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Terça-feira, 10 de Dezembro 
Sexta-feira, 13 de Dezembro 
Fala sério! Hoje é um daqueles dias em que nada dá certo. Minha tia Clara, amiga de infância da minha mãe, tem um cachorro, que até então eu achava fofo, chamado Alceu. Ela viajou e vai ficar três dias fora e pediu para minha mãe ficar cuidando do Alceu. 
Minha mãe, que é uma prega, não sabe dizer não pras amigas (também só pras amigas, porque pra mim ela diz não com uma facilidade louca), deixou. 
Realmente de perto ninguém é normal, nem os bichos. Eu acabei descobrindo vários defeitos do Alceu, coisas que antes passavam despercebidas e eu conseguia até achar ele fofo. Primeiro, o Alceu tem pulga, e não é pouca não. Como eu sei? Digamos que ele passou pulga pra todos os meus bichinhos de pelúcia. Isso só pra começar. Segundo, o Alceu é barulhento, late por tudo, principalmente quando está com fome, e digamos que o bicho tem fome da hora que acorda até a hora que vai dormir, ou seja, ele além de latir o dia inteiro, ainda come tudo o que aparece na frente dele! Teve uma noite que o prato principal acabou sendo o meu despertador, e é claro que de manhã ele não tocou. Aí começou o meu drama. Acordei com a minha mãe aos berros. Aí eu falei pra ela: “Pô, mãe, qual é? Tá afim de me enlouquecer?” Aí ela falou:”Sabe que hora são, Tati?” Aí eu disse: “Claro que não, eu tava dormindo!” Aí ela gritou: “São sete e meia da manhã!” Aí eu falei:”Maneiro, perdi a primeira aula, me acorda daqui a pouco?” Aí ela me deu um empurrão e ploft!!! Caí da cama. 
Fala sério, ninguém merece ser acordado desse jeito. Que culpa eu tenho se o fedorento do cachorro da tia Clara comeu o meu despertador? 
Pra falar a verdade, o Alceu ganhou até um pouquinho da minha simpatia com esse gesto de comer o despertador, comecei a ver nele um amigo em potencial, se realmente eu tivesse garantias que ele faria mais coisas desse gênero, de repente, quem sabe, eu até daria força pra minha mãe adotar ele. Levantar cedo, ninguém merece! 
Cara, hoje nem foi uma sexta-feira tão 13. É bem verdade que meu dia começou com a notícia de que o Alceu comeu o salto da minha sandália nova. 
Parti pra cima dele com tudo. O cachorro ralou peito e se escondeu embaixo da minha cama. Fui e puxei o bicho pelo braço. Quando vi, o monstro já estava mastigando outra coisa. Imaginei que fosse o salto do outro pé da sandália, abri a boca dele com tudo, mas aí... SURPRESA, ele tava comendo meu boletim. Fechei a boquinha dele e disse: “bom apetite.” 
Viu? Eu não tinha me enganado. Eu tinha sentido no Alceu um amigo em potencial. O Alceu é tudo de bom. 
****** 
Sábado, 14 de Dezembro 
Acordei com minha mãe cobrando o meu boletim. Aí joguei aquela velha história de que ainda não tinham entregue. 
Mas sequelei quando minha mãe disse que ia levar o Alceu para passear. Dei um pulo da cama e disse que eu mesma levaria. Minha mãe não entendeu nada. Eu nunca tinha me oferecido nem pra colocar água pro Alceu. Mas imagina a cena, minha mãe com o Alceu na rua, ele faz um pipi aqui, outro ali, cheira um matinho cá, outro lá, daqui a pouco resolve fazer um cocozinho... aí imagina o cocô que não ia ser. No meio “daquilo” ia sair meu boletim, com minhas notinhas vermelhas e meus resultados de recuperação. E não ia ter como esconder de jeito nenhum, mesmo porque vermelho no preto sobressai mais ainda. Ai já viu, adeus final de semana. Ela sentiu alguma coisa no ar. Sabe mãe como é, parece que tem anjo da guarda que fala tudo pra elas. Ela me deu a coleira do Alceu e disse olhando nos meus olhos, tentando sacar alguma coisa: “Olha lá o que você vai aprontar.” Aí eu pensei: “Não vou aprontar nada, o Alceu já aprontou.” 
Conclusão, o saldo dessa estória foi totalmente positivo, minha mãe não viu meu boletim, ganhei moral com ela passeando com o cachorro, ou seja, tudo certo... Fala sério! 
Referência: PERISSÉ, Heloísa. O diário de Tati. Rio de Janeiro, 2003. 126 p.

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O diário de Tati e as travessuras do cachorro Alceu

  • 1. Terça-feira, 10 de Dezembro Sexta-feira, 13 de Dezembro Fala sério! Hoje é um daqueles dias em que nada dá certo. Minha tia Clara, amiga de infância da minha mãe, tem um cachorro, que até então eu achava fofo, chamado Alceu. Ela viajou e vai ficar três dias fora e pediu para minha mãe ficar cuidando do Alceu. Minha mãe, que é uma prega, não sabe dizer não pras amigas (também só pras amigas, porque pra mim ela diz não com uma facilidade louca), deixou. Realmente de perto ninguém é normal, nem os bichos. Eu acabei descobrindo vários defeitos do Alceu, coisas que antes passavam despercebidas e eu conseguia até achar ele fofo. Primeiro, o Alceu tem pulga, e não é pouca não. Como eu sei? Digamos que ele passou pulga pra todos os meus bichinhos de pelúcia. Isso só pra começar. Segundo, o Alceu é barulhento, late por tudo, principalmente quando está com fome, e digamos que o bicho tem fome da hora que acorda até a hora que vai dormir, ou seja, ele além de latir o dia inteiro, ainda come tudo o que aparece na frente dele! Teve uma noite que o prato principal acabou sendo o meu despertador, e é claro que de manhã ele não tocou. Aí começou o meu drama. Acordei com a minha mãe aos berros. Aí eu falei pra ela: “Pô, mãe, qual é? Tá afim de me enlouquecer?” Aí ela falou:”Sabe que hora são, Tati?” Aí eu disse: “Claro que não, eu tava dormindo!” Aí ela gritou: “São sete e meia da manhã!” Aí eu falei:”Maneiro, perdi a primeira aula, me acorda daqui a pouco?” Aí ela me deu um empurrão e ploft!!! Caí da cama. Fala sério, ninguém merece ser acordado desse jeito. Que culpa eu tenho se o fedorento do cachorro da tia Clara comeu o meu despertador? Pra falar a verdade, o Alceu ganhou até um pouquinho da minha simpatia com esse gesto de comer o despertador, comecei a ver nele um amigo em potencial, se realmente eu tivesse garantias que ele faria mais coisas desse gênero, de repente, quem sabe, eu até daria força pra minha mãe adotar ele. Levantar cedo, ninguém merece! Cara, hoje nem foi uma sexta-feira tão 13. É bem verdade que meu dia começou com a notícia de que o Alceu comeu o salto da minha sandália nova. Parti pra cima dele com tudo. O cachorro ralou peito e se escondeu embaixo da minha cama. Fui e puxei o bicho pelo braço. Quando vi, o monstro já estava mastigando outra coisa. Imaginei que fosse o salto do outro pé da sandália, abri a boca dele com tudo, mas aí... SURPRESA, ele tava comendo meu boletim. Fechei a boquinha dele e disse: “bom apetite.” Viu? Eu não tinha me enganado. Eu tinha sentido no Alceu um amigo em potencial. O Alceu é tudo de bom. ****** Sábado, 14 de Dezembro Acordei com minha mãe cobrando o meu boletim. Aí joguei aquela velha história de que ainda não tinham entregue. Mas sequelei quando minha mãe disse que ia levar o Alceu para passear. Dei um pulo da cama e disse que eu mesma levaria. Minha mãe não entendeu nada. Eu nunca tinha me oferecido nem pra colocar água pro Alceu. Mas imagina a cena, minha mãe com o Alceu na rua, ele faz um pipi aqui, outro ali, cheira um matinho cá, outro lá, daqui a pouco resolve fazer um cocozinho... aí imagina o cocô que não ia ser. No meio “daquilo” ia sair meu boletim, com minhas notinhas vermelhas e meus resultados de recuperação. E não ia ter como esconder de jeito nenhum, mesmo porque vermelho no preto sobressai mais ainda. Ai já viu, adeus final de semana. Ela sentiu alguma coisa no ar. Sabe mãe como é, parece que tem anjo da guarda que fala tudo pra elas. Ela me deu a coleira do Alceu e disse olhando nos meus olhos, tentando sacar alguma coisa: “Olha lá o que você vai aprontar.” Aí eu pensei: “Não vou aprontar nada, o Alceu já aprontou.” Conclusão, o saldo dessa estória foi totalmente positivo, minha mãe não viu meu boletim, ganhei moral com ela passeando com o cachorro, ou seja, tudo certo... Fala sério! Referência: PERISSÉ, Heloísa. O diário de Tati. Rio de Janeiro, 2003. 126 p.