1. 1981
Amor e Perdição
1
1981
Amor e Perdição
Maria Lívia Ferreira
Roosevelt F. Abrantes
João Justina Liberto
Ana Carla Furtado
Ubirani Yaraima
Diegho Courtenbitter
Rusgat Niccus
Jose Cauã Freitas de Carvalho
Ana Amélia Sousa de Ferreira
Eliezer Dante da Silva
Eleonora Fontes Torres
Maria Julia Delano de Almeida
João Franklin Teodoro de Abrantes
2021
2. 1981
Amor e Perdição
2
“Eu tenho dentro de mim todos os mundos, eu tenho dentro de mim todos os
amores da terra, eu tenho dentro de mim todos os delírios dos amantes, eu tenho
dentro de mim todos os poetas do mundo, eu tenho dentro de mim todo o universo
conhecido.... No entanto.... Faltou você.... Que ainda permanece apenas nos
meus sonhos...
Diegho Courtenbitter
3. 1981
Amor e Perdição
3
Dedicatória,
Este livro é dedicado a uma bela ninfa.... Regozijado a uma linda jovem.... Um
amor que amei em meu passado, um amor que foi o meu primeiro.... Um amor que
dentre tantos que amei, foi o mais lindo... E sendo o mais belo... Foi o mais
eterno.... Um grande amor de minha vida. As linhas deste livro são dedicadas a
alguém que foi especial... A alguém que sempre a chamei de minha doce menina,
minha laica rainha, meu doce coração.... Saiba que eternamente, sempre me
lembrarei de você.... Saiba que você.... Sempre terá uma parte em mim, e eu parte
em você... E eu sempre me lembrarei de te amar....
Rusgat Niccus
4. 1981
Amor e Perdição
4
“Amar é uma lembrança doce.... Amar é uma doença feliz... Amar um sofrer por
causa alguma.... É invenção de te amar....
Ubirani Yaraima Aruana
5. 1981
Amor e Perdição
5
Livro: 1981
Tradução: Amor e Perdição
Gênero: Poesia
Ano: 2022
Autor: Maria Lívia Ferreira
Co-Autores: Roosevet F. Abrantes, Rusgat Niccus, João Justina Liberto, Ana
Carla Furtado, Ubirani Yaraima, Diegho Courtenbitter, Jose Cauã Freitas de
Carvalho, Ana Amélia Sousa de Ferreira, Eliezer Dante da Silva, Eleonora Fontes
Torres, Maria Julia Delano de Almeida e João Franklin Teodoro de Abrantes.
Titularidade: Estes são os Ortónimos, Antropônimos e Heterônimos de Roosevelt
F. Abrantes
Editora: Editora Lascivinista / Produção e Publicação Independente
Coletânea: Amores e Perdições
Ano de Finalização Escritural da Obra: 2021
Data da Primeira Publicação deste Livro: 26 de Abril de 2021
Contatos:
End.: Rua das Palmeiras, n° 09
Residencial Parque das Palmeiras
Vila Embratel – São Luís - Maranhão
Cep.: 65080140 – São Luís – Ma
País.: Brasil / Região.: Nordeste
Tel.: (98) 9 9907-9243 / (98) 9 8545-4918
WhatsApp.: (98) 9 8545-4918
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6. 1981
Amor e Perdição
6
Prefácio
1981, Amor e Perdição é um livro de poesia ácida que possuir escrita
colaborativa entre os escritores da primeira e segunda fase do “Movimento
Lascivinista”, tendo como intermediadores e colaboradores a poetiza “Maria
Lívia Ferreira e Jose Cauã Freitas de Carvalho”, ambos antropônimos criados
em homenagem a filha, a neta e ao filho do Autor/Criador e Escritor Roosevelt F.
Abrantes.
A poetiza Maria Lívia Ferreira é a principal autora desta obra, possui um
pouco mais espaço e poemas na prateleira desta vitrine literária. A sua poesia
metafisica é algo que chama muito atenção em seus textos, e a predominância de
mensagens envolvendo o amor perdido, a magia, a lascívia e assuntos ácidos tem
lugar de destaque em sua obra literária.
Esta literata das letras estreia com inteligência nesta segunda fase da
Escola Lascivinista, atuando como mediadora de um gênero poético inovador e
ácido, sua tarefa é abrir caminho para que uma nova seleta de poetas e escritores
assumam as suas posições de destaque dentro da Escola Lascivinista. Uma
posição e visibilidade poética que aparecem pela primeira vez no cenário
Lascivinista através desta obra.
A poeta Maria Lívia Ferreira trabalhou muito este espaço literário para
transpor com qualidade e tranquilidade toda a sua essência astral, mística e
magica os seus sonetos tácitos. Trata-se de canções líricas que imitam as batidas
do coração.
Esta produção poética inaugura algumas composições literárias
contextualizadas principalmente na ironia existencial, romântica, lasciva e religiosa
que contrapõe a realidade concisa e pouco solida da vida.
O Antropônimo “Jose Cauã Freitas de Carvalho” é um dos últimos
colaboradores a entra na segunda fase da “Escola Lascivinista”, e mesmo tendo
apenas um pouco mais que seis poemas inferidos em sua estreia, notabilizou-se o
quanto de energia, proficiência e de inteligência poética estão internalizadas
dentro de suas entrelinhas poéticas.
Esta produção poética durou aproximadamente dois anos para ser
construída e contextualizada. Trata-se de uma coletânea de poemas lascivos,
fortemente ligados a assuntos exógenos, promíscuos e extravagantes....
Os poemas aqui transcritos falam exatamente de um amor lascivo, um
sentimento intermediário, uma paixão ardente, um sentir poético que não se
mensura pelos caminhos tracejados, e sim pelo caos enfrentado ou pelo temor
inferido a própria vida amorosa. Um sentir as vezes incompreensível, um doar as
vezes tolo mais absolvido pelos muitos enamorados que se tangem na
compreensão do amor eterno.
7. 1981
Amor e Perdição
7
O amor certamente caminha por terrenos sagrados, um campo onde se
deve plantar emoções para colher saudades e matar nostalgias. As linhas do amor
são como trilhas fragmentadas, pintadas por outros amantes que caminharam pelo
deserto de seus corações.
Afinal, todos nós, eu e você, sempre seremos, a saudade de alguém, a
decepção de quantos, a desonra de outros, o êxtase do outrem, o maior amor do
próximo amor, o único amar de muitos corações, e a paixão de muitas outras
pessoas...
E quem neste sentido, entre eu e você, quem deixaremos calado, a quem
doaremos o amor, e a qual inóspito estranho, desejaremos o dizer no silencio, “um
eu te amo”. No fim, tudo é amor, tudo é amar e nada mais que amor....
Abrantes F. Roosevelt
8. 1981
Amor e Perdição
8
A Segunda Fase da Escola Lascivinista
Os principais poetas e escritores da segunda fase da Escola Lascivinista são:
Jose Cauã Freitas de Carvalho – Pseudônimo, Antropônimo e Heterônimo (2006 –
2053), Ana Amélia Sousa de Ferreira – Heterônimo (2001 – 2048), Eliezer Dante
da Silva – Pseudônimo, Antropônimo e Heterônimo (2009 – 2056) e Eleonora
Fontes Torres – Heterônimo (1979 – 1926), João Franklin Teodoro de Abrantes –
Pseudônimo, Antropônimo e Heterônimo (1992 - 2039) e a Poetiza Maria Julia
Delano de Almeida – Heterônimo (2008 - 2055).
Estes seis poetas finalizam o “Círculo Romântico do Movimento Lascivinista”
após a entrada do poeta Eliezer Dante da Silva. Ele é o último a compor a
Esquadra Lasciva chamada de “O Seisteto dos Românticos Lascivos” em
Março de 2022, estando o poeta com apenas 13 anos de idade. E é exatamente
com ele que também se encerra o “Movimento Lascivo”.
Este poeta encerra a última fase da Escola Lascivinista que acaba com a morte do
poeta Eliezer Dante Silva de Abrantes que morre em 26 de Novembro de 2056 ao
lado de sua esposa e dos seus dois filhos na cidade de Viseu em Portugal.
9. 1981
Amor e Perdição
9
“Amores e Perdições”
Afinal
Todos nós
Eu e você
Sempre seremos
A saudade exatamente de quem...
O maior e o único amor de quais corações
A paixão e a única formar de amar de quem
E de quantas pessoas deixaremos de amar...
E quem
Entre eu e você
Deixaremos calado
Um sentimento inóspito
Que só se pode dizer no silencio...
Quem deixaremos ir embora
Quem deixaremos morrer em nosso coração
Quem deixaremos de amor por sermos egoístas...
Maria Lívia Ferreira
"Coração de Mulher"
O coração de uma mulher
É como uma ilha de ferro
É como um deserto de fogo...
Solo sagrado
Chão proibido
Terra imaculada...
Um lugar intocável
Um espaço intangível
Um local impermeável...
Uma morada residente de anjos
Um burgo habitado por demônios
Uma cabana revolvida por Deuses...
10. 1981
Amor e Perdição
10
É terra onde caminham anjos
É solo onde rastejam demônios
É lar dos mais bonitos nefilins...
Terra desolada
Terra enigmática
Terra desconhecida....
O coração de uma mulher
É como uma ilha de ferro
É como um deserto de fogo...
É terra que não deve ser explorada
É solo inadequado a visitação humana
É zona proibida a pesquisas cientificas....
É oceano que ninguém navega
É terreno que ninguém desbrava
É espaço aéreo que ninguém sobrevoa....
O coração de uma mulher
É lar de bilhões de anjos alados
É terra de milhares de demônios
É abrigo de muitos homens mortais...
É um bunker nazista
Um lugar desértico
Uma muralha de ferro...
É um espaço no etéreo
Onde são bem guardados
Os segredos desconhecidos
Criados pelos antigos Gregos...
Os ópios proibitivos da terra
As armas de destruição em massa
As filhas de um rei que desejam guerras...
Algo tão terrível aos olhos humanos
Um fruto imaculado de sabor tão acido
Uma vela acesa em um descampando vil
Que nem o próprio Deus conhece a sua chama...
Rusgat Niccus
11. 1981
Amor e Perdição
11
"Ꝟ≥ꓤ¥Ώ≥ÏΦ"
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Ubirani Yaraima
"edatsepmeT"
otnev mu omoC
...uovel em êcoV
avuhc amu omoC
...uohlom em êcoV
oiar mu omoc E
...etrof uohlirb êcoV
odipmatse ognol mu omoC
....oãdirucse atruc ahnim mE
João Justina Liberto
"Literatura do Amor"
Amor é obra literária
Paixão é texto de ficção
Sexo é rascunho dividido...
Um papel reciclado
Palavras sem ações...
Poesia é uma caneta tinteiro
Prosa é uma tela quase branca
Desejo é um verso guarnecido....
12. 1981
Amor e Perdição
12
É papel picado em fel
Vis beijos sem emoções...
João Justina Liberto
“O Som do Amor”
Não deixe mudo no seu pensamento
Não deixe surdo no seu sentimento
Não deixe cego no seu fluido coração
O amar que move os indolentes no limpo....
Diga para o seu amor a verdade
Diga para o seu amor o seu amar...
Diga que você a ama
Diga que você a quer....
Pois quem não o diz o que senti
Pois quem não diz o que se quer...
É como uma árvore quase morta
No meio de uma gigantesca floresta...
É como uma arvore gigante e frondosa
Desabando sobre outras arvores menores...
Caindo lentamente ao cerne
Ruindo em um enorme barulho
Sôfrego em um tombo hermético
E fluida sobre o chão triste e inerte...
O tombo existe
A árvore existe
E o som existe....
Mas se não há pessoas
No meio da forte floresta
Para ouvir a sua vil queda
O som de sua biltre queda....
A árvore passa a não existir
O som passa a não persistir
A vida passa como despercebida...
13. 1981
Amor e Perdição
13
E neste contexto
É também o amor
Ele passa a não existir
Ele passa despercebido...
Entenda que sem o som
Entenda que sem o amor...
O som não existe
O amor não existe
A vida torna-se um erro...
O amor se amar
É falso contexto...
O amar sem amor
É falsa conclusão...
Ele não existe
Não há arvore
Não há tombo...
Não há som
Não há barulho
Não há ninguém...
Não há amor
Não há amar
Não há outrem....
O amor deve ser ouvido
O amar deve ser cantado...
Mas se ninguém a ouve
Mas se ninguém a canta....
Não há contemplação
Não há encantamento...
E assim como o amor
E assim como a árvore
Ele nunca existirá nas pessoas...
O amor deve ser ouvido
O amor deve ser sentido
O amor deve ser notado...
14. 1981
Amor e Perdição
14
E assim
Como a árvore...
Sem som
Não há amor...
Pois o amor verdadeiro
É como um som estridente
É árvore caindo na floresta
É vela apagada na escuridão....
Pois o amor verdadeiro
É acompanhada de um estrondo
É seguida de um brado retumbante...
É um enorme zunido
É um magnifico barulho
Um som estupidamente vil
Um som grosseiramente fosco...
Um estupido sonoro
Um febril rugido sibilo
Um estrídulo melodioso...
O amor é um som que ecoa vil
No tombo de várias arvores biltres
É semente que arrebenta a mãe terra...
É um som que ecoa viril
É fogo que queima a várzea
Na explosão de uma estrela baixa...
Um som que estremece nos vulcões
Um som que move ondas gigantescas
Um som que se rebate no seu coração....
Sejamos o som verdadeiro
Batendo pela declaração do amor....
Sejamos o som verdadeiro
Batendo por mim na sibila santa...
Velada pela inercia
Cercada pelo movimento
Fluida por você ao nos vermos....
Maria Lívia Ferreira
15. 1981
Amor e Perdição
15
“Sentidos”
Eu e você
Você e eu...
Quanto tempo
Tempo quando...
A quanto tempo
A tempo quando...
Sempre seremos
Seremos sempre...
A continuidade de outros
A assiduidade de alguém
A fluidez dos desconhecidos...
Quantas pessoas
Quantos ninguéns...
A quem pertencemos agora
A quem devemos nos doar...
Somos a saudade de alguém
Somos a decepção do outro
Somos o êxtase do outrem...
Somos o maior amor do próximo amor
Somos o único amar de muitos corações
Somos a biltre paixão de outras pessoas...
E quem neste sentido vil
Entre vários pecados tristes...
Eu e você
Você e eu
Devemos ser...
A quem doaremos o amor
A quem deixaremos calado
E a quais inóspitos estranhos
Desejaremos o dizer no silencio...
Um eu te amo
Um eu te adoro
Um eu te desejo...
16. 1981
Amor e Perdição
16
Um breve talvez no acaso
Um breve talvez na falácia
Um breve talvez na taberna...
Um talvez eu te amo
Um talvez eu te adoro
Um talvez eu te desejo...
Mas no fim
Tudo é amor
Tudo é amar
E nada mais
É mais nada
O que do nada
Em o que amar....
Maria Lívia Ferreira
“Andança”
Ando pelos cantos
Olho pelos trechos
Vejo as tuas sibilas
E não o vejo em meu freixo...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
“Erário”
O meu preço
Os teus terços
Não vale minha hora...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
17. 1981
Amor e Perdição
17
“Vento”
É lento
O vento
Que me lamenta...
Maria Lívia Ferreira
“Coração”
Vazo calibrado vil
Torço cedro de vinil
Alabastro tácito do cerne
Vislumbra o meu pórtico velar...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
“Fraterno”
Luso fraterno
Tardo no Cartago
Flora no pálido terno
A mingua no meu nitrato...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
"O Terço de Tereza"
Reze doce Tereza
Ore pelo meu amor...
Como uma novena cuidadosa
Reze sobre a minha boca terna...
Como uma oração fraternal
Reze sobre o meu peito pálido...
18. 1981
Amor e Perdição
18
E como um louvor narcisista
Observando sobre a lamina d'água
Cante ajoelhada em meu fel quadril...
Reze doce Tereza
Ore pelo meu amor...
Como uma vil homilia prevenida
Reze sobre os meus tímidos braços...
Como uma preleção intangível
Reze sobre o meu corpo inerte...
E como um doce terço de Tereza
Conte as doze novenas indiscretas
Sussurre pornografias em meu ouvido...
Reze doce Tereza
Ore pelo meu amor...
Prostrada em oração no cerne
Em seu terço de amor lascivo
Na volúpia de um amor selvagem...
Rusgat Niccus
"Um Pacto de Amor"
Antes de perde você
As minhas orações
Tinham direcionamentos
Aos anjos de olhos brancos...
Hoje abandonado por você
As minhas preces ficaram nulas
E sem atendimento pelo etéreo...
Mas por outro lado
Um outro anjo esquecido
Volvido em seus olhos pretos
Sorriram para mim na escuridão...
19. 1981
Amor e Perdição
19
Agora posso tê-la
Agora posso reavê-la
Agora posso ter esperanças...
Um pacto na encruzilhada
Um pedido cerne a meia-noite
Um contrato selado com um beijo...
Uma confirmação solitário
Um desejo sóbrio na nevoa
Um sorriso doce devolvido...
Você de volta aos meus braços
Dormindo pálida em minha cama
Feliz em meu sonho esquizofrênico...
Um preço simples a ser pago
Uma dívida entre anjos pálidos
Ao custo de minha alma sôfrega e infeliz....
Abrantes F. Roosevelt
"Tácita semelhança"
Todos nós somos anjos
E demônios de alguém...
Uma prece e oração de outrem
Uma vela ou o apagar do outro...
E você a que anjo pertence
Você é o demônio de quem...
Ubirani Yaraima Aruana
"Uma Farsa na Liberdade"
Não existe liberdade
Não existe escolha
E nem provisionamentos...
20. 1981
Amor e Perdição
20
Não há fuga
Não há esconderijo
E nem predileção vil...
Onde há liberdade
Onde há escolhas...
Se nem os ventos são livres
Se nem as águas são correntes
E nem as aves são soltas....
Tudo é prisão
Tudo é cárcere
Onde existe um escravo
E talvez vários senhores...
João Justina Liberto
"Amor de Rezadeira"
O Amor é como uma oração
Uma prece rezada de joelhos
Uma Ilusão mantida pelo coração...
Um que de pecado
Um que de sagrado
Limitado a confissões...
Um estranho inquilino
Que insistimos em ter fé
Mesmo estando imóvel
Como a um santo barro
Flertado em nosso coração ...
Ana Carla Furtado
"Amor de Mau Caminho"
Que Deus nos livre dos incessíveis
Que Deus nos livre dos amargos....
21. 1981
Amor e Perdição
21
Por que dos maus amados
Por que dos maus cuidados....
Destes pobres coitados
Destes não apaixonados
O diabo já nos livrou....
Diegho Courtenbitter Mello
"Pecado"
Beijos confidentes
Toques escondidos
Romances proibidos
Encontros às escuras...
Um pecado no paraíso
Um santo no inferno
Um anjo subliminar
Um roubo no teu céu....
Ubirani Yaraima Aruana
"otsecnI"
Um toque amigo
Um beijo paterno
Um romper descontinuo...
Um tocar irmão
Um roubo Inocente
Um leve sentir senil...
Um amor em segredos
Um amar as escondidas
Um violar santo na cerne
Em sua pura plenitude terna...
Rusgat Niccus
22. 1981
Amor e Perdição
22
"Amor de Verão"
A verdade é um remédio amargo
O amor uma mentira ao pé do ouvido
Ambos um desdém ingeridos como veneno....
Abrantes F. Roosevelt
"Amor e Maldição"
Isso não é vida
Isso não é amor...
Perdi você
Perdi viver....
Isso não é vontade
Isso não é desejo....
Sua ausência
Sua indiferença...
É qualquer coisa
É qualquer vida...
Sem você
Sem amor
Sem amar...
Quanto mais complicamos a vida
Menos amor poderá existe de verdade...
Ana Carla Furtado
"Amor de Revelia"
Se eu fosse uma canção
Eu seria aquela letra de música estranha
Intitulada de meninos e meninas de legião urbana...
23. 1981
Amor e Perdição
23
Se eu fosse um beijo
Eu seria a boca de cazuza em teus lábios...
Se eu fosse uma prosa
Eu seria os diálogos de Clarice Lispector....
Se eu fosse um livro
Eu seria um Romance de Machado de Assis....
Se eu fosse um abraço
Eu seria uma criança feliz perdida no parque.....
Se eu fosse um poema
Eu seria os versos de Alvares de Azevedo....
Se eu fosse um prazer libidinoso
Eu seria o teu sexo pela manhã....
Se eu fosse uma flor
Eu seria o seu beija-flor....
Se eu fosse uma citação poética
Eu seria os sonetos de Lord Byron....
Se fosse um musico famoso
Eu seria Renato Russo em teus ouvidos...
E se eu fosse uma vida
Eu seria a sua respiração....
João Justina Liberto
"Meu Lindo Demônio"
Ela é supreendentemente linda
Em seus olhos pretos e oblíquos...
Ela é metaforicamente linda
Em suas asas de morcego enegrecida....
Ela tem um cheiro peculiar de enxofre
Uma aparência enrugada em fóssil grotesca...
24. 1981
Amor e Perdição
24
Uma visão do olimpo
Pairada no terno inferno...
Um que magico de anjo
Uma beleza do paraíso
Encarnada em cerne de demônio....
Rusgat Niccus
"Uma Vida em Prosa"
A vida não me parece tão interessante
E a morte já não me traz tanto medo....
Os terrores noturnos não me acordam
O seu amor não me machuca como antes...
O seu sorriso não me conquista
E a sua falta já não me trai no cerne...
Os seus beijos são silencio
E o seu cheiro está ausente...
A sua calma não me alegra
E a sua voz já me inspira solidão...
Não sou mais um dependente químico de sua ternura
E nem sou mais um alcoólatra em soro de seu amor vazio...
Tenho saudades suas
Tenho paixões ternas
Mas não sou mais seu....
Ana Carla Furtado
"Um Tempo"
O tempo é algo raro
O tempo é algo efêmero
O tempo é algo passageiro...
25. 1981
Amor e Perdição
25
O mesmo tempo é existente
O mesmo tempo é resistente
O mesmo tempo é desistente
O mesmo tempo é persistente...
Uma fagulha no deserto
Uma flamula na floresta
Uma flecha na tormenta...
Um tempo
Um segundo
Um momento...
Um rio navegado por oceanos
Um bravo na batalha de canudos
Um farelo no campo salpico de azul
Um granulado na tempestade vermelha...
Uma parte da vida
Uma parte da morte
Uma metade do meu amor...
Rusgat Niccus
"Um Escritor"
Um escritor que conversa com anjos
Um poeta que discursa com demônios
Um discricionário que baila com mortos...
Um ficcional que beija demônios
Um idealista que flerta com anjos
Um prosador que faz amor com os deuses
Um literato que faz sexo com os demônios...
Um amor de poeta
Um amar de escrita
Uma paixão dos deuses
Uma criação dos demônios...
26. 1981
Amor e Perdição
26
Uma conversa com anjos
Um adendo com deuses
Um sexo com os mortais...
João Justina Liberto
"Um Silencio no Suicídio"
O universo é um deus sublime
E o dinheiro um deus necessário...
As cordas são ótimas ferramentas de trabalho
E os grossos caibros são excelentes apoios aos nos
E os pescoços são boas como ultimas escolhas na solidão...
Ainda procuro está vivendo
Por que o suicídio é pecado...
O céu azul é um mistério magico
E o sol um brilho que não termina...
Estiletes são ótimas ferramentas de trabalho
E as navalhas produzem excelentes cortes vis
E os pulsos são boas opções de um trágico fim...
Ainda procuro está vivendo
Por que o suicídio é pecado...
O infinito é um demônio encantado
Um vento frio nas asas de Baltazar
Um vazio no espaço da nebulosa azul...
Um silencio no suicídio
Um drama vil na solidão
Um fim triste no premeditado....
Um beijo sobre a faca
Um pulo sobre a corda
Amarada ao meu pescoço....
Ainda procuro está vivendo
Por que o suicídio é pecado...
Ana Carla Furtado
27. 1981
Amor e Perdição
27
"Cortes a Navalhas"
Os cortes em minha pele amarga
Parecem-me agradáveis a dores...
As fissuras em minha carne seca
Parecem-me proporcional ao prazer....
E o sangue fresco
E o cheiro da carne
Jorrado aos quatro ventos
Adormecem o meu cansaço...
Os pulsos tracejados a faca
As veias abertas por estiletes
Cobertos por filetes indesejáveis
Volvidos por navalhas falhas do cerne
Provocam anseios pelo paraíso indolor...
As marcas em minha garganta fria
Os sinais em meus pulsos atrofiados
Revelam as cordas que elevam o etéreo
Remontam as foices que conduzem ao escuro...
Arpoes e estiletes
Fios e mangueiras
Facas e navalhas
Cordas e algemas
Ilusões de um paraíso morto
Iluminações de um etéreo perdido
Indicações de uma premonição dúbia...
Ubirani Yaraima Aruana
"Tempo de Amor"
Quanto tempo perdi na vida em não dizer te amo
Quanto tempo perdi na vida em não dizer te adoro
Quanto tempo perdi na vida em não dizer te venero....
28. 1981
Amor e Perdição
28
O tempo é um ladrão de vidas
O tempo é um ladrão de sonhos
O tempo é um ladrão de desejos
O tempo é um ladrão de amores....
A vida é um furação efêmero
A morte é um lamento atormentado
E a perda uma imensa dor intermitente...
Não devemos perder tempo
Não devemos perder amores
Não devemos perder as paixões...
Há quanto tempo no tempo
Há quanto amor nos amores...
Não deixemos que o amor
Seja corroído pelo tempo
Não deixemos que o tempo
Seja autor da corrosão no amor...
Eu perdi tanto tempo sem você
Eu perdi tantos sonhos sem sonhar
Eu perdi tantos viveres sem viver...
Quanto tempo
Quanto amor
Quantos sonhos
Quantos momentos
Perdidos em nosso tempo....
Diegho Courtenbitter
"João"
João! Em um roubo de amor
João! Em um roubo de mulher
João! Em um roubo de coração....
Uma moça chicoteada
Uma moça enclausurada
Um cárcere volvido pelo pai...
29. 1981
Amor e Perdição
29
Um jumento cinzento
Uma carroça de madeira
Um chicote há duas mãos...
João! Um pacto com Zé Lanterna
João! Um santo chamado Benedito
João! Uma briga com o pai da moça...
Um pai bravo na madrugada
Um casal envolvido em beijos
Um chicote que não parava quieto
Uma fuga planejada as escondidas...
João aos beijos com justa
João aos planos de rouba-la
João aos desejos de juvenis....
João! Um pacto
João! Um beijo
João! Um roubo...
Um caminho de deserto
Um caminho de Gurutil
Um caminho de Cururupu...
Uma volta ao passado
Um retorno ao presente
Um caminho a São Luís....
Justa! Um desejo
Justa! Um sonho
Justa! Uma fuga
Justa! Uma felicidade
Um roubo de amor
Um roubo de amar
Uma predestinação...
Ubirani Yaraima Aruana
30. 1981
Amor e Perdição
30
"Lira dos Quarenta Anos"
Tenha pena de mim meu amor
Estando sozinho em meu leito vil
Ainda em delírio de minha morte
Morrendo atormentado em meu vazio...
Tenha pena de mim meu amor
Estando em meu leito de morte
Ainda em delírio sôfrego do cerne
Vivendo atormentado em meu etéreo...
A crista de luz silvestre
Hoje se ao fim chegasse
Tu linda amada celeste
Viria fechar os meus lábios
Em um selo fino de beijos...
Ao sol se não nascesse
Hoje se ao fim chegasse
Tu linda amada celeste
Perdoaria as dores de amor
Fecharia os meus olhos tristes
Em um selo fino de lagrimas....
Tenha pena de mim amada
Estando sozinho em meu leito
Ainda em delírio de minha morte
Morrendo atormentado em meu vazio...
Tenha pena de mim amada
Estando em meu leito de morte
Ainda em delírio sôfrego do cerne
Vivendo atormentado em meu etéreo...
Em choros dormentes
Em pálpebras molhadas
Ao vale da flor demente
Esquece sineiro triste da febre
Embelezado pela emoção doente...
Em coros de amor sôfregos
Em pelos de um olhar triste
Ao campo da rosa descolorida
Esquece esta dor do meu peito
Embeleza a emoção do doente...
31. 1981
Amor e Perdição
31
Tenha pena de mim amada
Estando sozinho em meu leito
Ainda em delírio de minha morte
Morrendo atormentado em meu vazio...
Tenha pena de mim amada
Estando em meu leito de morte
Ainda em delírio sôfrego do cerne
Vivendo atormentado em meu etéreo...
Desfolhe-me as pálpebras em lacrimas
Tingidas a tintas do meu longo pesadelo frio
Forjado no coração da donzela que dorme na lapide...
Incinerem-me as matérias impuras do cerne
Aladas as notas de um cancioneiro empalidecido
Formado sobre as cruzes de um campo adormecido....
Tenha pena de mim amada
Estando sozinho em meu leito
Ainda em delírio de minha morte
Morrendo atormentado em meu vazio...
Tenha pena de mim amada
Estando em meu leito de morte
Ainda em delírio sôfrego do cerne
Vivendo atormentado em meu etéreo...
Como um amor consumado
Vivido a luz da lua cintilante
Na madruga de um jazigo antigo
Deitados sobre uma lapide abandonada...
Fita a fivela que amarra os pelos
Flerta com o homem de branco
Acredita em seu desejo amargo
E sonha com a morte no paraíso...
Tenha pena de mim amada
Estando sozinho em meu leito
Ainda em delírio de minha morte
Morrendo atormentado em meu vazio...
Tenha pena de mim amada
Estando em meu leito de morte
Ainda em delírio sôfrego do cerne
Vivendo atormentado em meu etéreo...
32. 1981
Amor e Perdição
32
As sombras de uma lapide em penumbra
Sozinho as bordas de um nevoeiro cinzento
Protegido sobre o fogo de uma lareira desconhecida...
Ainda que o amor pareça um crucifixo frio
Ainda que o amor pareça uma lapide mórbida
Ainda que o amor pareça um cemitério silencioso...
Aceito o seu coração de morta
Acredito no teu coração de pálida
E desejo o seu amor de mulher lívida....
Rusgat Niccus
"2018"
Um povo equivocado
Uma escolha errada
Uma raiva reprimida
Uma eleição desastrosa...
Um mito facínora
Um ceifador cruel
Um ídolo malfeitor...
Um cavaleiro da fome
Um cavalheiro da morte
Um soldado do inferno...
Um fascista
Um neonazista
Um novo ditador...
Um mercador de almas
Um andarilho perigoso
Um devorador de famílias...
Um fanfarão
Um charlatão
Um mentiroso
Um negacionista....
33. 1981
Amor e Perdição
33
Um liberal fajuto
Um ditador barato
Um falso messias...
Um radical
Um fanático
Um genocida
Um moleque...
Um presidente de araque
Um presidente de fachada
Um presidente de fanáticos...
Um presidente de mentira
Um presidente de momento
Um presidente de muitos mortos....
João Justina Liberto
"A Coroa da Covid-19"
As ruas estão desertas
As praças estão desertas
As praias estão desertas
E as rodovias não aceleram...
As pessoas usam mascaras
As pessoas usam álcool gel
As pessoas lavam as mãos...
É difícil respira aqui
É difícil ficar isolado
É difícil não te abraçar....
A coroa da rainha
A convite da Covid
Reina soberanamente
Sobre o ano dos gêmeos...
Algumas não conseguem respirar
Algumas não conseguem respeitar
Algumas não conseguem entender
Algumas não conseguem caminhar...
34. 1981
Amor e Perdição
34
Sou letal
Sou mutável
Sou invisível
Sou intangível....
Meu nome é antipatia
Meu nome é ignorância
Meu nome é desrespeito....
Não tenho altruísmo
Não tenho compaixão
Não tenho humanidade...
Sou um asno
Sou um ditador
Sou um negacionista...
Meu nome é um erro
Meu nome é um vazio
Meu nome é Bolsonaro....
Eu promovi a morte
Eu promovi a fome
Eu promovi o terror...
Eu brotei do ódio das pessoas
Eu nasci da incredulidade do povo
Eu sacrifiquei milhares de famílias....
Eu fui confeccionado em 2019
Eu fui dispersando na terra em 2020
Eu caminhei sobre as cidades em 2021
E ainda estarei com todos vocês em 2022...
Sou letal
Sou um vírus
Sou um hospedeiro....
Sou um rei sem coroa
Sou uma rainha sem trono
Sou um príncipe sem reino....
Tenho em meu caderno
Uma lista de almas perdidas
Cerca de seiscentos mil mortos....
35. 1981
Amor e Perdição
35
Sou uma corona rei
Sou uma corona rainha
Sou um covid príncipe...
Um infante
Um infame
Um ceifador....
Ana Carla Furtado
"Uma Escravidão Branca"
Um vil reparo social
Pela escravidão negra...
Uma escravidão branca
Em nome dos meus cativos...
O homem branco
Deveria ser escravo...
O homem branco
Deveria ser acorrentado...
Uma escravidão alva
Uma escravidão clara
Uma escravidão albina...
Um silencio na senzala
Um barulho na fazenda
Um tormento na madrugada...
O homem branco
Deveria ser cativo...
O homem branco
Deveria ser chicoteado...
Uma servidão branca
Um holocausto branco
Uma escravidão branca...
36. 1981
Amor e Perdição
36
Uma tormenta as almas brancas
Uma prisão aos homens brancos
Uma corrente aos pulsos brancos...
O homem branco
Deveria pagar o peso...
O homem branco
Deveria pagar o preço...
Infelizmente
Intermitente
Indelevelmente ....
O cárcere negro
A escravidão negra
A ferida no rosto negro...
Somente será paga
Somente será quitada
Somente será liquidada
Somente será esquecida...
Após
Depois
Logo após....
A realização
A concretização
E o deferimento...
De uma escravidão branca
De um acorrentamento branco....
João Justina Liberto
"Um Plano do Etéreo"
Em um mundo vil
Cheio de mil misturas
Onde o mundo natural
E o mundo sobrenatural
Compilam de forma única...
37. 1981
Amor e Perdição
37
Somente os Videntes
Podem viver o presente...
Somente os Bruxos
Podem viver o passado...
Somente os Magos
Podem viver o futuro...
Uma mistura de mundos
Repleta de seres mágicos
Volvidas por profecias vis
Estranhas aos olhos humanos...
Um altar
Uma varinha
Algumas velas
Vários encantamentos
Velados no seu coração....
Ubirani Yaraima Aruana
"Amor Vitoriano"
Um amor a Vitor Hugo
Um desejo a Rainha Elizabeth I
Um toque de magia etérea a John Dee...
Uma paixão a Rainha Vitória
Uma alquimia em transformação
Uma adivinhação promiscua no cerne
Uma filosofia hermética ao vil sepulcro....
Uma vida de aparências
Uma mentira as ocultas
Um escarnio sobre a verdade....
Uma morte vivida sobre o dia
Uma vida morrendo sobre a noite
Um desface ocular na casa do vigia...
Um homem de família na manhã
Um profano de bordeis na madrugada
Um tolo vil que se esconde da felicidade....
38. 1981
Amor e Perdição
38
Uma pomba na igreja
Um corvo na taverna
Uma águia na sociedade
Um rato no porão da vida...
Ana Carla Furtado
"O Paraiso dos Ignorantes"
O inferno não tem fogo
O paraíso não tem portões
E os guardas não são anjos...
A terra é finita
A terra é redonda
O sol é hélio elítico
E todos os planetas são esferas...
O céu tem um azul cerne
O eterno um infinito escuro
E o universo de Albert Einstein
Um dos deuses mais lindos do mundo...
Os anjos não têm asas
Os demônios não existem
E os santos não são reais...
O inferno não existe
O inferno não persiste
O inferno são os outros...
O paraíso dos ricos
A vida boa dos grã-finos
É literalmente construído
Sobre os infernos dos pobres...
Não existe anjos
Não existe santos
Não existe demônio...
O que existe
É gente boa
E gente ruim...
39. 1981
Amor e Perdição
39
Somos o inferno
Somos o paraíso
Um tormento de alguém...
Um silogismo da matéria morta
Uma intercorrência de nós mesmos
A ignorância cruel em outras pessoas....
Não temos nada de divino
Não temos nada de especial
Estamos sozinhos na terra azul
Mas não estamos sozinhos no universo...
Somos obras da evolução cientifica
Somos obras da evolução cognitiva
Somos obras da evolução das espécies...
Somos talvez a fazenda de formigas de alguém
Somos talvez o fruto da imaginação de um homem
Somos talvez fragmentos tecnológicos de um ciberespaço...
Talvez um bichinho de estimação de um alienígena entediado...
Abrantes F. Roosevelt
"Pálida Vitoriana"
Pálida de bronze
Virgem de chumbo
Princesa de mármore...
O que fazes sozinha
Nesta terra sagrada
Onde não há vividos...
Pálida de chumbo
Sereia de arsênio
Rainha de mercúrio...
O que fazes solicita
Sobre esta lua plácida
Onde o silêncio faz morada...
40. 1981
Amor e Perdição
40
Pálida de arsênio
Deusa de argônio
Plebeia de bronze...
Porque sofres de amor
Sobre qual cidade adormece
Por onde anda o teu pretendente ...
Sinto chumbo sobre a tua pele
Sinto arsênio sobre o teu banho
Sinto mercúrio sobre o teu rosto...
O que fizeste
Linda pálida...
O que fizeste
Bela orquídea...
O que fizeste
Esguia ébria...
Tuas vividas mãos
Estão muito gélidas...
Estão claras como nuvens
Estão rígidas como cadáver
Estão alvas como espuma do mar....
Tu tens uma beleza morta
Tu tens uma beleza pálida
Tu tens uma beleza mórbida...
Jovem vitoriana
Pálida inglesa vil...
Por que sofres de amor
Por que sofres pela beleza....
O sepulcro é um erro
A beleza uma vil ingrata
E o amor dos venezianos
Um tolo deslumbre dos ébrios...
Diegho Courtenbitter
41. 1981
Amor e Perdição
41
"Magia de Bruxo"
Tenho uma grimorio magico
Tenho uma varinha de condão
Sou um mago da antiga Inglaterra
Sou um ermitão da Rainha Elizabeth I...
Tenho um feitiço de amor
Tenho um ritual de purificação
Tenho uma palavra de poder nas mãos...
Eu faço encantamentos
Eu faço banhos mágicos
Eu invoco seres capazes de amar....
Uso velas pretas
Uso velas amarelas
Uso velas vermelhas....
Meus livros possuem portais
Meus incensos são poderosos
Meus ritos migram para o etéreo...
Sou um ritual
Sou um encantado
Sou uma promessa tola
Um caminho na tua sedução...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
"Mal do Século"
A solidão é um companheiro amargo
A embriaguez um amigo compadecido
E a traição um frio marinheiro no deserto...
O dinheiro não liberta as pessoas
O amor não traz a felicidade esperada
E o trabalho escraviza os mais indolentes...
O mal da década é a falta de altruísmo
O mal do século é a dispersão da solidão
E todo o mal do mundo está centrado no egoísmo...
42. 1981
Amor e Perdição
42
Como os beijos roubados
Podem ser sentidos sozinhos
E aos mesmo tempo desnecessários...
Como os abraços afetuosos
Podem ser amados em separado
E ao mesmo tempo desnecessários....
O que as guerras têm feito as pessoas
O que as individualidades têm criado nos órfãos
E o que as maquinas tem realizado no cerne dos incautos ...
Porque estamos caminhando solitários
Porque as ruas estão vazias no sábado
Por que os corações estão mutilados nas camas...
Não há sorrisos das crianças nas praças
Não há apaixonados nos bancos das igrejas
Não há pessoas sobre as calçadas dos comércios....
O mal da década é a falta de amor
O mal do século é a difusão da solidão
E todo o mal do mundo está centrado no individual...
Diegho Courtenbitter
"Cortesã Vitoriana"
Mulheres da meia noite
Mulheres da madrugada
Mulheres da velha Londres...
Vós sois as consortes dos virgens
Vós sois as iniciantes dos inocentes
Vós sois as imaculadas das tabernas...
Doces ébrias
Santas camareiras
Vulgais samaritanas...
Damas das depravações vis
Senhoras dos prazeres carnais
Sentinelas dos desejos impróprios...
43. 1981
Amor e Perdição
43
Cortesã vitoriana
Corsária Londrina
Consorte de Whitechapel...
Esteja viva em minha memória biltre
Esteja viva em minha fotografia vitoriana
Esteja pálida em seu porta retrato mórbido...
Revela-te em foto de família
Retrata-te viva em fotografia
Remonta-te como sóbria em lente....
Pinta-te em pálpebras vivas
Maquila-te em sopros ébrios
Reviva-te em vil carne ardente...
Olhos vividos como a vida
Lábios pálidos como a morte
Bochechas coradas como a sorte...
Um declínio da verdade
Um engano da vil revelação
Uma obra pintada para mentir....
Refutada na magia do retrato
Refratada na revelação da foto
Repartida na ilusão da imagem...
Entregue aos braços da família
Entregue as lentes dos fotógrafos
Entregue a eternidade da revelação....
Ressuscita o teu corpo em vida
Restaura a tua alma em vaso morto
Remaneja o teu semblante em família
Refrata em vítreo o pelejo da tua existência...
Como uma imagem vivida
Como uma fotografia insipida
Volte a vida minha bela intrépida....
Ubirani Yaraima Aruana
44. 1981
Amor e Perdição
44
"As Noivas de Jack"
As cinco vítimas canônicas
As cinco noivas da Inglaterra
As cinco cortesãs da madrugada...
Uma Londres sombria
Uma Londres em nevoa
Uma Londres em sodomia...
Um demônio
Um londrino
Um estrangeiro...
Um homem sem rosto
Um cirurgião estudado
Um barbeiro magnifico
Um esquizofrênico biltre....
Talvez um demônio perdido
Talvez um homem adoentado
Talvez uma mulher domesticada...
Noivas da meia noite
Cortesãs da madrugada
Mulheres da promiscuidade...
Abdomes abertos
Gargantas cortadas
Órgãos removidos....
Seios amostras
Vestes rasgadas
Peles revolvidas
Rostos dilacerados....
Cortes profundos
Recortes cirúrgicos
Violência famigerada...
Oh! Pai
Oh! Deus
Oh! Senhor...
Tenha pena dessas noivas
Tenha pena destas cortesãs
Tenha pena destas canônicas...
45. 1981
Amor e Perdição
45
Bela Annie Chapman
Doce Mary Jane Kelly
Linda Mary Ann Nichols
Felicita Catherine Eddowes
Maravilhosa Elizabeth Stride...
Não se percam no Paraíso Eterno
Não se percam nos Campo Elísios
Não cavalguem no Panteão das Valquírias...
Fiquem encantadas as 3h40 da manhã
Fiquem encantadas em uma sexta-feira
Fiquem encantadas em agosto de 1888...
Não se percam em Buck's Row
Não se percam em Whitechapel
Não se percam em Durward Street...
Vós sois a neblina da Inglaterra
Vós sois a madrugada de Londres
Vós sois as damas que os anjos cortejam...
Diegho Courtenbitter
"Mentes Ébrias"
A mente é uma loteria ingrata
O pensamento um jogo do bicho
E a vida uma grande aposta no escuro....
Abrantes F. Roosevelt
"A Roda dos Enjeitados"
Amor meu
Amor seu
Amor teu....
46. 1981
Amor e Perdição
46
Não me rejeites
Não me renegues
Não me abandone
Na roda dos enjeitados...
Amor quisto
Amor querido
Amor querida...
Não me rejeites
Não me abandone
Não me desprezes
Na roda dos enjeitados...
O meu amor não é órfão
O meu amar não é caridade
É porta aberta na rua do giz
É janela rasa para o chafariz...
Sou o seu recém-nascido
Sou o seu retrato natimorto
Uma roda circula na tua igreja...
Amor de rendeira
Amor de rezadeira
Amor de mãe preta...
Uma roda de madeira
Uma roda dos expostos
Uma roda dos enjeitados...
Amor não me deixes
Amor não me renegues
Amor não me abandones...
Não rejeites o nosso amor
Não coloque o nosso amar
Na biltre roda dos enjeitados...
Ana Carla Furtado
47. 1981
Amor e Perdição
47
"Miscigenados"
Um homem índio
Um homem preto
Um homem branco
Um homem brasileiro...
Um residente natural
Um reinado de Africanos
Um colonizador Europeu
Uma única mescla de povo...
Um índio Xamã
Um preto Orixá
Um branco bruxo
E vários feiticeiros...
Um curumim
Um crioulinho
Um burguesinho
E distintos infantes....
Uma cor pálida
Uma cor preta
Uma cor branca
Um arco-íris de gente....
Uma mistura de pele
Uma mistura de sangue
Uma mistura de cultura
Um caldeirão de pessoas....
Um céu
Um chão
Uma terra
Uma nação....
Uma semente solta
Uma frondosa árvore
Um fruto caprichado
Um povo multicolor....
João Justina Liberto
48. 1981
Amor e Perdição
48
"Recriação"
Existe um Deus
Existe um Diabo
Existe um Homem
E existe a Evolução...
Um criador
Um recriador
Um destruidor
E um reformulador...
Diegho Courtenbitter
"Deus dos Esquecidos"
Oh! Deus dos enjeitados
Por onde andas os teus pés
Que não caminhas com o teu povo....
Oh! Deus dos injustiçados
Por onde andas os teus olhos
Que não nos proteger dos inimigos...
Por que tanto abandono
Porque tanto sofrimento
Porque os teus anjos alados
Nos deixaram sozinhos na terra...
Oh! Deus dos desgraçados
Por onde dormes em seu olimpo
Que não nos guarda de tanto sofrimento....
Oh! Deus dos esquecidos
Por onde vagas pelo universo
Que não se comunica conosco...
Por que tanta miséria
Porque tanta desgraça
Porque os teus querubins alados
Nos abandonaram sobre o leito da terra...
49. 1981
Amor e Perdição
49
O tempo é um imaginário
A vida é uma contemplação
E o sofrimento um lamento pueril...
Por quanto tempo vil
Ainda temos que sofrer....
Por quanto tempo biltre
Ainda temos que lamentar...
Oh! Deus dos sofrimentos
Por onde andas o teu coração solicito
Que nunca mais nos viu com compaixão...
Ubirani Yaraima Aruana
"Um Toque da Rainha"
O ano das biltres gêmeas
A década das vis intocáveis
O século das doces epidemias....
Perpetuadas pelas mil lapides
Enfeitiçadas pelos corredores azuis
E tumultuadas pelas contaminações incolores....
Um toque da rainha
Um toque do destino
Um flerte da natureza
Um capricho dos deuses...
A sombra do véu
A linha do etéreo
Ao gosto da morte...
Um toque do demônio
Um beijo do vil criador
Uma alusão a enfermidade...
Em nome de uma rainha
Aquela que se fez Vitória
No forte do último descanso...
50. 1981
Amor e Perdição
50
Aquela que fez cerne em 2020
Aquela que se fez carne em 2021
Aquela que se fez sangue em 2022...
Corre sobre o ar
Anda sobre a terra
Caminha sobre as águas....
Vive entre os vivos
Respirar a mãe maldita
Mas está entre os mortos...
Morrer entre os mortos
Apodrece ao pai bendito
Está morto sobre os mortos
Mas vive do lado dos vivos....
Uma escudeira perigosa
Uma mulher escandalosa
Um homem muito detestável....
Hoje fui tocado pela peste
A febre me fez companhia
E a morte quis ser hospede...
A rainha se veste de dores
A rainha se cobre de coroas
A rainha se banha de sangue
E deseja a vida entre mortos...
O invisível se faz crível
O indesejável se faz irreal
E deitada sobre enfermarias
Enche de lapides os cemitérios....
Ela é a portadora do vil
Ela é a genitora do biltre
A única criadora da morte....
Uma febre intermitente
Uma dor de cabeça tênue
Uma indisposição corporal...
A dona dos três últimos anos
A rainha indomada da mãe terra
A espiã das epidemias do inferno...
51. 1981
Amor e Perdição
51
A morte que respira a viva
A vida aspirada pela morte
A covid que te convida para a morte....
Rusgat Niccus
"Um Amor Perdido"
O meu amor perdido
São orações esquecidas
Rezadas ao grande Jeová
Preces tolas jamais ouvidas...
O meu amor perdido
São vis rituais profanos
Invocados ao maestro lucífer
Rezas quase sempre atendidas...
O meu amor perdido
É como um sacrifício
Um lastima execução
Uma vil punição divina
A moda de Jordano Bruno...
O meu amor perdido
É como uma descoberta
Um paraíso novo na vida
Uma luz viva na ignorância
A maneira de Nicolau Copérnico...
E o seu amor perdido
É como uma resignação
Um inferno nascido na terra
Uma escuridão na prosa dos amantes
Ao estilo covarde do vil Galileu Galilei...
O meu amor
É pura devoção...
O meu amor
É puro desejo....
O amar
É maldição....
52. 1981
Amor e Perdição
52
O amar
É negação...
É poeira galáctica
É resto de matéria
É uma vil ilusão....
Abrantes F. Roosevelt
"Uma Beleza Oculta"
Uma madona Vicentina
Uma valquíria Nórdica
Uma amazona Gregoriana....
Uma obra de arte vitoriana
Uma relíquia sagrada do vaticano
Uma Veneza no nordeste brasileiro...
Um culto a beleza
Uma beleza oculta
A face de seu véu curto...
Uma criança rosada
Uma menina amarela
Uma mulher envermelhada...
Uma beleza oculta
Uma oculta beleza
A mais culta que já vir...
Uma culta beleza
Uma beleza oculta
A mais culta que já li...
Um Roseiro
Um Girassol
Um Franklin Tree
Um Gibraltar Campion.....
A beleza oculta
A culta beleza
Refletida no espelho...
53. 1981
Amor e Perdição
53
A curta beleza
A beleza curta
Efêmera no espelho...
Uma Rosália
Uma Vine Jade
Uma flor cadáver
Uma flor monstro....
Um amor de menina
Um pecado de mulher
Uma Petúnia Vermelha
Uma Orquídea Fantasma...
As sombras do passado
As vestes do meu presente
Envolvidas em meu vil futuro...
Ana Carla Furtado
"Deus dos Desgraçados"
Uma vida dedicada a oração
Uma vida dedicada a devoção
Um rio de lacrimas sobre a cruz...
Uma vida de fel
Uma vida de dor
Uma vida de fome
Uma vida de horror...
Um pai nunca deve ignorar
Um pai nunca deve desistir
Um pai nunca deve esquecer
Um filho pródigo sobre o seu altar...
Mas apesar de meus pedidos
Mas apesar de minhas dadivas
Mas apesar de minhas suplicas...
Ele nunca quis me ouvir
Ele nunca quis se importar
E nunca respondeu as orações....
54. 1981
Amor e Perdição
54
E o que ele me forneceu
E o que ele me concedeu
Quais foram as proporções....
Apenas um silencio na noite
Apenas um resmungo no vento
Uma miséria solida na mortalidade....
E para mim
E para outrem
E para muitos....
És apenas
És no cerne
És no final....
Um vil parente distante
Um homem desconhecido
Um pai completamente ausente...
Por outro lado
Por outra parte
E por um descuido...
Um outro filho
Um outro ingrato
Um outro pródigo
Estendeu-me as mãos...
Deste eu nada sabia
Deste eu nada convivia
Deste eu nada conhecia...
Mas bastou-me um só pedido
Mas bastou-me uma só prostração
Um pacto na encruzilhada do Itaqui-Bacanga
Um pequeno flerte tênue sobre os seus olhos amarelos
E um beijo caloroso para selarmos um contrato de sangue...
Foi-me exigido
Foi-me necessário...
E foi apenas isto
E foi apenas este
O meu contato cerne....
55. 1981
Amor e Perdição
55
Tudo me foi dado
Tudo me foi horando
Tudo me foi concedido...
E todos os meus males
E todas as minhas dores
Foram em fim destituídas
Foram em fim arrancadas...
João Justina Liberto
"Silencio"
Uma oração a Deus
Uma reza ao Demônio
Uma suplica no silencio...
Em meu quarto
Em mãos apostas
E sobre os joelhos...
Não há retorno
Não há castigos
Não há respostas...
Meu vazio
Meu pedido
E uma resignação...
Ninguém me ouviu
Ninguém me tendeu
Ninguém se importou...
Uma permanência neutra
Uma persistência singular
Uma indiferença a suplica...
Inferido a vida
Inerte a existência
Intacta ao meu tempo...
56. 1981
Amor e Perdição
56
Não há maldade
Não há divindade
Existe apenas o vento...
Ana Carla Furtado
"Um Castigo de Deus"
Uma vilã bubônica
Uma febre estranha
Uma doença invisível
Uma cólera implacável...
Uma vil senhora
Uma biltre rainha
Uma princesa Chinesa
Vestida com mil coroas...
Tríplice corona
Fétida majestade
Portadora da morte...
Uma amiga distante
Uma cortesã de família
Uma europeia mestiça...
Uma visitante da Idade Média
Uma aventureira da antiga Espanha
Uma moradora da prospera América...
Uma gripe inexorável
Uma microscópica invasora
Uma indolor combustão pulmonar...
Uma mistura irrespirável
Uma cintilante astronauta
Uma indesejável turista do mal...
Ubirani Yaraima Aruana
57. 1981
Amor e Perdição
57
"Amor sobre Vontade"
Amor, amor
Não é desejo...
Amor, amor
Quase ágape...
Amor, amor
Sobre vontade....
A lua é desejo
O sol é vontade
E a terra é a ágape...
Ágape é lei
Ágape não é desejo
Ágape é sempre vontade....
Sexo é um desejo
Amor é uma vontade
E a vida uma grande ágape...
Um ciclo do sol
Um número magico
Uma perfeição humana
É o imenso ciclo da vontade...
Diegho Courtenbitter
Números Mágicos
666
777
É 93....
666 - 9
777 - 7
93,93/93....
Jose Cauã Freitas de Carvalho
58. 1981
Amor e Perdição
58
“Amor e Efemeridade”
Um amor rápido
Um desejo curto
Uma evasão tácita
Uma vontade tênue
Torna-se o seu beijo
Na minha curta solidão...
Maria Lívia Ferreira
“Amor Químico”
O amor não é real
O amor não existe
O amor é uma ilusão...
O amor é algo tácito
É fluido apenas químico
Uma descarga de adrenalina
Um aroma que se desfaz na pele...
O amor não é real
O amor não existe
O amor é uma miragem...
Uma flor de deserto
Um deserto na vil flor
Um alento na solidão...
O amor não é real
O amor não existe
Ele nunca foi real...
É algo invisível
É algo intangível
É algo improvável...
A sua essência é neutra
A sua fragrância é falha
E a sua constituição é vil...
59. 1981
Amor e Perdição
59
Portanto irreal
Portanto inexorável
Portanto inexistente...
Uma ficção do criador
Uma mentira dos humanos
Uma farsa biltre do coração...
Maria Lívia Ferreira
“ Amor de Eternidade”
Amor vil
Amor mil...
Amor denso
Amor tenso...
Amor terno
Amor fraterno...
Amor biltre
Amor liquido...
Amor vulgar
Amor efêmero
Feito a eternidade...
Maria Lívia Ferreira
“O Dedo de Deus”
Uma explosão no paraíso
Um diluvio torrencial na terra
Um terremoto fulminante no oceano...
60. 1981
Amor e Perdição
60
Um senhor inquisidor
Um detrator de amores
Um devorador de mundos
Um julgador no jogo da vida...
Maria Lívia Ferreira
“Processo Eutrofico”
O amor é um processo de lixiviação
O amor é um processo de eutrofização
Um rio verde como o Nilo em enchentes...
Um ecossistema acêntrico
Uma metodologia amórfica
Uma redoma de vidro no céu...
Águas paradas
Lagos insólitos
Poços corroídos...
Uma eutrofização mórbida
Um represamento do amor
Em nosso paraíso aquático...
Maria Lívia Ferreira
“Vida Pequena”
A vida não cabe mais em um livro
A vida não cabe mais em uma planta
A vida não cabe mais em uma outra vida
A vida não cabe mais em meu um romance...
A vida é hoje um conto
A vida é hoje um bilhete
A vida é hoje um poema
A vida é hoje um soneto...
61. 1981
Amor e Perdição
61
Um pequeno diário
Um minúsculo recado
Um escrito de papel e tinta
Uma frase no retalho de pano...
Hoje não há espaço para uma letra
Hoje não há espaço para uma pagina
Hoje não há espaço para uma anedota...
Tudo cabe em uma linha
Tudo cabe em uma frase
Tudo cabe em um parágrafo...
A vida pertence a um sobro
A vida pertence a um instante
A vida pertence a um sufrágio...
E o meu ser fragilizado
É hoje uma efemeridade
É hoje um ato passageiro...
Algo ignóbil
Algo simplório
Algo supérfluo
E nada mais...
Maria Lívia Ferreira
“Desconhecido”
Um retrato incauto
Um espelho invisível
Uma imagem distorcida...
Um homem sem posto
Um animal aprisionado
Uma alma sem registro...
Eu não sou um homem
Eu não sou uma mulher
Eu não sou uma pessoa
Sou um fragmento de pó...
62. 1981
Amor e Perdição
62
Uma inconsistência vil
Uma imaterialidade biltre
Uma imprecisão do acaso
Uma retificação da matéria...
Uma frágil retorica
Uma simples utopia
Uma extensa ilusão...
Maria Lívia Ferreira
“Uma Invenção”
Uma máquina do tempo
Uma máquina de invenção...
Uma violação no acordo
Uma tipificação no trato
Uma tormenta na criação...
Por que Deus é bom
Por que o Diabo é ruim...
Por que a vida é boa
Por que o mundo é ruim...
Não se enganem
Não se ludibriem...
Não há nada de bom
Não há nada de ruim...
Por que não existe o bom
Por que não existe o ruim...
Tudo é apenas uma ilusão
Tudo é apenas uma invenção
Um tratado mal acordado no divino
Uma fúria diversão pelas almas irmãs...
Maria Lívia Ferreira
63. 1981
Amor e Perdição
63
“Encarcerados”
Os loucos é que são felizes
A sobriedade é uma vil prisão...
Um cárcere imundo sem muros
Uma jaula decomposta do sentir...
Uma cadeia apodrecida de comiserações
Um transformador de cadáveres desprezíveis....
Os maus é que são sensatos
A moralidade é uma pena capital....
Um ultraje que nos mutila a coragem
Um revolve que nos flagela a vivencia
Um torniquete que nos limita a virtude....
E aos bons
E aos literais
E aos normais...
Resta-lhe a dor
Resta-lhe o horror
Resta-lhe as mazelas
Resta-lhe as misérias...
Em viver a realidade da vida
Em viver a vida da realidade
Em viver a brevidade da real vida....
Maria Lívia Ferreira
"Amor e Desencanto"
Eu sou a paixão efêmera do mundo
A saudade provisória do teu coração
O prazer rápido que termina com o sol...
Sou todos os amores da terra
Tenho todos os poetas do mundo
Encurralados no labirinto do meu amor...
64. 1981
Amor e Perdição
64
Sou a semente do amor
Sou a semente do amar
Uma lagrima solitária no tempo
Um beijo vazio no alta do teu pensamento...
Sou a sua única chance
Estou em águas neutras
Inferida em seu imaginar...
Maria Lívia Ferreira
“Perfeição”
Ela de tão perfeita
Quase não oprime...
Ela é tão prefeita
Que quase é sublime...
Ela de tão perfeita
Quase parece tímida...
Ela é tão perfeita
Que quase é nítida...
Deveria ser liquida
Deveria ser bebida
Deveria ser devorada....
E como um rio
E como um vinho
E como um estrogonofe...
Erigida aos leitos
Consumida a goles
Deliciada a grafadas
Degustada a francesa...
A sua essência é vinho caro
A sua prudência é carne rara
Envolto a frasco de cálice precioso
Envolto a tempero do oriente médio...
65. 1981
Amor e Perdição
65
Ela tão pura
Ela tão única
Ela tão punica...
E como liquido
Deveria ser bebida...
E como carne
Deveria ser devorada...
Bebida nos melhores cálices
Devorada nos melhores talheres....
Sou o seu carnívoro
Sou o seu devorador
Sou o seu antropófago...
Não deixarei
Que os vermes
A devorem no caixão...
Não permitirei
Que a ação da terra amorfa
Deforme o seu semblante pálido...
Eu a consumirei
Sobre meus talheres...
Eu a beberei
Sobre o meu cálice...
Sou um devorador de homens
Sou um degustador de mulheres
Um devorador de intelectualidades...
Um animal
Um silvícola
Um aborígene...
Querendo um gole
Querendo um pedaço
Querendo ser somente seu...
Maria Lívia Ferreira
66. 1981
Amor e Perdição
66
“Um Estranho”
Eu me sinto um pouco
A vil de Fernando Pessoa...
E de tanto me procurar
E de tanto me esconder
Eu acabei me perdendo
Um pouco dentro de mim...
Eu me sinto um pouco
A vil Machado de Assis...
E de tanto vigiar
E de tanto criticar
A essência do amor
Acabei ficando sozinho...
Eu me sinto um pouco
A vil Alvares de Azevedo....
E de tanto me renegar
E de tanto me camuflar
Na vivencia de um amor
Acabei morrendo no amar
Sem ter dito que também amei...
Eu me sinto um pouco
A vil Aluísio de Azevedo...
E de tanto querer
E de tanto temer
Pensei no impossível
Tentei ser igual a este
E acabei matando em vida
Quem eu realmente hoje sou...
Eu me sinto um pouco
A vil João Justina Liberto...
E de tanto querer a liberdade
E de tanto querer a sobriedade
Hoje estou preso no mundo de outros
Hoje estou preso a vida de um estranho...
67. 1981
Amor e Perdição
67
Vivendo a vida de outra pessoa
Vivendo a vida de outro estranho
Vivendo a vida um dia de cada vez...
Como a um cadáver
Como a um zumbir
Que respirar a alheios
E sem nenhuma libertação...
Maria Lívia Ferreira
“Tese da Vontade”
O desejo é remédio amargo
A vontade um veneno tácito
E a realidade impulso frágil...
A vida é uma taça seca
A morte um copo quebrado
As vezes volvida por incertezas
Descontinuidades das crenças vazias....
Ventos gelados
Tempestade insólita
Um inverno desmedido...
A vontade
Um vício...
Um desejo
Uma virtude...
Calada na sombra
Revisitada no beijo
Em minha terna solidão....
Jose Cauã Freitas de Carvalho
68. 1981
Amor e Perdição
68
“Apodrecido”
Estou apodrecendo nesta cama
Estou apodrecendo nesta rede
Estou apodrecendo nesta casa...
Decomposto em meu lar
Decomposto em minha vida
Lamento o meu ensejo pelo outro...
E limitado ao meu ínfimo pranto
Sôfrego em minha doença espiritual
Navego pelo meu mar de lagrimas artificial...
Sou pobre
Sou preto
Sou burro
Sou faminto
E talvez decrepito...
Um famigerado da vida
Um fracassado no amor
Um rufião na minha lamuria....
Eu tenho em mim muitas vidas
Eu tenho em mim muitos poetas
Eu tenho em mim muitos sonhos
Uma coleção inteira de humanos...
Uma coleção de sonhos
Uma coleção de fracassos
Uma coleção de irrealidades....
Estamos todos condenados
A sermos uma pinha de cadáveres....
Estamos todos condenados
A sermos uma pinha de fracassos....
Não tenho sala
Não tenho casa
Não tenho amigos
Não tenho dinheiro
Não tenho emprego
Não tenho namorada
E não tenho um amor...
69. 1981
Amor e Perdição
69
Sou somente dores
Sou somente mentiras
Sou somente sementes
Sou somente fingimentos....
Estou sem pais
Estou sem mães
Estou sem irmãos...
Estou sem netos
Estou sem filhos
Estou sem trilhos....
Estou sem paz
Estou sem amor
Estou sem flores...
Existe apenas solidão
Existe apenas lamentos...
Um vaco
Um vazio
No meio desta multidão....
Maria Lívia Ferreira
“Invocador da Vida”
Como uma invocadora de Demônios
Eu invoco Ubirani Yaraima Aruana
Eu o celebro como o meu vil cacique
Eu o devoto como o meu biltre xamã...
Como uma invocadora de Anjos
Eu invoco Ana Carla Furtado
Eu a desejo como minha amada
Eu a contemplo como a minha bacante...
Como uma invocadora de Demônios
Eu invoco Rusgat Niccus Ferreira de Abrantes
Eu o nomeio como o senhor do meu destino
Eu o privilegio como o meu carrasco pessoal...
70. 1981
Amor e Perdição
70
Como uma invocadora de Anjos
Eu invoco João Justina Liberto de Abrantes
Eu lhes apresento as minhas diversas dores
Eu lhes apresento os meus inúmeros amores
Eu lhes apresento as minhas ínfimas liberdades....
Como uma invocadora de Demônios
Eu invoco Diegho Courtenbitter de Mello
Eu sou a fortaleza que irrompe aos mares
Eu sou a fornalha que queima a relva parda....
Como uma invocadora de Demônios
Eu invoco Maria Lívia Ferreira de Abrantes
Eu sou a florada do teu intenso deserto ártico
Eu sou a armadura perfurada pela flor de lotos...
E como uma invocadora de desejos
Eu me rendo a Ana Carla Furtado
Eu me rendo a João Justina Liberto
Eu me rendo a Ubirani Yaraima Aruana
Eu me rendo a Diegho Courtenbitter de Mello
Eu me rendo a Maria Lívia Ferreira de Abrantes
Eu me rendo a Rusgat Niccus Ferreira de Abrantes...
Eu me entrego aos meus Ortónimos
Eu me entrego aos meus Heterônimos
Eu me entrego aos meus Pseudônimos
Eu me entrego aos meus Antropônimos
Eu me entrego aos meus Semi-Heterônimos...
Eu sei que eles são uma parte de mim
Eu sei que eles são uma soma do cárcere
Eu sei que eles são uma sombra do que fui...
Fluir
Sumir
Existir
Inexistir
Desaparecer...
Maria Lívia Ferreira
71. 1981
Amor e Perdição
71
“Filhos e Netos”
Um Cauã petulante
Um Dante enigmático
Uma Carolina cintilante
Uma Maria Lívia radiante...
Um amar solto
Um doar oportuno
Um amor frouxo no vento...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
“Desenho Livre”
A inercia é veludo turvo
A estrada um cainho reto
E a vida um tracejado incorreto...
As orações são como os hinos
As preces são como os cânticos
Conversas complexas ao pé de Deus...
No mar há volúpia
Na noite há perigos
No horizonte há relva...
Um desenho inerte na área da praia
Um boneco de barro na lama da criação
Um despótico sentado sobre as nuvens cinzas
Rezando pela humanidade desumana das criaturas...
Sou pura fé na caminhada vil
Sou crença evangélica no deserto
Presença física do criador na relva...
Sou um minuto de solidão
Sou uma reza na loucura
Sou uma hora de confissão
Um século frio na sinagoga...
72. 1981
Amor e Perdição
72
Vontade pronta
Desenho réstia
Lazer soberbo
No Paraiso da deusa...
Jose Cauã Freitas de Carvalho
“Anáfora”
Uma rosa anáfora
Uma rufia sentinela
No portão circunscrito...
Um arconte sôfrego na noite
Uma sibila esquia na Tâmisa
Uma relva verde envenenada...
Fluida a amor
Fluida a amar
Sequestra a dor
Mutila a doença
Instaura a paixão...
Ana Amélia Sousa de Ferreira
“Noite”
Demente
Eloquente
Emergente...
Sou em minha tez
Sou em minha vez
Um temerário biltre...
Um Sôfrego
Um Tolhido
Em minha paixão...
Eliezer Dante da Silva
73. 1981
Amor e Perdição
73
“Enamorada”
Estanha namorada
Extravagante bacante
Esquisita mãe das amantes
Terna menina da pálida
Meiga mariposa da lapide
Fiel comendadora da morte...
Por que me cerca avida
Por que me segues lívida
Por que me acompanha em posou...
Não posso ser seu
Não posso seguir-te
Deixa-me sonhar em paz...
Eleonora Fontes Torres
“Barqueiro”
Barco naufrago
Rema para o mar...
Barco tácito
Rema para o céu...
Barco incauto
Rema para a terra...
Bacantes
Canoeiros
Barqueiros
E os solteiros...
Vamos nos eivar do ócio
Vamos nos eiva do certo
Inferidos no pecar dos santos...
74. 1981
Amor e Perdição
74
Destemidos
Destreinados
Pelo amor dos cegos...
Eliezer Dante da Silva
“Jardim”
O meu coração é jardim santo
O meu coração é terra indecente
É mar em tempestade muito furiosa
É deserto árido na vastidão da miragem...
Eleonora Fontes Torres
“Virgem”
Ah! Amor
Por que sumistes...
Ah! Amor
Por que demoraste...
Estou lívida
Estou avida
Estou desnuda
Estou fervente...
Ah! Amor
Por que sumistes...
Ah! Amor
Por que demoraste...
Em minha rua
Em minha casa
Em suas coxas
E sobre sua genitália...
Ah! Amor
Por que sumistes...
Ah! Amor
Por que demoraste...
75. 1981
Amor e Perdição
75
Estou com a vulva frouxa
Estou com a vulta quente
Querendo-te um dia te sangra...
Ana Amélia Sousa de Ferreira
“Sonata ao Diabo”
Um piano divino
Um órgão na volúpia
Um violino demoníaco...
Aquelas são as mãos de Mozart
Aqueles são as vibrações de Bach
E esses são os dedos longos de Paganini...
Uma música etérea
Um toque dos deuses
Um som transcendental...
Uma nota biltre
Uma sonata ébria
Um acorde frívolo...
O amor que toca a pele
A paixão que furna a alma
E a dor que fere o coração...
Os céus se eles existirem
Devem ser muito parecidos
Com as músicas de Mozart...
A terra magica se ela existir
Devem ser bastante parecidos
Com as biltres vibrações de Bach...
E os infernos se ele existirem
Provavelmente devem ser parecidos
Com as notas infernais do belo Paganini...
76. 1981
Amor e Perdição
76
A vida com a musica
É um apelo ao desfrute...
A vida com a musica
É um deleite ao etéreo...
O som é completude
O som é notoriedade
Um afogo para a alma
Um beijo sobre a pele
Um carinho no coração...
João Franklin Teodoro de Abrantes
“Carro de Boi”
Uma carroça antiga
Dois eixos para apoio
Um animal para fazer tração...
Uma roda de madeira
Um barulho estridente
Um caminho dentro da mata...
Algum rio desatento
Alguns animais silvestres
Algumas arvores frutíferas...
Um carro de boi solene
Uma toalha estendida na proa
Uma toada de romance ao luar...
João Franklin Teodoro de Abrantes
“Escolha”
Eu não tive arbítrio
Eu não tive escolha
Eu tive que me render...
77. 1981
Amor e Perdição
77
Fui jogado aos cães
Fui jogado as sarjetas
Fui jogado ao relento...
E assim como Fausto
E assim como Paganini
Eu tive que me entregar...
A fome foi mais forte
A solidão foi mais consistente
A dificuldade financeira foi mais cruel
E o abandono social foi mais implacável...
Eu tive que me render a encruzilhada
Eu tive que me render ao violino de Paganini
Eu tive que me render ao piano de Franz Liszt...
Eu me rendi a mim mesmo
Eu me rendi a meu fracasso
Eu me rendi a sonata do diabo...
João Franklin Teodoro de Abrantes
“Chicotes e Foices”
Um amor escondido
Uma paixão entreaberta
Uma escolha mal recepcionada...
Um chicote a direita
Uma foice a esquerda
Um litigio para decidir...
Um conhecido a frente
Um incógnito à espreita
Uma decisão para toda a vida...
Uma menina assustada
Um rapaz muito maduro
E um pai assaz grosseiro....
78. 1981
Amor e Perdição
78
A vida sobre o chicote
A morte sobre a foice
O futuro sobre a berlinda
E uma vida sobre a prateleira...
Não tive reação
Não tive escolha
Não tive vontade...
Apenas seguir em frente
Apenas caminhei às cegas
Apenas continuei sem pensar...
Tentada pela fuga
Tentada pela inercia
Fugindo do meu coração...
Maria Julia Delano de Almeida
“Colher de Pau”
Colher de Cedro
Colher de Plástico
Quem me renegar
Vai ter sonhos incertos....
Colher de Pau
Colher de Ferro
Quem não me quer
Vai ter que ir para o inferno...
Uma visão turva
Uma sombra torta
No meio da abjeta noite...
Um sonho assombroso
Um frio gelado sobre a cama
No meio da vulgar madrugada...
79. 1981
Amor e Perdição
79
Uma perturbação vil
Uma inquietação biltre
Irritante na escadaria...
Um ser noturno
Um ser soturno
Um ser desprezível....
Vigilante a minha porta
Adornado em minha casa
A espreita da minha alma...
Colher de Cedro
Colher de Plástico
Quem me renegar
Vai ter sonhos incertos....
Colher de Pau
Colher de Ferro
Quem não me quer
Vai ter que ir para o inferno...
Quem não me quer
Quem nunca me viu
Vou ressoar no teu navio...
Quem não me quer
Quem nunca me viu
Vou te ver no fundo do rio...
Sou uma sombra no teto
Sou uma correria no corredor
Uma voz de criança ao pé da cama
Uma balançar de cadeiras na tua casa...
Uma alma indesejada incerta
Um espirito que não descansa
Um respiro frio no teu pescoço solto
Um deitar pesado sobre o teu seio róseo
Um sufocar agonizante em tua garganta lisa...
80. 1981
Amor e Perdição
80
Sou a sua colher pau
Sou uma colher de ferro
Um cedro liso adornado
Um plástico deteriorado
Um canil no teu paraíso...
Um terraço no inferno
Um porão húmido no céu
Um delírio em tua realidade vil...
Maria Julia Delano de Almeida
“Estado de Evolução”
E se o mundo visual é uma reconstrução da vida
E se a vida é uma continuidade de uma outra vida
A realidade não é uma teoria ingênua das cordas...
Será a vida é uma repetição
Será a vida é uma compilação
Um multiverso em vil expansão...
Não sabemos onde começa o universo
Não sabemos onde termina o universo
Mas o que sabemos sobre este universo
É que o cosmo não tem início, meio ou fim....
O cérebro humano
Em sua essência funcional
É bem parecido com o universo...
Tanto em brilho
Tanto em beleza
Como em mistério...
O que sabemos em realidade termo parcial
É que estamos viajamos no continuo espaço
Estamos navegando em uma onda feita de cordas...
Mas se a natureza está em continua evolução
Mas se próprio homem está em continua evolução
Fica nítido que o próprio criador do universo também esteja....
81. 1981
Amor e Perdição
81
O mesmo deve ser atribuído ao universo
O mesmo deve ser atribuído a matéria escura
O mesmo deve ser atribuído a imensa vida na terra ..
Quem é o criador
Quem é a criatura
O que é a vida na terra...
Quem criou o universo
Quem criou a vida na terra
Quem criou o nosso planeta...
E antes disso
E antes de tudo
E antes do nada
Quem criou o nada
Quem criou o tudo....
Maria Julia Delano de Almeida
“Vida Alienígena”
Acho que vivemos na cabeça de alguém
Acho que o universo é o cérebro de alguém
Acho que somos a consciência magnifica de alguém....
Quem é ele
Quem são eles
Quem somos nós...
O universo se assemelha ao cérebro
O cérebro se assemelha ao universo
E a vida se assemelha a teoria das cordas....
Vivemos na consciência de um criador
Vivemos na consciência de um alienígena
Vivemos na realidade multifacetada de alguém...
Maria Julia Delano de Almeida
82. 1981
Amor e Perdição
82
“Mundo Estratificado”
Um quartzo solto
Uma ametista presa...
Um mundo dentro do outro
Uma vida dentro da minha vida
Preso a minha vil dimensão azul
Uma rota
Uma avenida
Em estrada vazia...
Maria Julia Delano de Almeida
83. 1981
Amor e Perdição
83
Agradecimentos
A todos os meus amigos e colegas que leram este livro
Antes mesmo de sua impressão
Que elogiaram e criticaram as suas entrelinhas
Que deram muitas sugestões importantes
E que às vezes até compactuaram comigo
Em recitações ao ar livre
E dito isto
Na embriaguez da companhia de um bom e velho vinho
Um salve a todos vocês...
84. 1981
Amor e Perdição
84
Memorial
Em memória de um amor
Que ficou no passado...
Ao amor de minha vida
Ao amor de meu viver...
Ainda que este amor
Não esteja por mim....
Em público
Em púlpito...
Como devia o ser
Como deveria ter...
Tanto a mim
Quanto a ela...
Esteja aqui está declaração
Em memória de seu nome
Em estrato de dignifico título...
Oh! Minha amada bendita
Oh! Minha bendita amada...
Está escrito em sangue
Está escrito em chamas...
Mesmo que ainda esteja
No anonimato completo
Meu amor por você anA
Ainda continuará no espaço...
Percorrendo o infinito
Como o brilho de bilhões
De estrelas mortas nos céus
Que insistem em te focalizar...
Ainda que inerte na alma
Ainda que inerte na calma
Isto sim meu amor
É apenas amar-te....
85. 1981
Amor e Perdição
85
Notas do Autor
Este livro revela todas as ansiedades de liberação de pensamento, ilustra todas as
dramaticidades da exposição dos sentimentos proibidos a raízes ideológicas
inóspitas, refrata todas as inteligíveis percepções de um mundo completamente
formulado e arquitetado pelos apaixonados....
Exercer na declaração dos sentimentos inócuos, o amor, o desejo, a ternura, a
saudade, a dedicação, a paixão e o tempo a efêmeros resultados da resignação
refrataria de quem se ama, incidindo no desejo febril, o amor ao colo coibido do
próprio inimigo...
Um permanecer do tempo, entregue aos julgamentos dos amantes, um vincular do
cerne as críticas dos possíveis insultos alógenos.... Um sofre eterno do amar, um
vagar inacabável da escuridão, um sitiar deixado aos escritos não correspondidos,
um ferver do amor, um sofre do amar, uma desilusão no tecer do tempo...
Um amor colocado a guilhotina dos medos, um puxar incerto da alça que libera a
laminar do frio carrasco, um íntimo sentir tênue da ríspida morte.... Um milésimo
mínimo da paixão profana aterrada no sofrer...
Um final pernicioso a todos os poetas, uma ponderação inóspita ao ternário das
letras, um partir solitário na data de suas publicações, um livro incendiado pelas
forças do sobrenatural, um texto solto ao acaso do amados... Entre os poetas,
restam o lúgubre trabalho do sentir, a frágil volúpia do fingir, a réstia da eternidade
efêmera, o fardo do etéreo, a casta de um patrimônio cultural sucumbido, a
matéria da humanidade mórbida e a insanidade absurda do vazio.
Um especulo dos loucos, um hospício da maturidade, um assombro das
angustias, um atributo do amor frágil, um vício da paixão inerte. Um pertencimento
da comunhão seletiva dos leitores, um expor-se imediato a ilusão, um querer
complicado do universo...
Um atendimento irracional de todas as expectativas de quem nos devora a alma,
pagina por pagina, um remetente da preparação da trincheira, uma vivacidade de
guerra oblíqua, um tumulto revirado pelas bombas, onde as armas e o tedio são
colunas que pouco importam ao imprevisto da musa, algo que não nos incomoda
a carne, travá-la em campo aberto e ao frio.
Exposto as estas letras, desejo aos meus devoradores que este livro e um bom
vinho, sejam em uma madrugada chuvosa, belos companheiros, sugiro aos meus
leitores que os tome como hospede inato em suas vidas, regozije-o em tamanha
amplitude e gozo, na intenção de degustá-los e recita-los como prova de minha
companhia, tendo também os velhos amigos, reunidos sobre roda de uma boa
conversa em recitação de meus versos. Permanecendo o vinho, o livro e as belas
jovens ao lado de suas ébrias confraternizações eternas.
Abrantes F. Roosevelt