Este documento fornece orientações ortográficas sobre o uso de letras e acentos no português brasileiro. Em três frases ou menos, resume:
1) Explica quando usar letras como h, s, z, j, g, cedilha, x/ch, e em quais contextos grafá-las;
2) Discutem exceções como rezar, gaze e deslize na grafia do s, e mecha na grafia de x/ch;
3) Fornece exemplos como pretensão, defesa, expansão para ilustr
2. Por quê?
• Em português, um mesmo som pode ser
representado por mais de uma letra e,
igualmente, uma mesma letra pode
representar mais de um som.
EX.:
Expansão OU expanção?
expelir OU espelir?
hospitalizar OU hospitalisar?
pixar OU pichar?
3. Ouvir, ler, gravar na mente...
Estamos acostumados a ouvir a pronúncia de
uma palavra e contarmos com nossa memória
auditiva, mas na hora de escrever no papel, vem
a dúvida sobre sua grafia correta...
Em vez disso, devemos “contar” com a nossa
memória visual, ou seja, gravar na mente, ler,
escrever, isto é, se habituar com a grafia de
certas palavras para, na hora de escrever, não
errar...
5. Emprego do H
a) no final de algumas interjeições: ah!, oh!
b) no início de palavras cuja etimologia ou tradição
escrita do nosso idioma assim o determine:
hábil, habilitação, haver, herói, honesto.
c) no interior dos vocábulos, quando:
faz parte dos dígrafos ch (com som de x), lh, nh:
chapéu, archote, chuva, malha, ninho etc.
nos compostos em que o segundo elemento com h
etimológico se une ao primeiro hífen: pré-história,
super-homem; exceção: coerdeiro.
6. Ou seja:
Algumas interjeições (de surpresa, de espanto ex.:
oh!); pela tradição da escrita de algumas
palavras, onde o h, no entanto, não é
pronunciado (hábil, honesto etc); quando é um
dígrafo ch, lh ou nh; e nos palavras compostas
onde é etimológico (ex.: pré-história e não
preistória*, super-homem e não superomen*
etc).
___________________________
* A grafia dessas palavras é incorreta, mesmo pelo
conhecimento que temos ela nos soa
“estranha”.
7. Emprego do S
a) Escrevemos o s depois de ditongos: coisa,
mausoléu, maisena, lousa, Cleusa.
9. “Maizena” (com inicial maiúscula) é o nome de
uma marca tradicional da “maisena“, essa da
caixinha amarela.
A “maisena“, por sua vez, é um nome que usamos
para designar o ”amido de milho“, farinha branca
e fininha feita do milho.
Disponível em:
http://socorronacozinha.com.br/maizena-
maisena
10. Emprego do S
b) escreveremos com - s – as palavras derivadas
de verbos terminados em –nder e –ndir.
pretender = pretensão
defender = defesa, defensiva
despender = despensa
fundir = fusão
expandir = expansão
11. Emprego do S
c) escreveremos com – s – as palavras derivadas de verbos
terminados em –erter, -ertir e –ergir.
perverter = perversão
converter = conversão
divertir = diversão
aspergir = aspersão
d) escreveremos –puls – nas palavras derivadas de verbos
terminados em –pelir e – curs-, nas palavras derivadas de
verbos terminados em –correr.
expelir = expulsão
impelir = impulso
compelir = compulsório
discorrer = discurso
percorrer = percurso
12. Emprego do S
e) escreveremos com - s – todas as palavras
terminadas pelos sufixos em –oso e –osa, com
exceção de gozo, e pelo sufixo –ense, indicador
de origem ou pertinência: gostosa, glamoroso,
saboroso, horroroso, palmerense, rio-
grandense, canadense.
f) escreveremos com – s- todas as palavras
terminadas em –ase, -ese, e –ose, (com
exceção de gaze e deslize) : fase, crase, tese,
osmose, etc.
13. Emprego do S
g) escrevemos com – s- as palavras femininas
terminadas em –isa: poetisa, profetisa, Heloisa,
Marisa.
h) Igualmente, empregaremos o –s- nos sufixos –
ês, -esa indicadores de origem, título, nobreza ou
profissão (também valem para os casos de
emprego de –isa): camponesa, francês, camponês,
burguês, burguesa, marquês, marquesa etc.
i) escreveremos com – s – toda conjugação dos
verbos pôr, querer e usar: eu pus, ele quis, nós
usamos, quando nós quisermos, se eles usassem
etc.
14. Ou seja:
Depois de ditongos decrescentes (ex.: coi-sa, mai-se-na,
lou-sa etc.); em palavras derivadas de verbos nder e ndir
(ex.: pretensão, defesa, despensa); –erter, -ertir e –ergir
(aspersão, conversão, reversão, expansão etc.); -puls-
nas derivadas de –pelir, –curs- ou verbos terminados
em –correr (ex.: expulsão, discurso, compulsório,
impulso etc.); todas as palavras terminadas nos sufixos
oso, osa, ense (exceção: gozo), , ase, ese, ose(ex.:
gasoso, paranaense, saborosa, fase,osmose, tese etc.);
palavras terminadas em isa, ês, esa como palavras
femininas ou títulos (marquesa, freguês, poetisa etc.) e
nas formas dos verbos pôr e usar (ex.: usassem,
pusessem, usando, pus etc.)
Exceção: rezar, gaze, deslize.
15. Emprego do Z:
a) nas palavras derivadas de uma primitiva
gravada com –z:
juiz: juizinho, juízo, ajuizar
bronze: bronzear, bronzeado, bronzeamento
cruz: cruzadinha, cruzeiro, cruzamento
16. Emprego do Z:
b) nos sufixos –ez, -eza, formadores de
substantivos abstratos femininos a partir de
adjetivos:
insensato – [a] insensatez
mesquinho - [a] mesquinhez
estúpido – [a] estupidez
altivo – [a] altivez
magro – [a] magreza
belo – [a] beleza
grande - [a] grandeza
17. Emprego do Z:
c) no sufixo –izar, formador de verbo a partir
de substantivo ou adjetivo:
hospital - hospitalizar
canal - canalizar
real – realizar
atual - atualizar
humano - humanizar
18. Emprego do Z:
d) Nos verbos terminados em –uzir, bem como
em suas formas em que ocorre o fonema /z/:
aduzir: aduzo, aduz, aduzi
conduzir: conduzo, conduziste, conduziu
deduzir: deduzo, deduziste, deduzia
produzir: produzo, produzi, produzia
19. Ou seja:
Palavras derivadas de uma primitiva com z (ex.:
juizo=ajuizar; feliz=felizardo etc.); nos sufixos –
ez, eza formadores de substantivos abstratos
femininos a partir de adjetivos (ex.: insensatez,
estupidez, beleza etc.); no sufixo izar formador
de verbo a partir de subst. ou adjet. (ex.:
hospitalizar, atualizar, humanizar etc.); em
verbos terminados em izir onde o fonema é z
(ex.: produzo, deduzir, conduz etc.)
20. Emprego do J:
a) Nas palavras derivadas de outras que já apresentem
j:
Jeito: ajeitar, ajeitar, ajeitamento
Jesuíta: ajesuitizar
Varejo: varejista, varejão.
b) escreveremos com –j- as palavras derivadas dos
verbos terminados em –jar.
trajar = traje, eu trajei
encorajar = que eles encorajem
viajar = que eles viajem
21. Emprego do J:
c) escreveremos com –j- as palavras derivadas
de vocábulos terminados em –ja.
loja = lojista
gorja = gorjeta
d) escreveremos com –j- as palavras de origem
tupi, africana ou popular:
jeca, jibóia, jiló, pajé etc.
22. Ou seja:
Derivadas de palavras que já apresentam o j
(ex.: ajeitar, varejista etc.); verbos terminados
em jar (ex.: trajar, viajem etc.); palavras
derivadas de vocábulos terminados em ja (ex.:
lojista, gorjeta etc.); palavras de origem
africana ou popular (jeca, jibóia, jiló, pajé etc.)
23. Emprego do G:
a) Nas palavras derivadas, de outras que
já apresentem g:
Ágio: agiota, agiotagem
Gesso: engessar, engessado
b) Em geral, depois de a inicial: ágil, agir,
agitar, agenciar.
24. Emprego do G:
c) escreveremos com –g- todas as palavras
terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -
úgio: pedágio, colégio, sacrilégio, prestígio,
relógio, refúgio etc.
d) escreveremos com – g- todas as palavras
terminadas em –gem, (com exceção de
pajem, lambujem e a conjugação de verbos
terminados em –jar): a viagem, a coragem, a
personagem, a vernissagem, a ferrugem, a
penugem etc.
25. Ou seja:
Palavras derivadas de outras que já apresentam
g (ágio: agiota, agiotagem; gesso: engessar,
engessado etc.); geralmente depois de a
inicial: ágil, agiota, agitar etc.); todas as
palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -
ógio, -úgio: pedágio, colégio, sacrilégio,
prestígio etc.); todas as palavras terminadas
em –gem, (com exceção de pajem,
lambujem e a conjugação de verbos
terminados em –jar): a viagem, a coragem, a
personagem etc.)
26. ATENÇÃO!
Viagem (substantivo feminino= a viagem)
Viajem (derivada do verbo viajar , conjugado na
3º pessoa do presente do subjuntivo):
Que eu viaje
Que tu viajes
Que ele viaje
Que nós viajemos
Que vós viajeis
Que eles viajem
Ex.: A viagem foi muito tranquila e divertida.
Meu desejo é que eles viajem juntos.
28. Emprego do CEDILHA
Emprega-se o ç:
a) nas palavras de origem árabe, tupi ou
africana: açafrão, açúcar, muçulmano,
araçá, paçoca, Juçara, Piraçununga,
caçula, miçanga etc.
b) após ditongos: louça, feição, traição.
29. Emprego do CEDILHA
c) nos sufixos –ação e –ção formadores de
substantivos partir de verbos:
formar - formação
exportar - exportação
construir - construção
destruir - destruição
30. Emprego do CEDILHA
d) nos sufixos –aça(o), -iça(o), -uça(o):
barcaça, ricaço, carniça, caniço, dentuço,
dentuça.
31. Não emprega CEDILHA
Nos verbos em que há o grupo nd no
radical, ocorre a correlação nd ns (vide
emprego do s):
apreender: apreensão
ascender: ascensão
compreender: compreensão
suspender:suspensão (vide emprego do s)
Dicionário= vide, ae (verbo ver em latim)
32. Ou seja:
Palavras de origem árabe, tupi ou africana (ex.:
açafrão, açúcar, muçulmano); após ditongos
(ex.: lou-ça, fei-ção, trai-ção); a partir de
ação e ção (substantivo verbo) [Ex.:
formar=formação, exportar=exportação
etc.); nos sufixos –aça(o), -iça(o), -uça(o):
barcaça, ricaço, carniça, caniço.
33. Emprego do x / ch
Emprega-se o x:
a) normalmente depois de ditongo: caixa,
peixe, ameixa, faixa.
b) depois da sílaba inicial me: mexer, mexilhão,
mexicano, mexerica (MEX)
Exceção: mecha e seus derivados escrevem-se
com ch.
c) em palavras de origem indígena ou africana:
xavante, abacaxi, caxambu, orixá, xará, xangô
34. Emprego do x / ch
Emprega-se o ch:
a) recauchutar e recauchutagem devem ser grafados com ch,
pois derivam de caucho, palavra que designa espécie de árvore
de cujo látex se produz borracha de qualidade inferior.
b) encher e seus derivados são com ch: enchimento, enchido,
enchente, preencher.
c) Junção do prefixo en a um radical iniciado com ch: encharcar,
encharcado (de charco); enchumaçar, enchumaçado (de
chumaço); enchiqueirar (de chiqueiro), enchouriçar (de
chouriço), enchocalhar (de chocalho)
35. Ou seja:
X depois de ditongo decrescente (ex.: cai-xa,
pei-xe, amei-xa, fai-xa; palavras com MEX
(ex.: mexilhão, mexicano, mexerica); origem
indígena ou africana (ex.:xavante, abacaxi,
caxambu);
CH recauchutar e recauchutagem devem
ser grafados com ch; encher e seus
derivados são com ch (enchimento etc.);
en+ch_____ (encharcar, enchada, enxame
etc)
37. Emprego do e:
a) nas formas dos verbos terminados em –
oar e –uar:
Abençoar: abençoe, abençoes
Perdoar: perdoe, perdoes
Continuar: continue, continues
Pontuar: pontue, pontues
Obs.: os verbos conjugados estão no presente
do modo subjuntivo (que eu... Etc.).
38. Emprego do e:
b) nos ditongos nasais ãe, õe:
pães, mãe, põe, casarões
Obs.: cãimbra (ou câimbra) escreve-se com i.
c) no prefixo ante-, que significa anterioridade:
antepasto, antevéspera, antedilúvio
39. Ou seja:
Nas formas dos verbos term. oar e oer (ex.:
abençoar=abençoe; perdoar=perdoe); ãe,
õe (ex.: pães, mãe, põe, casarões); ante,
com sentido de anterioridade (ex.:
antepasto, antevéspera, antedilúvio)
Não esqueça!
R= cãimbra (ou câimbra) escreve-se com i.
40. Emprego do i
a) nas formas dos verbos terminados em –
air, -oer e –uir:
Sair: sai, sais
Cair: cai, cais
Moer: mói, móis
Doer: dói
Possuir: possui, possuis
Contribuir: contribui, contribuis
Retribuir: retribui, retribuis
41. Emprego do i
b) no prefixo anti-, que significa ação
contrária:
antiaéreo, antibiótico, antijurídico
c) no verbo criar e seus derivados:
criar, criação, criatura, malcriado.
42. Ou seja:
Nas formas dos verbos terminados em -air, -
oer, -uir (ex.: sai, mói, retribui, dói etc.); no
prefixo anti (ex.: antiaéreo, antibiótico,
antijurídico); verbo criar e seus derivados
(criação, criatura, criatividade etc.).
43. Emprego do ss
a) escrevemos com –cess- as palavras
derivadas de verbos terminados em –
ceder.
anteceder = antecessor
exceder = excesso
conceder = concessão
44. Emprego do ss
b) escrevemos com –press- as palavras
derivadas de verbos terminados em -
primir.
imprimir = impressão
comprimir = compressão
deprimir = depressivo
45. Emprego do ss
c) escrevemos com –gress- as palavras
derivadas de verbos terminados em –
gredir.
agredir = agressão
progredir = progresso
transgredir = transgressor
46. Emprego do ss
d) escrevemos com –miss- ou –mess- as
palavras derivadas de verbos terminados em –
meter.
comprometer = compromisso
intrometer = intromissão
prometer = promessa
remeter = remessa
47. Ou seja:
Com cess derivados de verbos term. em
a)ceder (Ex.:anteceder = antecessor, exceder =
excesso, conceder = concessão); b) press
derivado de primir (imprimir = impressão,
comprimir = compressão, deprimir =
depressivo); c) –gress- derivado –gredir
(agredir = agressão, progredir = progresso,
transgredir = transgressor);d) -miss ou -mess
derivados de -meter (ex.:comprometer =
compromisso,intrometer = intromissão,
prometer = promessa,remeter = remessa).
48. DICA:
Em relação aos verbos terminados em –tir,
teremos:
1- escreveremos com –ção, se apenas
retirarmos a desinência do infinitivo –r, dos
verbos terminados em –tir.
curtir –r + -ção = curtição
49. Em relação aos verbos terminados em
–tir, teremos:
2 - escreveremos com –são, quando, ao
retirarmos toda a terminação –tir, a última
letra for consoante.
Divertir –tir + são = diversão
DICA:
50. 3 - Escreveremos com –ssão, quando, ao
retirarmos toda a terminação –tir, a
última letra for vogal.
discutir –tir + ssão = discussão.
DICA:
51. DICA:DICA: Ç ou S?
Após o ditongo, escrevemos com – ç -,
quando houver som de s; e escrevemos com–
s -, quando houver som de z.
eleição
traição
Neusa
Coisa
52. Emprego do SC:
a)Quando o dígrafo sc representa o
fonema s:crescer, crescer, descer...
Obs.:não vale para anoitecer,
entardecer, amanhecer...
PORQUE...
53. 1- o dígrafo sc representa o fonema s:
nascer /n/ /a/ /s/ /e/ /r/,
crescer /k/ /R/ /e/ /s/ /e/ /r/,
descer. /d/ /e/ /s/ /e/ /r/...
(palavras de origem latina); [não se pronuncia o
c depois de s, com exceção de desconto,
discutir...onde sc não é dígrafo, mas encontro
consonantal);
b) Obs.:por razões etimológicas, não vale para
anoitecer, entardecer, amanhecer... (palavras
formadas dentro da LP)
54. Emprego do SC:
c) Em palavras como descentralizar e
descapitalizar, temos o sufixo des-
acompanhando uma forma verbal
iniciada por c. não se trata, pois, de
dígrafo.
55. Referências bibliográficas:
TERRA, Ernani. Curso prático de gramática:
Ensino médio. São Paulo: Scipione, 2002.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles.
Minidicionário HOUAISS da Língua
Portuguesa. 4 edº rev. e aumentada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2010.