2. Realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao Romantismo. Estética Realista
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6. Contexto Histórico CAPITALISMO E POBREZA: UM NOVO CENÁRIO SOCIAL A Revolução Industrial está diretamente relacionada ao nascimento da estética realista . Inicialmente restrita à Inglaterra, ela desencadeou mudanças profundas no modo de produção, o que reordenou a economia mundial no século XIX. A superação do Mercantilismo pela dinâmica capitalista – consequências da Revolução Industrial – fez com que a consolidação do poder burguês desse à sociedade uma nova faceta, que o REALISMO , como estética literária, busca analisar, detectando suas causas e denunciando suas consequências.
7. MUDANÇAS NO MODO DE PRODUÇÃO A multiplicação das máquinas e o crescimento do comércio contribuíram para adoção de uma perspectiva extremamente otimista – a possibilidade de importantes reformas sociais.
8. BURGUESIA VERSUS PROLETARIADO A industrialização, porém, acarretou um efeito social bastante previsível: a distinção entre a burguesia e a classe trabalhadora ( proletariado ). Nesse novo contexto, a pobreza tornou-se um problema associado à industrialização; o acúmulo de pessoas nos grandes centros urbanos agravou ainda mais os problemas já existentes. Mendicância, prostituição, epidemias etc.
9. A SOCIEDADE NO CENTRO DA OBRA LITERÁRIA O mundo das máquinas, das fábricas, dos transportes, das novas teorias sociais, tornava inviável a visão de mundo romântica, que fazia do indivíduo e de seus dramas sentimentais o centro de todas as coisas. A sociedade estava mudando,e os artistas, como homens de seu tempo, passaram a adotar a nova visão de mundo que privilegiava a objetividade, contrária ao subjetivismo romântico; que via na razão a melhor forma de percepção da realidade, abandonando a valorização desmedida da emoção; que focalizava como centro de seus interesses, em lugar de uma perspectiva excessivamente individualista.
10. DIFERENÇAS ENTRE ROMANTISMO E REALISMO Ideais republicanos e socialistas. Ideais monárquicos Criação feita de reflexão e análise; Inspiração feita de arrebatamento; Gosto pela paisagem colorida e pelo minucioso e exato; Gosto pela paisagem macabra e horrenda e pelo descritivo idealizado “locus horrendus”; Linguagem desafetada, corrente e equilibrada com aperfeiçoamento da forma; Linguagem declamatória, afetiva e espontânea com reticências, exclamações, interrogações, etc.; A observação do pormenor, a indiferença e a impassibilidade do narrador dominam a narrativa; A imaginação, a sensibilidade dominam a narrativa. Dá-se a interferência do narrador que, ora manifesta ou a sua simpatia ou repulsa , ora faz digressões; Olha o futuro e tem fé na ciência e no progresso – consequência novela realista - naturalista, poesia panfletária, gosto pelos temas contemporâneos; Recorda o passado e, de preferência, a Idade Média; REALISMO ROMANTISMO
11. O REALISMO NA LITERATURA Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos. Uma característica do romance realista é o seu forte poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Se um autor desejasse criticar a postura da Igreja Católica, não escreveria um soneto anticristão, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a Igreja Católica e como as pessoas reagem a ela.
12. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão que procura ser objetiva, fiel, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert. Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.
13. MADAME BOVARY E A CRÍTICA AO ROMANTISMO Madame Bovary é um romance escrito por Gustave Flaubert que resultou num escândalo ao ser publicado em 1857. Quando o livro foi lançado, houve na França um grande interesse pelo romance, pois levou seu autor a julgamento. Acusado de ofensa à moral e à religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes. O romance conta a história de Emma, uma mulher sonhadora pequeno-burguesa, criada no campo, que aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental. Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles, um médico interiorano tão apaixonado pela esposa quanto entediante. Nem mesmo o nascimento da filha dá alegria ao indissolúvel casamento ao qual a protagonista se sente presa.
14. O PRIMO BASÍLIO Luísa, do romance O Primo Basílio é fruto da influência evidente que a leitura de Madame Bovary exerceu sobre o escritor português, Eça de Queirós. O Primo Basílio é um romance de Eça de Queirós. Publicado em 1878, constitui uma análise da família burguesa urbana no século XIX. O autor, que já criticara a província em O Crime do Padre Amaro, volta-se agora para a cidade, a fim de sondar e analisar as mesmas mazelas, desta vez na capital: para tanto, enfoca um lar burguês aparentemente feliz e perfeito, mas com bases falsas e igualmente podres As personagens de O Primo Basílio podem ser consideradas o protótipo da futilidade, da ociosidade daquela sociedade.
15. O REALISMO EM PORTUGAL O Realismo na Literatura surge em Portugal após 1865, devido à Questão Coimbrã e às Conferências do Cassino , como resposta à artificialidade, formalidade e aos exageros do Romantismo de uma sentimentalidade mórbida. Eça de Queirós é apontado, junto a Antero de Quental, como o autor que introduz este movimento no país, sendo o romance social, psicológico e de tese a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e torna-se meio de crítica a instituições, à hipocrisia burguesa (avareza, inveja, usura), à vida urbana (tensões sociais, econômicas, políticas) à religião e à sociedade, interessando-se pela análise social, pela representação da realidade circundante, do sofrimento, da corrupção e do vício. A escravatura, o racismo e a sexualidade são retratados com uma linguagem clara e direta.
16. A QUESTÃO COIMBRÃ A primeira manifestação do Realismo em Portugal deu-se inicialmente na Questão Coimbrã, polêmica esta que significou, nas palavras de Teófilo Braga “a dissolução do Romantismo”. Nela se manifestaram pela primeira vez as novas ideias e o novo gosto de uma geração que reagia contra o marasmo em que tinha caído o Romantismo.
17. O segundo episódio verificou-se em 1871 nas Conferências do Cassino (ou Conferências Democráticas do Cassino). Nessa nova manifestação da chamada Geração de 70, os contornos do que seria o Realismo apareceram desenhados com maior nitidez, especialmente através da conferência realizada por Eça de Queirós intitulada O realismo como nova expressão da arte. Sob a influência do Cenáculo, e da sua figura central, Antero de Quental, Eça funde as teorias de Taine, do determinismo social e da hereditariedade com as posições estético-sociais de Proudhon. Atacando o estado das letras nacionais e propôs uma nova arte, uma arte revolucionária, que respondesse ao "espírito dos tempos" (zeitgeist), uma arte que agisse como regeneradora da consciência social, que pintasse o real sem floreados. Para Eça só uma arte que mostrasse efeTivamente como era a realidade, mesmo que isso implicasse entrar em campos sórdidos, poderia fazer um diagnóstico do meio social, com vista à sua cura. Assim reagia contra o espírito da arte pela arte, visando mostrar os problemas morais e assim contribuir para aperfeiçoar a Humanidade . Conferências Democráticas do Cassino
18. A POESIA REALISTA DE ANTERO QUENTAL O livro de poemas “ Odes modernas ”, do poeta Antero de Quental, é considerado o marco inicial do Realismo português em 1865. Logo após, lançou os Sonetos Completos (1866); Primaveras Românticas (1871); publicação póstuma, Raios de Extinta Luz . O realismo português cronologicamente durou cerca de 25 anos, período marcado por renovações ideológicas, culturais, políticas, científicas e artísticas. Nos trinta anos de produção poética, Antero passou por algumas fases ou momentos distintos: 1°: influência romântica, sua poesia assume um tom arrebatador, apaixonado. Temas (Deus, Natureza, Mulher) são tratados de modo ingênuo. 2°: assume um tom panfletário assumido pelos sonetos. A religião é vista como algo incapaz de solucionar os graves problemas do ser humano. 3°: fase mais introspectiva e metafísica, de indagações acerca da Verdade, da Fé, do sentido da própria existência; ele mergulha na própria consciência e apresenta seu momento mais pessimista.
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20. O REALISMO NO BRASIL A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a decadência da economia cafeeira no Brasil e o país experimenta sua primeira crise depois da Independência. O contexto social que daí se origina, aliado à leitura de grandes mestres realistas europeus como Stendhal , Balzac , Dickens e Victor Hugo , propiciarão o surgimento do Realismo no Brasil. Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro romance naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil). Outro escritor que participou do Realismo foi Arthur Azevedo.
21. A OBRA DE MACHADO DE ASSIS O público leitor dos romances românticos foi surpreendido, no ano de 1881, pela publicação de um livro supostamente escrito por um defunto: Memórias póstumas de Brás Cubas. É narrado pelo defunto Brás Cubas, que escreve a própria biografia a partir do túmulo (sendo, portanto, segundo o próprio, não um autor-defunto, mas o primeiro defunto-autor da história, que é caracterizado por ter morrido e depois escrito, diferente do outro que foi escritor depois morreu). Começa suas memórias com uma dedicatória que antecipa o humor negro e a ironia presente em todo o livro: Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas Memórias Póstumas . Brás Cubas também expressa o humor negro quando diz que a obra foi escrita com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, no "Ao leitor".
22. DOM CASMURRO: OS MISTÉRIOS DA ALMA HUMANA A história se passa no Rio de Janeiro do Segundo Império, e conta a trajetória de Bentinho e Capitu. É um romance psicológico, narrado em primeira pessoa por Bentinho, o que permite manter questões sem elucidação até o final, já que a história conta apenas com a perspectiva subjetiva de Bentinho. O romance Dom Casmurro além de estar entre as grandes obras da Literatura Brasileira, é considerado como a obra-prima de Machado de Assis. Nele, Machado conta a história de um homem completamente perturbado por um sentimento complexo: o ciúme. A grande questão do livro deixa de ser se Capitu cometeu ou não o adultério. O que importa é perceber como ele foi capaz de retratar, de modo extraordinário, o comportamento de um homem transtornado pelo ciúme.
24. O REALISMO NA PINTURA Principais pintores realistas: Édouard Manet (Paris, 23 de janeiro de 1832, Paris — 30 de abril de 1883, Paris) foi um pintor e artista gráfico francês e uma das figuras mais importantes da arte do século XIX. OLYMPIA – A PROSTITUTA O CANTOR ESPANHOL O BEBEDOR DE ABSINTO
25. A EXECUÇÃO DE MAXIMILIANO O TOCADOR DE PÍFARO O ALMOÇO NA RELVA DE 1863 PINTURAS DE MANET
26. Gustave Courbet (Ornans, 10 de Junho de 1819 — La-Tour-de-Peilz, 31 de Dezembro de 1877) foi um pintor anarquista francês pertencente à escola realista. Foi acima de tudo um pintor de paisagens campestres e marítimas onde o romantismo e idealização da altura são substituídos por uma representação da realidade fruto de observação directa. Esta busca da verdade é transposta para a tela em pinceladas espontaneas que não deixam de lado os aspectos menos estéticos do que é observado. OS CORTADORES DE PEDRAS AUTO-RETRATO
28. Honoré-Victorien Daumier (26 de Fevereiro de 1808, Marselha - 10 de Fevereiro de 1879, Valmondois), foi um caricaturista, chargista, pintor e ilustrador francês. Ele foi conhecido em seu tempo como o "Michelangelo da caricatura". Atualmente ele também é considerado um dos mestres da litografia e um dos pioneiros do naturalismo. DOM QUIXOTE OS JOGADORES DE XADREZ DOM QUIXOTE E SANCHO PANÇA
29. Jean-Baptiste Camille Corot (16 de Julho de 1796 – 22 de Fevereiro de 1875) foi um pintor realista francês. Filho de uma família de comerciantes abastados, Jean-Baptiste Camille Corot, teve uma infâcia confortável e estável, tendo trabalhado numa loja do pai. Corot fez seus estudos na cidade de Rouen, onde foi hospedado pela família Sennegon. A PONTE DE NANTES CATEDRAL DE CHARTRES A MULHER DAS MARGARIDAS
30. Jean-François Millet (4 de Outubro, 1814 – 20 de Janeiro, 1875) Pintor romântico e um dos fundadores da Escola de Barbizon na França rural. É conhecido como precursor do realismo, pelas suas representações de trabalhadores rurais. ANGELUS (1859) MULHER NA JANELA PASTORA
31. Étienne Pierre Théodore Rousseau (15 de Abril de 1812, Paris - 22 de Dezembro de 1867, Barbizon) foi um pintor realista francês, fundador da Escola de Barbizon. É considerado, por alguns, o precursor do Impressionismo. FLORESTA DE FONTAINEBLEAU A RIO NA PRADARIA COMÉRCIO NA NORMANDIA
32. O REALISMO NA ESCULTURA Na escultura, o grande representante realista foi o Auguste Rodin. O escultor não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano. O HOMEM DE NARIZ QUEBRADO JOÃO BATISTA PREGANDO O PENSADOR
33. O REALISMO NA ARQUITETURA Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia. Em 1889, Gustave Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz".
34. O REALISMO NO TEATRO Com o realismo, problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), autor da primeira peça realista, A Dama das Camélias (1852), que trata da prostituição . A Dama das Camélias tem cunho autobiográfico. Dumas Filho inspirou-se em suas próprias relações com a cortesã Marie Duplessis, e ainda no fato de ser ele próprio filho ilegítimo de Alexandre Dumas . Experimentando a rejeição, encontrou ao lado da amante a estabilidade que necessitava, e que veio a ser-lhe o mote para o romance.