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Escassez hídrica: Novos paradigmas e
dilemas da relação ambiente e saúde
Leandro L. Giatti – lgiatti@usp.br
“Reduzir algo desconhecido a algo conhecido
alivia, acalma, satisfaz e, além disso, dá
uma sensação de poder. Com o
desconhecido vem o perigo, a inquietação, a
preocupação”.
Friedrich Nietzsche, 1888
A promessa da modernidade: controle sobre a natureza e
um desenvolvimento equilibrado.
O resultado: desigualdade, risco e despreparo.
(BAUMAN 1999).
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- Maior intensificação das forças de globalização;
- Reestruturação econômica com novas configurações da
organização industrial e da vida social;
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- Exacerbação das forças que reproduzem as iniquidades
sociais.
(HARVEY 2009).
Fonte: Prüss-Üstün et al., 2008.
Ao ´sucesso da modernidade´ e ao ´êxito da
industrialização associam-se os insucessos do controle
de suas respectivas externalidades gerando uma
profusão de riscos que não são compreendidos,
mitigados e evitados sob as mesmas dinâmicas da
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e 1980, com ampla indução da indústria pelo Estado,
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Patz et. al., 2007.
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Funtowicz e Ravetz, 1997
Ravetz, 2004.
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segundo proposta da Ciência Pós-normal.
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Diante das incertezas, valores e processos políticos, o
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Ravetz, 2004.
Promoção da Saúde
“Partindo de uma concepção ampla do processo
saúde-doença e de seus determinantes, a
promoção da saúde propõe a articulação de
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seus recursos institucionais e comunitários,
públicos e privados para seu enfrentamento e
resolução”. (Buss 2003, p. 15)
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“A ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não
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mas entende que, tal como o conhecimento deve
traduzir em autoconhecimento, o desenvolvimento
deve traduzir-se em sabedoria de vida.”
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John Snow
Sobre a Maneira de Transmissão
do Cólera.
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Havia um sistema médico em formação,
mas com forte representação pelo
proeminente The Lancet
“Podemos apenas supor a existência de um
veneno que progride a despeito do vento, do
solo, de todas as condições do ar, e da
barreira do mar”
Editorial do The Lancet, 1831.
O mapa do bairro Soho com os casos de
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Disponível em www.ph.ucla.edu/epi/snow.html
Edwin Chadwick
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Mas sob uma concepção
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participativos e promoção da ampliação de comunidade de
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participativos
A quantidade de instrumentos não corresponde diretamente à
qualidade do processo de empoderamento, este por sua vez, se
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propõem-se três categorias:
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dialético envolvendo os sujeitos;
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porém, sem caracterizar um processo de retroalimentação;
- Cíclica/continuada – uma aplicação de distintos instrumentos
combinados e em cadeia de retroalimentação, com elevada
participação crítica dos sujeitos, inclusive provendo questões a serem
respondidas pelo processo de pesquisa, também caracterizando o
envolvimento colaborativo na dinâmica ou redelineamento
metodológico.
Escala - Local/dirigida – por permitir classificar os grupos de sujeitos de risco por uma
característica comum, seja enquanto delimitação de certo grupo social
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determinada comunidade ou bairro;
- Ampliada – que corresponde a uma escala superior em termos geográficos,
podendo ser uma cidade/metrópole, uma bacia hidrográfica, uma bio-região (ex.:
bioma Mata Atlântica), estado/província ou país. Está escala, tem como
consideração de base o diferenciamento com relação à categoria local/dirigida,
na qual a intervenção se procede diretamente com os sujeitos. Na escala
ampliada a intervenção pode ser feita com representantes dos sujeitos dispersos
no território, também estando presentes gestores públicos, especialistas e
outros atores sociais inerentes à gestão do território;
- Multinivel – que combina as escalas local/dirigida e ampliada, sua
estruturação pode ser, por exemplo, de baixo para cima (bottom up) em que
processos de empoderamento de base comunitária se desenvolvem e passam a
interferir nos mecanismos de gestão do território.
Funcionalidade - Diagnóstico – o processo colaborativo envolvendo sujeitos ocorre para a
identificação, reconhecimento ou explicação sobre um determinado
problema, sob um exercício interdisciplinar e participativo, gerando
benefícios diretos para ambos os participantes;
- Resolução de um problema – Além de diagnosticar, o processo
participativo se dirige ao equacionamento, à busca colaborativa de
soluções. Evidentemente, essa situação tem como pré-requisito o
diagnóstico;
- Incertezas/fenômenos emergentes – constitui-se em avanços para
além do diagnóstico e das possíveis soluções para um problema,
explorando, por meio de cenários prospectivos, por exemplo,
possibilidades de fenômenos ou riscos pouco conhecidos. É
correspondente à aplicação do princípio de precaução, sendo pertinente
com uma proposta de governança.
Aplicação do diagrama de ciência pós-normal sobre a
classificação de artigos selecionados em revisão
sistemática
Referências
Beck U. La Sociedade del Riesgo Mundial: em busca de la seguridade. Barcelona: Paidós – Estado y Sociedade 155, 2008.
Buss, PM. Uma introdução ao conceito de Promoção da Saúde. In: CZERESNIA, Dina e FREITAS, Carlos Machado de. Promoção da Saúde:
conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2003, p. 15-38.
BAUMAN Z. Modernidade e ambivalência. Trad. Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Zahar; 1999.
Franco Netto G, Freitas CM, Andahur JP, Pedroso MM, Rohlfs DB. 2009. Impactos socioambientais na situação de saúde da populaçao brasileira:
Estudo de indicadores relacionados ao saneamento ambiental inadequado. Tempus – Acta de Saúde Coletiva, 3(4): 53-71.
Funtowicz S, Ravetz J. Ciência Pós-normal e comunidades ampliadas de pares face aos desafios ambientais. História, Ciência, Saúde 1997: IV(2);
219-230.
GIATTI, L. L. et al. Condições sanitárias e socioambientais em Iauaretê, área indígena em São Gabriel da Cachoeira/AM. Ciência & Saúde Coletiva.
Rio de janeiro, v.12, n.6, p.1711-1723. dez. 2007.
Johnson S. O mapa fantasma: Como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles. São Paulo: Jorge Zahar Ed.;
2008.
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 18a ed. São Paulo: Loyola, 2009.
NIETZCHE F. Crepúsculo dos ídolos, ou, como se filosofa com o martelo. Trad Zwick R. Porto Alegre: L± 2012.
Patz JA, Gibbs Hk, Foley JA, Rogers JV, Smith Kr. Climate Change and Global Health: Quantifying a growing ethical crisis. EcoHealth 2007: 4; 397-
405.
Patz JA, Daszak P, Tabor GM, Aguirre AA, et all. Unhealthy landscapes: Policy recommendations on land use change and infectious disease
emergence. Environmental Health Perspectives 2004; 112(10): 1092-8.
PORTO, M. F. S.; FREITAS, C. M. Vulnerability and industrial hazards in industrializing countries: an integrative approach. Futures. v.35, n. 7, p.
717-736. sep. 2003.
Prüss-Üstün A, Bonjour S, Corvalán C. The impact of the environment on health by country: a meta-synthesis. Environmental Health 2008: 7(7).
Ravetz J. The post-normal science of precaution. Futures 2004: 36; 347-57.
SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2009b.
Smith KR, Ezatti M. How environmental health risks change with development: The epidemiologic environmental risk transitions revisited. Annu.
Rev. Environm. Resour. 2005; 30, p. 291-333.
TOLEDO, R. F.; GIATTI, L. L.; PELICIONI, M. C. F. Social Mobilization in Health and Sanitation in an Action Research Process in an Indigenous
Community in Northwestern Amazon. Saúde e Sociedade. São Paulo, v.21, n.1, p. 206-218. mar. 2012.
TOLEDO, R. F. et al. Comunidade indígena na Amazônia: metodologia da pesquisa-ação em educação ambiental. O Mundo da Saúde. v.30 n. 4, p.
559-569. dez. 2006.

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Escassez hídrica e dilemas ambientais e de saúde

  • 1. Escassez hídrica: Novos paradigmas e dilemas da relação ambiente e saúde Leandro L. Giatti – lgiatti@usp.br
  • 2. “Reduzir algo desconhecido a algo conhecido alivia, acalma, satisfaz e, além disso, dá uma sensação de poder. Com o desconhecido vem o perigo, a inquietação, a preocupação”. Friedrich Nietzsche, 1888
  • 3. A promessa da modernidade: controle sobre a natureza e um desenvolvimento equilibrado. O resultado: desigualdade, risco e despreparo. (BAUMAN 1999).
  • 4. Entre as décadas de 1970 e 1980 - Maior intensificação das forças de globalização; - Reestruturação econômica com novas configurações da organização industrial e da vida social; - Aumento surpreendente da fluidez do capital; - Exacerbação das forças que reproduzem as iniquidades sociais. (HARVEY 2009).
  • 6. Ao ´sucesso da modernidade´ e ao ´êxito da industrialização associam-se os insucessos do controle de suas respectivas externalidades gerando uma profusão de riscos que não são compreendidos, mitigados e evitados sob as mesmas dinâmicas da produção de bens e riqueza. (BECK, 2008).
  • 7. Alguns dos maiores acidentes químicos da história, todos em 1984: - No Brasil, Vila Socó (508 óbitos); - No México, San Juan Ixhuatepec (550 óbitos); - E na Índia, Bhopal (com estimativas entre 1.800 e 20.000 óbitos, embora o registro oficial contabilize 2.500). Similaridades: rápido desenvolvimento entre 1960 e 1980, com ampla indução da indústria pelo Estado, endividamento, urbanização da pobreza. Porto e Freitas (2003)
  • 8. Desigualdades globais na emissão de gases de efeito estufa entre 1950 e 2000. Patz et. al., 2007.
  • 9. Patz et. al., 2007. Desigualdades globais em impactos na saúde (malária, desnutrição, diarréia e mortes associadas a enchentes).
  • 10.
  • 11. – Acidente de Seveso, Itália, 1976; – Síndrome da Encefalite espongiforme bovina; – Transgênicos; ... – Nanotecnologia.
  • 12. Ciência Pós-normal Novos paradigmas que envolvem ambiente e saúde são distinguíveis dos problemas científicos tradicionais: – Fatos incertos; – Valores controvertidos; – Apostas elevadas; – Ações urgentes. Funtowicz e Ravetz, 1997 Ravetz, 2004.
  • 13. Diagrama de resolução de problemas segundo proposta da Ciência Pós-normal. Funtowicz e Ravetz, 1997
  • 15. Van den Hove (2007) afirma que ciência e política não são categorias herméticas. Há quatro domínios de interação: 1o ) o processo de escolha de prioridades de pesquisa; 2o ) o processo de financiamento e fomento à pesquisa; 3o ) a validação e acreditação de qualidade de pesquisa; 4o ) um elevado grau de influência política no controle do processo de educação e capacitação científica.
  • 16. Ciência Pós-normal Diante das incertezas, valores e processos políticos, o controle de qualidade crítica da ciência não pode mais ser desempenhado por um corpo restrito de especialistas; O diálogo e a formação de políticas devem ser estendido a todos os afetados – comunidade ampliada de pares. Funtowicz e Ravetz, 1997 Ravetz, 2004.
  • 17. Promoção da Saúde “Partindo de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes, a promoção da saúde propõe a articulação de saberes técnicos e populares e a mobilização de seus recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para seu enfrentamento e resolução”. (Buss 2003, p. 15) Palavra chave: Empoderamento (empowerment)
  • 18. “A ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não despreza o conhecimento que produz tecnologia, mas entende que, tal como o conhecimento deve traduzir em autoconhecimento, o desenvolvimento deve traduzir-se em sabedoria de vida.” Boaventura de Souza Santos, 2009.
  • 19. John Snow Sobre a Maneira de Transmissão do Cólera.
  • 20. Os miasmas como origem das doenças Havia um sistema médico em formação, mas com forte representação pelo proeminente The Lancet “Podemos apenas supor a existência de um veneno que progride a despeito do vento, do solo, de todas as condições do ar, e da barreira do mar” Editorial do The Lancet, 1831.
  • 21. O mapa do bairro Soho com os casos de cólera, 1854 Disponível em www.ph.ucla.edu/epi/snow.html
  • 22. Edwin Chadwick Grande impacto sobre a concepção moderna do papel do governo; Lançou as bases para a constituição da saúde pública – o Estado no amparo da saúde e do bem estar de seu povo. Mas sob uma concepção miasmática interferiu de modo equivocado quanto ao cólera, provocando milhares de infecções humanas.
  • 23.
  • 24.
  • 25. As surpresas com as doenças infecciosas Dengue Malária Tuberculose Varíola Doença de Chagas Mudanças ambientais promovem efeitos em cascatas que exacerbam a emergência e reemergência de doenças infecciosas, tais como: desflorestamento, introdução de doenças, poluição, pobreza e migração humana. Patz, 2004
  • 26. Novos paradigmas e dilemas da relação ambiente e saúde: - sustentabilidade - resiliência - governança Questões inerentes à participação social – amplicação da comunidade de pares.
  • 27. Dimensões e categorias de análise para processos participativos e promoção da ampliação de comunidade de pares Aplicação de instrumentos participativos A quantidade de instrumentos não corresponde diretamente à qualidade do processo de empoderamento, este por sua vez, se constrói dentro de uma dinâmica de retroalimentação: assim, propõem-se três categorias: - Pontual – em que se verifica apenas um instrumento de poder dialético envolvendo os sujeitos; - Multi-instrumentos – em que se combinam distintos instrumentos, porém, sem caracterizar um processo de retroalimentação; - Cíclica/continuada – uma aplicação de distintos instrumentos combinados e em cadeia de retroalimentação, com elevada participação crítica dos sujeitos, inclusive provendo questões a serem respondidas pelo processo de pesquisa, também caracterizando o envolvimento colaborativo na dinâmica ou redelineamento metodológico.
  • 28. Escala - Local/dirigida – por permitir classificar os grupos de sujeitos de risco por uma característica comum, seja enquanto delimitação de certo grupo social (trabalhadores, indígenas ou imigrantes), seja pura e simplesmente um grupo de determinada comunidade ou bairro; - Ampliada – que corresponde a uma escala superior em termos geográficos, podendo ser uma cidade/metrópole, uma bacia hidrográfica, uma bio-região (ex.: bioma Mata Atlântica), estado/província ou país. Está escala, tem como consideração de base o diferenciamento com relação à categoria local/dirigida, na qual a intervenção se procede diretamente com os sujeitos. Na escala ampliada a intervenção pode ser feita com representantes dos sujeitos dispersos no território, também estando presentes gestores públicos, especialistas e outros atores sociais inerentes à gestão do território; - Multinivel – que combina as escalas local/dirigida e ampliada, sua estruturação pode ser, por exemplo, de baixo para cima (bottom up) em que processos de empoderamento de base comunitária se desenvolvem e passam a interferir nos mecanismos de gestão do território.
  • 29. Funcionalidade - Diagnóstico – o processo colaborativo envolvendo sujeitos ocorre para a identificação, reconhecimento ou explicação sobre um determinado problema, sob um exercício interdisciplinar e participativo, gerando benefícios diretos para ambos os participantes; - Resolução de um problema – Além de diagnosticar, o processo participativo se dirige ao equacionamento, à busca colaborativa de soluções. Evidentemente, essa situação tem como pré-requisito o diagnóstico; - Incertezas/fenômenos emergentes – constitui-se em avanços para além do diagnóstico e das possíveis soluções para um problema, explorando, por meio de cenários prospectivos, por exemplo, possibilidades de fenômenos ou riscos pouco conhecidos. É correspondente à aplicação do princípio de precaução, sendo pertinente com uma proposta de governança.
  • 30. Aplicação do diagrama de ciência pós-normal sobre a classificação de artigos selecionados em revisão sistemática
  • 31. Referências Beck U. La Sociedade del Riesgo Mundial: em busca de la seguridade. Barcelona: Paidós – Estado y Sociedade 155, 2008. Buss, PM. Uma introdução ao conceito de Promoção da Saúde. In: CZERESNIA, Dina e FREITAS, Carlos Machado de. Promoção da Saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2003, p. 15-38. BAUMAN Z. Modernidade e ambivalência. Trad. Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Zahar; 1999. Franco Netto G, Freitas CM, Andahur JP, Pedroso MM, Rohlfs DB. 2009. Impactos socioambientais na situação de saúde da populaçao brasileira: Estudo de indicadores relacionados ao saneamento ambiental inadequado. Tempus – Acta de Saúde Coletiva, 3(4): 53-71. Funtowicz S, Ravetz J. Ciência Pós-normal e comunidades ampliadas de pares face aos desafios ambientais. História, Ciência, Saúde 1997: IV(2); 219-230. GIATTI, L. L. et al. Condições sanitárias e socioambientais em Iauaretê, área indígena em São Gabriel da Cachoeira/AM. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de janeiro, v.12, n.6, p.1711-1723. dez. 2007. Johnson S. O mapa fantasma: Como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles. São Paulo: Jorge Zahar Ed.; 2008. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 18a ed. São Paulo: Loyola, 2009. NIETZCHE F. Crepúsculo dos ídolos, ou, como se filosofa com o martelo. Trad Zwick R. Porto Alegre: L± 2012. Patz JA, Gibbs Hk, Foley JA, Rogers JV, Smith Kr. Climate Change and Global Health: Quantifying a growing ethical crisis. EcoHealth 2007: 4; 397- 405. Patz JA, Daszak P, Tabor GM, Aguirre AA, et all. Unhealthy landscapes: Policy recommendations on land use change and infectious disease emergence. Environmental Health Perspectives 2004; 112(10): 1092-8. PORTO, M. F. S.; FREITAS, C. M. Vulnerability and industrial hazards in industrializing countries: an integrative approach. Futures. v.35, n. 7, p. 717-736. sep. 2003. Prüss-Üstün A, Bonjour S, Corvalán C. The impact of the environment on health by country: a meta-synthesis. Environmental Health 2008: 7(7). Ravetz J. The post-normal science of precaution. Futures 2004: 36; 347-57. SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2009b. Smith KR, Ezatti M. How environmental health risks change with development: The epidemiologic environmental risk transitions revisited. Annu. Rev. Environm. Resour. 2005; 30, p. 291-333. TOLEDO, R. F.; GIATTI, L. L.; PELICIONI, M. C. F. Social Mobilization in Health and Sanitation in an Action Research Process in an Indigenous Community in Northwestern Amazon. Saúde e Sociedade. São Paulo, v.21, n.1, p. 206-218. mar. 2012. TOLEDO, R. F. et al. Comunidade indígena na Amazônia: metodologia da pesquisa-ação em educação ambiental. O Mundo da Saúde. v.30 n. 4, p. 559-569. dez. 2006.