Este trabalho visa relacionar a teologia do Reino de Deus, sob a perspectiva reformada, na instituição católica, Pastoral da Sobriedade, fundada pelo Pe. Jesuíta Haroldo Rahm
1. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
INTRODUÇÃO
Este trabalho visa apresentar três movimentos ou três reflexões a partir da
experiência de entrevistar o Pe. Haroldo Rahm, conhecer a pastoral da sobriedade,
relacionar essa entrevista com os conceitos do Reino de Deus e aplicar o que se
pode aproveitar dessas reflexões para a nossa práxis cristã em nossas comunidades
locais e em uma ação concreta e redentiva nos locais onde estão inseridas.
1. A PASTORAL DA SOBRIEDADE
Padre Haroldo Rahm
Nasceu em 22 de fevereiro de 1919 em Tyler, Estado do Texas nos EUA.
Graduado em Teologia no Saint Mary’s College, Saint Louis em 1951, em Filosofia
no Spring Hill College, Alabama em 1943, em Artes na Loyola University, New
Orleans, LA em 1940, tornou-se padre Jesuíta, naturalizado brasileiro cujo lema é
“fazer a vontade da Divina Majestade, sob proteção da Virgem de Guadalupe e
seguindo os ensinamentos de Santo Inácio de Loyola”.
No Brasil desde 1965, naturalizou-se brasileiro em 1986. Já ministrou
dezenas de cursos, recebeu diversos prêmios e até hoje ministra o curso de Yoga
Cristã e apresenta um Programa de TV na Rede Vida de Televisão. Em 1964
chegou ao Brasil e veio para Campinas.
Ele criou a Instituição Pe. Haroldo Rahm1 (APOT - Associação Promocional
Oração e Trabalho) que é referência no tratamento e prevenção da drogadicção de
jovens, adultos e crianças, homens e mulheres e ainda atua trabalhando com
crianças e adolescentes em situação de risco. Essa associação foi reconhecida em
Nova York na 23° Conferência da WFTC como uma das três melhores Comunidades
Terapêuticas do Mundo recebendo o Prêmio Harry Scholl Award.
1
Para mais informações de como surgiu esta instituição:
http://www.padreharoldo.org.br/site/secao.asp?i=10
1
2. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
O Pe. Haroldo Rahm fundou a Pastoral da Sobriedade uma ação concreta
da Igreja católica que evangeliza pela busca da Sobriedade como um modo de
vida (www.sobriedade.org.br). A Pastoral da Sobriedade é a ação concreta da Igreja
na Prevenção e Recuperação da Dependência Química.
É uma rede de ação pastoral que busca a integração entre todas as
Pastorais, Movimentos, Comunidades Terapêuticas, Casas de Recuperação para,
através da pedagogia de Jesus-Libertador, resgatar e reinserir os excluídos,
propondo uma mudança de vida através da conversão. Pastoral é uma atuação
especial da Igreja, diante de um problema da sociedade, no momento em que ele se
apresenta. É uma resposta da Igreja a uma problemática social.
Considerando que 25% da população brasileira está, direta ou indiretamente,
ligada ao fenômeno das drogas, que cada vez mais cedo os adolescentes entram
em contato com as drogas, carregando consigo, em média, quatro outras pessoas,
chamadas de co-dependentes, membros da família e amigos, a Pastoral da
Sobriedade capacita aqueles, que de alguma maneira, se identificam com a causa e
desejam lutar pela vida, tornando-se um Agente da Pastoral da Sobriedade.
O Amor-Exigente
Em 1984 o Pe. Haroldo Implantou o Movimento “Amor Exigente”, adaptação
ao Brasil do Movimento “Tough Love” dos Estados Unidos e que hoje está presente
em todo Brasil, Argentina, Uruguay, trabalhando pela prevenção e apoio às
famílias (www.amorexigente.org.br). É um programa de auto e mútua ajuda que
desenvolve preceitos para a organização da família, que são praticados por meio
dos 12 Princípios Básicos e Éticos, da espiritualidade e dos grupos de auto e mútua-
ajuda que através de seus voluntários, sensibilizam as pessoas, levando-as a
perceberem a necessidade de mudar o rumo de suas vidas e do mundo, a partir de
si mesmas.
Há 26 anos, o Amor-Exigente (AE) atua como apoio e orientação aos
familiares de dependentes químicos. O Programa eficaz estendeu-se também ao
trabalho com Prevenção, passando a atuar como um movimento de proteção social
2
3. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
Amor-Exigente, pois desestimular a experimentação, o uso ou abuso de tabaco, do
álcool e de outras drogas, assim como lutar contra tudo o que torna os jovens
vulneráveis, expostos à violência, ao crime, aos acidentes de trânsito e à corrupção
em todas as suas formas são também propostas do Amor-Exigente.
Atualmente, o movimento conta com 10 mil voluntários, que realizam,
aproximadamente, 100 mil atendimentos mensais por meio de reuniões, cursos e
palestras. São 536 grupos no Brasil, 2 na Argentina, 1 no Peru e 9 no Uruguai, além
de 350 grupos em fase experimental e 249 Subgrupos de Jovens na Sobriedade.
2. A TEOLOGIA DO REINO DE DEUS
O propósito deste trabalho é, então, relacionar os trabalhos feitos por Haroldo
Rahm e a Pastoral da Sobriedade com os propósitos maiores do Reino de Deus, o
projeto de vida de Deus para a história.
Entendemos, em primeiro lugar, a importância de resgatar uma genuína
teologia a respeito do Reino, que julgam alguns teólogos ser o corda condutora de
toda teologia do Antigo e Novo Testamentos 2, como Pannenberg salienta:
O tema do Reino de Deus precisa ser recuperado como uma chave para
toda a teologia cristã. O reino de Deus é o Reino do futuro instaurado por
Deus mesmo. Mas o domínio de Deus não está restrito apenas ao futuro. O
3
futuro e o presente são entrelaçados e inseparáveis na pregação de Jesus .
Outro aspecto a salientar deste projeto de Deus para a história é o seu caráter
Teocêntrico, ou seja, Deus é o autor da missão, como afirma bem Hoekema:
O reino de Deus deve ser entendido como o Reinado dinamicamente ativo
de Deus na história humana através de Jesus Cristo, cujo propósito é a
redenção do povo de Deus do pecado e de poderes demoníacos, e o
estabelecimento final dos novos céus e nova terra. O reino não deve ser
entendido como apenas a salvação de certos indivíduos ou mesmo como o
reino de Deus no coração de seu povo; não significa nada menos que o
reino de Deus sobre todo o seu universo criado4.
2
Uma obra de consulta que sustenta esta perspectiva é: GRONINGEN, Gerard Van. Criação e
consumação; o reino, a aliança e o mediador, v. 1-3. São Paulo, Cultura Cristã, 2002.
3
PANNENBERG, Wolfhart. Teologia Sistemática. v. 3. Santo André, Academia Cristã/Paulus, 2009,
p. 58.
4
HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo, Cultura Cristã, 2001, p. 65.
3
4. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
O teólogo Franklin Ferreira nos diz com clareza que “o reino de Deus envolve
tanto seu cumprimento na história como sua consumação ao fim da história” 5. É um
processo que já começou, mas ainda não obteve seu ápice. Toda a vida cristã é
vivida à luz da tensão entre o que já somos em Cristo e o que esperamos ser. Por
isso, concordamos com George Ladd: “a mensagem de Jesus é que, na sua própria
pessoa e missão, Deus entrou na história humana e triunfou sobre o mal, muito
embora a libertação final venha a ocorrer somente na consumação dos tempos” 6.
Porém, o fato de o Reino ser algo implantado por Cristo no presente e por ele
concluído no futuro, isso não nos omite da missão que ele nos confiou, Hoekema
nos ajuda novamente para esta questão: “aquele que crê em Jesus Cristo, portanto,
faz parte do reino no tempo presente, desfruta de suas bênçãos e compartilha de
suas responsabilidades”7.
Outro fato que precisamos atentar é o alcance-limite da nossa resposta à
inauguração e consumação do Reino pelo Rei Jesus Cristo. Isso determina até onde
podemos ir para que não haja dentro de nós sentimentos utópicos ou inalcançáveis
e muito menos uma omissão da missão que devemos realizar, como Bosch nos
ensina:
“O Reino de Deus é a expressão da autoridade solícita de Deus sobre a
totalidade da vida. [...] Nós sabemos que nossa missão não vai introduzir o
reinado de Deus. Também Jesus não o fez. Ele inaugurou o reino, mas não
o levou à consumação. À semelhança dele, somos chamados para erigir
sinais do reinado último de Deus – não mais que isso, mas certamente não
menos” 8.
O nosso empenho na expansão do Reino de Deus envolve todas as
dimensões da vida. Baseado nesse pensamento o teólogo Fred Klooster ilustra a
relação do reino, igreja e sociedade compondo os seguintes elementos:
1. Casamento e família.
2. Aliança da Graça.
3. Escola Cristã, educação geral.
4. Igreja no N.T.
5
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática; uma análise histórica, bíblica e
apologética para o contexto atual. São Paulo, Vida Nova, 2007, p. 1013-1045.
6
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo, Hagnos, 2003. p. 83-98.
7
HOEKEMA, 2001, p. 25.
8
BOSCH, David. Missão Transformadora; mudanças de paradigma na teologia da missão. São
Leopoldo, Sinodal, 2002.
4
5. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
5. Estado, estando relacionado com todas as outras.
6. Outras esferas do reino: trabalho, negócios, política, artes, etc.
7. O Reino de Deus no futuro9.
Entendendo nossas limitações quanto ao trabalho a ser realizado convém
citar uma das áreas que tem a ver com o trabalho da Pastoral da Sobriedade, que
no caso é a justiça social para com os menos favorecidos, e a busca por reintegrar
pessoas às suas famílias, comunidades e participação ativa na sociedade. Joachim
Jeremias diz que esse é um dos aspectos peculiares do Reino:
“O Reinado de Deus não é um conceito espacial nem estático, mas um
conceito dinâmico. Significa a soberania real de Deus em ação,
primeiramente como oposta à soberania real humana, mas também a seguir
como oposta a toda soberania no céu e na terra. Sua marca principal é que
Deus está realizando o ideal da justiça social, sempre ansiado, mas nunca
10
cumprido na terra” .
Porém, a tarefa de expandir o Reino de Deus para o cosmos não é algo
apenas social, no sentido de ser um serviço concreto, porém, um trabalho de
proclamação da vitória de Jesus Cristo na cruz, morrendo a nossa morte e
ressuscitando para ressuscitar nossa dimensão espiritual para a glória de Deus.
Padilla comenta sobre esta dupla missão de proclamação e ação social: “Os cristãos
são chamados a manifestarem o reino de Deus aqui e agora, tanto através daquilo
que eles fazem, como através do que eles proclamam. A missão dos cristãos é a
manifestação histórica do poder do Espírito Santo, por meio da palavra e da ação” 11.
Padilla em outro livro relaciona a missão de proclamação do Reino baseado
na conhecida Grande Comissão, na qual apresenta o seu conceito de proclamação
integral, como segue:
“A grande comissão é um chamado que o Senhor ressurreto faz à igreja
para que ela se dedique a formar homens e mulheres que reconheçam seu
senhorio universal, se integrem ao povo de Deus e executem o mandato de
Jesus, que inclui todos os aspectos da vida humana” 12.
9
KLOOSTER, Fred. “Aliança, Igreja e reino no Novo Testamento”. In: Vox Scripturae, v.5, n.1, mar.
1995. p. 29-41
10
JEREMIAS, Joachim. Teologia do Novo Testamento; a pregação de Jesus. São Paulo, Hagnos,
2008, p. 162.
11
PADILLA, C. René. Missão integral; ensaios sobre o reino e a igreja. São Paulo, FTL-B & Temática,
1992, p. 206-208.
12
PADILLA, C. René. O Que É Missão Integral. Viçosa, MG: Editora Ultimato. 2009. p. 34.
5
6. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
Um último aspecto que julgamos importante na construção de uma teologia
do Reino é a necessária diferenciação de Reino e Igreja. Ridderbos diz: “não
podemos confundir a Igreja com o Reino: o reino é a totalidade da atividade
redentora de Deus, em Cristo, neste mundo, e a igreja é a assembleia daqueles que
pertencem a Jesus Cristo”13. Acreditamos como vimos na relação de Klooster que a
Igreja está dentro do Reino, não sendo, então a mesma coisa. Neste caso o reino
entra na vida das pessoas ainda que elas não entrem na igreja. Isso nos afugenta do
engano do proselitismo, que traduzindo em poucas palavras seria: “fazer missão
para trazer pessoas para uma comunidade-templo-local”.
Acreditamos que o trabalho da Pastoral da Sobriedade é um sinal da
expansão do Reino de Deus na história. O trabalho vê o ser humano como um ser
integral; cria possibilidades de proclamação verbal do evangelho de Jesus Cristo,
trabalha para a renovação da dignidade dos marginalizados; trabalha para que o
projeto existencial de Deus invada as pessoas e não apenas que as pessoas
retornem para a comunidade eclesiástica.
Além de tudo isso que falamos, é uma instituição que depende da ação de
Deus para a concretude de seus propósitos. Nas palavras do próprio Pe. Haroldo
Rahm que humildemente nos disse em sua entrevista: “até hoje não sei de onde
vieram os recursos para esta obra”.
3. APLICAÇÃO PARA AS NOSSAS REALIDADES
A partir do que dissemos sobre a teologia do Reino de Deus e sua relação
com a Pastoral da Sobriedade convém agora fazermos aplicações para a nossa
realidade de seminaristas, enquanto trabalhamos em nossas comunidades, bem
como elaborando projetos para a redenção de nossas cidades e etc.
Implicações
Relacionamos as implicações de tudo o que aqui foi feito em 6 tópicos:
13
RIDDERBOS, Herman. “Reino de Deus, reino dos Céus”. In: J.D. Douglas (ed.), Novo Dicionário da
Bíblia. São Paulo, Vida Nova, 2003, p. 1383-1387.
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7. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
a) A missão da cura terapêutica
Essa foi uma das perguntas que fizemos ao Pe. Haroldo: “qual é a maior
dificuldade que o senhor encontra no trabalho da pastoral?” e por incrível que pareça
a resposta dele foi: “fazer as pessoas se tornarem sóbrias”.
Diante dessa realidade nós como comunidade devemos nos sensibilizar com
as pessoas em nossa comunidade e fora dela que têm problemas com álcool ou
dependência química em geral. Isso vai depender do local onde sua igreja está
localizada. No entanto, esta ação se aplica para prostituição, corrupção, família,
fome, pobreza, idosos, crianças abandonadas que rondam as realidades de grandes
ou pequenos centros urbanos.
b) A missão da igreja para com os marginalizados
A Igreja tem uma responsabilidade a mais com os menos favorecidos, não
porque só eles precisam de Deus, mais porque são mais afetados pelo pecado
social. Lemos no Antigo Testamento, principalmente em Deuteronômio 15 a
preocupação de Deus com o pobre, o órfão, a viúva e o estrangeiro, as pessoas que
tinham menor apoio social naquela realidade.
Esta também deve ser a nossa preocupação nos dias atuais, ser a voz dos
sem vozes, como diz o provérbio (Pv. 31.16). Isso é evidente no ministério de Jesus
quando Jesus entra em uma sinagoga e afirma que cumpriu a mensagem de Isaías
que em Lucas 4.18,19 diz: “o Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu
para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o
ano aceitável do Senhor”.
Assim, não estamos valorizando um grupo de necessidades em detrimento de
outras, apenas atendendo a um mandamento urgente à nossa volta.
c) Restauração dos seres humanos
Tudo o que fazemos é para a expansão desta nova realidade de vida, o reino,
e não para a comunidade local, de certa forma. Uma igreja que concebe missão em
7
8. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
termos de proselitismo está fadada ao fracasso em ser sal e luz do mundo como
Jesus nos outorgou. Isso é espalhar as boas novas na visão do missiólogo Andrew
Kirk: “espalhar as boas novas é dizer que, em Jesus Cristo, Deus está
estabelecendo uma nova ordem, uma nova forma de ser humanidade e chamando
as pessoas a renunciar todas as alternativas, abraçando essa realidade” 14.
Como foi citado acima o reino entra na vida das pessoas ainda que elas não
entrem na igreja. Pregamos, levamos a cura para os necessitados, faremos o que
pudermos diante da nossa limitação mesmo que as pessoas continuem fora dos
nossos ambientes de culto.
d) Dependência de Deus.
Este trabalho reenfatiza a nossa total dependência da ação de Deus. Ele
inaugura o Reino e Ele o revelará plenamente. Ele é quem cuida de seu reino,
somos apenas seus servos cooperadores.
O Instituto Pe. Haroldo Rahm é uma das 3 melhores comunidades
terapêuticas do mundo. Tudo porque (segundo ele) ele decidiu ouvir o que Deus
colocou em seu coração, e assim, começar. Ele não sabia como, nem o que faria,
mas quis começar, quis tentar mudar a realidade dos dependentes químicos, e
Deus, com certeza, age e sustenta esta maravilhosa obra.
Afinal, concordamos com Paulo que “Deus é quem efetua tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade”15. Ou como diz o Salmo 127.1-2:
“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se
o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente
granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem”.
e) Parcerias.
Perguntamos ao Pe. Haroldo se ele tinha algum tipo de parceria com
protestantes em seu trabalho e ele afirmou que sim, aliás, que gostava muito dos
presbiterianos. Fazemos esta aplicação sobre parcerias não apenas em seu viés
14
KIRK, Andrew. O que é missão; teologia bíblica de missão. Londrina, Descoberta, 2006, p. 92.
15
Fp. 2.13.
8
9. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
Trabalho de Capelania
ecumênico (entre cristãos), mas também político. A obra da pastoral também é
sustentada por dinheiro da prefeitura e do Estado, além de empresas e outras
instituições, mostrando como é possível ter um trabalho significativo valendo-se de
parcerias para que o Reino se torne evidente em nosso contexto, pois cremos que
Deus age no mundo e não apenas na Igreja.
Padilla cita o mártir Bonhoeffer para afirmar que a Igreja deve estar em
parceria com o Estado para uma melhor sinalização do reino, Bonhoeffer assevera:
“O reino de Deus em nosso mundo não é outra coisa senão a dualidade
entre Igreja e Estado. Ambos se acham necessariamente relacionados.
Nenhum dos dois existe somente para si. O ministério da Igreja é dar
testemunho da ressurreição de Jesus Cristo à medida que ela supera a
solidão do homem com o milagre da confissão e do perdão. O ministério do
Estado, por outro lado, é reconhecer e preservar a ordem da manutenção
da vida à medida que ele se sabe responsável por guardar este mundo de
seu desgarramento e de converter sua autoridade em garantia contra a
aniquilação da vida”16.
f) Motivações bíblicas.
Perguntamos também ao Pe. Haroldo qual era a sua motivação bíblica para o
trabalho. Entre as suas respostas ouvimos sobre a compaixão que Jesus tinha e
etc., mas o que mais chamou nossa atenção foi a citação de Efésios 5.18-21:
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos
do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração
ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a
nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos
uns aos outros no temor de Cristo”.
Entendemos que nossa missão deve estar sempre conectada com a Bíblia
em primeiro lugar como nosso norte de reflexão sobre o que deve ser feito e em
seguida uma leitura contextual de nosso tempo para entendermos como Deus quer
que sua Igreja responda.
16
PADILLA, C. René. O que é missão integral, 2009, p. 72.
9
10. A Pastoral da Sobriedade e o Reino de Deus
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CONCLUSÃO
Este trabalho como afirmamos na introdução “visa apresentar três
movimentos a partir da experiência de entrevistar o Pe. Haroldo Rahm, conhecer a
pastoral da sobriedade, relacionar essa entrevista com os conceitos do Reino de
Deus e aplicar o que se pode aproveitar dessas reflexões para a nossa práxis cristã
em nossas comunidades locais e em uma ação concreta e redentiva nos locais onde
estão inseridas”.
Esperamos que nossas reflexões não sejam palavras jogadas ao vento, pois
cremos que esta experiência prática da missão cristã nos levou a repensar como
temos sido Igreja para o mundo. Com certeza, aprendemos mais do que
imaginávamos com os nossos irmãos católicos. Entendemos que para realizar
grandes obras precisamos de pequenas atitudes de amor, mesmo que sem grandes
alvos, crendo que Deus em sua Soberania agirá redentivamente para com a sua
criação.
Terminamos este trabalho parafraseando as palavras de Jesus escritas por
João no livro de Apocalipse17: “Certamente venho sem demora, estamos esperando
o Teu Reino eterno se concretizar para sempre no Universo, vem Senhor Jesus!”.
17
Ap. 21.20.
10
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Referências Bibliográficas:
BOSCH, David. Missão Transformadora; mudanças de paradigma na teologia da
missão. São Leopoldo, Sinodal, 2002.
FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática; uma análise histórica,
bíblica e apologética para o contexto atual. São Paulo, Vida Nova, 2007, p. 1013-
1045.
GRONINGEN, Gerard Van. Criação e consumação; o reino, a aliança e o
mediador, v. 1-3. São Paulo, Cultura Cristã, 2002.
HOEKEMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo, Cultura Cristã, 2001.
JEREMIAS, Joachim. Teologia do Novo Testamento; a pregação de Jesus. São
Paulo, Hagnos, 2008.
KIRK, Andrew. O que é Missão; teologia bíblica de missão. Londrina, Descoberta,
2006, p. 92.
KLOOSTER, Fred. “Aliança, Igreja e reino no Novo Testamento”. In: Vox
Scripturae, v.5, n.1, mar. 1995. p. 29-41.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo, Hagnos, 2003. p.
83-98.
PADILLA, C. René. Missão integral; ensaios sobre o reino e a igreja. São Paulo,
FTL-B & Temática, 1992.
_______. O Que É Missão Integral. Viçosa, MG: Editora Ultimato. 2009. p. 65
PANNENBERG, Wolfhart. Teologia Sistemática. v. 3. Santo André, Academia
Cristã/Paulus, 2009, p. 58-85.
__________. Theology and the kingdom of God. Philadelphia, Westminster &
John Knox Press, 1969.
RIDDERBOS, Herman. “Reino de Deus, reino dos Céus”. In: J.D. Douglas (ed.),
Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo, Vida Nova, 2003, p. 1383-1387.
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