Aprender a conhecer: os quatro pilares da educação
1. APRENDER A CONHECER
RESUMO: Renovam-se, periodicamente, no mundo, os métodos pedagógicos, em razão da conquista
do conhecimento nas suas diferentes áreas. Nos últimos anos, a valiosa contribuição da psicologia infantil
abriu espaços para mais profundo e claro entendimento em torno das possibilidades de aprendizagem da
criança, ensejando novas técnicas para a educação. A analogia com a prática pedagógica se mostra
quando diz que a educação deve preocupar-se em desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que
serão para cada indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, indica o interesse, a abertura
para conhecimento, que verdadeiramente liberta da ignorância; aprender a fazer, mostra a coragem de
executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar; aprender a conviver, aqui temos o desafio
da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade como caminho do
entendimento e, finalmente; aprender a ser, visto, talvez, como o mais importante, por explicitar aí o
papel do cidadão e o objetivo de viver.
Palavra chave: Aprendizagem, Desafios, Educação.
INTRODUÇÃO
A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares: Aprender a
conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de
trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa:
aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao
longo de toda a vida. Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação
profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a
enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer,
no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e
adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer
formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho. Aprender
a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das
interdependências — realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no
respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. Aprender a ser,
para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior
capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso,
não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo:
memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
2. Inteligência, ética e criatividade, eis alguns vocábulos-chaves para nortear as
mudanças reclamadas. A história do conhecimento humano revela que, em cada avanço
alcançado, estão embutidas contribuições dos que nos precederam. Por isso mesmo,
pode-se falar em acervo comum de conhecimentos. Disso decorre a dimensão coletiva
do conhecimento e a responsabilidade ética em sua utilização. A nova universidade
precisa ter consciência profunda dessa responsabilidade. Os profissionais por ela
formados, bem como os seus programas de pesquisa e extensão, deverão refletir sempre
esse compromisso.
APRENDER A CONHECER
Aprender a conhecer levando em conta as rápidas alterações provocadas pelo
progresso científico e as novas formas de atividade econômica e social, conciliando uma
cultura geral suficientemente vasta com a possibilidade de dominar, profundamente, um
reduzido número de assuntos. (Delors, 2001). Este pilar visa não tanto à aquisição de
um repertório de saberes codificado, mas antes o domínio dos próprios instrumentos do
conhecimento. Aprender a conhecer é o saber considerado, simultaneamente, como um
meio e como uma finalidade da vida humana: meio porque se pretende que cada um
aprenda a compreender o mundo que o rodeia e, finalidade, porque seu fundamento é o
prazer de compreender, de conhecer, de descobrir.
Aprender a conhecer refere-se à interpretação e representação da realidade, pela
aprendizagem de conceitos, princípios, fatos, proposição e teorias, cultivando
simultaneamente a visão global e contextualizante e o domínio de assuntos específicos
da área de atuação do empreendedor. O estímulo ao desenvolvimento da competência
de interpretar e representar a realidade é propiciado pelas atividades lógico/racionais
que mobilizam esquemas mentais como análise, crítica, comparação, classificação,
argumentação, tomada de decisões e classificação de prioridades e relevâncias. Isto é, o
participante deve ser provocado a observar, comparar, argumentar, questionar,
organizar, posicionar-se e estabelecer correlações, pois dessa maneira estará se
transformando em um sujeito crítico e reflexivo.
3. Como afirma Delors (2001), “como o conhecimento é múltiplo e evolui em
ritmo incessante, torna-se cada vez mais inútil tentar conhecer tudo. Além disso, os
tempos presentes demandam uma cultura geral, cuja aquisição poderá ser facilitada pela
apropriação de uma metodologia do aprender.”
Este tipo de aprendizagem que não visa a aquisição de um repertório de saberes
codificado, mas o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento pode ser
considerado, simultaneamente, como um meio e como uma finalidade da vida humana.
Meio, porque se pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia,
pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para
desenvolver as suas capacidades profissionais, para comunicar. Finalidade, porque seu
fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir. O aumento dos
saberes, que permite compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos,
favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite
compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na capacidade de discernir.
Deste ponto de vista, há que repeti-lo, é essencial que cada criança, esteja onde estiver,
possa ter acesso, de forma adequada, às metodologias científicas de modo a tornar-se
para toda a vida "amiga da ciência" .
Como pensar o APRENDER A CONHECER na prática pedagógica? Que
Competências e habilidades são necessárias para a sua operacionalização no que se
refere ao processo de raciocínio, às habilidades cognitivas e às estratégias pedagógicas?
No processo educacional, o educador dispõe, basicamente, de três enfoques para a
apresentação de conteúdos selecionados para o desenvolvimento das competências
formuladas, de forma que haja construção de conceitos, princípios, fatos, proposição e
teorias, possibilitando, assim, a utilização de esquemas cognitivos.
O conhecimento não vem de fora, é um processo de construção e reconstrução
interior. Não está nos livros, nos computadores, mas nas mentes das pessoas. A
verdadeira aprendizagem é a construção ativa de conhecimentos realizada pelo sujeito
que aprende. Não há aprendizagem sem que o aprendiz seja o sujeito ativo do processo,
e a aprendizagem será tanto maior e melhor quanto mais ativo ele for.
Aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a
fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de
participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS 2001, p. 89-
101).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática pedagógica deve ser fundamentada com estes pilares onde ajudarão a
formar e educar o cidadão para a sociedade e também para carregar estas experiências
de aprendizagem aprimorando-as por toda a sua vida pessoal, familiar e profissional. Os
estudos e trabalhos desenvolvidos pela Comissão concluíram que os novos desafios a
ser enfrentados pela área educacional no século XXI devem partir para uma concepção
mais ampla de atuação, onde as descobertas e o fortalecimento do potencial criativo do
ser humano devem ser colocados a toda prova para obter melhores resultados e um
aprofundamento e melhor desenvolvimento do seu ser interior.
5. REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999
CASTELLS, M. Sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e
cultura. 8. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2005
DÉLORS, J. Educação: um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 2001