Este documento fornece detalhes biográficos sobre o escritor português Camilo Castelo Branco. Entre 1873 e 1890, Camilo frequentemente visitava a cidade vizinha de Póvoa de Varzim para se reunir com outras personalidades literárias da época. Ele também ia para lá para frequentar salões de jogos e diversões noturnas, onde se envolveu com uma bailarina espanhola. Posteriormente, Camilo teve um caso adúltero com Ana Plácido em 1856, que resultou em um filho. Após uma queixa do
2. Entre 1873 e 1890, Camilo ia regularmente à vizinha cidade (Póvoa
de Varzim), para se reunir com personalidades da época, como o
pai de Eça de Queirós, (José M. de A. T. de Queirós) magistrado
que o livrara da cadeia, Garrett, A. Herculano, Feliciano de
Castilho, e outros.
Outra razão que levava Camilo a viajar eram os salões de jogos e
as diversões noturnas que a cidade oferecia. Época em que,
envolvera-se com uma bailarina espanhola.
Nota biográfica – vida boêmia – fonte: wikipedia
3. Em 1856, tem um envolvimento adúltero com Ana Plácido. Em
1858, ela teve um filho que, embora reconhecido pelo marido,
muitos especulam que fosse filho de Camilo. Após queixa do
marido contra eles, Ana Plácido é presa em 1860, e Camilo foge à
justiça durante algum tempo, mas acaba por se entregar pouco
depois. Ambos ficaram detidos na Cadeia da Relação, no Porto,
aguardando o julgamento. Absolvidos do crime de adultério, em
1861, passaram a viver juntos, tendo tido dois filhos. Em 1888, se
casam. Em 1890, após doença, Camilo comete suicídio.
Nota biográfica – vida boêmia – fonte: wikipedia
4. A necessidade explica a obra extensa - Wikipedia
Camilo e Ana Plácido tiveram ‘três’ filhos.
Com uma família tão numerosa para sustentar, começa então
a escrever muito, sendo efetivamente o único escritor de
renome da sua geração a ter que escrever para poder
sobreviver. Isto explica como, em quase 40 anos, entre 1851 e
1890, Camilo tenha conseguido escrever mais de 260 obras,
com a média superior a 6 livros por ano: o escritor português
mais publicado de sempre.
6. Intertextualidade – fonte Calil ig último segundo
Embora, pouco conhecido no Brasil, o cineasta francês Philippe Garrel
tem uma carreira consistente desde os anos 60. No entanto, o 1o
filme
dele foi lançado no país em 2006: “Amantes Constantes”, rara obra-
prima do cinema recente. Seu novo filme, “A Fronteira da Alvorada” é
um belíssimo trabalho, (...) O protagonista é novamente um Louis Garrel
(de “Os Sonhadores”) às voltas com problemas amorosos, a fotografia é
em um preto-e-branco (...). Mas a trama se situa no presente, e a
política deixa de ser o pano de fundo central(...) Se fosse possível traçar
um paralelo com a literatura, seria o caso de dizer que “A Fronteira da
Alvorada” é, em sua 1ª parte, “Amor de Perdição” e, na 2ª, “Amor de
Salvação”.
9. Coração, Cabeça e EstômagoCoração, Cabeça e Estômago
Camilo Castelo Branco - 1862Camilo Castelo Branco - 1862
10. Acerca dos tipos de narrador
Narrador heterodiegético - aquele que não participa da
história narrada, apenas a conta, o
Narrador homodiegético - aquele que é um dos personagens
da história, participa dela;
Narrador autodiegético - (também chamado de narrador-
protagonista), é um subtipo de narrador homodiegético.
11. Sinopse – uma autobiografia
Coração, Cabeça e Estômago é construído como uma
pretensa autobiografia, na qual Silvestre da Silva – um
narrador autodiegético – escreve a história de sua vida, por
ele dividida nas três fases que compõem o título da obra.
Depois de sua morte, seus escritos são compilados pelo
narrador heterodiegético que se denomina “Editor”, e que
insere comentários em diversas passagens do relato de
Silvestre.
12. Acerca da Estrutura – tripartite
Na primeira fase (“Coração”), temos a história dos sete
amores desastrosos do protagonista. Já na segunda fase
(“Cabeça”), temos o relato das suas desventuras no meio
intelectual e jornalístico. Por fim, na terceira fase
(“Estômago”), Silvestre vai viver no campo, alça-se à carreira
política, casa-se com uma morgada e, depois de tanto comer,
acaba morrendo de caquexia.
13. Fatos da trama - Coração
Aos quatorze anos, Marcolina foi “vendida” por sua mãe a um barão,
que assim que a viu “a tremer e a chorar”, “teve piedade” dela. Ela
conta que o homem, que “teria cinquenta anos”, [...] lançou-me ao
regaço dinheiro em ouro e disse:
“Quando sua mãe vier, diga-lhe que está pura, peça-lhe que não a
venda, e obrigue-se a sustentá-la com a condição de não a vender. Esse
dinheiro é o necessário para um mês; no princípio do mês que vem
receberá igual quantia.” E saiu, beijando-me na testa e murmurando,
quando me viu estremecer ao contato da sua boca: “Pobre menina!”
14. Fatos da trama - Coração
Marcolina vivia infeliz, devido à tirania do barão, que não permitia que
ela mantivesse contato com as suas irmãs, e também devido à vergonha
de sua condição, que, para ela, “não era mais honesta” que a da irmã
que virara prostituta. Através da voz da narradora, temos uma
melancólica conclusão sobre a vida: “A minha grande desgraça, senhor,
era eu não poder destruir os sentimentos da dignidade [...]. As mulheres
na minha posição começam a ser felizes quando se enterram de todo no
charco das torpezas”
15. Fatos da trama - Coração
Quando o barão descobre que sua amante amava o caixeiro, começa a
ter vários acessos de ciúme: “cobriu‐me de injúrias; das injúrias passou
às lágrimas; das lágrimas tornou aos insultos; e, quando eu menos podia
esperar uma vilania sem nome, deu‐me uma bofetada” (...). Pouco
depois, ameaça matar‐lhe;mais tarde manda‐lhe devolver todos os
vestidos e joias e ir embora; porém, quando ela estava prestes a sair,
‘lançou‐se‐me aos pés o barão, abraçou‐me pela cintura abafado pelos
soluços; disse‐me até, no seu desvario, que iríamos para França, e lá
casaria comigo. Causou‐me riso e compaixão este desatino!... Cedi,
deixei‐me ir quase nos braços dele até ao meu quarto. Parecia louco de
alegria o pobre homem!
16. Fatos da trama - Coração
Ao reencontrar Augusto, é pedida por este em casamento; ela, porém,
não teve “um mês de contentamento”, uma vez que “Augusto
transfigurou‐se, se não era hipócrita [...]. Era libertino, dissipador,
jogador e até embriagado o vi muitas vezes”
17. Fatos da trama - Coração
Como vimos, esse episódio constitui uma forte crítica à sociedade que
faz das mulheres mercadoria. Apesar de criticar o materialismo que
compõe a sociedade burguesa, o romance, através da voz da
personagem, traz um retrato do barão — representante de uma
burguesia composta pelos brasileiros de torna‐viagem, que enriquecem
no Brasil e quando voltam a Portugal compram um título e uma amante
—, distinto do de um antagonista: “era um coração como poucos. As
ameaças das pistolas, os insultos, a requisição das joias e dos vestidos,
tudo isto, que parece vilania, era nele uma sublime maneira de exprimir
o seu muito ciúme e paixão”
18. Fatos da trama - Coração
Silvestre, por sua vez, encerra o capítulo afirmando: “amei‐a porque era
mais pura, mais virgem e mais santa que a outra respeitada do mundo2;
e porque, em ódio à sociedade, que a desprezava, não posso vingá‐la
senão amando‐a com eterna saudade”
19. 19
Eu insulto o burguês! O burguês‐níquel,
o burguês‐burguês!
A digestão bem‐feita de São Paulo!
O homem‐curva! o homem‐nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco‐a‐pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil‐réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês‐funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
ODE AO BURGUÊS
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Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês‐mensal!
ao burguês‐cinema! ao burguês‐tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
Um colar... Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"
Come! Come‐te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
ODE AO BURGUÊS
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Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burgês!...
(Mário de Andrade. Paulicéia Desvairada, 1922)
ODE AO BURGUÊS