2. INTRODUÇÃO A LITERATURA
• Considerada uma forma de arte, aquela que usa a linguagem
verbal como expressão, a literatura também reflete uma época,
a história e a visão de mundo de um autor, além de receber o
legado das obras procedentes, e muitas vezes romper com a
forma literária vigente.
• Assim como o pintor usa tintas para fazer um quadro e levar
sua mensagem, assim como o músico utiliza a combinação
harmoniosa dos sons para comunicar-se com o seu público,
também o literato usa as palavras para expressar suas ideias e
emoções.
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3. • Na literatura, as palavras podem não ter o mesmo valor das
palavras que utilizamos na vida diária. Em nosso cotidiano, as
palavras têm um valor utilitário, ao passo que, se usadas no
texto literário, adquirem valor artístico, podendo criar um mundo
poético ou ficcional, por meio da maneira como são usadas.
• Segundo Soares Amora, na literatura, “o mais interessante não
é apenas quem se exprime e o que se exprime, mas como se
exprime”.
• Na literatura se trabalha o conceito de VEROSSIMILHANÇA.
Não confunda verossimilhança com verdade!
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4. Odisseia – Livro I (Homero)
Canta, ó Musa, o varão que astucioso,
Rasa Ílion santa, errou de clima em
clima,
Viu de muitas nações costumes vários.
Mil transes padeceu no equóreo ponto,
Por segurar a vida e aos seus a volta;
Baldo afã! pereceram, tendo insanos
Ao claro Hiperiônio os bois comido,
Que não quis para a pátria alumiá-los.
Tudo, ó prole Dial, me aponta e
lembra.
Da guerra e do mar sevo recolhidos
Os que eram salvos, um por seu
consorte
Calipso, ninfa augusta, apetecendo,
Separava-o da esposa em cava gruta.
O céu, porém, traçou, volvendo-se
anos,
De Ítaca reduzi-lo ao seio amigo,
Onde novos trabalhos o aguardavam:
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Os Lusíadas – Canto I (Camões)
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
(...)Cessem do sábio Grego e do
Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua
canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
6. • O poema Odisseia foi escrito no fim do sec. VII a.C. É uma
epopeia que conta a historia de Ulisses herói da guerra de
Troia.
• Publicado pela primeira vem em 1572, a epopeia Os Lusíadas
trata da viagem do navegador Vasco da Gama às Índias, entre
1497 e 1499.
• Os dois fragmentos são de obras, autores e épocas diferentes.
Entretanto há, entre esses fragmentos, forte relação formal e
temática.
• Nota-se que a primeira obra serve como modelo e fonte
inspiradora para a segunda e, na leitura do poema de Camões,
é possível percebermos admiração e respeito pela obra do
autor.
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7. TEXTO LITERÁRIO E NÃO
LITERÁRIO
• Texto literário: Está sujeito a várias interpretações, divertir,
entreter, lúdico. É subjetivo, emotivo (eu lírico) e pessoal.
• Texto não literário: única interpretação, informa. É objetivo,
claro e impessoal.
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8. • Quando se emprega as palavras em seu sentido mais imediato
e literal, denominamos de Denotativo. Textos como notícia,
reportagem, o texto didático, a bula de um remédio, a ata de
uma reunião são exemplos de produções em que se reconhece
como objetivo primeiro o compartilhamento, de forma mais ou
menos direta, de uma determinada informação. A esses textos
podemos chamar de Não Literários.
• Já os textos que apresentam multiplicidade de sentidos como
características mais marcantes são denominados de
Conotativo. O emprego da língua de forma pouco usual,
exercício de imaginação na criação de enredos inesperados, a
composição de um universo ficcional envolvendo situações que
não correspondem necessariamente com a realidade. A eles
chamamos de Literários.
8
9. 9
SONETO DA FIDELIDADE (Vinicius de Morais
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
10. • O texto literário pode ser expresso de dois modos: prosa ou
poesia.
• PROSA: a apresentação do conteúdo em linhas continuas e a
organização do texto em parágrafos.
• POESIA: a apresentação do conteúdo em versos e a
organização em estrofes. Pode-se encontrar rimas e certa
ordenação: das sílabas poéticas, quantidade de silabas,
alternância das sílabas átonas ou tônicas.
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11. Troço nojento
FERNANDO BONASSI
Por que é sempre esse inferno quando eu
resolvo esmagar as batatas com pimenta e
feijão? É tudo comida, não é? Sou eu que
vou comer esse... esse "troço nojento",
como você diz. Não, eu não estou
comendo de boca aberta... estou abrindo
agora. Você consegue brigar de boca
fechada? Não, desculpe muito, mas não
vou ficar te aguentando girar em torno do
meu prato como uma galinha
descabeçada. Não mato minha fome pra te
irritar, garota... e também não tenho
vergonha do que ando comendo. Frite um
ovo, compre caviar, pregue um botão, vá
conquistar todos os objetivos nobres
dessas revistas lamentáveis. Aliás, quer
saber? Você está mesmo é morrendo de
vontade de comer um pouco desse "troço
nojento".
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UM DIA – MARIO QUINTANA
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável… Um dia
percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples…
Um dia percebemos que o comum não nos atrai…Um dia saberemos
que ser sempre o bonzinho não é bom…
Um dia perceberemos que a pessoa que te desdenha é a que mais
pensa em você… Um dia saberemos a importância da frase: “Tu te
tornas eternamente responsável por aquilo que cativas…”
Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém mas
não damos valor a isso… Com o tempo, você vai percebendo que
para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar,
não precisar dela. Percebe também que aquele alguém que você
ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você,
definitivamente não é o alguém da sua vida. Você aprende a gostar
de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem
também gosta de você. O segredo é não correr atrás das
borboletas… é cuidar do jardim para que elas venham até você. No
final das contas, você vai achar não quem você estava procurando,
mas quem estava procurando por você…
Enfim, um dia descobrimos que apesar de viver quase 100 anos,
esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos
sonhos, para dizer tudo o que tem de ser dito… Então, ou nos
conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou
lutamos para realizar todas as nossas loucuras… Quem não
compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa
explicação.
12. UMA FLOR PARA OUTRA FLOR.
denotação conotação
ELA É UMA GATA!
Depende do contexto
(...) ERRADA (...) ERRANTE (...) VOU ERRANDO
erros à toa ambiguidade
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13. GÊNEROS LITERÁRIOS
• A palavra gênero é usada para diferentes classificações. No
caso dos gêneros literários, a classificação é mais especifica e
própria da literatura. De acordo com a classificação proposta
por Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), os textos literários se
classificam em: épico, lírico, dramático.
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14. • GÊNERO ÉPICO: em sua origem era um longo poema narrativo,
também chamado de epopeia que contava acontecimentos
protagonizados por heróis.
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OS LUSÍADAS
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
15. • GÊNERO LÍRICO: desde sua origem na Grécia Antiga,
manifesta aspectos da subjetividade de um “eu” – seus
comportamentos, pensamentos, sentimentos e vivencias
anteriores
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VOU-ME EMBORA PARA PASARGADA – MANUEL BANDEIRA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
16. • GÊNERO DRAMÁTICO: abarca
os textos para serem
encenados em palco. Em sua
origem o drama se dividia em
duas vertentes: a tragédia e a
comédia.
➢Tragédia: em Poética
Aristóteles apontou a tragédia
como “a imitação de ações de
caráter elevado”. Em geral, a
tragédia apresenta a luta de um
herói contra o destino que os
deuses determinaram para ele.
O espirito trágico estaria ligado
a uma visão pessimista sobre a
vida.16
17. ➢Comédia: Para Aristóteles, ela seria a “imitação de homens inferiores”.
Aproximando-se da vida real, poria em evidencia aspectos poucos nobres da
natureza humana.
O Santo e a Porca – Ariano Suassuna
O pano abre na casa de EURICO ARÁBE, mais conhecido como EURICÃO ENGOLE-COBRA
CAROBA — E foi então que o patrão dele disse: "Pinhão, você sele o cavalo e vá na minha
frente procurar Euricão…"
EURICÃO — Euricão, não. Meu nome é Eurico.
CAROBA — Sim, é isso mesmo. Seu Eudoro Vicente disse: "Pinhão, você sele o cavalo e vá
na minha frente procurar Euriques…"
EURICÃO — Eurico!
CAROBA — "Vá procurar Euríquio…"
EURICÃO — Chame Euricão mesmo.
CAROBA — "Vá procurar Euricão Engole-Cobra…"
EURICÃO — Engole-Cobra é a mãe! Não lhe dei licença de me chamar de Engole- Cobra,
não! Só de Euricão!
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18. Percebe-se que no dialogo entre Eurico Árabe e sua empregada Caroba,
anuncia-se a chegada de Eudoro Vicente e seu criado Pinhão. Eurico
que escondia uma fortuna dentro de uma porca de barro, atribui a
visita de Eudoro a um interesse por seu dinheiro, mas o que ele queria
era permissão para se casar com a filha do avarento. Caroba aproveita-
se da situação para obter vantagens.
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19. Figuras de Linguagem
• METÁFORA
“Meu verso é sangue.” Manuel Bandeira
• PLEONASMO
“E rir meu riso e derramar meu pranto.” Vinicius de Morais
• ANTÍTESE
“Morreu!!! Tú viverás nas estradas que abristes.” Olavo Bilac
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20. • IRONIA
“A excelente Dona Inacia era mestra na arte de judiar de
crianças.” Monteiro Lobato
• HIPÉRBOLE
“Rios de correrão dos olhos, se chorares.” Olavo Bilac
• EUFEMISMO
“Era uma estrela divina que ao firmamento voou.” Alvares de
Azevedo
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21. Escola / Períodos Literários
➢ERA COLONIAL
• Literatura de Informação (Quinhentismo – Século XVI)
• Barroco (Século XVII)
• Arcadismo ou neoclassicismo (Século XVIII)
➢ERA NACIONAL
• Romantismo (Sec. XIX 1ª metade)
• Realismo / naturalismo (Sec. XIX 2ª metade)
• Parnasianismo (Sec. XIX 2ª metade)
• Simbolismo (Sec. XIX 2ª metade)
• Pré modernismo (1900-1922)
• Modernismo (Sec XX – dias atuais)
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22. Exercícios
• (ENEM 2009) Gênero dramático é aquele em que o artista usa como
intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego
drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição
literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e
dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos
atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica,
caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados
com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama,
enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir
das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem
composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela
situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais,
espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o
autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da
representação. (COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1973 (adaptado).
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23. Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um
espetáculo teatral, conclui-se que
A) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de
ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva
B) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído
pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do
trabalho interpretativo dos atores
C) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais,
como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e
fragmentos textuais, entre outros.
D) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral,
visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação
cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais
E) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo
de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens
artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral
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24. • (PUC – MG) As questões 2 e 3 devem ser respondidas com
base no texto abaixo, extraído de O livro das Ignorãças, do
poeta mato-Grossense Manoel de Barros.
XIX
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
Era imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás da casa.
Passou um homem depois e disse: essa volta que o rio faz por
traz de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma
volta atrás da casa.
Era uma enseada. Acho que o nome empobreceu a imagem.
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25. • No poema não há:
a) Expressão do ponto de vista do sujeito poético
b) Estrutura predominantemente narrativa
c) Emprego do discurso indireto.
d) Mistura de verso e prosa
• O poema aborda, metalinguisticamente, a diferença entre:
a) Denotação e conotação.
b) Metafora e metonímia
c) Significado e significante
d) Linguagem coloquial e norma culta
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