SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Tecnologias Da Informação: Novas Linguagens Do
                          Conhecimento
Por Demócrito Reinaldo Filho


           O homem sempre demonstrou uma tendência a reagir contra o novo, o
revolucionário, enfim contra tudo que, num primeiro momento, não esteja submetido ao seu
domínio. É quase como um mecanismo de defesa, que dispara automaticamente quando
alguma coisa parece ameaçar sua segurança. Daí porque não é difícil entender o pensamento
daqueles que se antepõem às inovações tecnológicas, sobretudo quando estas importam na
modificação frenética da forma como as coisas se processam na sociedade. Partem de uma
falsa noção que procura antagonizar homem e máquina, como se os objetos técnicos nada
contivessem da substância humana; como se não fossem criados e desenvolvidos pelo próprio
homem, para ajudá-lo a melhorar o complexo mundo que ele mesmo criou. Na maioria dos
casos, a origem desse comportamento tem raízes apenas na ignorância e ressentimento de
alguns que se sentem ameaçados pelas máquinas de alta tecnologia, vistas como seres hostis
que estão ocupando o lugar do homem na sociedade contemporânea. Mas, no mínimo,
algumas considerações merecem ser feitas quando filósofos e pensadores respeitados passam
a ver a relação homem-máquina como combinação de elementos na qual este tem muito a
perder, e não como uma relação da qual possa tirar proveito e desenvolver-se.
           É o que se discute em torno da informática contemporânea, ou seja, a informática de
rede, que tem na Internet a concretização de um espaço ou mundo virtual (ciberespaço) que
está gerando profundas modificações na forma do relacionamento humano. Alguns
pensadores, considerados quot;apocalípticosquot;, vêem na virtualização das relações por meio
telemático um caminho para a degeneração dos valores humanos e para a perda de
referências físicas e psíquicas. Baudrillard, por exemplo, chega a alertar para os perigos das
novas tecnologias da informação, que podem proporcionar o fim da cultura, das artes etc.
Lucien Sfez, por sua vez, aponta o tautismo (que seria uma síntese de tautologia + autismo),
para definir o estado de alheamento do homem do mundo exterior, na realização de tarefas
repetidas e troca de informações no espaço virtual, como paradigma da nova sociedade da
informação.
           Realmente, não podemos deixar de concordar que as novas tecnologias de
comunicação estão proporcionando o aparecimento de um estilo de vida diferente de tudo o
que estamos acostumados a vivenciar. O que não nos parece seguro é afirmar que as relações
humanas estão sendo enfraquecidas pelas relações tecnológicas; melhor seria dizer que as
relações humanas encontraram nova forma de expressão e desenvolvimento, completamente
distintos do padrão a que estamos acostumados. As máquinas não possuem um
desenvolvimento em tudo independente do homem, mas respondem à uma necessidade de
evolução da própria humanidade. quot;A informática não tem mais nada a ver com computadores.
Tem a ver com a vida das pessoasquot;, adverte Nicolas Negroponte, um dos gurus da nova
sociedade virtual e Prof. do respeitado MIT (Massachussets Institut of Technology), tentando
explicar a importância do novo espaço virtual (ciberespaço) na nossa vida cotidiana. De fato,
computadores operando em rede estão produzindo uma transformação tão fantástica e
assustadoramente veloz na forma como as coisas se processam na sociedade, que o melhor
seria tentar compreender como a Internet funciona e como se transforma.
           A origem da informática está associada ao momento histórico em que o homem foi
obrigado a transferir para máquinas o processamento de informações que ele não estava mais
habilitado a controlá-las sozinho, necessárias para tomadas de decisões em um mundo
complexo. Inicialmente, a arquitetura informática era inspirada em sistemas fechados e
centralizados, baseados em grandes computadores (mainframes). Esses tipos de sistemas
dominaram quase toda a história da informática, geridos por grandes empresas, e em que o
usuário não tinha qualquer interferência e interação com os computadores. Com o passar do
tempo, o avanço tecnológico permitiu o aperfeiçoamento do pequeno computador, que
provocou uma pulverização no processamento computadorizado da informação. As empresas
de menor porte puderam desenvolver seus próprios sistemas, mais baratos e que podiam
interagir com os sistemas fechados. Mas ainda assim a informação de uma maneira geral era
processada localmente, em unidades autônomas, sem que os computadores unissem suas
capacidades e compartilhassem seus recursos. Só depois sobreveio a grande revolução dentro
da própria revolução informática, quando os computadores passaram a ser interligados em
rede.
           Sílvio Meira, em seu último artigo publicado no site da Agência Estado, utiliza uma
linguagem bem interessante para explicar, sob a perspectiva do consumidor, essas três
gerações de computadores. Na primeira delas, os computadores ficavam atrás dos balcões de
atendimento das empresas. Quem atendia o cliente, preenchia formulários e os entregava para
processamento interno na empresa. Na segunda, os computadores migraram para o balcão de
antendimento, onde um empregado da empresa realizava as operações pelo cliente e servia
como intermediário entre ele e o sistema central de computação. Na terceira geração, o
computador está depois do balcão, na forma dos terminais de acesso ao público, nas
repartições, nos bancos, escolas e sobretudo nas próprias residências, nos serviços providos
de acesso pela Internet. A principal característica desta última geração, portanto, é a mudança
do foco da computação, que se transferiu da instituição e seus funcionários para o usuário final.
           Se nos primórdios a informática era coisa para poucos, cientistas e técnicos, hoje
torna-se cada vez mais indispensável à nossa vida cotidiana, até mesmo para a realização de
simples tarefas domésticas, daí porque não se deve assumir uma postura avessa às novas
tecnologias, mas procurar utilizá-las para aumentar nossa capacidade de troca e manipulação
da informação. A habilidade que se exige do homem médio, do simples consumidor, no trato
com as máquinas, é cada vez mais acessível, pois os sistemas de informação desta terceira
geração são muito mais simples e fáceis de usar do que os anteriores. A simplicidade funciona
mesmo como um diferencial competitivo entre as empresas de informática, pois uma coisa é
vender produtos para informatas, pessoas com formação técnica, outra é alcançar o universo
dos usuários domésticos.
           As novas tecnologias da informação, sintetizadas no acesso à internet, constituem
meios admiráveis para o descobrimento, a invenção e a criação humanas. As transformações
que permitem são imensamente favoráveis aos indivíduos. A cultura e as artes ou qualquer
outra forma de expressão da inteligência e sensibilidade humanas tendem a se desenvolver
nesse novo mundo virtual, e não ao contrário. Nem tampouco iremos caminhar em direção a
um futuro em que os homens passarão a viver num isolacionismo cada vez maior, alheado às
relações com seus semelhantes mais próximos.
           Em primeiro lugar porque é um engano pensar que com o surgimento do ciberespaço
o ambiente natural vai ser alterado. O ciberespaço preserva os espaços antecedentes, do
mundo concreto e físico, onde as atividades tradicionais irão permanecer. As relações
interpessoais, sem a mediação dos meios eletrônicos de comunicação, continuarão a ser
estabelecidas nas formas com que estamos acostumados. Em segundo lugar porque a marca
mais acentuada da Internet é o cooperativismo, e não o isolamento. Isso tem explicação na
própria origem da internet, nascida em meios acadêmicos, utilizada para troca de informações
entre pesquisadores, mas também retrata a imensidão da rede, que ninguém, sozinho,
consegue dominar e conhecer todo o seu funcionamento, daí porque necessita ser construída
coletivamente, com o predomínio de uma ética que valoriza a troca de informações. Por fim, é
preciso atentar que a internet é uma mídia totalmente diferente dos quot;classics mediaquot;, ou seja,
da mídia tradicional - o rádio e a televisão-, que funcionam pela irradiação das informações de
uma fonte centralizada. Em razão de sua estrutura toda baseada no padrão de rede - ponto a
ponto -, permite estabelecer um processo de comunicação interativo.
           As características do mundo virtual, portanto, permitem potencializar as habilidades
do indivíduo, que está diante de uma nova linguagem do conhecimento. Não é apenas a
superioridade do hipertexto, que quebra a linearidade da escrita, permitindo estabelecer
conexões múltiplas no texto. Mas todo um conjunto de ícones, comandos, sons e imagens, que
deságua na sinergia da hipermídia, constituindo um formidável aparato para o desenvolvimento
do intelecto humano.
           É mais do que uma nova linguagem do conhecimento; é uma quot;metalinguagemquot;, ou,
como prefere Marcelo Araújo Franco, uma nova quot;Tecnologia Digital da Inteligênciaquot;. Esclarece
esse renomado educador e filósofo que a humanidade conheceu três formas de tecnologias da
inteligência: a oralidade primária, a escrita e a informática. A escrita transformou toda a cultura
e é responsável pelo domínio do conhecimento tal qual atualmente o conhecemos. A
informática representa uma tecnologia intelectual muito mais sofisticada, que abre caminho
para construção de novas experiências do conhecimento.
           Disso tudo eu tenho a minha própria impressão: não são as máquinas que estão se
transformando, mas o próprio homem, e para melhor, muito melhor. Por incrível que pareça,
nossa geração está assistindo à construção de um modelo de homem superior, mais evoluído e
inteligente.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Sistemas De Informações
Sistemas De InformaçõesSistemas De Informações
Sistemas De InformaçõesMateus Cozer
 
Sociedade na era big data, dados demais filtros de menos
Sociedade na era big data, dados demais filtros de menosSociedade na era big data, dados demais filtros de menos
Sociedade na era big data, dados demais filtros de menosPedro Alexandre Cabral
 
A Cibercultura no Cotidiano
A Cibercultura no CotidianoA Cibercultura no Cotidiano
A Cibercultura no CotidianoLiscagnolato
 
QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?
QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?
QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?Claudinéia da Silva
 
Ai ad aula 1
Ai ad aula 1Ai ad aula 1
Ai ad aula 1aiadufmg
 
Cibercultura e Sistemas de Informação
Cibercultura e Sistemas de InformaçãoCibercultura e Sistemas de Informação
Cibercultura e Sistemas de InformaçãoMariano Pimentel
 
Linguagens e Tecnologias na Educação
Linguagens e Tecnologias na EducaçãoLinguagens e Tecnologias na Educação
Linguagens e Tecnologias na Educaçãonovafaculdade
 
As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...
As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...
As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...Marcelo Berwanger
 
Seminário de informática(2)
Seminário de informática(2)Seminário de informática(2)
Seminário de informática(2)lizzmarcella
 
Texto novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moranTexto   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moranLuiza Freitas
 
Texto 5 novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto 5   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moranTexto 5   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto 5 novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moranSaulo Luis Capim
 
Modulo1 Ava Cibercultura
Modulo1 Ava CiberculturaModulo1 Ava Cibercultura
Modulo1 Ava CiberculturaAmaro Braga
 
Teorias da Comunicação Digital - Aula 02
Teorias da Comunicação Digital - Aula 02Teorias da Comunicação Digital - Aula 02
Teorias da Comunicação Digital - Aula 02Pablo Moreno
 
Cibercultura
CiberculturaCibercultura
Ciberculturacelyassis
 

Mais procurados (20)

Sistemas De Informações
Sistemas De InformaçõesSistemas De Informações
Sistemas De Informações
 
Cibercultura e Redes sociais - aula 01 - turma 03
Cibercultura e Redes sociais - aula 01 - turma 03Cibercultura e Redes sociais - aula 01 - turma 03
Cibercultura e Redes sociais - aula 01 - turma 03
 
Sociedade na era big data, dados demais filtros de menos
Sociedade na era big data, dados demais filtros de menosSociedade na era big data, dados demais filtros de menos
Sociedade na era big data, dados demais filtros de menos
 
Aula 01
Aula 01Aula 01
Aula 01
 
A Cibercultura no Cotidiano
A Cibercultura no CotidianoA Cibercultura no Cotidiano
A Cibercultura no Cotidiano
 
Tecnologias moveis amigos_inigos
Tecnologias moveis amigos_inigosTecnologias moveis amigos_inigos
Tecnologias moveis amigos_inigos
 
QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?
QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?
QUEM TEM MEDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS?
 
TICN_textos
TICN_textosTICN_textos
TICN_textos
 
Ai ad aula 1
Ai ad aula 1Ai ad aula 1
Ai ad aula 1
 
Cibercultura
CiberculturaCibercultura
Cibercultura
 
Cibercultura e Sistemas de Informação
Cibercultura e Sistemas de InformaçãoCibercultura e Sistemas de Informação
Cibercultura e Sistemas de Informação
 
Linguagens e Tecnologias na Educação
Linguagens e Tecnologias na EducaçãoLinguagens e Tecnologias na Educação
Linguagens e Tecnologias na Educação
 
Cibercultura
CiberculturaCibercultura
Cibercultura
 
As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...
As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...
As novas relações de trabalho na gestão de profissionais contratados na modal...
 
Seminário de informática(2)
Seminário de informática(2)Seminário de informática(2)
Seminário de informática(2)
 
Texto novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moranTexto   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
 
Texto 5 novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto 5   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moranTexto 5   novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
Texto 5 novas tecnologias e o reencantamento do mundo - josé manuel moran
 
Modulo1 Ava Cibercultura
Modulo1 Ava CiberculturaModulo1 Ava Cibercultura
Modulo1 Ava Cibercultura
 
Teorias da Comunicação Digital - Aula 02
Teorias da Comunicação Digital - Aula 02Teorias da Comunicação Digital - Aula 02
Teorias da Comunicação Digital - Aula 02
 
Cibercultura
CiberculturaCibercultura
Cibercultura
 

Semelhante a Tecnologias Informação Novas Linguagens Conhecimento

Novas Tecnologias E EducaçãO
Novas Tecnologias E EducaçãONovas Tecnologias E EducaçãO
Novas Tecnologias E EducaçãOEliane Almeida
 
Determinismos tecnológicos
Determinismos tecnológicosDeterminismos tecnológicos
Determinismos tecnológicosguest9b381f
 
Sociedade da informação e do conhecimento (2).pptx
Sociedade da informação e do conhecimento (2).pptxSociedade da informação e do conhecimento (2).pptx
Sociedade da informação e do conhecimento (2).pptxPaulalsilveira Silveira
 
Cibercultura
CiberculturaCibercultura
CiberculturaJoanirse
 
Sociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos CORRIGIDO.pdf
Sociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos  CORRIGIDO.pdfSociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos  CORRIGIDO.pdf
Sociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos CORRIGIDO.pdfclaudia dalto
 
Novas mídias, massas e agendamento
Novas mídias, massas e agendamentoNovas mídias, massas e agendamento
Novas mídias, massas e agendamentoMurilo Pinto
 
Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...
Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...
Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...Rita Brito
 
Filosofia 2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedade
Filosofia   2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedadeFilosofia   2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedade
Filosofia 2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedademtolentino1507
 
LEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da Inteligência
LEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da InteligênciaLEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da Inteligência
LEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da InteligênciaFabio Pedrazzi
 
Tecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influências
Tecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influênciasTecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influências
Tecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influênciasFrancisco Santos
 
Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...
Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...
Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...Hélder Pereira
 
Aula 3 – Cibercultura: introdução
Aula 3 – Cibercultura: introduçãoAula 3 – Cibercultura: introdução
Aula 3 – Cibercultura: introduçãobreakingcasper
 
O planeta movido a internet é escravo...
O planeta movido a internet é escravo...O planeta movido a internet é escravo...
O planeta movido a internet é escravo...Professor Gilson Nunes
 
A educação voltada para o futuro
A educação voltada para o futuroA educação voltada para o futuro
A educação voltada para o futuroFernando Alcoforado
 
O impacto das novas tecnologias sem vídeos
O impacto das novas tecnologias sem vídeosO impacto das novas tecnologias sem vídeos
O impacto das novas tecnologias sem vídeoscomempresarial
 
Cibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianos
Cibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianosCibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianos
Cibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianosEdmea Santos
 
Tecnologia na sociedade
Tecnologia na sociedade Tecnologia na sociedade
Tecnologia na sociedade mluisavalente
 
Cibercultura a sociedade em rede e as mídias interativas
Cibercultura a sociedade em rede e as mídias interativasCibercultura a sociedade em rede e as mídias interativas
Cibercultura a sociedade em rede e as mídias interativasAndreia Regina Moura Mendes
 

Semelhante a Tecnologias Informação Novas Linguagens Conhecimento (20)

Novas Tecnologias E EducaçãO
Novas Tecnologias E EducaçãONovas Tecnologias E EducaçãO
Novas Tecnologias E EducaçãO
 
Determinismos tecnológicos
Determinismos tecnológicosDeterminismos tecnológicos
Determinismos tecnológicos
 
Sociedade da informação e do conhecimento (2).pptx
Sociedade da informação e do conhecimento (2).pptxSociedade da informação e do conhecimento (2).pptx
Sociedade da informação e do conhecimento (2).pptx
 
Cibercultura
CiberculturaCibercultura
Cibercultura
 
Sociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos CORRIGIDO.pdf
Sociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos  CORRIGIDO.pdfSociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos  CORRIGIDO.pdf
Sociedade_Tecnologica-Dialogos_Cruzamentos_e_Entrecruzamentos CORRIGIDO.pdf
 
Novas mídias, massas e agendamento
Novas mídias, massas e agendamentoNovas mídias, massas e agendamento
Novas mídias, massas e agendamento
 
Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...
Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...
Tecnologias de Informação e Comunicação – Domínio da Audição e Surdez - Apres...
 
Filosofia 2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedade
Filosofia   2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedadeFilosofia   2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedade
Filosofia 2º bimestre - 3ª série - tecnologia e sociedade
 
LEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da Inteligência
LEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da InteligênciaLEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da Inteligência
LEVY, Pierre (1998) - Tecnologias da Inteligência
 
Tecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influências
Tecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influênciasTecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influências
Tecnologia, Sociedade e Educação: uma encruzilhada de influências
 
1254920712 manual tic
1254920712 manual tic1254920712 manual tic
1254920712 manual tic
 
Tecnologia e Sociedade
Tecnologia e SociedadeTecnologia e Sociedade
Tecnologia e Sociedade
 
Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...
Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...
Reflexões sobre a Comunicação Face a Face / Comunicação Mediada por Computado...
 
Aula 3 – Cibercultura: introdução
Aula 3 – Cibercultura: introduçãoAula 3 – Cibercultura: introdução
Aula 3 – Cibercultura: introdução
 
O planeta movido a internet é escravo...
O planeta movido a internet é escravo...O planeta movido a internet é escravo...
O planeta movido a internet é escravo...
 
A educação voltada para o futuro
A educação voltada para o futuroA educação voltada para o futuro
A educação voltada para o futuro
 
O impacto das novas tecnologias sem vídeos
O impacto das novas tecnologias sem vídeosO impacto das novas tecnologias sem vídeos
O impacto das novas tecnologias sem vídeos
 
Cibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianos
Cibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianosCibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianos
Cibercultura e educação em tempos de mobilidade: conversando com os cotidianos
 
Tecnologia na sociedade
Tecnologia na sociedade Tecnologia na sociedade
Tecnologia na sociedade
 
Cibercultura a sociedade em rede e as mídias interativas
Cibercultura a sociedade em rede e as mídias interativasCibercultura a sociedade em rede e as mídias interativas
Cibercultura a sociedade em rede e as mídias interativas
 

Mais de Filomeno Bida Oliveira Júnior

Mais de Filomeno Bida Oliveira Júnior (19)

Tecnologia e a Formação do Professor
Tecnologia e a Formação do ProfessorTecnologia e a Formação do Professor
Tecnologia e a Formação do Professor
 
Os Riscos da Linguagem da Internet
Os Riscos da Linguagem da InternetOs Riscos da Linguagem da Internet
Os Riscos da Linguagem da Internet
 
O Miguxês
O MiguxêsO Miguxês
O Miguxês
 
O Internetês
O InternetêsO Internetês
O Internetês
 
Novas Relações e Novas Linguagens
Novas Relações e Novas LinguagensNovas Relações e Novas Linguagens
Novas Relações e Novas Linguagens
 
As Mídias na Educação
As Mídias na EducaçãoAs Mídias na Educação
As Mídias na Educação
 
Um Novo Paradigma Em EducaçãO
Um Novo Paradigma Em EducaçãOUm Novo Paradigma Em EducaçãO
Um Novo Paradigma Em EducaçãO
 
Atividade Exclusao Social
Atividade   Exclusao SocialAtividade   Exclusao Social
Atividade Exclusao Social
 
Plano De Aula Unaí
Plano De Aula   UnaíPlano De Aula   Unaí
Plano De Aula Unaí
 
O Uso Da Internet Na EducaçãO
O Uso Da Internet Na EducaçãOO Uso Da Internet Na EducaçãO
O Uso Da Internet Na EducaçãO
 
Diferentes Usos Do Computador Na Escola
Diferentes Usos Do Computador Na EscolaDiferentes Usos Do Computador Na Escola
Diferentes Usos Do Computador Na Escola
 
Novo Paradigma Em EducaçãO
Novo Paradigma Em EducaçãONovo Paradigma Em EducaçãO
Novo Paradigma Em EducaçãO
 
Apres. Unidade 1 Texto 3
Apres. Unidade 1   Texto 3Apres. Unidade 1   Texto 3
Apres. Unidade 1 Texto 3
 
Unidade 1 Texto 2 O Processo De ComunicaçãO
Unidade 1   Texto 2   O Processo De ComunicaçãOUnidade 1   Texto 2   O Processo De ComunicaçãO
Unidade 1 Texto 2 O Processo De ComunicaçãO
 
Apres
ApresApres
Apres
 
Unidade 1 Texto 1 A UtilizaçãO Das Tic
Unidade 1   Texto 1   A UtilizaçãO Das TicUnidade 1   Texto 1   A UtilizaçãO Das Tic
Unidade 1 Texto 1 A UtilizaçãO Das Tic
 
Unidade 1 Texto 1 A UtilizaçãO Das Tic
Unidade 1   Texto 1   A UtilizaçãO Das TicUnidade 1   Texto 1   A UtilizaçãO Das Tic
Unidade 1 Texto 1 A UtilizaçãO Das Tic
 
Apres. Unidade 1 Texto 2
Apres. Unidade 1   Texto 2Apres. Unidade 1   Texto 2
Apres. Unidade 1 Texto 2
 
Apresentaçao texto 1 - Unidade 1
Apresentaçao texto 1 - Unidade 1Apresentaçao texto 1 - Unidade 1
Apresentaçao texto 1 - Unidade 1
 

Tecnologias Informação Novas Linguagens Conhecimento

  • 1. Tecnologias Da Informação: Novas Linguagens Do Conhecimento Por Demócrito Reinaldo Filho O homem sempre demonstrou uma tendência a reagir contra o novo, o revolucionário, enfim contra tudo que, num primeiro momento, não esteja submetido ao seu domínio. É quase como um mecanismo de defesa, que dispara automaticamente quando alguma coisa parece ameaçar sua segurança. Daí porque não é difícil entender o pensamento daqueles que se antepõem às inovações tecnológicas, sobretudo quando estas importam na modificação frenética da forma como as coisas se processam na sociedade. Partem de uma falsa noção que procura antagonizar homem e máquina, como se os objetos técnicos nada contivessem da substância humana; como se não fossem criados e desenvolvidos pelo próprio homem, para ajudá-lo a melhorar o complexo mundo que ele mesmo criou. Na maioria dos casos, a origem desse comportamento tem raízes apenas na ignorância e ressentimento de alguns que se sentem ameaçados pelas máquinas de alta tecnologia, vistas como seres hostis que estão ocupando o lugar do homem na sociedade contemporânea. Mas, no mínimo, algumas considerações merecem ser feitas quando filósofos e pensadores respeitados passam a ver a relação homem-máquina como combinação de elementos na qual este tem muito a perder, e não como uma relação da qual possa tirar proveito e desenvolver-se. É o que se discute em torno da informática contemporânea, ou seja, a informática de rede, que tem na Internet a concretização de um espaço ou mundo virtual (ciberespaço) que está gerando profundas modificações na forma do relacionamento humano. Alguns pensadores, considerados quot;apocalípticosquot;, vêem na virtualização das relações por meio telemático um caminho para a degeneração dos valores humanos e para a perda de referências físicas e psíquicas. Baudrillard, por exemplo, chega a alertar para os perigos das novas tecnologias da informação, que podem proporcionar o fim da cultura, das artes etc. Lucien Sfez, por sua vez, aponta o tautismo (que seria uma síntese de tautologia + autismo), para definir o estado de alheamento do homem do mundo exterior, na realização de tarefas repetidas e troca de informações no espaço virtual, como paradigma da nova sociedade da informação. Realmente, não podemos deixar de concordar que as novas tecnologias de comunicação estão proporcionando o aparecimento de um estilo de vida diferente de tudo o que estamos acostumados a vivenciar. O que não nos parece seguro é afirmar que as relações humanas estão sendo enfraquecidas pelas relações tecnológicas; melhor seria dizer que as relações humanas encontraram nova forma de expressão e desenvolvimento, completamente distintos do padrão a que estamos acostumados. As máquinas não possuem um desenvolvimento em tudo independente do homem, mas respondem à uma necessidade de evolução da própria humanidade. quot;A informática não tem mais nada a ver com computadores. Tem a ver com a vida das pessoasquot;, adverte Nicolas Negroponte, um dos gurus da nova sociedade virtual e Prof. do respeitado MIT (Massachussets Institut of Technology), tentando explicar a importância do novo espaço virtual (ciberespaço) na nossa vida cotidiana. De fato, computadores operando em rede estão produzindo uma transformação tão fantástica e assustadoramente veloz na forma como as coisas se processam na sociedade, que o melhor seria tentar compreender como a Internet funciona e como se transforma. A origem da informática está associada ao momento histórico em que o homem foi obrigado a transferir para máquinas o processamento de informações que ele não estava mais habilitado a controlá-las sozinho, necessárias para tomadas de decisões em um mundo complexo. Inicialmente, a arquitetura informática era inspirada em sistemas fechados e centralizados, baseados em grandes computadores (mainframes). Esses tipos de sistemas dominaram quase toda a história da informática, geridos por grandes empresas, e em que o usuário não tinha qualquer interferência e interação com os computadores. Com o passar do tempo, o avanço tecnológico permitiu o aperfeiçoamento do pequeno computador, que provocou uma pulverização no processamento computadorizado da informação. As empresas de menor porte puderam desenvolver seus próprios sistemas, mais baratos e que podiam interagir com os sistemas fechados. Mas ainda assim a informação de uma maneira geral era processada localmente, em unidades autônomas, sem que os computadores unissem suas capacidades e compartilhassem seus recursos. Só depois sobreveio a grande revolução dentro
  • 2. da própria revolução informática, quando os computadores passaram a ser interligados em rede. Sílvio Meira, em seu último artigo publicado no site da Agência Estado, utiliza uma linguagem bem interessante para explicar, sob a perspectiva do consumidor, essas três gerações de computadores. Na primeira delas, os computadores ficavam atrás dos balcões de atendimento das empresas. Quem atendia o cliente, preenchia formulários e os entregava para processamento interno na empresa. Na segunda, os computadores migraram para o balcão de antendimento, onde um empregado da empresa realizava as operações pelo cliente e servia como intermediário entre ele e o sistema central de computação. Na terceira geração, o computador está depois do balcão, na forma dos terminais de acesso ao público, nas repartições, nos bancos, escolas e sobretudo nas próprias residências, nos serviços providos de acesso pela Internet. A principal característica desta última geração, portanto, é a mudança do foco da computação, que se transferiu da instituição e seus funcionários para o usuário final. Se nos primórdios a informática era coisa para poucos, cientistas e técnicos, hoje torna-se cada vez mais indispensável à nossa vida cotidiana, até mesmo para a realização de simples tarefas domésticas, daí porque não se deve assumir uma postura avessa às novas tecnologias, mas procurar utilizá-las para aumentar nossa capacidade de troca e manipulação da informação. A habilidade que se exige do homem médio, do simples consumidor, no trato com as máquinas, é cada vez mais acessível, pois os sistemas de informação desta terceira geração são muito mais simples e fáceis de usar do que os anteriores. A simplicidade funciona mesmo como um diferencial competitivo entre as empresas de informática, pois uma coisa é vender produtos para informatas, pessoas com formação técnica, outra é alcançar o universo dos usuários domésticos. As novas tecnologias da informação, sintetizadas no acesso à internet, constituem meios admiráveis para o descobrimento, a invenção e a criação humanas. As transformações que permitem são imensamente favoráveis aos indivíduos. A cultura e as artes ou qualquer outra forma de expressão da inteligência e sensibilidade humanas tendem a se desenvolver nesse novo mundo virtual, e não ao contrário. Nem tampouco iremos caminhar em direção a um futuro em que os homens passarão a viver num isolacionismo cada vez maior, alheado às relações com seus semelhantes mais próximos. Em primeiro lugar porque é um engano pensar que com o surgimento do ciberespaço o ambiente natural vai ser alterado. O ciberespaço preserva os espaços antecedentes, do mundo concreto e físico, onde as atividades tradicionais irão permanecer. As relações interpessoais, sem a mediação dos meios eletrônicos de comunicação, continuarão a ser estabelecidas nas formas com que estamos acostumados. Em segundo lugar porque a marca mais acentuada da Internet é o cooperativismo, e não o isolamento. Isso tem explicação na própria origem da internet, nascida em meios acadêmicos, utilizada para troca de informações entre pesquisadores, mas também retrata a imensidão da rede, que ninguém, sozinho, consegue dominar e conhecer todo o seu funcionamento, daí porque necessita ser construída coletivamente, com o predomínio de uma ética que valoriza a troca de informações. Por fim, é preciso atentar que a internet é uma mídia totalmente diferente dos quot;classics mediaquot;, ou seja, da mídia tradicional - o rádio e a televisão-, que funcionam pela irradiação das informações de uma fonte centralizada. Em razão de sua estrutura toda baseada no padrão de rede - ponto a ponto -, permite estabelecer um processo de comunicação interativo. As características do mundo virtual, portanto, permitem potencializar as habilidades do indivíduo, que está diante de uma nova linguagem do conhecimento. Não é apenas a superioridade do hipertexto, que quebra a linearidade da escrita, permitindo estabelecer conexões múltiplas no texto. Mas todo um conjunto de ícones, comandos, sons e imagens, que deságua na sinergia da hipermídia, constituindo um formidável aparato para o desenvolvimento do intelecto humano. É mais do que uma nova linguagem do conhecimento; é uma quot;metalinguagemquot;, ou, como prefere Marcelo Araújo Franco, uma nova quot;Tecnologia Digital da Inteligênciaquot;. Esclarece esse renomado educador e filósofo que a humanidade conheceu três formas de tecnologias da inteligência: a oralidade primária, a escrita e a informática. A escrita transformou toda a cultura e é responsável pelo domínio do conhecimento tal qual atualmente o conhecemos. A informática representa uma tecnologia intelectual muito mais sofisticada, que abre caminho para construção de novas experiências do conhecimento. Disso tudo eu tenho a minha própria impressão: não são as máquinas que estão se transformando, mas o próprio homem, e para melhor, muito melhor. Por incrível que pareça,
  • 3. nossa geração está assistindo à construção de um modelo de homem superior, mais evoluído e inteligente.