A criação reflete a engenhosidade de Deus de mar a mar
1. De “mar a mar”
Os “quatro cantos do mundo” ou Terra é mais que matéria, é criação, algo feito,
arquitetado, do grego “poiema” (poema), obra de um Artista.
É o lugar onde nossos pés pisam e se firmam. É o fascinante ambiente em que nos
momentos de calmaria nós mergulhamos. É o infinito de alegria pelo qual rolamos. É
o palco onde as coisas mais belas da vida voam e até nós de relance alçamos voo.
É um sítio incomensurável que observamos e babamos de inveja. É neste arraial
que nos encantamos de maravilha; renovando-nos de prazer; redescobrindo o
mistério venturoso do Criador.
Ela aponta para o Céu; ela é coisa boa e bela; ela é uma placa numa estrada
nebulosa dizendo: Alguém me fez para embelezar o Dono. Ela foi criada como um
espelho para refletir uma Magnitude maior do que ela mesma o é. Por isso somos
seus zeladores; aqueles que anseiam ver seu espelho sempre nítido apontando para
além de si mesma, o que em seguida nos oferece dignidade e qualidade de vida.
Ela precisa ser defendida por ser obra do Designer e também por ser digna de
respeito. Ela existe por amizade e não por autonomia, pelo riso e não para o luxo,
para o descanso e não para ser mutilada, para soprar e não para tossir.
Infelizmente ela anda asmática pois nós ainda a vemos como uma máquina, fonte
de matérias-primas e um meio para o lucro. No entanto, ela geme e está em
processo de parto, ela certamente dará a luz. Contudo não cremos em um fim
catastrófico (como muitos pensam, outros até gostariam), mas na esperança segura
de renovação. A percepção cristã do universo vê o futuro com os olhos da
ressurreição, não apenas de indivíduos, muito menos de almas, mas de tudo:
espaço (nova terra); tempo (eternidade); indivíduo (imagem do Cristo); povo
(família).
O que cremos a respeito do futuro naturalmente deve mudar o que cremos a
respeito do presente. Enquanto ando de bicicleta, ou a pé; limpando as fezes do
meu cão tão fofinho (mais tão porco); pregando um estilo de vida mais simples;
informando-me no que posso e também votando naqueles que vigiam com a vida o
estrado dos nossos pés.
Afinal, existe simbolismo entre a criação e criaturas. A missão da humanidade (isso
inclui cristãos!) é neste mundo; ao som do hino: “teu formoso céu, risonho e
límpido”, o “som do mar e à luz do céu profundo”. Marina Silva salienta a esse
respeito: “como cristãos, acreditamos que a ciência descobre a engenhosa graça da
inteligência de Deus”.
Como cidadãos e como cristãos carecemos de olhos para enxergar a
engenhosidade de Deus "de mar a mar". Engenhosidade manchada pela vaidade,
mas que terá o Grand Finale da ressurreição do cosmos quando nosso Rei volver
2. De “mar a mar”
para instaurar seu reino, como rotineiramente temos orado: “Venha o Teu Reino”.
Finalmente, quando Deus pensou o mundo a primeira coisa que veio a mente do
Altíssimo não foi uma cidade povoada de arranha-céus, foi um jardim.