As leis da natureza e soluções para crises hídricas
1. “AS LEIS DA NATUREZA FUNCIONAM!”
Informativo Mensal - Volume 71
NADA SE CRIA, NADA SE PERDE, TUDO...
Nos últimos meses, a divulgação das queimadas em nível mundial, vem
preocupando a todos, e certamente a relevância deste fato merece toda
a nossa atenção, pois qualquer desequilíbrio na natureza traz
transformações que certamente irão afetar nosso ecossistema.
Sabemos que as estiagens, geram o maior número de queimadas e os
desmatamentos afetam proporcionalmente a quantidade de chuvas,
enfim ou reflorestamos o planeta ou nos preparemos para grandes e
severas transformações.
Você sabe o que são os rios voadores?
“São imensas massas de vapor d’água que, levadas por correntes de ar,
viajam pelo céu e respondem por grande parte da chuva que rola em
várias partes do mundo.”
O principal rio voador do Brasil nasce no oceano Atlântico, bomba de
volume ao incorporar a evaporação da floresta Amazônica, bate nos
Andes e escapa rumo ao sul do país. “O vapor d’água que faz esse trajeto
é importantíssimo para as chuvas de quase todo o Brasil”, Veja a seguir
os meandros impressionantes dessa gigantesca corredeira voadora.
CORREDEIRA VOADORA
Volume de água que circula pelo céu é similar à vazão do rio Amazonas!
1- O rio voador nasce no oceano Atlântico. A água evapora no mar, perto
da linha do Equador, e chega à floresta Amazônica empurrada pelos
ventos alísios. Esse blocão de vapor passa rasante: 80% dele voa a, no
máximo, 3 quilômetros de altura;
2- A vazão desse aguaceiro aéreo é da ordem de 200 milhões de litros
por segundo (similar à do rio Amazonas), fazendo da Amazônia uma das
regiões mais úmidas do planeta, além de provocar as chuvas que
desabam diariamente por toda a região;
3- Enquanto passa sobre a floresta, o rio voador praticamente dobra de
volume. Isso ocorre porque, ao absorver mais radiação do Sol do que o
próprio oceano, a mata funciona como uma gigantesca chaleira,
liberando vapor com a transpiração das árvores e a evaporação dos
afluentes que correm no solo;
A VOZ DO TIETÊ
Desde 2005 o Instituto Navega
São Paulo tem o objetivo de
atrair a atenção da população
para o rio Tietê a partir do seu
trecho mais degradado que é a
região metropolitana de São
Paulo. Conseguimos atingir
nosso proposito por meio das
navegações monitoradas na
embarcação Almirante do Lago,
entre as pontes dos Remédios e
das Bandeiras. Agora nossa
proposta com este informativo
mensal é atrair sua atenção,
levando até você informações
sobre o nosso Tietê para que
juntos identifiquemos o que
fazer para revitalizar tão
precioso patrimônio ambiental.
DIA DO TIETÊ 22.09.2011 – PTE. DAS BANDEIRAS
2. 4- No oeste da Amazônia, a massa de umidade encontra uma barreira de montanhas de 4 quilômetros de altura, a
cordilheira dos Andes, que funciona como uma represa no céu, contendo a correnteza aérea do lado de cá;
5A- Boa parte do vapor fica acumulada nos
próprios Andes, sob a forma de neve. Ao
derreter, essa água desce as montanhas, dando
origem a córregos que, por sua vez, formarão os
principais rios da bacia Amazônica, como o
Amazonas;
5B- Nem todo vapor que encontra os Andes fica
por ali. Cerca de 40% dessa cachoeira celeste
segue rumo ao sul. A umidade passa por
Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
São Paulo, terminando a viagem no norte do
Paraná, cerca de seis dias depois;
6A - Enquanto flui em caudalosos veios rumo ao
mar, muito da água proveniente dos rios
voadores é absorvido pela floresta. Quando
transpiram, as árvores então liberando esse
líquido em forma de vapor, fechando o ciclo que
novamente alimentará a corrente no céu;
6B- Por fim, o rio voador cai em forma de chuva.
Mais da metade da precipitação das Regiões
Centro-Oeste e Sudeste vem dos rios aéreos da
Amazônia. Além desse veio principal, outras 20
correntezas cruzam o céu do país, carregando
um volume de água equivalente a 4 trilhões de
caixas-d’água de 1 000 litros.
Pois bem, como sabemos o desmatamento da Amazônia, que em sua maior parte deve-se a posses e
destruições/queimadas ilegais de enormes áreas de florestas, transformam-se em latifúndios onde principalmente a
exploração da madeira e do gado prevalecem.
E para onde vai a maior parte desta produção? Para as regiões Sul e Sudeste que estão sendo castigadas com as
estiagens. Resumindo, fomentamos um ciclo econômico que secam nossos preciosos reservatórios e rios que nos
abastecem, geram energia e mobilizam as respectivas cadeias produtivas.
ALGUMAS DAS CONSEQUÊNCIAS EM NIVEL MUNDIAL E O QUE CABE PARA SÃO PAULO
Nas últimas décadas estamos sofrendo as consequências de ações e decisões desacertadas, quanto a preservação e
utilização dos nossos recursos hídricos, onde não temos mais como remediar, jogando as sujeiras para de baixo do
tapete.
Costumamos ouvir que uma das características da nossa cultura é identificarmos culpados para justificarmos erros.
Acreditamos que o melhor é inspirarmo-nos no modelo mental dos chineses que interpretam a palavra “crise” como
“problemas e soluções”, onde uma vez identificado uma crise, devemos estabelecer a estratégia para solucioná-la,
aplicar a estratégia, aprender e compartilhar o aprendizado para evitar ou minimizar futuros erros.
Quando avaliamos a crise dos recursos hídricos, identificamos que não só a cidade de São Paulo, mas diversas outras
metrópoles do planeta, também passam, passaram ou passarão por situações semelhantes a que que vivemos
atualmente, e temos muito a aprender com experiências de sucesso desenvolvidas em outros grandes centros
urbanos.
É importante alinharmos o posicionamento de que consideramos todos nós cidadãos, empresas e governos
corresponsáveis pela existência da atual crise e consequentemente das ações que deveremos tomar para reverter
esta situação.
3. Propomos elencar abaixo algumas soluções que foram e estão sendo desenvolvidas em outras metrópoles, as quais
certamente são insights importantes para que tenhamos conteúdo e melhor refletirmos e tomarmos as ações e
decisões mais adequadas a nossa realidade.
NOVA YORK
Uma das maiores cidades do mundo, iniciou nos anos 1990 um amplo programa de proteção aos mananciais de
água, para prevenir a poluição nessas nascentes e, assim, evitar gastos volumosos com tratamento ou busca de novas
fontes de abastecimento.
O projeto incluiu aquisição de terras pelo governo nas nascentes de água, com o objetivo de proteger sua vegetação
e garantir que os lençóis freáticos continuassem a ser alimentados; assistência financeira a comunidades rurais nessa
região em troca de cuidados com o meio ambiente; e mitigação da poluição nos mananciais.
Com isso, a cidade conseguiu ampliar em décadas a vida útil
de seus mananciais.
O programa também envolveu campanhas pela redução do
consumo. Dados oficiais apontam que o consumo per capita
da cidade era de 204,1 galões de água por dia em 1991 e caiu
para 125,8 galões/dia em 2009.
É viável em SP? Acreditamos que se trata da opção mais
adequada para a realidade paulista: "A ideia (em Nova York)
foi avaliar os recursos que eles tinham disponíveis e cuidar
deles, em vez de simplesmente investir em obras".
PEQUIM
A China está entre os 13 países listados pela ONU com grave falta d'água: com 21% da população mundial, o país tem
apenas 6% da água potável do planeta.
Cerca de 400 cidades do país enfrentam obstáculos de abastecimento, e Pequim é uma delas: com uma população
crescente, a capital já consome mais água do que tem disponível em seus reservatórios.
Além disso, diversos rios chineses secaram recentemente em
decorrência de secas prolongadas, crescimento populacional,
poluição e expansão industrial.
Para enfrentar a questão, a companhia de água de Pequim
está apostando em um projeto multibilionário para
redirecionar rios, o Projeto de Desvio de Água Sul-Norte, cuja
primeira etapa deve ser concluída neste ano.
O objetivo é mover bilhões de metros cúbicos de água do sul
ao norte anualmente ao longo de uma distância superior à
que separa o Oiapoque do Chuí (extremos do Brasil), a um
custo que deve superar os US$ 60 bilhões. Trata-se da
construção de 2,5 mil km de canais.
É viável em SP? Existe a proposta de uma obra de transposição para interligar o Sistema Cantareira à bacia do rio
Paraíba do Sul - proposta polêmica, já que este último é a principal fonte de abastecimento do Estado do Rio de
Janeiro, mas vista como "viável" pela Agência Nacional de Águas (ANA). O custo estimado é de R$ 500 milhões.
No entanto, os técnicos estimam, que São Paulo estaria avançando sobre outras fontes de água sem cuidar da água
que tem disponível atualmente.
4. “Primordialmente, precisamos ser eficazes na gestão das perdas de água, no consumo e nos investimentos para
reverter a degradação das fontes de águas existentes, na linha do exemplo de Nova York” propõe os técnicos.
PERTH (AUSTRÁLIA):
Perth é a "cidade mais seca" entre as metrópoles da Austrália. Segundo a presidente da Western Australia Water
Corporation, Sue Murphy, as mudanças climáticas ocorreram mais rápido e antes do que era esperado no oeste do
país. "Nos últimos 15 anos, a água de nossos reservatórios foi reduzida para um sexto do que havia antes", disse em
junho de 2014.
A cidade construiu duas grandes estações para remover o sal da água coletada no Oceano Índico e torná-la potável.
Hoje, Perth obtém metade de sua água potável a partir do mar. Mas os ambientalistas criticam o processo por ser
caro e demandar muita energia. Os moradores sentiram o impacto em suas contas de água, que dobraram de valor
nos últimos anos.
A cidade também está fazendo experimentos com o sistema Gnangara, sua maior fonte hídrica subterrânea. Por uma
década, Perth injetou nos aquíferos subterrâneos a água que foi usada pela população, já tratada. A água é filtrada
naturalmente pelo solo arenoso e depois extraída para ser consumida pela população ou usada na irrigação agrícola.
O teste foi considerado bem-sucedido, e um programa oficial foi estabelecido e sua meta é obter desta forma 7
bilhões de litros por ano.
"Com um clima mais seco, precisamos ser menos dependentes de chuva, por isso apoiamos estes projetos", disse
Mia Davies, ministra de Água e Florestas do Leste da Austrália. Ao mesmo tempo, houve uma campanha pelo uso
racional da água, o que fez com que a demanda por água hoje seja 8% menor do que em 2003, apesar de a
população ter crescido mais de 30%.
É viável em SP? A dessalinização não seria a opção mais coerente, já que São Paulo não é cidade costeira e o
Brasil tem um enorme patrimônio de água doce. Ao mesmo tempo, já se fala em recorrer ao uso emergencial de
água usada: o governo paulista anunciou planos de construir uma Estação de Produção de Água de Reuso na zona sul
de São Paulo.
ZARAGOZA (ESPANHA):
Secas severas nos anos 1990 deixaram milhões de espanhóis temporariamente sem água. Mas um relatório da
Comissão Europeia aponta que o maior problema no país não costuma ser a falta de chuvas, e sim "uma cultura de
desperdício de água".
5. A cidade de Zaragoza, no norte, encarou o problema com uma ampla campanha de conscientização em escolas,
espaços públicos e imprensa pelo uso eficiente da água e o estabelecimento de metas de redução de consumo. Dos
cerca de 700 mil habitantes, 30 mil se comprometeram formalmente a gastar menos água.
A estratégia incluiu incentivos para a compra de aparelhos domésticos econômicos (chuveiros, vasos sanitários,
torneiras e máquinas de lavar louça eficientes, cujas vendas aumentaram em 15%); melhoria no uso da água em
edifícios e espaços públicos, como parques e jardins; e cuidados para evitar vazamentos no sistema.
A meta estabelecida em 1997, de cortar o consumo doméstico de água em mais de 1 bilhão de litros água em um
ano, foi atingida. Antes da campanha, diz a Comissão Europeia, apenas um terço das casas de Zaragoza praticava
medidas de economia de água; ao final da campanha, eram dois terços. O consumo total caiu mesmo com o
aumento no número de habitantes.
"O projeto mostrou que é possível lidar com a falta d'água em um ambiente urbano usando uma abordagem
economicamente eficiente, rápida e ecológica", diz o 2030 Water Resources Group, consórcio que reúne ONGs,
governos, ONU e empresas em busca de soluções ao uso da água no mundo.
É viável em SP? Os técnicos ressaltam que não apenas é viável como necessário, "Se houvesse, por exemplo, um
amplo programa de incentivos à aquisição de hidrômetros individuais (em vez de coletivos) nos edifícios de São
Paulo, haveria uma economia brutal de água". "Também são necessários incentivos à construção de cisternas e
sistemas individuais de reuso da água."
6. CIDADE DO MÉXICO:
Em junho, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto afirmou que 35
milhões de habitantes do país têm pouca disponibilidade de água,
tanto em qualidade como em quantidade.
Essa escassez é grave na própria capital, a Cidade do México, onde
uma combinação de fatores – como grande concentração
populacional, esgotamento de rios e tratamento insuficiente da água
devolvida ao solo – causa extrema preocupação. Em 2009, partes da
cidade foram submetidas a racionamento de água após uma forte
seca; e autoridades ouvidas pela imprensa local afirmam que, no
ritmo atual, a cidade pode não ter água o suficiente em 2030.
Uma aposta da Cidade do México é aquíferos identificados no ano passado, cuja viabilidade está sendo estudada.
Estão sendo perfurados poços para não apenas confirmar a existência das fontes subterrâneas de água, mas também
avaliar sua qualidade para consumo humano.
Até 2016, as autoridades dizem que será possível saber se os aquíferos serão ou não uma alternativa de
abastecimento para a megalópole. O problema, dizem, é que a perfuração, a 2 km de profundidade, deve sair muito
mais cara do que perfurações de fontes mais próximas à superfície.
E muitos dizem que, além de buscar novas fontes, a cidade precisa aprender a evitar os desperdícios do sistema e a
utilizar a água atual de forma mais eficiente.
É viável em SP? Segundo os técnicos, o uso de água subterrânea já é uma realidade para diversas cidades
brasileiras, mas, por serem importantes reservas de água para o futuro, seu uso deve ser racional. "Ainda temos
pouco conhecimento a respeito de nossos aquíferos. Eles precisam ser melhor estudados e mais bem cuidados – por
exemplo, há locais em que o uso de agrotóxicos (no solo) pode prejudicá-los."
CIDADE DO CABO (ÁFRICA DO SUL):
Khayelitsha, a 20 km da Cidade do Cabo, é uma das maiores "townships" (como são chamadas as comunidades
carentes sul-africanas) do país, com 450 mil habitantes. No início dos anos 2000, uma investigação descobriu que
cerca de uma piscina olímpica era perdida por hora por causa de vazamentos em sua rede de água.
A principal fonte de
desperdício eram os
encanamentos domésticos,
muitos dos quais deficientes e
incapazes de resistir alta à
pressão de bombeamento da
água.
Com isso, aumentavam o
consumo de água e também a
inadimplência, já que muitas
pessoas não conseguiam pagar
as contas mais caras. Além
disso, a Cidade do Cabo vive
sob constante ameaça de falta
d'água.
Um projeto-piloto de US$ 700 mil, iniciado em 2001, funcionou em duas frentes: a reforma de encanamentos ruins e
a redução da pressão da água fornecida ao bairro, para evitar os vazamentos.
Segundo um relatório do governo da Cidade do Cabo, o projeto custou menos de US$ 1 milhão e o investimento foi
recuperado em menos de seis meses.
7. Com a iniciativa, aliada a uma campanha de conscientização para evitar desperdícios, Khayelitsha conseguiu
economizar 9 milhões de metros cúbicos de água por ano, equivalente a US$ 5 milhões, segundo o consórcio 2030
Water Resources.
É viável em SP? As perdas de água também são um "problema enorme" em São Paulo afirmam os técnicos.
"Quase um terço da água é perdida (no caminho ao consumidor), o que equivale a todo o volume do Guarapiranga e
Alto Tietê juntos", alertam. "Em alguns casos, encanamentos antigos podem contribuir para isso. Seria necessário
mapear, com a ajuda das prefeituras, áreas onde há grandes perdas de água e identificar os motivos."
COMO PODEM CONSTATAR SOLUÇÕES EXISTEM!
O Instituto Navega São Paulo (INSP) acredita que um dos fatores fundamentais, dentre as diversas ações aqui
elencadas, é mobilizar toda a sociedade para refletir, agir e conquistar a sustentabilidade, e assim, garantir a
coexistência das gerações futuras e os recursos naturais.
“Feliz e próspero 2020!!!”
Carta da Terra – Princípios
““Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas
necessidades das gerações futuras”
“Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem, em
longo prazo a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.”