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Milho Cultivo do Milho
Sumário
Apresentação
Economia da produção
Zoneamento agrícola
Ecofisiologia
Manejo de solos
Fertilidade de solos e Adubação
Cultivares
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário
Dados Sistema de Produção
Embrapa Milho e Sorgo
Sistema de Produção, 1
ISSN 1679-012X 1
Versão Eletrônica
9ª edição | Nov/2015
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Cultivo do Milho
Apresentação
Para a safra 2014/15, já foram disponibilizadas no mercado de sementes 478 cultivares de milho (onze a mais do que na safra anterior), sendo 292 cultivares
transgênicas e 186 cultivares convencionais. Pelo segundo ano consecutivo, o número de cultivares transgênicas é maior do que o de cultivares
convencionais. Além disso, como novidade no mercado, estão sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos, o que aumenta o leque de escolha
para agricultores com menor capacidade de investimento. Atualmente, existem no Brasil produtores que já estão obtendo rendimentos de milho superiores a
12 t/ha-1 (200 sacos/ha-1) e ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia levando-os a produzirem acima de 14 t/ha-1.
Entretanto, as produtividades médias alcançadas por outros agricultores dessas regiões onde se obtêm produções acima de 12 t/ha-1 são bem inferiores,
demonstrando uma grande variação entre os sistemas de produção em uso no Brasil, o que proporciona grande variabilidade no potencial produtividade e de
rendimento por área.
As mudanças que vêm ocorrendo nos sistemas de produção de milho no Brasil comprovam a profissionalização dos produtores. Essas mudanças, associadas
ao papel cada vez mais importante de técnicos, consultores e extensionistas das redes públicas e privadas, além do maior fluxo de informações via medias
especializadas, têm levado o produtor a cada vez mais se profissionalizar no setor produtivo do agronegócio. Além disso, várias tecnologias ligadas à cultura
foram implementadas, ou ainda estão sendo implementadas no setor agrícola brasileiro. Dentre elas, destacam-se:
1. Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com resistência a lagartas e
ao uso do herbicida glifosato.
2. Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio, permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de erosão, melhor
aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de permitir uma otimização das máquinas plantadoras.
3. Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e equipamentos de melhor
qualidade, que garante boa plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita.
4. Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas (MIP).
5. Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em consideração o sistema, e não a cultura individualmente.
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Além dessas, deve ser enfatizada a utilização de tecnologias como o sistema de plantio direto, a integração lavoura-pecuária, a agricultura de precisão e
melhores técnicas de irrigação, que têm permitido uma melhoria do potencial produtivo das lavouras.
A produção de milho no Brasil é caracterizada pelo plantio em duas épocas: primeira safra (ou safra de verão) e segunda safra (ou safrinha). Os plantios de
verão são realizados em todos os estados, na época tradicional, durante o período chuvoso, que ocorre no final de agosto, na região Sul, até os meses de
outubro/novembro, no Sudeste e Centro-Oeste. Na região Nordeste, esse período ocorre no início do ano. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento)
classifica como segunda safra a safrinha propriamente dita e a safra de inverno plantada em Rondônia, Tocantins e em determinadas regiões da Bahia e de
Sergipe.
A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo, meados de abril, quase sempre
depois da soja precoce e predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Tem–se verificado, nos últimos
anos, decréscimo nas área plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de
grãos das lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha
têm sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época.
De acordo com a Conab (abril de 2014), a área cultivada com o milho na primeira safra em 2013/14 foi de 6.629,4 mil hectares, 2,3% menor que a de
2012/2013. Na segunda safra de 2014, foram plantados 8.836,5 mil hectares, ou seja, 33,2% a mais que a área plantada na primeira
safra.
A área total cultivada com milho, resultante da soma da primeira e segunda safras, alcançou 15.829,3 mil hectares, apresentando crescimento de 4,0% em
relação à safra anterior, de 15.156,7 mil hectares, gerando uma produção de 75.455,6 milhões de toneladas.
A produtividade média da primeira safra foi de 4.754 kg ha-1
, 6,7% menor que a safra 2012/13, que alcançou 5.079 kg ha-1
. Esta queda é refletida pelas
produtividades dos estados das regiões Sudeste, Centroeste, Sul e do Nordeste, seriamente castigados pela falta de chuvas nos meses de plantio e durante o
ciclo de desenvolvimento da cultura, bem como outras adversidades climáticas ocorridas.
A produtividade média da segunda safra de milho foi de 4,973 kg ha-1
, 4,1% menos que a obtida na safra passada, refletindo as más condições climáticas
ocorridas no período.
Pela ponderação das produtividades das duas safras, a média nacional de 2013/2014 deve ficar em 4.879kg ha-1
, 5,2% menor que a safra anterior, quando
em 2012/2013 alcançou 5.149 kg ha-1
.
A produção brasileira de milho esperada para a safra 2013/14 passa a ser de 75.455,6 milhões de toneladas. Ela é resultado de 31,515,3 milhões de
toneladas produzidas na primeira safra e de 43.940,3 milhões de toneladas esperadas para a segunda safra.
Mais informações sobre estatísticas e a atual conjuntura econômica relacionada à cultura do milho podem ser encontradas na página do Centro de
Inteligência do Milho (CIMilho).
Autores deste tópico:Israel Alexandre Pereira Filho
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Economia da produção
Introdução
O desenvolvimento da produção e do mercado do milho devem ser analisados sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas agroindustriais (SAG).
O milho é insumo para produção de uma centena de produtos (nos EUA esse número chega a milhares); porém, na cadeia produtiva de suínos e aves são
consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80% do milho consumido no Brasil. Assim sendo, para uma melhor
abordagem do que está ocorrendo no mercado do milho é importante, além da análise de dados relativos ao produto milho "per si", uma visão do
panorama mundial e nacional da produção e consumo da carne de suíno e de frango e de como o Brasil se posiciona neste contexto, para que seja
possível o melhor entendimento das possibilidades futuras do milho no Brasil.
Panorama internacional
Produção de milho
Os maiores produtores mundiais de milho são os Estados Unidos, a China e o Brasil, que, em 2013/14, produziram: 353,72; 217,73; e 78 milhões de
toneladas, respectivamente (Tabela 1). A despeito do recorde norte-americano, o crescimento da produção nos dois últimos merece destaque. No período
de 2005/06 a 2013/14, o crescimento de produção de milho na China e no Brasil foi impressionante, crescendo 56% e 87%, respectivamente. O
crescimento da produção brasileira alçou o país em uma nova posição no mercado internacional, na qual passou a brigar pelo posto de segundo maior
exportador mundial da cultura. Lembrando que em 2012/13, por causa da escassez de milho norte-americano no mercado, o Brasil aproveitou a safra
superior a 80 milhões de toneladas para ser o maior exportador mundial de milho no ano.
A safra 2012/13 de milho, assim como de outras culturas, no hemisfério norte sofreu com as secas promovidas pelo fenômeno climático El Nino. No início
do atual ano agrícola, os EUA esperavam colher, devido ao recorde de área plantada, 376 milhões de toneladas de milho, mas a seca de julho e agosto fez
o USDA rebaixar a previsão para 273,79 milhões, uma quebra superior a 100 milhões de toneladas. A Ucrânia também teve que enfrentar os efeitos
adversos de uma estiagem, o que diminuiu a produção para 21 milhões de toneladas, ante uma projeção inicial de 24 milhões de toneladas.
A seca que atingiu o hemisfério norte no verão em meados de 2012, anteriormente causou prejuízos no verão do hemisfério sul, no final de 2011. A
Argentina produziu apenas 21 milhões de toneladas, o que é um montante muito ruim, dado que esperava colher uma safra recorde de 28 milhões de
tonelada. A safra verão de 2011/12 na região Sul do Brasil teve grandes perdas, mas pode se recuperar com uma produção recorde na segunda safra.
Os EUA responderam à quebra de safra de 2012/13 com uma produção recorde em 2013/14, superando pela primeira vez a marca de 350 milhões de
toneladas.
Tabela 1. Principais países produtores de milho – 2005/06-2013/14.
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País Produção (milhões t)
2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
EUA 282,31 267,60 331,18 307,14 332,55 316,17 313,95 273,83 353,72
China 139,37 151,60 152,30 165,90 163,97 177,25 192,78 205,61 218,49
Brasil 41,70 51,00 58,60 51,00 56,10 57,40 73,00 81,50 78,00
México 19,50 22,35 23,60 24,23 20,37 21,06 18,73 21,59 22,40
Índia 14,71 15,10 18,96 19,73 16,72 21,73 21,76 22,26 23,00
UE 61,16 53,83 47,56 62,32 56,95 56,17 68,12 58,86 63,99
Argentina 20,50 15,80 22,50 22,00 15,00 23,30 25,20 21,00 24,00
Canadá 9,36 8,99 11,65 10,59 9,56 12,04 11,36 13,06 14,20
Ucrânia 8,80 7,15 6,40 7,40 11.40 10,49 11,92 22,84 30,90
Fonte: USDA.
De uma produção mundial total de milho na safra 2013/14, no valor de 984 milhões de toneladas, segundo dados do USDA, cerca de 125,5 milhões
foram comercializadas internacionalmente (aproximadamente 12,7 % da produção total em 2013/14). Isto é indicativo de que o milho destina-se
principalmente ao consumo interno. No caso do Brasil, deve-se ressaltar que, dado seu baixo preço de mercado (metade do valor da soja), os custos de
transporte afetam muito a remuneração da produção obtida em regiões distantes dos pontos de consumo, reduzindo o interesse no deslocamento da
produção a maiores distâncias, ou em condições que a logística de transporte é desfavorável.
O mercado mundial de milho no ano agrícola 2013/14 foi abastecido basicamente por quatro países: os Estados Unidos (48,77 milhões de t de
exportações), o Brasil (20,5 milhões de t), a Ucrânia (20 milhões de t) e a Argentina (13,5 milhões de t). Juntos, os quatro países responderam por 82%
do mercado internacional de milho em 2013/14. A principal vantagem destes países é uma logística favorável, excetuando-se o Brasil, que pode ser
decorrente da excelente estrutura de transporte (no caso dos EUA), a proximidade dos portos (caso da Argentina) ou a proximidade aos grandes
mercados importadores (caso da Ucrânia). O Brasil, nas últimas safras, tem se destacado como terceiro ou quarto maior exportador mundial de milho;
porém, a deficiência da estrutura de transporte até aos portos tem prejudicado o País na busca de uma presença maior e mais constante no comércio
internacional de milho.
Em 2013/14, os principais importadores de milho foram o Japão (15,5 milhões de t), o México (10,7 milhões de t), a Coreia do Sul (10,0 milhões de t) e o
Egito (8,0 milhões de t). Outros importadores relevantes são os países da Comunidade Europeia (15,5 milhões de t) e do Sudeste Asiático (9,8 milhões
de t) e a China (3,5 milhões de toneladas).
Um fato importante a destacar é que a produção chinesa, em um futuro próximo poderá não ser suficiente para atender sua demanda crescente. O
consumo de 159 milhões de toneladas na safra 2009/2010 passou para 200 milhões na safra 2012/2013 e poderá alcançar 222 milhões na safra
2014/2015, segundo projeções do USDA. Assim, a China deverá se estabelecer como importadora líquida de milho no futuro, contrastando com o seu
papel de exportador em passado recente. Espera-se que a China, venha a se tornar o maior importador de milho no mundo no final da década. Essa
situação abrirá um mercado de cerca de oito ou nove milhões de toneladas adquiridas anualmente por países asiáticos que, tradicionalmente, compravam
da China, sem contar que as compras chinesas devem ultrapassar os 20 milhões de toneladas, segundo projeções do USDA.
Para finalizar, nos últimos anos, vem ocorrendo um processo de incremento de produção de etanol a partir do milho nos Estados Unidos, que decorre da
política energética do país. Tal fato vem aumentando o consumo interno deste cereal e reduzindo as quantidades disponíveis para exportação. O país,
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tradicionalmente, detinha mais de 50% da quantidade comercializada internacionalmente, mas esse fato mudou nos anos recentes. No ano agrícola de
2011/2012, foi a primeira vez em 40 anos que a participação americana nas exportações mundiais ficou abaixo dos 50%. A grande seca de 2012 reduziu
ainda mais a disponibilidade de milho para exportação, e o market share do país no mercado internacional de milho ficou abaixo de 20%. Mesmo com a
recuperação das vendas externas com a safra recorde de 2013/14, e a retomada do posto de maior exportador, a participação ficou 38,9%.
Suínos e aves
As principais utilizações do milho no mundo são as atividades de criação de aves e suínos. Existem previsões de que a demanda mundial de carnes
continue crescendo, e estimativas apontam um consumo superior a 110 milhões de toneladas de carne suína e quase 70 milhões de toneladas de carne
de frango, até o ano de 2015.
A China é o país que mais produz e consome carne suína: aproximadamente 55 milhões de toneladas em 2013. O segundo lugar é ocupado pela União
Europeia, com mais de 22 milhões de toneladas, seguida dos Estados Unidos, com cerca de 10,5 milhões de toneladas. Observa-se na tabela 2 que, entre
2006 e 2013, ocorreu um pequeno acréscimo de 15,9% na produção brasileira, enquanto que a produção da China aumentou aproximadamente 19,6%.
Tabela 2. Principais países produtores de carne suína - 2006-2013.
Países
Produção (1.000 t)
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
China 46.505 42.878 46.205 48.905 50.712 50.604 53.427 55.620
UE 21.791 22.858 22.596 22.159 22.627 22.953 22.526 22.390
EUA 9.559 9.962 10.599 10.442 10.186 10.331 10.555 10.530
Brasil 2.830 2.990 3.015 3.130 3.195 3.227 3.330 3.280
Rússia 1.805 1.910 2.060 2.205 1.981 2.064 2.175 2.300
Vietnã 1.713 1.832 1.850 1.850 2.090 2.130 2.175 2.220
Canadá 1.748 1.746 1.786 1.789 1.779 1.812 1.840 1.820
Japão 1.247 1.250 1.249 1.310 1.292 1.267 1.297 1.309
Filipinas 1.215 1.250 1.225 1.240 1.260 1.288 1.310 1.350
México 1.109 1.152 1.161 1.162 1.175 1.202 1.239 1.281
Coréia do Sul 1.000 1.043 1.056 1.062 1.110 837 1.086 1.252
Outros 5.201 5.387 5.240 5.219 2.900 3.011 3.022 3.051
Total Mundial 95.723 94.258 98.042 100.473 102.899 103.468 106.828 109.452
Fonte: USDA.
O consumo per capita registrado com Brasil, de 12 kg/hab./ano, ainda é baixo quando comparado com o observado na China, nos Estados Unidos e na
União Europeia, que é de 30, 28 e 42 kg/hab./ano, respectivamente. O crescimento recente verificado na China é impressionante, pois, nos últimos anos,
foi incorporada à produção uma quantidade quase equivalente ao total de carne suína produzida anualmente na Alemanha (individualmente terceiro
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maior produtor mundial de carne suína). Com certeza este crescimento está exercendo uma forte pressão sobre a quantidade demandada de milho para
alimentação do rebanho suíno.
O custo de produção de carne suína na China (US$1,32/kg vivo), entretanto, é mais que o dobro do verificado no Brasil (US$0,62/kg vivo) e maior que os
observados na União Europeia (US$1,10/kg vivo) e nos Estados Unidos (US$0,77/kg vivo). Além disso, os números de animais por km2, que são de 50,6
na China; 36,8 na União Europeia e 10,2 nos Estados Unidos, são substancialmente maiores que os aproximadamente 4,5 animais por km2 no Brasil. A
alta densidade populacional de suínos traz sérias implicações ambientais, derivadas dos efeitos nocivos causados pela disposição dos dejetos dos animais
no meio ambiente, e já afeta as decisões sobre a localização de novos empreendimentos voltados para a criação de suínos. Deve-se registrar que, mesmo
no Brasil, estas considerações crescem de importância e tem direcionado a produção para áreas com menor concentração de animais e menor impacto
ambiental da disposição dos resíduos, localizadas principalmente na região Centro-Oeste.
Com relação à produção de carne de frango, os Estados Unidos, com quase 17 milhões de toneladas em 2013, é o maior produtor mundial, seguido pela
China e o Brasil (Tabela 3). No período de 2006 a 2013, o Brasil teve um incremento de quase 3 milhões de toneladas na sua produção, resultando em
crescimento de 31%, maior do que o observado em concorrentes como os EUA, cuja produção aumentou apenas 6,5% no período.
Tabela 3. Principais países produtores de carne de aves. 2006-2013.
Paises
Produção (1.000 t)
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
EUA 15.930 16.226 16.561 15.935 16.563 16.694 16.621 16.976
China 10.350 11.291 11.840 12.100 12.550 13.200 13.700 13.350
Brasil 9.335 10.305 11.033 11.023 12.312 12.863 12.645 12.308
UE 7.740 8.320 8.594 8.756 9.202 9,320 9.565 9.800
México 2.592 2.683 2.853 2.781 2.822 2.906 2.958 3.002
Índia 2.000 2.240 2.490 2.550 2.650 2.900 3.160 3.450
Rússia 1.180 1.350 1.550 1.790 2.310 2.575 2.830 3.010
Argentina 1.200 1.320 1.430 1.500 1.680 1.770 2.014 2.060
Turquia - - - 1.180 1.420 1.619 1.707 1.760
Tailândia 1.100 1.050 1.170 1.200 1.280 1.350 1.550 1.500
Indonésia - - - 1.409 1.465 1.515 1.540 1.550
Outros 10.609 11.084 11.358 13.222 13.981 14.487 14.953 15.307
Total Mundial 64.496 68.451 71.569 72.004 78.235 81.199 83.243 84.073
Fonte: USDA
Panorama nacional
Produção de milho
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A produção de milho no Brasil tem se caracterizado pela divisão da produção em duas épocas de plantio. Os plantios de verão, ou primeira safra, são
realizados na época tradicional, durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto na região Sul até os meses de outubro/novembro no Sudeste e
Centro-Oeste (no Nordeste este período ocorre no início do ano). Mais recentemente, tem aumentado a produção obtida na chamada "safrinha", ou
segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em fevereiro ou março, quase sempre depois da soja precoce,
predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná e São Paulo.
Ao longo das últimas décadas, tem-se verificado um decréscimo na área plantada no período da primeira safra, devido à concorrência com a soja, mas
que tem sido compensado pelo aumento dos plantios na "safrinha". É importante fazer uma ressalva: a expressão “safrinha” decorre do fato de que
quando esta surgiu era uma safra pequena e de baixa produtividade, mas que, ao longo das últimas duas décadas, foi ganhando representatividade.
Embora realizados em uma condição desfavorável de clima, os plantios da "safrinha" vêm sendo conduzidos dentro de sistemas de produção que têm sido
gradativamente adaptados a estas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras. A denominação safrinha, apesar de ter
perdido um pouco a razão de ser, permanece por já ser consagrada no Brasil.
A safra 2011/12 pode vir a se tornar um divisor de águas para a produção de milho no Brasil. Pela primeira vez, a produção na safrinha ultrapassou o
colhido na safra verão. A perpetuação desse fato deve ajudar a consolidar a expressão "segunda safra" de milho e fazer a denominação “safrinha” cair em
desuso.
Tabela 4. Produção Brasileira de Milho.
Safra 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
Produção (1.000 t)
Total 51.369,9 58.652,3 51.003,8 56.018,1 57.406,9 72.979,5 81.505,7 78.554,0
1ª Safra 36.596 39.964 33.654 34.079 34.946 33.867 34.576 31.681
2ª Safra 14.773,0 18.688,1 17.349,0 21.938,8 22.460,3 39.112,7 46.928,9 46.872,6
Área plantada (1.000 ha)
Total 14.054,9 14.765,7 14.171,8 12.993,9 13.806,1 15.178,1 15.829,3 15.769,1
1ª Safra 9.493,9 9.635,6 9.270,5 7.724,0 7.637,7 7.558,5 6.783,1 6.642,1
2ª Safra 4.561,0 5.130,1 4.901,3 5.269,9 6.168,4 7.619,6 9.046,2 9.127,0
Rendimento (kg.ha-1)
Total 3.655 3.972 3.599 4.311 4.158 4.808 5.149 4.982
1ª Safra 3.855 4.148 3.630 4.412 4.576 4.481 5.097 4.770
2ª Safra 3.239 3.643 3.540 4.163 3.641 5.133 5.188 5.136
Fonte: CONAB.
Nota-se na Tabela 4 que, apesar da diminuição progressiva da área de plantio da primeira safra, a produção tem crescido. Este equilíbrio tem sido obtido
pelo incremento da produtividade agrícola nos principais estados produtores, nos quais, a produtividade média na safra de verão (1a safra) já alcançou a
marca de 5 t/ha em 2012/13. A produtividade na segunda safra sempre foi menor que da safra normal; entretanto, grande parte das lavouras de milho
de inverno sucedem plantações de soja, cujos produtores são conhecidos pela alta tecnologia aplicada. Assim, o aumento de produtividade da segunda
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safra decorre da maior utilização de tecnologias de produção nesta época de plantio, apesar das restrições climáticas. Nesse sentido, a segunda safra
superou a marca de 5 t/ha nos últimos 3 anos, que, somados a maior área no inverno, são os grandes responsáveis pelo aumento da produção de milho
no Brasil a partir de 2011/12.
A baixa produtividade média de milho no Brasil, quando comparado com a média obtida pelos grandes players mundiais, não reflete o bom nível
tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores voltados para lavouras comerciais. Que decorre do fato de que as médias são obtidas nas mais
diferentes regiões, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades. Na região Nordeste, por exemplo, usualmente, planta-se 3 milhões de
hectares de milho (um pouco menos de 20% da área plantada de milho no Brasil) com produtividades, na média de 2,2 kg por ha em plantios de verão e
3,5 t por ha em plantios de inverno.
O milho é cultivado em praticamente todo o território brasileiro, sendo que, na safra 21013/14, quase 88% da produção concentrou-se no centro-sul do
país. A região Sul respondeu por 31,6% da produção, o Sudeste por 13,70% da produção e o Centro-Oeste por 42,64% da produção. Além da
representatividade, a participação dessas regiões em área plantada e produção vêm se alterando ao longo dos anos, com a região Centro-Oeste
aumentando a sua participação em detrimento das regiões Sul e Sudeste. Para ilustrar isso, considere o fato de que o Sul e o Sudeste, em 2006/07,
produziam, respectivamente, 44,5% e 20,2% do milho brasileiro. A partir da safra 2011/12, o Centro-Oeste tomou a posição do Sul como maior região
produtora de milho no país, e tem firmado essa posição nas safras posteriores.
O aumento da participação do Centro-Oeste na produção de milho no Brasil deve-se à segunda safra, pois no verão a cultura perdeu espaço na região,
principalmente para a soja. As evoluções da produção de milho 1a safra e 2a safra, nas principais regiões produtoras e respectivos estados, são
apresentadas nas Tabelas 5 e 6.
Tabela 5. Evolução da produção de milho na 1a
safra, Brasil (1.000 t)
REGIÃO/UF 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
CENTRO-OESTE 4.583,4 5.458,1 4.480,5 3.628,6 4.001,2 5.723,2 4.114,4 3.184,9
MT 790,9 790,4 530,7 409,0 366,3 584,5 535,2 422,2
MS 560,6 626,4 501,8 375,8 308,2 458,9 369,6 225,5
GO 2.966,2 3.764,1 3.202,0 2.643,2 3.097,6 4.378,4 2.879,2 2.161,5
DF 265,7 277,2 246,0 200,6 229,1 301,4 330,4 375,7
SUDESTE 9.613,2 10.239,2 9.852,5 9.481,9 9.644,3 10.772,7 10.637,5 8.060,9
MG 6.158,7 6.412,8 6.367,5 5.920,0 6.198,1 7.284,2 6.834,4 5.742,5
ES 90,7 95,3 96,9 74,2 81,7 76,5 61,4 60,5
RJ 23,5 19,8 20,4 17,5 16,9 14,9 13,3 10,3
SP 3.340,3 3.711,3 3.367,7 3.470,2 3.347,6 3.397,1 3.728,4 2.247,6
SUL 18.626,2 19.120,2 14.036,1 16.259,0 15.394,3 12.868,6 15.899,4 14.581,2
PR 8.804,2 9.708,8 6.522,1 6.866,7 6.046,5 6.578,9 7.156,5 5.379,2
SC 3.863,5 4.089,4 3.265,2 3.798,4 3.571,5 2.947,0 3.359,4 3.485,0
RS 5.958,5 5.322,0 4.248,8 5.593,9 5.776,3 3.342,7 5.383,5 5.717,0
CENTRO-SUL 32.822,8 34.817,5 28.369,1 29.369,5 29.039,8 29.364,5 30.651,3 25.827,0
BRASIL 36.596,7 39.964,1 33.654,9 34.079,2 34.946,7 33.867,1 34.576,7 31.681,4
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Fonte: CONAB
Tabela 6. Evolução da produção de milho na 2a
safra, Brasil (1.000 t)
REGIÃO/UF 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
CENTRO-OESTE 8.410,6 11.228,2 11.083,7 13.278,2 13.314,4 25.393,1 31.796,2 30.309,5
MT 5.074,0 7.016,5 7.551,00 7.709,10 7.253,40 15.025,90 19.357,80 16.716,90
MS 2.390,8 2.897,9 1.810,1 3.361,5 3.115,0 6.117,5 7.451,1 7.305,0
GO 921,3 1.267,0 1.696,9 2.152,8 2.912,2 4.197,5 4.816,9 5.837,6
DF 24,5 46,8 25,70 54,80 33,80 52,20 170,40 450,00
SUDESTE 740,0 1.178,4 1.082,5 1.233,7 1.308,0 2.027,4 2.040,2 2.701,6
MG 98,1 216,3 176,0 163,6 328,7 523,2 617,8 1.229,1
SP 641,9 962,1 906,5 1.070,1 979,3 1.504,2 1.422,4 1.472,5
SUL 5.047,1 5.659,4 4.578,6 6.576,6 6.201,3 10.178,2 10.485,9 10.242,6
PR 5.047,1 5.659,4 4.578,6 6.576,6 6.201,3 10.178,2 10.485,9 10.242,6
CENTRO-SUL 14.197,7 18.066,0 16.744,8 21.088,5 20.823,7 37.598,7 44.322,3 43.253,7
BRASIL 14.773,0 18.688,1 17.349,0 21.938,8 22.460,3 39.112,7 46.928,9 46.872,6
Fonte: CONAB.
O aumento de participação do milho safrinha na produção total nacional decorre do incremento considerável dessa segunda safra nos estados do Centro-
Oeste e do Estado do Paraná. Entre as safras 2010/2011 e 2011/12, ocorreu um aumento de produção de 82,58% da produção da segunda safra no
Centro-Oeste (sendo que no Mato Grosso esse aumento foi de 103,86%) e no Paraná esse aumento alcançou 69,62%.
Suínos e aves
Diferente do que acontece no mundo, onde a carne suína é a mais consumida, no Brasil a carne mais consumida é a de frango, seguida da carne bovina e
suína. A tabela 7 mostra a evolução da produção de carnes no Brasil.
No que se refere à carne de frango, este é o segmento do setor de proteínas animais que mais cresce no país, sendo impulsionado pelas exportações. Do
total de carnes de frango produzidas em 2013, cerca de 72 % destinaram-se ao mercado interno e 28 % foram exportados. O Brasil é o maior exportador
mundial de carne de frango. Em 2013, o País exportou 3,48 milhões de toneladas, representando 34% das exportações mundiais. Em comparação com o
mercado de carnes de suínos e bovinos, o mercado de carne de aves é o que mais cresce, totalizando 31% entre 2006 e 2013. O mercado de carnes de
bovinos está relativamente estagnado, crescendo somente 7,2% em 8 anos.
Tabela 7. Evolução da produção de carnes no Brasil (em 1.000 t), 2006-2013.
TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
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Frango 9.355 10.305 11.033 11.023 12.312 12.863 12.645 12.308
Suínos 2.830 2.990 3.015 3.130 3.125 3.227 3.330 3.280
Bovinos 9.025 9.303 9.024 8.935 9.115 9.030 9.307 9.675
Fonte: USDA
A evolução das exportações brasileiras de carnes está na Tabela 8. As exportações de carne de frango cresceram mais do que proporcionalmente ao
aumento da produção. Além disso, o mercado interno tem ajudado no consumo da produção de carnes de frango, pois enquanto as exportações
aumentaram 1 milhão de toneladas, a produção aumentou 3 milhões. A maior disponibilidade interna de carne de frango foi absorvida pelo crescimento
do consumo per capita. Entre 2003 e 2010, o consumo per capita da carne de frango aumentou 30%, passando de 33,89 kg para 44,09 kg.
Tabela 8. Evolução das exportações brasileiras de carnes (em 1.000 t), 2006-2013.
TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Frango 2.502 2.922 3.242 3.222 3.272 3.443 3.508 3.482
Suínos 639 730 625 707 619 584 661 585
Bovinos 2.084 2.189 1.801 1.596 1.558 1.340 1.524 1.849
Fonte: USDA
Outro aspecto relevante que deve ser destacado é a localização das unidades industriais de suínos e aves. A região Sul ainda concentra a maioria da
produção e vem apresentando crescimento dessa atividade. Mais recentemente, a produção de suínos e de frangos na região Centro-Oeste vem
mostrando forte expansão, vinculada à crescente produção de soja e milho nessa região, principalmente em Goiás. Essa tendência é plenamente
justificável em razão do peso que representa o milho e a soja no custo final da ração, tanto para aves quanto para suínos. Além disso, o custo de
transporte, especialmente no Brasil, onde são precárias as condições de infraestrutura, onera muito o preço do milho quando transportado a longas
distâncias, refletindo na elevação do custo da ração. Assim, há tendência de se consumir o milho o mais próximo possível das áreas de produção.
Mercado do milho
O milho se caracteriza por se destinar tanto para o consumo humano como por ser empregado para alimentação de animais. Em ambos os casos, algum
tipo de transformação industrial ou na própria fazenda pode ser necessária. Um resumo de possíveis utilizações do milho pode ser encontrado no Quadro
1. Nas seções seguintes, as principais transformações necessárias para o consumo animal e humano serão exploradas.
Quadro 1. Os múltiplos uso do milho (planta, espiga e grão) no Brasil.
Destinação Forma/Produto Final
Uso Animal Direto Silagem; Rolão; Grãos (inteiro/desintegrado) para aves, suínos e bovinos.
Uso Humano Direto de Preparo Caseiro Espiga assada ou cozida; Pamonha; Curau; Pipoca; Minimilho; Pães; Bolos; Broas;
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Cuscuz; Polenta; Angus; Sopas; Farofa.
Indústria de Rações
Rações para aves (corte e postura); outras aves; Suínos; Bovinos (corte e leite); Outros
mamíferos.
Indústria de Alimentos
Produtos Finais
Amidos; Fubás; Farinhas comuns; Farinha pré-cozidas; Flocadas; Canjicas; Óleo; Creme;
Pipocas; Glicose; Dextrose.
Intermediários Canjicas; Sêmola; Semolina; Moído; Granulado; Farelo de germe.
Xarope de Glucose
Balas duras; Balas mastigáveis; Goma de mascar; Doces em pasta; salsichas; salames;
Mortadelas; Hambúrgueres; Outras carnes processadas; Frutas cristalizadas; Compotas;
Biscoitos; Xaropes; Sorvetes; Para polimento de arroz.
Xarope de Glucose com alto teor de maltose Cervejas
Corantes Caramelo Refrigerantes; Cervejas; Bebidas alcoólicas; Molhos.
Maltodextrinas
Aromas e essências; Sopas desidratadas; Pós para sorvetes; Complexos vitamínicos;
Produtos achocolatados.
Amidos Alimentícios
Biscoitos; Melhoradores de farinhas; Pães; Pós para pudins; Fermento em pó; Macarrão;
Produtos farmacêuticos; Balas de goma.
Amidos Industriais
Para papel; Papelão ondulado; Adesivos; Fitas Gomadas; Briquetes de carvão;
Engomagens de tecidos; Beneficiamento de minérios.
Dextrinas
Adesivos; Tubos e tubetes; Barricas de fibra; lixas; Abrasivos; Sacos de papel;
multifolhados; Estampagem de tecidos; Cartonagem; Beneficiamento de minérios.
Pré-Gelatinizados Fundição de peças de metal.
Adesivos
Rotulagem de garrafas e de latas; Sacos; Tubos e tubetes; Fechamento de caixas de
papelão; Colagem de papel; madeira e tecidos.
Ingredientes Protéicos Rações para bovinos; suínos; aves e cães.
Fonte: Jornal Agroceres (1994).
Consumo humano
Mesmo para o consumo humano, o milho necessita de alguma transformação. À exceção do consumo quando os grãos estão em estado leitoso, ou
"verde", os grãos secos não podem ser consumidos diretamente pelos seres humanos.
Os produtos oriundos do consumo industrial do milho são matérias-primas para a indústria alimentícia, sendo processadas pelas indústrias moageiras a
seco e úmido. A moagem seca é o processo mais utilizado no Brasil, pois, devido a sua relativa simplicidade, não demandam grandes investimentos
tecnológicos. Deste processo, resultam subprodutos de diversos segmentos, como a farinha de milho, o fubá, a quirera, farelos, óleo e farinha integral
desengordurada. A fabricação desses produtos é feita predominantemente por indústrias nacionais espalhadas por todo o país, apesar de estar
concentrada nos estados do Paraná, São Paulo e Goiás. Outro segmento da indústria moageira a seco é a produção de snacks, que, apesar de
concentração de mercado em grandes empresas, como a Elma Chips, há um grande número de empresas regionais. Por fim, a produção de cereais
matinais é altamente concentrada, produzidos por empresas como a Nestlé, Nutrifoods e a Kellog’s.
O contrário da moagem a seco, o processo de moagem úmida demanda elevados investimentos por utilizar tecnologias sofisticadas. A indústria de
processamento de moagem úmida é dominada por multinacionais, resultando em alta concentração. Através do processo de moagem úmida, o principal
subproduto obtido é o amido, cujo nome do produto foi praticamente substituído pela designação comercial de Maizena. A Tabela 9 apresenta quantidade
de milho processada entre 2002 e 2010 pela forma de processamento.
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Tabela 9: Milho – Consumo por processo a seco e a úmido (x 1000 toneladas)
SEGMENTO ANO
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010*
Moagem a seco 1.588 1.585 1.592 1.670 1.540 1.619 1.820 1.748 1.800
Moagem úmida 1.180 1.182 1.184 1.300 1.269 1.300 1.550 1.500 1.500
Pequenos moinhos 1.384 1.385 1.385 1.450 1.350 1.450 1.518 1.480 1.512
Total 4.152 4.152 4.161 4.420 4.159 4.369 4.888 4.728 4.812
Fonte: ABIMILHO * Estimativas 2010.
Mais recentemente, tem aumentado a produção do milho destinado especificamente ao enlatamento. Esta indústria tem evoluído em termos de
qualidade, pois, mais recentemente, com a disponibilidade de novos materiais adaptados ao país, passou a processar milho do tipo doce. Existe um
movimento no sentido da transferência desta indústria, anteriormente localizada principalmente no extremo Sul do Brasil, para as regiões do Triângulo e
do Alto Paranaíba em Minas Gerais onde, com as novas cultivares, é possível a produção durante todo o ano aproveitando a infraestrutura de irrigação
existente.
Consumo animal
Neste ponto, a cadeia produtiva do milho passa a se inserir na cadeia produtiva do leite, de ovos e da carne bovina, suína e de aves, sendo este canal por
onde os estímulos do mercado são transmitidos aos agricultores. Mudanças nestas cadeias passam a ser de vital importância como incentivadoras do
processo produtivo do milho. Três grandes derivações ocorrem neste item: a) a produção de silagem, para alimentação de vacas em produção de leite e
mais recentemente de gado confinado para engorda no período de inverno; b) a industrialização do grão de milho em ração; c) o emprego do grão em
mistura com concentrados protéicos para a alimentação de suínos e de aves.
A atividade de produção de milho para silagem tem sofrido forte influência, tanto da necessidade de modernização do setor de pecuária leiteira, como do
incremento das atividades de confinamento bovino que ocorreram nos últimos anos.
No caso do item b, o processo de transformação é tipicamente industrial, que resulta no fornecimento de rações prontas, principalmente utilizadas na
criação de animais de estimação, como cães, gatos, etc.
Na criação de suínos, item c, devido à quantidade relativamente grande de milho necessária, este normalmente é adquirido em grão, ou é parcialmente
produzido, pelos criadores para mistura com concentrados na propriedade rural.
Todas estas três derivações têm se desenvolvido consideravelmente em diferentes regiões do Brasil, com a criação de polos regionais de consumo de
milho, que não necessariamente estão próximos aos locais de produção. Ao contrario da industrialização de milho para o consumo humano, este setor
apresenta grande dinamismo, com grande incremento do número de indústrias processadoras.
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Milho geneticamente modificado
Após a liberação da comercialização do milho transgênico pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em 2007, as sementes
geneticamente modificadas do milho ocuparam 88% da área de cultivo, em nível nacional, relativa à cultura, na segunda safra de 2014. Estima-se
também que esse percentual ultrapasse os 90% nos próximos anos. A Tabela 10 apresenta a participação do milho transgênico na safra verão e safrinha
para cada região e agregado para o Brasil. Fato curioso é que tanto na safra verão 2013/14 como na de inverno 2014, a participação dos transgênicos
diminuiu no Centro-Oeste.
Tabela 10: Participação de milho transgênico na safra (% dos sacos de sementes comercializados)
Região
Safras
Primeira
2009/10
Segunda
2010
Primeira
2010/11
Segunda
2011
Primeira
2011/12
Segunda
2012
Primeira
2012/13
Segunda
2013
Primeira
2013/14
Segunda
2014
N 31,11 23,47 43,52 46,70 59,28 73,28 69,08 83,21 - -
NE 45,11 11,07 69,60 40,86 74,94 69,19 87,7 56,57 - -
SE 40,78 67,98 63,95 85,57 74,65 85.94 82,87 93,48 85,1 96,4
S 29,26 60,59 50,98 82,07 70,12 87.19 78,94 94,1 82,1 95,6
CO 45,39 36,33 63,83 65,02 79,48 79,79 84,11 89,8 82,6 86,9
Brasil 35,57 38,99 57,82 69,61 72,87 81,7 81,35 87,64 83,6 88,5
Fonte: APPS
Processamento na fazenda
Uma parcela importante do milho produzido no estado destina-se ao consumo ou transformações em produtos destinados ao consumo na própria
fazenda. O milho destinado ao consumo humano - principalmente na forma de fubá, farinha ou canjica - tem menor quantitativo, frente ao destinado à
alimentação de pequenos animais, geralmente aves e suínos.
Embora este estágio da cadeia do milho possa gerar eventualmente algum excedente para comercialização fora da propriedade agrícola, sua importância
no que diz respeito ao abastecimento urbano é hoje muito reduzida. O aumento na eficiência dos sistemas alternativos de produção de aves e suínos, as
próprias características dos produtos demandados pelos consumidores urbanos e as quantidades necessárias para atingir escalas mínimas que
compensem o transporte para as regiões consumidoras reduziu, e muito, sua capacidade de competição. Sua importância hoje é muito maior na
subsistência destas populações rurais do que como fator de geração de renda capaz de promover melhorias substanciais em seu padrão de vida. O
desafio que se defronta neste elo da cadeia seria a transformação da capacidade destes agricultores em se integrar em cadeias de processamento de
milho mais modernas e competitivas, sem o que sua situação de marginalidade frente ao processo de desenvolvimento do país não será modificada.
Custo de produção
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Sistemas de produção de milho
Há uma grande diversidade nas condições de cultivo do milho no Brasil. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem utilização de
insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado) até lavouras que utilizam o mais alto nível
tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. Independentemente da região, os seguintes
sistemas de produção de milho são bastante evidentes:
Produtor comercial de grãos
Normalmente, produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por
objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, predominando o sistema de plantio direto.
São os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado.
Produtor de grãos e pecuária
Neste caso, o agricultor usa um nível médio de tecnologia, por lhe parecer o mais adequado, em termos de custo de produção. É comum o plantio de
milho visando a renovação de pastagens. A região, muitas vezes, não produz soja, e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho médio a
pequena. A capacidade gerencial não é tão boa e, muitas vezes, as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo
adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas podem também comprometer o rendimento do milho.
Recentemente, vem sendo implementada a recuperação de pastagens degradadas, que atingem praticamente 50 milhões de hectares. À medida que
avance o programa de recuperação, deverá haver aumento na oferta de milho, uma vez que o sistema de integração lavoura-pecuária, utilizando milho,
tem se mostrado o mais apropriado para esse fim.
Pequeno produtor
É aquele produtor de subsistência, onde a maior parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso
de semente não melhorada. O tamanho da lavoura é pequeno e é comum a utilização de terceiros para algumas operações como o preparo de solo e
plantio. Essa produção tem perdido importância no que se refere ao abastecimento do mercado.
Produção de milho safrinha
Este tipo de exploração ocupou na safra 2011/12 cerca de 7,6 milhões de hectares de milho, plantados principalmente nos estados PR, SP, MT, MS e GO.
O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O rendimento e o nível tecnológico depende muito da época de plantio. Nos plantios mais
cedo, geralmente até o final do mês de fevereiro, o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios, o agricultor
reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura, devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e/ou deficiência
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hídrica). A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e à redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados. Essa
oferta tem sido importante para a regularização do mercado.
Coeficientes técnicos
Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao
"produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na
condução das lavouras de milho, variando pouco entre as principais regiões produtoras.
Evidentemente, não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações
inerentes a cada lavoura. Entretanto, especificamente com relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável
precisão, identificar um padrão tecnológico que se apresenta como o mais adequado para essas lavouras.
Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando sistema
plantio direto (Tabela 11), safra normal usando plantio convencional (Tabela 12) e safrinha usando o sistema de plantio direto (Tabela 13) e da agricultura
familiar (Tabela 14).
Considerações finais
Uma vez que a produção mundial de suínos e aves, principais consumidores de milho, continuará crescendo, a questão que se coloca é a indagação sobre
quais regiões reúnem as condições mais favoráveis para suportar esse crescimento.
Certamente, haverá um grande peso no sentido de favorecer regiões produtoras de milho que disponham de boa logística de transporte para atender a
consumidores situados em uma distância razoável. Este atendimento regional é da maior importância para a sustentabilidade da atividade produtiva, pois
provê um escoamento seguro para a produção. Outro fator importante é a disponibilidade de um sistema de armazenamento eficiente, que possibilite aos
agricultores realizar a comercialização da produção de forma mais lucrativa ao longo do ano. A disponibilidade de um sistema de comercialização eficiente
também é parte deste complexo de aspectos que aumenta a competitividade dos produtores de milho de determinada região. Para finalizar, embora o
atendimento a consumidores localizados a distâncias mais curtas possível seja vital, o estabelecimento de um canal de comércio exterior é interessante,
tendo em vista que este fornecerá um piso de flutuação dos preços mais estável do que os normalmente verificados nos preços internos.
Tabela 11. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Plantio direto: produtividade 9.000 kg/ha).
DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Calcário t 0,7
Gesso t 0,4
Distribuição do calcário Trator 85 hp + calcariador hm 0,125
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Dessecação herbicida Glifosato l 3
Distribuição herbicida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l hm 0,3
Mão-de-obra distribuição herbicida dh 0,25
PLANTIO
Sementes Híbridos simples ou triplos transgênicos sc. 1,2
Tratamento de Sementes
Inseticida l 0,4
Adubação 8-28-16 + Zn + FTE kg 400
Plantio / adubação mecânica Trator 120 hp + plant / adub. 12 linhas hm 0,8
Transporte Interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de cobertura Uréia kg 250
Aplic. adubação de cobertura Trator 85 hp + distr. adubo 5 linhas hm 0,6
Herbicida Pós
Herbicida 1 l 2,5
Herbicida 2 l 0,8
Aplicação herbicida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X) hm 0,3
Controle de pragas
Inseticida 2 Fisiológico l 0,6
Espalhante adesivo Óleo mineral % calda 0,5
Aplicação inseticida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) hm 0,6
Controle doenças
Fungicida 1 * (caso necessário) l 0,75
Óleo mineral % calda 0,5
COLHEITA
Colheita mecânica Colheitadeira plataforma 4m hm 0,85
Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
Fonte: Os autores.
Tabela 12. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (plantio convencional: produtividade 7.000 kg/ha.
DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO (*) UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Calcário t 0,7
Gesso t 0,4
Distribuição do calcário hm 0,125
Gradagem Aradora Trator 120 hp + grade pesada. hm 1,6
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Gradagem Niveladora Trator 120 hp + grade nivel. hm 0,4
PLANTIO
Sementes Híbridos simples ou triplo transgênicos sc 1,2
Inseticida l 0,4
Distribuição inseticida manual dh 0,05
Adubação 8-28-16 + FTE-CAMPO kg 300
Plantio / adubação mecânica Trator 120 hp + plant / adub. 12 linhas hm 0,8
Transporte interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de cobertura Uréia kg 200
Aplic. Adubação de cobertura hm 0,6
Herbicida Pós
Herbicida 1 l 2,5
Herbicida 2 l 0,8
Aplicação herbicida - máquina Trator 85 hp + pulv. barra 2000 l hm 0,3
Mão-de-obra aplic. herbicida dh 0,16
Inseticida
Inseticida 1 Piretróide l 0,3
Inseticida 2 Fisiológico l 0,6
Espalhante adesivo Óleo mineral l 1
Aplicação inseticida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) hm 0,6
Mão-de-obra aplic. inseticida dh 0,32
Controle formigas
Formicida Isca kg 0,6
COLHEITA
Colheita mecânica Colheitadeira plataforma 4m hm 0,85
Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
Fonte: Os autores.
Tabela 13. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Safrinha: produtividade 5.000 kg/ha.
DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO (*) UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Dessecação
Herbicida 1 Glifosato l 1,5
Herbicida 2 2,4-D l 0,5
Distribuição herbicida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l hm 0,15
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Mão-de-obra distribuição herbicida dh 0,25
PLANTIO
Sementes Híbridos simples ou triplo transgênico sc. 1
Adubo 4-20-20 kg 200
Plantio / adubação Trator 120 hp + plant / adub. 12 linhas hm 0,8
Transporte interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de cobertura Uréia kg 60
Mão-de-obra aplic. inseticida dh 0,32
COLHEITA
Colheita mecânica Colheitadeira plataforma 4m hm 0,6
Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
Fonte: Os autores.
Tabela 14. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (agricultura familiar: produtividade 5.000 kg/ha).
DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO (*) UNIDADE
QUANTIDADE
UTILIZADA
PREPARO DO SOLO
Calcário t 0,7
Distribuição do calcário hm 0,125
Aração Trator 120 hp + arado de disco. hm 2,5
Gradagem Niveladora Trator 120 hp + grade nivel. hm 0,4
PLANTIO
Sementes Híbridos duplo sc 1
Adubação 8-28-16 + Zn kg 150
Plantio / adubação mecânica Trator 120 hp + plant / adub. 4 linhas hm 1,0
Transporte interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
TRATOS CULTURAIS
Adubação de cobertura Uréia kg 100
Aplic. Adubação de cobertura hm 0,6
Herbicida Pós
Herbicida 1 l 6
Aplicação herbicida - máquina Trator 85 hp + pulv. barra 2000 l hm 0,3
Mão-de-obra aplic. herbicida dh 0,16
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COLHEITA
Colheita mecânica Colheitadeira de uma linha hm 1,5
Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3
Fonte: Os autores.
Autores deste tópico:Jason de Oliveira Duarte,Joao Carlos Garcia,Rubens
Augusto de Miranda
Zoneamento agrícola
Época de plantio de milho
O plantio de milho na época adequada, embora não tenha nenhum efeito no custo de produção, seguramente afeta o rendimento e, consequentemente o
lucro do agricultor. Para a tomada de decisão quanto à época de plantio, é importante conhecer os fatores de riscos, que tendem a ser minimizados
quanto mais eficiente for o planejamento das atividades relacionadas à produção. O agricultor tem que estar consciente de que a chance de seu sucesso
deve-se a seu planejamento, e que este depende de vários elementos, dentre eles, os riscos climáticos a que está sujeito.
A produtividade do milho é função de vários fatores integrados, sendo os mais importantes a interceptação de radiação pelo dossel, eficiência metabólica,
eficiência de translocação de fotossintatos para os grãos e a capacidade de dreno. As relações de fonte e dreno são funções de condições ambientais e as
plantas procuram se adaptar a essas condições. As respostas diferenciadas dos genótipos à variabilidade ambiental, ou seja, à interação genótipo e
ambiente, significa que os efeitos genotípicos e ambientais não são independentes. Daí a importância de conhecer a época de plantio, analisando todo o
ciclo da cultura, procurando prever as condições ambientais em todas as suas fases fenológicas. A grande dificuldade que se encontra é com respeito às
variações ambientais não previsíveis. Essas variações imprevisíveis correspondem aos fatores ambientais altamente variáveis, não só espacialmente como
de forma temporal (precipitação, temperatura, vento, etc.). Sabe-se que a interação genótipo e ambiente está associada a fatores simples e complexos.
Os simples são proporcionados pela diferença de variabilidade entre genótipos nos ambientes, e os complexos, pela falta de correlação entre os
desempenhos do genótipo nos ambientes. Como se pode observar, é uma tarefa difícil estabelecer a época de plantio para uma dada região sem um
conhecimento prévio das cultivares a serem plantadas e das condições ambientais onde se pretende desenvolvê-las. Portanto, a época de semeadura
refere-se ao período em que a cultura tem maior probabilidade de desenvolver-se em condições edafoclimáticas favoráveis.
No Brasil Central, mais especificamente na região dos Cerrados, embora o cultivo do milho seja feito em diversas condições climáticas, considerando a
variabilidade temporal e espacial do clima, pode-se observar que, durante todo o ciclo da cultura, a temperatura é superior a 15 oC e não ocorrem
geadas. A temperatura noturna, em alguns locais, é elevada (maior que 24 oC), o que afeta o desempenho das plantas, principalmente no período
coincidente com aquele entre emborrachamento e grão leitoso, reduzindo a produtividade.
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De forma geral, pode-se dizer que, nessa região, a melhor época de semeadura é entre setembro e novembro, dependendo do início das chuvas.
A produtividade, geralmente, é mais alta quando as condições do tempo permitem o plantio em outubro. Depois disso, há uma redução no ciclo da cultura
e queda no rendimento por área. Trabalhos de pesquisa no Brasil Central mostram que, dependendo da cultivar, atraso do plantio a partir da época mais
adequada (geralmente em outubro) pode resultar em redução no rendimento em até 30 kg de milho por hectare por dia. Obviamente, muitas vezes esse
atraso não depende do produtor, por razões diversas. Cabe a ele elaborar seu planejamento de plantio de forma a não atrasá-lo por negligência ou por
desconhecimento, pois assim estará perdendo dinheiro e comprometendo seu negócio.
Excetuando-se as elevadas altitudes, onde o que determina a época de plantio é a temperatura, no Brasil Central, o que define a época de plantio é a
distribuição das chuvas. O uso consuntivo de água para o milho durante seu ciclo varia de 500 e 800mm, dependendo das condições climáticas
dominantes. A água é absorvida diferencialmente com o estádio de crescimento e desenvolvimento da cultura. Vale a pena ressaltar que o déficit hídrico
tem influência direta na taxa fotossintética, que está associada diretamente à produção de grãos e sua importância varia com o estádio fenológico em que
se encontra a planta. Pesquisas mostram que dois dias de estresse hídrico podem reduzir até 20% de produtividade e que estresse hídrico de quatro a
oito dias diminui a produção em mais de 50%. Considera-se, ainda, que o período que vai da iniciação floral até o desenvolvimento da inflorescência e o
período do pendoamento até a maturação são as fases críticas do déficit hídrico. Em resumo, a época de semeadura é determinada em função das
condições ambientais (temperatura, distribuição das chuvas e disponibilidade de água do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade
térmicas das cultivares). Ainda com respeito ao clima, deve-se levar em consideração a radiação solar e a intensidade e frequência do veranico nas
diferentes fases fenológicas da cultura.
Objetivando estabelecer a época de plantio de milho de sequeiro para as diferentes regiões, foi desenvolvido um estudo para recomendação das épocas
de plantio em função dos períodos críticos da cultura a estresse hídrico. Nesse trabalho, além de ser considerado o fator climático precipitação
(intensidade e distribuição) e os elementos temperatura e radiação na estimativa da demanda de água pela planta, levaram-se também em consideração
aspectos fisiológicos da planta e características físico-hídricas dos solos. As épocas de plantio de menor risco para a cultura do milho, nas diferentes
regiões do Brasil, podem ser vistas no zoneamento agrícola de risco climático disponibilizado pelo Ministério da
Agricultura (http://www.agricultura.gov.br), nos links "serviços" e "Portarias do Zoneamento por UF".
O milho safrinha, que é plantado além dos limites dos Cerrados, não tem um período pré-fixado para seu plantio, como o milho de safra normal, que é
plantado no início das chuvas. É uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, normalmente após a soja precoce e, em alguns locais, após o milho de verão
e o feijão das águas.
Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações
de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data de plantio
depende da época do plantio dessa cultura antecessora e de seu ciclo. Assim, o planejamento do milho safrinha começa com a cultura de verão, visando
liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor será o potencial e maior o risco de perdas por adversidades climáticas (seca
e/ou geadas).
Isso a torna uma cultura de alto risco, uma vez que a estação chuvosa encontra-se no fim, o que proporciona uma variabilidade espacial e temporal muito
grande e, como conseqüência, uma variabilidade de produção. Na safrinha, além do potencial de produção ser reduzido, há alto risco de frustação de
safras, baixo investimento na cultura e, conseqüentemente, baixa produtividade.
Considerando a inviabilidade de antever a interação genótipo e ambiente e suas variações de combinações, as épocas-limites preferencialmente
recomendadas para a semeadura, de acordo com vários trabalhos de pesquisa, encontram-se na Tabela 1. Em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, norte de
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São Paulo e Mato Grosso do Sul, o principal fator de risco é o déficit hídrico, sendo atenuado nas áreas de maior altitude, em razão das temperaturas
amenas proporcionarem menor evapotranspiração.
No Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e sudoeste de São Paulo (Vale do Paranapanema), existe elevado risco de geada, principalmente nas áreas acima
de 600 m de altitude. Assim, ao contrário do que é preconizado para o milho de verão, as baixas altitudes são favoráveis ao cultivo da safrinha nas
regiões mais ao sul do País. No Paraná, as geadas ocorrem com maior frequência nos meses de junho e julho, com destaque para julho, em Guarapuava,
Cascavel e Londrina, e junho, em Ponta Grossa, Pinhais e Cambará. Em São Paulo, ocorre com maior frequência nos meses de junho a agosto, com
probabilidades semelhantes entre os meses de junho e julho e ligeiramente superiores em agosto, para todas as localidades estudadas.
Tabela 1. Limite das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha, por estado e região produtora.
Estado Época Limite Altitude (1) Região (cidades referência)
Mato Grosso 15 de março Alta Centro-Norte (Sapezal, Lucas do Rio Verde)
Goiás
15 de fevereiro Baixa Sudeste (Bom Jesus, Santa Helena)
28 de fevereiro Alta Sudoeste (Rio Verde, Jataí e Montividiu)
Minas Gerais 28 de fevereiro Baixa Vale do Rio Grande (Conceição das Alagoas)
Mato Grosso do Sul 15 de março
Baixa e Alta
Centro-Norte (Campo Grande, São G. do
Oeste, Chapadão do Sul)
Baixa
Centro-Sul (Dourados, Sidrolândia, Itaporã,
Ponta Porã)
São Paulo
28 de fevereiro Alta
Alto Paranapanema (Taquarituba, Itapeva,
Capão Bonito)
15 de março
Baixa Norte (Guaíra, Orlândia, Ituverava)
Baixa Noroeste (Votuporanga, Araçatuba)
30 de março Baixa
Médio Vale do Paranapanema (Assis,
Ourinhos)
Paraná
30 de janeiro Alta
Transição (Wenceslau Braz, Mauá da Serra,
sul de Ivaiporã, Cascavel, sul de Toledo até
Francisco Beltrão)
15 de março Baixa
Oeste e Vale do Iguaçu (Campo Mourão, sul
de Palotina, Medianeira e Cruzeiro do Iguaçu)
30 de março
Baixa
Norte (Cornélio Procópio, Londrina, Maringá,
Apucarana)
Baixa Noroeste (Paravaí, Umuarama)
(1) Alta = altitude igual ou superior a 600 m e Baixa = altitude inferior a 600 m.
Fonte: Vários autores, citados por Duarte (2001).
Autores deste tópico:Daniel Pereira Guimaraes,Elena Charlotte Landau
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Ecofisiologia
Introdução
O milho é uma gramínea pertencente à família Poaceae, e sua espécie é a Zea mays L. Todos os milhos estão incluídos nessa única espécie e pertencem à
tribo Maydeae, que possui sete gêneros, dos quais dois são nativos do hemisfério ocidental (Zea e Tripsacum) e cinco da Ásia. Calcula-se que seja a
América Central ou o México a sua região de origem, tendo sido desenvolvido há 8 ou 10 mil anos (Paterniani et al., 2000). O caráter monoico e a sua
morfologia característica resultam da supressão, condensação e multiplicação de várias partes da anatomia básica das gramíneas. Os aspectos
vegetativos e reprodutivos da planta de milho podem ser modificados através da interação com os fatores ambientais que afetam o controle da ontogenia
do desenvolvimento. Contudo, o resultado geral da seleção natural e da domesticação foi produzir uma planta anual, robusta e ereta, com um a quatro
metros de altura, que é esplendidamente “construída” para a produção de grãos.
O milho é uma das mais eficientes plantas armazenadoras de energia existentes na natureza, devido à sua grande capacidade de acumulação de
fotoassimilados (Baldo, 2007). De uma semente que pesa pouco mais de 0,3 g irá surgir uma planta geralmente com mais de 2,0 m de altura, isto dentro
de um espaço de tempo de cerca de nove semanas. Nos meses seguintes, essa planta produz cerca de 600 a 1.000 sementes similares àquela da qual se
originou (Aldrich et al. 1982).
Com relação ao período de cultivo o Brasil, país tropical, leva grande vantagem se comparado às condições de clima temperado, no qual esse período é
bem definido e relativamente curto. Contudo, existem desvantagens dos ambientes tropicais como a imprevisibilidade das condições climáticas e as
variações bastante acentuadas tanto em regiões como entre anos (Paterniani et al., 2000). Com o avanço das mudanças climáticas provavelmente
estaremos podendo verificar maiores modificações no ambiente (Pinto & Assad, 2008). Com essas modificações, o estudo da fisiologia das plantas, em
particular o milho, torna-se muito importante e necessário principalmente para identificar quais caminhos ou como o ambiente afeta a planta de milho e
assim incrementar ferramentas que auxiliam nos estudos de melhoramento para uma maior produção/produtividade do milho.
Para entendermos a reação da planta de milho a um fator ambiental, ou seja, certa influência do meio externo e em uma dada situação é necessário
dividir estes fatores em natureza biótica e abiótica. Todos esses fatores determinam o crescimento e desenvolvimento da planta. Fatores ambientais
bióticos são aqueles resultados de uma interação de organismos como efeito de simbiose, parasitismo, herbivoria, infecção e outros (Schulze et al.,
2005). Já os fatores ambientais de natureza abiótica incluem os fatores físicos como a temperatura, intensidade da luz, umidade, oferta de nutrientes e
outros.
Esses fatores podem beneficiar as plantas (por exemplo, o vento é um fator abiótico importantíssimo na polinização do milho) ou podem levar a danos
(diminuição da produção de grãos ou de biomassa de milho pela falta de água ou por pragas) dependendo da sua intensidade (quantidade). Uma planta
em casa de vegetação pode estar vivendo em uma “condição ótima” com todos os fatores abióticos na quantidade ideal (quantidade ideal de luz, água,
temperatura etc...) tendo assim uma maximização da sua fisiologia/performance chegando a um estado fisiológico normal. Quando há um desvio deste
estado fisiológico normal temos o conceito de estresse. O conceito de estresse é baseado em um princípio físico de Levitt (1980) que até hoje é aplicado
para todos os organismos vivos: um corpo é deformado por uma força (estresse). As alterações (deformações) do corpo causado por esta força são
chamadas de tensão. Essa deformação ou tensão é primeiramente reversível (força elástica); entretanto, sob uma força intensa, esta deformação torna-
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se irreversível (força plástica). Por isso, o estresse são as condições ambientais que levam um organismo a entrar num estado de tensão. Essas tensões
seriam as modificações morfofisiológicas que podem levar (nem sempre) a um dano no organismo (Schulze et al., 2005).
Levando em conta os dois fatores ambientais citados acima, podemos então ter estresse abiótico e biótico. Se compararmos as perdas causadas por
estresses bióticos, as perdas por estresses abióticos causam bem mais reduções mundiais em relação à produtividade das culturas (Bray, 2004).
2. Importância da cultura do milho
O milho é uma das plantas cultivadas de maior interesse, quanto à sua origem, estrutura e variação. Somente é conhecido em cultivo e, na sua forma
atual, não apresenta indicativos de que poderia subsistir sem os cuidados do homem. A pesquisa tem desenvolvido tipos tão diferentes de milho que seu
cultivo é possível desde o Equador até o limite das terras temperadas e desde o nível do mar até altitudes superiores a 3.600 metros. Essa
adaptabilidade, representada por genótipos variados, é paralela à variedade de sua utilização como alimento, forragem ou na indústria.
As Tabelas 1 e 2 refletem bem a importância da cultura do milho no Brasil, onde se pode apreciar nas diversas regiões do país e estados produtores a
área plantada, a produção em toneladas, assim como o rendimento nas duas safras: a normal (primeira safra) e a safrinha (segunda safra ),
respectivamente. Este levantamento realizado pela CONAB se refere aos anos agrícolas 2009/2010 e 2010/2011.
Tabela 1. Comparativo de área, produção e rendimento de milho (1ª safra) nos estados/regiões brasileiras. Safras 2009/2010 e 2010/2011.
Região/
UF
Área
(Em mil ha)
Produção
(Em mil t)
Produtividade
(Em kg ha -1 )
09/10 10/11 09/10 10/11 09/10 10/11
RR 6,5 6,5 12,8 12,9 1.969 1.990
RO 104,8 111,4 214,7 236,7 2.049 2.125
AC 29,8 29,0 57,8 52,8 1.992 1.822
AM 12,8 14,0 31,9 35,0 2.490 2.500
AP 3,6 3,6 3,3 3,1 903 860
PA 217,8 196,0 540,6 498,2 2.482 2.542
TO 66,9 61,6 232,5 202,2 3.476 3.283
Norte 441,4 422,1 1.093,6 1.040,9 2.477 2.466
MA 382,4 384,4 562,1 618,9 1.470 1.610
PI 309,9 344,9 353,6 715,3 1.141 2.074
CE 535,6 775,0 175,1 944,0 327 1.218
RN 37,0 37,0 9,2 23,5 248 635
PB 69,6 69,6 6,3 53,0 91 762
PE 272,5 273,9 125,6 175,3 461 640
AL 58,0 58,0 41,8 38,0 720 655
SE 176,8 176,8 722,8 675,1 4.088 3.820
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25/453
BA 451,9 474,9 1.619,6 1.806,0 3.584 3.803
Nordeste 2.293,7 2.594,5 3.616,1 5.049,4 1.577 1.946
MT 85,2 50,2 409,0 302,9 4.800 6.033
MS 57,5 41,7 375,8 279,4 6.535 6.700
GO 377,6 393,5 2.643,2 2.793,9 7.000 7.100
DF 25,7 22,2 200,6 169,5 7.805 7.635
Centro-O. 546,0 507,6 3.628,3 3.545,7 6.646 6.985
MG 1.164,9 1.149,2 5.920,0 5.936,8 5.082 5.166
ES 34,5 33,9 74,2 66,3 2.151 1.957
RJ 7,0 7,4 17,5 18,3 2.507 2.473
SP 597,9 555,4 3.470,2 3.275,7 5.804 5.898
Sudeste 1.804,3 1.745,9 9.481,9 9.227,1 5.255 5.325
PR 894,1 727,8 6.866,7 5.342,1 7.680 7.340
SC 593,5 549,2 3.798,4 3.465,5 6.400 6.310
RS 1.151,0 1.143,3 5.593,9 5.316,3 4.860 4.650
Sul 2.638,6 2.420,3 16.259,0 14.123,9 6.162 5.836
Brasil 7.724,0 7.690,4 34.079,2 33.057,0 4.412 4.298
Fonte: CONAB (Levantamento: Março/2011)
Tabela 2. Comparativo de área, produção e produtividade de milho (2ª safra) nos estados e regiões brasileiras. Safras 2009/2010 e 2010/2011.
Região/
UF
Área
(Em mil ha)
Produção
(Em mil t)
Produtividade
(Em kg ha -1 )
09/10 10/11 09/10 10/11 09/10 10/11
RO 61,8 61,8 159,4 186,6 2.580 3.020
TO 10,8 11,6 33,4 34,6 3.091 3.065
Norte 72,6 73,1 192,8 221,2 2.656 3.027
BA 328,0 328,0 607,5 523,2 1.852 1.595
Nordeste 328,0 328,0 607,5 523,2 1.852 1.595
MT 1.904,9 1.790,6 7.709,1 7.341,5 4.047 4.100
MS 830,0 933,8 3.361,5 3.501,8 4.050 3.750
GO 434,9 459,7 2.152,8 2.275,5 4.950 4.950
DF 7,5 7,5 54,8 39,7 7.304 5.290
Centro-O. 3.177,3 3.191,6 13.278,2 13.158,5 4.179 4.123
MG 27,4 32,2 163,6 194,3 5.971 6.034
SP 281,6 281,6 1.070,1 1.003,9 3.800 3.565
Sudeste 309,0 313,8 1.233,7 1.198,2 3.993 3.818
PR 1.356,0 1569,8 6.576,6 6.863,2 4.850 4.372
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Sul 1.356,0 1569,8 6.576,6 6.863,2 4.850 4.372
Brasil 5.242,9 5.476,3 21.888,8 21.964,3 4.175 4.011
Fonte: CONAB (Levantamento: Março/2011)
A cultura do milho encontra-se amplamente disseminada no Brasil. Isto se deve tanto à sua multiplicidade de usos na propriedade rural quanto à tradição
de cultivo desse cereal pelos agricultores brasileiros.
No âmbito tecnológico, o comportamento de aversão ao risco, a baixa disponibilidade de capital para custeio e menor ainda para investimento, o grau de
instrução formal geralmente baixo, a comercialização fortemente vinculada a intermediários e o alto grau de consumo na fazenda são características
geralmente associadas à condição de pequeno produtor.
Diferenças nos rendimentos agrícolas devem-se a fatores climáticos e econômicos, e ao estoque de conhecimento disponível e disseminado entre os
agricultores (no que se refere ao uso de insumos e práticas culturais).
A partir do início da década de 70 até recentemente, em face de fatores como o crescimento da indústria de rações e das atividades de criação
(principalmente avicultura, suinocultura e pecuária leiteira), o consumo interno de milho cresceu consideravelmente (CONAB, 2011).
3. Identificação dos estádios de crescimento/desenvolvimento
Para um eficiente manejo de irrigação, de nutrientes e de outras práticas culturais, é de fundamental importância o conhecimento das diferentes fases de
crescimento do milho com suas diferentes demandas e respectivos manejos culturais. Assim, é importante enfatizar os diversos estádios de crescimento
da planta de milho, desde a sua emergência até a maturidade fisiológica.
As considerações feitas a seguir se referem a um genótipo de milho de ciclo normal, cuja floração acontece aos 65 dias após a emergência.
Todas as plantas de milho seguem um mesmo padrão de desenvolvimento; porém, o intervalo de tempo específico entre os estádios e o número total de
folhas desenvolvidas pode variar entre diferentes híbridos, ano agrícola, data de plantio e local.
O sistema de identificação empregado divide o desenvolvimento da planta em vegetativo (V) e reprodutivo (R) conforme mostra a Tabela 3. Subdivisões
dos estádios vegetativos são designados numericamente como V1, V2, V3 até Vn; onde (n) representa a última folha emitida antes do pendoamento (VT).
O primeiro e o último estádio V são representados, respectivamente, por (VE, emergência) e (VT, pendoamento).
Tabela 3. – Estádios Vegetativos e Reprodutivos da Planta de Milho.
VEGETATIVO REPRODUTIVO
V E , emergência R 1 , Embonecamento
V 1 , 1ª folha desenvolvida R 2 , Bolha d’água
V 2 , 2ª folha desenvolvida R 3 , Leitoso
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V 3 , 3ª folha desenvolvida R 4 , Pastoso
V 4 , 4ª folha desenvolvida R 5 , Formação de dente
V (n) , nº folha desenvolvida R 6 , Maturidade Fisiológica
V T , pendoamento
Fonte: Magalhães e Durães (2002).
Durante a fase vegetativa, cada estádio é definido de acordo com a formação visível do colar na inserção da bainha da folha com o colmo. Assim, a
primeira folha de cima para baixo, é considerada completamente desenvolvida quando o colar é visível (Figura 1) e, portanto, é contada como tal. Esse
sistema é semelhante ao utilizado por Ritchie & Hanway, (1989).
Foto: Adaptação sobre imagem de Rtchie & Hanway(1989).
Figura 1: Duas profundidades de plantio, mostrando detalhes do alongamento do mesocotilo.
3.1 Germinação e Emergência
Estádio VE - Em condições normais de campo, as sementes plantadas absorvem água, incham e começam a crescer. A radícula é a primeira a se alongar,
seguida pelo coleoptilo com plúmula incluída. O estádio VE é atingido pela rápida elongação do mesocótilo o qual empurra o coleoptilo em crescimento
para a superfície do solo. Em condições de temperatura e umidade adequada, a planta emerge dentro de 4 a 5 dias; porém, em condições de baixa
temperatura e pouca umidade, a germinação pode demorar até duas semanas ou mais. Assim que a emergência ocorre e a planta expõe a extremidade
do coleoptilo, o mesocótilo para de crescer.
O sistema radicular seminal, que são as raízes oriundas diretamente da semente, podendo também ser divididas em raízes seminais e primárias
(Hochholdinger & Tuberosa, 2009), tem o seu crescimento nesta fase, e a profundidade onde elas se encontram depende da profundidade do plantio. O
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crescimento dessas raízes, também conhecido como sistema radicular temporário, diminui após o estádio VE e é praticamente não existente no estádio
V3.
O ponto de crescimento da planta de milho, neste estádio está localizado cerca de 2,5 a 4,0 cm abaixo da superfície do solo e se encontra logo acima do
mesocótilo. Essa profundidade onde se acha o ponto de crescimento é também a profundidade onde vai originar o sistema radicular definitivo do milho,
conhecido como raízes nodais ou fasciculadas. A profundidade do sistema radicular definitivo independe da profundidade de plantio, uma vez que a
emergência da planta vai depender do potencial máximo de alongamento de mesocótilo, conforme pode ser visto na Figura 2 (Ritchie & Hanway, 1989).
Foto: Paulo Cesar Magalhães.
Figura 2. Estádio de três folhas.
O sistema radicular nodal se inicia, portanto, no estádio VE e o alongamento das primeiras raízes se inicia no estádio V1 indo até o R3, após o qual muito
pouco crescimento ocorre (Magalhães et al. 1994).
No milho, não é constatada a presença de fatores inibitórios ao processo de germinação, visto que, sob condições ótimas de umidade, os grãos podem
germinar imediatamente após a maturidade fisiológica mesmo ainda estando presos a espiga.
Em síntese, na germinação ocorre a embebição da semente, com a consequente digestão das substâncias de reserva, síntese de enzimas e divisão
celular.
Baixa temperatura no plantio, geralmente, restringe absorção de nutrientes do solo e causa lentidão no crescimento (Sangoi et al., 2004). Esse fato pode
ser parcialmente superado por uma aplicação de pequena quantidade de fertilizante no sulco de plantio, ao lado ou abaixo da semente (Aldrich et al.
1982). Contudo, existem também genótipos de milho com grandes potenciais para a tolerância a baixas temperaturas que conseguem germinar nessas
condições, sendo muito importantes para as regiões frias do Brasil (Cruz et al., 2007).
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O tamanho da cariopse pode influenciar positivamente na germinação e no crescimento inicial das plântulas, porém há resultados contrários e outros
ainda mostrando que também pode haver efeito significativo no rendimento de grãos (Sangoi et al., 2004).
A lentidão na germinação predispõe a semente e a plântula a uma menor resistência a condições ambientais adversas, bem como ao ataque de
patógenos, principalmente fungos do gênero Fusarium, Rhizoctonia, Phytium e Macrophomina. Para uma germinação e emergência mais rápidas em
plantio mais cedo, deve-se optar por uma profundidade de plantio mais rasa, onde a temperatura do solo é mais favorável. Em plantios tardios, as
temperaturas do solo são geralmente adequadas em qualquer profundidade, e a umidade do solo, nesse caso, é o fator limitante para rápido crescimento
(Aldrich et al. 1982; Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al., 2007).
Se a irrigação está disponível ou uma chuva recente aconteceu, não há com que se preocupar. No entanto, na falta dessas situações, as camadas mais
profundas do solo possuem maior teor de umidade nos plantios tardios.
3.2 Estádio V3
(Três folhas desenvolvidas, Figura 3) - O estádio de três folhas completamente desenvolvidas ocorre com, aproximadamente, duas semanas após o
plantio. Neste estádio, o ponto de crescimento ainda se encontra abaixo da superfície do solo e a planta possui ainda pouco caule formado (Figura 4).
Pêlos radiculares do sistema radicular nodal estão agora em crescimento e o desenvolvimento das raízes seminais é paralisado (Magalhães et al. 1994).
Foto: Adaptação sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989).
Figura 3. Planta no estádio V3, mostrando o ponto de crescimento abaixo da superficie do solo.
Foto: Adaptação sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989).
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Figura 4. Planta no estádio de seis folhas completamente desenvolvidas.
Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente irá produzir estão sendo formadas no V3. Pode-se dizer, portanto, que o estabelecimento do
número máximo de grãos ou a definição da produção potencial estão sendo definidos neste estádio. No estádio V5 (cinco folhas completamente
desenvolvidas), tanto a iniciação das folhas como das espigas vai estar completa e a iniciação do pendão já pode ser vista microscopicamente na
extremidade de formação do caule, logo abaixo da superfície do solo (Magalhães et al. 1994) .
O ponto de crescimento, que se encontra abaixo da superfície do solo, é bastante afetado pela temperatura do solo nesses estádios iniciais do
crescimento vegetativo. Assim, temperaturas baixas podem aumentar o tempo decorrente entre um estádio e outro, alongando assim o ciclo da cultura,
podendo aumentar o número total de folhas, atrasar a formação do pendão e diminuir a disponibilidade de nutrientes para a planta. Uma chuva de
granizo ou vento neste estádio vai ter muito pouco ou nenhum efeito na produção final de grãos. Disponibilidade de água neste estádio é fundamental.
Por outro lado, o excesso de umidade ou encharcamento, quando o ponto de crescimento ainda se encontra abaixo da superfície do solo, pode matar a
planta em poucos dias (Ritchie & Hanway, 1989, Aldrich et al. 1982).
Controle de plantas daninhas nesta fase é fundamental para reduzir competição por luz, água e nutrientes. Como o sistema radicular está em pleno
desenvolvimento, mostrando considerável porcentagem de pêlos absorventes e ramificações diferenciadas, operações inadequadas de cultivo (profundas
ou próximas a planta) poderão afetar a densidade e distribuição de raízes com consequente redução na produtividade. Portanto, é recomendada cautela
no cultivo.
3.3 Estádio V6
(Seis folhas desenvolvidas, Figura 5) - Neste estádio, o ponto de crescimento e pendão estão acima do nível do solo (Magalhães et al., 2007) (Figura 6), o
colmo está iniciando um período de alongação acelerada. O sistema radicular nodal (fasciculado) está em pleno funcionamento e em crescimento.
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Foto: Adaptação sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989).
Figura 5. Planta no estádio V6 mostrando ponto de crescimento acima da superficie do solo.
Foto: Adaptação sobre a imagem de Ritchie & Hanway (1989).
Figura 6. estádio V9, mostarando detalhes de varias espigas pontenciais.
Neste estádio, pode ocorrer o aparecimento de eventuais perfilhos (ou até mesmo em estádios anteriores), os quais encontram-se diretamente ligados à
base genética do cultivar, ao estado nutricional da planta, ao espaçamento adotado, ao ataque de pragas; ao estresse hídrico e às alterações bruscas de
temperatura (baixa ou alta). No entanto, existem poucas evidências experimentais que demonstram a sua influência negativa ou positiva na produção
(Magalhães et al. 1995; Magalhães et al., 2010).
No estádio V8, inicia-se a queda das primeiras folhas e o número de fileiras de grãos é definido. Durante este estádio, constata-se a máxima tolerância ao
excesso de chuvas. No entanto encharcamento por períodos de tempo maior que cinco dias poderão acarretar prejuízos consideráveis e irreversíveis
(Alves et al., 2002).
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Estresse hídrico nesta fase pode afetar o comprimento de internódios, provavelmente pela inibição da alongação das células em desenvolvimento,
concorrendo desse modo para a diminuição da capacidade de armazenagem de açúcares no colmo. O déficit de água também vai resultar em colmos mais
finos, plantas de menor porte e menor área foliar (Magalhães et al. 1998).
Evidências experimentais demonstram que a distribuição total das folhas expostas neste período, mediante ocorrência de granizo, geada, ataque severo
de pragas e doenças, além de outros fatores, acarretarão quedas na produção da ordem de 10% a 25% (Fancelli & Dourado Neto, 2000).
Períodos secos aliados a conformação da planta, característica desta fase (conhecida como fase do “cartucho”), conferem à cultura do milho elevada
suscetibilidade ao ataque da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), exigindo assim constante vigilância.
De V6 até o estádio V8 deverá ser aplicado à adubação nitrogenada em cobertura (Coelho & França, 1995).
3.4 Estádio V9
Nesse estádio, muitas espigas são facilmente visíveis se for feita uma dissecação da planta (Figura 7). Todo nó da planta tem potencial para produzir uma
espiga, exceto os últimos 6 a 8 nós abaixo do pendão. Assim, uma planta de milho teria potencial para produzir várias espigas; porém, apenas uma ou
duas (caráter prolífico) espigas conseguem completar o crescimento.
Foto: Paulo Cesar Magalhães.
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Figura 7. Estádio de pendoamento da Planta.
Neste estádio, ocorre alta taxa de desenvolvimento de órgãos florais. O pendão inicia um rápido desenvolvimento e o caule continua alongando. A
elongação do caule ocorre através dos entrenós. Após o estádio V10, o tempo de aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtar, ocorrendo,
geralmente, a cada 2 ou 3 dias (Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al. 1994; Ritchie et al., 2003).
Próximo ao estádio V10, a planta de milho inicia um rápido e contínuo crescimento com acumulação de nutrientes e peso seco, os quais continuarão até
os estádios reprodutivos. Há uma grande demanda no suprimento de água e nutrientes para satisfazer as necessidades da planta (Magalhães &
Jones,1990a; Ritchie et al., 2003).
3.5 Estádio V12
O número de óvulos (grãos em potencial) em cada espiga assim como o tamanho da espiga são definidos em V12, quando ocorre perda de duas a quatro
folhas basais. Pode-se considerar que nesta fase inicia-se o período mais crítico para a produção, o qual estende-se até a polinização.
O número de fileiras de grãos na espiga já foi estabelecido. No entanto, a determinação do número de grãos/fileira só será definido cerca de uma semana
antes do florescimento, em torno do estádio V17 (Magalhães et al. 1994).
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Em V12 a planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar, e se observa o início de desenvolvimento das raízes adventícias (“esporões”).
Devido ao número de óvulos e tamanho da espiga serem definidos nesta fase, a deficiência de umidade ou nutrientes pode reduzir seriamente o número
potencial de sementes, assim como o tamanho das espigas a serem colhidas. O potencial desses dois fatores de produção está também relacionado com
o período de tempo disponível para o estabelecimento deles, o qual corresponde ao período de V10 a V17. Assim, genótipos precoces nesses estádios,
geralmente, possuem um período mais curto de tempo e usualmente têm espigas menores que os genótipos tardios. Uma maneira de compensar essa
desvantagem dos precoces seria aumentar a densidade de plantio (Ritchie & Hanway, 1989; Ritchie et al., 2003).
3.6 Estádio V15
Este estádio representa a continuação do período mais importante e crucial para o desenvolvimento da planta, em termos de fixação do rendimento.
Desse ponto em diante, um novo estádio foliar ocorre a cada 1 ou 2 dias. Estilos-estigmas iniciam o crescimento nas espigas.
Em torno do estádio V17 as espigas atingem um crescimento tal que suas extremidades já são visíveis no caule, assim como a extremidade do pendão já
pode também ser observada (Magalhães et al. 1994).
Estresse de água ocorrendo no período de duas semanas antes até duas semanas após o florescimento vai causar grande redução na produção de grãos
(Bergamaschi et al., 2004; Magalhães & Durães, 2008). Porém, a maior redução na produção poderá ocorrer com déficit hídrico na emissão dos estilo-
estigmas (início de R1). Isso é verdadeiro também para outros tipos de estresse como deficiência de nutrientes, alta temperatura ou granizo. O período
de 4 semanas em torno do florescimento é o mais importante para irrigação (Magalhães et al. 1995; Resende et al., 2000).
3.7 Estádio V18
É possível observar que os “cabelos” ou estilos-estigmas dos óvulos basais alongam-se primeiro em relação aos “cabelos” dos óvulos da extremidade da
espiga. Raízes aéreas, oriundas dos nós acima do solo, estão em crescimento neste estádio. Estas raízes contribuem na sustentação da planta e na
absorção de água e nutrientes (como o fósforo), além de ter um papel importantíssimo em situações de alagamento tendo a função de aeração (Lynch &
Ho, 2005; Lynch, 2007; Vodnik et al., 2009).
Em V18 a planta do milho se encontra a uma semana do florescimento e o desenvolvimento da espiga continua em ritmo acelerado. O florescimento nada
mais é do que uma consequência de uma transição da fase vegetativa para reprodutiva, a qual é resultante da ação de efeitos ambientais e sinais
internos promovidos por genes (Castro, 2010). Alguns destes genes e suas posições no cromossomo vêm sendo reportados (Colasanti et al., 1998; Lima,
2006; Lima et al., 2008).
Estresse hídrico nesse período pode afetar mais o desenvolvimento do óvulo e espiga que o desenvolvimento do pendão. Com esse atraso no
desenvolvimento da espiga, pode haver problemas na sincronia entre emissão de pólen e recepção pela espiga. Caso o estresse seja severo, ele pode
atrasar a emissão do “cabelo” até a liberação do pólen terminar, ou seja, os óvulos que porventura emitir o “cabelo” após a emissão do pólen não serão
fertilizados e, por conseguinte, não contribuirão para o rendimento (Magalhães et al. 1994; Magalhães et al. 1995; Magalhães et al. 1999).
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Híbridos não prolíficos produzirão cada vez menos grãos com o aumento da exposição ao estresse. Porém, tendem a render mais que os prolíficos em
condições não estressantes. Os prolíficos, por sua vez, tendem a apresentar rendimentos mais estáveis em condições variáveis de estresse, uma vez que
o desenvolvimento da espiga é menos inibido pelo estresse (Thomison & Jordan 1995).
3.8 Estádio VT, Pendoamento
Este estádio inicia-se quando o último ramo do pendão está completamente visível e os “cabelos” não tenham ainda emergido. A emissão da
inflorescência masculina antecede de 2 a 4 dias a exposição dos estilo-estigmas, no entanto, 75% das espigas devem apresentar seus estilo-estígmas
expostos, após o período de 10-12 dias posterior ao aparecimento do pendão. O tempo decorrente entre VT e R1 pode variar consideravelmente
dependendo do híbrido e condições ambientais. A perda de sincronismo entre a emissão dos grãos de pólen e a receptividade dos estilo-estigmas da
espiga concorre para o aumento da porcentagem de espigas sem grãos nas extremidades. Em condições de campo, a liberação do pólen geralmente
ocorre nos finais das manhãs e início das noites. Neste estádio a planta atinge o máximo desenvolvimento e crescimento. Estresse hídrico e temperaturas
elevadas (acima de 35 oC) podem reduzir drasticamente a produção. Um pendão de tamanho médio chega a ter 2,5 milhões de grãos de pólen, o que
equivale dizer que a espiga em condições normais dificilmente deixará de ser polinizada pela falta de pólen, desde que o número de óvulos está em torno
de 750 a 1000 (Magalhães et al. 1999; Fancelli & Dourado Neto, 2000; Ritchie et al., 2003).
A planta apresenta alta sensibilidade ao encharcamento nesta fase, o excesso de água pode contribuir inclusive com a inviabilidade dos grãos de pólen
(Zaidi et al., 2004). A falta de água nesse período, além de afetar o sincronismo pendão-espiga (Edmeades et al., 2000), pode reduzir a chance de
aparecimento de uma segunda espiga em materiais prolíficos.
Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é mais vulnerável às intempéries da natureza que qualquer outro período, devido ao pendão e todas as folhas
estarem completamente expostas. Remoção de folha neste estádio, por certo, resultará em perdas na colheita (Magalhães et al. 1999; Fancelli & Dourado
Neto, 2000). O período de liberação do pólen se estende por uma a duas semanas. Durante esse tempo, cada “cabelo” individual deve emergir e ser
polinizado para resultar num grão.
3.9 Estádio R1, Embonecamento e Polinização
Esse estádio é iniciado quando os estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas. A polinização ocorre quando o grão de pólen liberado é capturado
por um dos estilo-estígmas. O grão de pólen, uma vez em contato com o “cabelo”, demora cerca de 24 horas para percorrer o tubo polínico e fertilizar o
óvulo, geralmente o período requerido para todos os estilo-estígmas em uma espiga serem polinizados é de 2 a 3 dias. Os “cabelos” da espiga crescem
cerca de 2,5 a 4,0 cm por dia e continuam a se alongar até serem fertilizados (Ritchie & Hanway, 1989; Ritchie et al., 2003).
O número de óvulos que será fertilizado é determinado neste estádio. Óvulos não fertilizados, evidentemente, não produzirão grãos. Estresse ambiental
nesta fase, especialmente no hídrico, causa baixa polinização e baixa granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os “cabelos” como os grãos de
pólen tendem à dissecação (Bruce et al., 2002). Não se deve descuidar de insetos como a lagarta-da-espiga que se alimentam dos “cabelos”. Devem-se
combater essas pragas, caso haja necessidade. A absorção de potássio nesta fase está completa, enquanto nitrogênio e fósforo continuam sendo
absorvidos.
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A liberação do grão de pólen pode iniciar ao amanhecer, estendendo-se até o meio-dia; no entanto, esse processo raramente exige mais de quatro horas
para sua complementação. Ainda sob condições favoráveis, o grão de pólen pode permanecer viável por até 24 horas. Sua longevidade, entretanto, pode
ser reduzida quando submetido a baixa umidade e altas temperaturas (Magalhães et al. 1994).
O estabelecimento do contato direto entre o grão de pólen e os pêlos viscosos do estigma estimula a germinação do primeiro, dando origem a uma
estrutura denominada de tubo polínico, que é responsável pela fecundação do óvulo inserido na espiga. A fertilização ocorre de 12 a 36 horas após a
polinização, período esse variável em função de alguns fatores envolvidos no processo, tais como teor de água, temperatura, ponto de contato e
comprimento do estilo-estígma (Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al. 1994; Fancelli & Dourado Neto, 2000). Assim, o número de óvulos fertilizados
apresenta estreita correlação com o estado nutricional da planta, com a temperatura, bem como com a condição de umidade contida no solo e no ar.
Evidencia-se, portanto, a decisiva influência do ambiente nessa etapa de desenvolvimento, recomendando-se criterioso planejamento da cultura, com
referência principal à época de semeadura e à escolha da cultivar, de forma a garantir as condições climáticas favoráveis exigidas pela planta neste
estádio.
A escolha do genótipo para uma determinada região, assim como a época de semeadura, deve ser fundamentada em fatores como finalidade da
produção, disponibilidade de calor e água, ocorrência de veranicos durante o ciclo, bem como no nível tecnológico a ser adotado, entre outros (Fancelli &
Dourado Neto, 2000).
3.10 Estádio R2, Grão Bolha d’Água
Os grãos aqui se apresentam brancos na aparência externa e com aspectos de uma bolha d’água. O endosperma, portanto, está com uma coloração
clara, assim como o seu conteúdo, que é basicamente um fluído cuja composição são açúcares. Embora o embrião esteja ainda desenvolvendo
vagarosamente neste estádio, a radícula, o coleoptilo e a primeira folha embrionária já estão formados. Assim, dentro do embrião em desenvolvimento já
se encontra uma planta de milho em miniatura. A espiga está próxima de atingir seu tamanho máximo. Os estilos-estígmas tendo completado sua função
no florescimento, estão agora escurecidos e começando a secar (Ritchie & Hanway 1989; Ritchie et al., 2003).
A acumulação de amido se inicia neste estádio, com os grãos experimentando um período de rápida acumulação de matéria seca. Esse rápido
desenvolvimento continuará até próximo ao estádio R6. N e P continuam sendo absorvidos e a realocação desses nutrientes das partes vegetativas para
espiga tem início neste estádio. A umidade de 85% nos grãos nessa fase começa a diminuir gradualmente até a colheita (Magalhães & Jones, 1990 a,b ;
Magalhães et al. 1994).
3.11 Estádio R3, Grão Leitoso
Esta fase é iniciada normalmente 12 a 15 dias após a polinização. O grão se apresenta com uma aparência amarela e, no seu interior, um fluido de cor
leitosa, o qual representa o início da transformação dos açúcares em amido, contribuindo assim para o incremento de seu peso seco (Figura 8). Tal
incremento ocorre devido à translocação dos fotoassimilados presentes nas folhas e no colmo para a espiga e grãos em formação. A eficiência dessa
translocação, além de ser importante para a produção, é extremamente dependente de água (Magalhães & Jones, 1990b; Magalhães et al. 1998; Durães
et al., 2002). Embora neste estádio o crescimento do embrião ainda seja considerado lento, ele já pode ser visto caso haja uma dissecação. Este estádio
é conhecido como aquele em que ocorre a definição da densidade dos grãos (Magalhães et al. 1994; Fancelli & Dourado Neto, 2000).
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Foto: Paulo Cesar Magalhães.
Figura 8. Estádio R1, estilo-estigmas captando grãos de polén.
Os grãos nesta fase apresentam rápida acumulação e matéria seca e com cerca de 80% de umidade, sendo que as divisões celulares dentro do
endosperma apresentam-se essencialmente completas. O crescimento a partir daí é devido à expansão e enchimento das células do endosperma com
amido.
O rendimento final depende do número de grãos em enchimento (desenvolvimento) e do tamanho final (período de enchimento) que eles alcançarão. Um
estresse hídrico nesta fase, embora menos crítico que na fase anterior, pode afetar a produção (Bergamaschi et al, 2004). Com o processo de maturação
dos grãos o potencial de redução na produção final de grãos devido ao estresse hídrico vai diminuindo. Embora neste período a planta deva apresentar
considerável teor de sólidos solúveis prontamente disponíveis, objetivando a evolução do processo de formação de grãos, a fotossíntese mostra-se
imprescindível. Em termos gerais, considera-se como importante caráter condicionador de produção a extensão da área foliar que permanece
fisiologicamente ativa após a emergência da espiga. Períodos nublados (ou de reduzida intensidade luminosa) acarretarão nesta fase a redução da
fotossíntese, aumento do nível de estresse da planta, implicando na possível redução da taxa de acúmulo de matéria seca do grão e, consequentemente,
redução também na produção final de grãos, além de favorecer a incidência de doenças do colmo (Magalhães et al. 1998; Fancelli & Dourado Neto,
2000).
Para lavouras destinadas à produção de sementes, este período assume particular importância, pois tem início o desencadeamento dos processos de
diferenciação do coleóptilo, da radícula e das folhas rudimentares. Ainda neste estádio evidencia-se a translocação efetiva de N e P para os grãos em
formação (Magalhães & Jones, 1990a; Fancelli & Dourado Neto, 2000).
3.12 Estádio R4, Grão Pastoso
Este estádio é alcançado com cerca de 20 a 25 dias após a emissão dos estilo-estígmas, os grãos continuam se desenvolvendo rapidamente, acumulando
amido. O fluído interno dos grãos passa de um estado leitoso para uma consistência pastosa (Figura 9), e as estruturas embriônicas de dentro dos grãos
encontram-se já totalmente diferenciadas. A deposição de amido é bastante acentuada, caracterizando desse modo um período exclusivamente destinado
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ao ganho de peso por parte do grão. Em condições de campo, tal etapa do desenvolvimento é prontamente reconhecida, pois, quando os grãos presentes
são submetidos à pressão imposta pelos dedos, mostram-se relativamente consistentes, embora ainda possam apresentar pequena quantidade de sólidos
solúveis, cuja presença em abundância caracteriza o estádio R3 (grão leitoso) (Magalhães et al. 1994).
Foto: Adaptada sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989).
Figura 9. Grãos no estádio R2, conhecido como bolha d`agua.
Os grãos se encontram com cerca de 70% de umidade e já acumularam cerca da metade do peso que eles atingirão na maturidade. A ocorrência de
adversidades climáticas, sobretudo falta de água, resultará numa maior porcentagem de grãos leves e pequenos o que comprometeria definitivamente a
produção.
3.13 Estádio R5, Formação de dente
Este período é caracterizado pelo aparecimento de uma concavidade na parte superior do grão, comumente designada de “dente”, coincide normalmente
com o 36o dia após o princípio da polinização. Nesta etapa, os grãos encontram-se em fase de transição do estado pastoso para o farináceo. A divisão
desses estádios é feita pela chamada linha divisória do amido ou linha do leite. Essa linha aparece logo após formação do dente e com a maturação vem
avançando em direção à base do grão. Devido à acumulação do amido, acima da linha é duro e abaixo é macio. Neste estádio, o embrião continua se
desenvolvendo, sendo que, além do acentuado acréscimo de volume experimentado pelo endosperma, mediante o aumento do tamanho das células,
observa-se também a completa diferenciação da radícula e das folhas embrionárias no interior dos grãos (Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al. 1994;
Fancelli & Dourado Neto, 2000; Ritchie et al., 2003).
Alguns genótipos do tipo “duro” não formam dente, daí este estádio nos referidos materiais é mais difícil de ser notado, podendo ser apenas relacionado
ao aumento gradativo da dureza dos grãos.
Estresse ambiental nesta fase pode antecipar o aparecimento da formação da camada preta, indicadora da maturidade fisiológica. A redução na produção
neste caso seria relacionada ao peso dos grãos e não ao número de grãos. Os grãos neste estádio apresentam-se com cerca de 55% de umidade
(Magalhães et al. 1994).
Materiais destinados a silagem devem ser colhidos neste estádio, pois as plantas apresentam em torno de 33% a 37% de matéria seca. O milho colhido
nesta fase apresenta as seguintes vantagens: apesar do decréscimo na produção de matéria verde, obtém-se significativo aumento na produção de
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  • 1. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 1/453 Milho Cultivo do Milho Sumário Apresentação Economia da produção Zoneamento agrícola Ecofisiologia Manejo de solos Fertilidade de solos e Adubação Cultivares Plantio Irrigação Plantas daninhas Doenças Pragas Colheita e pós-colheita Mercado e comercialização Coeficientes técnicos Referências Glossário Dados Sistema de Produção Embrapa Milho e Sorgo Sistema de Produção, 1 ISSN 1679-012X 1 Versão Eletrônica 9ª edição | Nov/2015
  • 2. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 2/453 Cultivo do Milho Apresentação Para a safra 2014/15, já foram disponibilizadas no mercado de sementes 478 cultivares de milho (onze a mais do que na safra anterior), sendo 292 cultivares transgênicas e 186 cultivares convencionais. Pelo segundo ano consecutivo, o número de cultivares transgênicas é maior do que o de cultivares convencionais. Além disso, como novidade no mercado, estão sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos, o que aumenta o leque de escolha para agricultores com menor capacidade de investimento. Atualmente, existem no Brasil produtores que já estão obtendo rendimentos de milho superiores a 12 t/ha-1 (200 sacos/ha-1) e ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia levando-os a produzirem acima de 14 t/ha-1. Entretanto, as produtividades médias alcançadas por outros agricultores dessas regiões onde se obtêm produções acima de 12 t/ha-1 são bem inferiores, demonstrando uma grande variação entre os sistemas de produção em uso no Brasil, o que proporciona grande variabilidade no potencial produtividade e de rendimento por área. As mudanças que vêm ocorrendo nos sistemas de produção de milho no Brasil comprovam a profissionalização dos produtores. Essas mudanças, associadas ao papel cada vez mais importante de técnicos, consultores e extensionistas das redes públicas e privadas, além do maior fluxo de informações via medias especializadas, têm levado o produtor a cada vez mais se profissionalizar no setor produtivo do agronegócio. Além disso, várias tecnologias ligadas à cultura foram implementadas, ou ainda estão sendo implementadas no setor agrícola brasileiro. Dentre elas, destacam-se: 1. Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com resistência a lagartas e ao uso do herbicida glifosato. 2. Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio, permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de permitir uma otimização das máquinas plantadoras. 3. Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e equipamentos de melhor qualidade, que garante boa plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita. 4. Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas (MIP). 5. Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em consideração o sistema, e não a cultura individualmente.
  • 3. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 3/453 Além dessas, deve ser enfatizada a utilização de tecnologias como o sistema de plantio direto, a integração lavoura-pecuária, a agricultura de precisão e melhores técnicas de irrigação, que têm permitido uma melhoria do potencial produtivo das lavouras. A produção de milho no Brasil é caracterizada pelo plantio em duas épocas: primeira safra (ou safra de verão) e segunda safra (ou safrinha). Os plantios de verão são realizados em todos os estados, na época tradicional, durante o período chuvoso, que ocorre no final de agosto, na região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro-Oeste. Na região Nordeste, esse período ocorre no início do ano. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) classifica como segunda safra a safrinha propriamente dita e a safra de inverno plantada em Rondônia, Tocantins e em determinadas regiões da Bahia e de Sergipe. A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo, meados de abril, quase sempre depois da soja precoce e predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Tem–se verificado, nos últimos anos, decréscimo nas área plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de grãos das lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha têm sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época. De acordo com a Conab (abril de 2014), a área cultivada com o milho na primeira safra em 2013/14 foi de 6.629,4 mil hectares, 2,3% menor que a de 2012/2013. Na segunda safra de 2014, foram plantados 8.836,5 mil hectares, ou seja, 33,2% a mais que a área plantada na primeira safra. A área total cultivada com milho, resultante da soma da primeira e segunda safras, alcançou 15.829,3 mil hectares, apresentando crescimento de 4,0% em relação à safra anterior, de 15.156,7 mil hectares, gerando uma produção de 75.455,6 milhões de toneladas. A produtividade média da primeira safra foi de 4.754 kg ha-1 , 6,7% menor que a safra 2012/13, que alcançou 5.079 kg ha-1 . Esta queda é refletida pelas produtividades dos estados das regiões Sudeste, Centroeste, Sul e do Nordeste, seriamente castigados pela falta de chuvas nos meses de plantio e durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, bem como outras adversidades climáticas ocorridas. A produtividade média da segunda safra de milho foi de 4,973 kg ha-1 , 4,1% menos que a obtida na safra passada, refletindo as más condições climáticas ocorridas no período. Pela ponderação das produtividades das duas safras, a média nacional de 2013/2014 deve ficar em 4.879kg ha-1 , 5,2% menor que a safra anterior, quando em 2012/2013 alcançou 5.149 kg ha-1 . A produção brasileira de milho esperada para a safra 2013/14 passa a ser de 75.455,6 milhões de toneladas. Ela é resultado de 31,515,3 milhões de toneladas produzidas na primeira safra e de 43.940,3 milhões de toneladas esperadas para a segunda safra. Mais informações sobre estatísticas e a atual conjuntura econômica relacionada à cultura do milho podem ser encontradas na página do Centro de Inteligência do Milho (CIMilho). Autores deste tópico:Israel Alexandre Pereira Filho
  • 4. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 4/453 Economia da produção Introdução O desenvolvimento da produção e do mercado do milho devem ser analisados sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas agroindustriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena de produtos (nos EUA esse número chega a milhares); porém, na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80% do milho consumido no Brasil. Assim sendo, para uma melhor abordagem do que está ocorrendo no mercado do milho é importante, além da análise de dados relativos ao produto milho "per si", uma visão do panorama mundial e nacional da produção e consumo da carne de suíno e de frango e de como o Brasil se posiciona neste contexto, para que seja possível o melhor entendimento das possibilidades futuras do milho no Brasil. Panorama internacional Produção de milho Os maiores produtores mundiais de milho são os Estados Unidos, a China e o Brasil, que, em 2013/14, produziram: 353,72; 217,73; e 78 milhões de toneladas, respectivamente (Tabela 1). A despeito do recorde norte-americano, o crescimento da produção nos dois últimos merece destaque. No período de 2005/06 a 2013/14, o crescimento de produção de milho na China e no Brasil foi impressionante, crescendo 56% e 87%, respectivamente. O crescimento da produção brasileira alçou o país em uma nova posição no mercado internacional, na qual passou a brigar pelo posto de segundo maior exportador mundial da cultura. Lembrando que em 2012/13, por causa da escassez de milho norte-americano no mercado, o Brasil aproveitou a safra superior a 80 milhões de toneladas para ser o maior exportador mundial de milho no ano. A safra 2012/13 de milho, assim como de outras culturas, no hemisfério norte sofreu com as secas promovidas pelo fenômeno climático El Nino. No início do atual ano agrícola, os EUA esperavam colher, devido ao recorde de área plantada, 376 milhões de toneladas de milho, mas a seca de julho e agosto fez o USDA rebaixar a previsão para 273,79 milhões, uma quebra superior a 100 milhões de toneladas. A Ucrânia também teve que enfrentar os efeitos adversos de uma estiagem, o que diminuiu a produção para 21 milhões de toneladas, ante uma projeção inicial de 24 milhões de toneladas. A seca que atingiu o hemisfério norte no verão em meados de 2012, anteriormente causou prejuízos no verão do hemisfério sul, no final de 2011. A Argentina produziu apenas 21 milhões de toneladas, o que é um montante muito ruim, dado que esperava colher uma safra recorde de 28 milhões de tonelada. A safra verão de 2011/12 na região Sul do Brasil teve grandes perdas, mas pode se recuperar com uma produção recorde na segunda safra. Os EUA responderam à quebra de safra de 2012/13 com uma produção recorde em 2013/14, superando pela primeira vez a marca de 350 milhões de toneladas. Tabela 1. Principais países produtores de milho – 2005/06-2013/14.
  • 5. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 5/453 País Produção (milhões t) 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 EUA 282,31 267,60 331,18 307,14 332,55 316,17 313,95 273,83 353,72 China 139,37 151,60 152,30 165,90 163,97 177,25 192,78 205,61 218,49 Brasil 41,70 51,00 58,60 51,00 56,10 57,40 73,00 81,50 78,00 México 19,50 22,35 23,60 24,23 20,37 21,06 18,73 21,59 22,40 Índia 14,71 15,10 18,96 19,73 16,72 21,73 21,76 22,26 23,00 UE 61,16 53,83 47,56 62,32 56,95 56,17 68,12 58,86 63,99 Argentina 20,50 15,80 22,50 22,00 15,00 23,30 25,20 21,00 24,00 Canadá 9,36 8,99 11,65 10,59 9,56 12,04 11,36 13,06 14,20 Ucrânia 8,80 7,15 6,40 7,40 11.40 10,49 11,92 22,84 30,90 Fonte: USDA. De uma produção mundial total de milho na safra 2013/14, no valor de 984 milhões de toneladas, segundo dados do USDA, cerca de 125,5 milhões foram comercializadas internacionalmente (aproximadamente 12,7 % da produção total em 2013/14). Isto é indicativo de que o milho destina-se principalmente ao consumo interno. No caso do Brasil, deve-se ressaltar que, dado seu baixo preço de mercado (metade do valor da soja), os custos de transporte afetam muito a remuneração da produção obtida em regiões distantes dos pontos de consumo, reduzindo o interesse no deslocamento da produção a maiores distâncias, ou em condições que a logística de transporte é desfavorável. O mercado mundial de milho no ano agrícola 2013/14 foi abastecido basicamente por quatro países: os Estados Unidos (48,77 milhões de t de exportações), o Brasil (20,5 milhões de t), a Ucrânia (20 milhões de t) e a Argentina (13,5 milhões de t). Juntos, os quatro países responderam por 82% do mercado internacional de milho em 2013/14. A principal vantagem destes países é uma logística favorável, excetuando-se o Brasil, que pode ser decorrente da excelente estrutura de transporte (no caso dos EUA), a proximidade dos portos (caso da Argentina) ou a proximidade aos grandes mercados importadores (caso da Ucrânia). O Brasil, nas últimas safras, tem se destacado como terceiro ou quarto maior exportador mundial de milho; porém, a deficiência da estrutura de transporte até aos portos tem prejudicado o País na busca de uma presença maior e mais constante no comércio internacional de milho. Em 2013/14, os principais importadores de milho foram o Japão (15,5 milhões de t), o México (10,7 milhões de t), a Coreia do Sul (10,0 milhões de t) e o Egito (8,0 milhões de t). Outros importadores relevantes são os países da Comunidade Europeia (15,5 milhões de t) e do Sudeste Asiático (9,8 milhões de t) e a China (3,5 milhões de toneladas). Um fato importante a destacar é que a produção chinesa, em um futuro próximo poderá não ser suficiente para atender sua demanda crescente. O consumo de 159 milhões de toneladas na safra 2009/2010 passou para 200 milhões na safra 2012/2013 e poderá alcançar 222 milhões na safra 2014/2015, segundo projeções do USDA. Assim, a China deverá se estabelecer como importadora líquida de milho no futuro, contrastando com o seu papel de exportador em passado recente. Espera-se que a China, venha a se tornar o maior importador de milho no mundo no final da década. Essa situação abrirá um mercado de cerca de oito ou nove milhões de toneladas adquiridas anualmente por países asiáticos que, tradicionalmente, compravam da China, sem contar que as compras chinesas devem ultrapassar os 20 milhões de toneladas, segundo projeções do USDA. Para finalizar, nos últimos anos, vem ocorrendo um processo de incremento de produção de etanol a partir do milho nos Estados Unidos, que decorre da política energética do país. Tal fato vem aumentando o consumo interno deste cereal e reduzindo as quantidades disponíveis para exportação. O país,
  • 6. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 6/453 tradicionalmente, detinha mais de 50% da quantidade comercializada internacionalmente, mas esse fato mudou nos anos recentes. No ano agrícola de 2011/2012, foi a primeira vez em 40 anos que a participação americana nas exportações mundiais ficou abaixo dos 50%. A grande seca de 2012 reduziu ainda mais a disponibilidade de milho para exportação, e o market share do país no mercado internacional de milho ficou abaixo de 20%. Mesmo com a recuperação das vendas externas com a safra recorde de 2013/14, e a retomada do posto de maior exportador, a participação ficou 38,9%. Suínos e aves As principais utilizações do milho no mundo são as atividades de criação de aves e suínos. Existem previsões de que a demanda mundial de carnes continue crescendo, e estimativas apontam um consumo superior a 110 milhões de toneladas de carne suína e quase 70 milhões de toneladas de carne de frango, até o ano de 2015. A China é o país que mais produz e consome carne suína: aproximadamente 55 milhões de toneladas em 2013. O segundo lugar é ocupado pela União Europeia, com mais de 22 milhões de toneladas, seguida dos Estados Unidos, com cerca de 10,5 milhões de toneladas. Observa-se na tabela 2 que, entre 2006 e 2013, ocorreu um pequeno acréscimo de 15,9% na produção brasileira, enquanto que a produção da China aumentou aproximadamente 19,6%. Tabela 2. Principais países produtores de carne suína - 2006-2013. Países Produção (1.000 t) 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 China 46.505 42.878 46.205 48.905 50.712 50.604 53.427 55.620 UE 21.791 22.858 22.596 22.159 22.627 22.953 22.526 22.390 EUA 9.559 9.962 10.599 10.442 10.186 10.331 10.555 10.530 Brasil 2.830 2.990 3.015 3.130 3.195 3.227 3.330 3.280 Rússia 1.805 1.910 2.060 2.205 1.981 2.064 2.175 2.300 Vietnã 1.713 1.832 1.850 1.850 2.090 2.130 2.175 2.220 Canadá 1.748 1.746 1.786 1.789 1.779 1.812 1.840 1.820 Japão 1.247 1.250 1.249 1.310 1.292 1.267 1.297 1.309 Filipinas 1.215 1.250 1.225 1.240 1.260 1.288 1.310 1.350 México 1.109 1.152 1.161 1.162 1.175 1.202 1.239 1.281 Coréia do Sul 1.000 1.043 1.056 1.062 1.110 837 1.086 1.252 Outros 5.201 5.387 5.240 5.219 2.900 3.011 3.022 3.051 Total Mundial 95.723 94.258 98.042 100.473 102.899 103.468 106.828 109.452 Fonte: USDA. O consumo per capita registrado com Brasil, de 12 kg/hab./ano, ainda é baixo quando comparado com o observado na China, nos Estados Unidos e na União Europeia, que é de 30, 28 e 42 kg/hab./ano, respectivamente. O crescimento recente verificado na China é impressionante, pois, nos últimos anos, foi incorporada à produção uma quantidade quase equivalente ao total de carne suína produzida anualmente na Alemanha (individualmente terceiro
  • 7. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 7/453 maior produtor mundial de carne suína). Com certeza este crescimento está exercendo uma forte pressão sobre a quantidade demandada de milho para alimentação do rebanho suíno. O custo de produção de carne suína na China (US$1,32/kg vivo), entretanto, é mais que o dobro do verificado no Brasil (US$0,62/kg vivo) e maior que os observados na União Europeia (US$1,10/kg vivo) e nos Estados Unidos (US$0,77/kg vivo). Além disso, os números de animais por km2, que são de 50,6 na China; 36,8 na União Europeia e 10,2 nos Estados Unidos, são substancialmente maiores que os aproximadamente 4,5 animais por km2 no Brasil. A alta densidade populacional de suínos traz sérias implicações ambientais, derivadas dos efeitos nocivos causados pela disposição dos dejetos dos animais no meio ambiente, e já afeta as decisões sobre a localização de novos empreendimentos voltados para a criação de suínos. Deve-se registrar que, mesmo no Brasil, estas considerações crescem de importância e tem direcionado a produção para áreas com menor concentração de animais e menor impacto ambiental da disposição dos resíduos, localizadas principalmente na região Centro-Oeste. Com relação à produção de carne de frango, os Estados Unidos, com quase 17 milhões de toneladas em 2013, é o maior produtor mundial, seguido pela China e o Brasil (Tabela 3). No período de 2006 a 2013, o Brasil teve um incremento de quase 3 milhões de toneladas na sua produção, resultando em crescimento de 31%, maior do que o observado em concorrentes como os EUA, cuja produção aumentou apenas 6,5% no período. Tabela 3. Principais países produtores de carne de aves. 2006-2013. Paises Produção (1.000 t) 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 EUA 15.930 16.226 16.561 15.935 16.563 16.694 16.621 16.976 China 10.350 11.291 11.840 12.100 12.550 13.200 13.700 13.350 Brasil 9.335 10.305 11.033 11.023 12.312 12.863 12.645 12.308 UE 7.740 8.320 8.594 8.756 9.202 9,320 9.565 9.800 México 2.592 2.683 2.853 2.781 2.822 2.906 2.958 3.002 Índia 2.000 2.240 2.490 2.550 2.650 2.900 3.160 3.450 Rússia 1.180 1.350 1.550 1.790 2.310 2.575 2.830 3.010 Argentina 1.200 1.320 1.430 1.500 1.680 1.770 2.014 2.060 Turquia - - - 1.180 1.420 1.619 1.707 1.760 Tailândia 1.100 1.050 1.170 1.200 1.280 1.350 1.550 1.500 Indonésia - - - 1.409 1.465 1.515 1.540 1.550 Outros 10.609 11.084 11.358 13.222 13.981 14.487 14.953 15.307 Total Mundial 64.496 68.451 71.569 72.004 78.235 81.199 83.243 84.073 Fonte: USDA Panorama nacional Produção de milho
  • 8. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 8/453 A produção de milho no Brasil tem se caracterizado pela divisão da produção em duas épocas de plantio. Os plantios de verão, ou primeira safra, são realizados na época tradicional, durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto na região Sul até os meses de outubro/novembro no Sudeste e Centro-Oeste (no Nordeste este período ocorre no início do ano). Mais recentemente, tem aumentado a produção obtida na chamada "safrinha", ou segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em fevereiro ou março, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná e São Paulo. Ao longo das últimas décadas, tem-se verificado um decréscimo na área plantada no período da primeira safra, devido à concorrência com a soja, mas que tem sido compensado pelo aumento dos plantios na "safrinha". É importante fazer uma ressalva: a expressão “safrinha” decorre do fato de que quando esta surgiu era uma safra pequena e de baixa produtividade, mas que, ao longo das últimas duas décadas, foi ganhando representatividade. Embora realizados em uma condição desfavorável de clima, os plantios da "safrinha" vêm sendo conduzidos dentro de sistemas de produção que têm sido gradativamente adaptados a estas condições, o que tem contribuído para elevar os rendimentos das lavouras. A denominação safrinha, apesar de ter perdido um pouco a razão de ser, permanece por já ser consagrada no Brasil. A safra 2011/12 pode vir a se tornar um divisor de águas para a produção de milho no Brasil. Pela primeira vez, a produção na safrinha ultrapassou o colhido na safra verão. A perpetuação desse fato deve ajudar a consolidar a expressão "segunda safra" de milho e fazer a denominação “safrinha” cair em desuso. Tabela 4. Produção Brasileira de Milho. Safra 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 Produção (1.000 t) Total 51.369,9 58.652,3 51.003,8 56.018,1 57.406,9 72.979,5 81.505,7 78.554,0 1ª Safra 36.596 39.964 33.654 34.079 34.946 33.867 34.576 31.681 2ª Safra 14.773,0 18.688,1 17.349,0 21.938,8 22.460,3 39.112,7 46.928,9 46.872,6 Área plantada (1.000 ha) Total 14.054,9 14.765,7 14.171,8 12.993,9 13.806,1 15.178,1 15.829,3 15.769,1 1ª Safra 9.493,9 9.635,6 9.270,5 7.724,0 7.637,7 7.558,5 6.783,1 6.642,1 2ª Safra 4.561,0 5.130,1 4.901,3 5.269,9 6.168,4 7.619,6 9.046,2 9.127,0 Rendimento (kg.ha-1) Total 3.655 3.972 3.599 4.311 4.158 4.808 5.149 4.982 1ª Safra 3.855 4.148 3.630 4.412 4.576 4.481 5.097 4.770 2ª Safra 3.239 3.643 3.540 4.163 3.641 5.133 5.188 5.136 Fonte: CONAB. Nota-se na Tabela 4 que, apesar da diminuição progressiva da área de plantio da primeira safra, a produção tem crescido. Este equilíbrio tem sido obtido pelo incremento da produtividade agrícola nos principais estados produtores, nos quais, a produtividade média na safra de verão (1a safra) já alcançou a marca de 5 t/ha em 2012/13. A produtividade na segunda safra sempre foi menor que da safra normal; entretanto, grande parte das lavouras de milho de inverno sucedem plantações de soja, cujos produtores são conhecidos pela alta tecnologia aplicada. Assim, o aumento de produtividade da segunda
  • 9. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 9/453 safra decorre da maior utilização de tecnologias de produção nesta época de plantio, apesar das restrições climáticas. Nesse sentido, a segunda safra superou a marca de 5 t/ha nos últimos 3 anos, que, somados a maior área no inverno, são os grandes responsáveis pelo aumento da produção de milho no Brasil a partir de 2011/12. A baixa produtividade média de milho no Brasil, quando comparado com a média obtida pelos grandes players mundiais, não reflete o bom nível tecnológico já alcançado por boa parte dos produtores voltados para lavouras comerciais. Que decorre do fato de que as médias são obtidas nas mais diferentes regiões, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades. Na região Nordeste, por exemplo, usualmente, planta-se 3 milhões de hectares de milho (um pouco menos de 20% da área plantada de milho no Brasil) com produtividades, na média de 2,2 kg por ha em plantios de verão e 3,5 t por ha em plantios de inverno. O milho é cultivado em praticamente todo o território brasileiro, sendo que, na safra 21013/14, quase 88% da produção concentrou-se no centro-sul do país. A região Sul respondeu por 31,6% da produção, o Sudeste por 13,70% da produção e o Centro-Oeste por 42,64% da produção. Além da representatividade, a participação dessas regiões em área plantada e produção vêm se alterando ao longo dos anos, com a região Centro-Oeste aumentando a sua participação em detrimento das regiões Sul e Sudeste. Para ilustrar isso, considere o fato de que o Sul e o Sudeste, em 2006/07, produziam, respectivamente, 44,5% e 20,2% do milho brasileiro. A partir da safra 2011/12, o Centro-Oeste tomou a posição do Sul como maior região produtora de milho no país, e tem firmado essa posição nas safras posteriores. O aumento da participação do Centro-Oeste na produção de milho no Brasil deve-se à segunda safra, pois no verão a cultura perdeu espaço na região, principalmente para a soja. As evoluções da produção de milho 1a safra e 2a safra, nas principais regiões produtoras e respectivos estados, são apresentadas nas Tabelas 5 e 6. Tabela 5. Evolução da produção de milho na 1a safra, Brasil (1.000 t) REGIÃO/UF 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 CENTRO-OESTE 4.583,4 5.458,1 4.480,5 3.628,6 4.001,2 5.723,2 4.114,4 3.184,9 MT 790,9 790,4 530,7 409,0 366,3 584,5 535,2 422,2 MS 560,6 626,4 501,8 375,8 308,2 458,9 369,6 225,5 GO 2.966,2 3.764,1 3.202,0 2.643,2 3.097,6 4.378,4 2.879,2 2.161,5 DF 265,7 277,2 246,0 200,6 229,1 301,4 330,4 375,7 SUDESTE 9.613,2 10.239,2 9.852,5 9.481,9 9.644,3 10.772,7 10.637,5 8.060,9 MG 6.158,7 6.412,8 6.367,5 5.920,0 6.198,1 7.284,2 6.834,4 5.742,5 ES 90,7 95,3 96,9 74,2 81,7 76,5 61,4 60,5 RJ 23,5 19,8 20,4 17,5 16,9 14,9 13,3 10,3 SP 3.340,3 3.711,3 3.367,7 3.470,2 3.347,6 3.397,1 3.728,4 2.247,6 SUL 18.626,2 19.120,2 14.036,1 16.259,0 15.394,3 12.868,6 15.899,4 14.581,2 PR 8.804,2 9.708,8 6.522,1 6.866,7 6.046,5 6.578,9 7.156,5 5.379,2 SC 3.863,5 4.089,4 3.265,2 3.798,4 3.571,5 2.947,0 3.359,4 3.485,0 RS 5.958,5 5.322,0 4.248,8 5.593,9 5.776,3 3.342,7 5.383,5 5.717,0 CENTRO-SUL 32.822,8 34.817,5 28.369,1 29.369,5 29.039,8 29.364,5 30.651,3 25.827,0 BRASIL 36.596,7 39.964,1 33.654,9 34.079,2 34.946,7 33.867,1 34.576,7 31.681,4
  • 10. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 10/453 Fonte: CONAB Tabela 6. Evolução da produção de milho na 2a safra, Brasil (1.000 t) REGIÃO/UF 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 CENTRO-OESTE 8.410,6 11.228,2 11.083,7 13.278,2 13.314,4 25.393,1 31.796,2 30.309,5 MT 5.074,0 7.016,5 7.551,00 7.709,10 7.253,40 15.025,90 19.357,80 16.716,90 MS 2.390,8 2.897,9 1.810,1 3.361,5 3.115,0 6.117,5 7.451,1 7.305,0 GO 921,3 1.267,0 1.696,9 2.152,8 2.912,2 4.197,5 4.816,9 5.837,6 DF 24,5 46,8 25,70 54,80 33,80 52,20 170,40 450,00 SUDESTE 740,0 1.178,4 1.082,5 1.233,7 1.308,0 2.027,4 2.040,2 2.701,6 MG 98,1 216,3 176,0 163,6 328,7 523,2 617,8 1.229,1 SP 641,9 962,1 906,5 1.070,1 979,3 1.504,2 1.422,4 1.472,5 SUL 5.047,1 5.659,4 4.578,6 6.576,6 6.201,3 10.178,2 10.485,9 10.242,6 PR 5.047,1 5.659,4 4.578,6 6.576,6 6.201,3 10.178,2 10.485,9 10.242,6 CENTRO-SUL 14.197,7 18.066,0 16.744,8 21.088,5 20.823,7 37.598,7 44.322,3 43.253,7 BRASIL 14.773,0 18.688,1 17.349,0 21.938,8 22.460,3 39.112,7 46.928,9 46.872,6 Fonte: CONAB. O aumento de participação do milho safrinha na produção total nacional decorre do incremento considerável dessa segunda safra nos estados do Centro- Oeste e do Estado do Paraná. Entre as safras 2010/2011 e 2011/12, ocorreu um aumento de produção de 82,58% da produção da segunda safra no Centro-Oeste (sendo que no Mato Grosso esse aumento foi de 103,86%) e no Paraná esse aumento alcançou 69,62%. Suínos e aves Diferente do que acontece no mundo, onde a carne suína é a mais consumida, no Brasil a carne mais consumida é a de frango, seguida da carne bovina e suína. A tabela 7 mostra a evolução da produção de carnes no Brasil. No que se refere à carne de frango, este é o segmento do setor de proteínas animais que mais cresce no país, sendo impulsionado pelas exportações. Do total de carnes de frango produzidas em 2013, cerca de 72 % destinaram-se ao mercado interno e 28 % foram exportados. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango. Em 2013, o País exportou 3,48 milhões de toneladas, representando 34% das exportações mundiais. Em comparação com o mercado de carnes de suínos e bovinos, o mercado de carne de aves é o que mais cresce, totalizando 31% entre 2006 e 2013. O mercado de carnes de bovinos está relativamente estagnado, crescendo somente 7,2% em 8 anos. Tabela 7. Evolução da produção de carnes no Brasil (em 1.000 t), 2006-2013. TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
  • 11. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 11/453 Frango 9.355 10.305 11.033 11.023 12.312 12.863 12.645 12.308 Suínos 2.830 2.990 3.015 3.130 3.125 3.227 3.330 3.280 Bovinos 9.025 9.303 9.024 8.935 9.115 9.030 9.307 9.675 Fonte: USDA A evolução das exportações brasileiras de carnes está na Tabela 8. As exportações de carne de frango cresceram mais do que proporcionalmente ao aumento da produção. Além disso, o mercado interno tem ajudado no consumo da produção de carnes de frango, pois enquanto as exportações aumentaram 1 milhão de toneladas, a produção aumentou 3 milhões. A maior disponibilidade interna de carne de frango foi absorvida pelo crescimento do consumo per capita. Entre 2003 e 2010, o consumo per capita da carne de frango aumentou 30%, passando de 33,89 kg para 44,09 kg. Tabela 8. Evolução das exportações brasileiras de carnes (em 1.000 t), 2006-2013. TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Frango 2.502 2.922 3.242 3.222 3.272 3.443 3.508 3.482 Suínos 639 730 625 707 619 584 661 585 Bovinos 2.084 2.189 1.801 1.596 1.558 1.340 1.524 1.849 Fonte: USDA Outro aspecto relevante que deve ser destacado é a localização das unidades industriais de suínos e aves. A região Sul ainda concentra a maioria da produção e vem apresentando crescimento dessa atividade. Mais recentemente, a produção de suínos e de frangos na região Centro-Oeste vem mostrando forte expansão, vinculada à crescente produção de soja e milho nessa região, principalmente em Goiás. Essa tendência é plenamente justificável em razão do peso que representa o milho e a soja no custo final da ração, tanto para aves quanto para suínos. Além disso, o custo de transporte, especialmente no Brasil, onde são precárias as condições de infraestrutura, onera muito o preço do milho quando transportado a longas distâncias, refletindo na elevação do custo da ração. Assim, há tendência de se consumir o milho o mais próximo possível das áreas de produção. Mercado do milho O milho se caracteriza por se destinar tanto para o consumo humano como por ser empregado para alimentação de animais. Em ambos os casos, algum tipo de transformação industrial ou na própria fazenda pode ser necessária. Um resumo de possíveis utilizações do milho pode ser encontrado no Quadro 1. Nas seções seguintes, as principais transformações necessárias para o consumo animal e humano serão exploradas. Quadro 1. Os múltiplos uso do milho (planta, espiga e grão) no Brasil. Destinação Forma/Produto Final Uso Animal Direto Silagem; Rolão; Grãos (inteiro/desintegrado) para aves, suínos e bovinos. Uso Humano Direto de Preparo Caseiro Espiga assada ou cozida; Pamonha; Curau; Pipoca; Minimilho; Pães; Bolos; Broas;
  • 12. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 12/453 Cuscuz; Polenta; Angus; Sopas; Farofa. Indústria de Rações Rações para aves (corte e postura); outras aves; Suínos; Bovinos (corte e leite); Outros mamíferos. Indústria de Alimentos Produtos Finais Amidos; Fubás; Farinhas comuns; Farinha pré-cozidas; Flocadas; Canjicas; Óleo; Creme; Pipocas; Glicose; Dextrose. Intermediários Canjicas; Sêmola; Semolina; Moído; Granulado; Farelo de germe. Xarope de Glucose Balas duras; Balas mastigáveis; Goma de mascar; Doces em pasta; salsichas; salames; Mortadelas; Hambúrgueres; Outras carnes processadas; Frutas cristalizadas; Compotas; Biscoitos; Xaropes; Sorvetes; Para polimento de arroz. Xarope de Glucose com alto teor de maltose Cervejas Corantes Caramelo Refrigerantes; Cervejas; Bebidas alcoólicas; Molhos. Maltodextrinas Aromas e essências; Sopas desidratadas; Pós para sorvetes; Complexos vitamínicos; Produtos achocolatados. Amidos Alimentícios Biscoitos; Melhoradores de farinhas; Pães; Pós para pudins; Fermento em pó; Macarrão; Produtos farmacêuticos; Balas de goma. Amidos Industriais Para papel; Papelão ondulado; Adesivos; Fitas Gomadas; Briquetes de carvão; Engomagens de tecidos; Beneficiamento de minérios. Dextrinas Adesivos; Tubos e tubetes; Barricas de fibra; lixas; Abrasivos; Sacos de papel; multifolhados; Estampagem de tecidos; Cartonagem; Beneficiamento de minérios. Pré-Gelatinizados Fundição de peças de metal. Adesivos Rotulagem de garrafas e de latas; Sacos; Tubos e tubetes; Fechamento de caixas de papelão; Colagem de papel; madeira e tecidos. Ingredientes Protéicos Rações para bovinos; suínos; aves e cães. Fonte: Jornal Agroceres (1994). Consumo humano Mesmo para o consumo humano, o milho necessita de alguma transformação. À exceção do consumo quando os grãos estão em estado leitoso, ou "verde", os grãos secos não podem ser consumidos diretamente pelos seres humanos. Os produtos oriundos do consumo industrial do milho são matérias-primas para a indústria alimentícia, sendo processadas pelas indústrias moageiras a seco e úmido. A moagem seca é o processo mais utilizado no Brasil, pois, devido a sua relativa simplicidade, não demandam grandes investimentos tecnológicos. Deste processo, resultam subprodutos de diversos segmentos, como a farinha de milho, o fubá, a quirera, farelos, óleo e farinha integral desengordurada. A fabricação desses produtos é feita predominantemente por indústrias nacionais espalhadas por todo o país, apesar de estar concentrada nos estados do Paraná, São Paulo e Goiás. Outro segmento da indústria moageira a seco é a produção de snacks, que, apesar de concentração de mercado em grandes empresas, como a Elma Chips, há um grande número de empresas regionais. Por fim, a produção de cereais matinais é altamente concentrada, produzidos por empresas como a Nestlé, Nutrifoods e a Kellog’s. O contrário da moagem a seco, o processo de moagem úmida demanda elevados investimentos por utilizar tecnologias sofisticadas. A indústria de processamento de moagem úmida é dominada por multinacionais, resultando em alta concentração. Através do processo de moagem úmida, o principal subproduto obtido é o amido, cujo nome do produto foi praticamente substituído pela designação comercial de Maizena. A Tabela 9 apresenta quantidade de milho processada entre 2002 e 2010 pela forma de processamento.
  • 13. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 13/453 Tabela 9: Milho – Consumo por processo a seco e a úmido (x 1000 toneladas) SEGMENTO ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Moagem a seco 1.588 1.585 1.592 1.670 1.540 1.619 1.820 1.748 1.800 Moagem úmida 1.180 1.182 1.184 1.300 1.269 1.300 1.550 1.500 1.500 Pequenos moinhos 1.384 1.385 1.385 1.450 1.350 1.450 1.518 1.480 1.512 Total 4.152 4.152 4.161 4.420 4.159 4.369 4.888 4.728 4.812 Fonte: ABIMILHO * Estimativas 2010. Mais recentemente, tem aumentado a produção do milho destinado especificamente ao enlatamento. Esta indústria tem evoluído em termos de qualidade, pois, mais recentemente, com a disponibilidade de novos materiais adaptados ao país, passou a processar milho do tipo doce. Existe um movimento no sentido da transferência desta indústria, anteriormente localizada principalmente no extremo Sul do Brasil, para as regiões do Triângulo e do Alto Paranaíba em Minas Gerais onde, com as novas cultivares, é possível a produção durante todo o ano aproveitando a infraestrutura de irrigação existente. Consumo animal Neste ponto, a cadeia produtiva do milho passa a se inserir na cadeia produtiva do leite, de ovos e da carne bovina, suína e de aves, sendo este canal por onde os estímulos do mercado são transmitidos aos agricultores. Mudanças nestas cadeias passam a ser de vital importância como incentivadoras do processo produtivo do milho. Três grandes derivações ocorrem neste item: a) a produção de silagem, para alimentação de vacas em produção de leite e mais recentemente de gado confinado para engorda no período de inverno; b) a industrialização do grão de milho em ração; c) o emprego do grão em mistura com concentrados protéicos para a alimentação de suínos e de aves. A atividade de produção de milho para silagem tem sofrido forte influência, tanto da necessidade de modernização do setor de pecuária leiteira, como do incremento das atividades de confinamento bovino que ocorreram nos últimos anos. No caso do item b, o processo de transformação é tipicamente industrial, que resulta no fornecimento de rações prontas, principalmente utilizadas na criação de animais de estimação, como cães, gatos, etc. Na criação de suínos, item c, devido à quantidade relativamente grande de milho necessária, este normalmente é adquirido em grão, ou é parcialmente produzido, pelos criadores para mistura com concentrados na propriedade rural. Todas estas três derivações têm se desenvolvido consideravelmente em diferentes regiões do Brasil, com a criação de polos regionais de consumo de milho, que não necessariamente estão próximos aos locais de produção. Ao contrario da industrialização de milho para o consumo humano, este setor apresenta grande dinamismo, com grande incremento do número de indústrias processadoras.
  • 14. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 14/453 Milho geneticamente modificado Após a liberação da comercialização do milho transgênico pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), em 2007, as sementes geneticamente modificadas do milho ocuparam 88% da área de cultivo, em nível nacional, relativa à cultura, na segunda safra de 2014. Estima-se também que esse percentual ultrapasse os 90% nos próximos anos. A Tabela 10 apresenta a participação do milho transgênico na safra verão e safrinha para cada região e agregado para o Brasil. Fato curioso é que tanto na safra verão 2013/14 como na de inverno 2014, a participação dos transgênicos diminuiu no Centro-Oeste. Tabela 10: Participação de milho transgênico na safra (% dos sacos de sementes comercializados) Região Safras Primeira 2009/10 Segunda 2010 Primeira 2010/11 Segunda 2011 Primeira 2011/12 Segunda 2012 Primeira 2012/13 Segunda 2013 Primeira 2013/14 Segunda 2014 N 31,11 23,47 43,52 46,70 59,28 73,28 69,08 83,21 - - NE 45,11 11,07 69,60 40,86 74,94 69,19 87,7 56,57 - - SE 40,78 67,98 63,95 85,57 74,65 85.94 82,87 93,48 85,1 96,4 S 29,26 60,59 50,98 82,07 70,12 87.19 78,94 94,1 82,1 95,6 CO 45,39 36,33 63,83 65,02 79,48 79,79 84,11 89,8 82,6 86,9 Brasil 35,57 38,99 57,82 69,61 72,87 81,7 81,35 87,64 83,6 88,5 Fonte: APPS Processamento na fazenda Uma parcela importante do milho produzido no estado destina-se ao consumo ou transformações em produtos destinados ao consumo na própria fazenda. O milho destinado ao consumo humano - principalmente na forma de fubá, farinha ou canjica - tem menor quantitativo, frente ao destinado à alimentação de pequenos animais, geralmente aves e suínos. Embora este estágio da cadeia do milho possa gerar eventualmente algum excedente para comercialização fora da propriedade agrícola, sua importância no que diz respeito ao abastecimento urbano é hoje muito reduzida. O aumento na eficiência dos sistemas alternativos de produção de aves e suínos, as próprias características dos produtos demandados pelos consumidores urbanos e as quantidades necessárias para atingir escalas mínimas que compensem o transporte para as regiões consumidoras reduziu, e muito, sua capacidade de competição. Sua importância hoje é muito maior na subsistência destas populações rurais do que como fator de geração de renda capaz de promover melhorias substanciais em seu padrão de vida. O desafio que se defronta neste elo da cadeia seria a transformação da capacidade destes agricultores em se integrar em cadeias de processamento de milho mais modernas e competitivas, sem o que sua situação de marginalidade frente ao processo de desenvolvimento do país não será modificada. Custo de produção
  • 15. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 15/453 Sistemas de produção de milho Há uma grande diversidade nas condições de cultivo do milho no Brasil. Observa-se desde a agricultura tipicamente de subsistência, sem utilização de insumos modernos (produção voltada para consumo na propriedade e eventual excedente comercializado) até lavouras que utilizam o mais alto nível tecnológico, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais avançada. Independentemente da região, os seguintes sistemas de produção de milho são bastante evidentes: Produtor comercial de grãos Normalmente, produzem milho e soja em rotação, podendo também envolver outras culturas. São especializados na produção de grãos e têm por objetivo a comercialização da produção. Plantam lavouras maiores. Utilizam a melhor tecnologia disponível, predominando o sistema de plantio direto. São os grandes responsáveis pelo abastecimento do mercado. Produtor de grãos e pecuária Neste caso, o agricultor usa um nível médio de tecnologia, por lhe parecer o mais adequado, em termos de custo de produção. É comum o plantio de milho visando a renovação de pastagens. A região, muitas vezes, não produz soja, e o milho é a principal cultura. As lavouras são de tamanho médio a pequena. A capacidade gerencial não é tão boa e, muitas vezes, as operações agrícolas não são realizadas no momento oportuno, com o insumo adequado ou na quantidade adequada. A qualidade das máquinas e equipamentos agrícolas podem também comprometer o rendimento do milho. Recentemente, vem sendo implementada a recuperação de pastagens degradadas, que atingem praticamente 50 milhões de hectares. À medida que avance o programa de recuperação, deverá haver aumento na oferta de milho, uma vez que o sistema de integração lavoura-pecuária, utilizando milho, tem se mostrado o mais apropriado para esse fim. Pequeno produtor É aquele produtor de subsistência, onde a maior parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, inclusive envolvendo o uso de semente não melhorada. O tamanho da lavoura é pequeno e é comum a utilização de terceiros para algumas operações como o preparo de solo e plantio. Essa produção tem perdido importância no que se refere ao abastecimento do mercado. Produção de milho safrinha Este tipo de exploração ocupou na safra 2011/12 cerca de 7,6 milhões de hectares de milho, plantados principalmente nos estados PR, SP, MT, MS e GO. O milho é semeado extemporaneamente, após a soja precoce. O rendimento e o nível tecnológico depende muito da época de plantio. Nos plantios mais cedo, geralmente até o final do mês de fevereiro, o sistema de produção é, às vezes, igual ao utilizado na safra normal. Nos plantios tardios, o agricultor reduz o nível tecnológico em função do maior risco da cultura, devido, principalmente, às condições climáticas (frio excessivo, geada e/ou deficiência
  • 16. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 16/453 hídrica). A redução do nível tecnológico refere-se, basicamente, à semente utilizada e à redução nas quantidades de adubos e defensivos aplicados. Essa oferta tem sido importante para a regularização do mercado. Coeficientes técnicos Dos sistemas de produção identificados, o que mais prontamente assimila as tecnologias disponíveis na busca de competitividade diz respeito ao "produtor comercial de grãos". Para esse sistema, tem-se observado grande homogeneização do padrão tecnológico empregado pelos produtores na condução das lavouras de milho, variando pouco entre as principais regiões produtoras. Evidentemente, não existe um padrão tecnológico único que atenda a todos os sistemas de produção utilizados e que se adapte a todas as situações inerentes a cada lavoura. Entretanto, especificamente com relação aos produtores enquadrados no sistema acima citado, é possível, com razoável precisão, identificar um padrão tecnológico que se apresenta como o mais adequado para essas lavouras. Os coeficientes técnicos foram elaborados para as três situações predominantes nas lavouras comerciais, quais sejam: safra normal usando sistema plantio direto (Tabela 11), safra normal usando plantio convencional (Tabela 12) e safrinha usando o sistema de plantio direto (Tabela 13) e da agricultura familiar (Tabela 14). Considerações finais Uma vez que a produção mundial de suínos e aves, principais consumidores de milho, continuará crescendo, a questão que se coloca é a indagação sobre quais regiões reúnem as condições mais favoráveis para suportar esse crescimento. Certamente, haverá um grande peso no sentido de favorecer regiões produtoras de milho que disponham de boa logística de transporte para atender a consumidores situados em uma distância razoável. Este atendimento regional é da maior importância para a sustentabilidade da atividade produtiva, pois provê um escoamento seguro para a produção. Outro fator importante é a disponibilidade de um sistema de armazenamento eficiente, que possibilite aos agricultores realizar a comercialização da produção de forma mais lucrativa ao longo do ano. A disponibilidade de um sistema de comercialização eficiente também é parte deste complexo de aspectos que aumenta a competitividade dos produtores de milho de determinada região. Para finalizar, embora o atendimento a consumidores localizados a distâncias mais curtas possível seja vital, o estabelecimento de um canal de comércio exterior é interessante, tendo em vista que este fornecerá um piso de flutuação dos preços mais estável do que os normalmente verificados nos preços internos. Tabela 11. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Plantio direto: produtividade 9.000 kg/ha). DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE UTILIZADA PREPARO DO SOLO Calcário t 0,7 Gesso t 0,4 Distribuição do calcário Trator 85 hp + calcariador hm 0,125
  • 17. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 17/453 Dessecação herbicida Glifosato l 3 Distribuição herbicida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l hm 0,3 Mão-de-obra distribuição herbicida dh 0,25 PLANTIO Sementes Híbridos simples ou triplos transgênicos sc. 1,2 Tratamento de Sementes Inseticida l 0,4 Adubação 8-28-16 + Zn + FTE kg 400 Plantio / adubação mecânica Trator 120 hp + plant / adub. 12 linhas hm 0,8 Transporte Interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 TRATOS CULTURAIS Adubação de cobertura Uréia kg 250 Aplic. adubação de cobertura Trator 85 hp + distr. adubo 5 linhas hm 0,6 Herbicida Pós Herbicida 1 l 2,5 Herbicida 2 l 0,8 Aplicação herbicida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (1X) hm 0,3 Controle de pragas Inseticida 2 Fisiológico l 0,6 Espalhante adesivo Óleo mineral % calda 0,5 Aplicação inseticida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) hm 0,6 Controle doenças Fungicida 1 * (caso necessário) l 0,75 Óleo mineral % calda 0,5 COLHEITA Colheita mecânica Colheitadeira plataforma 4m hm 0,85 Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 Fonte: Os autores. Tabela 12. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (plantio convencional: produtividade 7.000 kg/ha. DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO (*) UNIDADE QUANTIDADE UTILIZADA PREPARO DO SOLO Calcário t 0,7 Gesso t 0,4 Distribuição do calcário hm 0,125 Gradagem Aradora Trator 120 hp + grade pesada. hm 1,6
  • 18. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 18/453 Gradagem Niveladora Trator 120 hp + grade nivel. hm 0,4 PLANTIO Sementes Híbridos simples ou triplo transgênicos sc 1,2 Inseticida l 0,4 Distribuição inseticida manual dh 0,05 Adubação 8-28-16 + FTE-CAMPO kg 300 Plantio / adubação mecânica Trator 120 hp + plant / adub. 12 linhas hm 0,8 Transporte interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 TRATOS CULTURAIS Adubação de cobertura Uréia kg 200 Aplic. Adubação de cobertura hm 0,6 Herbicida Pós Herbicida 1 l 2,5 Herbicida 2 l 0,8 Aplicação herbicida - máquina Trator 85 hp + pulv. barra 2000 l hm 0,3 Mão-de-obra aplic. herbicida dh 0,16 Inseticida Inseticida 1 Piretróide l 0,3 Inseticida 2 Fisiológico l 0,6 Espalhante adesivo Óleo mineral l 1 Aplicação inseticida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l (2X) hm 0,6 Mão-de-obra aplic. inseticida dh 0,32 Controle formigas Formicida Isca kg 0,6 COLHEITA Colheita mecânica Colheitadeira plataforma 4m hm 0,85 Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 Fonte: Os autores. Tabela 13. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (Safrinha: produtividade 5.000 kg/ha. DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO (*) UNIDADE QUANTIDADE UTILIZADA PREPARO DO SOLO Dessecação Herbicida 1 Glifosato l 1,5 Herbicida 2 2,4-D l 0,5 Distribuição herbicida Trator 85 hp + pulv. Barra 2000 l hm 0,15
  • 19. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 19/453 Mão-de-obra distribuição herbicida dh 0,25 PLANTIO Sementes Híbridos simples ou triplo transgênico sc. 1 Adubo 4-20-20 kg 200 Plantio / adubação Trator 120 hp + plant / adub. 12 linhas hm 0,8 Transporte interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 TRATOS CULTURAIS Adubação de cobertura Uréia kg 60 Mão-de-obra aplic. inseticida dh 0,32 COLHEITA Colheita mecânica Colheitadeira plataforma 4m hm 0,6 Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 Fonte: Os autores. Tabela 14. Coeficientes técnicos de produção para um hectare de milho (agricultura familiar: produtividade 5.000 kg/ha). DESCRIÇÃO ESPECIFICAÇÃO (*) UNIDADE QUANTIDADE UTILIZADA PREPARO DO SOLO Calcário t 0,7 Distribuição do calcário hm 0,125 Aração Trator 120 hp + arado de disco. hm 2,5 Gradagem Niveladora Trator 120 hp + grade nivel. hm 0,4 PLANTIO Sementes Híbridos duplo sc 1 Adubação 8-28-16 + Zn kg 150 Plantio / adubação mecânica Trator 120 hp + plant / adub. 4 linhas hm 1,0 Transporte interno plantio Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 TRATOS CULTURAIS Adubação de cobertura Uréia kg 100 Aplic. Adubação de cobertura hm 0,6 Herbicida Pós Herbicida 1 l 6 Aplicação herbicida - máquina Trator 85 hp + pulv. barra 2000 l hm 0,3 Mão-de-obra aplic. herbicida dh 0,16
  • 20. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 20/453 COLHEITA Colheita mecânica Colheitadeira de uma linha hm 1,5 Transporte interno Trator 85 hp + carreta 8 t hm 0,3 Fonte: Os autores. Autores deste tópico:Jason de Oliveira Duarte,Joao Carlos Garcia,Rubens Augusto de Miranda Zoneamento agrícola Época de plantio de milho O plantio de milho na época adequada, embora não tenha nenhum efeito no custo de produção, seguramente afeta o rendimento e, consequentemente o lucro do agricultor. Para a tomada de decisão quanto à época de plantio, é importante conhecer os fatores de riscos, que tendem a ser minimizados quanto mais eficiente for o planejamento das atividades relacionadas à produção. O agricultor tem que estar consciente de que a chance de seu sucesso deve-se a seu planejamento, e que este depende de vários elementos, dentre eles, os riscos climáticos a que está sujeito. A produtividade do milho é função de vários fatores integrados, sendo os mais importantes a interceptação de radiação pelo dossel, eficiência metabólica, eficiência de translocação de fotossintatos para os grãos e a capacidade de dreno. As relações de fonte e dreno são funções de condições ambientais e as plantas procuram se adaptar a essas condições. As respostas diferenciadas dos genótipos à variabilidade ambiental, ou seja, à interação genótipo e ambiente, significa que os efeitos genotípicos e ambientais não são independentes. Daí a importância de conhecer a época de plantio, analisando todo o ciclo da cultura, procurando prever as condições ambientais em todas as suas fases fenológicas. A grande dificuldade que se encontra é com respeito às variações ambientais não previsíveis. Essas variações imprevisíveis correspondem aos fatores ambientais altamente variáveis, não só espacialmente como de forma temporal (precipitação, temperatura, vento, etc.). Sabe-se que a interação genótipo e ambiente está associada a fatores simples e complexos. Os simples são proporcionados pela diferença de variabilidade entre genótipos nos ambientes, e os complexos, pela falta de correlação entre os desempenhos do genótipo nos ambientes. Como se pode observar, é uma tarefa difícil estabelecer a época de plantio para uma dada região sem um conhecimento prévio das cultivares a serem plantadas e das condições ambientais onde se pretende desenvolvê-las. Portanto, a época de semeadura refere-se ao período em que a cultura tem maior probabilidade de desenvolver-se em condições edafoclimáticas favoráveis. No Brasil Central, mais especificamente na região dos Cerrados, embora o cultivo do milho seja feito em diversas condições climáticas, considerando a variabilidade temporal e espacial do clima, pode-se observar que, durante todo o ciclo da cultura, a temperatura é superior a 15 oC e não ocorrem geadas. A temperatura noturna, em alguns locais, é elevada (maior que 24 oC), o que afeta o desempenho das plantas, principalmente no período coincidente com aquele entre emborrachamento e grão leitoso, reduzindo a produtividade.
  • 21. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 21/453 De forma geral, pode-se dizer que, nessa região, a melhor época de semeadura é entre setembro e novembro, dependendo do início das chuvas. A produtividade, geralmente, é mais alta quando as condições do tempo permitem o plantio em outubro. Depois disso, há uma redução no ciclo da cultura e queda no rendimento por área. Trabalhos de pesquisa no Brasil Central mostram que, dependendo da cultivar, atraso do plantio a partir da época mais adequada (geralmente em outubro) pode resultar em redução no rendimento em até 30 kg de milho por hectare por dia. Obviamente, muitas vezes esse atraso não depende do produtor, por razões diversas. Cabe a ele elaborar seu planejamento de plantio de forma a não atrasá-lo por negligência ou por desconhecimento, pois assim estará perdendo dinheiro e comprometendo seu negócio. Excetuando-se as elevadas altitudes, onde o que determina a época de plantio é a temperatura, no Brasil Central, o que define a época de plantio é a distribuição das chuvas. O uso consuntivo de água para o milho durante seu ciclo varia de 500 e 800mm, dependendo das condições climáticas dominantes. A água é absorvida diferencialmente com o estádio de crescimento e desenvolvimento da cultura. Vale a pena ressaltar que o déficit hídrico tem influência direta na taxa fotossintética, que está associada diretamente à produção de grãos e sua importância varia com o estádio fenológico em que se encontra a planta. Pesquisas mostram que dois dias de estresse hídrico podem reduzir até 20% de produtividade e que estresse hídrico de quatro a oito dias diminui a produção em mais de 50%. Considera-se, ainda, que o período que vai da iniciação floral até o desenvolvimento da inflorescência e o período do pendoamento até a maturação são as fases críticas do déficit hídrico. Em resumo, a época de semeadura é determinada em função das condições ambientais (temperatura, distribuição das chuvas e disponibilidade de água do solo) e da cultivar (ciclo, fases da cultura e necessidade térmicas das cultivares). Ainda com respeito ao clima, deve-se levar em consideração a radiação solar e a intensidade e frequência do veranico nas diferentes fases fenológicas da cultura. Objetivando estabelecer a época de plantio de milho de sequeiro para as diferentes regiões, foi desenvolvido um estudo para recomendação das épocas de plantio em função dos períodos críticos da cultura a estresse hídrico. Nesse trabalho, além de ser considerado o fator climático precipitação (intensidade e distribuição) e os elementos temperatura e radiação na estimativa da demanda de água pela planta, levaram-se também em consideração aspectos fisiológicos da planta e características físico-hídricas dos solos. As épocas de plantio de menor risco para a cultura do milho, nas diferentes regiões do Brasil, podem ser vistas no zoneamento agrícola de risco climático disponibilizado pelo Ministério da Agricultura (http://www.agricultura.gov.br), nos links "serviços" e "Portarias do Zoneamento por UF". O milho safrinha, que é plantado além dos limites dos Cerrados, não tem um período pré-fixado para seu plantio, como o milho de safra normal, que é plantado no início das chuvas. É uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, normalmente após a soja precoce e, em alguns locais, após o milho de verão e o feijão das águas. Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data de plantio depende da época do plantio dessa cultura antecessora e de seu ciclo. Assim, o planejamento do milho safrinha começa com a cultura de verão, visando liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor será o potencial e maior o risco de perdas por adversidades climáticas (seca e/ou geadas). Isso a torna uma cultura de alto risco, uma vez que a estação chuvosa encontra-se no fim, o que proporciona uma variabilidade espacial e temporal muito grande e, como conseqüência, uma variabilidade de produção. Na safrinha, além do potencial de produção ser reduzido, há alto risco de frustação de safras, baixo investimento na cultura e, conseqüentemente, baixa produtividade. Considerando a inviabilidade de antever a interação genótipo e ambiente e suas variações de combinações, as épocas-limites preferencialmente recomendadas para a semeadura, de acordo com vários trabalhos de pesquisa, encontram-se na Tabela 1. Em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, norte de
  • 22. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 22/453 São Paulo e Mato Grosso do Sul, o principal fator de risco é o déficit hídrico, sendo atenuado nas áreas de maior altitude, em razão das temperaturas amenas proporcionarem menor evapotranspiração. No Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e sudoeste de São Paulo (Vale do Paranapanema), existe elevado risco de geada, principalmente nas áreas acima de 600 m de altitude. Assim, ao contrário do que é preconizado para o milho de verão, as baixas altitudes são favoráveis ao cultivo da safrinha nas regiões mais ao sul do País. No Paraná, as geadas ocorrem com maior frequência nos meses de junho e julho, com destaque para julho, em Guarapuava, Cascavel e Londrina, e junho, em Ponta Grossa, Pinhais e Cambará. Em São Paulo, ocorre com maior frequência nos meses de junho a agosto, com probabilidades semelhantes entre os meses de junho e julho e ligeiramente superiores em agosto, para todas as localidades estudadas. Tabela 1. Limite das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha, por estado e região produtora. Estado Época Limite Altitude (1) Região (cidades referência) Mato Grosso 15 de março Alta Centro-Norte (Sapezal, Lucas do Rio Verde) Goiás 15 de fevereiro Baixa Sudeste (Bom Jesus, Santa Helena) 28 de fevereiro Alta Sudoeste (Rio Verde, Jataí e Montividiu) Minas Gerais 28 de fevereiro Baixa Vale do Rio Grande (Conceição das Alagoas) Mato Grosso do Sul 15 de março Baixa e Alta Centro-Norte (Campo Grande, São G. do Oeste, Chapadão do Sul) Baixa Centro-Sul (Dourados, Sidrolândia, Itaporã, Ponta Porã) São Paulo 28 de fevereiro Alta Alto Paranapanema (Taquarituba, Itapeva, Capão Bonito) 15 de março Baixa Norte (Guaíra, Orlândia, Ituverava) Baixa Noroeste (Votuporanga, Araçatuba) 30 de março Baixa Médio Vale do Paranapanema (Assis, Ourinhos) Paraná 30 de janeiro Alta Transição (Wenceslau Braz, Mauá da Serra, sul de Ivaiporã, Cascavel, sul de Toledo até Francisco Beltrão) 15 de março Baixa Oeste e Vale do Iguaçu (Campo Mourão, sul de Palotina, Medianeira e Cruzeiro do Iguaçu) 30 de março Baixa Norte (Cornélio Procópio, Londrina, Maringá, Apucarana) Baixa Noroeste (Paravaí, Umuarama) (1) Alta = altitude igual ou superior a 600 m e Baixa = altitude inferior a 600 m. Fonte: Vários autores, citados por Duarte (2001). Autores deste tópico:Daniel Pereira Guimaraes,Elena Charlotte Landau
  • 23. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 23/453 Ecofisiologia Introdução O milho é uma gramínea pertencente à família Poaceae, e sua espécie é a Zea mays L. Todos os milhos estão incluídos nessa única espécie e pertencem à tribo Maydeae, que possui sete gêneros, dos quais dois são nativos do hemisfério ocidental (Zea e Tripsacum) e cinco da Ásia. Calcula-se que seja a América Central ou o México a sua região de origem, tendo sido desenvolvido há 8 ou 10 mil anos (Paterniani et al., 2000). O caráter monoico e a sua morfologia característica resultam da supressão, condensação e multiplicação de várias partes da anatomia básica das gramíneas. Os aspectos vegetativos e reprodutivos da planta de milho podem ser modificados através da interação com os fatores ambientais que afetam o controle da ontogenia do desenvolvimento. Contudo, o resultado geral da seleção natural e da domesticação foi produzir uma planta anual, robusta e ereta, com um a quatro metros de altura, que é esplendidamente “construída” para a produção de grãos. O milho é uma das mais eficientes plantas armazenadoras de energia existentes na natureza, devido à sua grande capacidade de acumulação de fotoassimilados (Baldo, 2007). De uma semente que pesa pouco mais de 0,3 g irá surgir uma planta geralmente com mais de 2,0 m de altura, isto dentro de um espaço de tempo de cerca de nove semanas. Nos meses seguintes, essa planta produz cerca de 600 a 1.000 sementes similares àquela da qual se originou (Aldrich et al. 1982). Com relação ao período de cultivo o Brasil, país tropical, leva grande vantagem se comparado às condições de clima temperado, no qual esse período é bem definido e relativamente curto. Contudo, existem desvantagens dos ambientes tropicais como a imprevisibilidade das condições climáticas e as variações bastante acentuadas tanto em regiões como entre anos (Paterniani et al., 2000). Com o avanço das mudanças climáticas provavelmente estaremos podendo verificar maiores modificações no ambiente (Pinto & Assad, 2008). Com essas modificações, o estudo da fisiologia das plantas, em particular o milho, torna-se muito importante e necessário principalmente para identificar quais caminhos ou como o ambiente afeta a planta de milho e assim incrementar ferramentas que auxiliam nos estudos de melhoramento para uma maior produção/produtividade do milho. Para entendermos a reação da planta de milho a um fator ambiental, ou seja, certa influência do meio externo e em uma dada situação é necessário dividir estes fatores em natureza biótica e abiótica. Todos esses fatores determinam o crescimento e desenvolvimento da planta. Fatores ambientais bióticos são aqueles resultados de uma interação de organismos como efeito de simbiose, parasitismo, herbivoria, infecção e outros (Schulze et al., 2005). Já os fatores ambientais de natureza abiótica incluem os fatores físicos como a temperatura, intensidade da luz, umidade, oferta de nutrientes e outros. Esses fatores podem beneficiar as plantas (por exemplo, o vento é um fator abiótico importantíssimo na polinização do milho) ou podem levar a danos (diminuição da produção de grãos ou de biomassa de milho pela falta de água ou por pragas) dependendo da sua intensidade (quantidade). Uma planta em casa de vegetação pode estar vivendo em uma “condição ótima” com todos os fatores abióticos na quantidade ideal (quantidade ideal de luz, água, temperatura etc...) tendo assim uma maximização da sua fisiologia/performance chegando a um estado fisiológico normal. Quando há um desvio deste estado fisiológico normal temos o conceito de estresse. O conceito de estresse é baseado em um princípio físico de Levitt (1980) que até hoje é aplicado para todos os organismos vivos: um corpo é deformado por uma força (estresse). As alterações (deformações) do corpo causado por esta força são chamadas de tensão. Essa deformação ou tensão é primeiramente reversível (força elástica); entretanto, sob uma força intensa, esta deformação torna-
  • 24. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 24/453 se irreversível (força plástica). Por isso, o estresse são as condições ambientais que levam um organismo a entrar num estado de tensão. Essas tensões seriam as modificações morfofisiológicas que podem levar (nem sempre) a um dano no organismo (Schulze et al., 2005). Levando em conta os dois fatores ambientais citados acima, podemos então ter estresse abiótico e biótico. Se compararmos as perdas causadas por estresses bióticos, as perdas por estresses abióticos causam bem mais reduções mundiais em relação à produtividade das culturas (Bray, 2004). 2. Importância da cultura do milho O milho é uma das plantas cultivadas de maior interesse, quanto à sua origem, estrutura e variação. Somente é conhecido em cultivo e, na sua forma atual, não apresenta indicativos de que poderia subsistir sem os cuidados do homem. A pesquisa tem desenvolvido tipos tão diferentes de milho que seu cultivo é possível desde o Equador até o limite das terras temperadas e desde o nível do mar até altitudes superiores a 3.600 metros. Essa adaptabilidade, representada por genótipos variados, é paralela à variedade de sua utilização como alimento, forragem ou na indústria. As Tabelas 1 e 2 refletem bem a importância da cultura do milho no Brasil, onde se pode apreciar nas diversas regiões do país e estados produtores a área plantada, a produção em toneladas, assim como o rendimento nas duas safras: a normal (primeira safra) e a safrinha (segunda safra ), respectivamente. Este levantamento realizado pela CONAB se refere aos anos agrícolas 2009/2010 e 2010/2011. Tabela 1. Comparativo de área, produção e rendimento de milho (1ª safra) nos estados/regiões brasileiras. Safras 2009/2010 e 2010/2011. Região/ UF Área (Em mil ha) Produção (Em mil t) Produtividade (Em kg ha -1 ) 09/10 10/11 09/10 10/11 09/10 10/11 RR 6,5 6,5 12,8 12,9 1.969 1.990 RO 104,8 111,4 214,7 236,7 2.049 2.125 AC 29,8 29,0 57,8 52,8 1.992 1.822 AM 12,8 14,0 31,9 35,0 2.490 2.500 AP 3,6 3,6 3,3 3,1 903 860 PA 217,8 196,0 540,6 498,2 2.482 2.542 TO 66,9 61,6 232,5 202,2 3.476 3.283 Norte 441,4 422,1 1.093,6 1.040,9 2.477 2.466 MA 382,4 384,4 562,1 618,9 1.470 1.610 PI 309,9 344,9 353,6 715,3 1.141 2.074 CE 535,6 775,0 175,1 944,0 327 1.218 RN 37,0 37,0 9,2 23,5 248 635 PB 69,6 69,6 6,3 53,0 91 762 PE 272,5 273,9 125,6 175,3 461 640 AL 58,0 58,0 41,8 38,0 720 655 SE 176,8 176,8 722,8 675,1 4.088 3.820
  • 25. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 25/453 BA 451,9 474,9 1.619,6 1.806,0 3.584 3.803 Nordeste 2.293,7 2.594,5 3.616,1 5.049,4 1.577 1.946 MT 85,2 50,2 409,0 302,9 4.800 6.033 MS 57,5 41,7 375,8 279,4 6.535 6.700 GO 377,6 393,5 2.643,2 2.793,9 7.000 7.100 DF 25,7 22,2 200,6 169,5 7.805 7.635 Centro-O. 546,0 507,6 3.628,3 3.545,7 6.646 6.985 MG 1.164,9 1.149,2 5.920,0 5.936,8 5.082 5.166 ES 34,5 33,9 74,2 66,3 2.151 1.957 RJ 7,0 7,4 17,5 18,3 2.507 2.473 SP 597,9 555,4 3.470,2 3.275,7 5.804 5.898 Sudeste 1.804,3 1.745,9 9.481,9 9.227,1 5.255 5.325 PR 894,1 727,8 6.866,7 5.342,1 7.680 7.340 SC 593,5 549,2 3.798,4 3.465,5 6.400 6.310 RS 1.151,0 1.143,3 5.593,9 5.316,3 4.860 4.650 Sul 2.638,6 2.420,3 16.259,0 14.123,9 6.162 5.836 Brasil 7.724,0 7.690,4 34.079,2 33.057,0 4.412 4.298 Fonte: CONAB (Levantamento: Março/2011) Tabela 2. Comparativo de área, produção e produtividade de milho (2ª safra) nos estados e regiões brasileiras. Safras 2009/2010 e 2010/2011. Região/ UF Área (Em mil ha) Produção (Em mil t) Produtividade (Em kg ha -1 ) 09/10 10/11 09/10 10/11 09/10 10/11 RO 61,8 61,8 159,4 186,6 2.580 3.020 TO 10,8 11,6 33,4 34,6 3.091 3.065 Norte 72,6 73,1 192,8 221,2 2.656 3.027 BA 328,0 328,0 607,5 523,2 1.852 1.595 Nordeste 328,0 328,0 607,5 523,2 1.852 1.595 MT 1.904,9 1.790,6 7.709,1 7.341,5 4.047 4.100 MS 830,0 933,8 3.361,5 3.501,8 4.050 3.750 GO 434,9 459,7 2.152,8 2.275,5 4.950 4.950 DF 7,5 7,5 54,8 39,7 7.304 5.290 Centro-O. 3.177,3 3.191,6 13.278,2 13.158,5 4.179 4.123 MG 27,4 32,2 163,6 194,3 5.971 6.034 SP 281,6 281,6 1.070,1 1.003,9 3.800 3.565 Sudeste 309,0 313,8 1.233,7 1.198,2 3.993 3.818 PR 1.356,0 1569,8 6.576,6 6.863,2 4.850 4.372
  • 26. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 26/453 Sul 1.356,0 1569,8 6.576,6 6.863,2 4.850 4.372 Brasil 5.242,9 5.476,3 21.888,8 21.964,3 4.175 4.011 Fonte: CONAB (Levantamento: Março/2011) A cultura do milho encontra-se amplamente disseminada no Brasil. Isto se deve tanto à sua multiplicidade de usos na propriedade rural quanto à tradição de cultivo desse cereal pelos agricultores brasileiros. No âmbito tecnológico, o comportamento de aversão ao risco, a baixa disponibilidade de capital para custeio e menor ainda para investimento, o grau de instrução formal geralmente baixo, a comercialização fortemente vinculada a intermediários e o alto grau de consumo na fazenda são características geralmente associadas à condição de pequeno produtor. Diferenças nos rendimentos agrícolas devem-se a fatores climáticos e econômicos, e ao estoque de conhecimento disponível e disseminado entre os agricultores (no que se refere ao uso de insumos e práticas culturais). A partir do início da década de 70 até recentemente, em face de fatores como o crescimento da indústria de rações e das atividades de criação (principalmente avicultura, suinocultura e pecuária leiteira), o consumo interno de milho cresceu consideravelmente (CONAB, 2011). 3. Identificação dos estádios de crescimento/desenvolvimento Para um eficiente manejo de irrigação, de nutrientes e de outras práticas culturais, é de fundamental importância o conhecimento das diferentes fases de crescimento do milho com suas diferentes demandas e respectivos manejos culturais. Assim, é importante enfatizar os diversos estádios de crescimento da planta de milho, desde a sua emergência até a maturidade fisiológica. As considerações feitas a seguir se referem a um genótipo de milho de ciclo normal, cuja floração acontece aos 65 dias após a emergência. Todas as plantas de milho seguem um mesmo padrão de desenvolvimento; porém, o intervalo de tempo específico entre os estádios e o número total de folhas desenvolvidas pode variar entre diferentes híbridos, ano agrícola, data de plantio e local. O sistema de identificação empregado divide o desenvolvimento da planta em vegetativo (V) e reprodutivo (R) conforme mostra a Tabela 3. Subdivisões dos estádios vegetativos são designados numericamente como V1, V2, V3 até Vn; onde (n) representa a última folha emitida antes do pendoamento (VT). O primeiro e o último estádio V são representados, respectivamente, por (VE, emergência) e (VT, pendoamento). Tabela 3. – Estádios Vegetativos e Reprodutivos da Planta de Milho. VEGETATIVO REPRODUTIVO V E , emergência R 1 , Embonecamento V 1 , 1ª folha desenvolvida R 2 , Bolha d’água V 2 , 2ª folha desenvolvida R 3 , Leitoso
  • 27. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 27/453 V 3 , 3ª folha desenvolvida R 4 , Pastoso V 4 , 4ª folha desenvolvida R 5 , Formação de dente V (n) , nº folha desenvolvida R 6 , Maturidade Fisiológica V T , pendoamento Fonte: Magalhães e Durães (2002). Durante a fase vegetativa, cada estádio é definido de acordo com a formação visível do colar na inserção da bainha da folha com o colmo. Assim, a primeira folha de cima para baixo, é considerada completamente desenvolvida quando o colar é visível (Figura 1) e, portanto, é contada como tal. Esse sistema é semelhante ao utilizado por Ritchie & Hanway, (1989). Foto: Adaptação sobre imagem de Rtchie & Hanway(1989). Figura 1: Duas profundidades de plantio, mostrando detalhes do alongamento do mesocotilo. 3.1 Germinação e Emergência Estádio VE - Em condições normais de campo, as sementes plantadas absorvem água, incham e começam a crescer. A radícula é a primeira a se alongar, seguida pelo coleoptilo com plúmula incluída. O estádio VE é atingido pela rápida elongação do mesocótilo o qual empurra o coleoptilo em crescimento para a superfície do solo. Em condições de temperatura e umidade adequada, a planta emerge dentro de 4 a 5 dias; porém, em condições de baixa temperatura e pouca umidade, a germinação pode demorar até duas semanas ou mais. Assim que a emergência ocorre e a planta expõe a extremidade do coleoptilo, o mesocótilo para de crescer. O sistema radicular seminal, que são as raízes oriundas diretamente da semente, podendo também ser divididas em raízes seminais e primárias (Hochholdinger & Tuberosa, 2009), tem o seu crescimento nesta fase, e a profundidade onde elas se encontram depende da profundidade do plantio. O
  • 28. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 28/453 crescimento dessas raízes, também conhecido como sistema radicular temporário, diminui após o estádio VE e é praticamente não existente no estádio V3. O ponto de crescimento da planta de milho, neste estádio está localizado cerca de 2,5 a 4,0 cm abaixo da superfície do solo e se encontra logo acima do mesocótilo. Essa profundidade onde se acha o ponto de crescimento é também a profundidade onde vai originar o sistema radicular definitivo do milho, conhecido como raízes nodais ou fasciculadas. A profundidade do sistema radicular definitivo independe da profundidade de plantio, uma vez que a emergência da planta vai depender do potencial máximo de alongamento de mesocótilo, conforme pode ser visto na Figura 2 (Ritchie & Hanway, 1989). Foto: Paulo Cesar Magalhães. Figura 2. Estádio de três folhas. O sistema radicular nodal se inicia, portanto, no estádio VE e o alongamento das primeiras raízes se inicia no estádio V1 indo até o R3, após o qual muito pouco crescimento ocorre (Magalhães et al. 1994). No milho, não é constatada a presença de fatores inibitórios ao processo de germinação, visto que, sob condições ótimas de umidade, os grãos podem germinar imediatamente após a maturidade fisiológica mesmo ainda estando presos a espiga. Em síntese, na germinação ocorre a embebição da semente, com a consequente digestão das substâncias de reserva, síntese de enzimas e divisão celular. Baixa temperatura no plantio, geralmente, restringe absorção de nutrientes do solo e causa lentidão no crescimento (Sangoi et al., 2004). Esse fato pode ser parcialmente superado por uma aplicação de pequena quantidade de fertilizante no sulco de plantio, ao lado ou abaixo da semente (Aldrich et al. 1982). Contudo, existem também genótipos de milho com grandes potenciais para a tolerância a baixas temperaturas que conseguem germinar nessas condições, sendo muito importantes para as regiões frias do Brasil (Cruz et al., 2007).
  • 29. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 29/453 O tamanho da cariopse pode influenciar positivamente na germinação e no crescimento inicial das plântulas, porém há resultados contrários e outros ainda mostrando que também pode haver efeito significativo no rendimento de grãos (Sangoi et al., 2004). A lentidão na germinação predispõe a semente e a plântula a uma menor resistência a condições ambientais adversas, bem como ao ataque de patógenos, principalmente fungos do gênero Fusarium, Rhizoctonia, Phytium e Macrophomina. Para uma germinação e emergência mais rápidas em plantio mais cedo, deve-se optar por uma profundidade de plantio mais rasa, onde a temperatura do solo é mais favorável. Em plantios tardios, as temperaturas do solo são geralmente adequadas em qualquer profundidade, e a umidade do solo, nesse caso, é o fator limitante para rápido crescimento (Aldrich et al. 1982; Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al., 2007). Se a irrigação está disponível ou uma chuva recente aconteceu, não há com que se preocupar. No entanto, na falta dessas situações, as camadas mais profundas do solo possuem maior teor de umidade nos plantios tardios. 3.2 Estádio V3 (Três folhas desenvolvidas, Figura 3) - O estádio de três folhas completamente desenvolvidas ocorre com, aproximadamente, duas semanas após o plantio. Neste estádio, o ponto de crescimento ainda se encontra abaixo da superfície do solo e a planta possui ainda pouco caule formado (Figura 4). Pêlos radiculares do sistema radicular nodal estão agora em crescimento e o desenvolvimento das raízes seminais é paralisado (Magalhães et al. 1994). Foto: Adaptação sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989). Figura 3. Planta no estádio V3, mostrando o ponto de crescimento abaixo da superficie do solo. Foto: Adaptação sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989).
  • 30. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 30/453 Figura 4. Planta no estádio de seis folhas completamente desenvolvidas. Todas as folhas e espigas que a planta eventualmente irá produzir estão sendo formadas no V3. Pode-se dizer, portanto, que o estabelecimento do número máximo de grãos ou a definição da produção potencial estão sendo definidos neste estádio. No estádio V5 (cinco folhas completamente desenvolvidas), tanto a iniciação das folhas como das espigas vai estar completa e a iniciação do pendão já pode ser vista microscopicamente na extremidade de formação do caule, logo abaixo da superfície do solo (Magalhães et al. 1994) . O ponto de crescimento, que se encontra abaixo da superfície do solo, é bastante afetado pela temperatura do solo nesses estádios iniciais do crescimento vegetativo. Assim, temperaturas baixas podem aumentar o tempo decorrente entre um estádio e outro, alongando assim o ciclo da cultura, podendo aumentar o número total de folhas, atrasar a formação do pendão e diminuir a disponibilidade de nutrientes para a planta. Uma chuva de granizo ou vento neste estádio vai ter muito pouco ou nenhum efeito na produção final de grãos. Disponibilidade de água neste estádio é fundamental. Por outro lado, o excesso de umidade ou encharcamento, quando o ponto de crescimento ainda se encontra abaixo da superfície do solo, pode matar a planta em poucos dias (Ritchie & Hanway, 1989, Aldrich et al. 1982). Controle de plantas daninhas nesta fase é fundamental para reduzir competição por luz, água e nutrientes. Como o sistema radicular está em pleno desenvolvimento, mostrando considerável porcentagem de pêlos absorventes e ramificações diferenciadas, operações inadequadas de cultivo (profundas ou próximas a planta) poderão afetar a densidade e distribuição de raízes com consequente redução na produtividade. Portanto, é recomendada cautela no cultivo. 3.3 Estádio V6 (Seis folhas desenvolvidas, Figura 5) - Neste estádio, o ponto de crescimento e pendão estão acima do nível do solo (Magalhães et al., 2007) (Figura 6), o colmo está iniciando um período de alongação acelerada. O sistema radicular nodal (fasciculado) está em pleno funcionamento e em crescimento.
  • 31. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 31/453 Foto: Adaptação sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989). Figura 5. Planta no estádio V6 mostrando ponto de crescimento acima da superficie do solo. Foto: Adaptação sobre a imagem de Ritchie & Hanway (1989). Figura 6. estádio V9, mostarando detalhes de varias espigas pontenciais. Neste estádio, pode ocorrer o aparecimento de eventuais perfilhos (ou até mesmo em estádios anteriores), os quais encontram-se diretamente ligados à base genética do cultivar, ao estado nutricional da planta, ao espaçamento adotado, ao ataque de pragas; ao estresse hídrico e às alterações bruscas de temperatura (baixa ou alta). No entanto, existem poucas evidências experimentais que demonstram a sua influência negativa ou positiva na produção (Magalhães et al. 1995; Magalhães et al., 2010). No estádio V8, inicia-se a queda das primeiras folhas e o número de fileiras de grãos é definido. Durante este estádio, constata-se a máxima tolerância ao excesso de chuvas. No entanto encharcamento por períodos de tempo maior que cinco dias poderão acarretar prejuízos consideráveis e irreversíveis (Alves et al., 2002).
  • 32. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 32/453 Estresse hídrico nesta fase pode afetar o comprimento de internódios, provavelmente pela inibição da alongação das células em desenvolvimento, concorrendo desse modo para a diminuição da capacidade de armazenagem de açúcares no colmo. O déficit de água também vai resultar em colmos mais finos, plantas de menor porte e menor área foliar (Magalhães et al. 1998). Evidências experimentais demonstram que a distribuição total das folhas expostas neste período, mediante ocorrência de granizo, geada, ataque severo de pragas e doenças, além de outros fatores, acarretarão quedas na produção da ordem de 10% a 25% (Fancelli & Dourado Neto, 2000). Períodos secos aliados a conformação da planta, característica desta fase (conhecida como fase do “cartucho”), conferem à cultura do milho elevada suscetibilidade ao ataque da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), exigindo assim constante vigilância. De V6 até o estádio V8 deverá ser aplicado à adubação nitrogenada em cobertura (Coelho & França, 1995). 3.4 Estádio V9 Nesse estádio, muitas espigas são facilmente visíveis se for feita uma dissecação da planta (Figura 7). Todo nó da planta tem potencial para produzir uma espiga, exceto os últimos 6 a 8 nós abaixo do pendão. Assim, uma planta de milho teria potencial para produzir várias espigas; porém, apenas uma ou duas (caráter prolífico) espigas conseguem completar o crescimento. Foto: Paulo Cesar Magalhães.
  • 33. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 33/453 Figura 7. Estádio de pendoamento da Planta. Neste estádio, ocorre alta taxa de desenvolvimento de órgãos florais. O pendão inicia um rápido desenvolvimento e o caule continua alongando. A elongação do caule ocorre através dos entrenós. Após o estádio V10, o tempo de aparição entre um estádio foliar e outro vai encurtar, ocorrendo, geralmente, a cada 2 ou 3 dias (Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al. 1994; Ritchie et al., 2003). Próximo ao estádio V10, a planta de milho inicia um rápido e contínuo crescimento com acumulação de nutrientes e peso seco, os quais continuarão até os estádios reprodutivos. Há uma grande demanda no suprimento de água e nutrientes para satisfazer as necessidades da planta (Magalhães & Jones,1990a; Ritchie et al., 2003). 3.5 Estádio V12 O número de óvulos (grãos em potencial) em cada espiga assim como o tamanho da espiga são definidos em V12, quando ocorre perda de duas a quatro folhas basais. Pode-se considerar que nesta fase inicia-se o período mais crítico para a produção, o qual estende-se até a polinização. O número de fileiras de grãos na espiga já foi estabelecido. No entanto, a determinação do número de grãos/fileira só será definido cerca de uma semana antes do florescimento, em torno do estádio V17 (Magalhães et al. 1994).
  • 34. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 34/453 Em V12 a planta atinge cerca de 85% a 90% da área foliar, e se observa o início de desenvolvimento das raízes adventícias (“esporões”). Devido ao número de óvulos e tamanho da espiga serem definidos nesta fase, a deficiência de umidade ou nutrientes pode reduzir seriamente o número potencial de sementes, assim como o tamanho das espigas a serem colhidas. O potencial desses dois fatores de produção está também relacionado com o período de tempo disponível para o estabelecimento deles, o qual corresponde ao período de V10 a V17. Assim, genótipos precoces nesses estádios, geralmente, possuem um período mais curto de tempo e usualmente têm espigas menores que os genótipos tardios. Uma maneira de compensar essa desvantagem dos precoces seria aumentar a densidade de plantio (Ritchie & Hanway, 1989; Ritchie et al., 2003). 3.6 Estádio V15 Este estádio representa a continuação do período mais importante e crucial para o desenvolvimento da planta, em termos de fixação do rendimento. Desse ponto em diante, um novo estádio foliar ocorre a cada 1 ou 2 dias. Estilos-estigmas iniciam o crescimento nas espigas. Em torno do estádio V17 as espigas atingem um crescimento tal que suas extremidades já são visíveis no caule, assim como a extremidade do pendão já pode também ser observada (Magalhães et al. 1994). Estresse de água ocorrendo no período de duas semanas antes até duas semanas após o florescimento vai causar grande redução na produção de grãos (Bergamaschi et al., 2004; Magalhães & Durães, 2008). Porém, a maior redução na produção poderá ocorrer com déficit hídrico na emissão dos estilo- estigmas (início de R1). Isso é verdadeiro também para outros tipos de estresse como deficiência de nutrientes, alta temperatura ou granizo. O período de 4 semanas em torno do florescimento é o mais importante para irrigação (Magalhães et al. 1995; Resende et al., 2000). 3.7 Estádio V18 É possível observar que os “cabelos” ou estilos-estigmas dos óvulos basais alongam-se primeiro em relação aos “cabelos” dos óvulos da extremidade da espiga. Raízes aéreas, oriundas dos nós acima do solo, estão em crescimento neste estádio. Estas raízes contribuem na sustentação da planta e na absorção de água e nutrientes (como o fósforo), além de ter um papel importantíssimo em situações de alagamento tendo a função de aeração (Lynch & Ho, 2005; Lynch, 2007; Vodnik et al., 2009). Em V18 a planta do milho se encontra a uma semana do florescimento e o desenvolvimento da espiga continua em ritmo acelerado. O florescimento nada mais é do que uma consequência de uma transição da fase vegetativa para reprodutiva, a qual é resultante da ação de efeitos ambientais e sinais internos promovidos por genes (Castro, 2010). Alguns destes genes e suas posições no cromossomo vêm sendo reportados (Colasanti et al., 1998; Lima, 2006; Lima et al., 2008). Estresse hídrico nesse período pode afetar mais o desenvolvimento do óvulo e espiga que o desenvolvimento do pendão. Com esse atraso no desenvolvimento da espiga, pode haver problemas na sincronia entre emissão de pólen e recepção pela espiga. Caso o estresse seja severo, ele pode atrasar a emissão do “cabelo” até a liberação do pólen terminar, ou seja, os óvulos que porventura emitir o “cabelo” após a emissão do pólen não serão fertilizados e, por conseguinte, não contribuirão para o rendimento (Magalhães et al. 1994; Magalhães et al. 1995; Magalhães et al. 1999).
  • 35. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 35/453 Híbridos não prolíficos produzirão cada vez menos grãos com o aumento da exposição ao estresse. Porém, tendem a render mais que os prolíficos em condições não estressantes. Os prolíficos, por sua vez, tendem a apresentar rendimentos mais estáveis em condições variáveis de estresse, uma vez que o desenvolvimento da espiga é menos inibido pelo estresse (Thomison & Jordan 1995). 3.8 Estádio VT, Pendoamento Este estádio inicia-se quando o último ramo do pendão está completamente visível e os “cabelos” não tenham ainda emergido. A emissão da inflorescência masculina antecede de 2 a 4 dias a exposição dos estilo-estigmas, no entanto, 75% das espigas devem apresentar seus estilo-estígmas expostos, após o período de 10-12 dias posterior ao aparecimento do pendão. O tempo decorrente entre VT e R1 pode variar consideravelmente dependendo do híbrido e condições ambientais. A perda de sincronismo entre a emissão dos grãos de pólen e a receptividade dos estilo-estigmas da espiga concorre para o aumento da porcentagem de espigas sem grãos nas extremidades. Em condições de campo, a liberação do pólen geralmente ocorre nos finais das manhãs e início das noites. Neste estádio a planta atinge o máximo desenvolvimento e crescimento. Estresse hídrico e temperaturas elevadas (acima de 35 oC) podem reduzir drasticamente a produção. Um pendão de tamanho médio chega a ter 2,5 milhões de grãos de pólen, o que equivale dizer que a espiga em condições normais dificilmente deixará de ser polinizada pela falta de pólen, desde que o número de óvulos está em torno de 750 a 1000 (Magalhães et al. 1999; Fancelli & Dourado Neto, 2000; Ritchie et al., 2003). A planta apresenta alta sensibilidade ao encharcamento nesta fase, o excesso de água pode contribuir inclusive com a inviabilidade dos grãos de pólen (Zaidi et al., 2004). A falta de água nesse período, além de afetar o sincronismo pendão-espiga (Edmeades et al., 2000), pode reduzir a chance de aparecimento de uma segunda espiga em materiais prolíficos. Nos estádios de VT a R1, a planta de milho é mais vulnerável às intempéries da natureza que qualquer outro período, devido ao pendão e todas as folhas estarem completamente expostas. Remoção de folha neste estádio, por certo, resultará em perdas na colheita (Magalhães et al. 1999; Fancelli & Dourado Neto, 2000). O período de liberação do pólen se estende por uma a duas semanas. Durante esse tempo, cada “cabelo” individual deve emergir e ser polinizado para resultar num grão. 3.9 Estádio R1, Embonecamento e Polinização Esse estádio é iniciado quando os estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas. A polinização ocorre quando o grão de pólen liberado é capturado por um dos estilo-estígmas. O grão de pólen, uma vez em contato com o “cabelo”, demora cerca de 24 horas para percorrer o tubo polínico e fertilizar o óvulo, geralmente o período requerido para todos os estilo-estígmas em uma espiga serem polinizados é de 2 a 3 dias. Os “cabelos” da espiga crescem cerca de 2,5 a 4,0 cm por dia e continuam a se alongar até serem fertilizados (Ritchie & Hanway, 1989; Ritchie et al., 2003). O número de óvulos que será fertilizado é determinado neste estádio. Óvulos não fertilizados, evidentemente, não produzirão grãos. Estresse ambiental nesta fase, especialmente no hídrico, causa baixa polinização e baixa granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os “cabelos” como os grãos de pólen tendem à dissecação (Bruce et al., 2002). Não se deve descuidar de insetos como a lagarta-da-espiga que se alimentam dos “cabelos”. Devem-se combater essas pragas, caso haja necessidade. A absorção de potássio nesta fase está completa, enquanto nitrogênio e fósforo continuam sendo absorvidos.
  • 36. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 36/453 A liberação do grão de pólen pode iniciar ao amanhecer, estendendo-se até o meio-dia; no entanto, esse processo raramente exige mais de quatro horas para sua complementação. Ainda sob condições favoráveis, o grão de pólen pode permanecer viável por até 24 horas. Sua longevidade, entretanto, pode ser reduzida quando submetido a baixa umidade e altas temperaturas (Magalhães et al. 1994). O estabelecimento do contato direto entre o grão de pólen e os pêlos viscosos do estigma estimula a germinação do primeiro, dando origem a uma estrutura denominada de tubo polínico, que é responsável pela fecundação do óvulo inserido na espiga. A fertilização ocorre de 12 a 36 horas após a polinização, período esse variável em função de alguns fatores envolvidos no processo, tais como teor de água, temperatura, ponto de contato e comprimento do estilo-estígma (Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al. 1994; Fancelli & Dourado Neto, 2000). Assim, o número de óvulos fertilizados apresenta estreita correlação com o estado nutricional da planta, com a temperatura, bem como com a condição de umidade contida no solo e no ar. Evidencia-se, portanto, a decisiva influência do ambiente nessa etapa de desenvolvimento, recomendando-se criterioso planejamento da cultura, com referência principal à época de semeadura e à escolha da cultivar, de forma a garantir as condições climáticas favoráveis exigidas pela planta neste estádio. A escolha do genótipo para uma determinada região, assim como a época de semeadura, deve ser fundamentada em fatores como finalidade da produção, disponibilidade de calor e água, ocorrência de veranicos durante o ciclo, bem como no nível tecnológico a ser adotado, entre outros (Fancelli & Dourado Neto, 2000). 3.10 Estádio R2, Grão Bolha d’Água Os grãos aqui se apresentam brancos na aparência externa e com aspectos de uma bolha d’água. O endosperma, portanto, está com uma coloração clara, assim como o seu conteúdo, que é basicamente um fluído cuja composição são açúcares. Embora o embrião esteja ainda desenvolvendo vagarosamente neste estádio, a radícula, o coleoptilo e a primeira folha embrionária já estão formados. Assim, dentro do embrião em desenvolvimento já se encontra uma planta de milho em miniatura. A espiga está próxima de atingir seu tamanho máximo. Os estilos-estígmas tendo completado sua função no florescimento, estão agora escurecidos e começando a secar (Ritchie & Hanway 1989; Ritchie et al., 2003). A acumulação de amido se inicia neste estádio, com os grãos experimentando um período de rápida acumulação de matéria seca. Esse rápido desenvolvimento continuará até próximo ao estádio R6. N e P continuam sendo absorvidos e a realocação desses nutrientes das partes vegetativas para espiga tem início neste estádio. A umidade de 85% nos grãos nessa fase começa a diminuir gradualmente até a colheita (Magalhães & Jones, 1990 a,b ; Magalhães et al. 1994). 3.11 Estádio R3, Grão Leitoso Esta fase é iniciada normalmente 12 a 15 dias após a polinização. O grão se apresenta com uma aparência amarela e, no seu interior, um fluido de cor leitosa, o qual representa o início da transformação dos açúcares em amido, contribuindo assim para o incremento de seu peso seco (Figura 8). Tal incremento ocorre devido à translocação dos fotoassimilados presentes nas folhas e no colmo para a espiga e grãos em formação. A eficiência dessa translocação, além de ser importante para a produção, é extremamente dependente de água (Magalhães & Jones, 1990b; Magalhães et al. 1998; Durães et al., 2002). Embora neste estádio o crescimento do embrião ainda seja considerado lento, ele já pode ser visto caso haja uma dissecação. Este estádio é conhecido como aquele em que ocorre a definição da densidade dos grãos (Magalhães et al. 1994; Fancelli & Dourado Neto, 2000).
  • 37. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 37/453 Foto: Paulo Cesar Magalhães. Figura 8. Estádio R1, estilo-estigmas captando grãos de polén. Os grãos nesta fase apresentam rápida acumulação e matéria seca e com cerca de 80% de umidade, sendo que as divisões celulares dentro do endosperma apresentam-se essencialmente completas. O crescimento a partir daí é devido à expansão e enchimento das células do endosperma com amido. O rendimento final depende do número de grãos em enchimento (desenvolvimento) e do tamanho final (período de enchimento) que eles alcançarão. Um estresse hídrico nesta fase, embora menos crítico que na fase anterior, pode afetar a produção (Bergamaschi et al, 2004). Com o processo de maturação dos grãos o potencial de redução na produção final de grãos devido ao estresse hídrico vai diminuindo. Embora neste período a planta deva apresentar considerável teor de sólidos solúveis prontamente disponíveis, objetivando a evolução do processo de formação de grãos, a fotossíntese mostra-se imprescindível. Em termos gerais, considera-se como importante caráter condicionador de produção a extensão da área foliar que permanece fisiologicamente ativa após a emergência da espiga. Períodos nublados (ou de reduzida intensidade luminosa) acarretarão nesta fase a redução da fotossíntese, aumento do nível de estresse da planta, implicando na possível redução da taxa de acúmulo de matéria seca do grão e, consequentemente, redução também na produção final de grãos, além de favorecer a incidência de doenças do colmo (Magalhães et al. 1998; Fancelli & Dourado Neto, 2000). Para lavouras destinadas à produção de sementes, este período assume particular importância, pois tem início o desencadeamento dos processos de diferenciação do coleóptilo, da radícula e das folhas rudimentares. Ainda neste estádio evidencia-se a translocação efetiva de N e P para os grãos em formação (Magalhães & Jones, 1990a; Fancelli & Dourado Neto, 2000). 3.12 Estádio R4, Grão Pastoso Este estádio é alcançado com cerca de 20 a 25 dias após a emissão dos estilo-estígmas, os grãos continuam se desenvolvendo rapidamente, acumulando amido. O fluído interno dos grãos passa de um estado leitoso para uma consistência pastosa (Figura 9), e as estruturas embriônicas de dentro dos grãos encontram-se já totalmente diferenciadas. A deposição de amido é bastante acentuada, caracterizando desse modo um período exclusivamente destinado
  • 38. 02/09/2022 12:14 Cultivo do Milho 38/453 ao ganho de peso por parte do grão. Em condições de campo, tal etapa do desenvolvimento é prontamente reconhecida, pois, quando os grãos presentes são submetidos à pressão imposta pelos dedos, mostram-se relativamente consistentes, embora ainda possam apresentar pequena quantidade de sólidos solúveis, cuja presença em abundância caracteriza o estádio R3 (grão leitoso) (Magalhães et al. 1994). Foto: Adaptada sobre imagem de Ritchie & Hanway (1989). Figura 9. Grãos no estádio R2, conhecido como bolha d`agua. Os grãos se encontram com cerca de 70% de umidade e já acumularam cerca da metade do peso que eles atingirão na maturidade. A ocorrência de adversidades climáticas, sobretudo falta de água, resultará numa maior porcentagem de grãos leves e pequenos o que comprometeria definitivamente a produção. 3.13 Estádio R5, Formação de dente Este período é caracterizado pelo aparecimento de uma concavidade na parte superior do grão, comumente designada de “dente”, coincide normalmente com o 36o dia após o princípio da polinização. Nesta etapa, os grãos encontram-se em fase de transição do estado pastoso para o farináceo. A divisão desses estádios é feita pela chamada linha divisória do amido ou linha do leite. Essa linha aparece logo após formação do dente e com a maturação vem avançando em direção à base do grão. Devido à acumulação do amido, acima da linha é duro e abaixo é macio. Neste estádio, o embrião continua se desenvolvendo, sendo que, além do acentuado acréscimo de volume experimentado pelo endosperma, mediante o aumento do tamanho das células, observa-se também a completa diferenciação da radícula e das folhas embrionárias no interior dos grãos (Ritchie & Hanway, 1989; Magalhães et al. 1994; Fancelli & Dourado Neto, 2000; Ritchie et al., 2003). Alguns genótipos do tipo “duro” não formam dente, daí este estádio nos referidos materiais é mais difícil de ser notado, podendo ser apenas relacionado ao aumento gradativo da dureza dos grãos. Estresse ambiental nesta fase pode antecipar o aparecimento da formação da camada preta, indicadora da maturidade fisiológica. A redução na produção neste caso seria relacionada ao peso dos grãos e não ao número de grãos. Os grãos neste estádio apresentam-se com cerca de 55% de umidade (Magalhães et al. 1994). Materiais destinados a silagem devem ser colhidos neste estádio, pois as plantas apresentam em torno de 33% a 37% de matéria seca. O milho colhido nesta fase apresenta as seguintes vantagens: apesar do decréscimo na produção de matéria verde, obtém-se significativo aumento na produção de