O documento discute os conceitos de mobilidade social, seus tipos e como afeta as sociedades. A mobilidade social no Brasil no século XX apresentou picos de ascensão nas décadas de 1930-1940 e 1970, ligados à industrialização. Recentemente, apesar da melhoria da escolarização, não houve grande mobilidade social, mas a educação superior tem promovido evolução das condições de vida e cidadania dos egressos.
1. O que é mobilidade social
Toda a passagem de um indivíduo ou de um grupo
de uma posição social para outra, de forma
ascendente, descendente ou linear, define-se como
mobilidade social.
Há dois tipos de mobilidade social:
- A “Horizontal” e;
- A “Vertical”.
2. Tipos de mobilidade
Mobilidade social horizontal: Alterações no estado social
que não provocam mudança de classe. É o caso de uma
pessoa que pelo casamento obtém um estado diferente (o
de casado) mas continua no mesmo estrato social; ou de
alguém que muda de um cargo de chefia em uma empresa
para o mesmo cargo em outra empresa.
Mobilidade social vertical: Está relacionada com a
constituição de classes sociais e o surgimento dos valores de
ascensão social. Pode ser tanto: Ascendente, quando uma
pessoa passa a integrar um grupo economicamente superior
ao seu; ou Descendente, quando o indivíduo ou grupo piora
de posição, passando a integrar um grupo economicamente
inferior.
3. Como a mobilidade social afeta as
sociedades
Partindo do princípio de que a mobilidade social é
necessária para o avanço das sociedades, evidencia-se na
grande parte dos países que proporcionam certa
mobilidade social, que estes possuem estruturas sócio-
econômicas, culturais e intelectuais que favorecem e
permitem o crescimento individual ou de grupos,
promovendo a “meritocracia”.
Tanto ascendente quanto descendente, a mobilidade altera
positiva e negativamente a vida dos grupos de pessoas.
Quando a sociedade não permite tal mudança de vida,
seja pelos costumes, comodismo político, ou economia fraca,
o país e a sociedade ficam estagnados, deixando seus
cidadãos passivos em relação a melhorias, ficando sempre
à deriva dos maiores.
4. Mobilidade Social no Brasil no século XX
Breve histórico (1)
Houve, ao longo do século XX, dois momentos em que o Brasil expôs
claramente a ocorrência do fenômeno da mobilidade social
ascendente. O primeiro se deu nas décadas de 30 e 40, no período
de Getúlio Vargas, quando da ocorrência da industrialização de
base do país. Já o segundo ocorreu na década de 70,
especificamente sob a presidência de Emílio G. Médici, com o
advento do que ficou conhecido como "milagre econômico".
Ambos os movimentos, bastante vigorosos e explícitos no tecido social,
refletiram basicamente as transformações estruturais da
macroeconomia e das relações de trabalho. A industrialização, no
primeiro momento, e a forte presença do Estado como investidor, no
segundo, modificaram o perfil da massa populacional produtiva,
fazendo com que houvesse, em decorrência, movimentos semelhantes
a ondas coletivas de mobilidade estrutural ascendente.
5. Mobilidade Social no Brasil no século XX
Breve histórico (2)
A década de 80, por sua vez, caracterizou-se pela estagnação
econômica e pela piora de praticamente todos os índices
socioeconômicos. A de 90, muito embora tenha sido pródiga na
reversão das tendências descendentes dos indicadores e na melhoria
de muitos índices importantes (escolaridade, saneamento básico,
mortalidade infantil, estabilização econômica etc.), não demonstrou,
até em função de uma tendência mundial, o mesmo vigor nos quesitos
desenvolvimento e redução das desigualdades, tem-se, dessa forma,
que nos últimos 25 anos, até o início da década atual, a sociedade
brasileira não mais tem exibido índices importantes de mobilidade
social.
6. Mobilidade Social x Ensino Superior no Brasil
(1)
Muito embora nos últimos 25 anos a sociedade brasileira não mais
tenha exibido índices importantes de mobilidade social, no mesmo
período, as taxas de escolarização só melhoraram. Esse aparente
paradoxo, se não analisado com propriedade, pode resultar nos mais
variados equívocos, tanto de diagnóstico quanto de direcionamento
de políticas públicas de educação. Ora, se educação gera
desenvolvimento e teoricamente gera melhoria nas condições de vida
da população, por que não houve uma explosão dos índices de
mobilidade ascendente paralelamente à melhoria das taxas de
educação da população?.
Um recente estudo sobre esse tema, na forma de tese de doutorado
em Ciências Sociais, foi concluído na PUC-SP em junho deste ano.
Neste trabalho o pesquisador e doutor Fábio Ferreira Figueiredo
analisou as diferentes formas de mobilidade, os fatores
desencadeadores, a importância da educação, principalmente a
superior, bem como a percepção subjetiva de mobilidade social sob o
ponto de vista dos egressos da educação superior.
7. Mobilidade Social x Ensino Superior no Brasil
(2)
Deste trabalho pode-se expor, resumidamente e dentre outras, as
seguintes conclusões:
SOCIEDADE DO CONHECIMENTO e EDUCAÇÃO FORMAL: o
conhecimento foi e continua sendo ativo sócio-econômico cada vez
mais importante. Sociedades não avançam sem que existam bases
sólidas de educação, onde a escolarização é condição para a
formação deste conhecimento como ativo. Cada nível de educação
tem a sua importância específica, sendo a superior particularmente
importante sob o ponto de vista do desenvolvimento tecnológico e na
formação das elites dirigentes;
Embora o Brasil, na década de 90, tenha erradicado o
analfabetismo infantil, universalizando a educação fundamental e
elevando as taxas de escolarização, não foi possível constatar índices
significativos de mobilidade social ascendente. A explicação é que as
taxas registradas nas décadas de 30, 40 e 70 foram oriundas de
transformações estruturais (industrialização e urbanização), o que
ocasionou índices coletivos de grandes proporções e significância.
8. Mobilidade Social x Ensino Superior no Brasil
(3)
Podemos dizer que o Brasil se manteve, até o final da década de 90,
na condição de país onde existiu mobilidade social, muito embora
esteja evidenciado que os índices não são os mesmos dos outros
períodos mencionados (as condições estruturais são outras), mas ainda
são importantes. Registre-se, a favor da escolarização, que os índices
de desemprego diminuem na medida em que se avança no nível de
formação do trabalhador e que cada ano de estudo resulta em
aumento do seu salário médio; (Ver Gráfico a seguir com a evolução
da renda média nacional levantado em 2009).
MOBILIDADE E CIDADANIA: No estudo qualitativo, realizado junto a
60 egressos da educação superior da região metropolitana de São
Paulo, apontou uma clara evolução nas condições gerais de vida dos
entrevistados. Não só relacionada à evolução profissional e/ou
econômica, a ascensão social dos egressos é flagrante e
extremamente perceptível por eles próprios. Os entrevistados, de um
modo geral, reconhecem no nível superior de educação a causa de
suas evoluções como cidadãos, no sentido de que adquirem
consciência crítica e aprimoram sua capacidade de participação
social.
9.
10. Situação social atual no Brasil
Nos últimos anos, a situação social no Brasil vem se alterando. A
chamada classe média é agora a maior e mais crescente classe social
brasileira. Deve-se parte disso aos massivos investimentos do governo,
principalmente nos programas sociais de erradicação da pobreza e na
geração de empregos.
De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) , nos últimos
seis anos cerca de 20 milhões de brasileiros deslocaram-se da base
para o meio da pirâmide social. Até há pouco tempo classificados como
pobres ou muito pobres, os novos classes-médias melhoraram de vida e
começam a usufruir vários confortos que antes não eram possíveis. Sua
ascensão social revela uma novidade: pela primeira vez na história, a
classe média passa a ser maioria no Brasil. São hoje aproximadamente
50,5% da população (eram 44% em 2002) – ou 95 milhões de
brasileiros.
A nova classe média (classe C) tem suma importância para a economia
do Brasil, sendo que concentra 46,25% do poder de compra, superando
as classes AB, com 44,1% e as classes D e E, com 9,65%.