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Lisbela e o Prisioneiro –1961/63/64Lisbela e o Prisioneiro –1961/63/64
Prof. Welington FernandesProf. Welington Fernandes
Grupo Canastra Real, dir. Ricardo Batista (Cadinho), BH - MG
2
Osman Lins – (Osman Lins – (1924 –1978)
3
Esboço biográfico de Osman LinsEsboço biográfico de Osman Lins
Osman Lins nasceu em Vitória do Santo Antão (PE), órfão de mãe desde
muito cedo. Aos 16 anos, mudou-se para o Recife, quando trabalha no
Banco do Brasil. Em 1940, casou-se e teve três filhas. Em 1950 ganhou
um concurso literário com o conto "O Eco“. Estreou na ficção com o
romance, "O Visitante", em 1955. Em 1958, estudou dramaturgia (foi
aluno de Suassuna).
Sua 1ª peça a ser encenada foi "Lisbela e o prisioneiro”, 1961.
No início dos anos 1960, viveu na Europa. De volta ao Brasil em 1966,
publicou contos, ensaios e a peça de teatro, "Guerra do Cansa-Cavalo".
Em 1970, tornou-se professor universitário de literatura brasileira.
Defendeu também uma tese de doutoramento sobre o escritor Lima
Barreto. Em 1973, publicou o enigmático e elogiado romance
"Avalovara”.
4
Algumas de suas obras mais importantesAlgumas de suas obras mais importantes
- O visitante, romance, 1955.
- Os gestos, contos, 1957.
- O fiel e a pedra, romance, 1961.
- Marinheiro de primeira viagem, literatura de viagem, 1963.
- Lisbela e o Prisioneiro, teatro, 1963 (SBAT) e 1964 (Letras e Artes)
- Capa-Verde e o Natal, teatro infantil, 1967.
- Guerra sem testemunhas- o escritor, sua condição e a realidade
social, ensaio, 1969.
- Avalovara, romance, 1973.
- Lima Barreto e o espaço romanesco, ensaio, 1976.
- A rainha dos cárceres da Grécia, romance, 1976
- Missa do Galo-Variações sobre o mesmo tema, org. e part., 1977.
- Casos especiais de Osman Lins, novelas adaptadas para a Globo, 1978.
5
Reencontro
Ontem, treze anos depois da sua morte, voltei a me
encontrar com Osman Lins.
O encontro foi no porão de um antigo convento, sob
cujo teto baixo ele encenava a primeira peça do seu
Teatro do Infinito.
A peça, Vitória da dignidade sobre a violência, não tinha
palavras: ele já não precisava delas.
Tampouco disse coisa alguma quando o fui cumprimentar.
Mas o seu sorriso era tão luminoso que eu
acordei.
José Paulo Paes
Singela homenagemSingela homenagem
6
Antonio Candido considera que:
“Osman Lins foi passando do realismo corriqueiro para uma
notável inquietação experimental que o atualizava
incessantemente.
Avalovara representa na literatura brasileira atual um
momento de decisiva modernidade, porque o autor exerce
'uma vigilância constante sobre o seu romance, integrando-o
num rigor só outorgado, via de regra, a algumas formas
poéticas'. (...) se situa numa ambiguidade ilimitada”.
Fortuna críticaFortuna crítica
http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao21/artigos/arti
go16.pdf
7
Acerca de Avalovara, prestigiado escritor (contemporâneo de
Osman Lins) Júlio Cortazar declarou o seguinte:
“Se eu tivesse escrito esse livro, poderia passar mais 20 anos
sem fazer mais nada”
Fortuna críticaFortuna crítica
http://www.osman.lins.nom.br/homenagem.asp?id=2
8
Fundada pelos artistas Tônia Carrero, Paulo Autran e Adolfo
Celi, em 1956, a companhia foi formada por ex-integrantes
do TBC. Os princípios do CTCA eram: a interpretação isenta
de estrelismo, a preponderância do texto e a homogeneidade
estética. A busca de novos autores levou a CTCA a criar um
concurso de dramaturgia. (...) A obra vencedora da 2ª edição
do concurso foi Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, que
foi dirigida por Celi e Carlos Kroeber, em 1961.
Os textos nitidamente políticos, de grande aceitação, nos
grupos Arena e Oficina, não interessavam ao italiano que
fugira de Mussolini e que recusava qualquer vínculo entre
teatro e política.
Companhia Tônia-Celi-Autran – 1956/1962
9
Tonia Carreiro, A. Celi e Paulo AutranTonia Carreiro, A. Celi e Paulo Autran
Tonia Carreiro, A. Celi e Paulo AutranTonia Carreiro, A. Celi e Paulo Autran
11
1961 – A renúncia de Jânio Quadros e a entrada do vice, João
Goulart, deflagra uma crise política no país.
A oposição, (UDN e PSD), acusa Jango, de estar planejando
um golpe de esquerda.
13/03/1964 – João Goulart defende as Reformas de Base;
19/03/1964 – 500 mil pessoas na Marcha da Família com Deus
pela Liberdade.
31/03/1964 – Tropas mineiras e paulistas saem às ruas; João
Goulart foge para o Uruguai;
09/04/1964 – Foi decretado o AI-1, que permitia aos militares
cassar os mandatos dos que se opunham ao regime militar.
Contexto histórico: início da déc de 1960
12
Segundo dados apresentados por Zuenir Ventura na obra
1968 – O ano que não terminou, foram censurados:
“cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros, dezenas
de programas de rádio, 100 revistas, mais de 500 letras de
música e uma dúzia de capítulos e sinopses de telenovelas”
A censura desempenhou papel fundamental na implantação e
na consolidação da ditadura, silenciando uns e servindo a
outros. Importante ressaltar que houve abençoados pela
censura, que construíram impérios de comunicações.
A censura: panorama
13
Dias Gomes, que fora censurado pelo DIP, em 1942, voltou a
ser censurado em 1975: na véspera da estreia, a novela ‘Roque
Santeiro’ foi impedida de ser apresentada. A Delegacia de
Ordem Pública e Social (DOPS), descobriu que o dramaturgo
estava a adaptar o texto teatral “O Berço do Herói”, que ele
próprio escrevera em 1963 e cuja estreia (dirigida por
Abujamra) fora proibida em 1965. A história não foi ao ar,
acabou sendo substituída por uma reprise compacta de “Selva
de Pedra”. A obra (na verdade, uma versão dela) só foi
liberada dez anos depois, em 1985, trazendo Lima Duarte no
papel de Sinhozinho Malta, Regina Duarte (Porcina) e José
Wilker (Roque) como protagonistas. A novela tornar-se-ia um
dos maiores sucessos da televisão brasileira.
Casos famosos: Roque Santeiro, de Dias Gomes
Protagonistas na versão de 1985Protagonistas na versão de 1985
15
Casos famosos: capa e contracapa do LP
de Gal Costa, 1973
16
Sinopse e comentário – Sandra NitriniSinopse e comentário – Sandra Nitrini
Lisbela, filha do Ten. Guedes, delegado da Cadeia de
Santo Antão, forma par amoroso com o funâmbulo
Leléu, um Don Juan nordestino. Esse casal
anticonvencional assume riscos em nome de
sentimentos intensos. Lisbela foge com Leléu, no dia
de seu casamento com Dr. Noêmio, advogado
vegetariano, por isso mesmo, personagem destoante
do meio em que se encontra, alvo de muitas tiradas
cômicas. Ao marido, doutor, representante do
estabelecido e da segurança, a jovem prefere Leléu, o
artista de circo preso, com tudo o que este significa de
risco e subversão dos valores vigentes.
17
Sinopse e comentário – Sandra NitriniSinopse e comentário – Sandra Nitrini
Lisbela é a única mulher que atua em cena; é ela quem
livra Leléu da morte, ao ‘atirar’ em Frederico, quando
este apontava a arma para Leléu. Dessa forma, parece
e julga ter se tornado uma criminosa, colocando o pai
numa situação incômoda. Para livrar a própria filha da
cadeia, este usará expedientes comprometedores para
a lisura de uma autoridade, com o fito de ocultar a
autoria do suposto crime. No entanto, no desfecho da
peça revela-se que Frederico morreu de morte natural.
Por suas ações, Lisbela não apenas renega os
mesquinhos valores, mas também expõe as fraturas da
sociedade patriarcal.
18
- Jaborandi – Soldado e corneteiro
- Testa Seca – Preso
- Citonho – Carcereiro
- Paraíba – Preso
- Ten. Guedes – Delegado
- Leléu – Aramista e prisioneiro (protagonista)
- Juvenal – Soldado
- Heliodoro – Cabo de destacamento
- Lisbela – Filha do Ten. Guedes
- Dr. Noêmio – Advogado, vegetariano e noivo dela
Personagens por ordem de aparição:Personagens por ordem de aparição:
19
- Tãozinho – Vendedor ambulante de passarinhos
- Frederico – Assassino profissional
- Lapiau (José) – Artista de circo. Amigo de Leléu
Personagens sem fala ou apenas mencionados:
- Inaura – Uma adolescente seduzida por Leléu
- Francisquinha – Amante de Tãozinho
- Raimundinho – Abandonado por Francisquinha
- Dois soldados
Personagens por ordem de aparição:Personagens por ordem de aparição:
20
Dicotomia:
Rotina/clausura/realidade
x
transgressão/liberdade/ficção
Relação entre:
Macroestrutura
e
Microestrutura
21
Jaborandi – Aí, o rapazinho fez tãe, tãe, tãe, tãe...
Cada murro! Os bandidos chega viravam.
Testa-Seca – Isso é mentira.
Jaborandi – Mentira o quê? É verdade.
Testa-Seca – É mentira.
Citonho – Eu, por mim, só acreditava se visse.
Jaborandi – E eu não vi?
Citonho – Você viu no cinematógrafo.
Paraíba – E como foi que terminou?
Jaborandi – (...) o artista pegou um revólver no chão e
Jaborandi–soldado, corneteiro, cinéfiloJaborandi–soldado, corneteiro, cinéfilo
22
meteu o dedo. Mas cadê bala? Aí, um bandido
apanhou um garfo (...) e partiu pro rapazinho. Ele foi
recuando(...)e trãe, pulou pela janela do décimo andar.
Citonho – Vai ver que nem morreu nem nada.
Jaborandi – Agora, só na próxima semana. (...)
Testa-Seca – (...) Quando eu cumprir a minha sentença
vou assistir uma série todinha, só pra torcer pela
quadrilha.
Jaborandi – Pois você perde o tempo, porque na
última série, queira ou não queira, os bandidos vão em
cana.
Jaborandi–soldado, corneteiro, cinéfiloJaborandi–soldado, corneteiro, cinéfilo
23
Leléu – o protagonista
funambulismo
Leléu – o protagonistaLeléu – o protagonista
Intertextualidade: ‘El burlador de Sevilla y
convidado de piedra’, C. 1630 – Tirso de Molina
e ‘Don Giovanni’, 1787, de Mozart e Da Ponte
25
26
Lapiau – Mas Leléu, nunca pensei que você ficasse
em cana. Você tinha escapado de tantas.
Testa Seca – De quantas? Isso é que a gente quer
saber. De quantas?
Lapiau – Quem sabe lá? De muitas. Qual foi o erro
aqui, Leléu?
Leléu – Ela não tinha nem dezesseis anos. Quinze
anos somente. E o pior é que eu sabia.
Lapiau – Quinze anos! Foi por isso que você nunca
me disse nada?
Leléu – Foi.
Característica: juanismo – 2º AtoCaracterística: juanismo – 2º Ato
27
Lapiau – E você queria bem a ela?
Leléu – Não. Nem isso. Eu vi um dia quando ela
passou. Tão nova! Aqueles peitos rombudos (...) Aí,
uma voz me disse: “você só tem poder para as
mulheres de 28 anos. Ou de 25. Pra uma assim você
não existe”. Então eu quis provar que isso era mentira.
(...)
Leléu – E depois de tudo, não valeu a pena. (...) te
garanto. Foi tão fácil, menos de oito dias. Qualquer
besta podia ter feito o mesmo. Ela é dessas (...) que
ninguém no mundo pode conquistar, porque já
Característica: juanismo – 2º AtoCaracterística: juanismo – 2º Ato
28
Lisbela – Leléu, por que você é assim? Por que tem
sempre que mudar de ocupação? De nome? Vagando
pelo mundo e trocando de mulher, sem ficar com
nenhuma?
Leléu – É minha sina.
Lisbela – Você quer assim. Não existe um nome que
lhe sirva? Não existe mulher que lhe mereça?
Leléu – Não me largue pilhérias.
Lisbela – Você não está respondendo.
Característica: funambulismo – 2º AtoCaracterística: funambulismo – 2º Ato
29
Leléu – Quando eu era pequeno... Eu nasci num lugar
chamado São José da Coroa Grande. Um dia, a gente
ouviu dizer que o Zepelim ia passar por lá. Foi um
alvoroço! (...) São José – a senhora conhece? – é uma
praia. Devia ser no verão (...) e a noite estava tão
bonita. Eu tinha uns oito anos. Quando vi, foi aquela
beleza atravessando o céu. Me esqueci de tudo e sai
andando atrás daquela claridade. Parece que estou
vendo. Fui andando, fui andando e me perdi. Todos
me procuravam. Eu ouvia aquelas vozes me chamando
longe... E assim tem sido a minha vida, sempre me
perdendo atrás do que é bonito.
Característica: funambulismo – 2º AtoCaracterística: funambulismo – 2º Ato
30
Leléu – aramista: proto-flanêurLeléu – aramista: proto-flanêur
Intertextualidade: Lalino Salãthiel,
de ‘A volta do marido pródigo’,
Sagarana, 1938/1946 – Guimarães Rosa
31
32
Frederico – antagonista
Ambivalência:
proteção e ameaça
Frederico – proteção / ameaça – 1º AtoFrederico – proteção / ameaça – 1º Ato
34
Frederico – Vou lhe dizer, velhinho. Meu nome é Vela
de Libra por causa da minha religiosidade. Toda vez
que sou forçado a sacar a moela de um cristão, vou na
primeira igreja que encontrar, acendo uma vela de
libra e rezo um padre-nosso pela alma dele.
Citonho – Mas sacar a moela, por que? (...)
Frederico – Por encomenda. Pode haver serviço mais
maneiro que matar gente? (...)
Citonho – (...) E você tem mesmo coragem (...), rapaz?
Frederico – Coragem, não tenho não. Eu tenho é
costume.
Frederico – ameaça – 1º AtoFrederico – ameaça – 1º Ato
35
Frederico – Pois foi coragem muita. Você se meteu
entre a cruz e a caldeirinha. Dum lado, os chifres do
boi; do outro, o meu 38. Você podia morrer das duas
mortes.
Leléu – a morte é cobrador sério(...)só recebe uma
vez.
Frederico – Você me parece que é corajoso e sabido. É
bom dever favor a um homem de coragem (...) O que
que você quer em pagamento?
Leléu – Muita bondade sua.
Frederico – Deixe de dengo, rapaz. Manda o serviço.
Frederico – proteção – 1º AtoFrederico – proteção – 1º Ato
Intertextualidade: Til, 1872 – José de
Alencar e A Hora e Vez de Augusto
Matraga, 1938/1946 – Guimarães Rosa
36
37
Heliodoro – Você não sabe que eu não sou sargento?
Por que não chama ‘Cabo Heliodoro’?
Leléu – É porque o senhor tem toda a pinta de
sargento.
Heliodoro – Conversa! (...)
Leléu – O senhor sabe o que eu queria ter, sargento?
A força dos touros. O aprumo de um cavalo puro-
sangue. (...) E livre, (...) como o vento num pasto. (...)
Heliodoro – Você às vezes tem um jeito enfeitado de
falar. Essa é a minha desgraça, não sei dizer uma coisa
desse jeito. (...)
Leléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º AtoLeléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º Ato
38
Heliodoro – Você sabe que eu também tenho um fraco
por mulher? (...) Mas (...) tem umas que só podem ter
sido feitas pelo diabo. E é sempre com essas que a
gente se casa, isso é que é de morte.
Leléu – Mas Heliodoro, que tristeza! Eu fazia de você
um homem bem casado!
Heliodoro – Ora, bem casado! A mulher parece um
papagaio.
Leléu – É verde?
Heliodoro – Quisera eu. Fala sem parar, é pior do que
um rádio. (...) Dá até vontade de arranjar outra mulher.
Leléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º AtoLeléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º Ato
39
Testa-Seca – Se Lapiau não lhe passar a corda, onde é
que você vai arranjar uma?
Leléu – Com o Ten. Guedes. (forte riso de mofa) Qual
é a graça? Não viram ainda agora o meu falar com a
moça? (...) É ela que vai fazer o pai me dar a corda.
(...) E sabe pra que é que Lapiau vai bancar o frade?
Pra casar de mentira o Cabo Heliodoro. Em paga, o
Cabo vai servir de leva e traz pra mim. (...)
Em seguida, começam a solfejar Vassourinhas.
Entram Citonho e Jaborandi; começam a dançar. De
repente, os presos se calam.(...)
Leléu, instaurador da desordem – 2º AtoLeléu, instaurador da desordem – 2º Ato
40
Ten. Guedes – Sim, senhor. Que falta de anarquia.
Este negócio aqui está virando frege, não é? Você
examinou de verdade essa viola, Citonho?
Cintonho – Examinei, Tenente.
Ten. Guedes – (A Leléu) Então, o cavalheiro também
gosta de música?...
Leléu – E quem é que não gosta, delegado? Quem
canta seus males espanta. (...)
Ten. Guedes – Não gosto que meus presos sejam
incomodados. Quero ver todo mundo satisfeito. (...)
Autoritarismo / Censura – 2º AtoAutoritarismo / Censura – 2º Ato
41
Dr. Noêmio – antagonista
42
Ten. Guedes – (...) O que que há com a menina? (...)
Lisbela – É sobre as minhas refeições, meu pai. Ele
acha que me alimento mal.
Ten. Guedes – (...) lá em casa, graças a Deus, ninguém
nunca passou fome.
Dr. Noêmio – Não se trata de quantidade, tenente. E
sim de qualidade.
Citonho – Dr. Noêmio, desculpe a indiscrição.
Andaram me falando de uma coisa, mas eu não quis
de maneira nenhuma acreditar. Me disseram que o
senhor é de uma raça que só come folha.
Dr. Noêmio – advogado e vegetariano – 1ºDr. Noêmio – advogado e vegetariano – 1º
AtoAto
43
Dr. Noêmio – advogado e vegetariano – 3ºDr. Noêmio – advogado e vegetariano – 3º
AtoAtoDr. Noêmio – Não, Tenente. O azar que eu digo é (...)
procurar sua noiva e não encontra-la de jeito nenhum.
Ten. Guedes – Como? Não encontra-la? (...) E o
senhor já foi na sua casa?
Dr. Noêmio – Já.
Ten. Guedes – E ela não estava?
Dr. Noêmio – Não. O que eu encontrei foi uma gaiola
aberta, (...) com um bilhetinho assim:
“O passarinho fugiu”. Estou de azar ou não estou?
44
Turning Point
45
Leléu – (A Heliodoro) Então?...
Heliodoro – Tudo certo... (numa explosão) Mas você
vai morrer, não tem santo que lhe salve. Fui
conversando com a moça, ela me deu os traços do
sujeito que quer lhe degolar. Leléu, o homem é o
mesmo.
Leléu – Que mesmo, senhor?
Heliodoro – O mesmo que queria lhe fazer favor (...).
Leléu – Não.
Heliodoro – É ele. A moça de Coripós deu toda a pinta
do irmão.
Frederico – ambivalência – 2º AtoFrederico – ambivalência – 2º Ato
46
Lisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º AtoLisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º Ato
Lisbela – Leléu, vou pedir a meu pai (...) O juiz pode
mandar você para o Recife.
Leléu – Não.
Lisbela – Lá você fica seguro. (...)
Leléu – Não quero ficar longe da senhora. A senhora é
minha paz, dona Lisbela. (...)
Lisbela – Você sabe que eu estou pra casar. (...)
Leléu – A senhora não é noiva no seu coração. (...)
Lisbela – Pois é, eu dei minha palavra e minha mão.
Leléu – (...) a senhora pra mim é a bandeira brasileira.
(...) Sabe que a bandeira grande só recebe o vento se
estiver presa num mastro muito forte?
Lisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º AtoLisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º Ato
48
Lisbela – co-protagonista
Lisbela – transgressão e liberdadeLisbela – transgressão e liberdade
50
Dr. Noêmio – Não é nada disso, Lisbelinha. É minha
esposa e devia estar em casa. Por que você foi?
Lisbela – Porque eu tinha de ir. (...) fui feito um andor,
na frente da procissão.
Dr. Noêmio – Você está variando. Isso é uma
profanação.
Lisbela – Fui com banda de música. Quando vi aquele
passarinho na gaiola... Pensei que minha vida inteira,
se eu ficasse, ia ser assim, vida de triste, de quem
desejou, de quem quis de corpo e alma e, mesmo
assim, não fez. Fui e vou toda vez que ele me chame.
Lisbela – transgressão e liberdade – 3º AtoLisbela – transgressão e liberdade – 3º Ato
51
Interpretação
52
O que atrai Lisbela em Leléu é a liberdade – 3º AtoO que atrai Lisbela em Leléu é a liberdade – 3º Ato
Dr. Noêmio – E você vai deixar de querer-bem a mim,
Lisbela, pra querer um sujeito como aquele? Um
desclassificado? (...) um joão-ninguém, um vagabundo
Lisbela – Ele não é nada dessas coisas. É um homem,
isto sim.
Dr. Noêmio – Tenente! O senhor sabia disso? (...)
Lisbela – (a Dr. Noêmio) – Eu ia tentar. Ia tentar ser
uma boa esposa pra você. Ia tentar até deixar de comer
carne, ia tomar cuidado pra seu almoço de folhas não
murchar. Mas ele havia dito, que no dia que mandasse
o passarinho, eu devia espera-lo vestida de homem. E
que, se ele chegasse antes, esperava por mim.
Discrepância entre a peça e o filmeDiscrepância entre a peça e o filme
54
Frederico – (...) Vamos embora, senhor.
Leléu – Você vai (...) arrancar minha cabeça aqui. Eu
sei que você é irmão de Inaura! (...) O que se fez, se
fez. Você matar-me não vai consertar nada.
Frederico – Para com a tagarelice. (...)
Citonho (colocando-se entre eles) – Não vá não, Leléu
Frederico – Velho, não me tire a paciência. (...) vou
contar até cinco (...) Um... dois... três... (Quando vai
contar quatro,(...) ouve-se um disparo, mas é Vela de
Libra que cai. Entra Lisbela com a arma de Jaborandi)
Leléu – Lisbela! Minha bandeira brasileira!
Lisbela: heroicidade transgressora – 3º AtoLisbela: heroicidade transgressora – 3º Ato
55
Leléu – Dona, vamos embora comigo. Agora sou eu
que quero ir.
Lisbela – Eu matei um homem. (...)
Dr. Noêmio – Ela não vai (...). Ela é minha esposa.
Leléu – A senhora tem de desaparecer (...) Vamos
embora comigo, não me custa mudar outra vez de
nome e de profissão. (...)
Dr. Noêmio – Ele vai lhe abandonar, Lisbela. Como
abandonou as outras.
Lisbela – Não me importa. Quero queimar a minha
vida de uma vez, num fogo muito forte.
Lisbela – atração pela liberdade – 3º AtoLisbela – atração pela liberdade – 3º Ato
56
Lisbela – Quero ir.
Ten. Guedes – Lisbela!
Lisbela – Quero ir. Nunca serei feliz como esta noite,
junto dele ouvindo nas estradas as batidas dos cascos
dos cavalos.
Ten. Guedes – Seja feliz... se puder.
Dr. Noêmio – Tenente! (Lisbela e Leléu só para o
velho Citonho têm um gesto de afeição. Lisbela toma
a mão de Leléu. Vão saindo.)
Citonho – Aqueles dois vão dar certo: é o testo e a
panela.
Ten. Guedes – humanização pelo afeto – 3º AtoTen. Guedes – humanização pelo afeto – 3º Ato
Lisbela: heroicidade transgressoraLisbela: heroicidade transgressora
InterpretaçãoInterpretação
Alguns pensadores contemporâneos (Zizek, Badiou,
Bauman e Lipovetsky), embora muito diferentes entre
si (e com diferentes propósitos), aproximam-se ao
considerarem o amor constante como uma expressão
da liberdade e como um antídoto para a excessiva
fluidez que caracteriza nossa época.
"Se o desejo quer consumir, o amor quer possuir.
Enquanto a realização do desejo coincide com a
aniquilação de seu objeto, o amor cresce com a
aquisição deste e se realiza na sua durabilidade. Se o
desejo se autodestrói, o amor se autoperpetua” - Bauman
Uma história sobre um amor libertárioUma história sobre um amor libertário
Referências eletrônicas e bibliográficas:Referências eletrônicas e bibliográficas:
http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao21/artigos/artigo16.pdf
http://www.osman.lins.nom.br/pg_vida.htm
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo399379/companhia-tonia-
celi-autran
http://zonacurva.com.br/ha-45-anos-o-ai-5-mergulhou-o-pais-na-
escuridao/
http://virtualiaomanifesto.blogspot.com.br/2008/05/censura-do-governo-
militar-e-as-novelas.html
: https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/roque-santeiro-ou-o-
berco-do-heroi.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Ber%C3%A7o_do_Her%C3%B3i
http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/campanha/censur
a-nos-meios-de-comunicacao/
http://www.proin.usp.br/download/artigo/artigo_fases_ciclo_militar.pdf

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Lisbela e o Prisioneiro de Osman Lins

  • 1. 1 Lisbela e o Prisioneiro –1961/63/64Lisbela e o Prisioneiro –1961/63/64 Prof. Welington FernandesProf. Welington Fernandes Grupo Canastra Real, dir. Ricardo Batista (Cadinho), BH - MG
  • 2. 2 Osman Lins – (Osman Lins – (1924 –1978)
  • 3. 3 Esboço biográfico de Osman LinsEsboço biográfico de Osman Lins Osman Lins nasceu em Vitória do Santo Antão (PE), órfão de mãe desde muito cedo. Aos 16 anos, mudou-se para o Recife, quando trabalha no Banco do Brasil. Em 1940, casou-se e teve três filhas. Em 1950 ganhou um concurso literário com o conto "O Eco“. Estreou na ficção com o romance, "O Visitante", em 1955. Em 1958, estudou dramaturgia (foi aluno de Suassuna). Sua 1ª peça a ser encenada foi "Lisbela e o prisioneiro”, 1961. No início dos anos 1960, viveu na Europa. De volta ao Brasil em 1966, publicou contos, ensaios e a peça de teatro, "Guerra do Cansa-Cavalo". Em 1970, tornou-se professor universitário de literatura brasileira. Defendeu também uma tese de doutoramento sobre o escritor Lima Barreto. Em 1973, publicou o enigmático e elogiado romance "Avalovara”.
  • 4. 4 Algumas de suas obras mais importantesAlgumas de suas obras mais importantes - O visitante, romance, 1955. - Os gestos, contos, 1957. - O fiel e a pedra, romance, 1961. - Marinheiro de primeira viagem, literatura de viagem, 1963. - Lisbela e o Prisioneiro, teatro, 1963 (SBAT) e 1964 (Letras e Artes) - Capa-Verde e o Natal, teatro infantil, 1967. - Guerra sem testemunhas- o escritor, sua condição e a realidade social, ensaio, 1969. - Avalovara, romance, 1973. - Lima Barreto e o espaço romanesco, ensaio, 1976. - A rainha dos cárceres da Grécia, romance, 1976 - Missa do Galo-Variações sobre o mesmo tema, org. e part., 1977. - Casos especiais de Osman Lins, novelas adaptadas para a Globo, 1978.
  • 5. 5 Reencontro Ontem, treze anos depois da sua morte, voltei a me encontrar com Osman Lins. O encontro foi no porão de um antigo convento, sob cujo teto baixo ele encenava a primeira peça do seu Teatro do Infinito. A peça, Vitória da dignidade sobre a violência, não tinha palavras: ele já não precisava delas. Tampouco disse coisa alguma quando o fui cumprimentar. Mas o seu sorriso era tão luminoso que eu acordei. José Paulo Paes Singela homenagemSingela homenagem
  • 6. 6 Antonio Candido considera que: “Osman Lins foi passando do realismo corriqueiro para uma notável inquietação experimental que o atualizava incessantemente. Avalovara representa na literatura brasileira atual um momento de decisiva modernidade, porque o autor exerce 'uma vigilância constante sobre o seu romance, integrando-o num rigor só outorgado, via de regra, a algumas formas poéticas'. (...) se situa numa ambiguidade ilimitada”. Fortuna críticaFortuna crítica http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao21/artigos/arti go16.pdf
  • 7. 7 Acerca de Avalovara, prestigiado escritor (contemporâneo de Osman Lins) Júlio Cortazar declarou o seguinte: “Se eu tivesse escrito esse livro, poderia passar mais 20 anos sem fazer mais nada” Fortuna críticaFortuna crítica http://www.osman.lins.nom.br/homenagem.asp?id=2
  • 8. 8 Fundada pelos artistas Tônia Carrero, Paulo Autran e Adolfo Celi, em 1956, a companhia foi formada por ex-integrantes do TBC. Os princípios do CTCA eram: a interpretação isenta de estrelismo, a preponderância do texto e a homogeneidade estética. A busca de novos autores levou a CTCA a criar um concurso de dramaturgia. (...) A obra vencedora da 2ª edição do concurso foi Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, que foi dirigida por Celi e Carlos Kroeber, em 1961. Os textos nitidamente políticos, de grande aceitação, nos grupos Arena e Oficina, não interessavam ao italiano que fugira de Mussolini e que recusava qualquer vínculo entre teatro e política. Companhia Tônia-Celi-Autran – 1956/1962
  • 9. 9 Tonia Carreiro, A. Celi e Paulo AutranTonia Carreiro, A. Celi e Paulo Autran
  • 10. Tonia Carreiro, A. Celi e Paulo AutranTonia Carreiro, A. Celi e Paulo Autran
  • 11. 11 1961 – A renúncia de Jânio Quadros e a entrada do vice, João Goulart, deflagra uma crise política no país. A oposição, (UDN e PSD), acusa Jango, de estar planejando um golpe de esquerda. 13/03/1964 – João Goulart defende as Reformas de Base; 19/03/1964 – 500 mil pessoas na Marcha da Família com Deus pela Liberdade. 31/03/1964 – Tropas mineiras e paulistas saem às ruas; João Goulart foge para o Uruguai; 09/04/1964 – Foi decretado o AI-1, que permitia aos militares cassar os mandatos dos que se opunham ao regime militar. Contexto histórico: início da déc de 1960
  • 12. 12 Segundo dados apresentados por Zuenir Ventura na obra 1968 – O ano que não terminou, foram censurados: “cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros, dezenas de programas de rádio, 100 revistas, mais de 500 letras de música e uma dúzia de capítulos e sinopses de telenovelas” A censura desempenhou papel fundamental na implantação e na consolidação da ditadura, silenciando uns e servindo a outros. Importante ressaltar que houve abençoados pela censura, que construíram impérios de comunicações. A censura: panorama
  • 13. 13 Dias Gomes, que fora censurado pelo DIP, em 1942, voltou a ser censurado em 1975: na véspera da estreia, a novela ‘Roque Santeiro’ foi impedida de ser apresentada. A Delegacia de Ordem Pública e Social (DOPS), descobriu que o dramaturgo estava a adaptar o texto teatral “O Berço do Herói”, que ele próprio escrevera em 1963 e cuja estreia (dirigida por Abujamra) fora proibida em 1965. A história não foi ao ar, acabou sendo substituída por uma reprise compacta de “Selva de Pedra”. A obra (na verdade, uma versão dela) só foi liberada dez anos depois, em 1985, trazendo Lima Duarte no papel de Sinhozinho Malta, Regina Duarte (Porcina) e José Wilker (Roque) como protagonistas. A novela tornar-se-ia um dos maiores sucessos da televisão brasileira. Casos famosos: Roque Santeiro, de Dias Gomes
  • 14. Protagonistas na versão de 1985Protagonistas na versão de 1985
  • 15. 15 Casos famosos: capa e contracapa do LP de Gal Costa, 1973
  • 16. 16 Sinopse e comentário – Sandra NitriniSinopse e comentário – Sandra Nitrini Lisbela, filha do Ten. Guedes, delegado da Cadeia de Santo Antão, forma par amoroso com o funâmbulo Leléu, um Don Juan nordestino. Esse casal anticonvencional assume riscos em nome de sentimentos intensos. Lisbela foge com Leléu, no dia de seu casamento com Dr. Noêmio, advogado vegetariano, por isso mesmo, personagem destoante do meio em que se encontra, alvo de muitas tiradas cômicas. Ao marido, doutor, representante do estabelecido e da segurança, a jovem prefere Leléu, o artista de circo preso, com tudo o que este significa de risco e subversão dos valores vigentes.
  • 17. 17 Sinopse e comentário – Sandra NitriniSinopse e comentário – Sandra Nitrini Lisbela é a única mulher que atua em cena; é ela quem livra Leléu da morte, ao ‘atirar’ em Frederico, quando este apontava a arma para Leléu. Dessa forma, parece e julga ter se tornado uma criminosa, colocando o pai numa situação incômoda. Para livrar a própria filha da cadeia, este usará expedientes comprometedores para a lisura de uma autoridade, com o fito de ocultar a autoria do suposto crime. No entanto, no desfecho da peça revela-se que Frederico morreu de morte natural. Por suas ações, Lisbela não apenas renega os mesquinhos valores, mas também expõe as fraturas da sociedade patriarcal.
  • 18. 18 - Jaborandi – Soldado e corneteiro - Testa Seca – Preso - Citonho – Carcereiro - Paraíba – Preso - Ten. Guedes – Delegado - Leléu – Aramista e prisioneiro (protagonista) - Juvenal – Soldado - Heliodoro – Cabo de destacamento - Lisbela – Filha do Ten. Guedes - Dr. Noêmio – Advogado, vegetariano e noivo dela Personagens por ordem de aparição:Personagens por ordem de aparição:
  • 19. 19 - Tãozinho – Vendedor ambulante de passarinhos - Frederico – Assassino profissional - Lapiau (José) – Artista de circo. Amigo de Leléu Personagens sem fala ou apenas mencionados: - Inaura – Uma adolescente seduzida por Leléu - Francisquinha – Amante de Tãozinho - Raimundinho – Abandonado por Francisquinha - Dois soldados Personagens por ordem de aparição:Personagens por ordem de aparição:
  • 21. 21 Jaborandi – Aí, o rapazinho fez tãe, tãe, tãe, tãe... Cada murro! Os bandidos chega viravam. Testa-Seca – Isso é mentira. Jaborandi – Mentira o quê? É verdade. Testa-Seca – É mentira. Citonho – Eu, por mim, só acreditava se visse. Jaborandi – E eu não vi? Citonho – Você viu no cinematógrafo. Paraíba – E como foi que terminou? Jaborandi – (...) o artista pegou um revólver no chão e Jaborandi–soldado, corneteiro, cinéfiloJaborandi–soldado, corneteiro, cinéfilo
  • 22. 22 meteu o dedo. Mas cadê bala? Aí, um bandido apanhou um garfo (...) e partiu pro rapazinho. Ele foi recuando(...)e trãe, pulou pela janela do décimo andar. Citonho – Vai ver que nem morreu nem nada. Jaborandi – Agora, só na próxima semana. (...) Testa-Seca – (...) Quando eu cumprir a minha sentença vou assistir uma série todinha, só pra torcer pela quadrilha. Jaborandi – Pois você perde o tempo, porque na última série, queira ou não queira, os bandidos vão em cana. Jaborandi–soldado, corneteiro, cinéfiloJaborandi–soldado, corneteiro, cinéfilo
  • 23. 23 Leléu – o protagonista funambulismo
  • 24. Leléu – o protagonistaLeléu – o protagonista
  • 25. Intertextualidade: ‘El burlador de Sevilla y convidado de piedra’, C. 1630 – Tirso de Molina e ‘Don Giovanni’, 1787, de Mozart e Da Ponte 25
  • 26. 26 Lapiau – Mas Leléu, nunca pensei que você ficasse em cana. Você tinha escapado de tantas. Testa Seca – De quantas? Isso é que a gente quer saber. De quantas? Lapiau – Quem sabe lá? De muitas. Qual foi o erro aqui, Leléu? Leléu – Ela não tinha nem dezesseis anos. Quinze anos somente. E o pior é que eu sabia. Lapiau – Quinze anos! Foi por isso que você nunca me disse nada? Leléu – Foi. Característica: juanismo – 2º AtoCaracterística: juanismo – 2º Ato
  • 27. 27 Lapiau – E você queria bem a ela? Leléu – Não. Nem isso. Eu vi um dia quando ela passou. Tão nova! Aqueles peitos rombudos (...) Aí, uma voz me disse: “você só tem poder para as mulheres de 28 anos. Ou de 25. Pra uma assim você não existe”. Então eu quis provar que isso era mentira. (...) Leléu – E depois de tudo, não valeu a pena. (...) te garanto. Foi tão fácil, menos de oito dias. Qualquer besta podia ter feito o mesmo. Ela é dessas (...) que ninguém no mundo pode conquistar, porque já Característica: juanismo – 2º AtoCaracterística: juanismo – 2º Ato
  • 28. 28 Lisbela – Leléu, por que você é assim? Por que tem sempre que mudar de ocupação? De nome? Vagando pelo mundo e trocando de mulher, sem ficar com nenhuma? Leléu – É minha sina. Lisbela – Você quer assim. Não existe um nome que lhe sirva? Não existe mulher que lhe mereça? Leléu – Não me largue pilhérias. Lisbela – Você não está respondendo. Característica: funambulismo – 2º AtoCaracterística: funambulismo – 2º Ato
  • 29. 29 Leléu – Quando eu era pequeno... Eu nasci num lugar chamado São José da Coroa Grande. Um dia, a gente ouviu dizer que o Zepelim ia passar por lá. Foi um alvoroço! (...) São José – a senhora conhece? – é uma praia. Devia ser no verão (...) e a noite estava tão bonita. Eu tinha uns oito anos. Quando vi, foi aquela beleza atravessando o céu. Me esqueci de tudo e sai andando atrás daquela claridade. Parece que estou vendo. Fui andando, fui andando e me perdi. Todos me procuravam. Eu ouvia aquelas vozes me chamando longe... E assim tem sido a minha vida, sempre me perdendo atrás do que é bonito. Característica: funambulismo – 2º AtoCaracterística: funambulismo – 2º Ato
  • 30. 30 Leléu – aramista: proto-flanêurLeléu – aramista: proto-flanêur
  • 31. Intertextualidade: Lalino Salãthiel, de ‘A volta do marido pródigo’, Sagarana, 1938/1946 – Guimarães Rosa 31
  • 33. Frederico – proteção / ameaça – 1º AtoFrederico – proteção / ameaça – 1º Ato
  • 34. 34 Frederico – Vou lhe dizer, velhinho. Meu nome é Vela de Libra por causa da minha religiosidade. Toda vez que sou forçado a sacar a moela de um cristão, vou na primeira igreja que encontrar, acendo uma vela de libra e rezo um padre-nosso pela alma dele. Citonho – Mas sacar a moela, por que? (...) Frederico – Por encomenda. Pode haver serviço mais maneiro que matar gente? (...) Citonho – (...) E você tem mesmo coragem (...), rapaz? Frederico – Coragem, não tenho não. Eu tenho é costume. Frederico – ameaça – 1º AtoFrederico – ameaça – 1º Ato
  • 35. 35 Frederico – Pois foi coragem muita. Você se meteu entre a cruz e a caldeirinha. Dum lado, os chifres do boi; do outro, o meu 38. Você podia morrer das duas mortes. Leléu – a morte é cobrador sério(...)só recebe uma vez. Frederico – Você me parece que é corajoso e sabido. É bom dever favor a um homem de coragem (...) O que que você quer em pagamento? Leléu – Muita bondade sua. Frederico – Deixe de dengo, rapaz. Manda o serviço. Frederico – proteção – 1º AtoFrederico – proteção – 1º Ato
  • 36. Intertextualidade: Til, 1872 – José de Alencar e A Hora e Vez de Augusto Matraga, 1938/1946 – Guimarães Rosa 36
  • 37. 37 Heliodoro – Você não sabe que eu não sou sargento? Por que não chama ‘Cabo Heliodoro’? Leléu – É porque o senhor tem toda a pinta de sargento. Heliodoro – Conversa! (...) Leléu – O senhor sabe o que eu queria ter, sargento? A força dos touros. O aprumo de um cavalo puro- sangue. (...) E livre, (...) como o vento num pasto. (...) Heliodoro – Você às vezes tem um jeito enfeitado de falar. Essa é a minha desgraça, não sei dizer uma coisa desse jeito. (...) Leléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º AtoLeléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º Ato
  • 38. 38 Heliodoro – Você sabe que eu também tenho um fraco por mulher? (...) Mas (...) tem umas que só podem ter sido feitas pelo diabo. E é sempre com essas que a gente se casa, isso é que é de morte. Leléu – Mas Heliodoro, que tristeza! Eu fazia de você um homem bem casado! Heliodoro – Ora, bem casado! A mulher parece um papagaio. Leléu – É verde? Heliodoro – Quisera eu. Fala sem parar, é pior do que um rádio. (...) Dá até vontade de arranjar outra mulher. Leléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º AtoLeléu, a lábia; Heliodoro, o ingênuo – 2º Ato
  • 39. 39 Testa-Seca – Se Lapiau não lhe passar a corda, onde é que você vai arranjar uma? Leléu – Com o Ten. Guedes. (forte riso de mofa) Qual é a graça? Não viram ainda agora o meu falar com a moça? (...) É ela que vai fazer o pai me dar a corda. (...) E sabe pra que é que Lapiau vai bancar o frade? Pra casar de mentira o Cabo Heliodoro. Em paga, o Cabo vai servir de leva e traz pra mim. (...) Em seguida, começam a solfejar Vassourinhas. Entram Citonho e Jaborandi; começam a dançar. De repente, os presos se calam.(...) Leléu, instaurador da desordem – 2º AtoLeléu, instaurador da desordem – 2º Ato
  • 40. 40 Ten. Guedes – Sim, senhor. Que falta de anarquia. Este negócio aqui está virando frege, não é? Você examinou de verdade essa viola, Citonho? Cintonho – Examinei, Tenente. Ten. Guedes – (A Leléu) Então, o cavalheiro também gosta de música?... Leléu – E quem é que não gosta, delegado? Quem canta seus males espanta. (...) Ten. Guedes – Não gosto que meus presos sejam incomodados. Quero ver todo mundo satisfeito. (...) Autoritarismo / Censura – 2º AtoAutoritarismo / Censura – 2º Ato
  • 41. 41 Dr. Noêmio – antagonista
  • 42. 42 Ten. Guedes – (...) O que que há com a menina? (...) Lisbela – É sobre as minhas refeições, meu pai. Ele acha que me alimento mal. Ten. Guedes – (...) lá em casa, graças a Deus, ninguém nunca passou fome. Dr. Noêmio – Não se trata de quantidade, tenente. E sim de qualidade. Citonho – Dr. Noêmio, desculpe a indiscrição. Andaram me falando de uma coisa, mas eu não quis de maneira nenhuma acreditar. Me disseram que o senhor é de uma raça que só come folha. Dr. Noêmio – advogado e vegetariano – 1ºDr. Noêmio – advogado e vegetariano – 1º AtoAto
  • 43. 43 Dr. Noêmio – advogado e vegetariano – 3ºDr. Noêmio – advogado e vegetariano – 3º AtoAtoDr. Noêmio – Não, Tenente. O azar que eu digo é (...) procurar sua noiva e não encontra-la de jeito nenhum. Ten. Guedes – Como? Não encontra-la? (...) E o senhor já foi na sua casa? Dr. Noêmio – Já. Ten. Guedes – E ela não estava? Dr. Noêmio – Não. O que eu encontrei foi uma gaiola aberta, (...) com um bilhetinho assim: “O passarinho fugiu”. Estou de azar ou não estou?
  • 45. 45 Leléu – (A Heliodoro) Então?... Heliodoro – Tudo certo... (numa explosão) Mas você vai morrer, não tem santo que lhe salve. Fui conversando com a moça, ela me deu os traços do sujeito que quer lhe degolar. Leléu, o homem é o mesmo. Leléu – Que mesmo, senhor? Heliodoro – O mesmo que queria lhe fazer favor (...). Leléu – Não. Heliodoro – É ele. A moça de Coripós deu toda a pinta do irmão. Frederico – ambivalência – 2º AtoFrederico – ambivalência – 2º Ato
  • 46. 46 Lisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º AtoLisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º Ato Lisbela – Leléu, vou pedir a meu pai (...) O juiz pode mandar você para o Recife. Leléu – Não. Lisbela – Lá você fica seguro. (...) Leléu – Não quero ficar longe da senhora. A senhora é minha paz, dona Lisbela. (...) Lisbela – Você sabe que eu estou pra casar. (...) Leléu – A senhora não é noiva no seu coração. (...) Lisbela – Pois é, eu dei minha palavra e minha mão. Leléu – (...) a senhora pra mim é a bandeira brasileira. (...) Sabe que a bandeira grande só recebe o vento se estiver presa num mastro muito forte?
  • 47. Lisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º AtoLisbela tenta proteger Leléu. Ele a corteja – 2º Ato
  • 49. Lisbela – transgressão e liberdadeLisbela – transgressão e liberdade
  • 50. 50 Dr. Noêmio – Não é nada disso, Lisbelinha. É minha esposa e devia estar em casa. Por que você foi? Lisbela – Porque eu tinha de ir. (...) fui feito um andor, na frente da procissão. Dr. Noêmio – Você está variando. Isso é uma profanação. Lisbela – Fui com banda de música. Quando vi aquele passarinho na gaiola... Pensei que minha vida inteira, se eu ficasse, ia ser assim, vida de triste, de quem desejou, de quem quis de corpo e alma e, mesmo assim, não fez. Fui e vou toda vez que ele me chame. Lisbela – transgressão e liberdade – 3º AtoLisbela – transgressão e liberdade – 3º Ato
  • 52. 52 O que atrai Lisbela em Leléu é a liberdade – 3º AtoO que atrai Lisbela em Leléu é a liberdade – 3º Ato Dr. Noêmio – E você vai deixar de querer-bem a mim, Lisbela, pra querer um sujeito como aquele? Um desclassificado? (...) um joão-ninguém, um vagabundo Lisbela – Ele não é nada dessas coisas. É um homem, isto sim. Dr. Noêmio – Tenente! O senhor sabia disso? (...) Lisbela – (a Dr. Noêmio) – Eu ia tentar. Ia tentar ser uma boa esposa pra você. Ia tentar até deixar de comer carne, ia tomar cuidado pra seu almoço de folhas não murchar. Mas ele havia dito, que no dia que mandasse o passarinho, eu devia espera-lo vestida de homem. E que, se ele chegasse antes, esperava por mim.
  • 53. Discrepância entre a peça e o filmeDiscrepância entre a peça e o filme
  • 54. 54 Frederico – (...) Vamos embora, senhor. Leléu – Você vai (...) arrancar minha cabeça aqui. Eu sei que você é irmão de Inaura! (...) O que se fez, se fez. Você matar-me não vai consertar nada. Frederico – Para com a tagarelice. (...) Citonho (colocando-se entre eles) – Não vá não, Leléu Frederico – Velho, não me tire a paciência. (...) vou contar até cinco (...) Um... dois... três... (Quando vai contar quatro,(...) ouve-se um disparo, mas é Vela de Libra que cai. Entra Lisbela com a arma de Jaborandi) Leléu – Lisbela! Minha bandeira brasileira! Lisbela: heroicidade transgressora – 3º AtoLisbela: heroicidade transgressora – 3º Ato
  • 55. 55 Leléu – Dona, vamos embora comigo. Agora sou eu que quero ir. Lisbela – Eu matei um homem. (...) Dr. Noêmio – Ela não vai (...). Ela é minha esposa. Leléu – A senhora tem de desaparecer (...) Vamos embora comigo, não me custa mudar outra vez de nome e de profissão. (...) Dr. Noêmio – Ele vai lhe abandonar, Lisbela. Como abandonou as outras. Lisbela – Não me importa. Quero queimar a minha vida de uma vez, num fogo muito forte. Lisbela – atração pela liberdade – 3º AtoLisbela – atração pela liberdade – 3º Ato
  • 56. 56 Lisbela – Quero ir. Ten. Guedes – Lisbela! Lisbela – Quero ir. Nunca serei feliz como esta noite, junto dele ouvindo nas estradas as batidas dos cascos dos cavalos. Ten. Guedes – Seja feliz... se puder. Dr. Noêmio – Tenente! (Lisbela e Leléu só para o velho Citonho têm um gesto de afeição. Lisbela toma a mão de Leléu. Vão saindo.) Citonho – Aqueles dois vão dar certo: é o testo e a panela. Ten. Guedes – humanização pelo afeto – 3º AtoTen. Guedes – humanização pelo afeto – 3º Ato
  • 57. Lisbela: heroicidade transgressoraLisbela: heroicidade transgressora
  • 58. InterpretaçãoInterpretação Alguns pensadores contemporâneos (Zizek, Badiou, Bauman e Lipovetsky), embora muito diferentes entre si (e com diferentes propósitos), aproximam-se ao considerarem o amor constante como uma expressão da liberdade e como um antídoto para a excessiva fluidez que caracteriza nossa época. "Se o desejo quer consumir, o amor quer possuir. Enquanto a realização do desejo coincide com a aniquilação de seu objeto, o amor cresce com a aquisição deste e se realiza na sua durabilidade. Se o desejo se autodestrói, o amor se autoperpetua” - Bauman
  • 59. Uma história sobre um amor libertárioUma história sobre um amor libertário
  • 60. Referências eletrônicas e bibliográficas:Referências eletrônicas e bibliográficas: http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao21/artigos/artigo16.pdf http://www.osman.lins.nom.br/pg_vida.htm http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo399379/companhia-tonia- celi-autran http://zonacurva.com.br/ha-45-anos-o-ai-5-mergulhou-o-pais-na- escuridao/ http://virtualiaomanifesto.blogspot.com.br/2008/05/censura-do-governo- militar-e-as-novelas.html : https://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/roque-santeiro-ou-o- berco-do-heroi.html https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Ber%C3%A7o_do_Her%C3%B3i http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/campanha/censur a-nos-meios-de-comunicacao/ http://www.proin.usp.br/download/artigo/artigo_fases_ciclo_militar.pdf