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informal vs formal ou
informal + formal?
dinâmicas de mudança no
comércio retalhista em Luanda
Carlos M. Lopes
reflexão baseada em:
informação empírica sobre a dinâmica de diversificação dos espaços de
compra formais no contexto angolano e sobre os efeitos induzidos sobre
os hábitos de compra dos consumidores
levantamento de informação, efectuado pelo Centro de Estudos
Inquéritos e Sondagens da SINFIC na Província de Luanda, no quadro da
iniciativa Jornadas de Marketing Research, com a finalidade de conhecer
as razões das opções dos consumidores relativamente aos espaços de
compra a que recorrem correntemente
levantamento de preços de produtos alimentares efectuado em
espaços de venda formais, nomeadamente no segmento dos grandes
grupos retalhistas(GGR), e em mercados informais.
CONTEXTO
estrutura da oferta de comércio a retalho em Angola tem vindo a diversificar-se,
continuando a apresentar uma natureza dualista (coabitação de uma componente
informal com uma componente informal)
Actualmente, essa estrutura inclui:
as actividades relacionadas com Hotéis, Restaurantes e Cafés (canal HORECA), que se
abastece junto do comércio por grosso e, em alguns casos, directamente, e
crescentemente, no sector do aprovisionamento; parte deste canal, no contexto
angolano, assume um carácter informal identificando-se um outro segmento que se
situa numa zona de ambiguidade que a legislação angolana (Lei n° 1/07 de 14 de Maio
2007 das Actividades Comerciais) consagra como comércio precário (por exempo, o caso
de várias “janelas abertas”);
o retalho formal tradicional, atomizado (mercearias, drogarias, padarias e pastelarias,
talhos, peixarias e um reduzido número de mercados locais);
as cadeias retalhistas de menor dimensão e de âmbito local;
ENQUADRAMENTO
Actualmente, essa estrutura inclui:
os grandes grupos retalhistas (GGR), aqui definidos pelas principais cadeias
retalhistas cuja rede de lojas, de pequeno a grande formato (minimercados,
supermercados e hipermercados), se começa a estender a todo o território
nacional; Alimenta Angola Cash and Carry, Casa dos Frescos, Deskontão, Jumbo –
Grupo Auchan, Hipermercados Kero, Maxi, Mega – Cash and Carry, Nosso Super,
Poupa Lá e Shoprite são as principais insígnias presentes no mercado angolano,
estando prevista a entrada do grupo português SONAE em associação com
interesses angolanos;
o crescimento, ainda que a ritmo lento, de espaços combinados de compra e
consumo, sob o formato de centros comerciais (Belas Shopping, Centro Comercial
Fórum, MaxiPark são algumas das estruturas já operativas, estando várias outras
projectadas e em conclusão); e
o segmento do retalho informal, que integra estabelecimentos comerciais, um
grande número de mercados, o comércio de rua, o comércio ambulante e o
comércio à porta de casa.
ENQUADRAMENTO
Não existe informação estatística disponível e fiável que permita delimitar com
rigor a extensão e o peso relativo da componente informal do retalho angolano na
satisfação das necessidades dos consumidores.
O segmento de retalho informal— que se refere aos formatos tradicionais de
retalho de baixo custo – permanece significativo.
Os anos mais recentes apontam para o acentuar de dinâmicas de modernização
e competitividade na componente formal do retalho angolano, em particular no
segmento dos grandes grupos retalhistas (GGR), com consequências perceptíveis
sobre o comportamento de compra dos consumidores angolanos, nomeadamente
no que se refere às opções entre os espaços de consumo.
ENQUADRAMENTO
tendência não ocorre de forma isolada (encastrada num processo de mudanças na
dimensão macro):
uma taxa de crescimento média do PIB real de 11.6% ao longo da última década
(Angola, Perfil do Sector Privado do País, ADB, 2012), reflectida num também significativo
crescimento do rendimento médio per capita dos cidadãos angolanos, (entre 2008 e
2012 cresceu de 4,671 para 5,788 dolares norte americanos);
uma gestão macroeconómica prudente que contribuiu também para reduzir
consideravelmente a inflação de mais de 100% em 2002 para valores próximos dos 10%
em 2012 (Angola, Perfil do Sector Privado do País, ADB, 2012);
desde 2004, investimentos intensivos na reabilitação das infra-estruturas rodoviárias,
ferroviárias, portuárias e aeroportuárias a par de investimentos crescentes no sector das
águas, energia e comunicações;
progressiva reabilitação das actividades produtivas não petrolíferas, nomeadamente da
agricultura, banca e seguros, construção, transportes e de alguns subsectores industriais,
nomeadamente o da cerveja e outras bebidas, com efeitos substanciais no crescimento
da procura interna;
ENQUADRAMENTO
tendência não ocorre de forma isolada (encastrada num processo de mudanças na
dimensão macro):
modernização da arquitectura institucional e jurídica de regulação da actividade
económica, nomeadamente o progressivo ajustamento da legislação sobre o
investimento privado (foi aprovada em 2011 a nova Lei do Investimento Privado - Lei n.º
20/11 de 20 de Maio de 2011) e sobre as micro, pequenas e médias empresas (Lei n.º
30/11 de 13 de Setembro de 2011) ou a recém iniciada reforma do sistema tributário; no
entanto, o ambiente empresarial permanece ambíguo e apresenta constrangimentos
significativos, por exemplo no que se refere ao acesso a alvarás, a registos de
propriedade, à execução de contratos, entre outros;
iniciativas do Executivo orientadas para a modernização da actividade comercial
(desburocratização, simplificação, facilitação,especialização e modernização do sistema
de licenciamento, organização e gestão do cadastro comercial) e para a sua progressiva
formalização (Programa de Reconversão da Economia Informal - PREI, Balcão Único do
Empreendedor - Bué);
ENQUADRAMENTO
tendência não ocorre de forma isolada (encastrada num processo de mudanças na
dimensão macro):
transição demográfica numa população que é extremamente jovem (de acordo com os
dados do IBEP 2008/09, realizado pelo INE, 48% tem menos de 15 anos e apenas 2% tem
65 anos ou mais. A idade média é de 18 anos, com uma esperança média de vida é de 51
anos), com reflexos no acesso crescente dos jovens ao mercado de consumo;
manutenção das tendências de crescente urbanização da população, sobreconcentrada
na capital e em algumas capitais provinciais, anteriormente determinadas pelo conflito
militar e, mais recentemente, pelas expectativas proporcionadas pela possibilidade de
deslocação para o acesso à educação, a melhores serviços de saúde, a oportunidads de
emprego e de negócio; e
crescente acesso à educação e informação dos angolanos (escola e internet), à
mobilidade e ao conhecimento de outras realidades, num contexto de globalização,
indutor de apropriação de preferências e de práticas de consumo.
ENQUADRAMENTO
O mercado de consumo angolano, em fase de expansão, apresenta como
característica mais relevante a emergência de uma classe média urbana, em
processo de alargamento nos seus escalões inferiores e de aumento do seu poder
aquisitivo nos níveis superiores.
Maioritariamente jovens, os consumidores angolanos revelam-se mais
escolarizados e mais informados, fazem as suas opções de compra orientados
pela qualidade e pela consciência e fidelidade de marca, aderem facilmente às
novas modas, às novas tendências, às novas tecnologias e preferem experiências
de consumo de carácter moderno e sofisticado.
A sensibilidade relativamente ao preço e às actividades promocionais é um
outro traço do perfil que caracteriza essa categoria de consumidores.
ENQUADRAMENTO
perfil de tendência de mercado e de características dos consumidores está alinhado
com o que se passa em alguns dos mais importantes países africanos;
uma pesquisa realizada em 2012, “A ascenção do consumidor africano”, da
responsabilidade da McKinsey’s Africa Consumer Insights Center, auscultou 13.000
informantes das grandes cidades de 10 países africanos;
relatório aponta para níveis elevados de consumo privado no continente africano
que, em 2011, suplantavam os da índia ou da Rússia;
crescimento acelerado do mercado de consumo africano regista níveis de
concentração elevados: 81% do consumo privado africano concentra-se em 10
países, entre os quais se encontra Angola;
pesquisa reporta o crescimento nestes 10 países – África do Sul, Angola, Argélia,
Egipto, Gana, Marrocos, Nigéria, Quénia, Sudão e Tunísia – de uma classe de
consumidores urbanos, jovens, com nível crescente de escolarização, optimistas e
maioritariamente adeptos da realização de compras em espaços de consumo formal.
ENQUADRAMENTO
estudo refere que a procura por espaços de consumo formal é elevada,
nomeadamente em países como a Angola, Argélia e Senegal, onde mais de 60% dos
informantes revelaram escolher os seus espaços de compra em função do seu
ambiente interior;
pesquisa constata que a estrutura do retalho apresenta, na maioria dos casos, um
carácter dualista, com presença significante do segmento informal;
destaca a tendência crescente para a modernização da componente formal nos
dez países referenciados, nomeadamente a expansão no segmento dos Grandes
Grupos Retalhistas, onde se assinala a natureza transnacional de alguns dos players
mais importantes (Shoprite com actividade em 16 países, Massmart em 14 e
Whoolwhorts em 11).
com base em dados globais, a pesquisa avança a tese de que o crescimento do
retalho formal se inicia quando os países atingem os 750 dólares norte americanos
de rendimento médio per capita e que se consolida quando é atingido o limiar dos
3000 dólares de rendimento médio per capita.
ENQUADRAMENTO
Os dados empíricos sobre os quais se alicerça a presente reflexão foram
recolhidos pelos alunos da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho
Neto no quadro da sua participação nas Jornadas de Marketing Research
organizadas pelo CEIS da SINFIC em Setembro e Outubro de 2013.
Os dados foram recolhidos entre 3 e 6 de Outubro, tendo sido auscultados
628 indivíduos com mais de 18 anos responsáveis pelas compras para o Lar na
cidade de Luanda.
O inquérito por sondagem baseou-se num amostra não probabilística por
quotas, extraída do universo de índivíduos com mais de 18 anos, o que
corresponde a um estudo com um intervalo de confiança de 95% e uma
margem de erro de ±3,5%.
PROCESSO METODOLÓGICO
Para efeitos do estudo, foram consideradas 5 categorias de espaços de
compra: hipermercados, supermercados, lojas de bairro, mercados informais
e vendedores de rua.
As três primeiras definiram o segmento formal enquanto os dois últimos
integraram o segmento informal de espaços de compra de produtos para o
Lar.
Complementarmente foi efectuado, nos dias 8 e 9 de Novembro de 2013,
um levantamento de preços de produtos alimentares em espaços de venda
formais (hipermercados e supermercados) e espaços de venda informais
(mercados e rua), que abrangeu 22 categorias de produtos alimentares.
No segmento formal, os preços foram registados pelo preço afixado, com
base nas unidades de medida convencionais.
O registo dos preços dos espaços formais foi realizada em diferentes
estabelecimentos de diferentes cadeias (Jumbo, Kero; Mega e Shoprite).
PROCESSO METODOLÓGICO
O cálculo do preço médio nos estabelecimentos formais foi efectuado, em cada
categoria de produtos, com base no menor preço disponível em cada uma das
unidades de observação para cada formato.
No segmento informal, os preços foram registados em quatro recolhas com
diferentes vendedores do mesmo tipo de produto para possibilitar o cálculo do preço
médio por produto.
Os preços registados foram os preços no final do processo de negociação e não o
preço de partida pedido pelo vendedor.
Para possibilitar a comparação com os preços do segmento formal, as unidades de
medida foram, sempre que possível, as unidades de medida convencionais.
Nos casos em que esta condição não estava preenchida, registaram-se os preços
correspondentes às unidades de medida praticadas usualmente no mercado informal
(montinho, copo, latinha, colher, entre outras).
PROCESSO METODOLÓGICO
A recolha nos espaços informais foi realizada nos mesmos
municípios/comunas/bairros onde foi realizado o levantamento nos
estabelecimentos formais, quer junto dos comerciantes que geralmente se localizam
nas imediações desses espaços quer nos mercados mais próximos.
A recolha foi efectuada no bairro Madeira, no município do Rangel, nos bairros
Golfe1 e Palanca, no município do Kilamba KiaxI, no bairro Estalagem, no município
de Viana.
Para permitir melhor grau de comparabilidade, no caso dos produtos de consumo
mais standardizado, foram seleccionadas 2 ou 3 marcas de consumo mais
frequente .
PROCESSO METODOLÓGICO
O inquérito contemplou 628 indíviduos, dos quais 32,8% homens e 67,2% mulheres.
Os jovens predominaram na amostra, como revela o facto de 51,11% terem idade
limitada entre os 18 anos e os 29 anos enquanto apenas 5,26% terem 50 ou mais anos.
Cacuaco com 31,01%, Kilamba Kiaxi com 22,29%, Ingombota com 14,01% e Maianga
com 13,54% foram os municípios com maior contributo para a amostra, que incluiu
também informantes do Cazenga, Rangel, Samba, Sambizanga e Viana.
O grau de escolarização dos informantes revelou uma presença significativa de
licenciados (30,41%), de informantes com habilitações correspondentes à 12ª classe
(23,89%) e de indíviduos com formação pré-universitária, entre a 9ª classe e a 11ª classe,
que representaram 14,65% da amostra.
Relativamente à situação socio-profissional pontificaram na amostra os empregados
com remuneração (40,76%), os estudantes (15,29%), os profissionais liberais e
trabalhadores por conta própria não empregadores (13,22%) e os funcionários públicos,
que representaram 10,99% da amostra.
PERFIL DA AMOSTRA
Mercado habitual onde faz
compras para consumo do lar Número %
Grandes Superfície/
Hipermercado 72 11,5%
Supermercado 305 48,6%
Loja de Bairro 98 15,6%
Mercado informal 357 56,8%
Vendedor de rua 14 2,2%
Total 628
PRINCIPAL LOCAL DE COMPRAS
Enquanto os homens parece revelarem uma preferência clara pela realização das compras
em espaços formais (70,4% afirmaram fazer compras habitualmente em espaços formais
contra 45,1% em espaços informais), tal não se constata no caso das mulheres (64,9% fazem
compras regularmente em espaços formais enquanto 64,2% afirmaram fazer compras
regulares em espaços informais).
No que se refere à idade os dados sugerem uma preferência das gerações mais jovens
para a realização das compras no mercado formal (52,5% dos indivíduos com menos de 30
anos fazem as suas compras em espaços formais contra 47,3% que as realizam em espaços
informais) enquanto se detecta uma tendência oposta nas gerações menos jovens (10,7%
dos indivíduos com 45 anos e mais fazem as suas compras em espaços formais contra 13,7%
que as realizam em espaços informais).
PREFERÊNCIAS DOS CLIENTES
 Esta dicotomia assume uma expressão maior quando se analisa a escolaridade
dos informantes: apenas 7,5% dos clientes dos espaços formais possuem
escolaridade inferior à 9ª classe enquanto no segmento informal a presença de
clientes com grau de escolaridade até à 8ª classe se situa nos 32,1%.
 As principais categorias socio-profissionais que se abastecem nos espaços
formais compreendem os empregados com remuneração (52%), os estudantes
(15,6%), os funcionários públicos (12,6%) e os profissionais liberais e
trabalhadores por conta própria não empregadores (9,1%).
 Nos espaços de compra informais prevalecem os empregados com remuneração
(31,6%), seguidos pelos profissionais liberais e trabalhadores por conta própria
não empregadores (19,5%), pelos estudantes (12,4%) e pelos funcionários
públicos (9,9%).
PREFERÊNCIAS DOS CLIENTES
Os níveis de satisfação dos clientes são maiores nos mercados formais, com excepção das
lojas de bairro que surgem suplantadas pelos mercados informais.
Os clientes que se manifestaram muito satisfeitos e satisfeitos definiram a seguinte
hierarquia: grandes superfícies/hipermercados (75%), supermercados (68,9%), mercados
informais (62,7%), lojas de bairro (43,9%) e vendedores de rua (28,6%).
Registe-se que as grandes superfícies/hipermercados são o espaço de compra que
apresenta maior percentagem de clientes muito satisfeitos (15,3%), não existindo nenhuma
ocorrência de clientes nada satisfeitos.
Em sentido oposto, os vendedores de rua apresentam a maior percentagem de clientes
nada satisfeitos (7,1%), não existindo nenhuma ocorrência relativa a clientes muito
satisfeitos.
NÍVEL DE SATISFAÇÃO
 A percentagem de indíviduos que afirmou ter alterado os seus hábitos de consumo nos
últimos 3 anos cifrou-se em 69,87%, relativamente superior no caso das mulheres
(70,17%) face aos homens (69,31%).
 Em relação aos escalões etários, a percentagem de alteração dos hábitos de consumo
nos últimos 3 anos revelou o seguinte andamento: 18-24 anos (67,19%), 25-29 anos
(73,25%), 30-34 anos (70%), 35-39 anos (71,64%), 40-44 anos (59,46%), 45-49 anos
(71,43%) e 50-59 anos (73,08%).
ALTERAÇÕES NOS LOCAIS DE CONSUMO
Motivos para comprar menos no mercado infomal e
mais no mercado formal Número %
Preços mais baixos no mercado formal 74 15,6%
Mais organização no mercado formal 57 12,1%
Mais qualidade no mercado formal 82 17,3%
Mais higiene/conservação no mercado formal 158 33,4%
Melhor localização do mercado formal 149 31,5%
Mais variedade de produtos no mercado formal 23 4,9%
Mais segurança no mercado formal 23 4,9%
Outros motivos 67 14,2%
Total 473 100,0%
 Os dados recolhidos indiciam algumas especificidades relativamente ao tipo de produtos
adquiridos nos espaços formais e informais:
 nos hipermercados e supermercados destacam-se as frutas (~80%), lacticínios (~60%),
artigos de limpeza do lar (quase 60%) e bebidas não alcoólicas (50-60%);
 nas lojas de bairro destacam-se as bebidas não alcoólicas (>60%);
 nos mercados informais nas compras para o lar destacam-se os legumes (~80%),
mercearia e peixe fresco (~40%);
 nos vendedores de rua, as compras integram mais bebidas não alcoólicas (~50%) e
legumes (quase 40%).
OUTRAS CONSTATAÇÕES
A observação das despesas efectuadas por visita revelou que é nos hipermercados que
ocorrem as compras de maior valor (>26,4%).
Nos supermercados o valor das compras situa-se predominantemente entre os 2501 e os
15.000 AKZ.
Nos mercados informais, apesar de mais de 50% dos inquiridos indicarem valores de
compras entre os 0 e os 5000 AKZ, não deixam de ser significativas as proporções em todos
os escalões superiores.
Nas lojas de bairro e nos vendedores de rua o valor das compras é maioritariamete abaixo
dos 2500 AKZ.
OUTRAS CONSTATAÇÕES
Preços: mercado formal versus mercado informal
Preço Médio AKZ
Variação
entre
preço
médio
Formal e
Informal
(%)
Preço Mínimo AKZ
Variação
entre preço
mínimo
Formal e
Informal
(%)
Produto Unidade
Mercado
Formal
Mercado
Informal
Mercado
Formal
Mercado
Informal
Açúcar 1 Kg 167,32 100 67,32 135 100 35
Arroz 1 Kg 160,99 100 60,99 149 100 49
Feijão
Branco
1 Kg 468,32 312,5 49,86 206 250 - 17,6
Óleo
Alimentar
1 L 263,24 200 81,62 179 150 19,3
Ovos 1 Un 41,79 27,5 51,96 33,17 25 32,68
Repolho 1 Un 168 225 - 25,33 100 200 -50
Sal 1 Kg 89,74 100 - 10,26 75 100 - 25
Água 0,50 Cl 53,99 100 - 46,01 44 100 - 56
Cerveja 0,31 Cl 70,91 66,5 6,63 69 50 38
Gasosa 0,33 Cl 66,61 100 - 33,39 62,50 100 - 27,50
(i) a oferta formal nos estabelecimentos de grande e muito grande dimensão caracteriza-se pela diversidade de
origens, de marcas, de formatos e de preços;
(ii) no segmento dos mercados informais, a diversidade de formatos revela-se sob a forma de maior fraccionamento
dos formatos de oferta convencionais e do uso de unidades de medida não convencionais, o que corresponde ao
ajustamento que os vendedores efectuam em relação ao poder aquisitivo da sua clientela. Os preços de algumas
categorias de produtos são diferenciados, como resultado também da introdução da subjectividade da negociação na
determinação do preço de aquisição;
(iii) no entanto, a recolha efectuada, permitiu também evidenciar que, em relação a algumas categorias de produtos
(por exemplo, açúcar, arroz, cebola, sal, abacates, água, gasosa) e para unidades de medida comuns, se verifica uma
absoluta uniformidade de preços nos diferentes mercados;
(iv) a comparação entre a oferta disponível no mercado formal e no mercado informal, com base nos preços médios
calculados e nos preços mínimos registados apenas para os produtos encontrados em ambos os mercados com
unidade de medida comparável, revela situações diferenciadas:
Produtos como o açúcar, o arroz, o óleo alimentar, os ovos e a cerveja são oferecidos a preços mais elevados nos
estabelecimentos de compra formais enquanto produtos como o repolho, o sal, a água e a gasosa são mais caros nos
mercados informais.
Um caso específico é o do feijão branco que, apesar de apresentar um preço médio mais elevado em espaços de
venda formais é também nesse segmento que é disponibilizado o preço mínimo de aquisição.
Registe-se ainda que o nível de acréscimo dos preços é regra geral mais elevado quando os produtos são mais caros
na oferta formal do que quando se verifica a situação inversa.
LEVANTAMENTO DE PREÇOS – ALGUMAS CONSTATAÇÕES
(i) os consumidores efectuam uma arbitragem racional relativamente às suas decisões
sobre onde comprar, o que explica que a maioria deles efectue as suas compras tanto no
segmento formal como no segmento informal;
(ii) os consumidores mais jovens, mais escolarizados, mais urbanos, revelam uma
preferência definida pelos espaços de venda formais;
(iii) factores associados à higiene e conservação dos produtos, à qualidade, ambiente,
organização e limpeza dos espaços de venda são elementos de atractividade potencial
para essa categoria emergente de consumidores;
(iv) no contexto angolano, apesar do crescimento e da modernização da componente
formal ser uma tendência vincada, o segmento informal permanece competitivo no que
respeita à oferta de produtos para o lar;
IDEIAS A RETER
(v) parte dessa competitividade resultará de variáveis de contexto, nomeadamente a
heterogeneidade social que caracteriza o País, com implicações numa elevada desigualdade
de acesso aos rendimentos, determinante da necessidade das categorias sociais mais
desfavorecidas efectuarem o seu abastecimento nos suportes de compra informais, onde
realizam aquisções de pequenas quantidades e de reduzido valor;
acresce que, para orçamentos muito reduzidos, os custos de deslocação (em tempo e
valor monetário) para aceder aos espaços de compra formais são frequentemente
incomportáveis;
(vi) a proximidade física, em termos da distância entre o local de residência e o local de
realização de compras, e a facilidade de acesso, relacionada com a sua presença nos
trajectos entre o local de residência e o local de trabalho, são factores de atractividade para
a realização das compras nos espaços informais (mercados e vendedores de rua).
IDEIAS A RETER

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Carlos Lopes - Dinâmicas de mudança no comércio retalhista em Luanda DW Debate 2014/07/25

  • 1. informal vs formal ou informal + formal? dinâmicas de mudança no comércio retalhista em Luanda Carlos M. Lopes
  • 2. reflexão baseada em: informação empírica sobre a dinâmica de diversificação dos espaços de compra formais no contexto angolano e sobre os efeitos induzidos sobre os hábitos de compra dos consumidores levantamento de informação, efectuado pelo Centro de Estudos Inquéritos e Sondagens da SINFIC na Província de Luanda, no quadro da iniciativa Jornadas de Marketing Research, com a finalidade de conhecer as razões das opções dos consumidores relativamente aos espaços de compra a que recorrem correntemente levantamento de preços de produtos alimentares efectuado em espaços de venda formais, nomeadamente no segmento dos grandes grupos retalhistas(GGR), e em mercados informais. CONTEXTO
  • 3. estrutura da oferta de comércio a retalho em Angola tem vindo a diversificar-se, continuando a apresentar uma natureza dualista (coabitação de uma componente informal com uma componente informal) Actualmente, essa estrutura inclui: as actividades relacionadas com Hotéis, Restaurantes e Cafés (canal HORECA), que se abastece junto do comércio por grosso e, em alguns casos, directamente, e crescentemente, no sector do aprovisionamento; parte deste canal, no contexto angolano, assume um carácter informal identificando-se um outro segmento que se situa numa zona de ambiguidade que a legislação angolana (Lei n° 1/07 de 14 de Maio 2007 das Actividades Comerciais) consagra como comércio precário (por exempo, o caso de várias “janelas abertas”); o retalho formal tradicional, atomizado (mercearias, drogarias, padarias e pastelarias, talhos, peixarias e um reduzido número de mercados locais); as cadeias retalhistas de menor dimensão e de âmbito local; ENQUADRAMENTO
  • 4. Actualmente, essa estrutura inclui: os grandes grupos retalhistas (GGR), aqui definidos pelas principais cadeias retalhistas cuja rede de lojas, de pequeno a grande formato (minimercados, supermercados e hipermercados), se começa a estender a todo o território nacional; Alimenta Angola Cash and Carry, Casa dos Frescos, Deskontão, Jumbo – Grupo Auchan, Hipermercados Kero, Maxi, Mega – Cash and Carry, Nosso Super, Poupa Lá e Shoprite são as principais insígnias presentes no mercado angolano, estando prevista a entrada do grupo português SONAE em associação com interesses angolanos; o crescimento, ainda que a ritmo lento, de espaços combinados de compra e consumo, sob o formato de centros comerciais (Belas Shopping, Centro Comercial Fórum, MaxiPark são algumas das estruturas já operativas, estando várias outras projectadas e em conclusão); e o segmento do retalho informal, que integra estabelecimentos comerciais, um grande número de mercados, o comércio de rua, o comércio ambulante e o comércio à porta de casa. ENQUADRAMENTO
  • 5. Não existe informação estatística disponível e fiável que permita delimitar com rigor a extensão e o peso relativo da componente informal do retalho angolano na satisfação das necessidades dos consumidores. O segmento de retalho informal— que se refere aos formatos tradicionais de retalho de baixo custo – permanece significativo. Os anos mais recentes apontam para o acentuar de dinâmicas de modernização e competitividade na componente formal do retalho angolano, em particular no segmento dos grandes grupos retalhistas (GGR), com consequências perceptíveis sobre o comportamento de compra dos consumidores angolanos, nomeadamente no que se refere às opções entre os espaços de consumo. ENQUADRAMENTO
  • 6. tendência não ocorre de forma isolada (encastrada num processo de mudanças na dimensão macro): uma taxa de crescimento média do PIB real de 11.6% ao longo da última década (Angola, Perfil do Sector Privado do País, ADB, 2012), reflectida num também significativo crescimento do rendimento médio per capita dos cidadãos angolanos, (entre 2008 e 2012 cresceu de 4,671 para 5,788 dolares norte americanos); uma gestão macroeconómica prudente que contribuiu também para reduzir consideravelmente a inflação de mais de 100% em 2002 para valores próximos dos 10% em 2012 (Angola, Perfil do Sector Privado do País, ADB, 2012); desde 2004, investimentos intensivos na reabilitação das infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias e aeroportuárias a par de investimentos crescentes no sector das águas, energia e comunicações; progressiva reabilitação das actividades produtivas não petrolíferas, nomeadamente da agricultura, banca e seguros, construção, transportes e de alguns subsectores industriais, nomeadamente o da cerveja e outras bebidas, com efeitos substanciais no crescimento da procura interna; ENQUADRAMENTO
  • 7. tendência não ocorre de forma isolada (encastrada num processo de mudanças na dimensão macro): modernização da arquitectura institucional e jurídica de regulação da actividade económica, nomeadamente o progressivo ajustamento da legislação sobre o investimento privado (foi aprovada em 2011 a nova Lei do Investimento Privado - Lei n.º 20/11 de 20 de Maio de 2011) e sobre as micro, pequenas e médias empresas (Lei n.º 30/11 de 13 de Setembro de 2011) ou a recém iniciada reforma do sistema tributário; no entanto, o ambiente empresarial permanece ambíguo e apresenta constrangimentos significativos, por exemplo no que se refere ao acesso a alvarás, a registos de propriedade, à execução de contratos, entre outros; iniciativas do Executivo orientadas para a modernização da actividade comercial (desburocratização, simplificação, facilitação,especialização e modernização do sistema de licenciamento, organização e gestão do cadastro comercial) e para a sua progressiva formalização (Programa de Reconversão da Economia Informal - PREI, Balcão Único do Empreendedor - Bué); ENQUADRAMENTO
  • 8. tendência não ocorre de forma isolada (encastrada num processo de mudanças na dimensão macro): transição demográfica numa população que é extremamente jovem (de acordo com os dados do IBEP 2008/09, realizado pelo INE, 48% tem menos de 15 anos e apenas 2% tem 65 anos ou mais. A idade média é de 18 anos, com uma esperança média de vida é de 51 anos), com reflexos no acesso crescente dos jovens ao mercado de consumo; manutenção das tendências de crescente urbanização da população, sobreconcentrada na capital e em algumas capitais provinciais, anteriormente determinadas pelo conflito militar e, mais recentemente, pelas expectativas proporcionadas pela possibilidade de deslocação para o acesso à educação, a melhores serviços de saúde, a oportunidads de emprego e de negócio; e crescente acesso à educação e informação dos angolanos (escola e internet), à mobilidade e ao conhecimento de outras realidades, num contexto de globalização, indutor de apropriação de preferências e de práticas de consumo. ENQUADRAMENTO
  • 9. O mercado de consumo angolano, em fase de expansão, apresenta como característica mais relevante a emergência de uma classe média urbana, em processo de alargamento nos seus escalões inferiores e de aumento do seu poder aquisitivo nos níveis superiores. Maioritariamente jovens, os consumidores angolanos revelam-se mais escolarizados e mais informados, fazem as suas opções de compra orientados pela qualidade e pela consciência e fidelidade de marca, aderem facilmente às novas modas, às novas tendências, às novas tecnologias e preferem experiências de consumo de carácter moderno e sofisticado. A sensibilidade relativamente ao preço e às actividades promocionais é um outro traço do perfil que caracteriza essa categoria de consumidores. ENQUADRAMENTO
  • 10. perfil de tendência de mercado e de características dos consumidores está alinhado com o que se passa em alguns dos mais importantes países africanos; uma pesquisa realizada em 2012, “A ascenção do consumidor africano”, da responsabilidade da McKinsey’s Africa Consumer Insights Center, auscultou 13.000 informantes das grandes cidades de 10 países africanos; relatório aponta para níveis elevados de consumo privado no continente africano que, em 2011, suplantavam os da índia ou da Rússia; crescimento acelerado do mercado de consumo africano regista níveis de concentração elevados: 81% do consumo privado africano concentra-se em 10 países, entre os quais se encontra Angola; pesquisa reporta o crescimento nestes 10 países – África do Sul, Angola, Argélia, Egipto, Gana, Marrocos, Nigéria, Quénia, Sudão e Tunísia – de uma classe de consumidores urbanos, jovens, com nível crescente de escolarização, optimistas e maioritariamente adeptos da realização de compras em espaços de consumo formal. ENQUADRAMENTO
  • 11. estudo refere que a procura por espaços de consumo formal é elevada, nomeadamente em países como a Angola, Argélia e Senegal, onde mais de 60% dos informantes revelaram escolher os seus espaços de compra em função do seu ambiente interior; pesquisa constata que a estrutura do retalho apresenta, na maioria dos casos, um carácter dualista, com presença significante do segmento informal; destaca a tendência crescente para a modernização da componente formal nos dez países referenciados, nomeadamente a expansão no segmento dos Grandes Grupos Retalhistas, onde se assinala a natureza transnacional de alguns dos players mais importantes (Shoprite com actividade em 16 países, Massmart em 14 e Whoolwhorts em 11). com base em dados globais, a pesquisa avança a tese de que o crescimento do retalho formal se inicia quando os países atingem os 750 dólares norte americanos de rendimento médio per capita e que se consolida quando é atingido o limiar dos 3000 dólares de rendimento médio per capita. ENQUADRAMENTO
  • 12. Os dados empíricos sobre os quais se alicerça a presente reflexão foram recolhidos pelos alunos da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto no quadro da sua participação nas Jornadas de Marketing Research organizadas pelo CEIS da SINFIC em Setembro e Outubro de 2013. Os dados foram recolhidos entre 3 e 6 de Outubro, tendo sido auscultados 628 indivíduos com mais de 18 anos responsáveis pelas compras para o Lar na cidade de Luanda. O inquérito por sondagem baseou-se num amostra não probabilística por quotas, extraída do universo de índivíduos com mais de 18 anos, o que corresponde a um estudo com um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de ±3,5%. PROCESSO METODOLÓGICO
  • 13. Para efeitos do estudo, foram consideradas 5 categorias de espaços de compra: hipermercados, supermercados, lojas de bairro, mercados informais e vendedores de rua. As três primeiras definiram o segmento formal enquanto os dois últimos integraram o segmento informal de espaços de compra de produtos para o Lar. Complementarmente foi efectuado, nos dias 8 e 9 de Novembro de 2013, um levantamento de preços de produtos alimentares em espaços de venda formais (hipermercados e supermercados) e espaços de venda informais (mercados e rua), que abrangeu 22 categorias de produtos alimentares. No segmento formal, os preços foram registados pelo preço afixado, com base nas unidades de medida convencionais. O registo dos preços dos espaços formais foi realizada em diferentes estabelecimentos de diferentes cadeias (Jumbo, Kero; Mega e Shoprite). PROCESSO METODOLÓGICO
  • 14. O cálculo do preço médio nos estabelecimentos formais foi efectuado, em cada categoria de produtos, com base no menor preço disponível em cada uma das unidades de observação para cada formato. No segmento informal, os preços foram registados em quatro recolhas com diferentes vendedores do mesmo tipo de produto para possibilitar o cálculo do preço médio por produto. Os preços registados foram os preços no final do processo de negociação e não o preço de partida pedido pelo vendedor. Para possibilitar a comparação com os preços do segmento formal, as unidades de medida foram, sempre que possível, as unidades de medida convencionais. Nos casos em que esta condição não estava preenchida, registaram-se os preços correspondentes às unidades de medida praticadas usualmente no mercado informal (montinho, copo, latinha, colher, entre outras). PROCESSO METODOLÓGICO
  • 15. A recolha nos espaços informais foi realizada nos mesmos municípios/comunas/bairros onde foi realizado o levantamento nos estabelecimentos formais, quer junto dos comerciantes que geralmente se localizam nas imediações desses espaços quer nos mercados mais próximos. A recolha foi efectuada no bairro Madeira, no município do Rangel, nos bairros Golfe1 e Palanca, no município do Kilamba KiaxI, no bairro Estalagem, no município de Viana. Para permitir melhor grau de comparabilidade, no caso dos produtos de consumo mais standardizado, foram seleccionadas 2 ou 3 marcas de consumo mais frequente . PROCESSO METODOLÓGICO
  • 16. O inquérito contemplou 628 indíviduos, dos quais 32,8% homens e 67,2% mulheres. Os jovens predominaram na amostra, como revela o facto de 51,11% terem idade limitada entre os 18 anos e os 29 anos enquanto apenas 5,26% terem 50 ou mais anos. Cacuaco com 31,01%, Kilamba Kiaxi com 22,29%, Ingombota com 14,01% e Maianga com 13,54% foram os municípios com maior contributo para a amostra, que incluiu também informantes do Cazenga, Rangel, Samba, Sambizanga e Viana. O grau de escolarização dos informantes revelou uma presença significativa de licenciados (30,41%), de informantes com habilitações correspondentes à 12ª classe (23,89%) e de indíviduos com formação pré-universitária, entre a 9ª classe e a 11ª classe, que representaram 14,65% da amostra. Relativamente à situação socio-profissional pontificaram na amostra os empregados com remuneração (40,76%), os estudantes (15,29%), os profissionais liberais e trabalhadores por conta própria não empregadores (13,22%) e os funcionários públicos, que representaram 10,99% da amostra. PERFIL DA AMOSTRA
  • 17. Mercado habitual onde faz compras para consumo do lar Número % Grandes Superfície/ Hipermercado 72 11,5% Supermercado 305 48,6% Loja de Bairro 98 15,6% Mercado informal 357 56,8% Vendedor de rua 14 2,2% Total 628 PRINCIPAL LOCAL DE COMPRAS
  • 18. Enquanto os homens parece revelarem uma preferência clara pela realização das compras em espaços formais (70,4% afirmaram fazer compras habitualmente em espaços formais contra 45,1% em espaços informais), tal não se constata no caso das mulheres (64,9% fazem compras regularmente em espaços formais enquanto 64,2% afirmaram fazer compras regulares em espaços informais). No que se refere à idade os dados sugerem uma preferência das gerações mais jovens para a realização das compras no mercado formal (52,5% dos indivíduos com menos de 30 anos fazem as suas compras em espaços formais contra 47,3% que as realizam em espaços informais) enquanto se detecta uma tendência oposta nas gerações menos jovens (10,7% dos indivíduos com 45 anos e mais fazem as suas compras em espaços formais contra 13,7% que as realizam em espaços informais). PREFERÊNCIAS DOS CLIENTES
  • 19.  Esta dicotomia assume uma expressão maior quando se analisa a escolaridade dos informantes: apenas 7,5% dos clientes dos espaços formais possuem escolaridade inferior à 9ª classe enquanto no segmento informal a presença de clientes com grau de escolaridade até à 8ª classe se situa nos 32,1%.  As principais categorias socio-profissionais que se abastecem nos espaços formais compreendem os empregados com remuneração (52%), os estudantes (15,6%), os funcionários públicos (12,6%) e os profissionais liberais e trabalhadores por conta própria não empregadores (9,1%).  Nos espaços de compra informais prevalecem os empregados com remuneração (31,6%), seguidos pelos profissionais liberais e trabalhadores por conta própria não empregadores (19,5%), pelos estudantes (12,4%) e pelos funcionários públicos (9,9%). PREFERÊNCIAS DOS CLIENTES
  • 20.
  • 21.
  • 22. Os níveis de satisfação dos clientes são maiores nos mercados formais, com excepção das lojas de bairro que surgem suplantadas pelos mercados informais. Os clientes que se manifestaram muito satisfeitos e satisfeitos definiram a seguinte hierarquia: grandes superfícies/hipermercados (75%), supermercados (68,9%), mercados informais (62,7%), lojas de bairro (43,9%) e vendedores de rua (28,6%). Registe-se que as grandes superfícies/hipermercados são o espaço de compra que apresenta maior percentagem de clientes muito satisfeitos (15,3%), não existindo nenhuma ocorrência de clientes nada satisfeitos. Em sentido oposto, os vendedores de rua apresentam a maior percentagem de clientes nada satisfeitos (7,1%), não existindo nenhuma ocorrência relativa a clientes muito satisfeitos. NÍVEL DE SATISFAÇÃO
  • 23.  A percentagem de indíviduos que afirmou ter alterado os seus hábitos de consumo nos últimos 3 anos cifrou-se em 69,87%, relativamente superior no caso das mulheres (70,17%) face aos homens (69,31%).  Em relação aos escalões etários, a percentagem de alteração dos hábitos de consumo nos últimos 3 anos revelou o seguinte andamento: 18-24 anos (67,19%), 25-29 anos (73,25%), 30-34 anos (70%), 35-39 anos (71,64%), 40-44 anos (59,46%), 45-49 anos (71,43%) e 50-59 anos (73,08%). ALTERAÇÕES NOS LOCAIS DE CONSUMO
  • 24. Motivos para comprar menos no mercado infomal e mais no mercado formal Número % Preços mais baixos no mercado formal 74 15,6% Mais organização no mercado formal 57 12,1% Mais qualidade no mercado formal 82 17,3% Mais higiene/conservação no mercado formal 158 33,4% Melhor localização do mercado formal 149 31,5% Mais variedade de produtos no mercado formal 23 4,9% Mais segurança no mercado formal 23 4,9% Outros motivos 67 14,2% Total 473 100,0%
  • 25.  Os dados recolhidos indiciam algumas especificidades relativamente ao tipo de produtos adquiridos nos espaços formais e informais:  nos hipermercados e supermercados destacam-se as frutas (~80%), lacticínios (~60%), artigos de limpeza do lar (quase 60%) e bebidas não alcoólicas (50-60%);  nas lojas de bairro destacam-se as bebidas não alcoólicas (>60%);  nos mercados informais nas compras para o lar destacam-se os legumes (~80%), mercearia e peixe fresco (~40%);  nos vendedores de rua, as compras integram mais bebidas não alcoólicas (~50%) e legumes (quase 40%). OUTRAS CONSTATAÇÕES
  • 26. A observação das despesas efectuadas por visita revelou que é nos hipermercados que ocorrem as compras de maior valor (>26,4%). Nos supermercados o valor das compras situa-se predominantemente entre os 2501 e os 15.000 AKZ. Nos mercados informais, apesar de mais de 50% dos inquiridos indicarem valores de compras entre os 0 e os 5000 AKZ, não deixam de ser significativas as proporções em todos os escalões superiores. Nas lojas de bairro e nos vendedores de rua o valor das compras é maioritariamete abaixo dos 2500 AKZ. OUTRAS CONSTATAÇÕES
  • 27. Preços: mercado formal versus mercado informal Preço Médio AKZ Variação entre preço médio Formal e Informal (%) Preço Mínimo AKZ Variação entre preço mínimo Formal e Informal (%) Produto Unidade Mercado Formal Mercado Informal Mercado Formal Mercado Informal Açúcar 1 Kg 167,32 100 67,32 135 100 35 Arroz 1 Kg 160,99 100 60,99 149 100 49 Feijão Branco 1 Kg 468,32 312,5 49,86 206 250 - 17,6 Óleo Alimentar 1 L 263,24 200 81,62 179 150 19,3 Ovos 1 Un 41,79 27,5 51,96 33,17 25 32,68 Repolho 1 Un 168 225 - 25,33 100 200 -50 Sal 1 Kg 89,74 100 - 10,26 75 100 - 25 Água 0,50 Cl 53,99 100 - 46,01 44 100 - 56 Cerveja 0,31 Cl 70,91 66,5 6,63 69 50 38 Gasosa 0,33 Cl 66,61 100 - 33,39 62,50 100 - 27,50
  • 28. (i) a oferta formal nos estabelecimentos de grande e muito grande dimensão caracteriza-se pela diversidade de origens, de marcas, de formatos e de preços; (ii) no segmento dos mercados informais, a diversidade de formatos revela-se sob a forma de maior fraccionamento dos formatos de oferta convencionais e do uso de unidades de medida não convencionais, o que corresponde ao ajustamento que os vendedores efectuam em relação ao poder aquisitivo da sua clientela. Os preços de algumas categorias de produtos são diferenciados, como resultado também da introdução da subjectividade da negociação na determinação do preço de aquisição; (iii) no entanto, a recolha efectuada, permitiu também evidenciar que, em relação a algumas categorias de produtos (por exemplo, açúcar, arroz, cebola, sal, abacates, água, gasosa) e para unidades de medida comuns, se verifica uma absoluta uniformidade de preços nos diferentes mercados; (iv) a comparação entre a oferta disponível no mercado formal e no mercado informal, com base nos preços médios calculados e nos preços mínimos registados apenas para os produtos encontrados em ambos os mercados com unidade de medida comparável, revela situações diferenciadas: Produtos como o açúcar, o arroz, o óleo alimentar, os ovos e a cerveja são oferecidos a preços mais elevados nos estabelecimentos de compra formais enquanto produtos como o repolho, o sal, a água e a gasosa são mais caros nos mercados informais. Um caso específico é o do feijão branco que, apesar de apresentar um preço médio mais elevado em espaços de venda formais é também nesse segmento que é disponibilizado o preço mínimo de aquisição. Registe-se ainda que o nível de acréscimo dos preços é regra geral mais elevado quando os produtos são mais caros na oferta formal do que quando se verifica a situação inversa. LEVANTAMENTO DE PREÇOS – ALGUMAS CONSTATAÇÕES
  • 29. (i) os consumidores efectuam uma arbitragem racional relativamente às suas decisões sobre onde comprar, o que explica que a maioria deles efectue as suas compras tanto no segmento formal como no segmento informal; (ii) os consumidores mais jovens, mais escolarizados, mais urbanos, revelam uma preferência definida pelos espaços de venda formais; (iii) factores associados à higiene e conservação dos produtos, à qualidade, ambiente, organização e limpeza dos espaços de venda são elementos de atractividade potencial para essa categoria emergente de consumidores; (iv) no contexto angolano, apesar do crescimento e da modernização da componente formal ser uma tendência vincada, o segmento informal permanece competitivo no que respeita à oferta de produtos para o lar; IDEIAS A RETER
  • 30. (v) parte dessa competitividade resultará de variáveis de contexto, nomeadamente a heterogeneidade social que caracteriza o País, com implicações numa elevada desigualdade de acesso aos rendimentos, determinante da necessidade das categorias sociais mais desfavorecidas efectuarem o seu abastecimento nos suportes de compra informais, onde realizam aquisções de pequenas quantidades e de reduzido valor; acresce que, para orçamentos muito reduzidos, os custos de deslocação (em tempo e valor monetário) para aceder aos espaços de compra formais são frequentemente incomportáveis; (vi) a proximidade física, em termos da distância entre o local de residência e o local de realização de compras, e a facilidade de acesso, relacionada com a sua presença nos trajectos entre o local de residência e o local de trabalho, são factores de atractividade para a realização das compras nos espaços informais (mercados e vendedores de rua). IDEIAS A RETER