1. Porque falar sobre violência contra a mulher?
• a cada 15 segundos, uma mulher é agredida no Brasil.
• o Brasil é um dos países que mais sofre com a violência doméstica: 23% das mulheres
brasileiras estão sujeitas a esse tipo de violência.
• pelo menos uma em cada três mulheres ao redor do mundo sofre algum tipo de violência
durante sua vida.
• a violência doméstica é a principal causa de morte e deficiência entre mulheres de 16 a 44
anos de idade e mata mais do que câncer e acidentes de trânsito.
• cerca de 70% das vítimas de assassinato do sexo feminino foram mortas por seus maridos
ou companheiros.
• a violência contra a mulher atinge indistintamente mulheres de todas as classes sociais,
raças e etnias, religiões e culturas.
• a violência contra a mulher produz conseqüências emocionais devastadoras, muitas vezes
irreparáveis, e impactos graves sobre a saúde mental sexual e reprodutiva da mulher.
• mais de 40% das ações violentas resultam em lesões corporais graves decorrentes de
socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos.
• a violência ou mesmo o medo da violência aumenta a vulnerabilidade da mulher à infecção
pelo HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis. O temor de sofrer violência
pode, por exemplo, fazer com que a mulher se submeta a relações sexuais desprotegida.
Em 1983 Maria da Penha Maia Fernandes estava dormindo quando levou um tiro pelas costas. O autor do disparo
era o marido, pai de suas três filhas. Maria ficou paraplégica, mas voltou para casa depois de uma temporada no
hospital. Ela já sofria com agressões antes do episódio, mas, aos 38 anos, temia em pedir a separação. “Tinha medo
que chegasse a esse ponto de violência, mas ao mesmo tempo achava que não seria possível”, diz. Ela só saiu de
casa depois da segunda tentativa de assassinato por Marco Antônio Viveiros, que desta vez tentou eletrocutá-la
durante o banho.
“Querida Celmar, infelizmente não pudemos ouvir teus gritos de socorro na última terça-feira, quando teu ex-marido
te perseguiu e com muitas facadas te matou. Teu pedido de ajuda por certo foi entendido pelas pessoas como mais
uma briga de casal. E, “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Não é isso que ouvimos falar a vida
inteira? E não é essa a forma mais fácil encontrada pelas pessoas para omitir-se diante da pavorosa violência contra
a mulher que só cresce? Facadas, tiros, tapas, empurrões, amiga que se foi, aumentam cada vez que falta dinheiro
no bolso, recrudescem sempre que bate a raiva e a frustração, seja ela pela falta de emprego, de dinheiro ou de
amor próprio ferido. Quando **********, pai dos teus filhos, te esfaqueou e te tirou a vida, provavelmente queria matar
a motorista de ônibus que vencia os preconceitos e tinha coragem de dizer não. Teus gritos não foram ouvidos
porque as pessoas estão ironicamente se acostumando com as cenas de violência doméstica, Mata-se pai, mãe,
filho, mulher. E ali, minha amiga, nem sempre funciona. Os governos com raras exceções cruzam os braços e
abandomam as suas vítimas. Neste sexto dia da tua morte, que coincide com o Dia Internacional de Combate à
Violência contra a mulher, te homenageamos como símbolo das mulheres batidas, esmurradas, esfaqueadas,
estupradas, chutadas, xingadas, e mortas. E te prometemos justiça: vamos exigir a punição do teu assassino e de
todas as mulheres que como tu, tiveram a vida parcialmente ou definitivamente tirada. Porto Alegre, 25 de Novembro
de 1996.
“Pensei que ia morrer. Fui marcada com um gado e tratada como um animal. Ele falou que eu ia ficar bem feia para
não ficar com mais ninguém na minha vida. Falou que se eu o entregasse à polícia ele mataria meus outros dois
filhos, de 7 e 5 anos, que são de outro relacionamento. Se ele for liberado, não sei o que será da minha vida. Tenho
medo que ele volte e mate todo mundo”, disse ela na 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o caso de tortura, ameaça e
tentativa de homicídio foi registrado. O agressor alegou que o motivo seria ciúmes. Segundo Paula, o casal estava
separado há um ano. 2011