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Machado de Assis – (1839-1908)Machado de Assis – (1839-1908)
Papeis avulsos, de Machado de Assis, 1882
O Espelho - ‘Esboço de uma nova teoria da alma humana’
Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência,
sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no
morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com
o luar que vinha de fora (…) estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas,
resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo.
(…) eram quatro os que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto personagem (…) esse
homem tinha (entre quarenta e cinqüenta anos), era provinciano, capitalista,
inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca. (…)
um dos presentes (…) desafiou-o a demonstrar o que dizia, se era capaz. Jacobina (assim se chamava
ele) refletiu um instante, e respondeu:
- Pensando bem, talvez o senhor tenha razão.
(…) no meio da noite, (…) a conversa, em seus meandros, veio a cair na natureza da alma, (…) Um
dos argumentadores pediu ao Jacobina alguma opinião, – uma conjetura, ao menos.
– Nem conjetura, nem opinião, redargüiu ele; uma ou outra pode dar lugar a dissentimento,
e, como sabem, eu não discuto. Mas, se querem ouvir-me calados, posso contar-lhes um
caso de minha vida, em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se
trata. Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas…
– Duas?
– Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de
dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca
aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A
alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação.
Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; (…)
casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shylock, por
exemplo. A alma exterior aquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. "Nunca
mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração." (…) Agora, é
preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma… – Não?
– Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a
pátria, com a qual disse o Camões que morria (...);
conheço uma senhora, – na verdade, gentilíssima, – que muda de alma exterior cinco, seis vezes por
ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um
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restrinjo-me ao episódio de que lhes falei. Um episódio dos meus vinte e cinco anos… (…)
Eis aqui como ele começou a narração:
- Tinha vinte e cinco anos, era pobre, e acabava de ser nomeado alferes da Guarda Nacional. Não
imaginam o acontecimento que isto foi em nossa casa. Minha mãe ficou tão orgulhosa! tão contente!
Chamava-me o seu alferes. (...). Na vila, note-se bem, houve alguns despeitados; choro e ranger de
dentes, como na Escritura; e o motivo não foi outro senão que o posto tinha muitos candidatos e que
esses perderam. (…) Vai então uma das minhas tias, D. Marcolina, viúva do Capitão Peçanha, que
morava a muitas léguas da vila, num sítio escuso e solitário, desejou ver-me, e pediu que fosse ter com
ela e levasse a farda. (…) tia Marcolina (…) abraçava-me! Chamava-me também o seu alferes. Achava-
me um rapagão bonito. (…) chegou a confessar que tinha inveja da moça que houvesse de ser minha
mulher. (…) E sempre alferes; era alferes para cá, alferes para lá, alferes a toda a hora. (…) Na mesa
tinha eu o melhor lugar, e era o primeiro servido. Não imaginam.
Se lhes disser que o entusiasmo da tia Marcolina chegou ao ponto de mandar pôr no meu quarto um
grande espelho, obra rica e magnífica (…) Era um espelho que lhe dera a madrinha, e que esta herdara
da mãe, que o comprara a uma das fidalgas vindas em 1808 com a corte de D. João VI. Não sei o que
havia nisso de verdade; era a tradição. O espelho estava naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda
o ouro, comido em parte pelo tempo (...) Tudo velho, mas bom…
– Espelho grande?
– Grande. E foi, como digo, uma enorme fineza, porque o espelho estava na sala; era a melhor peça da
casa.
Mas não houve forças que a demovessem do propósito; respondia que não fazia falta (…) e que o
"senhor alferes" merecia muito mais.
...estava naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro, comido
em parte pelo tempo, uns delfins esculpidos nos ângulos superiores da
moldura, uns enfeites de madrepérola e outros caprichos do artista. Tudo
velho, mas bom...
O certo é que todas essas coisas, carinhos, atenções, obséquios, fizeram em mim uma transformação
(…) Imaginam, creio eu?
– Não.
– O alferes eliminou o homem.
Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se; mas não tardou que a primitiva cedesse
à outra; ficou-me uma parte mínima de humanidade. Aconteceu então que a alma exterior (…)
mudou de natureza, e passou a ser a cortesia e os rapapés da casa, tudo o que me falava do
posto, nada do que me falava do homem. (…) Custa-lhes acreditar, não?
- Custa-me até entender, respondeu um dos ouvintes.
- Vai entender. Os fatos explicarão melhor os sentimentos: os fatos são tudo. (…) Vamos ver
como, ao tempo em que a consciência do homem se obliterava, a do alferes tornava-se viva e
intensa. (…) No fim de três semanas, era outro, totalmente outro. Era exclusivamente alferes.
Ora, um dia recebeu a tia Marcolina uma notícia grave; uma de suas filhas, casada com um
lavrador residente dali a cinco léguas, estava mal e à morte.
Adeus, sobrinho! adeus, alferes! pediu ao cunhado que fosse com ela, e a mim que tomasse
conta do sítio. Creio que, se não fosse a aflição, disporia o contrário; deixaria o cunhado e iria
comigo. Mas o certo é que fiquei só, com os poucos escravos da casa. Confesso-lhes que desde
logo senti uma grande opressão, alguma coisa semelhante ao efeito de quatro paredes de um
cárcere, subitamente levantadas em torno de mim. Era a alma exterior que se reduzia; estava
agora limitada a alguns espíritos boçais. (…) Os escravos punham uma nota de humildade nas
suas cortesias (…) Notei mesmo, naquela noite, que eles redobravam de respeito, de alegria (…)
Nhô alferes, de minuto a minuto; nhô alferes é muito bonito; nhô alferes há de ser coronel; nhô
alferes há de casar com moça bonita, filha de general; um concerto de louvores e profecias, que
me deixou extático. Ah! pérfidos! mal podia eu suspeitar a intenção secreta dos malvados.
- Matá-lo?
- Antes assim fosse.
- Coisa pior?
- Ouçam-me...
Na manhã seguinte achei-me só. Os velhacos, seduzidos por outros, ou de movimento próprio, tinham resolvido fugir durante a noite; e assim fizeram. Achei-me só, sem mais ninguém, entre quatro
paredes, diante do terreiro deserto e da roça abandonada. (…) esperei que o irmão do tio Peçanha voltasse naquele dia ou no outro, visto que tinha saído havia já trinta e seis horas. Mas a manhã
passou sem vestígio dele; à tarde comecei a sentir a sensação como de pessoa que houvesse perdido toda a ação nervosa, e não tivesse consciência da ação muscular. (…) Minha solidão tomou
proporções enormes. (…) As horas batiam de século a século no velho relógio da sala, cuja pêndula tic-tac, tic-tac, feria-me a alma interior, como um piparote contínuo da eternidade. (…) Era justamente
assim que fazia o relógio da tia Marcolina: - Never, for ever!- For ever, never! Não eram golpes de pêndula, era um diálogo do abismo, um cochicho do nada. (…) Tinha uma sensação inexplicável. Era
como um defunto andando, um sonâmbulo, um boneco mecânico. Dormindo, era outra coisa. O sono dava-me alívio, não pela razão comum de ser irmão da morte, mas por outra. Acho que posso
explicar assim esse fenômeno: - o sono, eliminando a necessidade de uma alma exterior, deixava atuar a alma interior. Nos sonhos, fardava-me orgulhosamente, no meio da família e dos amigos, que
me elogiavam o garbo, que me chamavam alferes; (…) Mas quando acordava, dia claro, esvaía-se com o sono a consciência do meu ser novo e único – porque a alma interior perdia a ação exclusiva, e
ficava dependente da outra, que teimava em não tornar… (…) Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não olhara uma só vez para o espelho. Não era abstenção deliberada, não tinha motivo; era
um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois (…) no fim de oito dias deu-me na veneta de olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois.
Olhei e recuei. O próprio vidro parecia conjurado com o resto do universo; não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra. A realidade das leis físicas não
permite negar que o espelho reproduziu-me textualmente, com os mesmos contornos e feições; assim devia ter sido. Mas tal não foi a minha sensação.
Então tive medo; atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava; receei ficar mais tempo, e enlouquecer. (…)
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
Entrei a vestir-me, murmurando comigo, tossindo sem tosse, sacudindo a roupa com estrépito,
afligindo-me a frio com os botões, para dizer alguma coisa. De quando em quando, olhava
furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a mesma decomposição
de contornos… (…) Subitamente por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem cálculo,
lembrou-me...
Se forem capazes de adivinhar qual foi a minha idéia...
- Diga.
(…) Não, não são capazes de adivinhar.
- Mas, diga, diga.
- Lembrou-me vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do
espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral;
nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim,
a alma exterior. Essa alma ausente com a dona do sítio, dispersa e fugida com os escravos, ei-la
recolhida no espelho. Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de um letargo, abre os
olhos sem ver, depois começa a ver, (…) Assim foi comigo. Olhava para o espelho, ia de um lado
para outro, recuava,
gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo. Não era mais um autômato, era um ente animado. Daí
em diante, fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do
espelho, lendo olhando, meditando; no fim de duas, três horas, despia-me outra vez. Com este
regime pude atravessar mais seis dias de solidão sem os sentir...
Quando os outros voltaram a si, o narrador tinha descido as escadas.
FIM
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
Interterpretação
possibilidades
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes
digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral;
...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de
sombra.
Contexto Histórico: século XIX
Guarda nacional
Intertextualidades
tema de Redação do Instituto Rio Branco
Texto I
[...] Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de
fora para dentro... [...] Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de
uma pessoa; — e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma
cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira;
as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das
metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma
exterior implica a da existência inteira. [...]
Machado de Assis. O Espelho. In: Papéis Avulsos. Belo Horizonte: Livraria Garnier, 2000, p. 164.
Texto III
[...] Quando se fez a propaganda republicana, julgou-se, é certo, introduzir, com o novo regime, um sistema
mais acorde com as supostas aspirações da nacionalidade: o país ia viver finalmente por si, sem precisar
exibir, só na América, formas políticas caprichosas e antiquadas; na realidade, porém, foi ainda um
incitamento negador o que animou os propagandistas: o Brasil devia entrar em novo rumo, porque "se
envergonhava" de si mesmo, de sua realidade biológica. Aqueles que pugnaram por uma vida nova
representavam, talvez, ainda mais do que seus antecessores, a idéia de que o país não pode crescer pelas
suas próprias forças naturais: deve formar-se de fora para dentro, deve merecer a aprovação dos outros.
[…]
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. 18.a ed., p. 125.

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A alma exterior de Machado de Assis

  • 1. Machado de Assis – (1839-1908)Machado de Assis – (1839-1908)
  • 2. Papeis avulsos, de Machado de Assis, 1882 O Espelho - ‘Esboço de uma nova teoria da alma humana’
  • 3. Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora (…) estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo. (…) eram quatro os que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto personagem (…) esse homem tinha (entre quarenta e cinqüenta anos), era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca. (…) um dos presentes (…) desafiou-o a demonstrar o que dizia, se era capaz. Jacobina (assim se chamava ele) refletiu um instante, e respondeu: - Pensando bem, talvez o senhor tenha razão. (…) no meio da noite, (…) a conversa, em seus meandros, veio a cair na natureza da alma, (…) Um dos argumentadores pediu ao Jacobina alguma opinião, – uma conjetura, ao menos. – Nem conjetura, nem opinião, redargüiu ele; uma ou outra pode dar lugar a dissentimento, e, como sabem, eu não discuto. Mas, se querem ouvir-me calados, posso contar-lhes um caso de minha vida, em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se trata. Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas… – Duas?
  • 4. – Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica. Se me replicarem, acabo o charuto e vou dormir. A alma exterior pode ser um espírito, um fluido, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação. Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; (…) casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shylock, por exemplo. A alma exterior aquele judeu eram os seus ducados; perdê-los equivalia a morrer. "Nunca mais verei o meu ouro, diz ele a Tubal; é um punhal que me enterras no coração." (…) Agora, é preciso saber que a alma exterior não é sempre a mesma… – Não? – Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria (...); conheço uma senhora, – na verdade, gentilíssima, – que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um concerto, um baile do Cassino, a rua do Ouvidor, Petrópolis... – Perdão; essa senhora quem é? – Essa senhora é parenta do diabo, e tem o mesmo nome; chama-se Legião... E assim outros mais casos. Eu mesmo tenho experimentado dessas trocas. Não as relato, porque iria longe; restrinjo-me ao episódio de que lhes falei. Um episódio dos meus vinte e cinco anos… (…) Eis aqui como ele começou a narração:
  • 5. - Tinha vinte e cinco anos, era pobre, e acabava de ser nomeado alferes da Guarda Nacional. Não imaginam o acontecimento que isto foi em nossa casa. Minha mãe ficou tão orgulhosa! tão contente! Chamava-me o seu alferes. (...). Na vila, note-se bem, houve alguns despeitados; choro e ranger de dentes, como na Escritura; e o motivo não foi outro senão que o posto tinha muitos candidatos e que esses perderam. (…) Vai então uma das minhas tias, D. Marcolina, viúva do Capitão Peçanha, que morava a muitas léguas da vila, num sítio escuso e solitário, desejou ver-me, e pediu que fosse ter com ela e levasse a farda. (…) tia Marcolina (…) abraçava-me! Chamava-me também o seu alferes. Achava- me um rapagão bonito. (…) chegou a confessar que tinha inveja da moça que houvesse de ser minha mulher. (…) E sempre alferes; era alferes para cá, alferes para lá, alferes a toda a hora. (…) Na mesa tinha eu o melhor lugar, e era o primeiro servido. Não imaginam. Se lhes disser que o entusiasmo da tia Marcolina chegou ao ponto de mandar pôr no meu quarto um grande espelho, obra rica e magnífica (…) Era um espelho que lhe dera a madrinha, e que esta herdara da mãe, que o comprara a uma das fidalgas vindas em 1808 com a corte de D. João VI. Não sei o que havia nisso de verdade; era a tradição. O espelho estava naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro, comido em parte pelo tempo (...) Tudo velho, mas bom… – Espelho grande? – Grande. E foi, como digo, uma enorme fineza, porque o espelho estava na sala; era a melhor peça da casa. Mas não houve forças que a demovessem do propósito; respondia que não fazia falta (…) e que o "senhor alferes" merecia muito mais.
  • 6. ...estava naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro, comido em parte pelo tempo, uns delfins esculpidos nos ângulos superiores da moldura, uns enfeites de madrepérola e outros caprichos do artista. Tudo velho, mas bom...
  • 7. O certo é que todas essas coisas, carinhos, atenções, obséquios, fizeram em mim uma transformação (…) Imaginam, creio eu? – Não. – O alferes eliminou o homem.
  • 8. Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se; mas não tardou que a primitiva cedesse à outra; ficou-me uma parte mínima de humanidade. Aconteceu então que a alma exterior (…) mudou de natureza, e passou a ser a cortesia e os rapapés da casa, tudo o que me falava do posto, nada do que me falava do homem. (…) Custa-lhes acreditar, não? - Custa-me até entender, respondeu um dos ouvintes. - Vai entender. Os fatos explicarão melhor os sentimentos: os fatos são tudo. (…) Vamos ver como, ao tempo em que a consciência do homem se obliterava, a do alferes tornava-se viva e intensa. (…) No fim de três semanas, era outro, totalmente outro. Era exclusivamente alferes. Ora, um dia recebeu a tia Marcolina uma notícia grave; uma de suas filhas, casada com um lavrador residente dali a cinco léguas, estava mal e à morte. Adeus, sobrinho! adeus, alferes! pediu ao cunhado que fosse com ela, e a mim que tomasse conta do sítio. Creio que, se não fosse a aflição, disporia o contrário; deixaria o cunhado e iria comigo. Mas o certo é que fiquei só, com os poucos escravos da casa. Confesso-lhes que desde logo senti uma grande opressão, alguma coisa semelhante ao efeito de quatro paredes de um cárcere, subitamente levantadas em torno de mim. Era a alma exterior que se reduzia; estava agora limitada a alguns espíritos boçais. (…) Os escravos punham uma nota de humildade nas suas cortesias (…) Notei mesmo, naquela noite, que eles redobravam de respeito, de alegria (…) Nhô alferes, de minuto a minuto; nhô alferes é muito bonito; nhô alferes há de ser coronel; nhô alferes há de casar com moça bonita, filha de general; um concerto de louvores e profecias, que me deixou extático. Ah! pérfidos! mal podia eu suspeitar a intenção secreta dos malvados. - Matá-lo? - Antes assim fosse. - Coisa pior? - Ouçam-me...
  • 9. Na manhã seguinte achei-me só. Os velhacos, seduzidos por outros, ou de movimento próprio, tinham resolvido fugir durante a noite; e assim fizeram. Achei-me só, sem mais ninguém, entre quatro paredes, diante do terreiro deserto e da roça abandonada. (…) esperei que o irmão do tio Peçanha voltasse naquele dia ou no outro, visto que tinha saído havia já trinta e seis horas. Mas a manhã passou sem vestígio dele; à tarde comecei a sentir a sensação como de pessoa que houvesse perdido toda a ação nervosa, e não tivesse consciência da ação muscular. (…) Minha solidão tomou proporções enormes. (…) As horas batiam de século a século no velho relógio da sala, cuja pêndula tic-tac, tic-tac, feria-me a alma interior, como um piparote contínuo da eternidade. (…) Era justamente assim que fazia o relógio da tia Marcolina: - Never, for ever!- For ever, never! Não eram golpes de pêndula, era um diálogo do abismo, um cochicho do nada. (…) Tinha uma sensação inexplicável. Era como um defunto andando, um sonâmbulo, um boneco mecânico. Dormindo, era outra coisa. O sono dava-me alívio, não pela razão comum de ser irmão da morte, mas por outra. Acho que posso explicar assim esse fenômeno: - o sono, eliminando a necessidade de uma alma exterior, deixava atuar a alma interior. Nos sonhos, fardava-me orgulhosamente, no meio da família e dos amigos, que me elogiavam o garbo, que me chamavam alferes; (…) Mas quando acordava, dia claro, esvaía-se com o sono a consciência do meu ser novo e único – porque a alma interior perdia a ação exclusiva, e ficava dependente da outra, que teimava em não tornar… (…) Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não olhara uma só vez para o espelho. Não era abstenção deliberada, não tinha motivo; era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois (…) no fim de oito dias deu-me na veneta de olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois. Olhei e recuei. O próprio vidro parecia conjurado com o resto do universo; não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra. A realidade das leis físicas não permite negar que o espelho reproduziu-me textualmente, com os mesmos contornos e feições; assim devia ter sido. Mas tal não foi a minha sensação. Então tive medo; atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava; receei ficar mais tempo, e enlouquecer. (…)
  • 10. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 11. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 12. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 13. Entrei a vestir-me, murmurando comigo, tossindo sem tosse, sacudindo a roupa com estrépito, afligindo-me a frio com os botões, para dizer alguma coisa. De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a mesma decomposição de contornos… (…) Subitamente por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem cálculo, lembrou-me... Se forem capazes de adivinhar qual foi a minha idéia... - Diga. (…) Não, não são capazes de adivinhar. - Mas, diga, diga. - Lembrou-me vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral; nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior. Essa alma ausente com a dona do sítio, dispersa e fugida com os escravos, ei-la recolhida no espelho. Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de um letargo, abre os olhos sem ver, depois começa a ver, (…) Assim foi comigo. Olhava para o espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo. Não era mais um autômato, era um ente animado. Daí em diante, fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do espelho, lendo olhando, meditando; no fim de duas, três horas, despia-me outra vez. Com este regime pude atravessar mais seis dias de solidão sem os sentir... Quando os outros voltaram a si, o narrador tinha descido as escadas. FIM
  • 14. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 16. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 17. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 18. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral;
  • 19. ...não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra.
  • 20. Contexto Histórico: século XIX Guarda nacional
  • 21. Intertextualidades tema de Redação do Instituto Rio Branco
  • 22. Texto I [...] Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... [...] Há casos, por exemplo, em que um simples botão de camisa é a alma exterior de uma pessoa; — e assim também a polca, o voltarete, um livro, uma máquina, um par de botas, uma cavatina, um tambor, etc. Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. [...] Machado de Assis. O Espelho. In: Papéis Avulsos. Belo Horizonte: Livraria Garnier, 2000, p. 164. Texto III [...] Quando se fez a propaganda republicana, julgou-se, é certo, introduzir, com o novo regime, um sistema mais acorde com as supostas aspirações da nacionalidade: o país ia viver finalmente por si, sem precisar exibir, só na América, formas políticas caprichosas e antiquadas; na realidade, porém, foi ainda um incitamento negador o que animou os propagandistas: o Brasil devia entrar em novo rumo, porque "se envergonhava" de si mesmo, de sua realidade biológica. Aqueles que pugnaram por uma vida nova representavam, talvez, ainda mais do que seus antecessores, a idéia de que o país não pode crescer pelas suas próprias forças naturais: deve formar-se de fora para dentro, deve merecer a aprovação dos outros. […] Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. 18.a ed., p. 125.