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A vida é uma só. Por isso, viva cada dia como se fosse o último. Não
deixe para ser feliz amanhã. É agora ou nunca!
CONTOS & POESIAS - a sua poesia online!




FILHOTINHOS DA RUA

Marlene B. Cerviglieri




A noite estava fria e chuvosa como sempre é no inverno. As
calçadas molhadas, o céu muito escuro dando até medo. Naquela
praça existiam várias casas bonitas, todas com grandes escadas.
Como toda praça, aquela tinha arvores frondosas, onde muitos
pássaros moravam em seus ninhos, cuidando de seus filhotinhos.
Num galho, bem alto de uma destas arvores, estava a Coruja com
seus olhos enormes, atenta aos movimentos pronta para sua caça.
Ali não era sua morada, pois coruja mora no chão. Fazem um buraco
e formam suas ninhadas. É divertido ver as moradias das corujas,
principalmente a noite quando resolvem sair.
Bem, mas não estou a fim de falar sobre corujas. É ela quem vai nos
contar a estória dos filhotinhos.
Lá do alto da árvore via toda a rua, e assim viu quando uma
cachorrinha vinha chegando bem morosamente, quero dizer
devagarzinho.
Olhou para as casas com um olhar triste e nesta olhada viu a coruja
toda pomposa no alto da árvore
- Oi amiga, qual escada será melhor para eu dormir esta noite?
- Eu diria que qualquer uma. Nesta noite fria o melhor seria entrar na
casa, não é mesmo?
- Claro, sem duvida minha amiga! Mas como vou entrar? Tudo tão
bem fechado... e se me descobrem me chutam para fora.
- Sabe amiga cachorrinha, aprendi que nesta vida precisamos querer
alguma coisa. Mas devemos merecer isto, não é só querer!
- Já vi que você com toda a sua sabedoria irá me ensinar, como?
- Simples, minha cara.
- Primeiro: você quer, realmente, entrar nesta casa?
- Claro, não estou para brincadeiras!
- Nem eu! - disse a coruja já andando impaciente em seu galho.
- Pois então me escute.
- Primeiro devemos ter certeza do que queremos depois verificar se
é possível e se vai valer o esforço.
- Bem, querer eu quero, pois se agora estou morrendo de frio,
imagine mais tarde.
- Então, minha cara, tente alguma coisa e vá em frente.
A cachorrinha olhou para a enorme porta. Farejou e até sentiu cheiro
de comida, de tanta fome que tinha.
Pensou: - Se eu latir incomodo e aí me mandam embora.
Bater na porta, como?
É, parece que o esforço terá que ser bem maior.
Desceu as escadas, e para espanto da coruja foi embora.
- Eu sabia - pensava a coruja - já desistiu. Não esperou
nem por um pedacinho de pão!
- Eu fico aqui horas esperando uma caça, mas fico...
Eis que dali uma hora, mais ou menos, aparece de novo a
cachorrinha seguida por seus quatro filhotinhos.
Subiram as escadas, e começaram a brincar bem em frente
a porta.
Logo esta se abriu, e duas crianças gritaram de alegria.
Pegaram os filhotinhos no colo e levaram todos para dentro.
 - Mas meus filhos, não podem ficar com todos! dizia a
mamãe já preocupada.
- Papai achará uma solução. Poderá levar dois ou três para
o depósito. Vamos dar leite para os filhotinhos e comida
para a mamãe deles.
E assim a cachorrinha ficou morando no deposito com dois
filhinhos, os outros ficaram na casa.
É dona coruja, seu julgamento foi errado e muito
precipitado.
Cada um tem seu jeito de resolver os problemas. Devemos
dar-lhes liberdade de pensamento, ou seja, deixar cada um
pensar do seu modo. Nunca devemos julgar os outros.
Espere antes de falar porque, às vezes, você tem uma bela
surpresa.
O que você nunca havia imaginado o outro imaginou!


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  • 2. - Nem eu! - disse a coruja já andando impaciente em seu galho. - Pois então me escute. - Primeiro devemos ter certeza do que queremos depois verificar se é possível e se vai valer o esforço. - Bem, querer eu quero, pois se agora estou morrendo de frio, imagine mais tarde. - Então, minha cara, tente alguma coisa e vá em frente. A cachorrinha olhou para a enorme porta. Farejou e até sentiu cheiro de comida, de tanta fome que tinha. Pensou: - Se eu latir incomodo e aí me mandam embora. Bater na porta, como? É, parece que o esforço terá que ser bem maior. Desceu as escadas, e para espanto da coruja foi embora. - Eu sabia - pensava a coruja - já desistiu. Não esperou nem por um pedacinho de pão! - Eu fico aqui horas esperando uma caça, mas fico... Eis que dali uma hora, mais ou menos, aparece de novo a cachorrinha seguida por seus quatro filhotinhos. Subiram as escadas, e começaram a brincar bem em frente a porta. Logo esta se abriu, e duas crianças gritaram de alegria. Pegaram os filhotinhos no colo e levaram todos para dentro. - Mas meus filhos, não podem ficar com todos! dizia a mamãe já preocupada. - Papai achará uma solução. Poderá levar dois ou três para o depósito. Vamos dar leite para os filhotinhos e comida para a mamãe deles. E assim a cachorrinha ficou morando no deposito com dois filhinhos, os outros ficaram na casa. É dona coruja, seu julgamento foi errado e muito precipitado. Cada um tem seu jeito de resolver os problemas. Devemos dar-lhes liberdade de pensamento, ou seja, deixar cada um pensar do seu modo. Nunca devemos julgar os outros. Espere antes de falar porque, às vezes, você tem uma bela surpresa.
  • 3. O que você nunca havia imaginado o outro imaginou! Fale com o autor