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Os Direitos do Leitor
(segundo Daniel Pennac in Como um romance)




Os Direitos Inalienáveis
       do Leitor
1. O Direito de Não Ler
               Os livros não servem só para ler.
               Podes ver as imagens, podes
               folheá-los e navegar entre as
               páginas de letras com o barco da
               tua imaginação, sentar-te e
               abraçá-lo como a um urso de
               peluche, pô-lo à tua frente e
               fazer-lhe confidências silen-
               ciosas, ficar simplesmente a olhar
               para ele e esperar que ele te diga
               alguma coisa…
2. O Direito de Saltar Páginas
               Os livros têm as páginas
               numeradas precisamente para
               poderes seguir a sua ordem, mas
               com liberdade. Não precisas de ler
               a página 10 a seguir à página 9,
               podes saltitar para a frente e para
               trás nas páginas dos livros, desde
               que não tropeces e não te magoes.
               Podes saltar capítulos inteiros e
               até saltar da primeira para a última
               página, num salto radical e
               perigoso. O importante é que
               aprendas alguma coisa com isso.
3. O Direito de Não Acabar Um Livro

                   Às vezes não apetece
                   chegar ao fim de um livro:
                   ou porque ele já não tem
                   mais nada de interessante
                   para nos dizer ou… porque,
                   como com todas as coisas
                   muito boas que
                   acontecem, não queremos
                   que acabem.
4. O Direito de Reler
                  Uma das maneiras de não
                  acabar um livro é começar a
                  lê-lo outra vez. Reler um livro
                  é como ir à festa de
                  aniversário de um amigo
                  todos os anos, celebrar o
                  Natal todos os dezembros.
                  Repetir as boas experiências é
                  o que procuramos fazer todos
                  os dias, na nossa vida. E, na
                  repetição, há sempre coisas
                  novas, às vezes, verdadeiras
                  surpresas.
5. O Direito de Ler Não Importa o Quê
               Ler é como comer. As prateleiras
               da biblioteca são tão variadas
               como as do supermercado. Cabe-
               -te a ti escolher. Claro que se
               comeres bem, sentir-te-ás bem.
               Se não o fizeres, o teu corpo
               queixar-se-á, mais tarde ou mais
               cedo. Comer bem significa, sobre-
               tudo, comer alimentos variados.
               Com os livros é mesma coisa. E,
               como em relação aos alimentos,
               tens o direito de ter as tuas
               preferências.
6. O Direito de Amar os «Heróis» dos
Romances
                     O amor é aquilo que, de
                     uma forma ou outra,
                     orienta a nossa vida. Se
                     Penélope amou Ulisses,
                     se Orfeu amou Eurídice,
                     tu também tens o
                     direito de amar quem
                     quiseres. Até as
                     personagens dos teus
                     livros.
7. O Direito de Ler Não Importa Onde
                  Não há sítios próprios para a
                  leitura e muito menos sítios
                  impróprios para ler. Podes
                  ler na cama, na sala, no
                  chão, na biblioteca, mas
                  também na praia, no metro
                  ou no autocarro, no jardim
                  ou no teu local secreto. Mas,
                  se quiseres mesmo sossego,
                  sabes que podes sempre
                  ler… na casa de banho!
8. O Direito de Saltar de Livro em Livro
                  Ler é como atravessar rios que
                  não têm ponte quando não se
                  tem um barco e não se sabe
                  nadar. Podes usar os livros
                  como pedras onde pousar os
                  olhos para passares de uma
                  história a outra, de uma
                  emoção a outra, de uma
                  experiência a outra. Além
                  disso, nunca se sabe o que
                  pode aparecer entre um livro
                  e outro.
9. O Direito de Ler em Voz Alta
              A leitura silenciosa só entrou na
              história dos homens e da leitura,
              mais ou menos, cem anos antes de
              Afonso VI de Leão e Castela doar o
              Condado Portucalense a
              D.Henrique. Antes disso, toda a
              gente lia em voz alta. Não há razão
              para não o fazeres. Ler em voz alta
              não é muito diferente de cantar. Só
              não deverás fazê-lo se isso
              incomodar as pessoas à tua volta.
10. O Direito de Não Falar do Que se Leu

                      Ler um livro é ouvir o
                      segredo que o escritor
                      escreveu para nós. Depois
                      de leres um livro, o seu
                      segredo pertence-te e tens
                      o direito de contar esse
                      segredo a quem tu quiseres.
                      Mas também tens o direito
                      de o guardar só para ti e de
                      não o contares a ninguém.

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Os direitos inalienáveis do leitor

  • 1. Os Direitos do Leitor (segundo Daniel Pennac in Como um romance) Os Direitos Inalienáveis do Leitor
  • 2. 1. O Direito de Não Ler Os livros não servem só para ler. Podes ver as imagens, podes folheá-los e navegar entre as páginas de letras com o barco da tua imaginação, sentar-te e abraçá-lo como a um urso de peluche, pô-lo à tua frente e fazer-lhe confidências silen- ciosas, ficar simplesmente a olhar para ele e esperar que ele te diga alguma coisa…
  • 3. 2. O Direito de Saltar Páginas Os livros têm as páginas numeradas precisamente para poderes seguir a sua ordem, mas com liberdade. Não precisas de ler a página 10 a seguir à página 9, podes saltitar para a frente e para trás nas páginas dos livros, desde que não tropeces e não te magoes. Podes saltar capítulos inteiros e até saltar da primeira para a última página, num salto radical e perigoso. O importante é que aprendas alguma coisa com isso.
  • 4. 3. O Direito de Não Acabar Um Livro Às vezes não apetece chegar ao fim de um livro: ou porque ele já não tem mais nada de interessante para nos dizer ou… porque, como com todas as coisas muito boas que acontecem, não queremos que acabem.
  • 5. 4. O Direito de Reler Uma das maneiras de não acabar um livro é começar a lê-lo outra vez. Reler um livro é como ir à festa de aniversário de um amigo todos os anos, celebrar o Natal todos os dezembros. Repetir as boas experiências é o que procuramos fazer todos os dias, na nossa vida. E, na repetição, há sempre coisas novas, às vezes, verdadeiras surpresas.
  • 6. 5. O Direito de Ler Não Importa o Quê Ler é como comer. As prateleiras da biblioteca são tão variadas como as do supermercado. Cabe- -te a ti escolher. Claro que se comeres bem, sentir-te-ás bem. Se não o fizeres, o teu corpo queixar-se-á, mais tarde ou mais cedo. Comer bem significa, sobre- tudo, comer alimentos variados. Com os livros é mesma coisa. E, como em relação aos alimentos, tens o direito de ter as tuas preferências.
  • 7. 6. O Direito de Amar os «Heróis» dos Romances O amor é aquilo que, de uma forma ou outra, orienta a nossa vida. Se Penélope amou Ulisses, se Orfeu amou Eurídice, tu também tens o direito de amar quem quiseres. Até as personagens dos teus livros.
  • 8. 7. O Direito de Ler Não Importa Onde Não há sítios próprios para a leitura e muito menos sítios impróprios para ler. Podes ler na cama, na sala, no chão, na biblioteca, mas também na praia, no metro ou no autocarro, no jardim ou no teu local secreto. Mas, se quiseres mesmo sossego, sabes que podes sempre ler… na casa de banho!
  • 9. 8. O Direito de Saltar de Livro em Livro Ler é como atravessar rios que não têm ponte quando não se tem um barco e não se sabe nadar. Podes usar os livros como pedras onde pousar os olhos para passares de uma história a outra, de uma emoção a outra, de uma experiência a outra. Além disso, nunca se sabe o que pode aparecer entre um livro e outro.
  • 10. 9. O Direito de Ler em Voz Alta A leitura silenciosa só entrou na história dos homens e da leitura, mais ou menos, cem anos antes de Afonso VI de Leão e Castela doar o Condado Portucalense a D.Henrique. Antes disso, toda a gente lia em voz alta. Não há razão para não o fazeres. Ler em voz alta não é muito diferente de cantar. Só não deverás fazê-lo se isso incomodar as pessoas à tua volta.
  • 11. 10. O Direito de Não Falar do Que se Leu Ler um livro é ouvir o segredo que o escritor escreveu para nós. Depois de leres um livro, o seu segredo pertence-te e tens o direito de contar esse segredo a quem tu quiseres. Mas também tens o direito de o guardar só para ti e de não o contares a ninguém.