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mail para seus assinantes.
A publicação apresenta matérias de autoria
do próprio site Nexo, mas inclui uma
quantidade relevante de matérias oriundas
de outros portais de notícias. Grande parte
destes portais pertencentes a jornais da
mídia de massa, com atenção especial para
a Folha de São Paulo e o Estadão.
Este estudo pretende demonstrar como a
mídia de massa tem se enquadrado no
ciberjornalismo e como as antigas e as
novas mídias se interagem para a
sobrevivência de ambas.
PALAVRAS-CHAVE:
Ciberjornalismo; Convergência;
Remediação; Jornalismo Digital.
INTRODUÇÃO:
O avanço das novas tecnologias e a
adaptação da sociedade à cibercultura
modificou as formas de produção de
notícias e consequentemente a maneira de
distribuição e consumo por parte do
público.
De acordo com Bastos (2012) o
aparecimento da internet e a subsequente
emergência do ciberjornalismo
proporcionou ao jornalismo a exploração
de novos territórios e diferentes
linguagens.
Para o autor, ciberjornalistas diferem de
seus colegas de profissão porque utilizam
em seus trabalhos as características
particulares da internet, como a
multimídia, interatividade e o hipertexto.
A questão que se levantou com a mudança
no comportamento dos consumidores de
notícia foi a sobrevivência ou não dos
antigos meios de comunicação com uma
crescente parcela do mercado sendo
conquistada pelos novos meios.
Por questão de sobrevivência, os antigos
meios de comunicação se viram na
urgência de uma reestruturação. Essa
mudança foi necessária para que a grande
imprensa de massa pudesse atender a
demanda de um público adepto às novas
tecnologias da informação.
Alguns veículos demoraram um tempo
para perceber esta realidade, alguns não
resistiram e outros experimentam
atualmente novas formas de comunicação.
Para Primo (2010) e Jenkins (2008) as
novas tecnologias não irão acabar com as
antigas, mas sim farão uma interação.
Os autores acreditam que uma mídia
necessita da outra para a sobrevivência de
ambas.
Para Jenkins (2008) os velhos meios de
comunicação não estão sendo substituídos,
suas funções e status estão sendo
transformados pela produção de novas
tecnologias.
Já Primo (2010) defende a ideia da
necessidade que antigas e novas
tecnologias têm de se interagirem. “Não
apenas as novas mídias são devedoras dos
meios que os antecederam, mas estes
também transformam-se em virtude da
popularização daqueles.” (PRIMO, 2010:
p.23)
O autor afirmou que a interação entre
antigos e novos meios não é uma
exclusividade do momento atual.
Para ele, uma inter-relação entre os meios
de comunicação já havia sido identificada
por McLunhan, quando cita que o
conteúdo da televisão é devedor do cinema
e do teatro. “É como se os meios andassem
aos pares”. (PRIMO, 2010: p.22)
A interação entre o velho e o novo,
especialmente no campo do
ciberjornalismo, que é o objeto deste
estudo, pode ser explicada pelos
fenômenos da convergência e da
remediação.
Bolter (2001) explicou que remediação é
um processo de homenagem e rivalidade
entre tecnologias de comunicação, tendo
em vista que o novo meio incorpora
características de seus antecessores e
contribui para a atualização deles.
Já Jenkins (2008) afirma que na cultura da
convergência velhas e novas mídias
colidem, mídia corporativa e mídia
alternativa se cruzam, o poder do produtor
da mídia e o poder do consumidor
interagem de maneiras imprevisíveis.
Estes dois fenômenos são claramente
encontrados nas publicações do boletim
eletrônico a_nexo.
Notícias produzidas pelo site de notícias
Nexo, responsável pela publicação do
boletim, dividem espaço diariamente com
reportagens de grandes portais de notícias
pertencentes a antigos veículos de
comunicação que se remodelaram para este
novo momento, com especial destaque
para a Folha de São Paulo e o Estadão.
Jenkins (2008) afirma que a convergência
envolve uma transformação tanto na forma
de produzir quanto na forma de consumir
os meios de comunicação. “O que estamos
vendo hoje é o hardware divergindo,
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consequentemente a sua produção e
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Para Bastos (2012) “entre outras
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(BASTOS, 2012: p. 01)
Alguns autores defendem a ideia de que as
novas mídias não substituirão as antigas
mídias, desde que estas se adaptem ao
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Jenkins (2008) afirmou que o conteúdo de
um meio pode mudar e seu status social
pode subir ou cair, mas se o meio tiver se
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humana essencial, ele continua a funcionar
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eliminaram as palavras faladas. O cinema
não eliminou o teatro. A televisão não
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A Convergência, de acordo com Jenkins
(2008), “se refere ao fluxo de conteúdos
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comunicação, como mostramos na figura
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Paulo e 11 do site do Estadão. Além destes
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páginas do boletim, como o The Guardian
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Para Jenkins (2008), se o paradigma da
revolução digital presumia que as novas
mídias substituiriam as antigas, o
emergente paradigma da convergência
presume que novas e antigas mídias irão se
interagir de formas cada vez mais
complexas.
Figura 1- Gráfico: quantidade de notícias x veículo.
O autor afirmou ainda que “líderes da
indústria midiática estão retomando a
convergência como uma forma de
encontrar sentido, num momento de
confusas transformações”. (JENKINS,
2008: p.31)
Para Pavlik (2001) não mais as notícias
estão constrangidas pelas limitações
técnicas dos médias tradicionais, seja
imprensa, televisão ou rádio. Em vez disso
todas as modalidades da comunicação
humana estão disponíveis para contar as
estórias da maneira mais interessante,
Notícias
Nexo - 56
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Paulo - 19
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O Globo - 8
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Guardiam - 5
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New York
Times - 2
Valor - 2
BBC - 2
Wired - 2
I M S - 1
G1 - 1
interativa, on-demand e personalizada
possível.
Esta é uma característica marcante do
a_nexo, as principais notícias do dia são
contadas pelo veículo que de forma mais
interessante as apresentou.
“Utilizando estas potencialidades, os
ciberjornalistas podem construir narrativas
utilizando as modalidades e formas de
comunicação que mais se adequarem a
cada estória em particular.” ( PAVLIK,
2001)
A convergência representa uma
oportunidade de expansão aos
conglomerados das mídias, já que o
conteúdo bem sucedido num setor pode se
espalhar por outros suportes, de acordo
com Jenkins (2008).
CONCLUSÃO:
A facilidade de acesso à internet e às novas
tecnologias de informação modificou a
estrutura organizacional de produção e
distribuição de notícias.
Porém, ao contrário do que alguns
previam, as novas mídias não acabaram
com os antigos meios de comunicação.
O que se observa atualmente é uma
crescente convergência entre as formas
comunicacionais utilizadas pelas antigas e
novas mídias.
Neste trabalho, analisamos o boletim
eletrônico do portal Nexo, o a_nexo, e
concluímos que na publicação são
utilizadas a remediação e a convergência
entre o portal alternativo de notícias Nexo
e grandes portais de massa, como o jornal
Folha de São Paulo e Estadão.
O ciberjornalismo praticado pelo a_nexo é
uma espécie de mapa de navegação de
notícias conforme definição de Hall
(2001), que afirmou que o este tipo de
jornalismo digital não se limita a
disponibilizar notícias e comentários na
internet, mas orienta os consumidores na
imensidão de informações online
provenientes de diversas fontes, de
agências governamentais a grupos
empresariais, fornecendo mapas de
navegação. (HALL, 2001: p.4).
A conclusão que chegamos vai ao encontro
do que já afirmava Jenkins (2008).
“Mesmo blogs e sites de jornalismo
participativo dependem de sites noticiosos
de corporações de mídias tradicionais. O
que se vê, portanto, é uma maior
interdependência, mas não um jogo de
soma Zero, onde apenas um lado pode
ganhar. (JENKINS, 2008: p.30)
Não obstante todos os benefícios
elencados, o presente estudo levanta um
questionamento em relação à qualidade do
jornalismo digital em relação ao jornalismo
impresso. De acordo com Bastos (2012),
“quando passa a trabalhar numa redação
digital, o jornalista tende a ser enquadrado
num conjunto de rotinas de produção, mais
de caráter técnico do que propriamente
jornalístico, que o afastam da possibilidade
de recolher informação pelos seus próprios
meios, de selecioná-la, de redigi-la, de
colocá-la em contexto, de preparar os seus
textos ou montar as suas peças.”
(BASTOS, 2012: p. 02)
O autor acredita que “o imperativo da
instantaneidade somado às multitarefas
dificilmente propicia as condições
necessárias a uma disciplina de verificação
eficaz, minando-se desta forma a
credibilidade das notícias.” (BASTOS,
2012: p.03)
Para completar, Bastos questiona a
probabilidade de nascerem questões éticas
e deontológicas relevantes da rotina diária
de empacotamento noticioso e das
colagens multimídia.
Será mesmo inferior a qualidade
jornalística das publicações digitais em
comparação com as antigas coberturas da
imprensa de massa?
Referências
BASTOS, Helder . A diluição do
jornalismo no ciberjornalismo. In :
Estudos em Jornalismo e mídia, 2012.
Disponível em :
https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornali
smo/article/view/1984-
6924.2012v9n2p284 2012
BASTOS, Helder . Ciberjornalismo e
Narrativa Hipermedia. In :Biblioteca
online de Ciências da Comunicação.
Universidade do Porto, Portugal.
Disponível em :
http://www.bocc.ubi.pt/pag/bastos-helder-
ciberjornalismo-e-narrativa-
hipermedia.pdf. Acessado em :
02/12/2016.
HALL, Jim. (2001). Online Journalism:
A Critical Primer. London: Pluto Press.
JENKINS, Henry . Cultura da
Convergência. Aleph, Nova York, 2008.
KAWAMOTO, Kevin (Ed.). (2003).
Digital Journalism: Emerging Media
and Changing Horizons of Journalism.
Lanham. MD: Rowman & Littlefield.
PAVLIK, John. (2001). Journalism and
New Media. New York: Columbia
University Press.
PRIMO, Alex . Crítica da cultura da
convergência: participação ou
cooptação. In: Elizabeth Bastos Duarte,
Maria Lília Dias de Castro. (Org.).
Convergências Midiáticas: produção
ficcional - RBS TV. Convergências
Midiáticas: produção ficcional - RBS TV.
Porto Alegre: Sulina, 2010, p. 21-32.

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Convergência e remediação no ciberjornalismo

  • 1. PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO DIGITAL INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA – PUC MINAS ALUNO: RENATA PIRES DE MENDONÇA DANTAS CONVERGÊNCIA E REMEDIAÇÃO NO CIBERJORNALISMO Um estudo de caso sobre o boletim eletrônico a_nexo. RESUMO: O presente trabalho traz um levantamento sobre os fenômenos da convergência e da remediação no boletim eletrônico do site de notícias Nexo. O boletim eletrônico a_nexo é encaminhado diariamente via e- mail para seus assinantes. A publicação apresenta matérias de autoria do próprio site Nexo, mas inclui uma quantidade relevante de matérias oriundas de outros portais de notícias. Grande parte destes portais pertencentes a jornais da mídia de massa, com atenção especial para a Folha de São Paulo e o Estadão. Este estudo pretende demonstrar como a mídia de massa tem se enquadrado no ciberjornalismo e como as antigas e as novas mídias se interagem para a sobrevivência de ambas. PALAVRAS-CHAVE: Ciberjornalismo; Convergência; Remediação; Jornalismo Digital. INTRODUÇÃO: O avanço das novas tecnologias e a adaptação da sociedade à cibercultura modificou as formas de produção de notícias e consequentemente a maneira de distribuição e consumo por parte do público. De acordo com Bastos (2012) o aparecimento da internet e a subsequente emergência do ciberjornalismo proporcionou ao jornalismo a exploração de novos territórios e diferentes linguagens. Para o autor, ciberjornalistas diferem de seus colegas de profissão porque utilizam em seus trabalhos as características particulares da internet, como a multimídia, interatividade e o hipertexto. A questão que se levantou com a mudança no comportamento dos consumidores de notícia foi a sobrevivência ou não dos antigos meios de comunicação com uma crescente parcela do mercado sendo conquistada pelos novos meios.
  • 2. Por questão de sobrevivência, os antigos meios de comunicação se viram na urgência de uma reestruturação. Essa mudança foi necessária para que a grande imprensa de massa pudesse atender a demanda de um público adepto às novas tecnologias da informação. Alguns veículos demoraram um tempo para perceber esta realidade, alguns não resistiram e outros experimentam atualmente novas formas de comunicação. Para Primo (2010) e Jenkins (2008) as novas tecnologias não irão acabar com as antigas, mas sim farão uma interação. Os autores acreditam que uma mídia necessita da outra para a sobrevivência de ambas. Para Jenkins (2008) os velhos meios de comunicação não estão sendo substituídos, suas funções e status estão sendo transformados pela produção de novas tecnologias. Já Primo (2010) defende a ideia da necessidade que antigas e novas tecnologias têm de se interagirem. “Não apenas as novas mídias são devedoras dos meios que os antecederam, mas estes também transformam-se em virtude da popularização daqueles.” (PRIMO, 2010: p.23) O autor afirmou que a interação entre antigos e novos meios não é uma exclusividade do momento atual. Para ele, uma inter-relação entre os meios de comunicação já havia sido identificada por McLunhan, quando cita que o conteúdo da televisão é devedor do cinema e do teatro. “É como se os meios andassem aos pares”. (PRIMO, 2010: p.22) A interação entre o velho e o novo, especialmente no campo do ciberjornalismo, que é o objeto deste estudo, pode ser explicada pelos fenômenos da convergência e da remediação. Bolter (2001) explicou que remediação é um processo de homenagem e rivalidade entre tecnologias de comunicação, tendo em vista que o novo meio incorpora características de seus antecessores e contribui para a atualização deles. Já Jenkins (2008) afirma que na cultura da convergência velhas e novas mídias colidem, mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, o poder do produtor da mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis. Estes dois fenômenos são claramente encontrados nas publicações do boletim eletrônico a_nexo. Notícias produzidas pelo site de notícias Nexo, responsável pela publicação do boletim, dividem espaço diariamente com reportagens de grandes portais de notícias pertencentes a antigos veículos de comunicação que se remodelaram para este
  • 3. novo momento, com especial destaque para a Folha de São Paulo e o Estadão. Jenkins (2008) afirma que a convergência envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na forma de consumir os meios de comunicação. “O que estamos vendo hoje é o hardware divergindo, enquanto o conteúdo converge”. (JENKINS, 2008: p.42) DISCUSSÃO: Um estudo de caso sobre o boletim eletrônico a_nexo. A forma de consumo de notícias e consequentemente a sua produção e distribuição sofreram relevantes mudanças nos últimos anos com a facilidade de acesso da população às novas tecnologias da informação e à internet. Kawanoto (2003) explicou que o jornalismo digital é o uso de tecnologias digitais para pesquisar, produzir e distribuir (ou tornar acessível) notícias e informações a uma audiência crescentemente versada em computadores. Os grandes veículos jornalísticos tiveram de se adaptar a este novo momento por questão de sobrevivência no mercado. Para Bastos (2012) “entre outras potencialidades, o hipertexto, o multimídia, a interatividade, a ubiquidade e a instantaneidade levaram os média noticiosos a reconfigurar-se de modo a responder às exigências do novo meio, às tendências do momento e ao crescimento e sofisticação das audiências online.” (BASTOS, 2012: p. 01) Alguns autores defendem a ideia de que as novas mídias não substituirão as antigas mídias, desde que estas se adaptem ao novo momento, como já aconteceu em outros tempos da história. Jenkins (2008) afirmou que o conteúdo de um meio pode mudar e seu status social pode subir ou cair, mas se o meio tiver se estabelecido ao satisfazer alguma demanda humana essencial, ele continua a funcionar dentro de um sistema maior de opções de comunicação. “Palavras impressas não eliminaram as palavras faladas. O cinema não eliminou o teatro. A televisão não eliminou o rádio. Cada antigo meio foi forçado a conviver com os meios emergentes.” (JENKINS, 2008: p. 39). O autor explicou que as novas tecnologias midiáticas permitiram que o mesmo conteúdo fluísse por vários canais diferentes. Este sistema maior de opções de comunicação foi absorvido por alguns veículos noticiosos pelo que conhecemos como convergência. A Convergência, de acordo com Jenkins (2008), “se refere ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca de
  • 4. experiências de entretenimento que desejam”. (JENKINS, 2008: p. 27) O autor defende que a convergência é uma transformação cultural. Para ele, os consumidores são incentivados a procurar novas informações e a fazer conexões em meio a conteúdos diversos. É exatamente este o trabalho realizado pelo boletim eletrônico a_nexo, a conexão entre conteúdos diversos. Durante 10 edições analisadas nos dias 14, 17, 18, 21, 22, 23, 24, 25, 28 e 30 de novembro de 2016, o a_nexo publicou 115 matérias sobre diversos temas. Politica, economia, mundo, artes e saúde foram algumas das editorias tratadas. Das 115 matérias publicadas, 59 eram provenientes de outros veículos de comunicação, como mostramos na figura nº1. Destes veículos, 19 notícias foram remanescentes do portal da Folha de São Paulo e 11 do site do Estadão. Além destes dois grandes veículos, o boletim também apresentou, com certa frequência, matérias oriundas do jornal O Globo. Jornais internacionais também figuraram as páginas do boletim, como o The Guardian e o New York Times. Para Jenkins (2008), se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão se interagir de formas cada vez mais complexas. Figura 1- Gráfico: quantidade de notícias x veículo. O autor afirmou ainda que “líderes da indústria midiática estão retomando a convergência como uma forma de encontrar sentido, num momento de confusas transformações”. (JENKINS, 2008: p.31) Para Pavlik (2001) não mais as notícias estão constrangidas pelas limitações técnicas dos médias tradicionais, seja imprensa, televisão ou rádio. Em vez disso todas as modalidades da comunicação humana estão disponíveis para contar as estórias da maneira mais interessante, Notícias Nexo - 56 Folha de São Paulo - 19 Estadão- 11 O Globo - 8 The Guardiam - 5 El País - 3 New York Times - 2 Valor - 2 BBC - 2 Wired - 2 I M S - 1 G1 - 1
  • 5. interativa, on-demand e personalizada possível. Esta é uma característica marcante do a_nexo, as principais notícias do dia são contadas pelo veículo que de forma mais interessante as apresentou. “Utilizando estas potencialidades, os ciberjornalistas podem construir narrativas utilizando as modalidades e formas de comunicação que mais se adequarem a cada estória em particular.” ( PAVLIK, 2001) A convergência representa uma oportunidade de expansão aos conglomerados das mídias, já que o conteúdo bem sucedido num setor pode se espalhar por outros suportes, de acordo com Jenkins (2008). CONCLUSÃO: A facilidade de acesso à internet e às novas tecnologias de informação modificou a estrutura organizacional de produção e distribuição de notícias. Porém, ao contrário do que alguns previam, as novas mídias não acabaram com os antigos meios de comunicação. O que se observa atualmente é uma crescente convergência entre as formas comunicacionais utilizadas pelas antigas e novas mídias. Neste trabalho, analisamos o boletim eletrônico do portal Nexo, o a_nexo, e concluímos que na publicação são utilizadas a remediação e a convergência entre o portal alternativo de notícias Nexo e grandes portais de massa, como o jornal Folha de São Paulo e Estadão. O ciberjornalismo praticado pelo a_nexo é uma espécie de mapa de navegação de notícias conforme definição de Hall (2001), que afirmou que o este tipo de jornalismo digital não se limita a disponibilizar notícias e comentários na internet, mas orienta os consumidores na imensidão de informações online provenientes de diversas fontes, de agências governamentais a grupos empresariais, fornecendo mapas de navegação. (HALL, 2001: p.4). A conclusão que chegamos vai ao encontro do que já afirmava Jenkins (2008). “Mesmo blogs e sites de jornalismo participativo dependem de sites noticiosos de corporações de mídias tradicionais. O que se vê, portanto, é uma maior interdependência, mas não um jogo de soma Zero, onde apenas um lado pode ganhar. (JENKINS, 2008: p.30) Não obstante todos os benefícios elencados, o presente estudo levanta um questionamento em relação à qualidade do jornalismo digital em relação ao jornalismo impresso. De acordo com Bastos (2012), “quando passa a trabalhar numa redação digital, o jornalista tende a ser enquadrado num conjunto de rotinas de produção, mais
  • 6. de caráter técnico do que propriamente jornalístico, que o afastam da possibilidade de recolher informação pelos seus próprios meios, de selecioná-la, de redigi-la, de colocá-la em contexto, de preparar os seus textos ou montar as suas peças.” (BASTOS, 2012: p. 02) O autor acredita que “o imperativo da instantaneidade somado às multitarefas dificilmente propicia as condições necessárias a uma disciplina de verificação eficaz, minando-se desta forma a credibilidade das notícias.” (BASTOS, 2012: p.03) Para completar, Bastos questiona a probabilidade de nascerem questões éticas e deontológicas relevantes da rotina diária de empacotamento noticioso e das colagens multimídia. Será mesmo inferior a qualidade jornalística das publicações digitais em comparação com as antigas coberturas da imprensa de massa? Referências BASTOS, Helder . A diluição do jornalismo no ciberjornalismo. In : Estudos em Jornalismo e mídia, 2012. Disponível em : https://periodicos.ufsc.br/index.php/jornali smo/article/view/1984- 6924.2012v9n2p284 2012 BASTOS, Helder . Ciberjornalismo e Narrativa Hipermedia. In :Biblioteca online de Ciências da Comunicação. Universidade do Porto, Portugal. Disponível em : http://www.bocc.ubi.pt/pag/bastos-helder- ciberjornalismo-e-narrativa- hipermedia.pdf. Acessado em : 02/12/2016. HALL, Jim. (2001). Online Journalism: A Critical Primer. London: Pluto Press. JENKINS, Henry . Cultura da Convergência. Aleph, Nova York, 2008. KAWAMOTO, Kevin (Ed.). (2003). Digital Journalism: Emerging Media and Changing Horizons of Journalism. Lanham. MD: Rowman & Littlefield. PAVLIK, John. (2001). Journalism and New Media. New York: Columbia University Press. PRIMO, Alex . Crítica da cultura da convergência: participação ou cooptação. In: Elizabeth Bastos Duarte, Maria Lília Dias de Castro. (Org.). Convergências Midiáticas: produção ficcional - RBS TV. Convergências Midiáticas: produção ficcional - RBS TV. Porto Alegre: Sulina, 2010, p. 21-32.