A recuperação do rio Cheonggyecheon em Seul é considerada uma referência mundial por despoluir as águas e construir parques lineares, devolvendo o contato das margens aos moradores. O projeto demoliu um viaduto que cobria o canal poluído e investiu US$ 380 milhões para melhorar a qualidade de vida através da paisagem restaurada.
1. “A REVITALIZAÇÃO DE RIO EM SEUL, NA CORÉIA DO SUL”
Informativo Mensal - Volume 14
EXEMPLO A SER SEGUIDO!
Quem vê a água limpa descendo pelo rio Cheonggyecheon, em
Seul, na Coréia do Sul, e pode usufruir das áreas verdes que
tornaram o centro de cidade mais agradável, não imagina que, até
o início desta década, aquela era apenas mais uma zona urbana
degradada, a exemplo de tantas outras pelo mundo afora.
Para garantir a recuperação ambiental, a prefeitura local tomou
decisões radicais, incluindo a demolição de um viaduto que cobria
esse canal urbano totalmente poluído. Cerca de 620 mil toneladas
de concreto foram ao chão e investimentos de US$ 380 milhões
tornaram realidade o que parecia impossível: assegurar a melhoria
da qualidade de vida dos cidadãos a partir da paisagem restaurada.
Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul. antes da
demolição do viaduto que cobria o canal.
A VOZ DO TIETÊ
Desde 2005 o Instituto Navega
São Paulo tem o objetivo de
atrair a atenção da população
para o rio Tietê a partir do seu
trecho mais degradado que é a
região metropolitana de São
Paulo. Conseguimos atingir
nosso proposito por meio das
navegações monitoradas na
embarcação Almirante do Lago,
entre as pontes dos Remédios e
das Bandeiras. Agora nossa
proposta com este informativo
mensal é atrair sua atenção,
levando até você informações
sobre o nosso Tietê para que
juntos identifiquemos o que
fazer para revitalizar tão
precioso patrimônio ambiental.
DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS
2. A recuperação do rio Cheonggyecheon é
considerada uma referência mundial em
humanização de cidades, não só pela
despoluição das águas mas pela
construção de parques lineares que
devolveram o contato das margens aos
moradores da cidade que é a sétima
maior do mundo em número de
habitantes? tem 10,3 milhões de pessoas.
O concreto do viaduto derrubado foi
reciclado, e as obras de recuperação,
iniciadas em meados de 2003. Três anos
depois, parte do canal de 80 metros de
largura foi aberto ao público.
Para facilitar o acesso ao local, além da
construção de novas pontes, o sistema de
transporte coletivo foi ampliado, o que
significou uma redução no número de
veículos nos arredores. As interferências
urbanísticas e as obras de melhoria
ambiental fizeram a temperatura na área
do canal cair em média 3,6°C em relação
a outras regiões da cidade.
O projeto entregou aos moradores da
região áreas verdes que totalizam 400
hectares.
Esse é certamente um belo exemplo de
melhoria da qualidade de vida da
população e é importante destacar que
para realizar o projeto e demolir o
viaduto por onde passavam
aproximadamente 160 mil automóveis
por dia a prefeitura de Seul enfrentou
resistências, sobretudo de comerciantes,
que foram realocados. Símbolo da
expansão urbana e da busca por soluções
para dar conta do incremento do tráfego
no centro da cidade, aquela estrutura de
concreto, com seis pistas de alta
velocidade, havia coberto totalmente o
antigo canal, onde no passado, as
mulheres lavavam roupas.
SEM VIADUTO E COM MENOS TRÂNSITO
A polêmica obra da prefeitura de Seul começou em 1999. O prefeito daquela época Lee Myung Bak, foi o
responsável pela mobilização para despoluir o canal, demolir o viaduto e criar os parques lineares. Para
tocar a empreitada foi chamado o urbanista Kee Yeon Hwang, que, após várias consultas à população,
desenvolveu o projeto de recuperação ambiental e urbanística. A equipe dele também passou mais de seis
meses investigando alternativas para melhorar o tráfego.
3. Foi criado um semi-anel viário para desviar o tráfego da área do antigo viaduto.
A cidade passou a respirar mais e o pedestre pode vê-la melhor. Para os urbanistas, Seul conseguiu uma
proeza que parece impossível para outras metrópoles mundiais, entre as quais São Paulo.
No caso da capital paulista, arquitetos citam o Minhocão, viaduto que, além de interferir negativamente na
paisagem, concentra degradação social e ambiental no seu entorno, problema que considera desafiador
quando se pensa na sustentabilidade das cidades. Ao elaborar um projeto, o urbanista tem que pensar em
questões que transcendem os limites da arquitetura. Isso inclui os problemas sociais que uma obra pode
evidenciar no longo prazo afirmam.
INSPIRAÇÃO CURITIBANA
Seul, como Barcelona, na Espanha, é um exemplo de
metrópole cujo espaço urbano foi fortemente
requalificado para sediar os Jogos Olímpicos. A
recuperação do rio no centro da cidade é
continuidade do processo de outras grandes
reformas estruturais que ficaram como legado da
Olimpíada de 1988. As preocupações com o
crescimento do tráfego de veículos, no entanto,
levou gestores coreanos a buscarem experiências
inovadoras ao redor do mundo a de Curitiba é uma
delas.
Na capital sul-coreana, por onde circulam 2,8
milhões de automóveis, o sistema de ônibus
transporta 25% dos passageiros da cidade, enquanto
o metrô faz 35% dos deslocamentos. Seul se
inspirou no projeto desenvolvido em Curitiba, de
vias segregadas. Essas pistas, exclusivas para
ônibus, começaram a tomar forma em 1974 e
transformaram Curitiba em referência de cidade que
melhorou a infraestrutura viária para dar vazão ao
transporte de massa.
A paisagem urbana preservada, ou revitalizada, é
parte da qualidade de vida nas cidades. É por isso
que, ao pensar em ampliar as soluções de transporte
urbano, Curitiba construiu o metrô aproveitando
canaletas criadas para as vias segregadas.
Escavando apenas sete metros e sem necessidade de
desapropriar imóveis, os custos das obras caíram,
além de o impacto ambiental ser menor.
COMPLEXO TIETÊ
No caso de São Paulo, com um programa complexo como a despoluição do rio Tietê, um dos grandes
desafios, em nossa opinião, é fazer com que a população se aproxime dos espaços cortados pelo rio. Como
fazer isso em áreas adensadas ao longo das marginais Pinheiros e Tietê? Essa, certamente, é uma questão
relevante. Pois entendemos que a cidade precisa de humanização, e os rios têm papel fundamental nesse
processo.
Já o professor Mário Thadeu Leme de Barros, da Universidade de São Paulo (USP), afirma: “Ainda temos
grandes problemas sociais a resolver, o que torna complexos projetos de grande porte como é o caso da
despoluição do Tietê”.
4. Alcançar 100% de coleta e de tratamento de esgoto lançado
no rio Tietê é um desafio para mais dez anos. Segundo os
técnicos.
Os recursos já aplicados seriam suficientes para, no período
de 2009 a 2015, coletar 90% e tratar 80% do esgoto
doméstico produzido na região metropolitana de São Paulo,
onde se concentram 20 milhões de habitantes. Alguns
técnicos consideram que o projeto em São Paulo alcançou
resultados positivos. E destacam que, entre 1991 e 1992, a
mancha crítica de poluição causada pelo lançamento de
esgoto sem tratamento no Tietê chegava a Barra Bonita, a
cerca de 300 km da capital.
Hoje ela foi reduzida a 160 km e alcança os municípios de
Pirapora e Salto. Ainda é um absurdo, mas acreditamos que
cientificamente o Tietê não tem piorado, mas poderia estar
muito melhor considerando o volume de recursos
financeiros destinados ao “Projeto Tietê”. Esse é o tipo de
iniciativa que tem resultado a longo prazo. A recuperação do Tâmisa [rio que corta Londres], por exemplo,
levou mais de 100 anos. No Oriente, apesar de menos complexo, o problema foi solucionado rapidamente. É
torcer para que ele inspire as tomadas de decisões por aqui.
Carta da Terra – Princípios
Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras
gerações.
Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem a
prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.