1) O documento fornece detalhes históricos sobre Antioquia, onde São Inácio foi bispo, e sobre a vida e martírio de São Inácio.
2) São Inácio escreveu cartas para diferentes igrejas para exortá-las e ensiná-las sobre a fé cristã. Essas cartas destacam a importância de Cristo, da Eucaristia e da supremacia da Igreja de Roma.
3) As cartas de São Inácio são consideradas um valioso documento histórico-teol
4. Antioquia:
• 1 - Fundada pelo rei Seleuco, um dos
sucessores de Alexandre Magno (303 a.C.);
• 2 - O nome recordava Antíoco, pai de Seleuco, e foi durante
mais de dois séculos a capital do reino dos Selêucidas
(compreendia a Síria, Palestina e todo o território até à
Mesopotâmia);
• 3 - Era chamada a “Grande” para distinguir das outras quinze
cidades de igual nome fundadas pelo rei Selêucida;
• 4 - Quando caiu sob dominação romana, por
obra de Pompeu (53 a. C.), tornou-se capital
da província da Síria onde morava o
governador;
5. Antioquia:
• 5 - Chegara a ser tão grande em glória e poder que ocupava o
terceiro lugar entre as principais cidades do império (só Roma
e Alexandria a superavam);
• 6 - Cicero referiu-se a ela como «célebre, rica,
cheia de homens estudiosos e cultos, rica das
ciências e das artes liberais»;
• 7 - Era também albergue de corrupção e
luxuria, consagrada ao culto de Artemisa e de
Apolo;
6. Antioquia:
• 8 - Único oásis de espiritualidade e de sã
moral era a Sinagoga dos Hebreus da
Diáspora (que deixaram a Palestina em busca
de trabalho noutras províncias do reino). Em
Antioquia eram muito numerosos os Hebreus
por causa da proximidade a pátria mãe e
porque os reis selêucidas lhes haviam
conferido grandes favores. «O seu culto puro e
santo e o exemplo da sua moralidade
exemplar exerciam grande influência entre os
pagãos e atraíam para Deus muitas almas
sequiosas de verdade e bondade»;
7. Antioquia:
• 9 - Também em Antioquia se começou a
formar uma comunidade cristã composta por
judeus e gentios convertidos.
S. Pedro lá estabeleceu a sua Sé episcopal e
a primeira organização hierárquica de que
nos fala o livro dos Actos (11, 19-seg.).
Paulo e Barnabé fizeram desta comunidade
o centro da sua pregação, o ponto de partida
e de chegada das suas peregrinações
missionárias e o segundo berço do
cristianismo», depois de Jerusalém que não
parecia ser terra fértil ao Evangelho por causa
do mosaísmo;
8. Antioquia:
• 10 - Lá, pela primeira vez, os adeptos de Jesus
receberam o nome de Cristãos (Actos 11, 26);
10. Santo Inácio:
• Não sabemos se nasceu em Antioquia ou se
nasceu na Palestina, se era pagão ou judeu, se
era ou não cidadão romano.
• Podemos afirmar com certeza absoluta, seguindo
João Crisóstomo, que Inácio viu e conheceu,
desde jovem, os grandes Apóstolos do Senhor:
Pedro, João, Paulo e Barnabé.
11. Santo Inácio:
• A ideia contida no seu nome latino com que
os seus contemporâneos o designavam era
«ardente, em fogo». «Ao lado deste nome,
verdadeiro nome de família, Inácio escolheu
um segundo nome, que é como o seu
cognome cristão, o apelativo da sua fé:
Teóforo, portador de Deus»22.
12. Santo Inácio:
• «Entre 80 e 90, foi colocado na Sé episcopal
de Antioquia, provavelmente pelo Apóstolo S.
João, único membro vivo do Colégio
Apostólico, e nela permaneceu até ao ano da
sua morte, 107» 23.
• «S. João Crisóstomo supõe que o nosso Santo foi o sucessor
imediato de príncipe dos Apóstolos; mas Eusébio (Hist. Ecl., III,
22), seguido por S. Jerónimo e por outros, garante-nos que
Inácio foi o terceiro da série de bispos de Antioquia, tendo
sucedido a Pedro e a Evódio» 23.
(Sobre isto, ler a nota 4 e 5)
13. Santo Inácio:
• «Os últimos anos do bispo de Antioquia
coincidem com o reinado do imperador
Trajano (98-117), e o seu glorioso fim
enquadra-se no panorama histórico do
império»38.
• Trajano «tinha horror a toda a forma de injustiça, à usurpação
das coisas alheias, tanto como à condenação de inocentes»39.
«Entretanto, uma mancha, e não pequena, obscurece o
esplendor da sua grandeza moral. Foi perseguidor dos
cristãos, por forma benigna, dizem os historiadores; mas não
deixa de ser verdade que sangue de cristão foi derramado sob
o seu governo, em várias partes do império, embora nem
sempre por sua iniciativa ou culpa direta»40.
14. Santo Inácio:
• Inácio, «tendo sido condenado à morte [(ao que
parece por um magistrado romano)], foi
destinado a ser despedaçado pelas feras no circo
romano, para celebrar a vitória do imperador
sobre os Dácios, tornando-se, por isso, necessário
que fossem enviados muitos condenados das
várias províncias» 47.
• Na viagem, segundo comenta S. João Crisóstomo, «´em todas as cidades
que atravessavam, sempre que a comitiva parava, vinham saudar o
prisioneiro numerosos grupos de cristãos espalhados por aquelas terras,
numa santa emulação de orações e súplicas, beijavam-lhe os ferros,
tirando disto grande proveito e consolação espiritual, vendo um Mártir
que corria para a morte com tanta prontidão e alegria, como se corresse
para a conquista do céu. Esta viagem não era um caminhar para a morte,
mas um peregrinar para Deus`» 51.
15. Santo Inácio:
• «Em 18 de Dezembro sofreram o martírio os dois
companheiros de Inácio, Zózimo e Rufo […]. Dois
dias depois, chegou a vez de Inácio» 63. «Inácio
morreu em Roma, despedaçado pelas feras,
´segundo um antigo decreto de César`, [(…)] isto
aconteceu em 20 de Dezembro de 107»64.
• Os restos do seu corpo foram recolhidos por cristãos que, como
preciosas relíquias, os levaram para Antioquia. «Quando a cidade
de Antioquia caiu no poder dos Sarracenos, as relíquias foram
reconduzidas a Roma, para ficarem livres de profanação ou
destruição, e ainda hoje ali se encontram na Igreja de S.
Clemente»66.
17. AS CARTAS
• «Era costume das primeiras igrejas
apostólicas esta troca de Cartas e mensagens
para a comum edificação»80.
• «Dum estremo ao outro do império romano, por
toda a parte floresciam igrejas ou comunidades
cristãs, de Roma à Grécia, das Gálias à Ásia Menor,
da Ásia ao Egipto e à África, cruzavam-se mensagens
de paz e exortação, com que os cristãos
mutuamente se instruíam, se encorajavam e
comunicavam uns aos outros factos e
acontecimentos» 80.
18. AS CARTAS
• «A importância e a preciosidade das Cartas de
Inácio não escapa a ninguém, que se tenha
ocupado da história das origens cristãs. Elas
constituem um monumento literário de
imenso e inestimável valor histórico-teológico;
[…] São muito numerosas as verdades
teológicas que receberam luz e confirmação
das cartas inacianas» 81.
19. AS CARTAS
• «A importância e a preciosidade das Cartas de
Inácio não escapa a ninguém, que se tenha
ocupado da história das origens cristãs. Elas
constituem um monumento literário de
imenso e inestimável valor histórico-teológico;
[…] São muito numerosas as verdades
teológicas que receberam luz e confirmação
das cartas inacianas» 81.
21. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Cristo: «´Ele é o Filho do Pai, nossa vida inseparável,
expressão da vontade de Deus, descendente de
David, nascendo da Virgem Maria, por obra do
Espírito Santo, verdadeiramente nascido, batizado,
que sofreu sob Pôncio Pilatos, sujeito aos
sofrimentos, embora sendo impassível, visível e
invisível, nascido no tempo, Ele que existe fora do
tempo, saído do seio do Pai, tendo-se feito nosso
Salvador, nosso médico, corporal e espiritual`»83.
22. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Cristo:
«O médico é um só, corporal e espiritual, gerado e eterno.
Deus em carne, vida verdadeira na morte, nascido de Maria
e de Deus, antes passível, depois impassível, Jesus Cristo,
Senhor nosso» 129-130 – Carta aos Efésios VII.
«Todas as coisas ditas acima, Jesus as sofreu por nós, para que
pudéssemos alcançar a salvação; e sofreu realmente e na
verdade ressuscitou-se a si próprio, não como dizem alguns,
que sofreu só aparentemente (eles, sim, só são vivos na
aparência!). Assim como pensam, assim acontecerá com eles,
que serão sem corpo, simples sombras» 176 - Carta aos fiéis de Esmirna
II.
23. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Cristo:
«Sei, com certeza, que Jesus tinha um corpo depois da
Ressureição e acredito que o tem ainda [no céu]. E, quando
foi ter com Pedro e com os seus companheiros, disse-lhes:
Experimentai, tocai e vede que não sou um espírito
incorpóreo» 177 - Carta aos fieis de Esmirna III. «Além disso, depois da
sua ressurreição, comeu e bebeu com eles, como homem
composto de carne, embora pelo espírito, estivesse unido ao
Pai» 177 – Carta aos fieis de Esmirna III.
24. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Eucaristia: «Não é para Inácio um simples voto
simbólico, mas ´a verdadeira carne de Jesus que foi
pregada na Cruz e que ressuscitou do túmulo; ela é o
pão de Deus, o sangue de Cristo que é também
sangue de Deus; ela é bebida de Deus, antídoto
contra a morte, remédio de imortalidade´. Recorda
aos fiéis: ´que usem a Eucaristia como centro e
símbolo da unidade eclesiástica, contrariamente aos
hereges que se conservam longe do altar de Deus e
não podem, deste modo, participar dos frutos do
grande dom do Senhor…`»83-84.
25. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Eucaristia:
«Procurai assistir cada vez mais numerosos às vossas reuniões
sagradas, para agradecer e louvar ao Senhor. Quando, com
efeito, vos reunis numerosos para a oração, as forças de
Satanás enfraquecem e na concórdia da vossa fé é destruído
o mal que ele produz. Nada mais belo do que a paz que
elimina a guerra no céu e na terra» 135-136 - Carta aos Efésios XIII.
26. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Eucaristia:
«Considere-se válida a Eucaristia que for celebrada pelo
bispo ou por um seu delegado», «Sem o bispo, não é lícito
nem batizar, nem celebrar o ágape; mas tudo aquilo que o
bispo tiver aprovado, será agradável a Deus, de modo que
tudo o que se fizer, será válido e eficaz» 183 VIII. «Quem honra o
bispo será honrado por Deus; quem faz qualquer coisa sem o
bispo saber, faz um serviço ao Diabo» 184 – Carta aos fiéis de Esmirna
IX.
27. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Eucaristia:
«Pensai que aqueles que têm uma fé errónea sobre a graça de
Cristo, aquela graça que desceu ao mundo, são contrários ao
pensamento de Deus! Não se preocupam com as viúvas, nem
com os órfãos, nem com os perseguidos, nem com os
encarcerados, nem com os famintos, nem com os que têm
sede» 181 VI. «Abstenham-se, portanto, da Eucaristia e da
oração litúrgica da Igreja, porque não acreditam que a
Eucaristia é a verdadeira carne do Senhor Jesus Cristo; aquela
mesma carne que sofreu pelos nossos pecados, que o Pai
celeste ressuscitou pela sua poderosa vontade. Aqueles que
recusam o dom de Deus, morrem nas suas disputas
destruidoras, quando teriam encontrado, no ágape, a própria
salvação e ressurreição» 182 – Carta aos fiéis de Esmirna VII.
28. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Supremacia da Igreja de Roma: «sobre todas as
outras igrejas. Inácio alude claramente a esta
supremacia no famoso texto da carta aos Romanos,
em que aquela ilustre Igreja é designada pela
conhecida perífrase: ´univero coetui caritatis
praesidens` e que traduzimos, seguindo a crítica mais
razoável e fundada no contexto: ´que é cabeça da
universal comunidade do amor´, ou: que preside à
universal congregação da Igreja»86.
29. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Supremacia da Igreja de Roma:
«À Igreja que tem o primado na região dos Romanos; Igreja
digna de Deus, digna de glória, digna de ser chamada feliz,
digna de louvor, digna de ser ouvida, dignamente pura, Igreja
que é cabeça da comunidade universal do amor» 106 - Carta aos
Romanos I
30. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Maria: Na carta que escreve «aos Efésios: ´Jesus
nasceu de Maria e de Deus` (cap. VII); Jesus foi
concebido e trazido no seio por Maria` (cap. XVIII);
´Ao príncipe deste mundo ficou escondida a
virgindade de Maria e o seu parto virginal` (cap. XIX);
Aos Tralenses escreve: ´Jesus Cristo nasceu
verdadeiramente de Maria, segundo a estripe de
David` (cap. IX). E aos de Esmirna: ´Acreditamos em
nosso Senhor Jesus Cristo… verdadeiro Filho de Deus,
nascido realmente da Virgem pelo poder de Deus`
(cap. I)»87-88.
31. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Maria:
«Nosso Senhor Jesus Cristo, por decreto de Deus, foi
concebido no seio de Maria, descendendo da estripe de
David, mas por obra do Espírito Santo; nasceu e foi batizado,
dando à água a virtude da purificação pela sua paixão» 140 -
Carta aos Efésios XVIII.
«Até a Satanás foi escondida a virgindade de Maria, o seu
parto [virginal] e a morte do Senhor» 141-142 - Carta aos Efésios XIX.
32. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Constituição hierárquica das igrejas: Diáconos,
presbíteros e bispos 88-90. «´Permanecei unidos ao
bispo como as cordas à citara. Sede todos unânimes
e bem unidos entre vós, para que ofereçais aos
ouvidos de Deus um som agradável. Que cada um de
vós seja como um coro, uníssono na concórdia,
cantando a uma voz ao Pai, por meio de Jesus Cristo.
Conservai-vos sempre na unidade imaculada, para
participar sempre na vida de Deus`»93.
33. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Constituição hierárquica das igrejas:
«Convém, portanto, que todos vós, de todos os modos
glorifiqueis a Cristo, que vos glorificou, para que
permanecendo todos perfeitos na única obediência,
submetidos ao bispo e ao colégio dos presbíteros, possais
alcançar a perfeita santidade 124 – Carta aos Efésios II.
«Com efeito, como Jesus Cristo, nossa inseparável vida, é a
expressão da vontade do Pai, do mesmo modo, os bispos,
constituídos através do mundo, segundo os limites das suas
Igrejas, são a expressão da vontade de Jesus Cristo» 124-125 -
Carta aos Efésios III
34. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Constituição hierárquica das igrejas:
«se o Senhor me der a conhecer que todos vós estais
concordantes na fé, em Jesus Cristo, Filho de Deus e Filho do
homem segundo a carne e a descendência de David, e que
obedeceis ao vosso bispo e ao colégio dos sacerdotes, com
perfeita unidade de pensamento, partindo o pão, símbolo da
unidade, remédio de imortalidade, antídoto contra a morte
e garantia de vida eterna em Jesus» 142-143 - Carta aos Efésios XX.
35. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Constituição hierárquica das igrejas:
«Exorto-vos calorosamente a que procureis fazer tudo na
concórdia de Deus, pois sabeis que o bispo preside à Igreja no
lugar de Deus; que os presbíteros exercem o próprio
ministério em nome do colégio apostólico, e que os
diáconos, que me são tão caros, receberam o ministério de
Jesus Cristo, que estava junto do Pai, antes de todos os
séculos, e depois apareceu no mundo no fim [do tempo
preestabelecido]» 150 – Carta aos fiéis de Magnésia VI.
36. AS CARTAS – ASPETOS PRINCIPAIS
• Constituição hierárquica das igrejas:
«Todos pois devemos ter respeito e veneração pelos
diáconos, como imagens de Jesus Cristo, e pelo bispo que é o
modelo do Pai, e pelos presbíteros, que são como que o
senado de Deus e o concílio dos Apóstolos. Sem eles, não
pode haver Igreja» 163 – Carta aos fiéis de Trale III.
«Convém que os esposos celebrem o matrimónio segundo o
conselho do bispo, para que as núpcias sejam segundo a lei
do Senhor e não segundo a paixão. Tudo se faça para glória de
Deus» 211 – Carta a Policarpo V.
38. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Desejo de morrer por Cristo:
«Tenho medo de que me sirva de dano o amor que me tendes; não vos
será difícil levar a cabo o vosso desígnio; mas para mim seria difícil chegar
à posse de Deus, se tendes piedade de mim» 109 - Carta aos Romanos I. «Inácio
soubera que os irmãos de Roma tentavam tudo para o livrar da morte por
intermédio de qualquer pessoa poderosa ou apelando ao imperador.
Inácio tremia só em pensá-lo e faz mil pedidos para os fazer desistir do
intento, que, a dar resultado, lhe fecharia as portas do céu» 108§. «Não me
podeis oferecer vantagem maior do que esta: que seja imolado a Deus,
agora que o altar já está pronto» 109 - Carta aos Romanos II. Tendo vindo do
Oriente para morrer em Roma, afirma: «Como é belo o passar do mundo,
a caminho de Deus, para poder ressurgir n´Ele» 110 - Carta aos Romanos II.
39. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Preocupação com o bem da sua Igreja na sua
ausência:
«Recordai-vos nas vossas orações da Igreja da Síria, que presentemente,
na minha falta, tem Deus por pastor; só Jesus Cristo e a vossa caridade a
governaram [na falta do bispo ausente]. Na verdade, envergonho-me de
me contar no número dos seus membros: não sou digno, porque sou o
último e abortivo; mas obtive misericórdia para ser eu também qualquer
coisa, se consigo alcançar a Deus» 117-118 – Carta aos Romanos IX. «Sede fortes até
ao fim, sofrendo tudo por amor de Jesus Cristo» 119 – Carta aos Romanos X.
40. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Humildade e carinho para com os cristãos:
«Não vos dou ordens como se fosse uma pessoa importante. […] Precisava
de ser ensinado por vós, na fé, na exortação, no sofrimento e na
mansidão. Mas como o amor que vos tenho não me deixa calar, por isso
vos exorto que estejais unidos ao pensamento e à vontade de Deus. Com
efeito, como Jesus Cristo, nossa inseparável vida, é a expressão da vontade
do Pai, do mesmo modo, os bispos, constituídos através do mundo,
segundo os limites das suas Igrejas, são a expressão da vontade de Jesus
Cristo» 124-125 – Carta aos Efésios III.
41. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Unidade da Igreja como corpo de Cristo:
«O vosso ilustre colégio dos presbíteros, digno [do louvor] de Deus, está
tão unido com o bispo, como as cordas estão unidas à cítara; deste modo,
a vossa concorde caridade é como um hino que se canta a Cristo» 126 – Carta
aos Efésios IV. «com uma só voz, por meio de Jesus Cristo, canteis os louvores
do Pai e Ele vos escute, e considerando as vossas boas obras, veja que sois
os membros [do corpo] do seu Filho» 126 – Carta aos Efésios IV.
42. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Para com os hereges (Docetas e Gnósticos):
«Há alguns, na verdade, que com péssimo engano aparentam por palavras ser
cristãos, mas que têm, na prática, uma conduta indigna de Deus; deveis evitá-
los como os animais ferozes; são, com efeito, cães raivosos, que mordem às
escondidas; livrai-vos deles, porque estão afetados de doença espiritual
incurável. O médico é um só, corporal e espiritual, gerado e eterno. Deus em
carne, vida verdadeira na morte, nascido de Maria e de Deus, antes passível,
depois impassível, Jesus Cristo, Senhor nosso» 129-130 - Carta aos Efésios VII.
«Orai incessantemente também por os outros homens [que não seguem a
Cristo]; também para eles há esperança de arrependimento, de modo que
eles também possam conseguir Deus. Que eles sejam ensinados sobre a
salvação [senão pelas palavres] pelo menos pelas vossas obras. Sede contra
toda a cólera, sede humildes contra a grandiloquência deles; às suas
maldições, oponde a oração; contra os seus erros, ficai firmes na fé; contra a
dureza deles, sede doces, livrando-vos de os imitardes. […] permanecei unidos
a Jesus Cristo, segundo o corpo e segundo o espírito» 133 - Carta aos Efésios X.
43. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Para com os hereges (Docetas e Gnósticos):
«Quero que estejais prevenidos, para não serdes apanhados pelo anzol da
falsa doutrina, e para que estejais solidamente estabelecidos na fé, acerca do
nascimento corporal, paixão e Ressureição de Jesus, que aconteceu durante o
governo de Pôncio Pilatos, procurador romano; tudo isto, sem sombra de
dúvida, foi realizado por Jesus, que é a nossa esperança e de quem nenhum de
vós se separe» 156 - Carta aos fiéis de Magnésia XI. Contra os Docetas segundo quem
Jesus tinha apenas um corpo aparente e, por conseguinte, negavam tudo o que
se referia à natureza humana: nascimento, paixão, morte e ressurreição.
«Aqueles que misturam Jesus Cristo com as suas loucas imaginações
[(Gnósticos)], fingem a verdadeira fé e são semelhantes àqueles que dão a
beber um veneno mortífero, misturado com vinho e mel, para que aquele
que o bebe sem saber, receba a morte com a doce mas danosa bebida» 166 -
Carta aos fiéis de Trale VI.
44. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Marcas da ideia de uma parusia eminente:
«Estamos nos últimos tempos. Só nos resta adotar e temer a
longanimidade de Deus, para que ela não redunde na nossa sentença de
morte. De duas uma: ou esperar a ira de Deus, ou apresentar a presente
graça que nos oferece o Senhor, desde que sejamos encontrados dignos,
em Cristo, da verdadeira vida»134 – Carta aos Efésios XI.
45. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Necessidade de viver como Cristãos:
«Assim como a árvore se conhece pelos frutos, do mesmo modo aqueles
que se dizem discípulos de Cristo se conhecem pelas suas obras. Hoje
não é caso de professar a fé com palavras, mas é necessária a virtude
íntima da fé viva e operosa, para que sejamos encontrados fiéis até ao fim.
É melhor ser cristão sem o dizer, do que dizer-se cristão sem ter a virtude;
deste modo, quem ensina faz coisa boa, desde que traduza as palavras por
obras. [(...)] Nada há de escondido para Deus, mas até os mais secretos
pensamentos estão diante dos seus olhos. Façamos, portanto, todas as
coisas como se Deus habitasse dentro de nós, pois somos o seu templo, e
Ele está em nós, nosso Deus, que aparecerá como é realmente, aos nossos
olhos, se o amarmos perfeitamente» 136-137 – Carta aos Efésios XIV-XV.
46. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• União dos fiéis como imagem da Trindade:
«Adornados da própria bondade de Deus, tende todos, uns para com os
outros, respeito e veneração; ninguém olhe para o seu próximo com
sentimentos humanos, mas amai-vos uns aos outros, nas entranhas de
Jesus Cristo. Não haja entre vós ninguém que quebre a vossa união;
permanecei unidos ao bispo e aos vossos chefes, como símbolo e prova da
vida imortal no céu» 150 – Carta aos fiéis de Magnésia VI «A perfeita união de
corações entre os fiéis e hierarquia é, para Inácio, símbolo da perfeita
união entre as divinas pessoas e entre os bem-aventurados no céu e Deus;
mas é também prova desta união imortal, pois os gentios, vendo a íntima
união dos fiéis com o bispo e com os chefes, eram levados» 150§.
47. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Desliga com o judaísmo (mosaísmo):
«Não vos deixeis seduzir por doutrinas erróneas, nem por velhas fábulas,
inúteis e nocivas. Se, com efeito, vivemos ainda segundo o judaísmo e a
lei [de Moisés], com isto confessamos que não temos parte alguma na
graça [de Cristo]. Também os profetas, que Deus suscitou, viveram
segundo a fé de Jesus Cristo» 152 - Carta aos fiéis de Magnésia X. «Se aqueles que
tinham vivido segundo a lei antiga abraçaram a nova esperança, não
observando mais o sábado, mas vivendo segundo a lei do Senhor, em que,
por meio do Senhor e da sua morte, teve princípio a nossa vida – verdade
esta que alguns pretendem negar –; enquanto é precisamente por este
mistério que recebemos a fé, e por isso sofremos perseguições, para
sermos encontrados discípulos de Cristo, nosso único Mestre; como
poderemos nós viver sem Ele, quando os próprios profetas, seus
discípulos em espírito, O esperam como Mestre [das gentes?]. E porque
era por eles justamente esperado, quando veio, acordou-os de entre os
mortos» 154 - Carta aos fiéis de Magnésia X.
48. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Desliga com o judaísmo (mosaísmo):
«Se alguém vos pregar o Judaísmo, não o ouçais; é melhor, com efeito,
receber a doutrina de Cristo de um Judeu circunciso, do que da boca de
um pagão não circunciso receber o judaísmo. Se, porém, tanto um como o
outro não falam segundo a doutrina de Jesus Cristo, eles não são para
mim senão colunas sepulcrais e túmulos de mortos, que trazem apenas
simples inscrições de nomes. Fugi, portanto, das enganosas insídias de
Satanás, para que não falteis à caridade. Permanecei todos unidos com
coração inseparável» 194-195 - Carta aos fiéis de Filadélfia IV. «Previne contra as
doutrinas dos judaizantes, judeus da Diáspora, inimigos acérrimos do
Evangelho; havia igualmente muitos judeus convertidos que não queriam
renunciar aos ritos mosaicos» 194§.
49. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Marcas da raiz judaica (continuidade na novidade):
«Conservai-vos, pelo contrário, unidos aos profetas e sobre tudo ao
Evangelho, onde se vê e prova perfeitamente a paixão e ressurreição de
Jesus» 182 – Carta aos fiéis de Esmirna VII.
«Amemos também os profetas, porque eles também anunciam o
Evangelho, tendo esperança em Cristo e tendo-O esperado; acreditando
n`Ele, obtiveram a salvação, unidos a Jesus Cristo, santos dignos de amor
e admiração, pois receberam o testemunho de Jesus Cristo e reunidos ao
Evangelho da comum esperança» 194 – Carta aos fiéis de Filadélfia V.
50. AS CARTAS – ASPETOS VARIADOS
• Marcas da raiz judaica (continuidade na novidade):
«O Sacerdócio [da Antiga Lei] era digno de honra, mas mais excelente é o
Sumo Pontífice [Cristo] que tem a guarda do “sancta sanctorum” e a
quem estão confiados os segredos de Deus. Ele é a porta [para ir] ao Pai e
por esta porta entraram Abraão, Isaac, Jacob, os profetas, os Apóstolos e a
Igreja; tudo na união com Deus. O Evangelho contém, pois, qualquer coisa
de especial e excelente, isto é, a vinda do Salvador e nosso Senhor Jesus
Cristo, a sua Paixão e Ressureição. Os santos profetas anunciaram Jesus,
mas o Evangelho é a perfeição da vida eterna. Tudo é bom, desde que a
vossa fé esteja na caridade» 198-199 – Carta aos fiéis de Filadélfia IX.
51. Nota sobre a formatação:
1 – Referências: Seguida à citação entre parênteses apresenta-se,
em exponencial, a referência à página do livro – Exemplo de excerto
tirado da página 22: «portador de Deus» 22 .
Nas cartas, além da página, apresenta-se em seguida o respetivo
parágrafo – Exemplo de texto retirado do parágrafo II da “Carta aos
fiéis de Esmirna” da página 110: «ressurgir n´Ele» 110 II. Quanto
usado o modelo «diabos» 179§ significa que a citação corresponde a
uma nota de rodapé da edição consultada.
2 – Acrescentos: O texto dentro de parênteses retos [ ] quando
acompanhados dos parênteses curvos ( ) é introduzido por mim –
Ex. «vosso bispo [(Dâmaso)]». Quando apenas se utilizam
parênteses curvos ( ) é texto do próprio autor. Quando se utilizam
unicamente parênteses retos [ ] o texto neles contido é acrescento
feito pelo tradutor da edição consultada.