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ESTABILIDADE E CONTENÇÃO
DE TALUDES
EMPUXOS DE TERRA
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
EMPUXO DE TERRA
 Um caso de equilíbrio com particular interesse é o estado de
repouso do solo, correspondentes às condições de campo em que
as deformações laterais são nulas, ou seja, quando o solo sofre
deformações somente na vertical.
 Se a solicitação imposta ao solo envolver deformações laterais de
compressão ou de extensão, o equilíbrio é alterado e o solo se
afasta da condição de repouso.
 Dependendo da magnitude das deformações laterais, o estado de
tensões no solo pode situar-se entre as condições de repouso e de
ruptura.
EMPUXO DE TERRA
 Quando a solicitação levar a uma condição de tensões com o círculo
de Morh tangenciando a envoltória, a resistência ao cisalhamento
disponível do solo passa a ser integralmente mobilizada e o
elemento atinge o estado de equilíbrio plástico ou equilíbrio limite.
 Os termos ativo e passivo são usualmente empregados para
descrever as condições limites de equilíbrio correspondente ao
empuxo do solo de retroaterro contra a face interna (tardoz) do muro
de arrimo ou contenção.
EMPUXO DE TERRA
 O estado de repouso corresponde à pressão exercida pelo solo de
retroaterro sobre um muro de contenção rígido e fixo, ou seja, que
não sofre movimentos na direção lateral.
 O estado ativo ocorre quando o muro sofre movimentos laterais
suficientemente grandes no sentido de se afastar do retroaterro.
 De forma análoga, o estado passivo corresponde à movimentação
do muro de encontro ao retroaterro (figura 04).
EMPUXO DE TERRA
 Os deslocamentos relativos entre o muro e o solo, necessários para
mobilizar os estados ativo e passivo de equilíbrio limite, dependem
do tipo de solo e da trajetória de tensões.
 A figura 05 ilustra uma variação típica do coeficiente de empuxo K
em função do deslocamento de translação lateral de um muro rígido
em relação ao retroaterro.
 Pode-se notar que o movimento lateral necessário para atingir o
estado ativo é muito reduzido, da ordem de 0,1% a 0,4% da altura
do muro, dependendo da densidade do solo.
EMPUXO DE TERRA
 Para um muro com altura H=4m, um deslocamento horizontal
x=4mm é em geral suficiente para mobilizar o estado ativo de
equilíbrio limite em um retroaterro de areia compacta.
 A figura 05 indica, ainda, que valores significativamente maiores de
deslocamentos do muro (x = 1% a 4% H) são necessários para
mobilizar o estado passivo de equilíbrio limite.
EMPUXO DE TERRA
 Em ambos os casos (ativo ou passivo), a tensão horizontal (p’A ou
p’P) no tardoz do muro pode ser considerada com valor proporcional
à tensão vertical efetiva (σ’v), ou seja, com distribuição triangular ao
longo da profundidade (equação 1).
 Esta consideração é razoavelmente precisa desde que os
movimentos do muro sejam de translação ou de rotação no topo.
 p’A = KA σ’v ; p’P = KP σ’v (1)
 Onde: Ka ou KP = coeficiente de empuxo ativo ou passivo; σ’v = γ.z
– u = tensão efetiva vertical; γ = peso específico do solo; z =
profundidade e u = poropressão.
MÉTODO DE RANKINE
 A teoria clássica de Rankine para o cálculo de empuxos de solo é
válida para:
 muros de contenção de grande altura,
 com tardoz vertical liso (despreza a resistência ao cisalhamento
(atrito e adesão) no contato solo-muro),
 suportando retroaterro com superfície horizontal.
 Com estas condições, as tensões principais (σ1 e σ3) existentes em
um elemento de solo próximo ao tardoz do muro estão sempre
atuando nas direções vertical e horizontal.
MÉTODO DE RANKINE
 A teoria de Rankine é válida, portanto, quando toda a massa de solo
no retroaterro encontra-se em um estado de equilíbrio plástico.
 A teoria considera, portanto, que os movimentos do muro são
suficientes para mobilizar os estados de tensão ativo ou passivo.
 A figura 06 apresenta de forma resumida o método de Rankine para
o cálculo do empuxo “E” nos estados ativo e passivo de tensões,
para o caso de retroaterro com superfície horizontal.
 Uma vez que a distribuição de tensões laterais no muro é admitida
como triangular, o ponto de aplicação do empuxo “E” situa-se a 33%
da altura do muro.
MÉTODO DE RANKINE
 Entretanto, resultados experimentais em modelos reduzidos indicam
que em muros com rotação no topo ou com retroaterros de areia
compacta, o ponto de aplicação de “E” pode situar-se mais acima,
da ordem de 40 a 50% da altura do muro.
 Com isto, a tendência ao tombamento do muro é, na realidade,
maior do que a prevista na teoria de Rankine, sendo o erro contrário
a segurança do muro.
 Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a teoria de Rankine
despreza a ocorrência de resistência ao cisalhamento (atrito e
adesão) no contato solo-muro.
MÉTODO DE RANKINE
 Esta simplificação pode levar a valores significativamente maiores
de empuxo ativo. Neste caso, porém, o erro da teoria é favorável à
segurança do muro, apesar de antieconômico.
 As superfícies de ruptura (linhas AO ou OP na Figura 06),
desenvolvidas no solo ao serem atingidos os estados limites de
equilíbrio ativo ou passivo, apresentam inclinação θA ou θP,
respectivamente, em relação à direção horizontal.
 Os valores de EA e EP correspondem aos empuxos efetivos do solo
sobre o muro, ou seja, não incluem a ação da água eventualmente
presente retroaterro.
MÉTODO DE RANKINE
 A teoria de Rankine pode ser estendida para o caso de retroaterro
com superfície inclinada de um ângulo β com a horizontal (figura 07).
 Neste caso, a tensão efetiva do solo sobre o muro pode ainda ser
admitida com distribuição triangular, porém atuando com direção β,
paralela à superfície do retroaterro.
 A figura 07 resume os procedimentos do método de Rankine para
cálculo do empuxo ativo do solo sobre o muro.
MÉTODO DE COULOMB
 Na teoria de Coulomb, considera-se o equilíbrio limite de uma cunha
de solo com seção triangular, delimitada pelo tardoz do muro e pelas
superfícies do retroaterro e de ruptura.
 A solução do problema não é rigorosamente correta, pois considera
unicamente duas equações de equilíbrio de forças, desprezando o
equilíbrio de momentos. Para o caso ativo, a incorreção da teoria de
Coulomb é em geral desprezível.
 Em relação à teoria de Rankine, o método de coulomb tem aplicação
mais ampla, pois vale para condições irregulares de geometria de
muro e superfície de retroaterro, sem desprezar a resistência
mobilizada entre o muro e o solo.
MÉTODO DE COULOMB
 Em um caso geral, a solução gráfica, considerando superfície de
ruptura planar, é a mais adequada, apesar de trabalhosa.
 Um exemplo deste procedimento gráfico para solução do empuxo
pelo método de Coulomb é apresentado na figura 08 para o caso
ativo.
 Deve-se notar que o procedimento gráfico possibilita a incorporação
de sobrecargas concentradas ou distribuídas no topo do retroaterro
ou ainda a existência de nível freático no interior do retroaterro.
 Os principais passos para a solução gráfica de Coulomb estão
resumidos a seguir:
 Arbitra-se uma superfície de ruptura (superfície OA1 na figura
08), com inclinação próxima à indicada pelo método de Rankine.
MÉTODO DE COULOMB
 Plota-se o polígono de forças, considerando todas as magnitudes
e direções das forças que atuam na cunha OA1M de solo
instável (figura 08).
 Determina-se o valor do empuxo E1 correspondente à superfície
OA1 arbitrada.
 Arbitra-se uma nova superfície de ruptura (OA2), plota-se o novo
polígono de forças e determina-se o empuxo E2 correspondente.
 Repete-se o procedimento por diversas vezes, com o objetivo de
se obter um gráfico de variação do empuxo E com a distância X
(afastamento do ponto A da superfície de ruptura em relação ao
ponto M no topo do muro).
MÉTODO DE COULOMB
 No caso ativo, o ponto correspondente ao valor máximo do gráfico E
vs X indica a magnitude do empuxo EA e a posição da superfície
crítica de coulomb. No caso passivo, o empuxo EP e a superfície
crítica de Coulomb correspondem ao valor mínimo do gráfico E vs X.
 O ângulo de atrito δ mobilizado no contato solo-muro pode
apresentar valores entre 0 e φ’, dependendo do tipo de solo, do
material do muro e do deslocamento relativo entre o solo e o muro.
 Em geral, o valor do empuxo ativo diminui com o aumento do ângulo
δ, o qual deve ser determinado experimentalmente. Na ausência de
dados experimentais, é usual se adotar δ da ordem de 1/3 a 2/3 do
ângulo φ’, com os maiores valores correspondendo a muros rugosos
de alvenaria ou de concreto.
MÉTODO DE COULOMB
 Na realidade, o valor de δ não afeta significativamente a magnitude
do empuxo EA, mas sim a sua direção (ou linha de ação), com
conseqüente influência na largura da base do muro necessária para
garantir a estabilidade.
 O método de Coulomb trata apenas do equilíbrio de forças, sem
considerações sobre a distribuição das tensões laterais no tardoz do
muro.
 Com isso, o ponto de aplicação do empuxo deve ser definido por um
procedimento gráfico aproximado, conforme ilustrado na Figura 09.
MÉTODO DE COULOMB
 No caso de empuxo ativo provocado por retroaterro não-coesivo (c’
= 0), a solução analítica do método de Coulomb é explicitada na
figura 10.
 A solução vale para tardoz com inclinação α, retroaterro com
inclinação β e atrito solo-muro δ. No caso particular de valores nulos
para α, β e δ, são obtidos os resultados previstos pela teoria de
Rankine.
 Os valores do coeficiente de empuxo KA podem ser obtidos
diretamente a partir dos ábacos que constam na figura 8.
 Nestes casos vêm indicados os valores usuais de δ = 0 e δ / φ’ =
2/3. Uma estimativa preliminar de KA pode ser rapidamente obtida
por interpolação a partir do casos apresentados na figura 11.
MÉTODO DE COULOMB
 De maneira análoga, a figura 12 permite a obtenção do coeficiente
de empuxo KP para a estimativa do empuxo passivo, neste caso
com base nos ábacos apresentados por Caquot e Keriesel (1948).
 Em ambas as figuras, estão disponíveis os ábacos para as situações
mais simples de muro com tardoz vertical ou de retroaterro com
superfície horizontal.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Os muros de peso, também denominados muros de gravidade,
dependem da geometria e do peso próprio para sua estabilidade.
Um muro de peso deve ser construído com a largura suficiente para
evitar o surgimento de tensões de tração em seu interior.
 Estas tensões seriam provocadas pela ação instabilizante do
empuxo do solo, com tendência ao deslizamento da base e ao
tombamento do muro.
 Para a garantia de estabilidade do muro, deverão ser
cuidadosamente estudados e verificados os seguintes mecanismos
potenciais de ruptura:
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Instabilidade global do talude;
 Deslizamento ao longo da base do muro;
 Tombamento em relação ao pé do muro;
 Capacidade de suporte do solo de fundação do muro.
 Os itens acima são comuns ao projeto e dimensionamento de todos
os tipos convencionais de muro de arrimo.
 Na figura 14 são explicitados estes mecanismos potenciais de
ruptura de muros de peso.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Verificação da instabilidade global do talude
 A possibilidade de instabilidade global do talude, envolvendo o
conjunto de muro e solo deve ser cuidadosamente verificada através
dos métodos de análise de taludes por equilíbrio limite.
 Para a análise da estabilidade global, os principais parâmetros a
serem utilizados são os pesos específicos dos materiais (muro e
solo) e os parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito) do
solo.
 A partir destes dados, deve-se fazer uma avaliação do equilíbrio do
conjunto talude-muro (conforme ilustrado na figura 14-a).
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 O estudo sobre a análise da estabilidade de um talude (sem a
presença da estrutura do arrimo) será apresentado na unidade 04
deste curso.
 Apresentada esta análise, poderemos “incluir” a geometria, e
conseqüentemente sua “massa”, como se fosse um outro material,
distinto do solo do talude, e analisarmos a sua condição de
segurança.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Verificação do deslizamento ao longo da base
 Esta verificação consiste na determinação do fator de segurança
contra o deslizamento da base do muro (figura 15).
 O fator de segurança, obtido pela razão entre os somatórios das
forças resistentes (Fr) e solicitantes (Fs), deve ser igual ou superior
a 1,5 (equação 2).
 Na figura 15, a força E corresponde ao empuxo resultante sobre o
muro e inclui o efeito da sobrecarga (q) distribuída na superfície do
retroaterro.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Verificação do tombamento em relação ao pé do muro
 A análise da possibilidade de tombamento de um muro de contenção
consiste na verificação dos momentos atuantes na estrutura, em
relação à aresta externa da base (pé do muro), conforme
apresentado na figura 16.
 O fator de segurança contra o tombamento é definido como indicado
na equação 3.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Deve-se ressaltar que, no caso de a base do muro apresentar um
embutimento, o empuxo passivo atuando a jusante deve ser
considerado na análise da estabilidade.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 No entanto, é normalmente recomendado o uso de um fator de
redução (α) do empuxo passivo, tendo em vista a possibilidade de
erosão ou escavação do solo no pé do muro e a diferença entre os
deslocamentos necessários para mobilizar os empuxos passivo e
ativo.
 O valor de α geralmente recomendado nas normas norte americanas
e européias situa-se entre 0 e 1/2, sendo usual a adoção de α = 1/3.
 Além disso, a segurança contra o tombamento do muro deve ser
também garantida por um outro critério gráfico.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 A resultante vetorial (R’) entre as forças de empuxo (E) e peso do
muro (W) deve ter linha de ação passando dentro do terço central da
área da base do muro.
 Desta forma, garante-se que ocorrem somente tensões de
compressão no contato muro-fundação, minimizando a possibilidade
de tombamento do muro.
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Verificação da capacidade de suporte do solo de fundação
 A distribuição de pressões verticais na base do muro apresenta uma
forma trapezoidal, conforme indicado na figura 17. Esta distribuição
não é uniforme devida à ação combinada do peso W e do empuxo E
sobre o muro. Assim, obtém-se:
ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
 Para evitar a ruptura do solo de fundação do muro, o critério
usualmente adotado recomenda o valor de σmax < qmax/3,0, sendo
qmax a capacidade de suporte calculada pelo método clássico de
Terzaghi-Prandtl, conforme mostra a equação 5.
 Neste caso, a base do muro é considerada como sendo uma
fundação corrida.
 Deve-se garantir, ainda, que σmin ≥ 0 (ou seja, e ≥ B/6) para evitar
pressões de tração na base do muro.
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Estabilidade e contenção de taludes vi empuxos de terra

  • 1. ESTABILIDADE E CONTENÇÃO DE TALUDES EMPUXOS DE TERRA ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)
  • 2. EMPUXO DE TERRA  Um caso de equilíbrio com particular interesse é o estado de repouso do solo, correspondentes às condições de campo em que as deformações laterais são nulas, ou seja, quando o solo sofre deformações somente na vertical.  Se a solicitação imposta ao solo envolver deformações laterais de compressão ou de extensão, o equilíbrio é alterado e o solo se afasta da condição de repouso.  Dependendo da magnitude das deformações laterais, o estado de tensões no solo pode situar-se entre as condições de repouso e de ruptura.
  • 3. EMPUXO DE TERRA  Quando a solicitação levar a uma condição de tensões com o círculo de Morh tangenciando a envoltória, a resistência ao cisalhamento disponível do solo passa a ser integralmente mobilizada e o elemento atinge o estado de equilíbrio plástico ou equilíbrio limite.  Os termos ativo e passivo são usualmente empregados para descrever as condições limites de equilíbrio correspondente ao empuxo do solo de retroaterro contra a face interna (tardoz) do muro de arrimo ou contenção.
  • 4. EMPUXO DE TERRA  O estado de repouso corresponde à pressão exercida pelo solo de retroaterro sobre um muro de contenção rígido e fixo, ou seja, que não sofre movimentos na direção lateral.  O estado ativo ocorre quando o muro sofre movimentos laterais suficientemente grandes no sentido de se afastar do retroaterro.  De forma análoga, o estado passivo corresponde à movimentação do muro de encontro ao retroaterro (figura 04).
  • 5.
  • 6. EMPUXO DE TERRA  Os deslocamentos relativos entre o muro e o solo, necessários para mobilizar os estados ativo e passivo de equilíbrio limite, dependem do tipo de solo e da trajetória de tensões.  A figura 05 ilustra uma variação típica do coeficiente de empuxo K em função do deslocamento de translação lateral de um muro rígido em relação ao retroaterro.  Pode-se notar que o movimento lateral necessário para atingir o estado ativo é muito reduzido, da ordem de 0,1% a 0,4% da altura do muro, dependendo da densidade do solo.
  • 7. EMPUXO DE TERRA  Para um muro com altura H=4m, um deslocamento horizontal x=4mm é em geral suficiente para mobilizar o estado ativo de equilíbrio limite em um retroaterro de areia compacta.  A figura 05 indica, ainda, que valores significativamente maiores de deslocamentos do muro (x = 1% a 4% H) são necessários para mobilizar o estado passivo de equilíbrio limite.
  • 8.
  • 9. EMPUXO DE TERRA  Em ambos os casos (ativo ou passivo), a tensão horizontal (p’A ou p’P) no tardoz do muro pode ser considerada com valor proporcional à tensão vertical efetiva (σ’v), ou seja, com distribuição triangular ao longo da profundidade (equação 1).  Esta consideração é razoavelmente precisa desde que os movimentos do muro sejam de translação ou de rotação no topo.  p’A = KA σ’v ; p’P = KP σ’v (1)  Onde: Ka ou KP = coeficiente de empuxo ativo ou passivo; σ’v = γ.z – u = tensão efetiva vertical; γ = peso específico do solo; z = profundidade e u = poropressão.
  • 10. MÉTODO DE RANKINE  A teoria clássica de Rankine para o cálculo de empuxos de solo é válida para:  muros de contenção de grande altura,  com tardoz vertical liso (despreza a resistência ao cisalhamento (atrito e adesão) no contato solo-muro),  suportando retroaterro com superfície horizontal.  Com estas condições, as tensões principais (σ1 e σ3) existentes em um elemento de solo próximo ao tardoz do muro estão sempre atuando nas direções vertical e horizontal.
  • 11. MÉTODO DE RANKINE  A teoria de Rankine é válida, portanto, quando toda a massa de solo no retroaterro encontra-se em um estado de equilíbrio plástico.  A teoria considera, portanto, que os movimentos do muro são suficientes para mobilizar os estados de tensão ativo ou passivo.  A figura 06 apresenta de forma resumida o método de Rankine para o cálculo do empuxo “E” nos estados ativo e passivo de tensões, para o caso de retroaterro com superfície horizontal.  Uma vez que a distribuição de tensões laterais no muro é admitida como triangular, o ponto de aplicação do empuxo “E” situa-se a 33% da altura do muro.
  • 12.
  • 13. MÉTODO DE RANKINE  Entretanto, resultados experimentais em modelos reduzidos indicam que em muros com rotação no topo ou com retroaterros de areia compacta, o ponto de aplicação de “E” pode situar-se mais acima, da ordem de 40 a 50% da altura do muro.  Com isto, a tendência ao tombamento do muro é, na realidade, maior do que a prevista na teoria de Rankine, sendo o erro contrário a segurança do muro.  Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a teoria de Rankine despreza a ocorrência de resistência ao cisalhamento (atrito e adesão) no contato solo-muro.
  • 14. MÉTODO DE RANKINE  Esta simplificação pode levar a valores significativamente maiores de empuxo ativo. Neste caso, porém, o erro da teoria é favorável à segurança do muro, apesar de antieconômico.  As superfícies de ruptura (linhas AO ou OP na Figura 06), desenvolvidas no solo ao serem atingidos os estados limites de equilíbrio ativo ou passivo, apresentam inclinação θA ou θP, respectivamente, em relação à direção horizontal.  Os valores de EA e EP correspondem aos empuxos efetivos do solo sobre o muro, ou seja, não incluem a ação da água eventualmente presente retroaterro.
  • 15. MÉTODO DE RANKINE  A teoria de Rankine pode ser estendida para o caso de retroaterro com superfície inclinada de um ângulo β com a horizontal (figura 07).  Neste caso, a tensão efetiva do solo sobre o muro pode ainda ser admitida com distribuição triangular, porém atuando com direção β, paralela à superfície do retroaterro.  A figura 07 resume os procedimentos do método de Rankine para cálculo do empuxo ativo do solo sobre o muro.
  • 16.
  • 17. MÉTODO DE COULOMB  Na teoria de Coulomb, considera-se o equilíbrio limite de uma cunha de solo com seção triangular, delimitada pelo tardoz do muro e pelas superfícies do retroaterro e de ruptura.  A solução do problema não é rigorosamente correta, pois considera unicamente duas equações de equilíbrio de forças, desprezando o equilíbrio de momentos. Para o caso ativo, a incorreção da teoria de Coulomb é em geral desprezível.  Em relação à teoria de Rankine, o método de coulomb tem aplicação mais ampla, pois vale para condições irregulares de geometria de muro e superfície de retroaterro, sem desprezar a resistência mobilizada entre o muro e o solo.
  • 18. MÉTODO DE COULOMB  Em um caso geral, a solução gráfica, considerando superfície de ruptura planar, é a mais adequada, apesar de trabalhosa.  Um exemplo deste procedimento gráfico para solução do empuxo pelo método de Coulomb é apresentado na figura 08 para o caso ativo.  Deve-se notar que o procedimento gráfico possibilita a incorporação de sobrecargas concentradas ou distribuídas no topo do retroaterro ou ainda a existência de nível freático no interior do retroaterro.  Os principais passos para a solução gráfica de Coulomb estão resumidos a seguir:  Arbitra-se uma superfície de ruptura (superfície OA1 na figura 08), com inclinação próxima à indicada pelo método de Rankine.
  • 19. MÉTODO DE COULOMB  Plota-se o polígono de forças, considerando todas as magnitudes e direções das forças que atuam na cunha OA1M de solo instável (figura 08).  Determina-se o valor do empuxo E1 correspondente à superfície OA1 arbitrada.  Arbitra-se uma nova superfície de ruptura (OA2), plota-se o novo polígono de forças e determina-se o empuxo E2 correspondente.  Repete-se o procedimento por diversas vezes, com o objetivo de se obter um gráfico de variação do empuxo E com a distância X (afastamento do ponto A da superfície de ruptura em relação ao ponto M no topo do muro).
  • 20.
  • 21. MÉTODO DE COULOMB  No caso ativo, o ponto correspondente ao valor máximo do gráfico E vs X indica a magnitude do empuxo EA e a posição da superfície crítica de coulomb. No caso passivo, o empuxo EP e a superfície crítica de Coulomb correspondem ao valor mínimo do gráfico E vs X.  O ângulo de atrito δ mobilizado no contato solo-muro pode apresentar valores entre 0 e φ’, dependendo do tipo de solo, do material do muro e do deslocamento relativo entre o solo e o muro.  Em geral, o valor do empuxo ativo diminui com o aumento do ângulo δ, o qual deve ser determinado experimentalmente. Na ausência de dados experimentais, é usual se adotar δ da ordem de 1/3 a 2/3 do ângulo φ’, com os maiores valores correspondendo a muros rugosos de alvenaria ou de concreto.
  • 22. MÉTODO DE COULOMB  Na realidade, o valor de δ não afeta significativamente a magnitude do empuxo EA, mas sim a sua direção (ou linha de ação), com conseqüente influência na largura da base do muro necessária para garantir a estabilidade.  O método de Coulomb trata apenas do equilíbrio de forças, sem considerações sobre a distribuição das tensões laterais no tardoz do muro.  Com isso, o ponto de aplicação do empuxo deve ser definido por um procedimento gráfico aproximado, conforme ilustrado na Figura 09.
  • 23.
  • 24. MÉTODO DE COULOMB  No caso de empuxo ativo provocado por retroaterro não-coesivo (c’ = 0), a solução analítica do método de Coulomb é explicitada na figura 10.  A solução vale para tardoz com inclinação α, retroaterro com inclinação β e atrito solo-muro δ. No caso particular de valores nulos para α, β e δ, são obtidos os resultados previstos pela teoria de Rankine.  Os valores do coeficiente de empuxo KA podem ser obtidos diretamente a partir dos ábacos que constam na figura 8.  Nestes casos vêm indicados os valores usuais de δ = 0 e δ / φ’ = 2/3. Uma estimativa preliminar de KA pode ser rapidamente obtida por interpolação a partir do casos apresentados na figura 11.
  • 25.
  • 26.
  • 27. MÉTODO DE COULOMB  De maneira análoga, a figura 12 permite a obtenção do coeficiente de empuxo KP para a estimativa do empuxo passivo, neste caso com base nos ábacos apresentados por Caquot e Keriesel (1948).  Em ambas as figuras, estão disponíveis os ábacos para as situações mais simples de muro com tardoz vertical ou de retroaterro com superfície horizontal.
  • 28.
  • 29. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Os muros de peso, também denominados muros de gravidade, dependem da geometria e do peso próprio para sua estabilidade. Um muro de peso deve ser construído com a largura suficiente para evitar o surgimento de tensões de tração em seu interior.  Estas tensões seriam provocadas pela ação instabilizante do empuxo do solo, com tendência ao deslizamento da base e ao tombamento do muro.  Para a garantia de estabilidade do muro, deverão ser cuidadosamente estudados e verificados os seguintes mecanismos potenciais de ruptura:
  • 30. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Instabilidade global do talude;  Deslizamento ao longo da base do muro;  Tombamento em relação ao pé do muro;  Capacidade de suporte do solo de fundação do muro.  Os itens acima são comuns ao projeto e dimensionamento de todos os tipos convencionais de muro de arrimo.  Na figura 14 são explicitados estes mecanismos potenciais de ruptura de muros de peso.
  • 31.
  • 32. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Verificação da instabilidade global do talude  A possibilidade de instabilidade global do talude, envolvendo o conjunto de muro e solo deve ser cuidadosamente verificada através dos métodos de análise de taludes por equilíbrio limite.  Para a análise da estabilidade global, os principais parâmetros a serem utilizados são os pesos específicos dos materiais (muro e solo) e os parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito) do solo.  A partir destes dados, deve-se fazer uma avaliação do equilíbrio do conjunto talude-muro (conforme ilustrado na figura 14-a).
  • 33. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  O estudo sobre a análise da estabilidade de um talude (sem a presença da estrutura do arrimo) será apresentado na unidade 04 deste curso.  Apresentada esta análise, poderemos “incluir” a geometria, e conseqüentemente sua “massa”, como se fosse um outro material, distinto do solo do talude, e analisarmos a sua condição de segurança.
  • 34. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Verificação do deslizamento ao longo da base  Esta verificação consiste na determinação do fator de segurança contra o deslizamento da base do muro (figura 15).  O fator de segurança, obtido pela razão entre os somatórios das forças resistentes (Fr) e solicitantes (Fs), deve ser igual ou superior a 1,5 (equação 2).  Na figura 15, a força E corresponde ao empuxo resultante sobre o muro e inclui o efeito da sobrecarga (q) distribuída na superfície do retroaterro.
  • 35.
  • 36. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Verificação do tombamento em relação ao pé do muro  A análise da possibilidade de tombamento de um muro de contenção consiste na verificação dos momentos atuantes na estrutura, em relação à aresta externa da base (pé do muro), conforme apresentado na figura 16.  O fator de segurança contra o tombamento é definido como indicado na equação 3.
  • 37. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Deve-se ressaltar que, no caso de a base do muro apresentar um embutimento, o empuxo passivo atuando a jusante deve ser considerado na análise da estabilidade.
  • 38. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  No entanto, é normalmente recomendado o uso de um fator de redução (α) do empuxo passivo, tendo em vista a possibilidade de erosão ou escavação do solo no pé do muro e a diferença entre os deslocamentos necessários para mobilizar os empuxos passivo e ativo.  O valor de α geralmente recomendado nas normas norte americanas e européias situa-se entre 0 e 1/2, sendo usual a adoção de α = 1/3.  Além disso, a segurança contra o tombamento do muro deve ser também garantida por um outro critério gráfico.
  • 39. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  A resultante vetorial (R’) entre as forças de empuxo (E) e peso do muro (W) deve ter linha de ação passando dentro do terço central da área da base do muro.  Desta forma, garante-se que ocorrem somente tensões de compressão no contato muro-fundação, minimizando a possibilidade de tombamento do muro.
  • 40. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Verificação da capacidade de suporte do solo de fundação  A distribuição de pressões verticais na base do muro apresenta uma forma trapezoidal, conforme indicado na figura 17. Esta distribuição não é uniforme devida à ação combinada do peso W e do empuxo E sobre o muro. Assim, obtém-se:
  • 41. ESTABILIDADE DE MUROS (GRAVIDADE)  Para evitar a ruptura do solo de fundação do muro, o critério usualmente adotado recomenda o valor de σmax < qmax/3,0, sendo qmax a capacidade de suporte calculada pelo método clássico de Terzaghi-Prandtl, conforme mostra a equação 5.  Neste caso, a base do muro é considerada como sendo uma fundação corrida.  Deve-se garantir, ainda, que σmin ≥ 0 (ou seja, e ≥ B/6) para evitar pressões de tração na base do muro.