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CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO,
CIRCULAÇÃO E CONSUMO DE
MENSAGENS
 McLuhan, na obra A Galaxia de Gutemberg (1977),
já havia enfatizado a disseminação da informação
após a revolução da prensa;
 Isso estimulou o desenvolvimento das relações
comerciais entre a Europa e outras partes do
mundo;
 Thompson (1998), “foi somente no século XIX,
porém, que as redes de comunicação foram
organizadas sistematicamente em escala global.
[…] ( graças às novas tecnologias);
 O desenvolvimento desses novos meios (telégrafo,
telefone, rádio, televisão, e mais recentemente
celular e internet) expandiu grandemente a
capacidade de transmitir informação através de
longas distâncias de maneira flexível e instantânea;
 Para Canetti (1995), tais movimentos podem ainda
ser vistos como as “massas abertas”,
caracterizadas pela ânsia de crescer: são os
recordes de seguidores no Twitter, as comunidades
lotadas de membros no Orkut, os fenômenos” da
internet, que a cada semana se destacam como o
vídeo mais acessado, entre tantos outros
exemplos;
 O público consome o que é transmitido e
intermediado pelas tecnologias comunicacionais,
atribuindo seus valores e interpretações nessa
circulação permanente de signos. Assim,
resumidamente, construímos nossos referenciais,
nossas identidades, nossas visões de mundo;
 Baudrillard (1995), numa crítica mais severa,
contesta o que chamou de “orquestração das
mensagens”, que seria regida pela imprensa,
meios eletrônicos e publicidade, numa
“descontinuidade de signos e de mensagens”, a fim
de levar ao condicionamento e até mesmo ao
desconhecimento.;
 Para Bauman (2008), isso seria exatamente uma
estratégia da esmagadora sociedade de
informação, que produz e distribui um volume cada
vez maior de dados, notícias, novidades, de forma
que as brechas entre os momentos de consumo
possam ser preenchidas com mais informação;
O CONSUMO DA INFORMAÇÃO
 O sociólogo Pierre Bourdieu (1997) criticava o
monopólio que os jornalistas exerciam sobre os
instrumentos de produção e distribuição em grande
escala da informação, sendo essa a sua (dos
jornalistas) fundamental importância no mundo
social;
 “[...] eles exercem uma forma raríssima de
dominação:
-têm o poder sobre os meios de se exprimir
publicamente, de existir publicamente, de ser
conhecido, de ter acesso a notoriedade pública”
(Bourdieu, 1997, p. 66).
 Hoje, com as mídias digitais, começamos a assistir
a quebra da rigidez da fonte emissora, dessa
mediação, e a gradativa redução das audiências de
massa.
 Lemos reforça que as mídias digitais agem em
duas frentes:
- ampliando a capacidade dos meios tradicionais
(como satélites, cabos, fibras ópticas), ou criando
novas tecnologias, tal qual computadores,
videotextos, celulares, TV digital,
etc.
 “Se os media clássicos não vão desaparecer, é
certo, ao menos, que muita coisa vai mudar no
conteúdo e na forma de consumirmos as
informações” (Lemos, 1997)
 O consumo da informação nesse novo cenário
começa a transcender a compreensão dos
modelos comunicacionais tradicionais dos meios
analógicos.
 A própria forma de consumo da informação está
mais flexível e individualizada.
 Os meios de comunicação precisam então estar
atentos não só aos impactos que as tecnologias
digitais exercem nos processos de produção e
distribuição da notícia, mas essencialmente nesses
modos de consumo da informação que estão se
desenhando;
 a revista Newsweek do dia 25 de maio de 2009
anunciou uma profunda restruturação, suprimindo
editorias, reformulando o perfil editorial e a sua
versão na internet. Mas em dezembro de 2012 ela
chegou ao fim;
 Lembremos que essa foi uma das maiores revistas
semanais do mundo. Na década de 1970 ela
vendia cerca de 7 milhões de exemplares por
semana;
 Um levantamento da Pew Research Center for the
People & the Press mostra que a internet é a
principal fonte de notícias nacionais e
internacionais de 40% da população dos Estados
Unidos;
 De acordo com o relatório anual realizado pela
organização The State of the News Media, de 2001
a 2008 a circulação impressa dos jornais
americanos caíram 13,5% durante a semana e
17,3% aos domingos;
 Dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC)
dão conta da queda na circulação das edições
impressas tradicionais. Por exemplo, em abril de
1999, a média diária de circulação paga nos dias
úteis da Folha de S. Paulo era de 462 mil
exemplares, mas uma década depois, em 2009,
esse número caiu quase 40% (para 281 mil). No
jornal O Globo, dos 310 mil exemplares há dez
anos, circulam atualmente em torno de 245 mil. E o
fenômeno se repete em praticamente todas as
regiões do País;
 “[...] Desde antes do século XIX, o jornalismo tem
sido um negócio e as notícias uma mercadoria que
tem alimentado o desenvolvimento de companhias
altamente lucrativas” (Traquina, 2005, p. 27).
 Mas foi século XIX que as empresas de mídia se
organizaram e os jornais passaram a “vender”
informação, um novo produto chamado notícia,
agora baseado em fatos e não mais no formato
opinativo.
 Mas como sobreviver enquanto negócio, quando as
fontes de informação se polarizam e a internet
oferece atrativos antes impossíveis aos jornais,
como a instantaneidade, interatividade,
personalização e acesso livre (sem custos) às
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 Migração de veículos impressos para a web e a
tentativa de ocupar esse espaço ainda emergente.
 Revistas, jornais, rádios ou programas de televisão,
mais do que colocar uma página na rede, tentam
se apropriar também de outros canais, como
comunidades em redes sociais, criação de blogs,
presença no Twitter, conteúdos disponíveis para
celular, postagem de vídeo reportagens no You
Tube, utilização de salas de bate-papo em seus
sites, incentivo à interatividade e envio de material
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 Traquina (2005) coloca que as inovações
tecnológicas, em particular a internet, marcam as
práticas jornalísticas no que se refere à velocidade
e processos de produção, transpondo as barreiras
do tempo e do espaço, globalizando notícias e
audiências, oferecendo novas possibilidades ao
próprio jornalismo, mas também transformando-o
cada vez mais numa “arena de disputa” entre todos
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 Muniz Sodré afirma que estamos diante de uma
nova lógica, quando se desloca para o receptor
grande parte do poder de pautar os
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 Bruns (2003) sugere uma interessante revisão da
teoria dos Gatekeepers e propões o termo
Gatewatching, com o fundamental dever de filtrar a
informação e republicá-la em contexto específico,
dependendo dos interesses do público e do
veículo.
REFERÊNCIAS
 BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edições 70, 1995.
 BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo. A transformação das pessoas em
mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.
 BRUNS, Axel. Gatewatching, not gatekeeping: collaborative online news. Media
International Australia, 2003.
 BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
 CANETTI, Elias. Massa e Poder. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
 LEMOS, André. Anjos Interativos e Retribalização do Mundo. Sobre Interatividade
e Interfaces Digitais. Publicado in Tendências XXI, Lisboa, 1997. Disponível em:
http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf. Acesso em: 27
dezembro 2012
 _________. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto
Alegre: Sulina, 2002.
 MCLUHAN, Marshall. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. 2. ed. São
Paulo: Editora Nacional, 1977.
 PEW RESEARCH CENTER FOR THE PEOPLE & THE PRESS. Internet Overtakes
Newspapers as News Outlet. Washington, 23 dez. 2008. Disponível em:
http://pewresearch.org/pubs/1066/internet-overtakes-newspapers-as-news-source. Acesso em: 27
dezembro de 2012
 SODRÉ, Muniz. A narração do fato. Notas para uma teoria do acontecimento. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2009.
 THE STATE OF THE NEWS MEDIA. An annual report on american journalism. Disponível em:
http://www.stateofthemedia.org/2009/narrative_newspapers_audience.php? cat=2&media=4.
Acesso em: 27 dezembro 2012.
 THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade – uma teoria social da mídia. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1998.
 TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as mídias são como são. v 1.Florianópolis:
Insular, 2004.

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Comunicação comparada - Aula 2

  • 2.  McLuhan, na obra A Galaxia de Gutemberg (1977), já havia enfatizado a disseminação da informação após a revolução da prensa;  Isso estimulou o desenvolvimento das relações comerciais entre a Europa e outras partes do mundo;  Thompson (1998), “foi somente no século XIX, porém, que as redes de comunicação foram organizadas sistematicamente em escala global. […] ( graças às novas tecnologias);
  • 3.  O desenvolvimento desses novos meios (telégrafo, telefone, rádio, televisão, e mais recentemente celular e internet) expandiu grandemente a capacidade de transmitir informação através de longas distâncias de maneira flexível e instantânea;  Para Canetti (1995), tais movimentos podem ainda ser vistos como as “massas abertas”, caracterizadas pela ânsia de crescer: são os recordes de seguidores no Twitter, as comunidades lotadas de membros no Orkut, os fenômenos” da internet, que a cada semana se destacam como o vídeo mais acessado, entre tantos outros exemplos;
  • 4.  O público consome o que é transmitido e intermediado pelas tecnologias comunicacionais, atribuindo seus valores e interpretações nessa circulação permanente de signos. Assim, resumidamente, construímos nossos referenciais, nossas identidades, nossas visões de mundo;  Baudrillard (1995), numa crítica mais severa, contesta o que chamou de “orquestração das mensagens”, que seria regida pela imprensa, meios eletrônicos e publicidade, numa “descontinuidade de signos e de mensagens”, a fim de levar ao condicionamento e até mesmo ao desconhecimento.;
  • 5.  Para Bauman (2008), isso seria exatamente uma estratégia da esmagadora sociedade de informação, que produz e distribui um volume cada vez maior de dados, notícias, novidades, de forma que as brechas entre os momentos de consumo possam ser preenchidas com mais informação;
  • 6. O CONSUMO DA INFORMAÇÃO  O sociólogo Pierre Bourdieu (1997) criticava o monopólio que os jornalistas exerciam sobre os instrumentos de produção e distribuição em grande escala da informação, sendo essa a sua (dos jornalistas) fundamental importância no mundo social;  “[...] eles exercem uma forma raríssima de dominação: -têm o poder sobre os meios de se exprimir publicamente, de existir publicamente, de ser conhecido, de ter acesso a notoriedade pública” (Bourdieu, 1997, p. 66).
  • 7.  Hoje, com as mídias digitais, começamos a assistir a quebra da rigidez da fonte emissora, dessa mediação, e a gradativa redução das audiências de massa.  Lemos reforça que as mídias digitais agem em duas frentes: - ampliando a capacidade dos meios tradicionais (como satélites, cabos, fibras ópticas), ou criando novas tecnologias, tal qual computadores, videotextos, celulares, TV digital, etc.
  • 8.  “Se os media clássicos não vão desaparecer, é certo, ao menos, que muita coisa vai mudar no conteúdo e na forma de consumirmos as informações” (Lemos, 1997)  O consumo da informação nesse novo cenário começa a transcender a compreensão dos modelos comunicacionais tradicionais dos meios analógicos.
  • 9.  A própria forma de consumo da informação está mais flexível e individualizada.  Os meios de comunicação precisam então estar atentos não só aos impactos que as tecnologias digitais exercem nos processos de produção e distribuição da notícia, mas essencialmente nesses modos de consumo da informação que estão se desenhando;
  • 10.  a revista Newsweek do dia 25 de maio de 2009 anunciou uma profunda restruturação, suprimindo editorias, reformulando o perfil editorial e a sua versão na internet. Mas em dezembro de 2012 ela chegou ao fim;  Lembremos que essa foi uma das maiores revistas semanais do mundo. Na década de 1970 ela vendia cerca de 7 milhões de exemplares por semana;
  • 11.
  • 12.  Um levantamento da Pew Research Center for the People & the Press mostra que a internet é a principal fonte de notícias nacionais e internacionais de 40% da população dos Estados Unidos;  De acordo com o relatório anual realizado pela organização The State of the News Media, de 2001 a 2008 a circulação impressa dos jornais americanos caíram 13,5% durante a semana e 17,3% aos domingos;
  • 13.  Dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) dão conta da queda na circulação das edições impressas tradicionais. Por exemplo, em abril de 1999, a média diária de circulação paga nos dias úteis da Folha de S. Paulo era de 462 mil exemplares, mas uma década depois, em 2009, esse número caiu quase 40% (para 281 mil). No jornal O Globo, dos 310 mil exemplares há dez anos, circulam atualmente em torno de 245 mil. E o fenômeno se repete em praticamente todas as regiões do País;
  • 14.  “[...] Desde antes do século XIX, o jornalismo tem sido um negócio e as notícias uma mercadoria que tem alimentado o desenvolvimento de companhias altamente lucrativas” (Traquina, 2005, p. 27).  Mas foi século XIX que as empresas de mídia se organizaram e os jornais passaram a “vender” informação, um novo produto chamado notícia, agora baseado em fatos e não mais no formato opinativo.
  • 15.  Mas como sobreviver enquanto negócio, quando as fontes de informação se polarizam e a internet oferece atrativos antes impossíveis aos jornais, como a instantaneidade, interatividade, personalização e acesso livre (sem custos) às notícias?
  • 16.  Migração de veículos impressos para a web e a tentativa de ocupar esse espaço ainda emergente.  Revistas, jornais, rádios ou programas de televisão, mais do que colocar uma página na rede, tentam se apropriar também de outros canais, como comunidades em redes sociais, criação de blogs, presença no Twitter, conteúdos disponíveis para celular, postagem de vídeo reportagens no You Tube, utilização de salas de bate-papo em seus sites, incentivo à interatividade e envio de material colaborativo por parte do público, entre tantos outros exemplos.
  • 17.  Traquina (2005) coloca que as inovações tecnológicas, em particular a internet, marcam as práticas jornalísticas no que se refere à velocidade e processos de produção, transpondo as barreiras do tempo e do espaço, globalizando notícias e audiências, oferecendo novas possibilidades ao próprio jornalismo, mas também transformando-o cada vez mais numa “arena de disputa” entre todos os membros da sociedade.
  • 18.  Muniz Sodré afirma que estamos diante de uma nova lógica, quando se desloca para o receptor grande parte do poder de pautar os acontecimentos.  Bruns (2003) sugere uma interessante revisão da teoria dos Gatekeepers e propões o termo Gatewatching, com o fundamental dever de filtrar a informação e republicá-la em contexto específico, dependendo dos interesses do público e do veículo.
  • 19. REFERÊNCIAS  BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edições 70, 1995.  BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo. A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.  BRUNS, Axel. Gatewatching, not gatekeeping: collaborative online news. Media International Australia, 2003.  BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.  CANETTI, Elias. Massa e Poder. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.  LEMOS, André. Anjos Interativos e Retribalização do Mundo. Sobre Interatividade e Interfaces Digitais. Publicado in Tendências XXI, Lisboa, 1997. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf. Acesso em: 27 dezembro 2012  _________. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002.
  • 20.  MCLUHAN, Marshall. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. 2. ed. São Paulo: Editora Nacional, 1977.  PEW RESEARCH CENTER FOR THE PEOPLE & THE PRESS. Internet Overtakes Newspapers as News Outlet. Washington, 23 dez. 2008. Disponível em: http://pewresearch.org/pubs/1066/internet-overtakes-newspapers-as-news-source. Acesso em: 27 dezembro de 2012  SODRÉ, Muniz. A narração do fato. Notas para uma teoria do acontecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.  THE STATE OF THE NEWS MEDIA. An annual report on american journalism. Disponível em: http://www.stateofthemedia.org/2009/narrative_newspapers_audience.php? cat=2&media=4. Acesso em: 27 dezembro 2012.  THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade – uma teoria social da mídia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.  TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as mídias são como são. v 1.Florianópolis: Insular, 2004.