2. Os operadores do tipo lógico têm por função estabelecer relação entre duas
proposições e podem se estabelecer de seis formas: por disjunção,
condicionalidade, causalidade, mediação, complementação e restrição ou
delimitação.
Os operadores do discurso apresentam-se nas relações apresentadas:
por conjunção, que compreende o tipo de conexão em que os conteúdos se
adicionam;
por disjunção, que trata de enunciados que têm orientações discursivas
diferentes das apresentadas pelos operados lógicos;
por contrajunção, que ocorre no tipo de conexão em que os conteúdos se
opõem numa sequência;
e, por explicação ou justificação, em que é introduzida na proposição uma
explicação de um ato anterior.
3. Temos em classes distintas os operadores do tipo lógico, e os operadores
do tipo discursivo, sendo:
Operadores do tipo lógico:
Ou, se, caso, desde que, já que, visto que, tanto (assim) que, para que,
para, afim de...;
Operadores do tipo discursivo:
Ou, e (=mas), mas, no entanto, porém, entretanto, pois, porque, que,
assim, portanto, logo, por isso,...
5. Tipos de operadores dentro dos discursos
a) Operadores que assinalam o argumento mais forte em uma escala, e que leva
ao sentido de conclusão: Inclusive, até mesmo, até, mesmo, ao menos, pelo
menos, no mínimo;
b) Operadores que somam argumento, a favor de uma mesma conclusão: e,
também, nem, tanto como, além disso;
c) Operadores que introduzem uma conclusão relativamente a argumentos
apresentados em enunciados anteriores: portanto, logo, por conseguinte, pois,
em decorrência, consequentemente;
d) Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões
diferentes ou opostas: ou, ou então, quer...quer, seja...seja;
e) Operadores que estabelecem relação de comparação entre elementos, com
vistas a uma dada conclusão: mais que, menos que, tão... como;
f) Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativamente ao
enunciado anterior: porque, que, já que, pois;
g) Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões
contrárias: mas porém, contudo, todavia, entretanto, embora, ainda que,
h) Operadores que tem por função introduzir no enunciado conteúdos
6. Utilização dos Operadores Argumentativos no
discurso direto e indireto
Os produtos daquela fábrica são de uma qualidade excepcional.
Conquistaram o mercado interno, o Mercosul e até (até mesmo, inclusive)
o exigente mercado europeu.
Aquela faculdade oferece aos melhores cursos. Não só tem uma
infraestrutura completa, como também tem um corpo docente altamente
qualificado. Além disso, obteve conceito A em todas as avaliações do
MEC.
O uso desordenado e irracional dos recursos hídricos vem causando uma
diminuição nos níveis de reserva de água. Portanto (logo, por
conseguinte, assim...) pode-se dizer que, em poucos anos, grande parte
da população sofrerá com a falta de água potável.
7. A equipe venceu o jogo, mas não agradou a torcida.
Prefiro usar o computador, pois (porque) os resultados são mais eficientes.
8. As relações lógico-semânticas são estabelecidas por
conectores do tipo lógico. Verifica-se a relação de
conteúdo entre duas proposições. A relação pode ser de:
a) condicionalidade - quando há uma relação de
dependência, em que a veracidade de p implica a de q .
Essa categoria divide-se em três tipos. A primeira, factual
ou real , equivale à relação de causalidade:
Se você for, eu fico
não factual ou hipotética - quando a dependência entre
os se fatos baseia em hipóteses. Contém sentido de algo
potencial e eventual
Se você fosse, eu ficaria
9. contrafactual ou irreal - quando não se espera que a condição se realize.
Se você fosse alto, poderia alcançar a bola
Se ele fosse esperto, resolveria a questão.
b) Causalidade - quando há relação de causa/consequência entre duas orações. Essa
relação pode ocorrer com ou sem implicação entre A e B. Perceba-se,no último
exemplo, que há implicação entre os fatores, isto é, a causa é uma condição
necessária e suficiente.
Ele foi à festa porque tinha dinheiro.
Ele tinha dinheiro; por isso foi à festa.
Ele tinha tanto dinheiro que pagou para todos.
O carro parou porque acabou o combustível.
A causalidade também inclui sentidos de conclusão de um enunciado ou de vários,
muitas vezes baseando-se em premissas do senso comum.
Ela é uma cobra. Portanto, não se envolva com ela.
10. c) finalidade - quando uma oração se apresenta como meta de uma
atividade, visando à finalidade expressa na outra.
Ele trabalhou bastante a fim de comprar um carro.
d) disjunção - podendo ser do tipo lógico ou discursivo, para ser verdadeira,
é necessário que pelo menos uma de suas proposições o seja:
Você usava colar ou pulseira?
O palestrante era argentino ou uruguaio?
11. e) temporalidade - ao mesmo tempo em que liga enunciados,
relacionam-se temporalmente ações, eventos etc:
Quando o pai chegou, o bebê estava lambuzado.
Antes que se pudesse fazer algo, a bomba explodiu.
À medida que a população cresce, aumenta a violência
Pode-se enriquecer a lista de operadores temporais
com exemplos de expressões como enquanto isso, nesse
momento, ao mesmo tempo , no dia seguinte , daqui
pra frente , etc.
A festa acabou bem tarde. No dia seguinte, todos
estavam cansados para estudar para o teste.
12. As relações discursivas podem ser de:
a) Conjunção : quando os argumentos apontam para uma mesma
conclusão. Baseiam-se na relação semântica de compatibilidade:
Pedro criou e destruiu um castelo de areia.
A graduação contribui para uma melhor formação intelectual. Além
disso, é essencial para a obtenção de um bom emprego.
b) disjunção argumentativa: ocorre entre enunciados de
discursividade diferente, resultando em atos de fala distintos.
Por meio disso, objetiva-se levar o interlocutor a aceitar o que
foi expresso primeiro, como em:
Limpeza é fundamental. Ou você prefere morar num chiqueiro?
13. c) contrajunção: quando dois enunciados de argumentatividade
distinta são relacionados. Prevalece a orientação do segundo
enunciado quando introduzido pelas chamadas, conforme a
gramática, conjunções coordenativas adversativas; quando são as
subordinativas concessivas, permanece a argumentação da oração
principal.
Fez tudo para passar, mas foi reprovado
Embora fizesse tudo para passar, foi reprovado
d) contraste : é um conflito entre enunciados, com fins retóricos.
Eles aumentam a casa, ao passo que a família diminui.
e) explicação ou justificativa: quando um ato de fala justifica ou
explica o anterior, sem relações do tipo causa/consequência.
Venha cá, que preciso de sua ajuda
14. f) Comparação: quando se estabelecem relações de igualdade, inferioridade ou
superioridade. Essas relações possuem forte poder argumentativo. As sentenças
Antônio é tão inteligente quanto Francisco
Francisco é mais inteligente do que Antônio.
g) generalização/extensão : que ocorre no segundo enunciado em relação ao anterior.
Pedro não veio. Bem, quem trabalha o dia inteiro não pensa em outra coisa senão
descansar.
h) especificação/exemplificação: quando o segundo enunciado particulariza o primeiro:
Tudo está caro. O feijão, por exemplo, está custando o dobro.
i) correção/redefinização: quando se objetiva corrigir, reformular,interromper, atenuar
ou reforçar uma outra ideia:
Farei a comida. Isto é, se você lavar a louça.
Começam hoje as inscrições. Quero dizer, é o que me disseram
15. OPERADORES DISCURSIVOS – (ARGUMENTATIVOS) – (CONECTIVOS)
Operadores que indicam argumento mais forte: até, mesmo, até mesmo, inclusive.
Operadores que indicam a existência de outros argumentos mais fortes: ao menos, pelo
menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
Operadores que ligam argumentos em favor de uma mesma conclusão: e, também, ainda,
nem, não só... mas também, tanto ...como, além de, além disso, a par de.
Operadores que introduzem argumentos que levam a conclusões opostas: ou, ou
então,quer...quer, seja...seja, caso contrário.
Operadores que estabelecem comparação: tanto... quanto, tão...quanto, mais...(do)que,
menos... (do) que.
Operadores que introduzem explicação ou justificativa ao que foi dito no enunciado
anterior:
porque, já que, que, pois.