1. Unidade Acadêmica de Serra Talhada-Universidade Federal Rural
de Pernambuco
Soneto de Separação - Vinícius de
Moraes
Docente: Profa. Dra. Angela Teodoro Grillo
2. Gabriela Nascimento Josimara Sá
Licenciando em Letras
Português/Inglês pela
UAST/UFRPE
Licenciando em Letras
Português/Inglês pela
UAST/UFRPE
Equipe
Unidade Acadêmica de Serra Talhada-Universidade Federal Rural
de Pernambuco
3. De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Soneto de Separação - Vinícius de Moraes
4. De/ re/pen/te/ do /ri/so/ fez-/se o /pran/to A
Si/len/ci/o/so e/ bran/co/ co/mo a/ bru/ma B
E/ das/ bo/cas/ u/ni/das/ fez-/se a es/pu/ma B
E/ das/ mãos/ es/pal/ma/das/ fez-/se o es/pan/to. A
De/ re/pen/te/ da/ cal/ma/ fez-/se o /ven/to C
Que/ dos/ o/lhos/ des/fez/ a úl/ti/ma/ cha/ma D
E/ da/ pai/xão/ fez-/se o/ pres/sen/ti/men/to C
E/ do/ mo/men/to i/mó/vel/ fez-/se o/ dra/ma. D
De/ re/pen/te,/ não/ mais/ que/ de/ re/pen/te E
Fez-/se/ de/ tris/te o/ que/ se/ fez/ a/man/te F
E/ de/ so/zi/nho o/ que/ se/ fez/ con/ten/te. E
Fez-/se/ do a/mi/go/ pró/xi/mo o/ dis/tan/te F
Fez-/se/ da/ vi/da u/ma a/ven/tu/ra e/rran/te F
De/ re/pen/te,/ não/ mais/ que/ de/ re/pen/te. F
Soneto de Separação - Vinícius de Moraes
5. Do quê se trata?
Trata-se da separação entre um casal, em que as antíteses mostram o impacto da perda
do amor na vida das pessoas: o riso torna-se pranto, traz a dor, a tristeza. A tragédia, que
provoca o espanto, é constatar que toda essa transformação acontece de repente, em um breve
instante.
● No 1° fragmento, “o vento” significa a separação; “a última chama dos olhos” se
refere ao resto do amor que havia entre os amantes.
● No 2° fragmento, “uma aventura errante” sugere que, depois da separação, a vida
ficou sem rumo, perdeu o sentido.
Análise e Interpretação do Poema
6. ● Pontos Importantes:
● Antes da separação o eu lírico era feliz, realizado, calmo, e no presente é infeliz.
● É formado por quatorze versos, assim dispostos: dois quartetos e dois tercetos.
● O poeta quer enfatizar os conflitos vividos pelo eu-lírico, que são eles: Antes, tudo
era bom; havia o riso, o beijo, a paixão, a alegria, etc. E que o agora, o presente é
ruim, o oposto do passado: há pranto, espanto, pressentimento, drama, etc.
Análise e Interpretação do Poema
7. ● “de repente” é empregada quatro vezes em início de verso.
● O eu lírico parece não aceitar o fato de que tudo o que existia – amor intenso,
amizade, paixão, harmonia, etc. – acabou de repente, num único instante, o instante
da separação. A repetição enfatiza essa expressão.
● Desse modo, o eu lírico remete que, antes, com a pessoa amada, tudo era alegria
e harmonia. Depois, sozinho, tudo virou tristeza e desolação.
Análise e Interpretação do Poema
8. ● Esse soneto, cria uma imagem que aguça a imaginação do leitor, de forma
envolvente permitindo que o leitor se envolva no poema. E isso, é fruto de um
trabalho artístico que não visa apenas informar, mas também envolver,
emocionar, o interlocutor.
Análise e Interpretação do Poema
14. REFERÊNCIAS
CANDIDO, Antonio. “O direito à literatura”. In: Vários escritos (5ª ed.). Rio de
Janeiro: Ouro sobre azul, 2011, p.171-193.
PAZ, Octavio. O arco e a lira. 1a ed. São Paulo: Cosac Naify, 2012. p. 15-31.
MORAES, Vinicius de. Livro de sonetos. Rio de Janeiro, Cia das Letras, Rio de
Janeiro, 2009 (1ª edição: 1957).
15. “...O poema é um
caracol onde ressoa a
música do mundo, e
métricas e rimas são
apenas
correspondências, ecos,
da harmonia
universal…” PAZ, Octavio.
Livro: O arco e a lira.
OBRIGADA!