O documento descreve a jornada do empresário Cláudio Marcellini, desde sua juventude até a fundação da empresa de consultoria digital Frankia Virtual. Marcellini sempre quis ter seu próprio negócio e começou importando produtos dos EUA. Anos depois, ele percebeu o potencial da internet e passou a oferecer consultoria digital, ajudando outros empreendedores. Atualmente a Frankia Virtual tem 700 clientes e ajuda empresas a usar a internet para gerar valor e vendas.
1. Negócios&Oportunidades
MATHEUSMÜLLER
DAREDAÇÃO
Nascido em uma família de
classemédiaalta,oempresário
Cláudio Marcellini, fundador
daMSHoldingCorpS/A(con-
sultoriaeinclusãodigital),sem-
pre teve de tudo durante sua
juventude, do melhor ensino
àsviagensdesejadas.Noentan-
to, nunca pôde optar pela pro-
fissão que escolheria, devido a
uma imposição dos pais para
quefosse médicoou advogado.
Semconcordarcomtalobriga-
ção, aos 17 anos saiu de casa e
passou a vender produtos im-
portados dos Estados Unidos
parasuprirsuasnecessidades.
Mesmo antes de deixar a ca-
sa dos pais para viver em um
quitinete em São Paulo, ele ga-
rante que sempre quis ter o
próprionegócio.“Nuncagostei
da ideia de trabalhar para al-
guém eu já tinha o objetivo de
ter algo meu”. Nesse período
estudou e se formou em Admi-
nistraçãodeEmpresaseAdmi-
nistração Hoteleira na Funda-
ção Armando Alvares Pentea-
do(Faap).
Para conseguir se manter so-
zinho e pagar as próprias con-
tas,oempresáriocomeçouaim-
portar e vender produtos por
encomenda.“Eu tinhaquepro-
duzir valor para que tivesse
uma vida como antes e, aí sim,
por uma questão de necessida-
de aliada à vontade, eu passei a
ter aquela que é uma das coisas
mais importantes para um em-
preendedor:acoragem”.
Elecontaquepermaneceuco-
mo um vendedor informal por
aproximadamente dois anos,
quando resolveu procurar um
contador para dar uma orienta-
çãolegalaoseunegócio“Apartir
domomentoqueeufizisso,con-
seguiatingirnichosdemercado,
comoumaloja,umadistribuido-
raqueanteseunãotinha”.
Marcellini lembra que com
o aumento dos pedidos pas-
sou a atender um público
maior. “Da venda eu comecei
a importar. O dólar era baixo
e passei a distribuir os produ-
tos. Isso me deu um upgrade
financeiro. Se eu ganhava R$
2 mil, passei a ganhar R$ 20
mil e tudo isso era muito no-
vo. Mas foi importante. por-
que fui obrigado a amadure-
cermuito cedo”.
Porém,comoelediz,“omun-
do dos negócios tem altos e
baixos a todo instante”. O dó-
lar subiu e a estrutura monta-
da por Marcellini não era mais
compatível com essa mudança
de mercado. “Percebi que o lu-
cro se transformou em prejuí-
zo, porque quando você tem
funcionários e escritórios você
tem custos. Nesse momento
fiquei meio aéreo, sem saber
paraondeir”.
Foi quando um amigo, recém
chegado de Londres, sugeriu
queeleutilizasse ainternet para
venderseusprodutos.“Issoacon-
teceu entre os anos de 1999 e
2000. Eu mal sabia ligar um
computador, não entendia na-
da”.Atraídopelaideiadereduzir
custosevoltaraobterlucro,Mar-
cellini resolveu fazer uma série
de cursos. Segundo ele, todos
“muito superficiais, como são
atéhoje”.
“Entrei no mercado digital,
com a cara, a coragem e al-
gum dinheiro, mas não foi
suficiente.No primeiroanosó
tive dor de cabeça. Acreditava
que bastava montar um site e
as coisas se vendiam, e não é
assim. O site demanda o mes-
mo trabalho que uma loja físi-
ca, a diferença é que o custo é
simbólico e a abrangência é
muitogrande”.
Ele conta que precisava tor-
narapáginaconhecidadopúbli-
co e, com conhecimento, fazer
anúnciosquejustificassemova-
lor investido. “Eu fiz uma série
de cursos que não foram sufi-
cientes,principalmentena prá-
tica e, por isso, demorou dois
anos para que eu pudesse me
estabelecer com algum grau de
profissionalismo”.
No exterior, onde a internet
já era mais difundida e o uso
mais voltado para os negócios,
Marcellini aprendeu muitas
das coisas que sabe hoje. No
entanto, afirma ter aprendido
muitacoisanaprática.
Ele lembra ter enfrentado
diversosproblemas,comopro-
dutos extraviados, furto no
mecanismo de entrega, clien-
te que comprou e disse que
nãorecebeu.
“Era uma série de variáveis
incontroláveis, que indepen-
dem da vontade do empreen-
dedor. Se eu tivesse uma me-
lhor capacitação, alguns pro-
blemas que eu tive poderiam
serevitados,talvezeunãoper-
desse R$ 200 mil em fraudes
nainternet,algoquemedesca-
pitalizoupordoisanos”.
E acrescenta: “Para um pe-
quenoempresárioissoémuito,
como foi. Eu perdi o fôlego e
fiquei uns dois meses tratando
muito mais as emoções do que
a questão material, mas isso
medeubagagem,conhecimen-
to e eu percebi que a internet é
umaoportunidademasquevo-
cêtemquesaberjogar”.
CONSULTORIAEINCLUSÃO
Mais maduro nos negócios e
com um conhecimento maior
da ferramenta e do segmento
deempreendimento,Marcelli-
nipercebeuquehaviasetorna-
domaisumnomercado.
“Eu sempre tive a filosofia
de que é muito mais fácil
você ganhar em algo que nin-
guém conhece e nunca viu,
do que naquilo que todo mun-
do já faz. Foi aí que pensei:
melhor do que ter uma loja
virtual é ter uma empresa
que ensine as pessoas e as
empresas como usar a inter-
net como um canal de rique-
za, de produção de valores e
desenvolvimento”.
A Frankia Virtual, empre-
sa criada em 2000 – apesar
do nome ela não é uma fran-
queadora – surgiu justamen-
te para ocupar esse espaço
ainda não explorado no País.
O empresário conta que no
começo foi difícil porque as
pessoas acreditavam já nas-
cer sabendo como mexer na
ferramenta.
“Eu ia dar palestras de con-
sultoriaeouvia:‘eunãopreciso
disso, eu sou um empreende-
dor’. Empreender não é tarefa
fácil é não é todo mundo que
nasceu para isso. É preciso ter
coragem, vontade e, acima de
tudo,assumirriscos”.
A Frankia Virtual visa oti-
mizar o que a empresa é no
mundo físico na internet, re-
duzir custos operacionais e
ampliar as vendas do negó-
cio. “Isso é muito difícil de
explicar e de mensurar. No
primeiro ano tivemos meia
dúzia de clientes”. Hoje aten-
dem cerca de 700 clientes
privados e 66 públicos.
Além da consultoria são ofe-
recidos mais 35 serviços, que
vão desde a parte de anúncios
na internet até soluções de se-
gurança para evitar fraudes.
“Tudoissopermitiuumaexpo-
siçãomuitograndedamarca”.
EMCASA
Marcellini diz que quando ca-
souofereceuparaaesposamo-
rar em Chicago, nos Estados
Unidos, ou em São Paulo. “Ela
dissequequeriaficarnapraiae
eu resolvi morar no Guarujá,
em uma área de preservação
ambiental”.
“Oprimeiroanonacidadefoi
uma luta. Eu ficava em casa
com tudo à mão mas parecia
que eu não estava trabalhando.
Eu entrava no helicóptero ou
no avião na segunda-feira e só
voltava no sábado. Minha mu-
lherficavaamaiorpartedotem-
po sozinha. Até que eu fiquei 15
dias em casa, após um feriado e
sentiqueacoisafluiubem”.
Issofezcomqueelemontas-
se uma sala de negócios em
casa, onde consegue se comu-
nicar comas diversas sedes da
empresa no Brasil e no mun-
do. “Hoje minha vida é mara-
vilhosa. Eu tinha hipertensão
e arritmia cardíaca em grau
elevado, hoje está tudo sob
controle”.
“Aspessoasnãosabemoqueéainternet.Nãohouveuma
alfabetizaçãodigital.NoBrasilelaéusadaem99%doscasoscomo
umaferramentadeentretenimento.Sóqueainternettemqueser
vistacomoumcanalgeradordevalor,dedesenvolvimentoerenda,
comonospaísesricos”
CláudioMarcellini,empresário
“Quandovocê
montaumnegócio,
oquenãovaifaltar
égenteparatorcer
contra.Geralmente
aspessoasquete
criticamsão
aquelasquenãote
conhecemouque
nãosabemoque
vocêfazdefato.
Paraempreenderé
precisoterfoco,
acreditare
defendercomunhas
edentesoseu
negócio”
economia@atribuna.com.br
Delíciaseriscos
decomandaruma
franquiavirtual
Internet oferece novas possibilidades de empreendedorismo
ROGÉRIOSOARES
Foco
CláudioMarcellini,
fundadordaMSHoldingCorpS/A
Objetivos
CláudioMarcellini(foto)dizque,
assimcomoBernsLeedeua
internetparaaspessoaseBill
Gatesocomputador,desktope
notebooks,eleficariamuitofeliz
emensinarobrasileiroausara
internet.“Meuobjetivoélevara
inclusãodigitalaomaiornúmero
depessoas.Apartirdomomento
queelaspassaremausara
internetcomoumainclusãode
valor,essevaisermeuprêmio”.
Social
Nosúltimoscincoanoseledizter
viajadooBrasilpromovendo
palestrasgratuitas.“Eufinancioa
viagemeosdocumentáriosque
depoissãodivulgadosnainternet.
Façoissoparalevaro
conhecimentoàspessoaseacabo
tendooportunidadedeconhecer
gente.Atrocadeinformações
éricaemedáoportunidadede
aprimoraromeuconhecimentoe
agregarvaloraosnegócios”.
Estrutura
Emboraestejanainternet,a
FrankiaVirtualtem,também,
umaestruturafísica.Hojeestá
estabelecidaem12paísesetem
parceriacomumaempresaem
Portugalcompontosdeapoioem
40países.NoBrasil,onegóciosó
nãotembasesnoAcreeem
Roraima.Aotodosão
aproximadamente800
colaboradoresdiretoseindiretos
quetocamonegócio.
Quarta-feira 7 ATRIBUNA
C-5maio de2014 www.atribuna.com.br