Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
IntegraçãO Maabe Escola
1. Integração do Modelo de Auto-avaliação da Biblioteca Escolar na escola
1. Introdução
Com o desenvolvimento da Sociedade de Informação e as alterações no acesso, produção e comunicação da
informação, as Bibliotecas Escolares enfrentam novos desafios. Aos recursos físicos existentes é preciso
acrescentar agora uma infinidade de documentos online, que a BE deve conhecer, tratar, disponibilizar e divulgar.
Mas a BE já não é apenas um espaço de disponibilização de recursos e serviços, já não tem apenas esta
função estática. O seu desafio maior é o de adoptar uma atitude proactiva, centrada na acção e no trabalho
colaborativo com as várias estruturas educativas.
Vários estudos demonstram que uma BE de qualidade intervém directa- e activamente nas aprendizagens e
no apoio ao currículo, contribuindo, assim, para o sucesso educativo dos alunos. Para que esta missão se
concretize, a BE não pode isolar-se, mas trabalhar em articulação com toda a escola, procurando a colaboração de
todos os elementos da comunidade educativa.
Este novo desafio implica que a BE veja o seu papel condicionado e influenciado por outros factores,
nomeadamente a pouca valorização dos órgãos de gestão e de decisão pedagógica, o não reconhecimento do
papel da BE, a resistência em alterar as práticas de aprendizagem e a pouca abertura à mudança. É no sentido de
ultrapassar estes obstáculos que a BE deve intervir, rasgando caminhos, procurando alianças e alterando hábitos,
que, pelos frutos alcançados, se vão enraizando e alargando a toda a comunidade educativa.
2. Contextualização
A Escola E. B. 2, 3 de Sobreira serve as freguesias de Sobreira, Recarei e Aguiar de Sousa, situadas a sul do
concelho de Paredes. Estas freguesias caracterizam-se pela pouca indústria e pelo lento desenvolvimento, sendo,
por isso, muito carenciadas.
A escola é sede do Agrupamento de Escolas de Sobreira, com cerca de setecentos alunos do Pré-escolar (sete
Jardins-de-Infância), 1º ciclo (nove EB1's), 2º e 3º ciclos (na escola sede). Na maioria das escolas existe um
número significativo de alunos que apresenta dificuldades de aprendizagem. Por esta razão, as prioridades do
Projecto Educativo relacionam-se com o aumento do sucesso educativo dos alunos e com a melhoria dos estilos
de vida.
De facto, os principais problemas manifestados pelo grupo discente relacionam-se com o insucesso escolar,
para o qual se poderão apontar algumas causas como os fracos hábitos de leitura ou a falta de acompanhamento
familiar. Mas também a escola deve assumir responsabilidades, tentando colmatar as suas falhas, através, por
exemplo, da dinamização de actividades de promoção da leitura e do desenvolvimento das literacias. Esta é uma
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2. das tarefas que pode partir da iniciativa da BE, sempre em colaboração com os outros intervenientes educativos:
docentes, estruturas de gestão e famílias devem ser envolvidos neste processo.
De facto, é papel da BE o trabalho em colaboração, no sentido de ter uma participação activa no sucesso
educativo. Para isso é necessário gerir para a mudança, nomeadamente através da auto-reflexão e da auto-
avaliação, a partir da recolha de evidências. A BE deve ser capaz de reconhecer as suas fraquezas e implementar
acções de melhoria. No entanto, e como já referido anteriormente, a BE depende de outros sistemas, devendo,
por isso, envolvê-los e convencê-los da utilidade do processo de implementação do modelo de auto-avaliação da
biblioteca escolar.
2.1- Factores inibidores
Reflectindo sobre o contexto da Escola E. B. 2, 3 de Sobreira, passam a elencar-se alguns factores que
poderão provocar alguma resistência à implementação da auto-avaliação da BE:
☺ Falhas na constituição da equipa da BE
A equipa da BE, bem como os professores colaboradores, continuam a ser definidos, de acordo com a
elaboração dos horários. Se há um professor a quem falta atribuir horas lectivas ou não lectivas, estas
são dirigidas para a equipa ou colaboração na BE, respectivamente. Assim, no actual ano lectivo, a
equipa da BE é constituída quase unicamente por professores do departamento de Línguas; a docente
de Matemática que integra a equipa tem apenas 45 minutos semanais. Esta é aliás outra dificuldade.
Quase todos os membros da equipa contam apenas com cerca de 90 minutos para a BE, o que é um
entrave significativo para o trabalho em equipa. Desta forma não se notam diferenças entre o trabalho
desenvolvido pelos membros da equipa ou pelos professores colaboradores. Acabam por ter a seu
cargo a dinamização de uma actividade ou tarefa, ficando todas as outras funções e decisões a cargo
da coordenadora.
Este factor dificulta, por exemplo, uma melhor articulação com os departamentos, uma vez que estes
não estão representados na equipa da BE. Uma vez que o tema do Projecto Educativo é "Educar para a
Saúde" faria todo o sentido que um professor da área integrasse a BE, para apoiar quer a dinamização
de actividades conjuntas, quer a selecção, aquisição e divulgação de recursos.
☺ Falta de formação na área das BE
À excepção de uma professora da equipa, nenhum dos docentes do agrupamento tem formação nesta
área. Este factor está também a revelar-se uma dificuldade, não só por estar ainda a iniciar-se a
catalogação informatizada (actualmente apenas a cargo da coordenadora), mas também por ninguém
estar ainda familiarizado com os conceitos e objectivos da auto-avaliação.
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3. ☺ Falta de catálogo informatizado
Embora se considere o catálogo apenas um meio para servir um fim, a sua existência informatizada e
disponível online não deixa de ser uma mais-valia e um instrumento facilitador de muito do trabalho a
desenvolver pela BE. A partir de casa, professores e alunos podem conhecer os recursos disponíveis e
incluí-los nas suas práticas. Uns breves minutos no computador da BE ou da Sala dos Professores
permitem tomar conhecimento dos recursos disponíveis, capazes de auxiliar a planificação lectiva,
com a inclusão de práticas e materiais diversificados.
Este processo de informatização do catálogo encontrou alguns entraves na nossa BE. Apenas no
passado mês de Junho se adquiriu o software de catalogação e, actualmente, apenas a coordenadora
efectua essa tarefa, encontrando-se este processo a evoluir muito lentamente. A falta de formação
acaba, obviamente, por repercutir-se negativamente nesta questão.
☺ Práticas de ensino-aprendizagem / Pouca disponibilidade para a mudança
A maior parte dos docentes da escola (à excepção talvez do grupo disciplinar de Matemática)
apresenta ainda métodos de trabalho muito individualizados. Embora ocasionalmente se verifique a
partilha de materiais, é pouco corrente a sua elaboração conjunta e em colaboração.
A alteração no horário docente, nomeadamente a obrigatoriedade de permanecer na escola durante a
componente não lectiva, veio também dificultar o trabalho colaborativo. Além da carga lectiva, os
professores receberam ainda clubes, aulas de recuperação, sala de estudo, tutorias, aulas de
substituição, … Se acrescentarmos todo o trabalho de planificação, correcção e organização, que é
feito em casa, percebemos a pouca disponibilidade para o trabalho colaborativo, que implica mais
reuniões, mais horas na escola e mais trabalho de preparação em casa.
☺ Condições físicas
A pretendida gestão para a mudança encontra também entraves nas próprias limitações físicas do
agrupamento, sobretudo devido a:
- excesso de alunos, o que faz com que a BE seja ainda um espaço aproveitado para aulas lectivas,
aulas de recuperação, apoio individual, tutorias, …;
- a enorme distância física entre as várias escolas do agrupamento dificulta a articulação e a partilha
de recursos materiais e humanos.
☺ Pouca valorização do papel da BE
A Biblioteca é, para muitos professores, mais um espaço da escola, que embora saibam existir,
simplesmente não frequentam, não utilizam. É um local com livros, alguns computadores, onde os
alunos ("ELES") fazem trabalhos e pesquisas, onde podem procurar informação, sem necessidade de
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4. orientações dos professores. Relativamente ao que a BE pode auxiliar, servir e colaborar na
preparação curricular, parece que nunca ouviram falar. A BE continua a ser responsabilidade de
alguém, continua a ser para alguém, que não "EU".
2.2- Factores determinantes
Observando o mesmo contexto, é também possível encontrar factores facilitadores do processo de auto-
avaliação da BE e que se apresentam, seguidamente, de forma mais abreviada.
☺ A existência de uma coordenadora a tempo inteiro;
☺ A presença de uma auxiliar e de um técnico de apoio, que garantem a abertura da BE durante
todo o horário lectivo, sem interrupções;
☺ A motivação do grupo disciplinar de Língua Portuguesa, o que permite uma articulação efectiva
com a BE, tanto a nível de selecção e utilização de recursos, como de preparação de materiais e
actividades educativas;
☺ A motivação e participação da equipa da BE e professores colaboradores na promoção da leitura;
☺ A diversidade dos suportes de informação;
☺ O hábito de passar questionários a alunos e professores, no sentido de avaliar as principais
actividades desenvolvidas pela BE;
☺ A existência de uma equipa de professores responsável pela avaliação interna do agrupamento;
☺ A participação da coordenadora da BE na equipa PTE;
☺ A partilha de experiências e angústias com as coordenadoras das Bibliotecas Escolares do
concelho de Paredes e a intenção em formar a Rede de Bibliotecas de Paredes;
☺ O apoio do Plano Nacional de Leitura e da Rede de Bibliotecas Escolares.
3. Plano de Acção para integração do MAABE
Relembrando, por um lado, a utilidade da prática da auto-avaliação da BE – avaliar para melhorar – e, por
outro lado, algumas dificuldades, que poderão surgir aquando da sua implementação na escola, é conveniente
elaborar um Plano de Acção, que facilite esse processo. Assim, apresentam-se algumas medidas a tomar e as
etapas a seguir, no sentido de diminuir essas resistências e envolver a escola na auto-avaliação da BE.
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5. Etapas do
Estratégia Objectivos Participantes Calendarização
processo
Apresentar e explicitar o MAABE;
-Reuniões de:
Consciencializar sobre a sua utilidade para a melhoria contínua e
--Equipa da BE
para a consecução dos objectivos da escola; Equipa da BE;
--Directora
Consciencializar para a necessidade da envolvência de todos: Directora;
--Conselho Pedagógico Fevereiro
órgãos de gestão e decisão pedagógica, professores, alunos e Membros do Conselho
--Departamentos
Divulgação / pais; Pedagógico;
--Equipa da avaliação
apresentação do Apresentar a metodologia a seguir; Grupo docente.
interna
MAABE Informar sobre a estrutura do modelo.
Implicar, desde logo, a participação dos professores na noção de
trabalho colaborativo;
-Reuniões dos grupos
Aumentar o conhecimento da estrutura do MAABE; Grupos Disciplinares. Fevereiro
disciplinares
Preencher uma grelha com a articulação possível com a BE nos
diferentes domínios.
Proceder à caracterização da escola, do grupo discente, da BE e
Caracterização da BE e
-Reunião da equipa da dos seus recursos;
calendarização do Equipa da BE. Fevereiro
BE Analisar o perfil da BE e identificar problemas;
processo
Proceder à calendarização das diferentes etapas.
-Reuniões de:
Equipa da BE;
--Equipa da BE Identificar prioridades, de entre as necessidades evidenciadas, e
Selecção do domínio Membros do Conselho Março
--Conselho Pedagógico seleccionar o domínio a avaliar.
Pedagógico.
Reflectir sobre as questões fundamentais do domínio
Preparação dos seleccionado;
-Reunião da equipa da
instrumentos de Elaborar instrumentos de recolha de evidências, de acordo com Equipa da BE. Março
BE
recolha de evidências essas questões (questionários, grelhas de registo, grelhas de
observação).
-Reunião de Conselho Definir o tamanho da amostra; Membros do Conselho
Escolha da amostra Março
Pedagógico Delinear as estratégias para a implementação dos questionários. Pedagógico.
- Grelhas de registo
Aplicar os instrumentos de recolha de evidências; Equipa da BE; Ao longo do ano
- Questionários a alunos
Recolha das evidências Informar sobre a prática diária da BE; Professores; Maio
e professores
Perceber o impacto da BE na escola. Alunos. Maio
- Grelhas de observação
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6. Etapas do
Estratégia Objectivos Participantes Calendarização
processo
-Reunião de: Analisar a informação recolhida;
Interpretação dos --Equipa da BE Extrair sentido e estabelecer ligações entre os dados; Equipa da BE;
Junho
dados --Equipa da avaliação Retirar conclusões e consequências; Equipa da avaliação interna.
interna Identificar as práticas a melhorar.
Identificar o perfil de desempenho;
Elaboração do Registar a auto-avaliação;
-Reunião da equipa da Junho
relatório de auto- Identificar o impacto da BE; Equipa da BE.
BE Julho
avaliação da BE Assinalar as acções de melhoria (estratégias e medidas a tomar,
com vista a um aperfeiçoamento do desempenho da BE).
-Reuniões de:
--Conselho Pedagógico;
--Departamentos; Divulgar os resultados;
-Disponibilização da Comunicar os pontos fortes e fracos; Membros do Conselho
Divulgação dos
informação: Verificar o impacto da BE na escola; Pedagógico; Julho
resultados
--Blog da BE; Discutir o plano de melhoria; Grupo docente.
--Portal do Tomar decisões sobre práticas futuras.
agrupamento;
--Expositores.
Inclusão de uma
-Reunião com a equipa Estabelecer ligação com a avaliação interna da escola; Coordenadora da BE;
síntese na avaliação Julho
da avaliação interna Avaliar o impacto da BE na escola. Equipa da avaliação interna.
interna da escola
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7. Com esta política de envolvimento de toda a comunidade educativa e com a divulgação dos resultados da
auto-avaliação da BE, penso que é dado um grande passo para reduzir as resistências focadas no ponto anterior
deste trabalho. A Direcção não continuará a constituir aleatoriamente a equipa da BE e a ocupar indevidamente o
seu espaço; haverá maior pressão para a importância da formação nesta área; o papel da BE será valorizado por
um maior número de professores, que, consequentemente, se mostrarão mais disponíveis para o trabalho
colaborativo.
4. Conclusão
A esquematização deste Plano de Acção é dificultada pela inexperiência na execução deste modelo. As
dúvidas prendem-se sobretudo com a calendarização e com a ordem das diferentes etapas. A sua implementação
servirá para corrigir falhas de organização, que porventura irão surgir.
A elaboração deste plano comprova duas questões essenciais: por um lado a necessidade em envolver todos
os elementos da comunidade educativa neste processo de auto-avaliação da BE; e, por outro lado, a utilidade
deste para a melhoria das práticas e serviços da BE. Estando no centro do processo de ensino-aprendizagem, a BE
deve recorrer à envolvência de todos, de forma a contribuir para o grande objectivo do agrupamento – o sucesso
educativo dos alunos.
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