1) O estudo avaliou crianças com traumatismo cranioencefálico leve para identificar preditores de risco muito baixo de lesões cerebrais clinicamente importantes e assim evitar tomografias desnecessárias.
2) As regras preditivas identificaram que 53,3% das crianças menores de 2 anos e 58% das maiores de 2 anos apresentavam risco muito baixo e não necessitavam de tomografia.
3) As regras apresentaram alta sensibilidade e valor preditivo negativo para identificar crianças de baixíss
Risco Baixo de Lesões Cerebrais em Crianças após TCE
1. Hospital Cristo Redentor
Serviço de Neurocirurgia
Identificação de Crianças com
Risco Muito Baixo de
Lesões Cerebrais Clinicamente Importantes
Após Traumatismo Cranioencefálico:
Um Estudo de Coorte Prospectivo
R Willian Pegoraro Kus
Abril/21
2.
3. Introdução
• TCE
• Causa de morte e deficiência em crianças
• Nos EUA
• 600.000 atendimentos em emergência/ano
• Maior parte ECG 14-15
• 60.000 internações/ano
• 7.400 mortes/ano
• TC
• Referência para diagnóstico
• Dobrou entre 1995 e 2005
• 50% dos pacientes a realizam
4. Introdução
• TC
• Resultados falso-positivos
• Achados não traumáticos
• Lesão em < 10% dos TCE leve
• Sem indicação de cirurgia de urgência
• Radiação ionizante
• Causa doença maligna entre 1 em 1.000 e 1 em 5.000 crianças
• Risco maior quanto mais jovem
5. • Estudos preditivos com n pequeno, sem validação, sem avaliação
independente < 2 a
• Maguire et al. Uma criança com trauma craniano deve realizar TC
de crânio? Uma revisão sistemática das regras de predição clínica.
Pediatrics 2009; 124: e145–54.
• Necessidade de estudo prospectivo maior e com foco em crianças
menores
• Objetivo
• Identificar crianças com baixo risco de lesão cerebral
• Obter e validar regras de predição
Introdução
6. Método
• Pacientes e ambiente
• Coorte prospectivo
• Paciente < 18 anos com TCE
• 25 emergências pediátricas
• Tempo
• Jun/2004 a Mar/2006
• Inclusão
• TCE há 24h
• Exclusão
• Lesões triviais
• Queda da própria altura
• Caminhada com colisão contra objeto fixo
• Ausência de sinais de traumatismo craniano
• Trauma penetrante
• Tumores conhecidos
• Distúrbio neurológico pré-existente
• DVP, hemorragias e ECG < 14 analisados separadamente
7. Avaliação de qualidade
• Avaliação de viés de seleção
• Comparação inscritos X perdas
• Revisão de prontuário identificou casos elegíveis não inscritos
• História coletada por médicos treinados em emergência
• Padronização do formulário de relato de caso
• Preenchimento antes de visualizar TC
• Confiabilidade dos avaliadores
• 4% dos casos reavaliado em 60 minutos por outro departamento
• Inserção de dados dupla ou tripla (check)
• Visitas anuais às emergências
8. Formulário de relato de caso - Painel 1
• Mecanismo de lesão
• Queda em pé, andando, correndo, anteparo
• Queda de altura, escadaria
• Estimada a altura
• Ocupante de veículo motorizado
• Uso de cinto, ejeção, capotamento, morte de outro ocupante, velocidade
• Atropelamento
• Pedestre ou ciclista
• Ciclista ou outro transporte com rodas
• Colisão ou queda
• Capacete
• Esporte
• Tipo de, uso de capacete
• Assalto
• Cabeça atingida por objeto
9. • Variáveis clínicas: história e sintomas
• Amnésia pós-traumática
• Perda de consciência
• Duração < 5 seg, 5-60 seg, 1-5 min ou > 5 min
• Convulsão pós-traumática
• Tônico e/ou clônica, dentro de 30 min pós-trauma, duração categorizada
• Cefaleia
• Início
• Gravidade
• Leve, moderada ou grave
• Localização
• Atualmente presente
• Vômito
• Início
• Número de episódios
• Um, dois ou mais de dois
• Tontura
• Relato dos pais se agindo normalmente
Formulário de relato de caso - Painel 1
10. • Exame físico
• ECG, se > 2 a
• ECG pediátrica, se ≤ 2 a
• Estado mental
• Agitação, sonolência, lentificação, questionamento repetitivo
• Fontanela bregmática
• Sinais de fratura
• Battle, guaxinim, rinoliquorreia, otoliquorreia, hemotímpano
• Fratura craniana palpável
• Inspeção, dúvida em região de edema, deformidade de couro cabeludo
• Hematoma subgaleal
• Tamanho
• Pequeno (< 1 cm), médio (1-3 cm), grande (> 3 cm)
• Localização
• Aspecto
• Endurecido / amolecido
• Déficit neurológico
• NC, motor, sensitivo, reflexos
• Intoxicação
Formulário de relato de caso - Painel 1
11. • Outras informações
• Sinal de trauma supraclavicular
• Outras fraturas, lesão abdominal ou torácica, lesão com necessidade cirúrgica
• Observação após primeiro atendimento para decidir indicação de TC
• Critério de indicação de TC
• Destino
• Alta, enfermaria, UTI, BC, óbito
Formulário de relato de caso - Painel 1
12. • Medidas de resultado – Painel 2
• ciTBI - Lesão cerebral traumática clinicamente importante
• Morte por lesão cerebral traumática
• Intubação por lesão cerebral traumática por mais de 24h
• Internação hospitalar por 2 ou mais dias por TCE
• Sintomas neurológicos persistentes
• Alteração de estado mental persistente
• ECG14, agitação, sonolência,
resposta lentificada, perguntas repetitivas
• Vômito recorrente
• Cefaleia intensa persistente
• Crise convulsiva
Método
• Neurocirurgia
• Lesão cerebral
• Afundamento ósseo
• Drenagem de hematoma
• Lobectomia
• Debridamento de tecido
• Correção dural
• Monitoramento de PIC
• Ventriculostomia
13. • Lesão cerebral traumática em TC
• Hemorragia ou contusão
• Edema cerebral
• Infarto traumático
• LAD
• Lesão por cisalhamento
• Trombose de seio sigmoide
• Desvio de LM
• Sinal de herniação
• Diástase de sutura
• Pneumoencéfalo
• Fratura em afundamento
• Fraturas lineares não precisam internação ou terapia específica
Método
14. Método
• TC
• Cortes de 10 mm ou menos
• Radiologistas locais
• Sem conhecimento dos dados clínicos
• Se inconclusivas, radiologista pediátrico
15. Método
• Procedimentos de acompanhamento
• Avaliados pelos coordenadores da pesquisa
• Internação a critério médico local
• Resultados da TC e a presença de ciTBIs
• Pós-alta
• Pesquisas por telefone entre 7 e 90 dias
• Caso sem contato
• Revisão de prontuário médico
• Registros do necrotério
16. • Seleção de preditores
• Regra de predição estabelecidos
• Laupacis et al. Regras de previsão clínica: uma revisão e sugestões de
modificações de padrões metodológicos. JAMA 1997; 277: 488–94.
• STARD
• Diretrizes de relatório de precisão diagnóstica para estudos
• Avalia-se
• Mecanismo de lesão
• Variáveis clínicas
Método
17. • Análise com coeficiente de concordância de Kappa
• Sugerido por Cohen em 1960
• Podemos afirmar que os dois médicos são concordantes na avaliação dos resultados
dos exames de diagnóstico por imagem?
Método
18. • r representa as categorias de avaliação
• nij representa a quantidade de elementos amostrais avaliados pelo juiz X na categoria i e pelo juiz Y na categoria j
• n.i representa a quantidade de elementos amostrais avaliados pelo juiz Y na categoria i
• ni. representa a quantidade de elementos amostrais avaliados pelo juiz X na categoria i
• n representa o total de elementos amostrais avaliados
19. Kappa
• O coeficiente de concordância de Kappa é dado pela fórmula
Onde:
• Sendo assim, em nosso exemplo…
22. Kappa
• Quanto mais próximo de 1
• maior é o indicativo de
concordância
• Quanto mais próximo de zero
• concordância aleatória
23. • Seleção de preditores
• STARD
• STAndards for the Reporting of Diagnostic accuracy studies
• Diretrizes para relatórios de estudos de precisão diagnóstica
• Mecanismo de lesão
• Variáveis clínicas
• Considerado coeficiente Kappa com concordância no mínimo moderada
• > 0,5
• > 0,4 com IC de 95%
• Kappa insuficiente
• Tontura
• Hematoma couro cabeludo
Método
24. • Classificados os mecanismo de lesão
• Leve
• Queda da própria altura
• Colisão com objeto fixo
• Grave
• Acidente de veículo motorizado com ejeção, capotamento, morte de outro passageiro
• Pedestre ou ciclista sem capacete atingido por veículo motorizado
• Queda > 0,9 m para crianças com < 2a e > 1,5 m para crianças >= 2a
• Cabeça atingido por objeto de alto impacto
• Moderado
• Outro mecanismo
Método
25. • Análise estatística
• Objetivo: identificar crianças com baixo risco de ciTBI
• 2 grupos, divididos em 2 anos
• Aumentar sensibilidade das regras de previsão
• Maximizar o valor preditivo negativo
• < 2 anos
• Maior sensibilidade à radiação
• Sem capacidade de comunicação
• Diferentes mecanismos de lesão
Método
26. • Regras com particionamento recursivo binário
• CART = Árvore de classificação e regressão
• Validação cruzada para criar árvores de previsão estáveis
Método
27. • Regras de divisão Gini padrão, calculado com a Fórmula de Brown:
, onde:
• G = coeficiente de Gini
• X = proporção acumulada da variável preditor
• Y = proporção acumulada da variável ciTBI
• O coeficiente de Gini se calcula como uma razão das áreas no diagrama da curva de Lorenz
• Custo relativo de 500 para 1
Falha em identificar paciente COM ciTBI
X
Classificação incorreta de paciente SEM ciTBI
Método
28. • Papel da fonte de financiamento
• Sem efeito
• Desenho do estudo, interpretação ou conclusão
• Autor
• Acesso total aos dados
• Decisão sobre publicação
Método
30. • Mecanismos
• 27% Queda de altura
• 17% Queda da própria ou lesão contra anteparo
• 9% Ocupante de veículo motorizado
• 7% Cabeça atingida por objeto
• 7% Agressão
• 7% Esporte
• 7% Queda escadas
• 4% Queda ou colisão bicicleta
• 3% Atropelamento por veículo
• 2% Outro acidente de transporte com rodas
• 1% Ciclista atingido por automóvel
• 8% Outro
Resultados
• Média 7,1 anos
• 25% < 2 a
• 90% TCE isolado
• 97% ECG 15
33. Análise bivariada de variáveis preditoras da
árvore de ciTBI para crianças < 2 anos
34. Análise bivariada de variáveis preditoras da
árvore de ciTBI para crianças < 2 anos
35. Análise bivariada de variáveis preditoras de
árvore de ciTBI para crianças > 2 anos
36. Análise bivariada de variáveis preditoras de
árvore de ciTBI para crianças > 2 anos
37. • Características e resultados semelhantes entre 2 grupos
• Frequência de variáveis preditoras
• Diferem entre com e sem ciTBI
• TC
• 35% dos pacientes
• 5,2% lesão traumática em TC
• 9% (3.821) Foram internados
• 0,9% (376 pacientes) ciTBI, semelhante em ambos os grupos
• 60 (15,9%) foram operados
• 8 IOT >24h por TCE
Resultados
38. • Dos 38.591, contato telefônico 30.478 (79%)
• Revisão de prontuário nos demais
• 96 pacientes não tomografados retornaram
• 5,2% com lesão traumática
• 54.161 pacientes elegíveis
• Perda de 21,7%
• Homogêneos, p 0,44
• Inscrito X Perdidos
• TC 35,3 x 35,9%
• ciTBI 5,2 x 4,9%
Resultados
39. • Grupo < 2 a
• Derivação X Validação
• Nenhum preditor 53,3 x 53,1%
• TC 31,0 x 31,3%
• TC sem preditor 25,4 x 24,1%
• Risco muito baixo de ciTBI - sem indicação TC
• Grupo validação
• VPN 100%
• Sensibilidade 100%
Resultados
40. • Grupo < 2 a
• Risco de ciTBI 4,4%
• Alteração de estado mental ou fratura palpável
• Risco de ciTBI 0,9%
• Qualquer outro preditor
• Inferior 0,02%
• Nenhum preditor
Resultados
41.
42. • Grupo > 2 a
• Derivação X Validação
• Nenhum preditor 58,0 x 59,3%
• TC 37,3 x 34,7%
• TC sem preditor 21,1 x 20,1%
• Risco muito baixo de ciTBI - sem indicação TC
• Grupo validação
• VPN para lesão 98,4%
• Sensibilidade 94%
• Vômitos
• Presença - forma mais útil para a árvore de previsão
Resultados
43. • Grupo > 2 a
• Risco de ciTBI 4,3%
• Alteração de estado mental ou sinal de fratura base de crânio
• Risco de ciTBI 0,9%
• Qualquer outro preditor
• Inferior 0,05%
• Nenhum preditor
Resultados
44. • Grupo > 2 a
• 2 casos ciTBI classificados baixo risco
• Ciclista sem capacete
• Cefaleia moderada + hematoma subgaleal frontal
• TC com HSDA
• Patinador sem capacete
• Cefaleia moderada + hematoma subgaleal frontal
• TC com contusão occipital + fratura linear
Resultados
45.
46. • TC são responsáveis por 2/3 do total de radiação em exames
• Grande n permitiu separar aos 2 a
• Sugestão de Maguire et al em revisão sistemática
• Significância estatística suficiente para regras generalizáveis
• Se nenhuma das 6 variáveis
• Sem indicação de TC
• 25% < 2 a
• 20% > 2 anos
• Excluiu
• ECG <14, risco de lesão é ~20%, não há controvérsia
• ECG 15 com mecanismos fúteis, o que poderia superestimar o VPN
Discussão
47. • TC é exame de escolha
• Falso-positivo
• Achados irrelevantes ao tratamento
• Falso-negativo onde indica-se internação por quadro clínico
• Este estudo considerou o resultado clínico
• Supera sensibilidade e especificidade da TC
• Estudo realizado em H. pediátricos
• Uso cauteloso da TC
• Maior parte dos atendimentos, hospitais gerais, potencial benefício
Discussão
48. • Análise da árvore de previsão cria 3 grupos:
• Nenhuma variável
• Lesão
• < 2 a - 0,02%
• > 2 a - 0,05%
• Evitar TC
• Sensório alterado ou sinal de fratura de base de crânio
• Maior risco, 4% = TC
• Uma outra variável (grupo intermediário)
• Perda de consciência, cefaleia, vômito, hematoma subgaleal
• Risco 0,9% maior
• Sugere-se observação sem TC
Discussão
49. • Grupo intermediário
• TC para < 3 meses
• Múltiplos achados
• Piora clínica
• Experiência clínica
• Preferência dos pais
• Orientar estratégias alternativas
Discussão
50.
51.
52. • Limitações
• Ética
• TC não pode ser realizada em todos os pacientes
• Custo relativo escolhido na árvore 500 X 1
• Falha na identificação X Classificação incorreta (sem lesão)
• Se custo relativo mais alto
• Maior sensibilidade das regras
• Risco de menor especificidade
• Analisado com 1000 X 1
• Mesmas variáveis
Discussão
53. • As regras de decisão se destinam a informar o médico
• Não substituem a decisão
Discussão