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“O homem, desde o seus primórdios,
é considerado um ser de relações sociais,
que incorpora normas, valores vigentes na família,
e em seus pares, na sociedade. Assim,
a formação da personalidade do ser humano é
decorrente de um processo de socialização,
no qual intervém fatores inatos e adquiridos“
SAVOIA
Na segunda parte do trabalho o grupo escolheu escutar e analisar a trajetória pessoal e
profissional, de tatuadores, que através da pele de seus clientes transmitem sua arte. Os
estúdios visitados tinham características singulares, que a princípio já expressavam um pouco
a identidade dos que ali trabalhavam. Foram visitados cinco estúdios, em locais distintos de
Ceilândia e Taguatinga, com um total de sete profissionais entrevistados. As perguntas
realizadas tinham a intenção de extrair informações que ajudassem a analisar os processos de
socialização pelo qual aqueles indivíduos haviam passado até aquele momento e também
como o macrocosmo arte corrobora na inserção de diferentes microcosmos.
Todos os entrevistados tinham em comum o contato com desenho, enquanto em particular
cada um possuía sua maneira de se expressar. O primeiro entrevistado Danilo Silva, 25 anos,
considera como seu primeiro contato com o desenho, a arte de rua, que envolvia grafite e
pichação; essa foi uma maneira de introdução no microcosmo que mais tarde o levaria a ser
um tatuador, e ao mesmo tempo o distanciava da criminalidade, muito presente no local que
morava. O segundo, Wildson Santos, 28 anos, já nasceu em um ambiente “artístico”, com
família circense e outras inclinações para a arte, como a pintura e a música; o desenho e mais
tarde a tatuagem vieram como consequência da liberdade que possuía, pois enquanto viajava
por vários lugares enalteceu os contatos com a arte em particular a tatuagem, devido a isso
conseguiu desenvolver uma máquina caseira, assim começou a tatuar pessoas próximas.
Beatriz Araújo, 19 anos, sempre desenhou, porém nunca recebeu incentivo, ao término do
ensino médio, começou a trabalhar como recepcionista de estúdio de tatuagem, esse
microcosmo concedeu a ela a possibilidade de ser tatuadora. Josiel Paulo, 21 anos, como os
outros, sempre teve talento para o desenho, mas não imaginava fazer disso uma carreira
profissional; a ideia de começar a tatuar veio através de um amigo que possuía estúdio, a
decisão de encarar a profissão foi totalmente influenciada por este microcosmo da
amizade.Weverson Mendes, 25 anos, quando adolescente percebeu no ambiente escolar o
quanto gostava de artes,ao término do ensino médio vislumbrou a possibilidade de abrir um
negócio e sua aptidão para o desenho o levou para o ramo da tatuagem; o início foi
conturbado, pois tatuava em casa, com o passar do tempo, juntou recursos e investiu no
negócio, atualmente possui estúdio próprio e pretende expandir para outras áreas estéticas.
Ítalo Rafael, 21 anos, quando criança já demonstrava grande talento para o desenho; trabalhou
como designer por um bom tempo e após ganhar uma máquina de tatuagem e receber grande
incentivo de um primo, tentou conciliar as profissões, com o tempo, percebeu que tatuar seria
mais rentável, e começou a se dedicar exclusivamente a isso. Cleison Rosa, 38 anos, sempre
esteve envolto por artes, pelo fato do microcosmo família possuir relação com musica e
artesanato, além de sempre desenhar; cursou pedagogia e trabalhou em escola por pouco
tempo, ao perceber que não possuía afinidade com a área, começou então a faculdade de artes
e também a trabalhar com personalização de capacetes, logo após a ida com uma amiga a um
estúdio de tatuagem, se interessou bastante e abriu seu próprio estúdio.
A grande variedade de microcosmos (local onde mora, família, trabalho, amigos, escola) foi
responsável por modificar e ao mesmo tempo dar possibilidade de novas escolhas no processo
de socialização de cada indivíduo. Todos os entrevistados, apesar de atualmente trabalharem
no mesmo ramo, possuem diversas particularidades em seu trajeto. As experiências
acumuladas fizeram com que cada um conseguisse modificar de alguma forma os
microcosmos no qual estavam inseridos e assim influenciar também na identidade de quem
está ao seu redor, como a família, que na maioria dos casos apresentava preconceito, e
atualmente aceita melhor a profissão. Outra mudança notável é a descriminalização da
tatuagem e consequentemente do tatuador. Com o aprimoramento das técnicas e dos materiais
edevido a dedicação e estudo do tatuador, essa profissão passa a ser cada dia menos
marginalizado. Esse é um exemplo de como o indivíduo, através de suas escolhas, tem o
poder de modificar o macrocosmo sociedade.

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  • 1. “O homem, desde o seus primórdios, é considerado um ser de relações sociais, que incorpora normas, valores vigentes na família, e em seus pares, na sociedade. Assim, a formação da personalidade do ser humano é decorrente de um processo de socialização, no qual intervém fatores inatos e adquiridos“ SAVOIA Na segunda parte do trabalho o grupo escolheu escutar e analisar a trajetória pessoal e profissional, de tatuadores, que através da pele de seus clientes transmitem sua arte. Os estúdios visitados tinham características singulares, que a princípio já expressavam um pouco a identidade dos que ali trabalhavam. Foram visitados cinco estúdios, em locais distintos de Ceilândia e Taguatinga, com um total de sete profissionais entrevistados. As perguntas realizadas tinham a intenção de extrair informações que ajudassem a analisar os processos de socialização pelo qual aqueles indivíduos haviam passado até aquele momento e também como o macrocosmo arte corrobora na inserção de diferentes microcosmos. Todos os entrevistados tinham em comum o contato com desenho, enquanto em particular cada um possuía sua maneira de se expressar. O primeiro entrevistado Danilo Silva, 25 anos, considera como seu primeiro contato com o desenho, a arte de rua, que envolvia grafite e pichação; essa foi uma maneira de introdução no microcosmo que mais tarde o levaria a ser um tatuador, e ao mesmo tempo o distanciava da criminalidade, muito presente no local que morava. O segundo, Wildson Santos, 28 anos, já nasceu em um ambiente “artístico”, com família circense e outras inclinações para a arte, como a pintura e a música; o desenho e mais tarde a tatuagem vieram como consequência da liberdade que possuía, pois enquanto viajava por vários lugares enalteceu os contatos com a arte em particular a tatuagem, devido a isso conseguiu desenvolver uma máquina caseira, assim começou a tatuar pessoas próximas. Beatriz Araújo, 19 anos, sempre desenhou, porém nunca recebeu incentivo, ao término do ensino médio, começou a trabalhar como recepcionista de estúdio de tatuagem, esse microcosmo concedeu a ela a possibilidade de ser tatuadora. Josiel Paulo, 21 anos, como os outros, sempre teve talento para o desenho, mas não imaginava fazer disso uma carreira profissional; a ideia de começar a tatuar veio através de um amigo que possuía estúdio, a decisão de encarar a profissão foi totalmente influenciada por este microcosmo da amizade.Weverson Mendes, 25 anos, quando adolescente percebeu no ambiente escolar o quanto gostava de artes,ao término do ensino médio vislumbrou a possibilidade de abrir um negócio e sua aptidão para o desenho o levou para o ramo da tatuagem; o início foi conturbado, pois tatuava em casa, com o passar do tempo, juntou recursos e investiu no
  • 2. negócio, atualmente possui estúdio próprio e pretende expandir para outras áreas estéticas. Ítalo Rafael, 21 anos, quando criança já demonstrava grande talento para o desenho; trabalhou como designer por um bom tempo e após ganhar uma máquina de tatuagem e receber grande incentivo de um primo, tentou conciliar as profissões, com o tempo, percebeu que tatuar seria mais rentável, e começou a se dedicar exclusivamente a isso. Cleison Rosa, 38 anos, sempre esteve envolto por artes, pelo fato do microcosmo família possuir relação com musica e artesanato, além de sempre desenhar; cursou pedagogia e trabalhou em escola por pouco tempo, ao perceber que não possuía afinidade com a área, começou então a faculdade de artes e também a trabalhar com personalização de capacetes, logo após a ida com uma amiga a um estúdio de tatuagem, se interessou bastante e abriu seu próprio estúdio. A grande variedade de microcosmos (local onde mora, família, trabalho, amigos, escola) foi responsável por modificar e ao mesmo tempo dar possibilidade de novas escolhas no processo de socialização de cada indivíduo. Todos os entrevistados, apesar de atualmente trabalharem no mesmo ramo, possuem diversas particularidades em seu trajeto. As experiências acumuladas fizeram com que cada um conseguisse modificar de alguma forma os microcosmos no qual estavam inseridos e assim influenciar também na identidade de quem está ao seu redor, como a família, que na maioria dos casos apresentava preconceito, e atualmente aceita melhor a profissão. Outra mudança notável é a descriminalização da tatuagem e consequentemente do tatuador. Com o aprimoramento das técnicas e dos materiais edevido a dedicação e estudo do tatuador, essa profissão passa a ser cada dia menos marginalizado. Esse é um exemplo de como o indivíduo, através de suas escolhas, tem o poder de modificar o macrocosmo sociedade.