as coisas que faziam de tudo para encontrar essas chaves.
No momento da história em que os encontramos, os piratas já tinham encontrado
duas chaves, apenas lhes faltava a terceira que sabiam estar no fundo do oceano Índico, no
planeta Terra. Sabiam que o oceano Índico é um oceano relativamente pequeno, se
comparado com o Atlântico ou o Pacífico, e isso deu-lhes alguma coragem, mas ao mesmo
tempo, sabiam dos perigos que poderiam vir a correr, por exemplo, se caíssem na fossa de
Java, o sítio mais profundo e assustador, onde a maioria dos seres vivos não consegue
permanecer devido à pressão, já para não falar do escuro e do frio.
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3. A tripulação reuniu-se para debater a melhor forma de chegar à chave. A primeira
decisão foi que só um deles faria a viagem. O papagaio achou que o pirata mais inteligente
seria o mais indicado para ir à Terra.
− O marinheiro mais inteligente desta tripulação é quem deve ir à Terra!
− Ir à Terra, ir à Terra!!
− O escolhido tem de ser bom nadador... O melhor!!!
O cão da perna de pau exclamou que o marinheiro que deveria ir à Terra tinha de ser
bom nadador. O melhor! E o melhor era o camarão Hernando, o mascarado, que, para
além de ser um grande nadador, era um mestre do disfarce. Ficou decidido!
Os piratas da nossa história também conversaram sobre a vida na Terra e de como o
ser humano a vê. ‘Lindo planeta poluído’, diziam eles. Se pudessem tornariam os homens
pessoas melhores. Com o conhecimento que já tinham adquirido, sabiam que poderiam
intervir para melhorar a forma como o Homem trata a Terra, mas essa seria uma questão
a pensar no futuro. Naquele momento, o que interessava era a terceira chave.
Criaram um plano altamente secreto: O camarão iria ser enviado à Terra, até ao
mar, com a missão de nadar até à chave. Quando a chave estivesse na sua posse, enviaria
um sinal à nave para ser recolhido.
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4. O camarão Hernando, chegou à terra para cumprir a sua missão. Mergulhou no mar
frio, e após nadar durante duas horas, quando ele já pensava que iria ser muito fácil, não
reparou numa lulinha que apareceu na sua frente e, como ia em grande velocidade, chocou
com ela: era uma lula ‘pequenininha’, mas que tinha um ego muito grande, pensava ela que
era muito forte e que era a rainha do mar.
A lula disse:
- O que estás a fazer no meu oceano Índico?!
- Estou aqui à procura de uma chave, que está no fundo deste mar. – respondeu o
camarão, espantado com o atrevimento daquela lulinha, tão pequenina como uma migalha
de pão.
- Que se passa aqui, minha filha? Estás a ser egoísta outra vez? Já te expliquei que
não podes fazer isso e que tens que ser bondosa com os outros.
- Não pai, eu? Estou a ser tão simpática com o senhor… hum…. Que se chama….?!!
- Eu sou Hernando, o mascarado! Grande pirata do espaço. Venho em busca da
terceira chave do conhecimento, que está no fundo deste oceano!
− Então, eu vou ajudar-te a chegar mais rápido, pois todos os peixes me conhecem!
Continuaram então a sua viagem, e o camarão Hernando começou a conhecer
melhor a lulinha e desta forma, o oceano, pois ela era muito comunicativa e realmente
conhecia todos os habitantes do mar, até o tubarão!! Ao fim de um tempo, ela pareceu-lhe
simpática e ele sentiu sinceramente que poderiam ser amigos, apesar de não saber nomear
ou explicar esse sentimento.
Viajavam já há algum tempo, quando a areia do fundo do mar estremeceu e com a
corrente formou-se um grande remoinho. Os dois amigos foram sugados para o centro do
remoinho e volta e reviravolta, o camarão foi atirado para a esquerda e a lulinha foi
atirada para a direita. O camarão Hernando não viu mais a sua nova amiga.
(Não fiquem preocupados, pois veio a saber-se mais tarde, que ela estava bem e que,
não encontrando Hernando, tinha voltado para casa no meio de muitas lágrimas.)
Hernando ficou muito assustado e triste porque tinha perdido a sua orientação e a
sua amiga, mas estava decidido a continuar. Viu uma grande tartaruga e foi ter com ela,
pensando que esta o poderia ajudar. Na verdade, a tartaruga estava cheia de fome e
5. quando reparou nele, pensou que ele seria um belo petisco.
O nosso herói reparou no babete e nos talheres que a tartaruga tinha nas mãos e
percebeu pelo seu olhar, que esta o queria comer e começou a fugir sem direção definida.
Enquanto fugia não reparou numa rocha muito grande e cinzenta e chocou com ela. Afinal,
aquela rocha era uma baleia que estava a dormir descansada. O embate do camarão fê-la
sentir uma pequena comichão que a irritou porque ela não tinha unhas para se coçar, só
barbatanas. Mas, ao ver o camarão tão assustado a fugir da tartaruga, decidiu escondê-lo.
Ele era o mestre do disfarce, portanto não foi difícil esconder-se debaixo da barbatana da
baleia.
Entretanto, a tartaruga chegou perto dela e perguntou-lhe:
- Não viste por aí a minha ração? Quer dizer… um camarão com aspeto muito
apetitoso?
- Eu? Eu estava aqui no meu sono de beleza… só faltavas tu agora para me vires
chatear…. Não vi camarão nenhum, vai-te embora daqui!
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A tartaruga acabou por ir procurar o camarão noutro lado e a baleia convidou-o a
prosseguir viagem com ela e as suas companheiras, que estavam em migração. Informou-o
também de que, pelos seus cálculos, a chave já estaria próxima!
6. Nadaram por mais dois dias e duas noites e finalmente, as baleias indicaram ao
camarão o local exato onde estaria a chave. Ele ficou radiante e despediu-se das suas novas
amigas. Relembrou a lulinha e as aventuras que tinha vivido naquele vasto oceano.
Descobriu que a amizade era a 'chave' que ele tanto procurava para atingir o
‘conhecimento’. Os seus companheiros sabiam tudo sobre matemática, sobre a
comunicação, sobre os mistérios do universo, só lhes faltava descobrirem as relações entre
seres e principalmente, sobre o valor da amizade e do amor. Era este o 'segredo' que tanto
queriam encontrar.
O camarão pensou que não iria encontrar nenhuma chave e que, se isso não
acontecesse, estaria perdido! Então como havia de explicar aos companheiros o que tinha
aprendido, e que, no fundo, era o que todos queriam aprender? Afinal, os sentimentos não
se “agarram”, SENTEM-SE. Também se podem explicar, mas o “sentir” é essencial! Chegou
ao local previsto, sentiu-se feliz por estar ali, mas também nervoso. Ali estava um baú... e
dentro do baú... um livro... ESTE livro!
Nem temos palavras para explicar como o camarão estava radiante! Tinha muito
para contar mas, este livro, que conta a sua história, iria fazê-lo por si! Enviou o sinal aos
companheiros, foi recolhido na nave em grande euforia, e qual não foi o seu espanto
quando os companheiros, após a leitura da história, decidiram que também queriam ir à
Terra! Haviam chegado à conclusão de que lhes faltava experimentar tudo aquilo que
tinham aprendido. Agora que sabiam TUDO sobre TUDO, queriam VIVER!