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                                  ROTINA E AMOR
                                                                  Roberto Wagner Lima Nogueira1


(LEMBRAR QUE ESTAMOS NA PÁSCOA – o túmulo está vazio, Jesus
vive!) Depois de ter aparecido para os Apóstolos e Maria no Cenáculo,
Jesus pede aos apóstolos que saiam de Jerusalém e retornem a
Galiléia, terra deles, onde Jesus havia os chamado para segui-Lo, e
onde haviam andado juntos por três anos.2

De maneira que Jesus os convidou a retornar à rotina do trabalho
ordinário deles, pescadores que eram. A cena da pescaria no mar de
Tiberíades (mar da Galiléia) é assim narrada no (Evangelho de João –
21, 1-3). PRIMEIRA PARTE DA EXPOSIÇÃO.

I)- Como era rotina, Pedro, disse aos outros: Vou pescar, e assim o
fizeram: porém, naquela noite nada pescaram, estavam voltando para a
praia em silêncio, como antigamente já lhes acontecera, e seus
corações estavam tão cinzentos como a cor das nuvens do
anteamanhecer.

II)- O coração dos apóstolos estava inundado pela neblina cinza e triste
de um trabalho inútil! Essa é a cor de muitos corações, quando sentem o
peso da rotina dos dias: sempre o mesmo trabalho, sempre os
mesmos lugares, sempre as mesmas caras, sempre o mesmo
trânsito, sempre as mesmas reclamações da mulher, sempre os
mesmos mutismos e alheamentos do marido, e os mesmos
problemas dos filhos, e a mesma dor de coluna, e a mesma falta de
dinheiro... E isso, um dia e outro dia, e um mês e outro mês, e um ano
e outro ano...

III)- Assim como os apóstolos nós também nos sentimos envolvidos por
essa rotina como por um gás asfixiante, e pode chegar um momento
muito perigoso, que é quando pensam: “Não agüento mais, isto não é
vida”.

 A solução será “mudar”? Muitos acham, então, que a solução consiste
em “mudar” (mudar de cidade, mudar de mulher ou de marido, mudar de
trabalho, mudar de religião, mudar os hábitos certos e passar a ter vida
desregrada). Ou então “desligam” de tudo e de todos, e passam a viver
num mundo de sonhos, de fantasias (divagações de Internet e tv), de
1
  Este texto tem como base exclusiva o livro “Cristo, minha esperança” do Pe. Francisco Faus. São
Paulo: Quadrante, 2003.
2
  Cf; “Cristo, minha esperança”. Francisco Faus. São Paulo:Quadrante, 2003, p. 45.
2


saudades..., que, por serem evasões, facilmente desembocam na pior
fuga, na alienação completa do álcool e das drogas.

Santo Agostinho, o coração inquieto que não se conformava com as
coisas confusas e medíocres, dizia: “Eu temia tanto como à morte
ficar preso pelo hábito rotineiro”. No entanto, ensina-nos Pe. Faus
que ele não resolveu o problema fugindo, e sim se arrependendo dos
seus pecados e procurando Deus com toda a sua alma.3

É preciso que repudiemos tanto a rotina asfixiante quanto a falsa
solução da fuga. O problema da rotina não está na repetição monótona
das ações e tampouco nas circunstâncias externas, mas no nosso modo
de ver, interpretar e amar as pessoas e as coisas. O mal está
exclusivamente dentro de nós, gostemos ou não de reconhecer isso.

Sugestiva, a respeito disso, aquela história que conta Chesterton sobre
o inglês que se sentia entediado de morar sempre na mesma ilha, e por
isso foi à procura de outra terra, a terra dos seus sonhos. Viajou muito.
Todos os países aonde aportava não o satisfaziam. Já se estava
cansando de tanto viajar, quando avistou uma terra que o atraiu
extraordinariamente. Aproximou-se dela, desembarcou, começou a
internar-se no território e logo chegou cheio de entusiasmo, à conclusão:
“Esta é a terra dos meus sonhos, a que sempre andei procurando!” Ao
perguntar a um dos habitantes onde estava, este o respondeu: “Na
Inglaterra”.

Pensemos nisto. não busquemos outras ilhas. Bastar mudar o modo de
vivermos a nossa realidade. Isto é o que Jesus nos ensina. Voltemos,
então, à nossa cena de pesca. (Evangelho de João, 21, 4-12)
SEGUNDA PARTE DA EXPOSIÇÃO.

Podemos destacar desta passagem do Evangelho:

I)- É tocante verificar que Jesus ressuscitado apresenta-se aos
Apóstolos humano, afetuoso, familiar, não com uma majestade gloriosa
e distante. Fala familiarmente: Rapazes! Pergunta se têm algo que se
possa comer. Ele quer mostrar-nos que, depois da ressurreição
(agora, portanto!), deseja viver junto de nós como um amigo muito
próximo, compreensivo, humano, inseparável...

II)- Isto também acontece conosco, assim os discípulos possuíam uma
grande miopia espiritual, não perceberam que Jesus estava lá, sempre
3
    Cf. Francisco Faus, op. cit. p. 47.
3


junto deles, e continuaram soturnos e tristonhos. Dá para imaginar o tom
de aborrecimento com que devem ter respondido, incomodados, a
Jesus: -”Não! Não temos nada para comer”. Imaginem como Jesus –
rei e senhor de toda a alegria - divertiu-se, humana e “divinamente”,
quando lhes disse: Lançai a rede ao lado direito da barca e encontrareis.
Aconteceu o que já dá para imaginar: uma pesca milagrosa,
abundantíssima. Lançaram a rede e, devido à grande quantidade de
peixes, já não tinham forças para arrastá-la. Jesus não faz as coisas
pela metade...

III)- Ao ver aquele milagre, João disse a Pedro: “É o Senhor!” João, o
discípulo amado, foi o primeiro a ter sensibilidade para perceber que
aquele desconhecido era Jesus, e avisou o “patrão” da barca, Pedro.
Pedro, emotivo e impulsivo, “deu uma de Pedro”: ao ouvir que era o
Senhor, lançou-se à água. Pedro encontrou Jesus. E nós, será que
também estamos vivendo esta miopia espiritual?

Continuemos no (Evangelho de João, 21, 9-12) TERCEIRA PARTE DA
EXPOSIÇÃO.

I) – O que eles encontraram na praia? Um Jesus solene, formal, sentado
numa cátedra de marfim, dizendo-lhes: “Vamos deixar-nos de coisas
banais, materiais, agora que me reconheceram, e vamos falar do
que importa: de coisas celestiais, de coisas elevadas, só das
coisas espirituais, as únicas que contam”? Vocês acham que foi
assim? É claro que não! Todos sabemos que foi bem diferente.

II)- Encontraram um Jesus fazendo o trivial da vida, da rotina da vida,
uma simples fogueirinha que o próprio Jesus acendera, sentindo o
cheiro delicioso de peixe fresco assado – que Jesus já tinha começado a
preparar, muito diligentemente, com as suas próprias mãos - , e
repartindo pedaços de pão e comendo como uma alegre turma de
amigos em piquenique de “feriadão”... Jesus ama o “trivial cotidiano”.
Jesus fez questão de valorizar, de mostrar como é importante o
“trivial cotidiano”. Um Cristo farofeiro! O Filho de Deus, farofeiro!” Que
maravilha de simplicidade!

JESUS EM NOSSO TRIVIAL COTIDIANO.

Meditemos mais uma vez. Esta cena de Cristo que pesca juntamente
com os discípulos, e prepara o almoço, e toma a refeição com os
amigos, e conversa com eles à beira do lago. Certamente, é um símbolo
do que deveria ser cada um dos nossos dias. Também nós podemos
4


acordar cada manhã (pensemos na manhã da segunda-feira mais
cinzenta de todas), e – e nos lembrar de rezar e oferecer o nosso dia a
Deus – , quanto então veremos com a luz da fé e do Espírito Santo que
Jesus está junto de nós e nos diz: “Vamos começar o dia juntos,
vamos trabalhar juntos, vamos tratar bem os outros, vamos fazer
do “trivial cotidiano” uma aventura de Amor...”.

Precisamos ser cristãos que rezam, que se lembram com fé de Deus
durante o dia inteiro no cotidiano da vida. Quem sabe trazer um
crucifixo no bolso, ou um terço, e rezar as orações que amamos,
também pela rua; e dizer muitas breves jaculatórias – do tipo “Jesus, eu
te amo! Jesus, dá-me um coração como o teu!” – no trânsito, e ao
iniciar uma tarefa, e ao morder os lábios para não xingar ou resmungar
ou falar mal dos outros.... Se conseguíssemos conversar com Cristo até
dos detalhes mais triviais, com certeza se acenderia uma luz nova no
nosso coração e, com essa luz, veríamos de uma maneira “nova”.
Entenderíamos então por que Jesus nos diz: Eis que eu faço novas
todas as coisas (Ap 21,5).

FAZER AS COISAS COM AMOR.

Como diz São Josemaría - Cristo está presente em qualquer tarefa
humana honesta: a vida de um simples cristão – que talvez a alguns
pareça vulgar e acanhada – pode e deve ser uma vida santa e
santificante.

E como conseguir viver esse ideal? São Josemaría mostrava o
caminho: “Fazei tudo por amor –dizia -. Assim não há coisas pequenas:
tudo é grande. – A perseverança nas pequenas coisas, por Amor, é
heroísmo”.

Podemos acabar por amor, um trabalho que gostaríamos de interromper
por cansaço; podemos colocar a roupa no seu lugar, oferecendo esse
sacrifício a Deus, em vez de jogá-la em cima da cama ou no chão;
podemos rezar as orações que nos propusemos, ainda que nos custe
concentrar-nos, porque não queremos furtar a Deus, com desculpas de
cansaço (que não teríamos para um jogo de futebol ou para assistir à
telenovela) esses momentos que são para Ele... Feito com amor, tudo
se faz “novo”...

Pe. Faus conta-nos que certa vez foi comprar figuras de presépio a um
artesão – um artista de verdade –, e lhe pedi uma figura igual à outra
que ele tinha lá numa prateleira do ateliê. Disse-me rotundamente que
5


não. Perguntei: quot;Mas não conserva o molde?quot; Ao ouvir essas palavras,
levantou-se indignado, como se eu o houvesse ofendido, e gritou:
“Molde! ...Molde!.. Eu não tenho molde. Cada figura é única e
irrepetível”... Se cada dia nosso fosse assim, sem “molde” rotineiro,
sem ser uma “peça em série”, que maravilha...!

Diz São Josemaría, “Não esqueçam nunca: há algo de santo, de divino,
escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós
compete descobrir... Deus espera-nos cada dia: no laboratório, na sala
de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na
fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso
panorama do trabalho”.

Fazer o trivial, o cotidiano com amor, é como se oferecer junto com
Jesus-Hóstia na Santa Missa (um sacrifício a Deus). Toda a nossa vida
cristã se convertará assim numa Missa. É a isso que todos nós devemos
aspirar.

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Rotina E Amor Sarau De Maio 07 05

  • 1. 1 ROTINA E AMOR Roberto Wagner Lima Nogueira1 (LEMBRAR QUE ESTAMOS NA PÁSCOA – o túmulo está vazio, Jesus vive!) Depois de ter aparecido para os Apóstolos e Maria no Cenáculo, Jesus pede aos apóstolos que saiam de Jerusalém e retornem a Galiléia, terra deles, onde Jesus havia os chamado para segui-Lo, e onde haviam andado juntos por três anos.2 De maneira que Jesus os convidou a retornar à rotina do trabalho ordinário deles, pescadores que eram. A cena da pescaria no mar de Tiberíades (mar da Galiléia) é assim narrada no (Evangelho de João – 21, 1-3). PRIMEIRA PARTE DA EXPOSIÇÃO. I)- Como era rotina, Pedro, disse aos outros: Vou pescar, e assim o fizeram: porém, naquela noite nada pescaram, estavam voltando para a praia em silêncio, como antigamente já lhes acontecera, e seus corações estavam tão cinzentos como a cor das nuvens do anteamanhecer. II)- O coração dos apóstolos estava inundado pela neblina cinza e triste de um trabalho inútil! Essa é a cor de muitos corações, quando sentem o peso da rotina dos dias: sempre o mesmo trabalho, sempre os mesmos lugares, sempre as mesmas caras, sempre o mesmo trânsito, sempre as mesmas reclamações da mulher, sempre os mesmos mutismos e alheamentos do marido, e os mesmos problemas dos filhos, e a mesma dor de coluna, e a mesma falta de dinheiro... E isso, um dia e outro dia, e um mês e outro mês, e um ano e outro ano... III)- Assim como os apóstolos nós também nos sentimos envolvidos por essa rotina como por um gás asfixiante, e pode chegar um momento muito perigoso, que é quando pensam: “Não agüento mais, isto não é vida”. A solução será “mudar”? Muitos acham, então, que a solução consiste em “mudar” (mudar de cidade, mudar de mulher ou de marido, mudar de trabalho, mudar de religião, mudar os hábitos certos e passar a ter vida desregrada). Ou então “desligam” de tudo e de todos, e passam a viver num mundo de sonhos, de fantasias (divagações de Internet e tv), de 1 Este texto tem como base exclusiva o livro “Cristo, minha esperança” do Pe. Francisco Faus. São Paulo: Quadrante, 2003. 2 Cf; “Cristo, minha esperança”. Francisco Faus. São Paulo:Quadrante, 2003, p. 45.
  • 2. 2 saudades..., que, por serem evasões, facilmente desembocam na pior fuga, na alienação completa do álcool e das drogas. Santo Agostinho, o coração inquieto que não se conformava com as coisas confusas e medíocres, dizia: “Eu temia tanto como à morte ficar preso pelo hábito rotineiro”. No entanto, ensina-nos Pe. Faus que ele não resolveu o problema fugindo, e sim se arrependendo dos seus pecados e procurando Deus com toda a sua alma.3 É preciso que repudiemos tanto a rotina asfixiante quanto a falsa solução da fuga. O problema da rotina não está na repetição monótona das ações e tampouco nas circunstâncias externas, mas no nosso modo de ver, interpretar e amar as pessoas e as coisas. O mal está exclusivamente dentro de nós, gostemos ou não de reconhecer isso. Sugestiva, a respeito disso, aquela história que conta Chesterton sobre o inglês que se sentia entediado de morar sempre na mesma ilha, e por isso foi à procura de outra terra, a terra dos seus sonhos. Viajou muito. Todos os países aonde aportava não o satisfaziam. Já se estava cansando de tanto viajar, quando avistou uma terra que o atraiu extraordinariamente. Aproximou-se dela, desembarcou, começou a internar-se no território e logo chegou cheio de entusiasmo, à conclusão: “Esta é a terra dos meus sonhos, a que sempre andei procurando!” Ao perguntar a um dos habitantes onde estava, este o respondeu: “Na Inglaterra”. Pensemos nisto. não busquemos outras ilhas. Bastar mudar o modo de vivermos a nossa realidade. Isto é o que Jesus nos ensina. Voltemos, então, à nossa cena de pesca. (Evangelho de João, 21, 4-12) SEGUNDA PARTE DA EXPOSIÇÃO. Podemos destacar desta passagem do Evangelho: I)- É tocante verificar que Jesus ressuscitado apresenta-se aos Apóstolos humano, afetuoso, familiar, não com uma majestade gloriosa e distante. Fala familiarmente: Rapazes! Pergunta se têm algo que se possa comer. Ele quer mostrar-nos que, depois da ressurreição (agora, portanto!), deseja viver junto de nós como um amigo muito próximo, compreensivo, humano, inseparável... II)- Isto também acontece conosco, assim os discípulos possuíam uma grande miopia espiritual, não perceberam que Jesus estava lá, sempre 3 Cf. Francisco Faus, op. cit. p. 47.
  • 3. 3 junto deles, e continuaram soturnos e tristonhos. Dá para imaginar o tom de aborrecimento com que devem ter respondido, incomodados, a Jesus: -”Não! Não temos nada para comer”. Imaginem como Jesus – rei e senhor de toda a alegria - divertiu-se, humana e “divinamente”, quando lhes disse: Lançai a rede ao lado direito da barca e encontrareis. Aconteceu o que já dá para imaginar: uma pesca milagrosa, abundantíssima. Lançaram a rede e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para arrastá-la. Jesus não faz as coisas pela metade... III)- Ao ver aquele milagre, João disse a Pedro: “É o Senhor!” João, o discípulo amado, foi o primeiro a ter sensibilidade para perceber que aquele desconhecido era Jesus, e avisou o “patrão” da barca, Pedro. Pedro, emotivo e impulsivo, “deu uma de Pedro”: ao ouvir que era o Senhor, lançou-se à água. Pedro encontrou Jesus. E nós, será que também estamos vivendo esta miopia espiritual? Continuemos no (Evangelho de João, 21, 9-12) TERCEIRA PARTE DA EXPOSIÇÃO. I) – O que eles encontraram na praia? Um Jesus solene, formal, sentado numa cátedra de marfim, dizendo-lhes: “Vamos deixar-nos de coisas banais, materiais, agora que me reconheceram, e vamos falar do que importa: de coisas celestiais, de coisas elevadas, só das coisas espirituais, as únicas que contam”? Vocês acham que foi assim? É claro que não! Todos sabemos que foi bem diferente. II)- Encontraram um Jesus fazendo o trivial da vida, da rotina da vida, uma simples fogueirinha que o próprio Jesus acendera, sentindo o cheiro delicioso de peixe fresco assado – que Jesus já tinha começado a preparar, muito diligentemente, com as suas próprias mãos - , e repartindo pedaços de pão e comendo como uma alegre turma de amigos em piquenique de “feriadão”... Jesus ama o “trivial cotidiano”. Jesus fez questão de valorizar, de mostrar como é importante o “trivial cotidiano”. Um Cristo farofeiro! O Filho de Deus, farofeiro!” Que maravilha de simplicidade! JESUS EM NOSSO TRIVIAL COTIDIANO. Meditemos mais uma vez. Esta cena de Cristo que pesca juntamente com os discípulos, e prepara o almoço, e toma a refeição com os amigos, e conversa com eles à beira do lago. Certamente, é um símbolo do que deveria ser cada um dos nossos dias. Também nós podemos
  • 4. 4 acordar cada manhã (pensemos na manhã da segunda-feira mais cinzenta de todas), e – e nos lembrar de rezar e oferecer o nosso dia a Deus – , quanto então veremos com a luz da fé e do Espírito Santo que Jesus está junto de nós e nos diz: “Vamos começar o dia juntos, vamos trabalhar juntos, vamos tratar bem os outros, vamos fazer do “trivial cotidiano” uma aventura de Amor...”. Precisamos ser cristãos que rezam, que se lembram com fé de Deus durante o dia inteiro no cotidiano da vida. Quem sabe trazer um crucifixo no bolso, ou um terço, e rezar as orações que amamos, também pela rua; e dizer muitas breves jaculatórias – do tipo “Jesus, eu te amo! Jesus, dá-me um coração como o teu!” – no trânsito, e ao iniciar uma tarefa, e ao morder os lábios para não xingar ou resmungar ou falar mal dos outros.... Se conseguíssemos conversar com Cristo até dos detalhes mais triviais, com certeza se acenderia uma luz nova no nosso coração e, com essa luz, veríamos de uma maneira “nova”. Entenderíamos então por que Jesus nos diz: Eis que eu faço novas todas as coisas (Ap 21,5). FAZER AS COISAS COM AMOR. Como diz São Josemaría - Cristo está presente em qualquer tarefa humana honesta: a vida de um simples cristão – que talvez a alguns pareça vulgar e acanhada – pode e deve ser uma vida santa e santificante. E como conseguir viver esse ideal? São Josemaría mostrava o caminho: “Fazei tudo por amor –dizia -. Assim não há coisas pequenas: tudo é grande. – A perseverança nas pequenas coisas, por Amor, é heroísmo”. Podemos acabar por amor, um trabalho que gostaríamos de interromper por cansaço; podemos colocar a roupa no seu lugar, oferecendo esse sacrifício a Deus, em vez de jogá-la em cima da cama ou no chão; podemos rezar as orações que nos propusemos, ainda que nos custe concentrar-nos, porque não queremos furtar a Deus, com desculpas de cansaço (que não teríamos para um jogo de futebol ou para assistir à telenovela) esses momentos que são para Ele... Feito com amor, tudo se faz “novo”... Pe. Faus conta-nos que certa vez foi comprar figuras de presépio a um artesão – um artista de verdade –, e lhe pedi uma figura igual à outra que ele tinha lá numa prateleira do ateliê. Disse-me rotundamente que
  • 5. 5 não. Perguntei: quot;Mas não conserva o molde?quot; Ao ouvir essas palavras, levantou-se indignado, como se eu o houvesse ofendido, e gritou: “Molde! ...Molde!.. Eu não tenho molde. Cada figura é única e irrepetível”... Se cada dia nosso fosse assim, sem “molde” rotineiro, sem ser uma “peça em série”, que maravilha...! Diz São Josemaría, “Não esqueçam nunca: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir... Deus espera-nos cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho”. Fazer o trivial, o cotidiano com amor, é como se oferecer junto com Jesus-Hóstia na Santa Missa (um sacrifício a Deus). Toda a nossa vida cristã se convertará assim numa Missa. É a isso que todos nós devemos aspirar.