6. T E X T O B Í B L I C O
Gênesis 37.1-8.
1 — E Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 — Estas são as gerações de Jacó: Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com
seus irmãos; e estava este jovem com os filhos de Bila e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu
pai; e José trazia uma má fama deles a seu pai.
3 — E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e
fez-lhe uma túnica de várias cores.
4 — Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos os seus irmãos,
aborreceram-no e não podiam falar com ele pacificamente.
5 — Sonhou também José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso, o aborreciam ainda
mais.
6 — E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho, que tenho sonhado:
7 — Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e eis que o meu molho se levantava e
também ficava em pé; e eis que os vossos molhos o rodeavam e se inclinavam ao meu molho.
8 — Então, lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás
domínio sobre nós? Por isso, tanto mais o aborreciam por seus sonhos e por suas palavras.
7. Conviver e relacionar-se com pessoas é uma arte! Exige
tato, experiência e cuidado. As pessoas são diferentes de muitos
modos, inclusive na forma como gostam de serem tratadas.
Talvez uma bajulação faça bem ao ego de uma pessoa, mas
outra recebe com desconfiança e desprezo. Há formas
universais de tratar alguém. Todos desejam ser tratados com
educação, respeito e cordialidade. Todavia, com alguns isto não
basta, são necessárias altas dosagens de paciência, tolerância e
resignação. É sobre esse tipo de pessoa que certa
psicoterapeuta chama de “porco-espinho”, e um outro
psicólogo conceitua como “gente tóxica”, que trataremos nessa
lição.
9. 1
Das metáforas ao conceito (Pv 15.18; 16.18,27)
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A metáfora “porco-espinho” ajuda esclarecer o sentido de
“pessoas difíceis”. Naturalmente, o porco-espinho é um animal
dócil, mas sob ataque, pressão ou cutucado, torna-se uma criatura
perigosa, expelindo espinhos que se fixam na musculatura do
oponente, gerando dor e inflamação. As figuras coloquiais “fio
desencapado” e “pavio curto” expressam semelhante conceito.
Trata-se de pessoas cujo relacionamento sempre é delicado e
tenso por um lado, e distorcido e conflituoso por outro. É claro
que os conflitos fazem parte dos relacionamentos e, considerados
positivamente, levam à maturidade emotiva e relacional. Mas o
que está em vista aqui é aquela forma irracional que chega às
raias do abuso, manipulação e maus-tratos verbais gratuitos. A
Bíblia recomenda cuidado no trato com os tais (Pv 22.24,25).
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10. 2
Halitose de personalidade.
A “pessoa difícil” de conviver traz um grande custo a si mesma
e àqueles que estão em seu entorno. Ela sofre de um mal em
sua personalidade que afasta as pessoas. Alguns especialistas
chamam isso de “halitose de personalidade”. A halitose é
responsável pelo mau hálito e, aplicada ao contexto, indica a
pessoa que afasta as outras de si por causa de seu
comportamento irritante. Falta-lhe aquele “bom cheiro de
Cristo” (2Co 2.14-16) que aguça o caráter e a personalidade e
torna a pessoa querida e amada (Ct 1.3). Geralmente esses
indivíduos precisam de aconselhamento especializado (Cf. Pv
12.20; 13.10; 8.14-16; Cl 3.16).
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11. 3
O que diz a Bíblia.
A Bíblia não trata sistematicamente a respeito da convivência com pessoas
difíceis, mas traz algumas recomendações e casos onde elas podem ser
vistas, entre elas:
a) José e seus irmãos (Gn 37). Movidos pelo ódio e inveja, os irmãos de José
fizeram de tudo para tornar sua vida insuportável, a ponto de não falarem
mais pacificamente com ele (vv.4,11) e tramarem sua morte (v.18). Deus fez
com que o mal fosse transformado em bênção, mas o processo foi doloroso
(At 7.9; Rm 8.28).
b) Davi e Saul (1Sm 18.6-30). Saul temia o fato de Davi ser bem-sucedido em
tudo o que fazia (vv.14,15,29) e não olhava-o com bons olhos (v.9), razão
pela qual tentou matá-lo por diversas vezes (v.11,17-19). Ele invejava o
apreço que todos tinham por Davi, e a inveja tornou-se em ódio (v.30). Não é
sem razão que o salmista orava ao Senhor pedindo livramento (Sl 17.8-12).
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12. Os relacionamentos tornam-se insuportáveis quando a
inveja é sua maior medida.
Ponto importante
A inveja assinala sua presença quando
a pessoa não se alegra com o sucesso
do outro.
14. Invejosa e ciumenta (Pv 28.22; At 7.9; Tg 3.15; Rm 13.13).
A inveja é um sentimento destrutivo provocado pela insatisfação
pessoal a respeito da felicidade e sucesso alheio (Pv 14.30). Ela se
distingue do ciúme, uma outra obra da carne (Gn 30.1; Rm 13.13;
Gl 5.21). A pessoa tem ciúme do que é dela e inveja do que é do
outro. O ciumento quer primazia e exclusividade (Nm 11.27-29;
Rm 11.11), já o invejoso tende a destruir ou ignorar o que alguém
conquistou e a influenciar negativamente as outras pessoas (Gn
4.5; 37.11). A inveja e o ciúme são pecados (Gl 5.20,21) e opostos
ao amor (1Co 13.4). Na Bíblia são conhecidos Caim (Gn 4.5), os
patriarcas (At 7.9), Saul (1Sm 18.8) e os principais sacerdotes (Mc
15.10), todos, pessoas tóxicas, capazes de oprimir, injuriar,
planejar o mal e até cometer assassinatos (Mt 27.18). O justo é
advertido a não ter inveja dos ímpios (Sl 37.1; Pv 3.31; 23.17).
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15. 1
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Opressora e agressiva (Êx 23.9; Lv 19.33; Pv 14.31).
O opressor tem um conceito equivocado acerca do poder que
exerce. Ele converte a legítima autoridade em opressão e a
submissão em pena (Gn 16.6; Êx 1.11; 1Tm 1.13). Nesses dois
versículos, o termo hebraico ('ānâ) significa “humilhar” (ARA) ou
“afligir” (ARC) e, no contexto, refere-se ao sofrimento advindo de
uma tarefa difícil de realizar, podendo se estender ao castigo físico
(1Tm 1.13 cf. At 26.9-11). O opressor é autoritário e se favorece
de sua função superior para impor sua vontade sobre os outros.
Essa suposta superioridade às vezes é condicionada pela cultura
(machismo, patriarcalismo, paternalismo), resultando em
hostilidade e agressões às mulheres, crianças e indefesos (Sl
10.18; 34.18). O salmista pedia ao Senhor para que o livrasse de
gente dessa laia (Sl 72.4; 119.121).
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16. 2
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Murmuradoraemexeriquei-as(Nm17.5;Dt1.27;1Co10.10).
Um dos termos hebraicos para murmuração (hāgâ) descreve o arrulhar da pomba e o rugir do leão
após a captura da presa (Is 38.14; 31.4). A murmuração pode se manifestar sutil e docilmente como
o arrulhar da inofensiva pomba, como também manifesta-se perigosa e ameaçadora como o rugir
do leão. Em ambas situações ela é perigosa e repreensiva. Tais metáforas descrevem o caráter sutil e
ameaçador do murmurador e do mexiriqueiro, o “fofoqueiro”. Ambos usam as palavras para
provocarem intrigas, rebeliões e para falarem mal do próximo (Êx 15.24; 16.2; Nm 14.2; 16.41; Lv
19.16; Pv 11.13). Segundo a Bíblia, essas pessoas tóxicas espalham veneno pela língua mentirosa (Pv
6.17), e, como flecha, procuram ferir outros disseminando desconfiança (Jr 9.8). O mexeriqueiro é
intriguista e bisbilhoteiro. Uma das características desse execrável personagem é revelar os
segredos que lhe são confidenciados (Pv 11.13). Seu prazer está em revelar aos outros aquilo que
lhe foi transmitido em secreto. Ele gosta de insinuar maliciosamente dúvidas a respeito do cárater,
das palavras e atos das pessoas. Ele é tão perigoso à unidade do grupo e à comunhão fraternal que
a Bíblia o condena tenazmente: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo” (Lv 19.16; 2Co
12.20). Paulo também repreende as mulheres mexeriqueiras na igreja. Elas se intrometiam na vida
particular dos irmãos e falavam o que não convinha “de casa em casa” (1Tm 5.11-13). Disseminavam
mentiras, intrigas e dúvidas concernentes à vida dos crentes. No Salmo 101.5, o Senhor é
muitíssimo claro: “Aquele que difama o seu próximo às escondidas, eu o destruirei”. É muito difícil
se relacionar com tais pessoas (2Tm 2.17).
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17. É necessário a paciência de Jó e a perseverança de
Jeremias para suportar pessoas tóxicas.
Ponto importante
Prudência, sabedoria e tolerância são
antídotos contra as pessoas difíceis.
19. Ninguém é perfeito (2Cr 6.36; Rm 3.23).
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Todos, de igual modo, são imperfeitos (Gl 5.19-21),
e dependentes da graça de Jesus Cristo para serem
pessoas cujo caráter reflita a transformação
operada pelo Espírito Santo (Gl 5.22-25). Todavia,
cabe também a cada um, que confia na obra
transformadora de Cristo, esforçar-se para se
tornar uma pessoa melhor, aprofundando e
melhorando o caráter, as emoções e os
relacionamentos com o outro (Gl 5.26; Ef 4.1-3,23-
32).
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20. 2
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Não tente transformá-las (Pv 16.2; 18.1; 29.1)
Uma pessoa de difícil convivência geralmente é alguém que não
sabe dominar a si própria e possui uma visão distorcida de Deus,
de si e dos outros (Pv 16.17-21; 14.31). Ela se apega, mesmo sem
o saber, a fatores psicológicos de sofrimento e dessassocego:
ciúmes (por sentir ameaçado seu objeto de apego, Rm 13.13),
rivalidade e competição (por considerar que outros disputam o
mesmo objetivo, Pv 17.14), orgulho e vaidade (por considerar-se
superior, Pv 16.18). Esses sentimentos são convertidos em atos de
ira, agressão, indiferença, manipulação e opressão. É melhor
afastar-se (Rm 16.17; Is 2.22; Pv 14.16).
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Cuide de si, não se esqueça do outro (Lv 19.18; Mt 19.19; 22.39).
O jovem deve discernir todas suas ações por meio das Escrituras (Sl
119.9,105). Ela é um espelho mediante o qual o cristão lê e vê a si mesmo
segundo o padrão divino (Tg 1.22-25), e a norma de fé e prática para a vida
cristã (2Tm 3.16,17). Deste modo, cuide de si, mas não se esqueça do outro
(2 Tm 2.1,22-26; 3.14; 4.5). Cuidar de si é uma condição indispensável para
cuidar do outro. Desejar o melhor para si mesmo, no entanto, não significa
desejar o pior para o próximo. Para os gregos o cuidar de si (epimeleia
heautou) designava um conjunto de ocupações desenvolvidas pelo indivíduo
numa relação consigo mesmo (estudo, meditação, exercícios físicos). Ao
mesmo tempo, essa atenção às necessidades individuais era uma atividade
social e, com isto, um cuidado com o outro (epimeleia ton allon) que se
manifestava na ética cristã que ensina: “E como vós quereis que os homens
vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também” (Lc 6.31).
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22. A obra do Espírito Santo transforma pessoas difíceis em
pessoas dóceis.
Ponto importante
Qualquer pessoa pode ter seu momento
de “pessoa tóxica”, portanto, vigie.
23. O Espírito Santo pode transformar uma pessoa difícil em
pessoa dócil (At 9). Portanto, o jovem deve orar ao
Senhor e agir prudente e sabiamente para contruir
relacionamentos saudáveis, mesmo com pessoas difíceis.
24. H O R A D A R E V I S Ã O
1. Defina pessoas difíceis.
Trata-se de pessoas cujo relacionamento sempre é delicado e tenso por um lado, e distorcido e conflituoso por outro.
2. O que é “halitose da personalidade”?
Indica a pessoa que afasta as outras de si por causa de seu comportamento irritante.
3. Cite duas características das pessoas difíceis.
Invejosa e ciumenta.
4. Quais são os fatores psicológicos destrutivos aos quais as pessoas difíceis se apegam?
Ciúmes, rivalidade, orgulho e vaidade.
5. O que as Escrituras são para a vida prática e diária do jovem?
Um espelho mediante o qual o cristão lê e vê a si mesmo segundo o padrão divino, e a norma de fé e prática para a vida cristã.